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RESUMO DO CONTEÚDO DE LEGISLAÇÃO DA PROVA DOS
PROFESSORES TEMPORÁRIOS DE SÃO PAULO
30 Novembro 2009 por professortemporario
ECA LEI FEDERAL 8069/90
(alterada pelo novo código civil)
LIVRO I – Parte geral
1. Criança: Até 12 anos(incompletos)
2. Adolescente: 12 a 18 anos
3. Finalidade: Proteção integral a criança e ao adolescente
4. Criança e adolescente: gozam de todos os direitos fundamentais da
pessoa humana
5. Efetivaçõa dos direitos: dever da família, comunidade, sociedade e
poder publico
6. Criança e adolescente: tem prioridade
1. Proteçao e socorro
2. Precedência no atendimento dos serviços publicos ou de relevância
publica
3. Preferência nas políticas sociais e publicas de destinação privilegiada de
recursos públicos.
TITULO II – Dos direitos fundamentais
Cap. IV – Do direito a educação, cultura, esporte e lazer.
1. Criança e adolescente:direito a educação(exercício da cidadania e
qualificação para o trabalho), direito de:
1
1. Igualdade de condições para acesso e permanência na escola
2. Direito de ser respeitado por seus educadores
3. Contestar critérios avaliativos -> recorrer às instancias superiores
4. Organizar e participar de entidades estudantis
5. Escola publica e gratuita próxima a sua residência
1. Pais/Responsáveis: direito de ciência do processo pedagógico e
participar da definição das propostas educacionais -> planejamento
2. Dever do estado: criança e adolescente:
1. Ensino Fundamental: até para alunos fora da idade
2. Ensino médio: extensão progressiva da obrigatoriedade e gratuidade
3. Deficientes: Preferencialmente na rede regular
4. 0 a 6: atendimento em creches e pré-escolas
5. Acesso a níveis mais elevados de ensino: de acordo com a capacidade
individual
6. Oferta de ensino noturno: Adolescente trabalhador
7. Ensino fundamental: Programa suplementares de material didático,
transporte, alimentação, assistência a saúde.
1. Poder publico: Não oferecer o ensino obrigatório lesa responsabilidade
de autoridade competente(crime de responsabilidade), deve:
1. Recensear os educandos no EF
2. Fazer-lhes a chamada
3. Zelar junto a pais/responsáveis pela freqüência a escola
1. Pais/responsáveis: Dever de matricular os filhos na escola
2. Dirigentes das escolas: Comunicar ao conselho tutelar :
1. Maus tratos aos alunos
2. Faltas e evasão(esgotados os recursos escolares)
3. Elevada a repetência
1. Processo educacional: Respeitar os valores culturais, artísticos e
históricos do contexto social da criança e do adolescente, garantindo a
eles liberdade de expressão e acesso a cultura.
2. Guarda e tutela
1. Guarda: legaliza a posse de fato, o detentor pode opor-se a
terceiros(inclusive os pais); dever de assistência moral, material e
educacional do “pimpolho”
2. Tutela: implica o dever de guarda e perda do pátrio poder
LIVRO II – Parte especial
1. Ato infracional: crime ou contravenção
2. Menores de 18 anos: menor infrator, inimputaveis e sujeitos as medidas
previstas em lei.
3. Criança: Medidas de proteção
2
4. Adolescente: Medidas sócio-educativas
5. Medidas de proteção: Quando os direitos das crianças e dos
adolescentes forem ameaçados ou violados por ação ou omissão da
sociedade e do estado, falta/omissão/abuso de pais /responsáveis,
conduta do “pimpolho”
1. Acompanhamento do pai/responsável com termo de responsabilidade
2. Orientação/ apoio/ acompanhamento temporário
3. Matricula e freqüência obrigatória no EF(EM não!)
4. Inclusão com programa comunitário de auxilio a família, criança e
adolescente
5. Tratamento medico, psicológico e psiquiátrico.
6. Inclusão em programa de combate as drogas e álcool
7. Abrigo em entidade
8. Família substituta
1. Medidas sócio-educativas:
1. Advertência
2. Obrigação de reparar o dano
3. Prestação de serviços a comunidade
4. Liberdade assistida(agora cidadã)
5. Regime de semi-liberdade
6. Internação em estabelecimento educacional
7. Medidas de proteção: de a até f.
1. Adoção das medidas sócio-educativas: levado em conta:
1. Prova suficiente da autoria e materialidade da infração
2. Capacidade do “pimpolho” de cumpri-las, circunstancias e gravidade da
infração
Do conselho tutelar:
1. Conselho tutelar: órgão permanente autônomo não jurisdicional, zela
pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente
1. Minimo um por município
2. 5 membros, escolhidos pela comunidade com mandato de 3 anos
1. Atribuições do conselho tutelar
1. Atender crianças e adolescentes: atender e aconselhar
pais/responsáveis, ato infracional(medidas de proteção de a até g)
2. Representar em nome da pessoa e da família contra a violação dos
direitos da criança e do adolescente
3. Representar junto ao ministério publico: perda/ suspensão do pátrio
poder.
LEI COMPLEMENTAR 836/97
3
1. Assunto: Oplano de carreira, vencimentos e salários para os integrante
do quadro do magistério da secretaria da educação e providencias
correlatas.
2. Classe de docentes:
1. PEB 1: SQC I e SQF I
2. PEB 2: SQC II e SQF II
1. Classe de suporte pedagógico:
1. Diretor de escola: SQC II
2. Supervisor de ensino: SQC II
3. Dirigente regional de ensino: SQC I
1. Jornada de trabalho semanal
1. Jornada básica de trabalho: 25 horas com aluno, 5 horas de trabalho
pedagógico(1 na escola, 3 em local de livre escolha)
2. Jornada inicial de trabalho: 20 horas(aluno) e 4 horas de trabalho
pedagógico(2 na escola e 2 em local de livre escolha)
• O que excede a jornada = jornada suplementar
1. Hora de trabalho: 60 minutos(1 hora), hora/aula(50 minutos)
2. Direito: 15 minutos de descanso por período.
3. Lembrete: OFA( lei 180/78, ex – ACT) não tem jornada, tem carga
horária
1. Acumulo de 2 cargos: Carga limite de 64 horas semanais.
2. Evolução funcional: nível superior
1. Via acadêmica: mestrado/doutorado sem interstício. PEB I: Licenciatura
plena nível IV, mestrado/doutorado nível V, PEB II: mestrado nível IV,
doutorado nível V
2. Não acadêmica: com interstício
• Fim da evolução automática: 5% a cada dois anos.
NIVEIS PEB I e PEB II SUPORTE
PEDAGÓGICO
I p/ II 4 anos 4 anos
II p/ III 4 anos 5 anos
III p/ IV 5 anos 6 anos
IV p/ V 5 anos 6 anos
1. Aposentadoria: carga horária(escolha do interessado)
4
1. Media dos últimos 5 anos(60 meses)
2. Media de quaisquer 7 anos corridos
3. Media de quaisquer 10 anos alternados
1. Provimento de cargo: pág.39(supervisor)
1. Professor/diretor/supervisor: Concurso publico de provas e títulos.
Nomeação
2. Dirigente regional de ensino: comissão precedida de nomeação e
processo seletivo a critério da SEE
• Diretor: 8 anos de magistério(efetivo exercício)
• Supervisor: 8 anos de magistério(sendo dois em cargo/função de
suporte pedagogico) ou 10 anos de magistério.
• Dirigente regional de ensino: 8 anos de magistério(2 em suporte
pedagógico ou direção de órgãos técnicos) ou 10 anos de magistério,
ser titular de cargo do QM estadual.
LEI COMPLEMENTAR 444/85(ANTIGO ESTATUTO DO MAGISTÉRIO)
I – Artigo 61: Direitos dos integrantes do QM
1. Informações, material, acessória técnica -> melhorar o desempenho e
ampliar os conhecimentos
2. Frequentar cursos de informação, atualização, especialização ->
mestrado e cursos do Chalita!
3. Liberdade de escolha: material, procedimento, avaliação(respeitar a
pessoa humana e bem comum)
4. Instalações e material técnico e fim pedagógico para o exercício da
profissão
5. Remuneração por serviço extraordinário
6. Auxilio para publicações: didáticos, técnico-cientifico
7. Tratamento técnico-pedagogico igual: OFA e efetivo.
8. Participar: conselho de escola, planejamento, execução, avaliação das
atividades escolares
9. Reunião na escola para tratar de assunto do interesse da categoria: não
prejudicar as atividades escolares
II – Artigo 62
1. Direito a férias de acordo com o calendário escolar
2. Vale também para o readaptado
3. Férias: não precisam ser concentradas em janeiro, pode ser diluídas ao
longo do ano; recesso(pode ser convocado para trabalhar)
III- Artigo 63: Deveres
1. Conhecer e respeitar as leis: ignorantiam nom est argumentum.
2. Preservar os princípios/ideais/fins da educação nacional em seu trabalho
5
3. Empenhar-se em prol do desenvolvimento do aluno: o professor é
responsável pelo desenvolvimento/aprendizagem do aluno. Artigo do
Dimenstein na Folha(fim do aumento de salário e bônus de acordo com
o desempenho do aluno)
4. Participar das atividades escolares relacionadas com suas atribuições:
planejamento, reuniões, etc.
5. Assiduidade e pontualidade: Problema das faltas
6. Cooperação e solidariedade: comunidade e quite escolar
7. Desenvolver o senso critico e a consciência política do aluno
8. Respeitar o aluno e se compremeter com a eficiência do seu
aprendizado
9. Participar: conselho de escola, planejamento/execução/ avaliação da s
atividades escolares
IV- Artigo 95: Conselho de escola deliberativo
1. Eleição: anual, primeiro mês letivo, pares de cada seguimento
2. Composição: 40%de docentes, 5% especialistas/ suporte pedagógico –
exceto diretor, 5% de funcionários, 25% de alunos, 25% pais de alunos
3. Diretor: presidente do conselho
4. Reuniões: Ordinárias (2 vezes por semestre)
Extraordinárias (convocação do diretor ou 1/3 dos membros no mínimo)
1. Delibera sobre: Diretrizes e metas da escola, prioridades para aplicação
das verbas da escola e instituições auxiliares(APM), calendário,
regimento escolar, penalidades(FUncionarios, servidores, alunos).
CONTRIBUIÇÃO DO PROFESSOR FRANCO
REFORMAS EDUCACIONAIS E A PROPOSTA CURRICULAR DO ESTADO
DE SÃO PAULO: PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES.
MARQUES, Daniela Miranda1
MOURA, Marcilene Rosa Leandro2
SANTOS, Alisangelo Aparecido dos3
SILVA, Priscilla Lopes4
RESUMO: O Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de
Estado da Educação, apresentou e implementou no ano de 2008 uma Proposta
Curricular para todas as escolas da rede pública estadual. Esta Proposta
amparada na distribuição de materiais gráficos indicam os conteúdos a serem
trabalhados, a atuação dos professores, os objetivos a serem alcançados e a
forma que os alunos devem ser avaliados após determinados períodos. Neste
sentido, este artigo traz o seguinte questionamento: A proposta curricular
apresentada pela SEE/SP atende às determinações de organismos
internacionais e conseqüentemente das reformas educacionais ocorridas na
década de 90 do Século passado? Na tentativa de iniciar esta discussão
apresento num primeiro momento informações gerais sobre a Proposta
Curricular. Num segundo momento, por meio de pesquisa bibliográfica, tentar
6
relacioná-la às determinações de organismos internacionais – como, por
exemplo, o Banco Mundial – e consequentemente às definições da reforma
educacional ocorrida nos anos 90 do Século passado, fazendo ainda de forma
preliminar uma breve discussão sobre o trabalho do professor e questões
relacionadas à autonomia e precarização do seu trabalho.
PALAVRAS-CHAVE: Reformas educacionais. Proposta curricular. Trabalho
Docente.
REFORMAS EDUCACIONAIS E A PROPOSTA CURRICULAR DO ESTADO
DE SÃO PAULO: PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES.
MARQUES, Daniela Miranda
MOURA, Marcilene Rosa Leandro
SANTOS, Alisangelo Aparecido dos
SILVA, Priscilla Lopes
Conhecendo a proposta
A Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, lançou no ano de 2008
uma proposta curricular para ser implementada de forma imediata em todas as
escolas da rede pública do Estado de São Paulo. O projeto, que segundo a
Secretária da Educação do Estado de São Paulo Professora Maria Helena
Guimarães Castro é ousado e inovador, está apoiado na utilização de vários
materiais pedagógicos (SEE/SP, 2008).
Estes materiais (apostilas no formato cartilha, jornal e DVD’s) foram enviados à
todas as escolas da rede (Equipe Gestora – Diretor, Vice-Diretor e
Coordenador Pedagógico -, professores e alunos) com orientações específicas
sobre sua utilização na unidade escolar (SEE/SP, 2008).
A Coordenadora Geral do Projeto Maria Inês Fini, afirmou na apresentação da
Revista do Professor – que foi distribuída em todas as escolas da rede pública
estadual, independente da escola ser da zona rural ou urbana – que
compreende que professores e alunos são únicos e que o material
disponibilizado servirá de referência para as práticas em sala de aula (SEE/SP,
2008).
O primeiro material elaborado por uma equipe técnica da SEE/SP e distribuído
em todas as escolas da rede pública estadual de São Paulo foi o Jornal do
Aluno – no formato de um Jornal e entregue a todos os alunos (os professores
também receberam um exemplar de acordo com a disciplina/série que ele
ministra aulas) – e a Revista do Professor – entregue a todos os professores.
De acordo com orientações da Secretaria de Estado da Educação, este
material, indicado para ser utilizado nos primeiros 40 dias letivos do ano de
2008 (entre os dias 18 de fevereiro e 30 de março de 2008), objetivou subsidiar
tanto professores quanto alunos na realização das atividades em sala de aula
durante o denominado período de recuperação intensiva e privilegiou a leitura,
a produção de textos e a matemática (SEE/SP, 2008).
O Jornal do Aluno foi organizado por áreas facilitando a compreensão do leitor
e a Revista do Professor subsidiou a aplicação das atividades propostas no
referido Jornal. O material foi dividido em fundamental e médio, por
disciplina/série e apresentava em seu teor o número específico de aulas
necessárias para a aplicação de cada conteúdo pré-determinado e trouxe de
7
forma detalhada possibilidades de aplicação e de avaliação das atividades
propostas para o aluno portador do Jornal (SEE/SP, 2008).
A Revista do Professor apresenta também:
[...] as habilidades que foram previstas para recuperar/consolidar; o modo de o
professor se preparar para aplicar a aula; os recursos necessários; o modo de
direcionar e motivar os alunos; o tempo previsto; o modo de organizar a classe
para as tarefas; o modo de avaliar e corrigir os produtos da atividade (SEE/SP,
2008, p. 13).
Além da Revista do Professor e do Jornal do Aluno, os professores e equipe
gestora receberam também orientações por meio de vídeos tutoriais que
apresentaram os princípios da organização do material (SEE/SP, 2008).
Segundo informações constantes na Revista do professor, “As habilidades de
leitura e produção de textos serão privilegiadas nas disciplinas Língua
Portuguesa, Língua Estrangeira Moderna, Arte, Educação Física, História e
Filosofia” e não exclui o desenvolvimento de outras habilidades (SEE/SP, 2008,
p. 15).
A Proposta Curricular
Depois de enviar o material do período de recuperação intensiva – Jornal do
Aluno, Revista do Professor e Vídeos Tutoriais – a Secretaria de Estado da
Educação envia um novo material indicando os conteúdos a serem trabalhados
pelo professor no ano letivo de 2008, informando que o período inicial do ano
letivo – período entre os dias 18 de fevereiro de 30 de março -, foi apenas um
período de recuperação e que o trabalho com os conteúdos do primeiro
bimestre se iniciaram com a chegada deste novo material também em formato
de cartilha, denominado “Cadernos do Professor”.
O material que apresenta os “Cadernos do Professor” é uma outra cartilha
confeccionada sob a coordenação de Maria Inês Fini, denominada “Proposta
Curricular do Estado de São Paulo – disciplina especificada – Ensino
Fundamental Ciclo II e Ensino Médio”.
O texto de Apresentação da Cartilha vem assinado pela Secretaria da
Educação do Estado de São Paulo, Maria Helena Guimarães de Castro, que
justifica a necessidade de uma Proposta Curricular com a seguinte frase: “A
criação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), que deu autonomia às escolas para
que definissem seus próprios projetos pedagógicos, foi um passo importante.
Ao longo do tempo, porém, essa tática descentralizada mostrou-se ineficiente.”
(SEE/SP, 2008a, s/p.).
Por conta desta ineficiência, a Secretária da Educação do Estado de São Paulo
salienta que se faz necessária uma “[...] ação integrada e articulada [...]”, que
também subsidie os profissionais da rede. Finalizando o texto de apresentação,
afirma: “Mais do que simples orientação, o que propomos, com a elaboração da
Proposta Curricular e de todo o material que a integra, é que nossa ação tenha
um foco definido.” (SEE/SP, 2008a, s/p.).
A Proposta Curricular foi dividida em áreas, a saber: Ciências da Natureza e
suas Tecnologias, – Biologia, Química e Física – Matemática e Ciências
Humanas e suas Tecnologias – História, Geografia, Filosofia, Sociologia e
Psicologia – e Linguagens, Códigos e suas Tecnologias – Língua Portuguesa,
Língua Estrangeira Moderna, Arte e Educação Física.
A apresentação da Proposta Curricular do Estado de São Paulo está dividida
8
em dois tópicos: Uma educação à altura dos desafios contemporâneos e
Princípios para um currículo comprometido com o seu tempo. Este segundo
tópico apresenta os seguintes itens: I) Uma escola que também aprende; II) O
currículo como espaço de cultura; III) As competências como referência; IV)
Prioridade para a competência da leitura e da escrita; V) Articulação das
competências para aprender e VI) Articulação com o mundo do trabalho.
Assegura ainda que esta iniciativa procura “[...] garantir a todos uma base
comum de conhecimentos e competências, para que nossas escolas
funcionem de fato como uma rede [...]” priorizando a competência de leitura e
escrita (SEE/SP, 2008a).
Ainda nesta apresentação, são citados outros materiais que darão suporte à
Proposta Curricular, como por exemplo, as “Orientações para a Gestão do
Currículo na Escola” dirigido à equipe gestora, e os “Cadernos do Professor”
(SEE/SP, 2008a).
O texto de apresentação afirma que a sociedade do século XXI
[...] é cada vez mais caracterizada pelo uso intensivo do conhecimento, seja
pra trabalhar, conviver ou exercer a cidadania, seja para cuidar do ambiente
em que se vive. Essa sociedade, produto da revolução tecnológica que se
acelerou na segunda metade do século passado e dos processos políticos que
redesenharam as relações mundiais, já está gerando um novo tipo de
desigualdade, ou exclusão, ligada ao uso das tecnologias de comunicação que
hoje mediam o acesso ao conhecimento e aos bens culturais (SEE/SP, 2008a,
p. 9).
Afirma também que por conta do maior número de pessoas portadoras de um
diploma de nível superior, este deixou de ser um diferencial, sendo então, mais
relevantes as características cognitivas e afetivas e as competências
apreendidas na vida escolar. Neste sentido, a qualidade da educação oferecida
nas escolas públicas para as camadas mais pobres da população é
fundamental para a inserção do indivíduo no mundo de “[...] modo produtivo e
solidário”. (SEE/SP, 2008a, p. 10).
Adverte que “[...] não há liberdade sem possibilidade de escolhas [...]”, portanto
é necessário que os alunos tenham “[...] acesso a um amplo conhecimento
dado por uma educação geral, articuladora, que transite entre o local e o
mundial [...]” (SEE/SP, 2008a, p. 11).
A Proposta Curricular ora discutida apresenta como princípios centrais: “[...] a
escola que aprende, o currículo como espaço de cultura, as competências
como eixo de aprendizagem, a prioridade da competência de leitura e de
escrita, a articulação das competências para aprender e a contextualização no
mundo do trabalho”, (SEE/SP, 2008a, p. 11).
Tendo um currículo que promove a aprendizagem de competências e
habilidades, a atuação do professor, os conteúdos propostos, as metodologias
e a aprendizagem dos alunos compõem um sistema comprometido com a
formação de crianças e jovens em adultos aptos a exercer suas
responsabilidades – trabalhar, constituir uma família e ser autônomo – e com
condições de atuar na sociedade de forma produtiva (SEE/SP, 2008a).
Este currículo amparado no conceito de competências propõe que a escola e
os professores indiquem claramente o que o aluno vai aprender, o que é
indispensável que este aluno aprenda, garantindo desta forma a todos “[...]
igualdade de oportunidades, diversidade de tratamento e unidade de
resultados. Quando os pontos de partida são diferentes, é preciso tratar
9
diferentemente os desiguais para garantir a todos uma base comum”. (SEE/SP,
2008a, p. 15).
Justificando a ênfase na centralidade da linguagem nos processos de
desenvolvimento, a Proposta Curricular propõe que o adolescente aprenda
pouco a pouco, a enfrentar as conseqüências das próprias ações, “[...] a propor
e alterar contratos, a respeitar e criticar normas, a formular seu próprio projeto
de vida e a tecer seus sonhos de transformação do mundo.” E é
responsabilidade de todos os professores esta aprendizagem (SEE/SP, 2008a,
p. 17-8).
Lembrando sempre que a quantidade e a qualidade do conhecimento devem
ser “[...] determinadas por sua relevância para a vida de hoje e do futuro, além
dos limites da escola. Portanto, mais que os conteúdos isolados, as
competências são guias eficazes para educar para a vida.” (SEE/SP, 2008a, p.
18).
A Proposta Curricular faz menção também à necessidade da articulação da
educação com o mundo do trabalho, reforçando a necessidade da
alfabetização tecnológica básica, no sentido de preparar os alunos para a
inserção num mundo em que a tecnologia está cada vez mais presente na vida
das pessoas e também da compreensão dos fundamentos científicos e
tecnológicos da produção de bens e serviços necessários à vida (SEE/SP,
2008a).
Segundo a Proposta Curricular, o trabalho passa por transformações profundas
e afirma que:
[...] À medida que a tecnologia vai substituindo os trabalhadores por autômatos
na linha de montagem e nas tarefas de rotina, as competências para trabalhar
em ilhas de produção, associar concepção e execução, resolver problemas e
tomar decisões tornam-se mais importantes do que conhecimentos e
habilidades voltados para postos específicos de trabalho. (SEE/SP, 2008a, p.
24).
Dando continuidade à política educacional delineada no ano de 2008 por meio
de um novo modelo de proposta curricular – neste ano de 2009, a proposta se
torna definitivamente currículo – além do material disponibilizado aos
professores – Caderno do Professor por disciplina, série e bimestre – a
SEE/SP envia também às escolas o “Caderno do Aluno”, também divididos por
disciplina/série/bimestre.
O “Caderno do aluno” possui a mesma disposição de textos, figuras e gráficos
semelhantes com a do professor, porém, com espaços para responderem no
mesmo caderno, dicas de pesquisas filmes, livros e sites. Além disso, com a
intenção de complementar o trabalho na sala de aula e contribuir para a
formação do aluno, este caderno oferece as “Lições de casa”. De acordo com
introdução dada no Caderno do aluno “é por meio de estudos e da realização
das tarefas que você poderá conquistar a autonomia para aprender sempre”
(SEE/SP, 2009).
Neste sentido, cabe ao professor a tarefa de orientar os estudos, esclarecer
dúvidas, retomar conteúdos e fazer revisões, enquanto que o aluno, por meio
do seu “Caderno” deverá:
Ler ou reler textos indicados pelo professor; fazer e refazer exercícios para
compreender melhor um conteúdo; realizar pesquisas para ampliar ou
aprofundar conhecimentos sobre um assunto; e refletir sobre um tema ou
assunto de uma disciplina. (SEE/SP, 2009)
10
Portanto, de acordo com a Proposta Curricular implementada no ano de 2008
pela SEE/SP e configurada como currículo oficial no ano de 2009, além da
ênfase na centralidade da linguagem nos processos de desenvolvimento dos
alunos, amparada em habilidades e competências, os conteúdos propostos
devem estar articulados com a repetição de tarefas e com o mundo do
trabalho.
A questão das reformas educacionais e da autonomia
Depois de fazer uma apanhado geral sobre os materiais da Proposta Curricular
do Governo do Estado de São Paulo – agora já denominado currículo –
especificamente, especificamente, passamos a expor algumas discussões
dando ênfase na relação entre as reformas educacionais da década de 90 do
Século passado com o fim da autonomia do professor.
Nesta discussão sobre as reformas educacionais brasileira, é importante
ressaltar as discussões ocorridas anteriormente por organismos internacionais.
Uma delas é a elaboração da Declaração da Conferência Mundial sobre
Educação para Todos, realizada em 1990 em Jomtien, Tailândia. Esta
Conferência, patrocinada pelo Banco Mundial e outras agências internacionais
traz algumas discussões que nos remete à Proposta Curricular elaborada pela
SEE/SP, implementada no ano de 2008 nas escolas da rede pública do Estado
de São Paulo, da mesma forma que a elaboração do Relatório Delors também
contempla estas discussões.
A referida Declaração trata da satisfação das necessidades básicas de
aprendizagem e afirma que todos os indivíduos devem ter condições de
aprender a ler, escrever, expressar-se oralmente, calcular e resolver
problemas, de modo que possam sobreviver, desenvolver suas
potencialidades, viver e trabalhar com dignidade e continuar aprendendo
(BRASIL, 2006)
Também trata da necessidade da concentração de todos os esforços na
aprendizagem dos educandos, munidos de conhecimentos úteis, habilidades
de raciocínio, aptidões e valores e afirma que a educação básica deve ser
universalizada, sem que se perca a qualidade além de se tomar medidas
efetivas para reduzir as desigualdades e que esta se torne equitativa (BRASIL,
2006).
Já o Relatório Delors, – Relatório para a UNESCO – Organização das Nações
Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura – da Comissão Internacional
sobre Educação para o Século XXI trata desse aprendizado útil onde a “[...]
educação deve transmitir de fato, de forma maciça e eficaz, cada vez mais
saberes e saber evolutivos, adaptados à civilização cognitiva” (DELORS, 1998,
p. 89).
Outro órgão internacional que vem discutindo e intervindo na educação
nacional é o Banco Mundial, que sistematicamente apresenta pacotes de
medidas organizadas por economistas dentro da lógica e da análise
econômica, com o intuito de melhorar o acesso, promover a equidade e
garantir a qualidade dos sistemas escolares por meio de reformas educacionais
que em última instância devem possibilitar aos educandos as habilidades
requeridas pelo mundo do trabalho. Para Torres (1998, p. 134-5) na concepção
do Banco Mundial a qualidade educativa está pautada no investimento em três
itens:
11
(a) Aumentar o tempo de instrução, através da prolongação do ano escolar, da
flexibilização e adequação dos horários, e da atribuição de tarefas de casa; (b)
proporcionar livros didáticos, vistos como a expressão operativa do currículo e
contando em eles como compensadores dos baixos níveis de formação
docente. Recomenda aos países que deixem a produção e distribuição dos
livros didáticos em mãos do setor privado, que capacitem os professores na
sua utilização, além de elaborar guias didáticos para estes últimos e (c)
melhorar o conhecimento dos professores (privilegiando a capacitação em
serviço sobre a formação inicial e estimulando modalidades á distância.
Segundo Torres (1998), o Banco Mundial recomenda que a elaboração do
currículo seja feita de forma restrita pelo poder central e também define a
educação como um campo sem especificidade ou discussão pedagógica, “[...]
no qual confluem e interatuam insumos ao invés de pessoas, resultados ao
invés de processos, quantidades ao invés de qualidades” (TORRES, 1998, p.
141). E diz ainda que para os técnicos do Banco Mundial o currículo é
basicamente conteúdos. Este currículo define as matérias a serem ensinadas
apresentando um guia geral sobre os objetivos a serem alcançados,
estratégias, métodos, materiais de ensino, critérios e métodos de avaliação.
Com relação às reformas educacionais ocorridas nos anos noventa do Século
passado, Neves (2000) diz que a indissociabilidade entre a economia e a
política se refletiu na política educacional com a elaboração do Plano Decenal
de Educação para Todos que vislumbrava elevar o nível mínimo de
escolaridade dos brasileiros e a melhoria da qualidade de ensino.
Para Oliveira (2004) as reformas educacionais propostas nos anos 90 do
Século passado, o eixo principal da educação passa a ser a equidade social,
contando com o apoio da comunidade escolar e tendo como objetivo principal
formar indivíduos para a empregabilidade trazendo mudanças significativas
para os trabalhadores docentes, principalmente questões relacionadas à
flexibilização, desvalorização, desqualificação e precarização do trabalho
docente, provocando uma reestruturação do trabalho pedagógico.
Oliveira (2004) esclarece ainda que com as determinações da Conferência
Mundial sobre Educação para Todos, realizada em 1990 em Jomtien na
Tailândia, onde os países presentes se comprometeram em implementar uma
reforma educacional que viabilizasse a expansão da educação básica
buscando a redução das desigualdades sociais.
Neste sentido, as reformas educacionais ocorridas no Brasil nos anos 90 do
Século passado assumiram um duplo enfoque: Por um lado tem-se uma
educação dirigida à formação para o trabalho e por outro lado a gestão da
pobreza. Desta forma, afirma Oliveira (2004, p. 1131) “[...] tais reformas serão
marcadas pela padronização e massificação de certos processos
administrativos e pedagógicos, sob o argumento da organização sistêmica, da
garantia da suposta universalidade [...]”.
Hypolito (1991, p. 4) afirma que na década de noventa do Século passado a
escola brasileira passou por várias modificações em termos de estrutura e de
organização e cita que:
[...] a escola transitou de um modelo tradicional, que se caracterizava pela
autonomia do professor em relação ao ensino e à organização escolar e por
processos burocráticos praticamente inexistentes, para um modelo técnico-
burocrático, caracterizado pela redução da autonomia do professor em relação
ao ensino e à organização da escola [...].
12
Enguita (1993, p. 283), alerta para a utilização da escola como disseminador da
lógica do capital a partir do momento em que os governos utilizam materiais
padronizados que “[...] geralmente contém declarações de objetivos, todo o
conteúdo e material curricular necessário, especificações prévias das ações a
serem desenvolvidas pelos professores e as respostas apropriadas por parte
dos estudantes e teste de diagnóstico e de resultado coordenados com o
sistema”.
O mesmo autor afirma ainda que tais pacotes didáticos permitem às empresas
que os produzem intervir diretamente no conteúdo a ser ensinado e
[...] submetem os professores a funções de mera execução, arrancando-lhes a
capacidade de conceber o currículo ou a pedagogia; tornam mais difícil em
geral para o pessoal docente o controle formal e informal sobre as decisões
didáticas; eliminam a necessidade de uma coordenação ativa entre os
professores, pois esta já vem pronta de fora; fazem com que os professores se
vejam divorciados de seus colegas e de seu material de trabalho; reduzem o
conhecimento a uma série de habilidades acumuláveis e calculáveis [...]
(ENGUITA, 1993, p. 283).
Corroborando esta afirmação de Enguita (1993, p. 283), Hypólito (1991, p. 17)
relata que o “[...] o processo de dominação e controle sobre o trabalho dos
educadores não se dá somente no que se refere ao conteúdo do ensino, mas
também sobre a forma de transmissão desse conteúdo”. E segue dizendo que
os pacotes pedagógicos adotados com conhecimentos compilados para a
orientação do trabalho em sala de aula é fundamental para a expropriação do
saber do educador.
Aliada á questão da perda de autonomia dos professores na implementação de
seu trabalho, temos outra discussão apresentada por Jáen (1991) que trata da
teoria da proletarização aplicada aos docentes, caracterizada pela degradação
das condições de trabalho.
Estas condições de trabalho estão relacionadas segundo Jáen (1991, p. 75)
“[...] à expropriação dos conhecimentos necessários para a produção [...]
excluídos da concepção do processo produtivo e do próprio trabalho [...] e
dependentes, por tudo isso, em grau crescente do controle e das decisões do
capital [...]”.
De acordo com os autores citados anteriormente, há uma interferência dos
organismos internacionais na elaboração da política educacional proposta a
partir da reforma educacional dos anos 90 do Século passado com a adoção
de pacotes pedagógicos que trazem para o centro da discussão a
aprendizagem e não o ensino, bem como um processo de dominação e
controle sobre o trabalho dos educadores.
Conclusões parciais
Primeiramente gostaria de salientar que a Proposta Curricular apresentada
pela Secretaria de Estado da Educação de São Paulo em 2008 e posta como
currículo oficial no ano de 2009, não deve ser encarada como uma Proposta e
sim como um pacote educacional. Esta afirmação advém do fato de não ter
havido efetivamente discussões com o corpo docente das unidades escolares
sobre a referida proposta. Sua implementação veio de forma autoritária, não
dando em nenhum momento chance do professor – na ponta do processo
educativo – ler, discutir, concordar ou discordar da proposta.
13
O currículo escolar de São Paulo, como pode ser verificado, atende
inteiramente ás determinações dos organismos internacionais, particularmente
do Banco Mundial, a partir do momento que: Para cumprir com o conteúdo
proposto pela SEE/SP é necessário que os alunos façam uma série de
trabalhos escolares em suas casas, já que este conteúdo não terá condições
de ser ensinado em sala de aula por falta de tempo hábil; A produção dos livros
didáticos – conforme recomenda o Banco Mundial – está nas mãos das
grandes editoras; Os professores recebem regularmente capacitações – seja
por meio de orientações técnicas ou por meio de vídeo conferências – para a
utilização do material didático elaborado e entregue a todos os professores de
acordo com a disciplina/série/bimestre.
Além disso, com a distribuição destes materiais – Jornal do Aluno, Revista do
Professor, Proposta Curricular, Caderno do Professor e Caderno do Aluno – os
professores ficam responsáveis meramente pela reprodução dos conteúdos
propostos – conteúdos estes que são pensados a partir da lógica do capital –
sem efetivamente conceber seu material de trabalho, reduzindo seus
conhecimentos a habilidades acumuláveis e calculáveis.
Os materiais distribuídos pela SEE/SP, também atendendo às definições da
reforma educacional dos anos 90 do Século passado defendem uma educação
dirigida para o mundo do trabalho, pela massificação do conhecimento útil e
pela equidade e não igualdade de condições, defendendo uma suposta
universalidade, que de fato não ocorre a partir do momento em que se trata de
forma igual os desiguais.
Pelo acima exposto, é possível considerar que o currículo organizado e
implementado pela SEE/SP está intrinsecamente ligada às políticas
educacionais definidas pelo Banco Mundial e outras agências internacionais no
sentido de educar para o mundo do trabalho, ensinando aos alunos
conhecimentos úteis para o mercado, para o capital. Neste processo, os
professores são obrigados a aceitar um pacote pedagógico sem nenhuma
discussão prévia, perdendo sua autonomia com relação à seleção dos
conteúdos e a execução de seu trabalho.
REFORMAS EDUCACIONAIS E A PROPOSTA CURRICULAR DO
ESTADO DE SÃO PAULO: PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES.
MARQUES, Daniela Miranda1
MOURA, Marcilene Rosa Leandro2
SANTOS, Alisangelo Aparecido dos3
SILVA, Priscilla Lopes4
RESUMO: O Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria
de Estado da Educação, apresentou e implementou no ano de 2008
uma Proposta Curricular para todas as escolas da rede pública estadual.
Esta Proposta amparada na distribuição de materiais gráficos indicam os
conteúdos a serem trabalhados, a atuação dos professores, os objetivos
a serem alcançados e a forma que os alunos devem ser avaliados após
determinados períodos. Neste sentido, este artigo traz o seguinte
questionamento: A proposta curricular apresentada pela SEE/SP atende
14
às determinações de organismos internacionais e conseqüentemente
das reformas educacionais ocorridas na década de 90 do Século
passado? Na tentativa de iniciar esta discussão apresento num primeiro
momento informações gerais sobre a Proposta Curricular. Num segundo
momento, por meio de pesquisa bibliográfica, tentar relacioná-la às
determinações de organismos internacionais – como, por exemplo, o
Banco Mundial – e consequentemente às definições da reforma
educacional ocorrida nos anos 90 do Século passado, fazendo ainda de
forma preliminar uma breve discussão sobre o trabalho do professor e
questões relacionadas à autonomia e precarização do seu trabalho.
PALAVRAS-CHAVE: Reformas educacionais. Proposta curricular.
Trabalho Docente.
REFORMAS EDUCACIONAIS E A PROPOSTA CURRICULAR DO
ESTADO DE SÃO PAULO: PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES.
MARQUES, Daniela Miranda
MOURA, Marcilene Rosa Leandro
SANTOS, Alisangelo Aparecido dos
SILVA, Priscilla Lopes
Conhecendo a proposta
A Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, lançou no ano de
2008 uma proposta curricular para ser implementada de forma imediata
em todas as escolas da rede pública do Estado de São Paulo. O projeto,
que segundo a Secretária da Educação do Estado de São Paulo
Professora Maria Helena Guimarães Castro é ousado e inovador, está
apoiado na utilização de vários materiais pedagógicos (SEE/SP, 2008).
Estes materiais (apostilas no formato cartilha, jornal e DVD’s) foram
enviados à todas as escolas da rede (Equipe Gestora – Diretor, Vice-
Diretor e Coordenador Pedagógico -, professores e alunos) com
orientações específicas sobre sua utilização na unidade escolar
(SEE/SP, 2008).
A Coordenadora Geral do Projeto Maria Inês Fini, afirmou na
apresentação da Revista do Professor – que foi distribuída em todas as
escolas da rede pública estadual, independente da escola ser da zona
rural ou urbana – que compreende que professores e alunos são únicos
e que o material disponibilizado servirá de referência para as práticas
em sala de aula (SEE/SP, 2008).
O primeiro material elaborado por uma equipe técnica da SEE/SP e
distribuído em todas as escolas da rede pública estadual de São Paulo
foi o Jornal do Aluno – no formato de um Jornal e entregue a todos os
alunos (os professores também receberam um exemplar de acordo com
a disciplina/série que ele ministra aulas) – e a Revista do Professor –
entregue a todos os professores. De acordo com orientações da
Secretaria de Estado da Educação, este material, indicado para ser
utilizado nos primeiros 40 dias letivos do ano de 2008 (entre os dias 18
de fevereiro e 30 de março de 2008), objetivou subsidiar tanto
professores quanto alunos na realização das atividades em sala de aula
15
durante o denominado período de recuperação intensiva e privilegiou a
leitura, a produção de textos e a matemática (SEE/SP, 2008).
O Jornal do Aluno foi organizado por áreas facilitando a compreensão do
leitor e a Revista do Professor subsidiou a aplicação das atividades
propostas no referido Jornal. O material foi dividido em fundamental e
médio, por disciplina/série e apresentava em seu teor o número
específico de aulas necessárias para a aplicação de cada conteúdo pré-
determinado e trouxe de forma detalhada possibilidades de aplicação e
de avaliação das atividades propostas para o aluno portador do Jornal
(SEE/SP, 2008).
A Revista do Professor apresenta também:
[...] as habilidades que foram previstas para recuperar/consolidar; o
modo de o professor se preparar para aplicar a aula; os recursos
necessários; o modo de direcionar e motivar os alunos; o tempo
previsto; o modo de organizar a classe para as tarefas; o modo de
avaliar e corrigir os produtos da atividade (SEE/SP, 2008, p. 13).
Além da Revista do Professor e do Jornal do Aluno, os professores e
equipe gestora receberam também orientações por meio de vídeos
tutoriais que apresentaram os princípios da organização do material
(SEE/SP, 2008).
Segundo informações constantes na Revista do professor, “As
habilidades de leitura e produção de textos serão privilegiadas nas
disciplinas Língua Portuguesa, Língua Estrangeira Moderna, Arte,
Educação Física, História e Filosofia” e não exclui o desenvolvimento de
outras habilidades (SEE/SP, 2008, p. 15).
A Proposta Curricular
Depois de enviar o material do período de recuperação intensiva –
Jornal do Aluno, Revista do Professor e Vídeos Tutoriais – a Secretaria
de Estado da Educação envia um novo material indicando os conteúdos
a serem trabalhados pelo professor no ano letivo de 2008, informando
que o período inicial do ano letivo – período entre os dias 18 de fevereiro
de 30 de março -, foi apenas um período de recuperação e que o
trabalho com os conteúdos do primeiro bimestre se iniciaram com a
chegada deste novo material também em formato de cartilha,
denominado “Cadernos do Professor”.
O material que apresenta os “Cadernos do Professor” é uma outra
cartilha confeccionada sob a coordenação de Maria Inês Fini,
denominada “Proposta Curricular do Estado de São Paulo – disciplina
especificada – Ensino Fundamental Ciclo II e Ensino Médio”.
O texto de Apresentação da Cartilha vem assinado pela Secretaria da
Educação do Estado de São Paulo, Maria Helena Guimarães de Castro,
que justifica a necessidade de uma Proposta Curricular com a seguinte
frase: “A criação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), que deu autonomia
às escolas para que definissem seus próprios projetos pedagógicos, foi
um passo importante. Ao longo do tempo, porém, essa tática
descentralizada mostrou-se ineficiente.” (SEE/SP, 2008a, s/p.).
Por conta desta ineficiência, a Secretária da Educação do Estado de
São Paulo salienta que se faz necessária uma “[...] ação integrada e
16
articulada [...]”, que também subsidie os profissionais da rede.
Finalizando o texto de apresentação, afirma: “Mais do que simples
orientação, o que propomos, com a elaboração da Proposta Curricular e
de todo o material que a integra, é que nossa ação tenha um foco
definido.” (SEE/SP, 2008a, s/p.).
A Proposta Curricular foi dividida em áreas, a saber: Ciências da
Natureza e suas Tecnologias, – Biologia, Química e Física – Matemática
e Ciências Humanas e suas Tecnologias – História, Geografia, Filosofia,
Sociologia e Psicologia – e Linguagens, Códigos e suas Tecnologias –
Língua Portuguesa, Língua Estrangeira Moderna, Arte e Educação
Física.
A apresentação da Proposta Curricular do Estado de São Paulo está
dividida em dois tópicos: Uma educação à altura dos desafios
contemporâneos e Princípios para um currículo comprometido com o
seu tempo. Este segundo tópico apresenta os seguintes itens: I) Uma
escola que também aprende; II) O currículo como espaço de cultura; III)
As competências como referência; IV) Prioridade para a competência da
leitura e da escrita; V) Articulação das competências para aprender e VI)
Articulação com o mundo do trabalho. Assegura ainda que esta iniciativa
procura “[...] garantir a todos uma base comum de conhecimentos e
competências, para que nossas escolas funcionem de fato como uma
rede [...]” priorizando a competência de leitura e escrita (SEE/SP,
2008a).
Ainda nesta apresentação, são citados outros materiais que darão
suporte à Proposta Curricular, como por exemplo, as “Orientações para
a Gestão do Currículo na Escola” dirigido à equipe gestora, e os
“Cadernos do Professor” (SEE/SP, 2008a).
O texto de apresentação afirma que a sociedade do século XXI
[...] é cada vez mais caracterizada pelo uso intensivo do conhecimento,
seja pra trabalhar, conviver ou exercer a cidadania, seja para cuidar do
ambiente em que se vive. Essa sociedade, produto da revolução
tecnológica que se acelerou na segunda metade do século passado e
dos processos políticos que redesenharam as relações mundiais, já está
gerando um novo tipo de desigualdade, ou exclusão, ligada ao uso das
tecnologias de comunicação que hoje mediam o acesso ao
conhecimento e aos bens culturais (SEE/SP, 2008a, p. 9).
Afirma também que por conta do maior número de pessoas portadoras
de um diploma de nível superior, este deixou de ser um diferencial,
sendo então, mais relevantes as características cognitivas e afetivas e
as competências apreendidas na vida escolar. Neste sentido, a
qualidade da educação oferecida nas escolas públicas para as camadas
mais pobres da população é fundamental para a inserção do indivíduo
no mundo de “[...] modo produtivo e solidário”. (SEE/SP, 2008a, p. 10).
Adverte que “[...] não há liberdade sem possibilidade de escolhas [...]”,
portanto é necessário que os alunos tenham “[...] acesso a um amplo
conhecimento dado por uma educação geral, articuladora, que transite
entre o local e o mundial [...]” (SEE/SP, 2008a, p. 11).
A Proposta Curricular ora discutida apresenta como princípios centrais:
“[...] a escola que aprende, o currículo como espaço de cultura, as
competências como eixo de aprendizagem, a prioridade da competência
17
de leitura e de escrita, a articulação das competências para aprender e a
contextualização no mundo do trabalho”, (SEE/SP, 2008a, p. 11).
Tendo um currículo que promove a aprendizagem de competências e
habilidades, a atuação do professor, os conteúdos propostos, as
metodologias e a aprendizagem dos alunos compõem um sistema
comprometido com a formação de crianças e jovens em adultos aptos a
exercer suas responsabilidades – trabalhar, constituir uma família e ser
autônomo – e com condições de atuar na sociedade de forma produtiva
(SEE/SP, 2008a).
Este currículo amparado no conceito de competências propõe que a
escola e os professores indiquem claramente o que o aluno vai
aprender, o que é indispensável que este aluno aprenda, garantindo
desta forma a todos “[...] igualdade de oportunidades, diversidade de
tratamento e unidade de resultados. Quando os pontos de partida são
diferentes, é preciso tratar diferentemente os desiguais para garantir a
todos uma base comum”. (SEE/SP, 2008a, p. 15).
Justificando a ênfase na centralidade da linguagem nos processos de
desenvolvimento, a Proposta Curricular propõe que o adolescente
aprenda pouco a pouco, a enfrentar as conseqüências das próprias
ações, “[...] a propor e alterar contratos, a respeitar e criticar normas, a
formular seu próprio projeto de vida e a tecer seus sonhos de
transformação do mundo.” E é responsabilidade de todos os professores
esta aprendizagem (SEE/SP, 2008a, p. 17-8).
Lembrando sempre que a quantidade e a qualidade do conhecimento
devem ser “[...] determinadas por sua relevância para a vida de hoje e
do futuro, além dos limites da escola. Portanto, mais que os conteúdos
isolados, as competências são guias eficazes para educar para a vida.”
(SEE/SP, 2008a, p. 18).
A Proposta Curricular faz menção também à necessidade da articulação
da educação com o mundo do trabalho, reforçando a necessidade da
alfabetização tecnológica básica, no sentido de preparar os alunos para
a inserção num mundo em que a tecnologia está cada vez mais
presente na vida das pessoas e também da compreensão dos
fundamentos científicos e tecnológicos da produção de bens e serviços
necessários à vida (SEE/SP, 2008a).
Segundo a Proposta Curricular, o trabalho passa por transformações
profundas e afirma que:
[...] À medida que a tecnologia vai substituindo os trabalhadores por
autômatos na linha de montagem e nas tarefas de rotina, as
competências para trabalhar em ilhas de produção, associar concepção
e execução, resolver problemas e tomar decisões tornam-se mais
importantes do que conhecimentos e habilidades voltados para postos
específicos de trabalho. (SEE/SP, 2008a, p. 24).
Dando continuidade à política educacional delineada no ano de 2008 por
meio de um novo modelo de proposta curricular – neste ano de 2009, a
proposta se torna definitivamente currículo – além do material
disponibilizado aos professores – Caderno do Professor por disciplina,
série e bimestre – a SEE/SP envia também às escolas o “Caderno do
Aluno”, também divididos por disciplina/série/bimestre.
O “Caderno do aluno” possui a mesma disposição de textos, figuras e
18
gráficos semelhantes com a do professor, porém, com espaços para
responderem no mesmo caderno, dicas de pesquisas filmes, livros e
sites. Além disso, com a intenção de complementar o trabalho na sala
de aula e contribuir para a formação do aluno, este caderno oferece as
“Lições de casa”. De acordo com introdução dada no Caderno do aluno
“é por meio de estudos e da realização das tarefas que você poderá
conquistar a autonomia para aprender sempre” (SEE/SP, 2009).
Neste sentido, cabe ao professor a tarefa de orientar os estudos,
esclarecer dúvidas, retomar conteúdos e fazer revisões, enquanto que o
aluno, por meio do seu “Caderno” deverá:
Ler ou reler textos indicados pelo professor; fazer e refazer exercícios
para compreender melhor um conteúdo; realizar pesquisas para ampliar
ou aprofundar conhecimentos sobre um assunto; e refletir sobre um
tema ou assunto de uma disciplina. (SEE/SP, 2009)
Portanto, de acordo com a Proposta Curricular implementada no ano de
2008 pela SEE/SP e configurada como currículo oficial no ano de 2009,
além da ênfase na centralidade da linguagem nos processos de
desenvolvimento dos alunos, amparada em habilidades e competências,
os conteúdos propostos devem estar articulados com a repetição de
tarefas e com o mundo do trabalho.
A questão das reformas educacionais e da autonomia
Depois de fazer uma apanhado geral sobre os materiais da Proposta
Curricular do Governo do Estado de São Paulo – agora já denominado
currículo – especificamente, especificamente, passamos a expor
algumas discussões dando ênfase na relação entre as reformas
educacionais da década de 90 do Século passado com o fim da
autonomia do professor.
Nesta discussão sobre as reformas educacionais brasileira, é importante
ressaltar as discussões ocorridas anteriormente por organismos
internacionais. Uma delas é a elaboração da Declaração da Conferência
Mundial sobre Educação para Todos, realizada em 1990 em Jomtien,
Tailândia. Esta Conferência, patrocinada pelo Banco Mundial e outras
agências internacionais traz algumas discussões que nos remete à
Proposta Curricular elaborada pela SEE/SP, implementada no ano de
2008 nas escolas da rede pública do Estado de São Paulo, da mesma
forma que a elaboração do Relatório Delors também contempla estas
discussões.
A referida Declaração trata da satisfação das necessidades básicas de
aprendizagem e afirma que todos os indivíduos devem ter condições de
aprender a ler, escrever, expressar-se oralmente, calcular e resolver
problemas, de modo que possam sobreviver, desenvolver suas
potencialidades, viver e trabalhar com dignidade e continuar aprendendo
(BRASIL, 2006)
Também trata da necessidade da concentração de todos os esforços na
aprendizagem dos educandos, munidos de conhecimentos úteis,
habilidades de raciocínio, aptidões e valores e afirma que a educação
básica deve ser universalizada, sem que se perca a qualidade além de
se tomar medidas efetivas para reduzir as desigualdades e que esta se
19
torne equitativa (BRASIL, 2006).
Já o Relatório Delors, – Relatório para a UNESCO – Organização das
Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura – da Comissão
Internacional sobre Educação para o Século XXI trata desse
aprendizado útil onde a “[...] educação deve transmitir de fato, de forma
maciça e eficaz, cada vez mais saberes e saber evolutivos, adaptados à
civilização cognitiva” (DELORS, 1998, p. 89).
Outro órgão internacional que vem discutindo e intervindo na educação
nacional é o Banco Mundial, que sistematicamente apresenta pacotes
de medidas organizadas por economistas dentro da lógica e da análise
econômica, com o intuito de melhorar o acesso, promover a equidade e
garantir a qualidade dos sistemas escolares por meio de reformas
educacionais que em última instância devem possibilitar aos educandos
as habilidades requeridas pelo mundo do trabalho. Para Torres (1998, p.
134-5) na concepção do Banco Mundial a qualidade educativa está
pautada no investimento em três itens:
(a) Aumentar o tempo de instrução, através da prolongação do ano
escolar, da flexibilização e adequação dos horários, e da atribuição de
tarefas de casa; (b) proporcionar livros didáticos, vistos como a
expressão operativa do currículo e contando em eles como
compensadores dos baixos níveis de formação docente. Recomenda
aos países que deixem a produção e distribuição dos livros didáticos em
mãos do setor privado, que capacitem os professores na sua utilização,
além de elaborar guias didáticos para estes últimos e (c) melhorar o
conhecimento dos professores (privilegiando a capacitação em serviço
sobre a formação inicial e estimulando modalidades á distância.
Segundo Torres (1998), o Banco Mundial recomenda que a elaboração
do currículo seja feita de forma restrita pelo poder central e também
define a educação como um campo sem especificidade ou discussão
pedagógica, “[...] no qual confluem e interatuam insumos ao invés de
pessoas, resultados ao invés de processos, quantidades ao invés de
qualidades” (TORRES, 1998, p. 141). E diz ainda que para os técnicos
do Banco Mundial o currículo é basicamente conteúdos. Este currículo
define as matérias a serem ensinadas apresentando um guia geral sobre
os objetivos a serem alcançados, estratégias, métodos, materiais de
ensino, critérios e métodos de avaliação.
Com relação às reformas educacionais ocorridas nos anos noventa do
Século passado, Neves (2000) diz que a indissociabilidade entre a
economia e a política se refletiu na política educacional com a
elaboração do Plano Decenal de Educação para Todos que vislumbrava
elevar o nível mínimo de escolaridade dos brasileiros e a melhoria da
qualidade de ensino.
Para Oliveira (2004) as reformas educacionais propostas nos anos 90 do
Século passado, o eixo principal da educação passa a ser a equidade
social, contando com o apoio da comunidade escolar e tendo como
objetivo principal formar indivíduos para a empregabilidade trazendo
mudanças significativas para os trabalhadores docentes, principalmente
questões relacionadas à flexibilização, desvalorização, desqualificação e
precarização do trabalho docente, provocando uma reestruturação do
20
trabalho pedagógico.
Oliveira (2004) esclarece ainda que com as determinações da
Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizada em 1990
em Jomtien na Tailândia, onde os países presentes se comprometeram
em implementar uma reforma educacional que viabilizasse a expansão
da educação básica buscando a redução das desigualdades sociais.
Neste sentido, as reformas educacionais ocorridas no Brasil nos anos 90
do Século passado assumiram um duplo enfoque: Por um lado tem-se
uma educação dirigida à formação para o trabalho e por outro lado a
gestão da pobreza. Desta forma, afirma Oliveira (2004, p. 1131) “[...] tais
reformas serão marcadas pela padronização e massificação de certos
processos administrativos e pedagógicos, sob o argumento da
organização sistêmica, da garantia da suposta universalidade [...]”.
Hypolito (1991, p. 4) afirma que na década de noventa do Século
passado a escola brasileira passou por várias modificações em termos
de estrutura e de organização e cita que:
[...] a escola transitou de um modelo tradicional, que se caracterizava
pela autonomia do professor em relação ao ensino e à organização
escolar e por processos burocráticos praticamente inexistentes, para um
modelo técnico-burocrático, caracterizado pela redução da autonomia do
professor em relação ao ensino e à organização da escola [...].
Enguita (1993, p. 283), alerta para a utilização da escola como
disseminador da lógica do capital a partir do momento em que os
governos utilizam materiais padronizados que “[...] geralmente contém
declarações de objetivos, todo o conteúdo e material curricular
necessário, especificações prévias das ações a serem desenvolvidas
pelos professores e as respostas apropriadas por parte dos estudantes e
teste de diagnóstico e de resultado coordenados com o sistema”.
O mesmo autor afirma ainda que tais pacotes didáticos permitem às
empresas que os produzem intervir diretamente no conteúdo a ser
ensinado e
[...] submetem os professores a funções de mera execução, arrancando-
lhes a capacidade de conceber o currículo ou a pedagogia; tornam mais
difícil em geral para o pessoal docente o controle formal e informal sobre
as decisões didáticas; eliminam a necessidade de uma coordenação
ativa entre os professores, pois esta já vem pronta de fora; fazem com
que os professores se vejam divorciados de seus colegas e de seu
material de trabalho; reduzem o conhecimento a uma série de
habilidades acumuláveis e calculáveis [...] (ENGUITA, 1993, p. 283).
Corroborando esta afirmação de Enguita (1993, p. 283), Hypólito (1991,
p. 17) relata que o “[...] o processo de dominação e controle sobre o
trabalho dos educadores não se dá somente no que se refere ao
conteúdo do ensino, mas também sobre a forma de transmissão desse
conteúdo”. E segue dizendo que os pacotes pedagógicos adotados com
conhecimentos compilados para a orientação do trabalho em sala de
aula é fundamental para a expropriação do saber do educador.
Aliada á questão da perda de autonomia dos professores na
implementação de seu trabalho, temos outra discussão apresentada por
Jáen (1991) que trata da teoria da proletarização aplicada aos docentes,
caracterizada pela degradação das condições de trabalho.
21
Estas condições de trabalho estão relacionadas segundo Jáen (1991, p.
75) “[...] à expropriação dos conhecimentos necessários para a produção
[...] excluídos da concepção do processo produtivo e do próprio trabalho
[...] e dependentes, por tudo isso, em grau crescente do controle e das
decisões do capital [...]”.
De acordo com os autores citados anteriormente, há uma interferência
dos organismos internacionais na elaboração da política educacional
proposta a partir da reforma educacional dos anos 90 do Século
passado com a adoção de pacotes pedagógicos que trazem para o
centro da discussão a aprendizagem e não o ensino, bem como um
processo de dominação e controle sobre o trabalho dos educadores.
Conclusões parciais
Primeiramente gostaria de salientar que a Proposta Curricular
apresentada pela Secretaria de Estado da Educação de São Paulo em
2008 e posta como currículo oficial no ano de 2009, não deve ser
encarada como uma Proposta e sim como um pacote educacional. Esta
afirmação advém do fato de não ter havido efetivamente discussões com
o corpo docente das unidades escolares sobre a referida proposta. Sua
implementação veio de forma autoritária, não dando em nenhum
momento chance do professor – na ponta do processo educativo – ler,
discutir, concordar ou discordar da proposta.
O currículo escolar de São Paulo, como pode ser verificado, atende
inteiramente ás determinações dos organismos internacionais,
particularmente do Banco Mundial, a partir do momento que: Para
cumprir com o conteúdo proposto pela SEE/SP é necessário que os
alunos façam uma série de trabalhos escolares em suas casas, já que
este conteúdo não terá condições de ser ensinado em sala de aula por
falta de tempo hábil; A produção dos livros didáticos – conforme
recomenda o Banco Mundial – está nas mãos das grandes editoras; Os
professores recebem regularmente capacitações – seja por meio de
orientações técnicas ou por meio de vídeo conferências – para a
utilização do material didático elaborado e entregue a todos os
professores de acordo com a disciplina/série/bimestre.
Além disso, com a distribuição destes materiais – Jornal do Aluno,
Revista do Professor, Proposta Curricular, Caderno do Professor e
Caderno do Aluno – os professores ficam responsáveis meramente pela
reprodução dos conteúdos propostos – conteúdos estes que são
pensados a partir da lógica do capital – sem efetivamente conceber seu
material de trabalho, reduzindo seus conhecimentos a habilidades
acumuláveis e calculáveis.
Os materiais distribuídos pela SEE/SP, também atendendo às definições
da reforma educacional dos anos 90 do Século passado defendem uma
educação dirigida para o mundo do trabalho, pela massificação do
conhecimento útil e pela equidade e não igualdade de condições,
defendendo uma suposta universalidade, que de fato não ocorre a partir
do momento em que se trata de forma igual os desiguais.
Pelo acima exposto, é possível considerar que o currículo organizado e
implementado pela SEE/SP está intrinsecamente ligada às políticas
22
educacionais definidas pelo Banco Mundial e outras agências
internacionais no sentido de educar para o mundo do trabalho,
ensinando aos alunos conhecimentos úteis para o mercado, para o
capital. Neste processo, os professores são obrigados a aceitar um
pacote pedagógico sem nenhuma discussão prévia, perdendo sua
autonomia com relação à seleção dos conteúdos e a execução de seu
trabalho.
o
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  • 2. 1. Igualdade de condições para acesso e permanência na escola 2. Direito de ser respeitado por seus educadores 3. Contestar critérios avaliativos -> recorrer às instancias superiores 4. Organizar e participar de entidades estudantis 5. Escola publica e gratuita próxima a sua residência 1. Pais/Responsáveis: direito de ciência do processo pedagógico e participar da definição das propostas educacionais -> planejamento 2. Dever do estado: criança e adolescente: 1. Ensino Fundamental: até para alunos fora da idade 2. Ensino médio: extensão progressiva da obrigatoriedade e gratuidade 3. Deficientes: Preferencialmente na rede regular 4. 0 a 6: atendimento em creches e pré-escolas 5. Acesso a níveis mais elevados de ensino: de acordo com a capacidade individual 6. Oferta de ensino noturno: Adolescente trabalhador 7. Ensino fundamental: Programa suplementares de material didático, transporte, alimentação, assistência a saúde. 1. Poder publico: Não oferecer o ensino obrigatório lesa responsabilidade de autoridade competente(crime de responsabilidade), deve: 1. Recensear os educandos no EF 2. Fazer-lhes a chamada 3. Zelar junto a pais/responsáveis pela freqüência a escola 1. Pais/responsáveis: Dever de matricular os filhos na escola 2. Dirigentes das escolas: Comunicar ao conselho tutelar : 1. Maus tratos aos alunos 2. Faltas e evasão(esgotados os recursos escolares) 3. Elevada a repetência 1. Processo educacional: Respeitar os valores culturais, artísticos e históricos do contexto social da criança e do adolescente, garantindo a eles liberdade de expressão e acesso a cultura. 2. Guarda e tutela 1. Guarda: legaliza a posse de fato, o detentor pode opor-se a terceiros(inclusive os pais); dever de assistência moral, material e educacional do “pimpolho” 2. Tutela: implica o dever de guarda e perda do pátrio poder LIVRO II – Parte especial 1. Ato infracional: crime ou contravenção 2. Menores de 18 anos: menor infrator, inimputaveis e sujeitos as medidas previstas em lei. 3. Criança: Medidas de proteção 2
  • 3. 4. Adolescente: Medidas sócio-educativas 5. Medidas de proteção: Quando os direitos das crianças e dos adolescentes forem ameaçados ou violados por ação ou omissão da sociedade e do estado, falta/omissão/abuso de pais /responsáveis, conduta do “pimpolho” 1. Acompanhamento do pai/responsável com termo de responsabilidade 2. Orientação/ apoio/ acompanhamento temporário 3. Matricula e freqüência obrigatória no EF(EM não!) 4. Inclusão com programa comunitário de auxilio a família, criança e adolescente 5. Tratamento medico, psicológico e psiquiátrico. 6. Inclusão em programa de combate as drogas e álcool 7. Abrigo em entidade 8. Família substituta 1. Medidas sócio-educativas: 1. Advertência 2. Obrigação de reparar o dano 3. Prestação de serviços a comunidade 4. Liberdade assistida(agora cidadã) 5. Regime de semi-liberdade 6. Internação em estabelecimento educacional 7. Medidas de proteção: de a até f. 1. Adoção das medidas sócio-educativas: levado em conta: 1. Prova suficiente da autoria e materialidade da infração 2. Capacidade do “pimpolho” de cumpri-las, circunstancias e gravidade da infração Do conselho tutelar: 1. Conselho tutelar: órgão permanente autônomo não jurisdicional, zela pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente 1. Minimo um por município 2. 5 membros, escolhidos pela comunidade com mandato de 3 anos 1. Atribuições do conselho tutelar 1. Atender crianças e adolescentes: atender e aconselhar pais/responsáveis, ato infracional(medidas de proteção de a até g) 2. Representar em nome da pessoa e da família contra a violação dos direitos da criança e do adolescente 3. Representar junto ao ministério publico: perda/ suspensão do pátrio poder. LEI COMPLEMENTAR 836/97 3
  • 4. 1. Assunto: Oplano de carreira, vencimentos e salários para os integrante do quadro do magistério da secretaria da educação e providencias correlatas. 2. Classe de docentes: 1. PEB 1: SQC I e SQF I 2. PEB 2: SQC II e SQF II 1. Classe de suporte pedagógico: 1. Diretor de escola: SQC II 2. Supervisor de ensino: SQC II 3. Dirigente regional de ensino: SQC I 1. Jornada de trabalho semanal 1. Jornada básica de trabalho: 25 horas com aluno, 5 horas de trabalho pedagógico(1 na escola, 3 em local de livre escolha) 2. Jornada inicial de trabalho: 20 horas(aluno) e 4 horas de trabalho pedagógico(2 na escola e 2 em local de livre escolha) • O que excede a jornada = jornada suplementar 1. Hora de trabalho: 60 minutos(1 hora), hora/aula(50 minutos) 2. Direito: 15 minutos de descanso por período. 3. Lembrete: OFA( lei 180/78, ex – ACT) não tem jornada, tem carga horária 1. Acumulo de 2 cargos: Carga limite de 64 horas semanais. 2. Evolução funcional: nível superior 1. Via acadêmica: mestrado/doutorado sem interstício. PEB I: Licenciatura plena nível IV, mestrado/doutorado nível V, PEB II: mestrado nível IV, doutorado nível V 2. Não acadêmica: com interstício • Fim da evolução automática: 5% a cada dois anos. NIVEIS PEB I e PEB II SUPORTE PEDAGÓGICO I p/ II 4 anos 4 anos II p/ III 4 anos 5 anos III p/ IV 5 anos 6 anos IV p/ V 5 anos 6 anos 1. Aposentadoria: carga horária(escolha do interessado) 4
  • 5. 1. Media dos últimos 5 anos(60 meses) 2. Media de quaisquer 7 anos corridos 3. Media de quaisquer 10 anos alternados 1. Provimento de cargo: pág.39(supervisor) 1. Professor/diretor/supervisor: Concurso publico de provas e títulos. Nomeação 2. Dirigente regional de ensino: comissão precedida de nomeação e processo seletivo a critério da SEE • Diretor: 8 anos de magistério(efetivo exercício) • Supervisor: 8 anos de magistério(sendo dois em cargo/função de suporte pedagogico) ou 10 anos de magistério. • Dirigente regional de ensino: 8 anos de magistério(2 em suporte pedagógico ou direção de órgãos técnicos) ou 10 anos de magistério, ser titular de cargo do QM estadual. LEI COMPLEMENTAR 444/85(ANTIGO ESTATUTO DO MAGISTÉRIO) I – Artigo 61: Direitos dos integrantes do QM 1. Informações, material, acessória técnica -> melhorar o desempenho e ampliar os conhecimentos 2. Frequentar cursos de informação, atualização, especialização -> mestrado e cursos do Chalita! 3. Liberdade de escolha: material, procedimento, avaliação(respeitar a pessoa humana e bem comum) 4. Instalações e material técnico e fim pedagógico para o exercício da profissão 5. Remuneração por serviço extraordinário 6. Auxilio para publicações: didáticos, técnico-cientifico 7. Tratamento técnico-pedagogico igual: OFA e efetivo. 8. Participar: conselho de escola, planejamento, execução, avaliação das atividades escolares 9. Reunião na escola para tratar de assunto do interesse da categoria: não prejudicar as atividades escolares II – Artigo 62 1. Direito a férias de acordo com o calendário escolar 2. Vale também para o readaptado 3. Férias: não precisam ser concentradas em janeiro, pode ser diluídas ao longo do ano; recesso(pode ser convocado para trabalhar) III- Artigo 63: Deveres 1. Conhecer e respeitar as leis: ignorantiam nom est argumentum. 2. Preservar os princípios/ideais/fins da educação nacional em seu trabalho 5
  • 6. 3. Empenhar-se em prol do desenvolvimento do aluno: o professor é responsável pelo desenvolvimento/aprendizagem do aluno. Artigo do Dimenstein na Folha(fim do aumento de salário e bônus de acordo com o desempenho do aluno) 4. Participar das atividades escolares relacionadas com suas atribuições: planejamento, reuniões, etc. 5. Assiduidade e pontualidade: Problema das faltas 6. Cooperação e solidariedade: comunidade e quite escolar 7. Desenvolver o senso critico e a consciência política do aluno 8. Respeitar o aluno e se compremeter com a eficiência do seu aprendizado 9. Participar: conselho de escola, planejamento/execução/ avaliação da s atividades escolares IV- Artigo 95: Conselho de escola deliberativo 1. Eleição: anual, primeiro mês letivo, pares de cada seguimento 2. Composição: 40%de docentes, 5% especialistas/ suporte pedagógico – exceto diretor, 5% de funcionários, 25% de alunos, 25% pais de alunos 3. Diretor: presidente do conselho 4. Reuniões: Ordinárias (2 vezes por semestre) Extraordinárias (convocação do diretor ou 1/3 dos membros no mínimo) 1. Delibera sobre: Diretrizes e metas da escola, prioridades para aplicação das verbas da escola e instituições auxiliares(APM), calendário, regimento escolar, penalidades(FUncionarios, servidores, alunos). CONTRIBUIÇÃO DO PROFESSOR FRANCO REFORMAS EDUCACIONAIS E A PROPOSTA CURRICULAR DO ESTADO DE SÃO PAULO: PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES. MARQUES, Daniela Miranda1 MOURA, Marcilene Rosa Leandro2 SANTOS, Alisangelo Aparecido dos3 SILVA, Priscilla Lopes4 RESUMO: O Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Estado da Educação, apresentou e implementou no ano de 2008 uma Proposta Curricular para todas as escolas da rede pública estadual. Esta Proposta amparada na distribuição de materiais gráficos indicam os conteúdos a serem trabalhados, a atuação dos professores, os objetivos a serem alcançados e a forma que os alunos devem ser avaliados após determinados períodos. Neste sentido, este artigo traz o seguinte questionamento: A proposta curricular apresentada pela SEE/SP atende às determinações de organismos internacionais e conseqüentemente das reformas educacionais ocorridas na década de 90 do Século passado? Na tentativa de iniciar esta discussão apresento num primeiro momento informações gerais sobre a Proposta Curricular. Num segundo momento, por meio de pesquisa bibliográfica, tentar 6
  • 7. relacioná-la às determinações de organismos internacionais – como, por exemplo, o Banco Mundial – e consequentemente às definições da reforma educacional ocorrida nos anos 90 do Século passado, fazendo ainda de forma preliminar uma breve discussão sobre o trabalho do professor e questões relacionadas à autonomia e precarização do seu trabalho. PALAVRAS-CHAVE: Reformas educacionais. Proposta curricular. Trabalho Docente. REFORMAS EDUCACIONAIS E A PROPOSTA CURRICULAR DO ESTADO DE SÃO PAULO: PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES. MARQUES, Daniela Miranda MOURA, Marcilene Rosa Leandro SANTOS, Alisangelo Aparecido dos SILVA, Priscilla Lopes Conhecendo a proposta A Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, lançou no ano de 2008 uma proposta curricular para ser implementada de forma imediata em todas as escolas da rede pública do Estado de São Paulo. O projeto, que segundo a Secretária da Educação do Estado de São Paulo Professora Maria Helena Guimarães Castro é ousado e inovador, está apoiado na utilização de vários materiais pedagógicos (SEE/SP, 2008). Estes materiais (apostilas no formato cartilha, jornal e DVD’s) foram enviados à todas as escolas da rede (Equipe Gestora – Diretor, Vice-Diretor e Coordenador Pedagógico -, professores e alunos) com orientações específicas sobre sua utilização na unidade escolar (SEE/SP, 2008). A Coordenadora Geral do Projeto Maria Inês Fini, afirmou na apresentação da Revista do Professor – que foi distribuída em todas as escolas da rede pública estadual, independente da escola ser da zona rural ou urbana – que compreende que professores e alunos são únicos e que o material disponibilizado servirá de referência para as práticas em sala de aula (SEE/SP, 2008). O primeiro material elaborado por uma equipe técnica da SEE/SP e distribuído em todas as escolas da rede pública estadual de São Paulo foi o Jornal do Aluno – no formato de um Jornal e entregue a todos os alunos (os professores também receberam um exemplar de acordo com a disciplina/série que ele ministra aulas) – e a Revista do Professor – entregue a todos os professores. De acordo com orientações da Secretaria de Estado da Educação, este material, indicado para ser utilizado nos primeiros 40 dias letivos do ano de 2008 (entre os dias 18 de fevereiro e 30 de março de 2008), objetivou subsidiar tanto professores quanto alunos na realização das atividades em sala de aula durante o denominado período de recuperação intensiva e privilegiou a leitura, a produção de textos e a matemática (SEE/SP, 2008). O Jornal do Aluno foi organizado por áreas facilitando a compreensão do leitor e a Revista do Professor subsidiou a aplicação das atividades propostas no referido Jornal. O material foi dividido em fundamental e médio, por disciplina/série e apresentava em seu teor o número específico de aulas necessárias para a aplicação de cada conteúdo pré-determinado e trouxe de 7
  • 8. forma detalhada possibilidades de aplicação e de avaliação das atividades propostas para o aluno portador do Jornal (SEE/SP, 2008). A Revista do Professor apresenta também: [...] as habilidades que foram previstas para recuperar/consolidar; o modo de o professor se preparar para aplicar a aula; os recursos necessários; o modo de direcionar e motivar os alunos; o tempo previsto; o modo de organizar a classe para as tarefas; o modo de avaliar e corrigir os produtos da atividade (SEE/SP, 2008, p. 13). Além da Revista do Professor e do Jornal do Aluno, os professores e equipe gestora receberam também orientações por meio de vídeos tutoriais que apresentaram os princípios da organização do material (SEE/SP, 2008). Segundo informações constantes na Revista do professor, “As habilidades de leitura e produção de textos serão privilegiadas nas disciplinas Língua Portuguesa, Língua Estrangeira Moderna, Arte, Educação Física, História e Filosofia” e não exclui o desenvolvimento de outras habilidades (SEE/SP, 2008, p. 15). A Proposta Curricular Depois de enviar o material do período de recuperação intensiva – Jornal do Aluno, Revista do Professor e Vídeos Tutoriais – a Secretaria de Estado da Educação envia um novo material indicando os conteúdos a serem trabalhados pelo professor no ano letivo de 2008, informando que o período inicial do ano letivo – período entre os dias 18 de fevereiro de 30 de março -, foi apenas um período de recuperação e que o trabalho com os conteúdos do primeiro bimestre se iniciaram com a chegada deste novo material também em formato de cartilha, denominado “Cadernos do Professor”. O material que apresenta os “Cadernos do Professor” é uma outra cartilha confeccionada sob a coordenação de Maria Inês Fini, denominada “Proposta Curricular do Estado de São Paulo – disciplina especificada – Ensino Fundamental Ciclo II e Ensino Médio”. O texto de Apresentação da Cartilha vem assinado pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, Maria Helena Guimarães de Castro, que justifica a necessidade de uma Proposta Curricular com a seguinte frase: “A criação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), que deu autonomia às escolas para que definissem seus próprios projetos pedagógicos, foi um passo importante. Ao longo do tempo, porém, essa tática descentralizada mostrou-se ineficiente.” (SEE/SP, 2008a, s/p.). Por conta desta ineficiência, a Secretária da Educação do Estado de São Paulo salienta que se faz necessária uma “[...] ação integrada e articulada [...]”, que também subsidie os profissionais da rede. Finalizando o texto de apresentação, afirma: “Mais do que simples orientação, o que propomos, com a elaboração da Proposta Curricular e de todo o material que a integra, é que nossa ação tenha um foco definido.” (SEE/SP, 2008a, s/p.). A Proposta Curricular foi dividida em áreas, a saber: Ciências da Natureza e suas Tecnologias, – Biologia, Química e Física – Matemática e Ciências Humanas e suas Tecnologias – História, Geografia, Filosofia, Sociologia e Psicologia – e Linguagens, Códigos e suas Tecnologias – Língua Portuguesa, Língua Estrangeira Moderna, Arte e Educação Física. A apresentação da Proposta Curricular do Estado de São Paulo está dividida 8
  • 9. em dois tópicos: Uma educação à altura dos desafios contemporâneos e Princípios para um currículo comprometido com o seu tempo. Este segundo tópico apresenta os seguintes itens: I) Uma escola que também aprende; II) O currículo como espaço de cultura; III) As competências como referência; IV) Prioridade para a competência da leitura e da escrita; V) Articulação das competências para aprender e VI) Articulação com o mundo do trabalho. Assegura ainda que esta iniciativa procura “[...] garantir a todos uma base comum de conhecimentos e competências, para que nossas escolas funcionem de fato como uma rede [...]” priorizando a competência de leitura e escrita (SEE/SP, 2008a). Ainda nesta apresentação, são citados outros materiais que darão suporte à Proposta Curricular, como por exemplo, as “Orientações para a Gestão do Currículo na Escola” dirigido à equipe gestora, e os “Cadernos do Professor” (SEE/SP, 2008a). O texto de apresentação afirma que a sociedade do século XXI [...] é cada vez mais caracterizada pelo uso intensivo do conhecimento, seja pra trabalhar, conviver ou exercer a cidadania, seja para cuidar do ambiente em que se vive. Essa sociedade, produto da revolução tecnológica que se acelerou na segunda metade do século passado e dos processos políticos que redesenharam as relações mundiais, já está gerando um novo tipo de desigualdade, ou exclusão, ligada ao uso das tecnologias de comunicação que hoje mediam o acesso ao conhecimento e aos bens culturais (SEE/SP, 2008a, p. 9). Afirma também que por conta do maior número de pessoas portadoras de um diploma de nível superior, este deixou de ser um diferencial, sendo então, mais relevantes as características cognitivas e afetivas e as competências apreendidas na vida escolar. Neste sentido, a qualidade da educação oferecida nas escolas públicas para as camadas mais pobres da população é fundamental para a inserção do indivíduo no mundo de “[...] modo produtivo e solidário”. (SEE/SP, 2008a, p. 10). Adverte que “[...] não há liberdade sem possibilidade de escolhas [...]”, portanto é necessário que os alunos tenham “[...] acesso a um amplo conhecimento dado por uma educação geral, articuladora, que transite entre o local e o mundial [...]” (SEE/SP, 2008a, p. 11). A Proposta Curricular ora discutida apresenta como princípios centrais: “[...] a escola que aprende, o currículo como espaço de cultura, as competências como eixo de aprendizagem, a prioridade da competência de leitura e de escrita, a articulação das competências para aprender e a contextualização no mundo do trabalho”, (SEE/SP, 2008a, p. 11). Tendo um currículo que promove a aprendizagem de competências e habilidades, a atuação do professor, os conteúdos propostos, as metodologias e a aprendizagem dos alunos compõem um sistema comprometido com a formação de crianças e jovens em adultos aptos a exercer suas responsabilidades – trabalhar, constituir uma família e ser autônomo – e com condições de atuar na sociedade de forma produtiva (SEE/SP, 2008a). Este currículo amparado no conceito de competências propõe que a escola e os professores indiquem claramente o que o aluno vai aprender, o que é indispensável que este aluno aprenda, garantindo desta forma a todos “[...] igualdade de oportunidades, diversidade de tratamento e unidade de resultados. Quando os pontos de partida são diferentes, é preciso tratar 9
  • 10. diferentemente os desiguais para garantir a todos uma base comum”. (SEE/SP, 2008a, p. 15). Justificando a ênfase na centralidade da linguagem nos processos de desenvolvimento, a Proposta Curricular propõe que o adolescente aprenda pouco a pouco, a enfrentar as conseqüências das próprias ações, “[...] a propor e alterar contratos, a respeitar e criticar normas, a formular seu próprio projeto de vida e a tecer seus sonhos de transformação do mundo.” E é responsabilidade de todos os professores esta aprendizagem (SEE/SP, 2008a, p. 17-8). Lembrando sempre que a quantidade e a qualidade do conhecimento devem ser “[...] determinadas por sua relevância para a vida de hoje e do futuro, além dos limites da escola. Portanto, mais que os conteúdos isolados, as competências são guias eficazes para educar para a vida.” (SEE/SP, 2008a, p. 18). A Proposta Curricular faz menção também à necessidade da articulação da educação com o mundo do trabalho, reforçando a necessidade da alfabetização tecnológica básica, no sentido de preparar os alunos para a inserção num mundo em que a tecnologia está cada vez mais presente na vida das pessoas e também da compreensão dos fundamentos científicos e tecnológicos da produção de bens e serviços necessários à vida (SEE/SP, 2008a). Segundo a Proposta Curricular, o trabalho passa por transformações profundas e afirma que: [...] À medida que a tecnologia vai substituindo os trabalhadores por autômatos na linha de montagem e nas tarefas de rotina, as competências para trabalhar em ilhas de produção, associar concepção e execução, resolver problemas e tomar decisões tornam-se mais importantes do que conhecimentos e habilidades voltados para postos específicos de trabalho. (SEE/SP, 2008a, p. 24). Dando continuidade à política educacional delineada no ano de 2008 por meio de um novo modelo de proposta curricular – neste ano de 2009, a proposta se torna definitivamente currículo – além do material disponibilizado aos professores – Caderno do Professor por disciplina, série e bimestre – a SEE/SP envia também às escolas o “Caderno do Aluno”, também divididos por disciplina/série/bimestre. O “Caderno do aluno” possui a mesma disposição de textos, figuras e gráficos semelhantes com a do professor, porém, com espaços para responderem no mesmo caderno, dicas de pesquisas filmes, livros e sites. Além disso, com a intenção de complementar o trabalho na sala de aula e contribuir para a formação do aluno, este caderno oferece as “Lições de casa”. De acordo com introdução dada no Caderno do aluno “é por meio de estudos e da realização das tarefas que você poderá conquistar a autonomia para aprender sempre” (SEE/SP, 2009). Neste sentido, cabe ao professor a tarefa de orientar os estudos, esclarecer dúvidas, retomar conteúdos e fazer revisões, enquanto que o aluno, por meio do seu “Caderno” deverá: Ler ou reler textos indicados pelo professor; fazer e refazer exercícios para compreender melhor um conteúdo; realizar pesquisas para ampliar ou aprofundar conhecimentos sobre um assunto; e refletir sobre um tema ou assunto de uma disciplina. (SEE/SP, 2009) 10
  • 11. Portanto, de acordo com a Proposta Curricular implementada no ano de 2008 pela SEE/SP e configurada como currículo oficial no ano de 2009, além da ênfase na centralidade da linguagem nos processos de desenvolvimento dos alunos, amparada em habilidades e competências, os conteúdos propostos devem estar articulados com a repetição de tarefas e com o mundo do trabalho. A questão das reformas educacionais e da autonomia Depois de fazer uma apanhado geral sobre os materiais da Proposta Curricular do Governo do Estado de São Paulo – agora já denominado currículo – especificamente, especificamente, passamos a expor algumas discussões dando ênfase na relação entre as reformas educacionais da década de 90 do Século passado com o fim da autonomia do professor. Nesta discussão sobre as reformas educacionais brasileira, é importante ressaltar as discussões ocorridas anteriormente por organismos internacionais. Uma delas é a elaboração da Declaração da Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizada em 1990 em Jomtien, Tailândia. Esta Conferência, patrocinada pelo Banco Mundial e outras agências internacionais traz algumas discussões que nos remete à Proposta Curricular elaborada pela SEE/SP, implementada no ano de 2008 nas escolas da rede pública do Estado de São Paulo, da mesma forma que a elaboração do Relatório Delors também contempla estas discussões. A referida Declaração trata da satisfação das necessidades básicas de aprendizagem e afirma que todos os indivíduos devem ter condições de aprender a ler, escrever, expressar-se oralmente, calcular e resolver problemas, de modo que possam sobreviver, desenvolver suas potencialidades, viver e trabalhar com dignidade e continuar aprendendo (BRASIL, 2006) Também trata da necessidade da concentração de todos os esforços na aprendizagem dos educandos, munidos de conhecimentos úteis, habilidades de raciocínio, aptidões e valores e afirma que a educação básica deve ser universalizada, sem que se perca a qualidade além de se tomar medidas efetivas para reduzir as desigualdades e que esta se torne equitativa (BRASIL, 2006). Já o Relatório Delors, – Relatório para a UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura – da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI trata desse aprendizado útil onde a “[...] educação deve transmitir de fato, de forma maciça e eficaz, cada vez mais saberes e saber evolutivos, adaptados à civilização cognitiva” (DELORS, 1998, p. 89). Outro órgão internacional que vem discutindo e intervindo na educação nacional é o Banco Mundial, que sistematicamente apresenta pacotes de medidas organizadas por economistas dentro da lógica e da análise econômica, com o intuito de melhorar o acesso, promover a equidade e garantir a qualidade dos sistemas escolares por meio de reformas educacionais que em última instância devem possibilitar aos educandos as habilidades requeridas pelo mundo do trabalho. Para Torres (1998, p. 134-5) na concepção do Banco Mundial a qualidade educativa está pautada no investimento em três itens: 11
  • 12. (a) Aumentar o tempo de instrução, através da prolongação do ano escolar, da flexibilização e adequação dos horários, e da atribuição de tarefas de casa; (b) proporcionar livros didáticos, vistos como a expressão operativa do currículo e contando em eles como compensadores dos baixos níveis de formação docente. Recomenda aos países que deixem a produção e distribuição dos livros didáticos em mãos do setor privado, que capacitem os professores na sua utilização, além de elaborar guias didáticos para estes últimos e (c) melhorar o conhecimento dos professores (privilegiando a capacitação em serviço sobre a formação inicial e estimulando modalidades á distância. Segundo Torres (1998), o Banco Mundial recomenda que a elaboração do currículo seja feita de forma restrita pelo poder central e também define a educação como um campo sem especificidade ou discussão pedagógica, “[...] no qual confluem e interatuam insumos ao invés de pessoas, resultados ao invés de processos, quantidades ao invés de qualidades” (TORRES, 1998, p. 141). E diz ainda que para os técnicos do Banco Mundial o currículo é basicamente conteúdos. Este currículo define as matérias a serem ensinadas apresentando um guia geral sobre os objetivos a serem alcançados, estratégias, métodos, materiais de ensino, critérios e métodos de avaliação. Com relação às reformas educacionais ocorridas nos anos noventa do Século passado, Neves (2000) diz que a indissociabilidade entre a economia e a política se refletiu na política educacional com a elaboração do Plano Decenal de Educação para Todos que vislumbrava elevar o nível mínimo de escolaridade dos brasileiros e a melhoria da qualidade de ensino. Para Oliveira (2004) as reformas educacionais propostas nos anos 90 do Século passado, o eixo principal da educação passa a ser a equidade social, contando com o apoio da comunidade escolar e tendo como objetivo principal formar indivíduos para a empregabilidade trazendo mudanças significativas para os trabalhadores docentes, principalmente questões relacionadas à flexibilização, desvalorização, desqualificação e precarização do trabalho docente, provocando uma reestruturação do trabalho pedagógico. Oliveira (2004) esclarece ainda que com as determinações da Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizada em 1990 em Jomtien na Tailândia, onde os países presentes se comprometeram em implementar uma reforma educacional que viabilizasse a expansão da educação básica buscando a redução das desigualdades sociais. Neste sentido, as reformas educacionais ocorridas no Brasil nos anos 90 do Século passado assumiram um duplo enfoque: Por um lado tem-se uma educação dirigida à formação para o trabalho e por outro lado a gestão da pobreza. Desta forma, afirma Oliveira (2004, p. 1131) “[...] tais reformas serão marcadas pela padronização e massificação de certos processos administrativos e pedagógicos, sob o argumento da organização sistêmica, da garantia da suposta universalidade [...]”. Hypolito (1991, p. 4) afirma que na década de noventa do Século passado a escola brasileira passou por várias modificações em termos de estrutura e de organização e cita que: [...] a escola transitou de um modelo tradicional, que se caracterizava pela autonomia do professor em relação ao ensino e à organização escolar e por processos burocráticos praticamente inexistentes, para um modelo técnico- burocrático, caracterizado pela redução da autonomia do professor em relação ao ensino e à organização da escola [...]. 12
  • 13. Enguita (1993, p. 283), alerta para a utilização da escola como disseminador da lógica do capital a partir do momento em que os governos utilizam materiais padronizados que “[...] geralmente contém declarações de objetivos, todo o conteúdo e material curricular necessário, especificações prévias das ações a serem desenvolvidas pelos professores e as respostas apropriadas por parte dos estudantes e teste de diagnóstico e de resultado coordenados com o sistema”. O mesmo autor afirma ainda que tais pacotes didáticos permitem às empresas que os produzem intervir diretamente no conteúdo a ser ensinado e [...] submetem os professores a funções de mera execução, arrancando-lhes a capacidade de conceber o currículo ou a pedagogia; tornam mais difícil em geral para o pessoal docente o controle formal e informal sobre as decisões didáticas; eliminam a necessidade de uma coordenação ativa entre os professores, pois esta já vem pronta de fora; fazem com que os professores se vejam divorciados de seus colegas e de seu material de trabalho; reduzem o conhecimento a uma série de habilidades acumuláveis e calculáveis [...] (ENGUITA, 1993, p. 283). Corroborando esta afirmação de Enguita (1993, p. 283), Hypólito (1991, p. 17) relata que o “[...] o processo de dominação e controle sobre o trabalho dos educadores não se dá somente no que se refere ao conteúdo do ensino, mas também sobre a forma de transmissão desse conteúdo”. E segue dizendo que os pacotes pedagógicos adotados com conhecimentos compilados para a orientação do trabalho em sala de aula é fundamental para a expropriação do saber do educador. Aliada á questão da perda de autonomia dos professores na implementação de seu trabalho, temos outra discussão apresentada por Jáen (1991) que trata da teoria da proletarização aplicada aos docentes, caracterizada pela degradação das condições de trabalho. Estas condições de trabalho estão relacionadas segundo Jáen (1991, p. 75) “[...] à expropriação dos conhecimentos necessários para a produção [...] excluídos da concepção do processo produtivo e do próprio trabalho [...] e dependentes, por tudo isso, em grau crescente do controle e das decisões do capital [...]”. De acordo com os autores citados anteriormente, há uma interferência dos organismos internacionais na elaboração da política educacional proposta a partir da reforma educacional dos anos 90 do Século passado com a adoção de pacotes pedagógicos que trazem para o centro da discussão a aprendizagem e não o ensino, bem como um processo de dominação e controle sobre o trabalho dos educadores. Conclusões parciais Primeiramente gostaria de salientar que a Proposta Curricular apresentada pela Secretaria de Estado da Educação de São Paulo em 2008 e posta como currículo oficial no ano de 2009, não deve ser encarada como uma Proposta e sim como um pacote educacional. Esta afirmação advém do fato de não ter havido efetivamente discussões com o corpo docente das unidades escolares sobre a referida proposta. Sua implementação veio de forma autoritária, não dando em nenhum momento chance do professor – na ponta do processo educativo – ler, discutir, concordar ou discordar da proposta. 13
  • 14. O currículo escolar de São Paulo, como pode ser verificado, atende inteiramente ás determinações dos organismos internacionais, particularmente do Banco Mundial, a partir do momento que: Para cumprir com o conteúdo proposto pela SEE/SP é necessário que os alunos façam uma série de trabalhos escolares em suas casas, já que este conteúdo não terá condições de ser ensinado em sala de aula por falta de tempo hábil; A produção dos livros didáticos – conforme recomenda o Banco Mundial – está nas mãos das grandes editoras; Os professores recebem regularmente capacitações – seja por meio de orientações técnicas ou por meio de vídeo conferências – para a utilização do material didático elaborado e entregue a todos os professores de acordo com a disciplina/série/bimestre. Além disso, com a distribuição destes materiais – Jornal do Aluno, Revista do Professor, Proposta Curricular, Caderno do Professor e Caderno do Aluno – os professores ficam responsáveis meramente pela reprodução dos conteúdos propostos – conteúdos estes que são pensados a partir da lógica do capital – sem efetivamente conceber seu material de trabalho, reduzindo seus conhecimentos a habilidades acumuláveis e calculáveis. Os materiais distribuídos pela SEE/SP, também atendendo às definições da reforma educacional dos anos 90 do Século passado defendem uma educação dirigida para o mundo do trabalho, pela massificação do conhecimento útil e pela equidade e não igualdade de condições, defendendo uma suposta universalidade, que de fato não ocorre a partir do momento em que se trata de forma igual os desiguais. Pelo acima exposto, é possível considerar que o currículo organizado e implementado pela SEE/SP está intrinsecamente ligada às políticas educacionais definidas pelo Banco Mundial e outras agências internacionais no sentido de educar para o mundo do trabalho, ensinando aos alunos conhecimentos úteis para o mercado, para o capital. Neste processo, os professores são obrigados a aceitar um pacote pedagógico sem nenhuma discussão prévia, perdendo sua autonomia com relação à seleção dos conteúdos e a execução de seu trabalho. REFORMAS EDUCACIONAIS E A PROPOSTA CURRICULAR DO ESTADO DE SÃO PAULO: PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES. MARQUES, Daniela Miranda1 MOURA, Marcilene Rosa Leandro2 SANTOS, Alisangelo Aparecido dos3 SILVA, Priscilla Lopes4 RESUMO: O Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Estado da Educação, apresentou e implementou no ano de 2008 uma Proposta Curricular para todas as escolas da rede pública estadual. Esta Proposta amparada na distribuição de materiais gráficos indicam os conteúdos a serem trabalhados, a atuação dos professores, os objetivos a serem alcançados e a forma que os alunos devem ser avaliados após determinados períodos. Neste sentido, este artigo traz o seguinte questionamento: A proposta curricular apresentada pela SEE/SP atende 14
  • 15. às determinações de organismos internacionais e conseqüentemente das reformas educacionais ocorridas na década de 90 do Século passado? Na tentativa de iniciar esta discussão apresento num primeiro momento informações gerais sobre a Proposta Curricular. Num segundo momento, por meio de pesquisa bibliográfica, tentar relacioná-la às determinações de organismos internacionais – como, por exemplo, o Banco Mundial – e consequentemente às definições da reforma educacional ocorrida nos anos 90 do Século passado, fazendo ainda de forma preliminar uma breve discussão sobre o trabalho do professor e questões relacionadas à autonomia e precarização do seu trabalho. PALAVRAS-CHAVE: Reformas educacionais. Proposta curricular. Trabalho Docente. REFORMAS EDUCACIONAIS E A PROPOSTA CURRICULAR DO ESTADO DE SÃO PAULO: PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES. MARQUES, Daniela Miranda MOURA, Marcilene Rosa Leandro SANTOS, Alisangelo Aparecido dos SILVA, Priscilla Lopes Conhecendo a proposta A Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, lançou no ano de 2008 uma proposta curricular para ser implementada de forma imediata em todas as escolas da rede pública do Estado de São Paulo. O projeto, que segundo a Secretária da Educação do Estado de São Paulo Professora Maria Helena Guimarães Castro é ousado e inovador, está apoiado na utilização de vários materiais pedagógicos (SEE/SP, 2008). Estes materiais (apostilas no formato cartilha, jornal e DVD’s) foram enviados à todas as escolas da rede (Equipe Gestora – Diretor, Vice- Diretor e Coordenador Pedagógico -, professores e alunos) com orientações específicas sobre sua utilização na unidade escolar (SEE/SP, 2008). A Coordenadora Geral do Projeto Maria Inês Fini, afirmou na apresentação da Revista do Professor – que foi distribuída em todas as escolas da rede pública estadual, independente da escola ser da zona rural ou urbana – que compreende que professores e alunos são únicos e que o material disponibilizado servirá de referência para as práticas em sala de aula (SEE/SP, 2008). O primeiro material elaborado por uma equipe técnica da SEE/SP e distribuído em todas as escolas da rede pública estadual de São Paulo foi o Jornal do Aluno – no formato de um Jornal e entregue a todos os alunos (os professores também receberam um exemplar de acordo com a disciplina/série que ele ministra aulas) – e a Revista do Professor – entregue a todos os professores. De acordo com orientações da Secretaria de Estado da Educação, este material, indicado para ser utilizado nos primeiros 40 dias letivos do ano de 2008 (entre os dias 18 de fevereiro e 30 de março de 2008), objetivou subsidiar tanto professores quanto alunos na realização das atividades em sala de aula 15
  • 16. durante o denominado período de recuperação intensiva e privilegiou a leitura, a produção de textos e a matemática (SEE/SP, 2008). O Jornal do Aluno foi organizado por áreas facilitando a compreensão do leitor e a Revista do Professor subsidiou a aplicação das atividades propostas no referido Jornal. O material foi dividido em fundamental e médio, por disciplina/série e apresentava em seu teor o número específico de aulas necessárias para a aplicação de cada conteúdo pré- determinado e trouxe de forma detalhada possibilidades de aplicação e de avaliação das atividades propostas para o aluno portador do Jornal (SEE/SP, 2008). A Revista do Professor apresenta também: [...] as habilidades que foram previstas para recuperar/consolidar; o modo de o professor se preparar para aplicar a aula; os recursos necessários; o modo de direcionar e motivar os alunos; o tempo previsto; o modo de organizar a classe para as tarefas; o modo de avaliar e corrigir os produtos da atividade (SEE/SP, 2008, p. 13). Além da Revista do Professor e do Jornal do Aluno, os professores e equipe gestora receberam também orientações por meio de vídeos tutoriais que apresentaram os princípios da organização do material (SEE/SP, 2008). Segundo informações constantes na Revista do professor, “As habilidades de leitura e produção de textos serão privilegiadas nas disciplinas Língua Portuguesa, Língua Estrangeira Moderna, Arte, Educação Física, História e Filosofia” e não exclui o desenvolvimento de outras habilidades (SEE/SP, 2008, p. 15). A Proposta Curricular Depois de enviar o material do período de recuperação intensiva – Jornal do Aluno, Revista do Professor e Vídeos Tutoriais – a Secretaria de Estado da Educação envia um novo material indicando os conteúdos a serem trabalhados pelo professor no ano letivo de 2008, informando que o período inicial do ano letivo – período entre os dias 18 de fevereiro de 30 de março -, foi apenas um período de recuperação e que o trabalho com os conteúdos do primeiro bimestre se iniciaram com a chegada deste novo material também em formato de cartilha, denominado “Cadernos do Professor”. O material que apresenta os “Cadernos do Professor” é uma outra cartilha confeccionada sob a coordenação de Maria Inês Fini, denominada “Proposta Curricular do Estado de São Paulo – disciplina especificada – Ensino Fundamental Ciclo II e Ensino Médio”. O texto de Apresentação da Cartilha vem assinado pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, Maria Helena Guimarães de Castro, que justifica a necessidade de uma Proposta Curricular com a seguinte frase: “A criação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), que deu autonomia às escolas para que definissem seus próprios projetos pedagógicos, foi um passo importante. Ao longo do tempo, porém, essa tática descentralizada mostrou-se ineficiente.” (SEE/SP, 2008a, s/p.). Por conta desta ineficiência, a Secretária da Educação do Estado de São Paulo salienta que se faz necessária uma “[...] ação integrada e 16
  • 17. articulada [...]”, que também subsidie os profissionais da rede. Finalizando o texto de apresentação, afirma: “Mais do que simples orientação, o que propomos, com a elaboração da Proposta Curricular e de todo o material que a integra, é que nossa ação tenha um foco definido.” (SEE/SP, 2008a, s/p.). A Proposta Curricular foi dividida em áreas, a saber: Ciências da Natureza e suas Tecnologias, – Biologia, Química e Física – Matemática e Ciências Humanas e suas Tecnologias – História, Geografia, Filosofia, Sociologia e Psicologia – e Linguagens, Códigos e suas Tecnologias – Língua Portuguesa, Língua Estrangeira Moderna, Arte e Educação Física. A apresentação da Proposta Curricular do Estado de São Paulo está dividida em dois tópicos: Uma educação à altura dos desafios contemporâneos e Princípios para um currículo comprometido com o seu tempo. Este segundo tópico apresenta os seguintes itens: I) Uma escola que também aprende; II) O currículo como espaço de cultura; III) As competências como referência; IV) Prioridade para a competência da leitura e da escrita; V) Articulação das competências para aprender e VI) Articulação com o mundo do trabalho. Assegura ainda que esta iniciativa procura “[...] garantir a todos uma base comum de conhecimentos e competências, para que nossas escolas funcionem de fato como uma rede [...]” priorizando a competência de leitura e escrita (SEE/SP, 2008a). Ainda nesta apresentação, são citados outros materiais que darão suporte à Proposta Curricular, como por exemplo, as “Orientações para a Gestão do Currículo na Escola” dirigido à equipe gestora, e os “Cadernos do Professor” (SEE/SP, 2008a). O texto de apresentação afirma que a sociedade do século XXI [...] é cada vez mais caracterizada pelo uso intensivo do conhecimento, seja pra trabalhar, conviver ou exercer a cidadania, seja para cuidar do ambiente em que se vive. Essa sociedade, produto da revolução tecnológica que se acelerou na segunda metade do século passado e dos processos políticos que redesenharam as relações mundiais, já está gerando um novo tipo de desigualdade, ou exclusão, ligada ao uso das tecnologias de comunicação que hoje mediam o acesso ao conhecimento e aos bens culturais (SEE/SP, 2008a, p. 9). Afirma também que por conta do maior número de pessoas portadoras de um diploma de nível superior, este deixou de ser um diferencial, sendo então, mais relevantes as características cognitivas e afetivas e as competências apreendidas na vida escolar. Neste sentido, a qualidade da educação oferecida nas escolas públicas para as camadas mais pobres da população é fundamental para a inserção do indivíduo no mundo de “[...] modo produtivo e solidário”. (SEE/SP, 2008a, p. 10). Adverte que “[...] não há liberdade sem possibilidade de escolhas [...]”, portanto é necessário que os alunos tenham “[...] acesso a um amplo conhecimento dado por uma educação geral, articuladora, que transite entre o local e o mundial [...]” (SEE/SP, 2008a, p. 11). A Proposta Curricular ora discutida apresenta como princípios centrais: “[...] a escola que aprende, o currículo como espaço de cultura, as competências como eixo de aprendizagem, a prioridade da competência 17
  • 18. de leitura e de escrita, a articulação das competências para aprender e a contextualização no mundo do trabalho”, (SEE/SP, 2008a, p. 11). Tendo um currículo que promove a aprendizagem de competências e habilidades, a atuação do professor, os conteúdos propostos, as metodologias e a aprendizagem dos alunos compõem um sistema comprometido com a formação de crianças e jovens em adultos aptos a exercer suas responsabilidades – trabalhar, constituir uma família e ser autônomo – e com condições de atuar na sociedade de forma produtiva (SEE/SP, 2008a). Este currículo amparado no conceito de competências propõe que a escola e os professores indiquem claramente o que o aluno vai aprender, o que é indispensável que este aluno aprenda, garantindo desta forma a todos “[...] igualdade de oportunidades, diversidade de tratamento e unidade de resultados. Quando os pontos de partida são diferentes, é preciso tratar diferentemente os desiguais para garantir a todos uma base comum”. (SEE/SP, 2008a, p. 15). Justificando a ênfase na centralidade da linguagem nos processos de desenvolvimento, a Proposta Curricular propõe que o adolescente aprenda pouco a pouco, a enfrentar as conseqüências das próprias ações, “[...] a propor e alterar contratos, a respeitar e criticar normas, a formular seu próprio projeto de vida e a tecer seus sonhos de transformação do mundo.” E é responsabilidade de todos os professores esta aprendizagem (SEE/SP, 2008a, p. 17-8). Lembrando sempre que a quantidade e a qualidade do conhecimento devem ser “[...] determinadas por sua relevância para a vida de hoje e do futuro, além dos limites da escola. Portanto, mais que os conteúdos isolados, as competências são guias eficazes para educar para a vida.” (SEE/SP, 2008a, p. 18). A Proposta Curricular faz menção também à necessidade da articulação da educação com o mundo do trabalho, reforçando a necessidade da alfabetização tecnológica básica, no sentido de preparar os alunos para a inserção num mundo em que a tecnologia está cada vez mais presente na vida das pessoas e também da compreensão dos fundamentos científicos e tecnológicos da produção de bens e serviços necessários à vida (SEE/SP, 2008a). Segundo a Proposta Curricular, o trabalho passa por transformações profundas e afirma que: [...] À medida que a tecnologia vai substituindo os trabalhadores por autômatos na linha de montagem e nas tarefas de rotina, as competências para trabalhar em ilhas de produção, associar concepção e execução, resolver problemas e tomar decisões tornam-se mais importantes do que conhecimentos e habilidades voltados para postos específicos de trabalho. (SEE/SP, 2008a, p. 24). Dando continuidade à política educacional delineada no ano de 2008 por meio de um novo modelo de proposta curricular – neste ano de 2009, a proposta se torna definitivamente currículo – além do material disponibilizado aos professores – Caderno do Professor por disciplina, série e bimestre – a SEE/SP envia também às escolas o “Caderno do Aluno”, também divididos por disciplina/série/bimestre. O “Caderno do aluno” possui a mesma disposição de textos, figuras e 18
  • 19. gráficos semelhantes com a do professor, porém, com espaços para responderem no mesmo caderno, dicas de pesquisas filmes, livros e sites. Além disso, com a intenção de complementar o trabalho na sala de aula e contribuir para a formação do aluno, este caderno oferece as “Lições de casa”. De acordo com introdução dada no Caderno do aluno “é por meio de estudos e da realização das tarefas que você poderá conquistar a autonomia para aprender sempre” (SEE/SP, 2009). Neste sentido, cabe ao professor a tarefa de orientar os estudos, esclarecer dúvidas, retomar conteúdos e fazer revisões, enquanto que o aluno, por meio do seu “Caderno” deverá: Ler ou reler textos indicados pelo professor; fazer e refazer exercícios para compreender melhor um conteúdo; realizar pesquisas para ampliar ou aprofundar conhecimentos sobre um assunto; e refletir sobre um tema ou assunto de uma disciplina. (SEE/SP, 2009) Portanto, de acordo com a Proposta Curricular implementada no ano de 2008 pela SEE/SP e configurada como currículo oficial no ano de 2009, além da ênfase na centralidade da linguagem nos processos de desenvolvimento dos alunos, amparada em habilidades e competências, os conteúdos propostos devem estar articulados com a repetição de tarefas e com o mundo do trabalho. A questão das reformas educacionais e da autonomia Depois de fazer uma apanhado geral sobre os materiais da Proposta Curricular do Governo do Estado de São Paulo – agora já denominado currículo – especificamente, especificamente, passamos a expor algumas discussões dando ênfase na relação entre as reformas educacionais da década de 90 do Século passado com o fim da autonomia do professor. Nesta discussão sobre as reformas educacionais brasileira, é importante ressaltar as discussões ocorridas anteriormente por organismos internacionais. Uma delas é a elaboração da Declaração da Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizada em 1990 em Jomtien, Tailândia. Esta Conferência, patrocinada pelo Banco Mundial e outras agências internacionais traz algumas discussões que nos remete à Proposta Curricular elaborada pela SEE/SP, implementada no ano de 2008 nas escolas da rede pública do Estado de São Paulo, da mesma forma que a elaboração do Relatório Delors também contempla estas discussões. A referida Declaração trata da satisfação das necessidades básicas de aprendizagem e afirma que todos os indivíduos devem ter condições de aprender a ler, escrever, expressar-se oralmente, calcular e resolver problemas, de modo que possam sobreviver, desenvolver suas potencialidades, viver e trabalhar com dignidade e continuar aprendendo (BRASIL, 2006) Também trata da necessidade da concentração de todos os esforços na aprendizagem dos educandos, munidos de conhecimentos úteis, habilidades de raciocínio, aptidões e valores e afirma que a educação básica deve ser universalizada, sem que se perca a qualidade além de se tomar medidas efetivas para reduzir as desigualdades e que esta se 19
  • 20. torne equitativa (BRASIL, 2006). Já o Relatório Delors, – Relatório para a UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura – da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI trata desse aprendizado útil onde a “[...] educação deve transmitir de fato, de forma maciça e eficaz, cada vez mais saberes e saber evolutivos, adaptados à civilização cognitiva” (DELORS, 1998, p. 89). Outro órgão internacional que vem discutindo e intervindo na educação nacional é o Banco Mundial, que sistematicamente apresenta pacotes de medidas organizadas por economistas dentro da lógica e da análise econômica, com o intuito de melhorar o acesso, promover a equidade e garantir a qualidade dos sistemas escolares por meio de reformas educacionais que em última instância devem possibilitar aos educandos as habilidades requeridas pelo mundo do trabalho. Para Torres (1998, p. 134-5) na concepção do Banco Mundial a qualidade educativa está pautada no investimento em três itens: (a) Aumentar o tempo de instrução, através da prolongação do ano escolar, da flexibilização e adequação dos horários, e da atribuição de tarefas de casa; (b) proporcionar livros didáticos, vistos como a expressão operativa do currículo e contando em eles como compensadores dos baixos níveis de formação docente. Recomenda aos países que deixem a produção e distribuição dos livros didáticos em mãos do setor privado, que capacitem os professores na sua utilização, além de elaborar guias didáticos para estes últimos e (c) melhorar o conhecimento dos professores (privilegiando a capacitação em serviço sobre a formação inicial e estimulando modalidades á distância. Segundo Torres (1998), o Banco Mundial recomenda que a elaboração do currículo seja feita de forma restrita pelo poder central e também define a educação como um campo sem especificidade ou discussão pedagógica, “[...] no qual confluem e interatuam insumos ao invés de pessoas, resultados ao invés de processos, quantidades ao invés de qualidades” (TORRES, 1998, p. 141). E diz ainda que para os técnicos do Banco Mundial o currículo é basicamente conteúdos. Este currículo define as matérias a serem ensinadas apresentando um guia geral sobre os objetivos a serem alcançados, estratégias, métodos, materiais de ensino, critérios e métodos de avaliação. Com relação às reformas educacionais ocorridas nos anos noventa do Século passado, Neves (2000) diz que a indissociabilidade entre a economia e a política se refletiu na política educacional com a elaboração do Plano Decenal de Educação para Todos que vislumbrava elevar o nível mínimo de escolaridade dos brasileiros e a melhoria da qualidade de ensino. Para Oliveira (2004) as reformas educacionais propostas nos anos 90 do Século passado, o eixo principal da educação passa a ser a equidade social, contando com o apoio da comunidade escolar e tendo como objetivo principal formar indivíduos para a empregabilidade trazendo mudanças significativas para os trabalhadores docentes, principalmente questões relacionadas à flexibilização, desvalorização, desqualificação e precarização do trabalho docente, provocando uma reestruturação do 20
  • 21. trabalho pedagógico. Oliveira (2004) esclarece ainda que com as determinações da Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizada em 1990 em Jomtien na Tailândia, onde os países presentes se comprometeram em implementar uma reforma educacional que viabilizasse a expansão da educação básica buscando a redução das desigualdades sociais. Neste sentido, as reformas educacionais ocorridas no Brasil nos anos 90 do Século passado assumiram um duplo enfoque: Por um lado tem-se uma educação dirigida à formação para o trabalho e por outro lado a gestão da pobreza. Desta forma, afirma Oliveira (2004, p. 1131) “[...] tais reformas serão marcadas pela padronização e massificação de certos processos administrativos e pedagógicos, sob o argumento da organização sistêmica, da garantia da suposta universalidade [...]”. Hypolito (1991, p. 4) afirma que na década de noventa do Século passado a escola brasileira passou por várias modificações em termos de estrutura e de organização e cita que: [...] a escola transitou de um modelo tradicional, que se caracterizava pela autonomia do professor em relação ao ensino e à organização escolar e por processos burocráticos praticamente inexistentes, para um modelo técnico-burocrático, caracterizado pela redução da autonomia do professor em relação ao ensino e à organização da escola [...]. Enguita (1993, p. 283), alerta para a utilização da escola como disseminador da lógica do capital a partir do momento em que os governos utilizam materiais padronizados que “[...] geralmente contém declarações de objetivos, todo o conteúdo e material curricular necessário, especificações prévias das ações a serem desenvolvidas pelos professores e as respostas apropriadas por parte dos estudantes e teste de diagnóstico e de resultado coordenados com o sistema”. O mesmo autor afirma ainda que tais pacotes didáticos permitem às empresas que os produzem intervir diretamente no conteúdo a ser ensinado e [...] submetem os professores a funções de mera execução, arrancando- lhes a capacidade de conceber o currículo ou a pedagogia; tornam mais difícil em geral para o pessoal docente o controle formal e informal sobre as decisões didáticas; eliminam a necessidade de uma coordenação ativa entre os professores, pois esta já vem pronta de fora; fazem com que os professores se vejam divorciados de seus colegas e de seu material de trabalho; reduzem o conhecimento a uma série de habilidades acumuláveis e calculáveis [...] (ENGUITA, 1993, p. 283). Corroborando esta afirmação de Enguita (1993, p. 283), Hypólito (1991, p. 17) relata que o “[...] o processo de dominação e controle sobre o trabalho dos educadores não se dá somente no que se refere ao conteúdo do ensino, mas também sobre a forma de transmissão desse conteúdo”. E segue dizendo que os pacotes pedagógicos adotados com conhecimentos compilados para a orientação do trabalho em sala de aula é fundamental para a expropriação do saber do educador. Aliada á questão da perda de autonomia dos professores na implementação de seu trabalho, temos outra discussão apresentada por Jáen (1991) que trata da teoria da proletarização aplicada aos docentes, caracterizada pela degradação das condições de trabalho. 21
  • 22. Estas condições de trabalho estão relacionadas segundo Jáen (1991, p. 75) “[...] à expropriação dos conhecimentos necessários para a produção [...] excluídos da concepção do processo produtivo e do próprio trabalho [...] e dependentes, por tudo isso, em grau crescente do controle e das decisões do capital [...]”. De acordo com os autores citados anteriormente, há uma interferência dos organismos internacionais na elaboração da política educacional proposta a partir da reforma educacional dos anos 90 do Século passado com a adoção de pacotes pedagógicos que trazem para o centro da discussão a aprendizagem e não o ensino, bem como um processo de dominação e controle sobre o trabalho dos educadores. Conclusões parciais Primeiramente gostaria de salientar que a Proposta Curricular apresentada pela Secretaria de Estado da Educação de São Paulo em 2008 e posta como currículo oficial no ano de 2009, não deve ser encarada como uma Proposta e sim como um pacote educacional. Esta afirmação advém do fato de não ter havido efetivamente discussões com o corpo docente das unidades escolares sobre a referida proposta. Sua implementação veio de forma autoritária, não dando em nenhum momento chance do professor – na ponta do processo educativo – ler, discutir, concordar ou discordar da proposta. O currículo escolar de São Paulo, como pode ser verificado, atende inteiramente ás determinações dos organismos internacionais, particularmente do Banco Mundial, a partir do momento que: Para cumprir com o conteúdo proposto pela SEE/SP é necessário que os alunos façam uma série de trabalhos escolares em suas casas, já que este conteúdo não terá condições de ser ensinado em sala de aula por falta de tempo hábil; A produção dos livros didáticos – conforme recomenda o Banco Mundial – está nas mãos das grandes editoras; Os professores recebem regularmente capacitações – seja por meio de orientações técnicas ou por meio de vídeo conferências – para a utilização do material didático elaborado e entregue a todos os professores de acordo com a disciplina/série/bimestre. Além disso, com a distribuição destes materiais – Jornal do Aluno, Revista do Professor, Proposta Curricular, Caderno do Professor e Caderno do Aluno – os professores ficam responsáveis meramente pela reprodução dos conteúdos propostos – conteúdos estes que são pensados a partir da lógica do capital – sem efetivamente conceber seu material de trabalho, reduzindo seus conhecimentos a habilidades acumuláveis e calculáveis. Os materiais distribuídos pela SEE/SP, também atendendo às definições da reforma educacional dos anos 90 do Século passado defendem uma educação dirigida para o mundo do trabalho, pela massificação do conhecimento útil e pela equidade e não igualdade de condições, defendendo uma suposta universalidade, que de fato não ocorre a partir do momento em que se trata de forma igual os desiguais. Pelo acima exposto, é possível considerar que o currículo organizado e implementado pela SEE/SP está intrinsecamente ligada às políticas 22
  • 23. educacionais definidas pelo Banco Mundial e outras agências internacionais no sentido de educar para o mundo do trabalho, ensinando aos alunos conhecimentos úteis para o mercado, para o capital. Neste processo, os professores são obrigados a aceitar um pacote pedagógico sem nenhuma discussão prévia, perdendo sua autonomia com relação à seleção dos conteúdos e a execução de seu trabalho. o 23