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Intensivo de Modelagem Matemática de Doenças
Infecciosas
Tazio Vanni
Objetivos
• Aprender sobre a dinâmica de transmissão e sua
relevância na epidemiologia de doenças
infecciosas
• Usando infecções sexualmente transmissíveis
como um exemplo:
– Para aprender sobre os parâmetros-chave na dinâmica
de transmissão
– Para avaliar o uso de modelos de transmissão
matemática para estimar o impacto de intervenções
de prevenção (por exemplo, vacinas).
Por que desenvolver um modelo?
• Compreender o sistema de transmissão de infecções
em uma população
• Para ajudar a interpretar as tendências epidemiológicas
observadas
• Identificar os principais determinantes das epidemias
Para orientar a coleta de dados
• Prever a direção futura de uma epidemia
• Avaliar o impacto potencial de uma intervenção
Como as doenças infecciosas são
diferentes das não infecciosas?
• A prevalência afeta a incidência, um caso pode
ser um fator de risco:
– Prevalência não é apenas uma medida de carga de
doença em uma população, mas também a
probabilidade de encontrar uma pessoa infectada
– Padrões de contato entre as pessoas são críticos
• As pessoas podem ser imunes.
Alguns termos-chave para descrever a doença
infecciosa
• Susceptível: não infectado, mas capaz de se infectar se
exposto
• Infeccioso: infectado e capaz de transmitir a infecção a
outros indivíduos susceptíveis
• Imune: possuindo anticorpos mediados por células ou
anticorpos humorais contra uma infecção
• Doença/infecção clínica: implica a presença de sinais
clínicos de patologia (não sinônimo de infeccioso)
• Infecção latente/infecção subclínica: implica a presença de
agente infeccioso mas ausência de doença clínica
• Portador: implica um estado infectado prolongado com
liberação do agente infeccioso. Os portadores podem estar
doentes, em recuperação ou saudáveis.
Momentos chave
Giesecke, J. Modern Infectious Disease Epidemiology. 2002.
Alguns termos-chave para descrever a doença
infecciosa ao nível populacional
• Epidemia: A ocorrência em uma comunidade ou região de casos de
uma doença claramente acima da expectativa normal.
• Surto: uma epidemia limitada ao aumento localizado na incidência
de uma doença
• Endemia: A presença constante de uma doença ou agente
infeccioso dentro de uma dada área geográfica ou grupo
populacional
• Pandemia: Uma epidemia que ocorre em uma área muito larga,
cruzando fronteiras internacionais e geralmente afetando um
grande número de pessoas
• Sindemia: é definida como a interação entre doenças ou agravos à
saúde em populações, que magnificam os efeitos deletérios umas
das outras.
Rotas de transmissão
Direta Indireta
Entre membranas mucosas - DST Pela água – hepatite A
Pela placenta– toxoplasmosis Pelo ar – varicela
Pelo sangue – hepatite B Pela comida – salmonella
Pela pele – HPV Vectores – malária
Espirro ou tosse – sarampo e flu Objectos/fômites –
estreptococcos
Giesecke J. Modern Infectious Disease Epidemiology. 2002. p. 16
Taxa Reprodutiva
• Também chamado “número reprodutivo”
• Representa o número de infecções causadas
por um indivíduo infeccioso.
• Em uma população 100% suscetível
– Taxa Reprodutiva Básica, R0
• Em uma população onde <100% são
suscetíveis
– Taxa Reprodutiva Efetiva, R = proporção dos
suscetíveis x R0
Determinantes do R0
Para um patógeno com transmissão direta pessoa-a-
pessoa (ex: influenza)
R0 = βcD
Onde β é a probabilidade de transmissão mediante o
contato entre infeccioso e suscetível
c é a taxa de contato
D duração da infectividade
Modelo Suscetível-Infeccioso-Recuperado
(SIR)
susceptible Infectious Removed
b.c 1/d
Modelo Suscetível-Infeccioso-Recuperado
(SIR)
• Considere os seguintes valores
– Probabilidade de transmissão, β = 0.15
– Taxa de contato, c = 12 contatos por semana
– Duração da infecção, D = 1 semana
• Taxa Reprodutiva Básica: R0 = 0.15 * 12 * 1 = 1.8
• Taxa Reprodutiva Efetiva no tempo: Rt = St * R0
Imunidade Rebanho - conceito
básico
• Qual a proporção da população devo imunizar para que
a infecção não se espalhe?
• Considere um R0=5
• Recordar é viver:
– R <1 Infecção desaparece
– Rt = St * R0
• P é a proporção de imunizados
• Logo o S= (1-P)
• Assim temos (1-P).R0<1
• Portanto, precisamos imunizar pelo menos 80% da
população
Modelo Suscetível-Infeccioso-Recuperado
(SIR)
• Pressupostos
– A população é fixa (sem entradas/nascimentos ou
saídas/mortes)
– O período latente é zero
– Período infeccioso = duração da doença
– Após a recuperação, os indivíduos estão imunes
• As pessoas podem estar em um dos 3 estados
– Suscetíveis (S)
– Infectados e infecciosos (I)
– Recuperados/imunes (R*)
Giesecke J. Modern Infectious Disease Epidemiology. 2002. pp. 126-130
* Não confundir com o R0
Suscetíveis
(S)
Infectados
(I)
Recuperado
(R)
1
2
Taxa de Mudança Proporção no estado no tempo t
dS/dt = - βcSI
1 OUT
dI/dt = + βcSI – I/D
1 IN 2 OUT
dR/dt = + I/D
2 IN
St = St-1 - βcSt-1It-1
It = It-1 + βcSt-1It-1 – It-1/D
Rt = Rt-1 + It-1/D
Fontes de dados para os parâmetros do modelo:
o exemplo das doenças sexualmente transmissíveis
• Considere os três parâmetros:
– Probabilidade de transmissão(β)
– Duração da infecção(D)
– Taxa de contato (c)
• De onde vem estas estimativas?
Transmissibilidade(β): Medida
• Medida como a probabilidade de transmissão de um
parceiro infectado para um parceiro suscetível (taxa de
ataque)
• Fontes de dados
– Rastreamento de contatos
– Casais discordantes
– Estudos de indivíduos sexualmente ativos que relatam parceiros
com status de DST conhecidos, ou se a prevalência da DST no
pool de parceiros é bem conhecida
• Desafios
– A inscrição de parceiros sexuais pode ser difícil
– Identificação de contatos entre infectados e susceptíveis e
direção de transmissão
– O que é um "contato"?
Duração da infectividade (D): Medida
• Fontes de dados
– Duração da doença clínica
– Duração da infecção
• Desafios
– Duração da doença = duração da infecciosidade?
– Assintomáticos versus sintomáticos
– Obrigação ética de tratar infecções identificadas
– Talvez precise confiar em dados históricos de qualidade
questionável
Mistura aleatória e a taxa de contato (c)
• Uma suposição dos modelos simples vistos até agora é
que a mistura é aleatória
• Cada indivíduo tem uma chance igual de formar uma
parceria com cada outro indivíduo
• Os dados do inquérito mostram que a mistura não é
aleatória para muitas características (por exemplo,
idade, etnia, religião, educação), mas tende a ser
assortativa - ”semelhantes" misturam com
”semelhantes”.
• Mas está misturando de forma assortativa com respeito
à história sexual passada?
Taxa de contato (c)
• Tipicamente medido como a taxa de aquisição de novo
parceiro (por exemplo, por ano)
• O modelo até agora assume homogeneidade na taxa
de contato
• Fonte de dados são pesquisas de comportamento
sexual
– População em geral
– Populações seleccionadas (por exemplo, adolescentes, adultos
com idade entre 18-45 anos, estudantes, homens gays e
bissexuais, consumidores de drogas)
Número de parceiros sexuais nos últimos 5 anos. British National
Survey of Sexual Attitudes and Lifestyles (NATSAL), 2000
0
10
20
30
40
50
60
Percentage
0 1 2 3 to 4 5 to 9 10 or
more
Female Male
Johnson AM et al. Lancet 2001; 358:1835-42.
Taxa de contato (c)
• Claramente, a taxa de contato é heterogênea
• Não se pode supor que todos os indivíduos têm a
mesma taxa de contato
• Para o comportamento sexual, um conceito importante é
o "núcleo do grupo"
– Um pequeno grupo de indivíduos com alta taxa de contato que
contribuem desproporcionalmente para a disseminação das
DST s na população
– A DST concentra-se neste grupo central
Taxa de Contato (c): desafios para medida
• Pesquisas de indivíduos obtêm dados sobre seu
comportamento sexual, mas serão incompletas para
seus parceiros
• Estudos de redes sexuais obtêm dados detalhados de
parceiros, mas geralmente são localizados e podem não
ser generalizáveis
• Os inquéritos gerais à população são mais
representativos da maioria, mas podem captar
insuficientemente os membros do núcleo
• Validade do comportamento sexual auto-relatado e viés
de desejabilidade social
Estimativas β, c, e D: crítica
• Incerteza e limitações nas estimativas de parâmetros
• Documentos bem escritos
– Identificar a fonte ou raciocínio por trás das estimativas de
parâmetros
– Realizar análise de sensibilidade para determinar quanto os
resultados do modelo dependem dos valores dos parâmetros
• Às vezes, o modelo de transmissão identificará uma falta de
conhecimento nesses parâmetros e pode direcionar pesquisas
empíricas para obter mais dados
• Calibração de modelos pode ser usada para estimar parâmetros,
como o β.
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Intensivo de Modelagem Matemática de Doenças Infecciosas

  • 1. Intensivo de Modelagem Matemática de Doenças Infecciosas Tazio Vanni
  • 2. Objetivos • Aprender sobre a dinâmica de transmissão e sua relevância na epidemiologia de doenças infecciosas • Usando infecções sexualmente transmissíveis como um exemplo: – Para aprender sobre os parâmetros-chave na dinâmica de transmissão – Para avaliar o uso de modelos de transmissão matemática para estimar o impacto de intervenções de prevenção (por exemplo, vacinas).
  • 3. Por que desenvolver um modelo? • Compreender o sistema de transmissão de infecções em uma população • Para ajudar a interpretar as tendências epidemiológicas observadas • Identificar os principais determinantes das epidemias Para orientar a coleta de dados • Prever a direção futura de uma epidemia • Avaliar o impacto potencial de uma intervenção
  • 4. Como as doenças infecciosas são diferentes das não infecciosas? • A prevalência afeta a incidência, um caso pode ser um fator de risco: – Prevalência não é apenas uma medida de carga de doença em uma população, mas também a probabilidade de encontrar uma pessoa infectada – Padrões de contato entre as pessoas são críticos • As pessoas podem ser imunes.
  • 5. Alguns termos-chave para descrever a doença infecciosa • Susceptível: não infectado, mas capaz de se infectar se exposto • Infeccioso: infectado e capaz de transmitir a infecção a outros indivíduos susceptíveis • Imune: possuindo anticorpos mediados por células ou anticorpos humorais contra uma infecção • Doença/infecção clínica: implica a presença de sinais clínicos de patologia (não sinônimo de infeccioso) • Infecção latente/infecção subclínica: implica a presença de agente infeccioso mas ausência de doença clínica • Portador: implica um estado infectado prolongado com liberação do agente infeccioso. Os portadores podem estar doentes, em recuperação ou saudáveis.
  • 6. Momentos chave Giesecke, J. Modern Infectious Disease Epidemiology. 2002.
  • 7. Alguns termos-chave para descrever a doença infecciosa ao nível populacional • Epidemia: A ocorrência em uma comunidade ou região de casos de uma doença claramente acima da expectativa normal. • Surto: uma epidemia limitada ao aumento localizado na incidência de uma doença • Endemia: A presença constante de uma doença ou agente infeccioso dentro de uma dada área geográfica ou grupo populacional • Pandemia: Uma epidemia que ocorre em uma área muito larga, cruzando fronteiras internacionais e geralmente afetando um grande número de pessoas • Sindemia: é definida como a interação entre doenças ou agravos à saúde em populações, que magnificam os efeitos deletérios umas das outras.
  • 8. Rotas de transmissão Direta Indireta Entre membranas mucosas - DST Pela água – hepatite A Pela placenta– toxoplasmosis Pelo ar – varicela Pelo sangue – hepatite B Pela comida – salmonella Pela pele – HPV Vectores – malária Espirro ou tosse – sarampo e flu Objectos/fômites – estreptococcos Giesecke J. Modern Infectious Disease Epidemiology. 2002. p. 16
  • 9. Taxa Reprodutiva • Também chamado “número reprodutivo” • Representa o número de infecções causadas por um indivíduo infeccioso. • Em uma população 100% suscetível – Taxa Reprodutiva Básica, R0 • Em uma população onde <100% são suscetíveis – Taxa Reprodutiva Efetiva, R = proporção dos suscetíveis x R0
  • 10.
  • 11. Determinantes do R0 Para um patógeno com transmissão direta pessoa-a- pessoa (ex: influenza) R0 = βcD Onde β é a probabilidade de transmissão mediante o contato entre infeccioso e suscetível c é a taxa de contato D duração da infectividade
  • 13. Modelo Suscetível-Infeccioso-Recuperado (SIR) • Considere os seguintes valores – Probabilidade de transmissão, β = 0.15 – Taxa de contato, c = 12 contatos por semana – Duração da infecção, D = 1 semana • Taxa Reprodutiva Básica: R0 = 0.15 * 12 * 1 = 1.8 • Taxa Reprodutiva Efetiva no tempo: Rt = St * R0
  • 14.
  • 15. Imunidade Rebanho - conceito básico • Qual a proporção da população devo imunizar para que a infecção não se espalhe? • Considere um R0=5 • Recordar é viver: – R <1 Infecção desaparece – Rt = St * R0 • P é a proporção de imunizados • Logo o S= (1-P) • Assim temos (1-P).R0<1 • Portanto, precisamos imunizar pelo menos 80% da população
  • 16. Modelo Suscetível-Infeccioso-Recuperado (SIR) • Pressupostos – A população é fixa (sem entradas/nascimentos ou saídas/mortes) – O período latente é zero – Período infeccioso = duração da doença – Após a recuperação, os indivíduos estão imunes • As pessoas podem estar em um dos 3 estados – Suscetíveis (S) – Infectados e infecciosos (I) – Recuperados/imunes (R*) Giesecke J. Modern Infectious Disease Epidemiology. 2002. pp. 126-130 * Não confundir com o R0
  • 17. Suscetíveis (S) Infectados (I) Recuperado (R) 1 2 Taxa de Mudança Proporção no estado no tempo t dS/dt = - βcSI 1 OUT dI/dt = + βcSI – I/D 1 IN 2 OUT dR/dt = + I/D 2 IN St = St-1 - βcSt-1It-1 It = It-1 + βcSt-1It-1 – It-1/D Rt = Rt-1 + It-1/D
  • 18.
  • 19.
  • 20. Fontes de dados para os parâmetros do modelo: o exemplo das doenças sexualmente transmissíveis • Considere os três parâmetros: – Probabilidade de transmissão(β) – Duração da infecção(D) – Taxa de contato (c) • De onde vem estas estimativas?
  • 21. Transmissibilidade(β): Medida • Medida como a probabilidade de transmissão de um parceiro infectado para um parceiro suscetível (taxa de ataque) • Fontes de dados – Rastreamento de contatos – Casais discordantes – Estudos de indivíduos sexualmente ativos que relatam parceiros com status de DST conhecidos, ou se a prevalência da DST no pool de parceiros é bem conhecida • Desafios – A inscrição de parceiros sexuais pode ser difícil – Identificação de contatos entre infectados e susceptíveis e direção de transmissão – O que é um "contato"?
  • 22. Duração da infectividade (D): Medida • Fontes de dados – Duração da doença clínica – Duração da infecção • Desafios – Duração da doença = duração da infecciosidade? – Assintomáticos versus sintomáticos – Obrigação ética de tratar infecções identificadas – Talvez precise confiar em dados históricos de qualidade questionável
  • 23. Mistura aleatória e a taxa de contato (c) • Uma suposição dos modelos simples vistos até agora é que a mistura é aleatória • Cada indivíduo tem uma chance igual de formar uma parceria com cada outro indivíduo • Os dados do inquérito mostram que a mistura não é aleatória para muitas características (por exemplo, idade, etnia, religião, educação), mas tende a ser assortativa - ”semelhantes" misturam com ”semelhantes”. • Mas está misturando de forma assortativa com respeito à história sexual passada?
  • 24. Taxa de contato (c) • Tipicamente medido como a taxa de aquisição de novo parceiro (por exemplo, por ano) • O modelo até agora assume homogeneidade na taxa de contato • Fonte de dados são pesquisas de comportamento sexual – População em geral – Populações seleccionadas (por exemplo, adolescentes, adultos com idade entre 18-45 anos, estudantes, homens gays e bissexuais, consumidores de drogas)
  • 25. Número de parceiros sexuais nos últimos 5 anos. British National Survey of Sexual Attitudes and Lifestyles (NATSAL), 2000 0 10 20 30 40 50 60 Percentage 0 1 2 3 to 4 5 to 9 10 or more Female Male Johnson AM et al. Lancet 2001; 358:1835-42.
  • 26. Taxa de contato (c) • Claramente, a taxa de contato é heterogênea • Não se pode supor que todos os indivíduos têm a mesma taxa de contato • Para o comportamento sexual, um conceito importante é o "núcleo do grupo" – Um pequeno grupo de indivíduos com alta taxa de contato que contribuem desproporcionalmente para a disseminação das DST s na população – A DST concentra-se neste grupo central
  • 27. Taxa de Contato (c): desafios para medida • Pesquisas de indivíduos obtêm dados sobre seu comportamento sexual, mas serão incompletas para seus parceiros • Estudos de redes sexuais obtêm dados detalhados de parceiros, mas geralmente são localizados e podem não ser generalizáveis • Os inquéritos gerais à população são mais representativos da maioria, mas podem captar insuficientemente os membros do núcleo • Validade do comportamento sexual auto-relatado e viés de desejabilidade social
  • 28. Estimativas β, c, e D: crítica • Incerteza e limitações nas estimativas de parâmetros • Documentos bem escritos – Identificar a fonte ou raciocínio por trás das estimativas de parâmetros – Realizar análise de sensibilidade para determinar quanto os resultados do modelo dependem dos valores dos parâmetros • Às vezes, o modelo de transmissão identificará uma falta de conhecimento nesses parâmetros e pode direcionar pesquisas empíricas para obter mais dados • Calibração de modelos pode ser usada para estimar parâmetros, como o β.