2. É constituído por 9 Personagens principais – Rei Leandro; as três filhas
– Amarílis, primogénita, Hortênsia, a segunda, Violeta, a mais nova
(benjamim); os três futuros genros –
Felizardo, Simplício e Reginaldo; o Bobo; oPastor.
As Personagens secundárias são o Conselheiro, o Escrivão e
os Criados e Criadas, que intervêm nosCoros.
3. Estrutura externa da peça:
• É constituída por 2 Actos,com 11 Cenas o I Acto e 11 Cenas o II - o que traduz equilíbrio -
equilíbrio - e um final em verso.
Estrutura interna da peça:
• exposição (introdução) - 1.º acto: cenas I a VI
• conflito (desenvolvimento) - 1.º acto: cena VII até 2.º acto: cena VIII
• desenlace (conclusão) - 2.º acto: cena IX até cena XI
• Acção (Síntese do Conflito): O Rei Leandro conta aoBobo um sonho estranho
premonitório sobre a perda do seu Reino. O facto concretiza-se com a divisão do Reino e
e partilha pelas filhas mais velhas e a entrega da mão destas a dois Príncipes, e com
a expulsão da filha mais nova, que usou uma comparação pouco elegante – o sal da
comida - para exprimir o seu amor pelo pai. Esta casará com outro Príncipe. Ao fim de
algum tempo, o Rei é expulso pelas filhas mais velhas, será reduzido à miséria, mas
acabará por ser reencontrado pela filha mais nova, num epílogo feliz de reconciliação,
depois de ter compreendido o alcance da imagem do sal.
•
4. • Espaço: O I Acto , decorre no espaço do Palácio do Rei . O II
Acto decorre em espaços alternados – Estrada (Cena I), Gruta do Pastor
(Cena II), Palácio de Amarílis e Simplício (Cena III, flash-back sobre
tempo anterior -analepse), Gruta (Cena IV) Palácio de Violeta e
Reginaldo (Cena V, tempo posterior - prolepse), Gruta (VI) Palácio de
Violeta e Reginaldo (VII), Portas do Reino (Cenas VIII, IX e X), Palácio de
de Violeta e Reginaldo (XI eXII).
• Tempo: Não existe unidade de tempo, o II Actodecorrendo anos depois
do I, com recuos e avanços, segundo os espaços (Ver em Espaço).
5. Caracterização das Personagens:
• Rei: Homem prepotente, rei absoluto, irritadiço, preocupado, amante das
filhas, ingénuo, pois não sabe distinguir o verdadeiro do falso, simplório,
permitindo as familiaridades do Bobo, e não percebendo a grosseria,
indelicadeza e interesse dos pretendentes das filhas mais velhas.
• Bobo: Personagem de farsa para divertir o Rei, dizendo verdades e fazendo
momices, mas esperto, prudente, conhecedor da vida e revoltado, embora
sentindo pelo Rei verdadeiro carinho.
• As filhas do Rei, com o nome simbólico de flores,correspondendo
ao carácter de cada uma (Descodificação: I Acto, final da Cena III):
• Violeta: simples, carinhosa, virtuosa, sedutora, como a flor - roxa, humilde
(planta rasteira), modesta, perfumada.
• Hortênsia: flor vistosa, de porte elevado, correspondente à Mulher altiva,
caprichosa, inconstante.
• Amarílis: Flor de “rara beleza”, corresponde a uma mulher bela, artificiosa,
enganadora, sofisticada, falsa, trocista.
6. Caracterização das Personagens:
• Genros: Têm igualmente nomes simbólicos das suas personalidades – ridícula a de Felizardo (o par
de Amarílis), caricata a de Simplício (o par de Hortênsia), verdadeiro Senhor (rei) Reginaldo, o par de
Violeta:
• Felizardo (< feliz): vaidoso, tosco, arrogante, interesseiro, grosseiro de modos, de sentimentos e de
linguagem pouco educada, julgando-se importante, falando alto …
• Simplício (< simples): simplório, limitado, reduzido o seu discurso a um estribilho: “Tiraste-me as
palavras da boca”com que pretende traduzir que o seu pensamento é em tudo semelhante ao de
Felizardo, mas incapaz de o exprimir, muito parvo.
• Reginaldo: (< regis = rei) afável, responsável, amante, positivo, não dando importância aos sonhos
mas compreensivo e atento, apaixonado pela mulher, respeitador do sogro.
• Pastor: adjuvante, bondoso, prestável, alegre, amigo e admirador da sua mulher
(Briolanja), chamando-se eleGodofredo Segismundo, nomes pomposos medievais (cómico de
contraste entre a condição social e os nomes pretensiosos).
7. Sequência das cenas do conflito:
I ACTO: . A Queda do Rei.
• Cena I: O Sonho (premonitório) do Rei
• Cena II: A bulha entre as irmãs mais velhas
• Cena III: O significado das flores.
• Cena IV: Combinação dos casamentos.
• Cena V: O sonho (premonitório) de Violeta.
• Cena VI: Os criados cantam (as suas funções; a sua revolta contra a sua condição social).
• Cena VII: Os três pretendentes (oposição entre o sentimento e a razão, o amor e a matéria).
• Cena VIII: O acordo das mais velhas com as teorias materialistas dos seus pretendentes.
• Cena IX: As irmãs mais velhas – cínicas e interesseiras.
• Cena X: O amor das três filhas manifesto em frases: a falsidade do discurso hiperbólico contra a sinceridade do
discurso simples.
• Cena XI: As decisões do Rei relativamente à distribuição da herança do seu reino: o Norte agrícola para Amarílis, o
Sul mineiro para Hortênsia. Violeta expulsa, por conta do sal.
8. Sequência das cenas do conflito:
II ACTO: A Retoma da Felicidade
• Cena I- O passado majestoso, o presente de miséria nas falas do Rei e do Bobo.
• Cena II- O Pastor dá guarida e ouve a história contada pelo Bobo.
• Cena III- Luz para flash-back sobre o passado: a expulsão do Rei pelas filhas mais velhas.
• Cena IV- O conselho do Pastor ao Bobo: procurar Violeta e contar-lhe a história.
• Cena V – A denúncia do Pastor a Violeta sobre o paradeiro do Rei.
• Cena VI- O Reino a que pertence o Pastor (Reino de Reginaldo e Violeta): de felicidade, democracia, de
não violência.
• Cena VII- Regresso ao presente: preparativos para receber o Pai.
• Cena VIII- Perto da felicidade.
• Cena IX- Um rei gradualmente feliz.
• Cena X- A história contada por Reginaldo.
• Cena XI- O desenlace: um rei feliz.
•
9. Sequência das cenas do conflito:
• Final:
Quadro-Síntese da história, cantada pelas personagens principais, sobre
os respetivos papéis na peça, com a moralidade – referida pelo
par Violeta-Reginaldo e pelo Rei, finalmente desperto, sobre o
significado do verdadeiro amor, e concluindo com a frase-estribilho
de Simplício: ”Tiraram-me as palavras da boca”, de efeito cómico.
• Nota: A peça é inspirada numa tragédia de Shakespeare (o maior
dramaturgo inglês) (séc. XVII): «O Rei Lear»