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ISSN 1413-389X Temas em Psicologia da SBP—2003, Vol. 11, no 1, 76-83
Um analista do comportamento olha para tratamentos tradicionais de pedófilos e
estupradores
Joseph E. Spradlin, Kathy J. Saunders, Dean C. Williams e
Jerry A. Rea
University of Kansas
Resumo
O artigo discute o tratamento do comportamento de estupradores e pedófilos de um ponto de vista analítico-
comportamental, ou seja, do ponto de vista da relação entre o ambiente de tratamento e as condições em
que a violação sexual ocorre. Consideramos a relação entre a resposta tratada na terapia e a resposta que
ocorre no ambiente não clínico, os estímulos presentes no ambiente de tratamento e os estímulos presentes
no ambiente não clínico, e a relação das conseqüências aplicadas durante a terapia e aquelas que poderiam
ocorrer no ambiente não clínico. Além disso, nós especulamos sobre a função que o comportamento verbal
pode ter na mudança do comportamento e das condições que devem estar presentes para mudanças no com-
portamento verbal resultarem em mudanças em comportamento sexualmente ofensivo. Os tratamentos con-
siderados foram: terapia tradicional da fala, sensibilização encoberta, tratamento direto do comportamento
precursor em ambientes não clínicos, e prevenção de recaída.
Palavras chave: pedofilia, estupro, tratamento clínico, abordagem analítico-comportamental.
A behavior analyst looks at traditional treatment of pedophiles and rapists
Abstract
The paper discusses treatment of the behavior of rapists and pedophiles from a behavior analytic view
point. We look at the treatment programs from the standpoint of the relation between the treatment
environment and the conditions in which sexual offenses occur. Hence, we consider the relationship
between the response treated in therapy and the response occurring in the non-treatment environment, the
stimuli present in the treatment environment and the stimuli present in the non-treatment environment, and
the relationship of the consequences applied during therapy and those that might occur in the non-treatment
environment. Moreover, we speculate about the role that verbal behavior may have in changing behavior
and the conditions that must be present for changes in verbal behavior to result in changes in sexually
offensive behavior. Among the treatments considered are: traditional talk therapy, covert sensitization,
direct treatment of precursor behavior in non-clinical environments, and relapse prevention.
Key words: pedophily, rape, clinical treatment, behavior analytic approach.
Estupro e pedofilia são problemas sociais sérios nos Estados Unidos, e suponho que esses crimes se-
jam também problemas sociais sérios no Brasil. Historicamente, nos EUA, o principal tratamento para essas
violações sexuais tem sido a colocação do violador na prisão. Entretanto, pessoas que cometeram estupro
ou pedofilia e são colocadas na prisão, muito freqüentemente reincidem quando são libertadas da prisão.
Independentemente de como se veja tais violações e esses violadores há uma grande necessidade de trata-
mentos que reduzam a probabilidade de reincidência. Por essa razão, uma variedade de procedimentos de
tratamento vêm sendo propostas nos últimos anos, e algumas têm proclamado sucesso na mudança do estu-
prador e pedófilo. Ou seja, alguns relatos asseguram que o tratamento resultou em uma pessoa que não mais
pratica tais violações. Esse é, naturalmente, o objetivo do tratamento.
____________________________________________________________________________
Trabalho apresentado na XXX Reunião Anual de Psicologia da Sociedade Brasileira de Psicologia, Brasília, outubro
de 2000.
Tradução de Olavo de Faria Galvão.
Endereço para correspondência: Joe Spradlin, spradlinjoe@aol.com
No entanto, os critérios de sucesso têm
sido, com freqüência, relatos do violador, rela-
tos de prisões e medidas clínicas e de laborató-
rio. Cada uma dessas medidas é problemática.
Relatos verbais têm pouca relação com impul-
sos sexuais e com o comportamento reais, es-
pecialmente quando a pessoa que faz o relato
tem fortes razões para mentir. Certamente o
violador não é normalmente reforçado por rela-
tar violações sexuais criminosas. Prisões pela
polícia indicam, usualmente, que a pessoa pra-
ticou a ofensa, mas a falta de prisão não signi-
fica que a ofensa não tenha ocorrido. Estimati-
vas dão conta de que apenas uma em trinta o-
fensas sexual resulta em uma prisão. Finalmen-
te, medidas clínicas e de laboratório da excita-
ção sexual podem guardar pouca relação com a
excitação que ocorre na situação na qual o vio-
lador comete suas ofensas.
O propósito desta conferência é o de
rever os programas de tratamento para pedófi-
los e estupradores, e discutir a lógica desses
programas em termos das seguintes questões:
(1) Quanto a resposta focalizada durante o tra-
tamento é similar à resposta que ocorre quando
o estuprador ou pedófilo pratica a violação?
(2) Quanto as condições de estímulos presentes
durante o tratamento são similares às condições
presentes na ocasião em que as ofensas ocor-
rem?
(3) Quanto as conseqüências que ocorrem du-
rante o tratamento são semelhantes às conse-
qüências que podem ocorrer em função de ser
pego durante uma ofensa?
(4) Se o tratamento é largamente baseado em
comportamento verbal, que meios são imple-
mentados para assegurar que há uma forte rela-
ção entre comportamento verbal e comporta-
mento sexual?
Nossa discussão de comportamento se-
xual inapropriado de homens começa com a
excitação sexual. Nós vamos discutir a excita-
ção brevemente porque acreditamos que as
ofensas sexuais começam com a excitação se-
xual. Sem dúvida, existem muitos componen-
tes fisiológicos da excitação, nós vamos focali-
zar, entretanto, na ereção peniana, porque essa
resposta é mais afetada por estímulos sexuais,
em contraste com estímulos não sexuais. A
excitação sexual, como demonstrada pela ere-
ção peniana, é provavelmente inicialmente uma
resposta muito primitiva. Ela ocorre quase des-
de o nascimento em pessoas do sexo masculi-
no, provavelmente em função de estimulação
genital. Enquanto a excitação sexual é muito
provavelmente comportamento respondente,
ele tem propriedades reforçadoras poderosas.
Isto é especialmente verdadeiro após a puber-
dade, quando a excitação é precursora da eja-
culação. Uma vez que a ereção peniana é o
indicador mais confiável de excitação sexual, o
pletismógrafo peniano é um instrumento im-
portante no estudo do comportamento sexual
masculino. A forma mais comumente usada de
pletismógrafo peniano envolve uma liga elásti-
ca como medidor de pressão que é colocada na
haste do pênis. Quando uma ereção ocorre a
liga estica e um conversor permite o registro da
expansão e contração do diâmetro do pênis.
Esse aparelho tem sido usado em estudos clíni-
cos e de laboratório com pedófilos e estuprado-
res. Recentemente, Rea e colegas (Rea, DeBri-
ere, Butler e Saunders, 1998) desenvolveram
um pletismógrafo portátil que pode ser usado
em ambientes externos ao laboratório. Esse
aparelho é necessário se a excitação sexual de-
ve ser avaliada em outros ambientes além dos
contextos muito artificiais do laboratório e da
clínica.
Existem numerosas tentativas para tratar
pedófilos e estupradores. A maioria desses tra-
tamentos vem sendo conduzida em laboratório
ou uma clínica. Alguns dos tratamentos mais
comuns têm sido: 1. Psicoterapia individual ou
de grupo; 2. Associação de um evento aversivo
com fotografias ou fitas de vídeo mostrando
um alvo sexual inapropriado; 3. Aplicação di-
reta de contingências a comportamentos pre-
cursores em ambientes clínicos; 4. Treinamen-
to preventivo de recaída.
Provavelmente a mais antiga forma de
tentativas de tratamento foi a psicoterapia indi-
vidual e de grupo. Tais tratamentos têm toma-
do muitas formas, variando de tratamento psi-
canalítico aprofundado a encontros de grupos
de confrontação. É possível que em alguns ca-
sos a psicoterapia tenha resultado em mudança.
Há, entretanto, pequena evidência da efetivida-
de geral desse tratamento (Kolvin, 1967). De
uma perspectiva analítico-comportamental há
pouca razão para esperar que a psicoterapia
fosse efetiva. Vamos olhar a psicoterapia em
77 J.E. Spradlin, K.J. Saunders, D.C. Williams e J.A. Rea
termos das quatro questões acima colocadas.
(1) Quanto a resposta focalizada durante o tra-
tamento é similar à resposta que ocorre quando
o estuprador ou pedófilo pratica a violação? As
respostas focalizadas na psicoterapia são ver-
bais, as respostas que ocorrem e que levam à
ofensa são excitação sexual. Assim, as respos-
tas tratadas na psicoterapia são bastante dife-
rentes das respostas sob tratamento.
(2) Quanto as condições de estímulos presentes
durante o tratamento são similares às condições
presentes na ocasião em que as ofensas ocor-
rem? Os estímulos na psicoterapia e aqueles
quando a violação é praticada são bastante di-
ferentes. A psicoterapia ocorre em um ambien-
te em que nenhuma criança está disponível.
Assim, os estímulos presentes durante a
terapia e durante a violação são muito diferen-
tes. Praticamente, o único caso em que poderia
haver alguma semelhança entre as condições
na psicoterapia e as condições em que ocorre
uma violação sexual é a psicoterapia individual
em que uma terapeuta feminina poderia ser um
alvo para uma tentativa de estupro. Mesmo
neste caso, no entanto, a terapeuta ou vítima
potencial está provavelmente a uma distância
em que poderia gritar por ajuda. Assim, de no-
vo, as condições na terapia e no ambiente natu-
ral são muito diferentes.
(3) Quanto as conseqüências que ocorrem du-
rante o tratamento são semelhantes às conse-
qüências que podem ocorrer em função de ser
pego durante uma ofensa? Há em geral pouca
relação entre as conseqüências que ocorrem na
sessão de psicoterapia e as conseqüências por
ser pego durante uma violação. Em alguns ca-
sos, pode haver uma relação entre a ofensa e a
conseqüência. Por exemplo, uma corte pode ter
incluído o atendimento em psicoterapia como
uma condição para soltura da prisão ou como
uma condição para evitar a prisão.
(4) Se o tratamento se baseia intensivamente
no comportamento verbal, que meios são im-
plementados para assegurar que exista uma
forte relação entre o comportamento verbal e a
excitação ou o comportamento sexual? Na mai-
oria das terapias nenhum procedimento é im-
plementado para assegurar que qualquer rela-
ção exista entre o comportamento verbal e o
comportamento sexual. Simplesmente é assu-
mido que tal relação exista. Quando, no entan-
to, as contingências para fazer afirmações im-
plicando em uma mudança na excitação sexual
e no comportamento sexual são condições para
soltura ou esquiva da prisão, o tratamento fun-
ciona realmente para reduzir a correspondência
entre o comportamento verbal e a excitação e
comportamento sexual.
Em suma, a grande diferença entre as
condições em psicoterapia e aquelas presentes
quando estupro ou pedofilia ocorre tornam al-
tamente improvável que as psicoterapias tradi-
cionais tenham sido ou venham a ser efetivas.
Durante os últimos anos da década de 1960 e
os anos 1970 houve muitos estudos de labora-
tório ou clínicos com o objetivo de mudar a
excitação sexual de violadores a certos estímu-
los visuais ou auditivos, ou a certas fantasias
verbais, através da apresentação de estímulos
aversivos contingentes à excitação sexual
(Quinsey e Marshall, 1983). Um procedimento
típico de condicionamento para o tratamento de
pedofilia envolve mostrar ao violador fotogra-
fias de crianças, pedindo a ele que fantasiasse
uma relação sexual com a criança. A pessoa
devia relatar quando sentisse excitação sexual
levantando o dedo, e uma vez relatada a excita-
ção a pessoa recebia um estímulo aversivo tal
como um choque elétrico ou um cheiro nause-
ante. Se um cheiro nocivo era apresentado a
pessoa era instada a imaginar-se se tornando
enjoada e vomitando. Outras variações desse
procedimento envolviam o uso de um pletis-
mógrafo e estímulos aversivos contingentes a
expansões do pênis. Procedimentos análogos
para estupradores têm usado a narração de atos
sexuais envolvendo a força, seguida pela apre-
sentação de estímulos aversivos quando ocorria
algum indício de excitação sexual.
Agora, vamos considerar o tratamento
por condicionamento em termos das quatro
questões.
(1) Quanto a resposta focalizada durante o tra-
tamento é similar à resposta que ocorre quando
o estuprador ou pedófilo pratica a violação?
Quando a resposta era verbal, ela era claramen-
te diferente da que ocorre no ambiente não-
clínico. Quando era a expansão do pênis, era
possivelmente uma precursora da resposta que
ocorre no ambiente não-clínico.
(2) Quanto as condições de estímulos presentes
durante o tratamento são similares às condições
78 Tratamento comportamental da pedofilia
presentes na ocasião em que as ofensas ocor-
rem? Os estímulos presentes no laboratório ou
na clínica são claramente diferentes daqueles
presentes durante as violações. As chances de
generalização dependem da proximidade da
relação entre o comportamento verbal e os estí-
mulos no ambiente.
(3) Quanto as conseqüências que ocorrem du-
rante o tratamento são semelhantes às conse-
qüências que podem ocorrer em função de ser
pego durante uma ofensa? Não há relação entre
as conseqüências que ocorrem no laboratório
ou clínica e aquelas que ocorrem se alguém é
pego na violação.
(4) Se o tratamento se baseia intensivamente
no comportamento verbal, que meios são im-
plementados para assegurar que exista uma
forte relação entre o comportamento verbal e a
excitação ou o comportamento sexual? O com-
portamento verbal é altamente envolvido nes-
ses tratamentos e, tipicamente, não são feitos
testes da relação entre o comportamento verbal
e os eventos que ocorrem no ambiente em que
as ofensas ocorrem.
A esta altura, eu gostaria de apresentar
os resultados de um estudo feito pelo Dr. Jerry
Rea, um colega meu. O homem que estava sen-
do tratado havia sido acusado de pedofilia. U-
ma vez que ele era retardado, ele foi enviado
para uma instituição para pessoas retardadas.
Estudos de laboratório com o pletismógrafo
peniano indicaram que ele ficava excitado com
fotos quer de pessoas do sexo masculino quer
feminino, crianças ou adultas, nuas.
Dr. Rea decidiu planejar um experimen-
to para determinar se o tratamento de laborató-
rio se generalizaria para fora das condições de
tratamento.
Primeiro ele conseguiu que o cliente de-
senvolvesse um conjunto de narrativas basea-
das em fantasias com cada tipo de estímulo
sexual: masculino adulto, masculino criança,
feminino adulto, e feminino criança. Para cada
classe de estímulos foram desenvolvidas duas
narrativas. O indivíduo foi tratado em um am-
biente de laboratório, e suas respostas penianas
aos quatro tipos de estímulos narrativos foram
testados em outro ambiente de laboratório, e
também pelo uso de um pletismógrafo portátil
em ambientes da comunidade em que meninos
estavam presentes. O tratamento envolvia a
leitura da narração de um encontro sexual com
um menino pequeno. Quando o homem relata-
va excitação ele recebia um cheiro muito nau-
seante, que o levava a relatar que ele tinha náu-
seas. À medida que o tratamento progredia ele
era periodicamente avaliado com o pletismó-
grafo no outro laboratório ou com o pletismó-
grafo portátil em ambientes comunitários. No
laboratório a resposta peniana à narração de
encontros sexuais com homens, mulheres, me-
ninos e meninas foi avaliada. Como você pode
ver na Figura 1, após o tratamento as respostas
penianas às quatro categorias diminuiu. Além
disso, ele relatou que não estava mais interes-
sado em meninos pequenos.
79 J.E. Spradlin, K.J. Saunders, D.C. Williams e J.A. Rea
Linha de Base Após o Tratamento Para Meninos
80
Reposta
60
Peniana
40
20
Menino Menina Mulher Homem Menino Menina Mulher Homem
Ambientes da Comunidade Laboratório
Figura 1. Intensidade da resposta peniana à narração de encontros sexuais com homens, mulhe-
res, meninos e meninas no laboratório e à aproximação de homens, mulheres, meninos e meninas
em ambientes da comunidade, antes e depois do tratamento. Apenas as narrativas sobre meninos
foram associadas com odor nauseante.
Como a figura mostra, entretanto, sua resposta
a meninos pequenos, assim como às três outras
categorias de estímulos, no ambiente comunitá-
rio não havia mudado em relação à linha de
base. Esse estudo e outros estudos feitos por
Rea sugerem que pode haver pouca relação
entre os resultados obtidos na clínica e o que
ocorre em ambientes não clínicos.
Tem havido poucas tentativas publicadas
de tratar pedófilos ou estupradores através da
aplicação de contingências em ambientes não
clínicos. Wong, Gados e Fuqua (1982) trataram
um homem moderadamente retardado, de 31
anos, institucionalizado, que havia sido acusa-
do de molestar crianças. Esses autores usaram
um pacote de abordagens que incluíam um pro-
cedimento de punição que consistia no confina-
mento contingente em um banheiro e a perda
dos privilégios de visita aos pais por abordar
ou interagir com crianças. Abordar foi definido
como estar a menos de 8 metros de crianças e
movendo-se em direção a elas. Crianças foram
definidas como meninos com menos de 12 e
meninas com menos de 18 anos de idade. Os
dados foram coletados durante passeios de 30 a
90 minutos pelo bairro. Além do componente
de punição, os membros da equipe mostravam
fotos coloridas de crianças e modelavam como
ignorar ou como se afastar de uma criança. Se
o sujeito abordasse uma criança os experimen-
tadores se confrontavam com o sujeito, enunci-
avam o comportamento inapropriado, confina-
vam-no em seu quarto à noite, e ele perdia os
privilégios de visita no fim de semana subse-
qüente. Abordagem de garotas de menos de 18
anos e meninos de menos de 12 anos ocorre-
ram em 48% e 73% dos intervalos de observa-
ção de linha de base. Durante o tratamento as
abordagens a esses dois tipos de crianças foram
reduzidas a zero. A supressão de abordagens a
crianças foi mantida durante 15 sessões de ob-
servação, e relatos anedóticos indicaram que
ele não abordou crianças fora de seu bairro.
Vamos agora considerar o tratamento de
Wong e colegas em termos de nossas quatro
perguntas.
(1) Quanto a resposta focalizada durante o tra-
tamento é similar à resposta que ocorre quando
o estuprador ou pedófilo pratica a violação? O
procedimento certamente envolve um precur-
sor potencial da violação. O homem tinha que
se aproximar a menos de oito metros de uma
criança para uma violação ocorrer. A resposta
que foi punida, entretanto, parece sobreinclusi-
va e parece também incluir punição de muitos
comportamentos não sexualmente ofensivos.
Ou seja, o comportamento que resulta
dessa contingência inclui, provavelmente, al-
guns pré-componentes à violação sexual, mas
também inclui a punição de muitos comporta-
mentos que não são de natureza sexual.
(2) Quanto às conseqüências que ocorrem du-
rante o tratamento são semelhantes às conse-
qüências que podem ocorrer em função de ser
pego durante uma ofensa? De novo, as condi-
ções de estímulo podem incluir aquelas que são
precursoras de violações, mas podem incluir
condições que têm pouca relação com viola-
ções. Por exemplo, o homem provavelmente
não violaria quando estivesse a uma distância
de oito metros de uma criança quando observa-
dores estivessem presentes. Nós não sabemos
qual seria sua resposta se ele estivesse sozinho
com a criança.
(3) Quanto às conseqüências que ocorrem du-
rante o tratamento são semelhantes às conse-
qüências que podem ocorrer em função de ser
pego durante uma ofensa? Uma vez que as
conseqüências são fornecidas para o comporta-
mento preliminar à violação no ambiente natu-
ral, elas são as mesmas. Elas são talvez menos
severas do que as penalidades que ocorreriam
no ambiente não institucional por molestar uma
criança, mas a violação de se aproximar a me-
nos de oito metros de uma criança não é uma
violação no ambiente não institucional.
(4) Se o tratamento se baseia intensivamente
no comportamento verbal, que meios são im-
plementados para assegurar que exista uma
forte relação entre o comportamento verbal e a
excitação ou o comportamento sexual? O estu-
do de Wong e cols. (1982) não confia muito
em comportamento verbal. Contava-se ao indi-
víduo, entretanto, o que ele tinha feito para
violar e qual era a punição. Essas experiências
podem ajudar a estabelecer uma relação entre o
comportamento verbal e os eventos não ver-
bais.
A prevenção de recaída parece ser a filo-
sofia mais recente a orientar o tratamento de
comportamentos que causam dependência, tais
como alcoolismo ou uso de drogas. Os progra-
80 Tratamento comportamental da pedofilia
mas baseados nessa filosofia, entretanto, têm
sido estendidos para o jogo e, mais recente-
mente, para violações sexuais. Os programas
de prevenção de recaída para violadores sexu-
ais são tão variados, complexos e abrangentes,
que desafiam uma descrição.
De acordo com George e Marlatt (1989),
a prevenção de recaída para violadores sexuais
parte de certos pressupostos. Primeiro, que a
pessoa quer mudar, segundo, que ela já tenha
algum tratamento, e terceiro, que a efetiva pre-
venção de recaída depende da aprendizagem
pela pessoa de autocontrole efetivo. A preven-
ção de recaída é um programa de manutenção.
A maioria dos programas de prevenção
de recaída inclui os seguintes componentes.
(1) Avaliação cuidadosa das violações do indi-
víduo e da seqüência de eventos que precedem
as violações. Eventos precursores potenciais
incluem: eventos emocionais perturbadores
anteriores, os contextos nos quais as violações
ocorrem, o uso de álcool, e fantasias sobre as
violações.
(2) Discussões abrangentes da história e carac-
terísticas individuais da pessoa, além de conse-
guir que a pessoa reconheça e admita suas vio-
lações e a seqüência de eventos que levam às
violações e as conseqüências das violações.
Alguns dos procedimentos de tratamento en-
volvem sessões de grupo.
(3) O desenvolvimento de um novo conjunto
de metas e auto-descrições.
(4) O reconhecimento das seqüências de even-
tos ou contextos que levam às violações e o
desenvolvimento de um plano, ou de alternati-
vas que interrompem ou evitam os eventos ou
contextos precursores.
(5) Desenvolvimento de novas habilidades de
vida ou atividades que proporcionem substitui-
ção de reforçadores para aqueles proporciona-
dos pelo comportamento de violação.
(6) Monitoramento de perto por uma pessoa de
apoio a quem o violador faça relatos por um
período prolongado de tempo.
Certos aspectos dos programas de pre-
venção de recaída parecem bastante razoáveis.
Por exemplo, parece muito razoável para pro-
ver um programa de manutenção após uma
pessoa ter sido engajada em tratamento. Além
disso, a noção de desenvolvimento de autocon-
trole é atraente. À primeira impressão, parece
improvável que as agências de tratamento pu-
dessem jamais manter o tipo de supervisão que
proporcionaria a prevenção de violações sexu-
ais, se a pessoa não tivesse um alto nível de
autocontrole. Além disso, a maioria das pesso-
as em uma democracia não gosta da intromis-
são de alguém monitorando e controlando o
comportamento de outra pessoa. O foco na ob-
tenção de engajamento do violador em ativida-
des alternativas que proporcionem reforçadores
substitutos parece funcional. Finalmente, a no-
ção de que o potencial para recaída se mantém
por um tempo muito longo parece realista.
Mas, olhemos mais cuidadosamente os
métodos de prevenção em termos das quatro
questões.
(1) Quanto à resposta focalizada durante o tra-
tamento é similar à resposta que ocorre quando
o estuprador ou pedófilo pratica a violação? A
maior parte do tratamento é verbal, ainda que
ocasionalmente sejam usados tratamento ou
avaliação com pletismógrafo. Em tais casos,
pelo menos uma parte do tratamento é focaliza-
da em precursores da violação.
(2) Quanto às conseqüências que ocorrem du-
rante o tratamento são semelhantes às conse-
qüências que podem ocorrer em função de ser
pego durante uma ofensa? Os estímulos no
contexto do tratamento e no contexto em que
as violações ocorrem são bastante diferentes. O
tratamento ocorre em um ambiente de terapia
em que qualquer vítima potencial poderia facil-
mente pedir ajuda. Tal não é usualmente o caso
quando as violações ocorrem.
(3) Quanto às conseqüências que ocorrem du-
rante o tratamento são semelhantes às conse-
qüências que podem ocorrer em função de ser
pego durante uma ofensa? Nenhuma violação
sexual ocorre e nenhuma conseqüência é forne-
cida.
(4) Se o tratamento se baseia intensivamente
no comportamento verbal, que meios são im-
plementados para assegurar que exista uma
forte relação entre o comportamento verbal e a
excitação ou o comportamento sexual?
Quando olhamos os procedimentos usa-
dos em muitos programas de prevenção de re-
caída, eles são quase que totalmente verbais.
Assim, a questão é quão bem eles estabelecem
uma relação próxima entre o comportamento
verbal e os estímulos e eventos que levam às
81 J.E. Spradlin, K.J. Saunders, D.C. Williams e J.A. Rea
violações, o comportamento de violar, e as
conseqüências para aquele comportamento.
Pelas descrições dos programas, parece haver
uma tentativa de estabelecer detalhadas descri-
ções das situações, fantasias, necessidades e
violações da pessoa. Há também uma tentativa
de estabelecer planos verbais para lidar com as
necessidades, contextos e fantasias que levam
às ofensas sexuais. Além disso, o procedimento
de fazer a pessoa relatar suas necessidades,
fantasias e atos a um conselheiro parece razoá-
vel. Sem dúvida, para ser efetivo, deve haver
uma relação bem próxima entre o comporta-
mento verbal e as condições que previnem a
reincidência da violação. Se essa relação existe
ou não para um dado indivíduo é uma questão
em aberto.
Do que foi dito, você poderia ter tido a
impressão de que não somos otimistas sobre os
efeitos do tratamento tradicional de pedófilos e
estupradores. Essa impressão é correta. No en-
tanto, há muitos aspectos dos programas de
tratamento preventivo de recaída que conside-
ramos atraentes. Primeiro, os programas pare-
cem se basear em uma crença de que o potenci-
al para comportamento sexualmente ofensivo
nunca é realmente eliminado. Ele é apenas con-
trolado ou substituído por outro comportamen-
to. Nós acreditamos que isso é verdadeiro para
todo comportamento. Qualquer comportamen-
to, uma vez emitido e reforçado, está sempre
disponível nas circunstâncias adequadas (ou,
no caso de comportamento sexualmente ofensi-
vo, sob as circunstâncias inadequadas). Segun-
do, os programas de prevenção de recaída são
planejados para adequar-se às histórias e aos
comportamentos e motivação diferenciados de
cada indivíduo. Terceiro, o programa combina
uma variedade de técnicas de tratamento, em
uma tentativa de eliminar o comportamento
ofensivo do indivíduo. Nós acreditamos que
qualquer programa efetivo para reduzir a pro-
babilidade de uma pessoa voltar a praticar o-
fensas deve ser individualizado e deve envol-
ver a aplicação de procedimentos comporta-
mentais múltiplos. Nós ficaríamos mais otimis-
tas a respeito do sucesso dos programas de pre-
venção de recaídas, entretanto, se houvesse
maior ênfase na observação dos comportamen-
tos reais das pessoas, enquanto se engajam em
suas atividades diárias, ao invés de depender
quase exclusivamente de seus relatos verbais.
Agora, após toda essa discussão das li-
mitações dos programas tradicionais de trata-
mento, o que nós sugeriríamos?
(1) Idealmente o tratamento deveria começar
em um serviço de internamento.
(2) Deveria haver uma avaliação detalhada en-
volvendo: (a) entrevistas detalhadas com o en-
trevistado ligado a um polígrafo, (b) avaliação
com um pletismógrafo, (c) avaliação de relatos
pela polícia e acusadores.
(3) O tratamento inicial envolveria: a. condi-
cionamento encoberto com o objetivo de redu-
zir as propriedades reforçadoras de alvos sexu-
ais inapropriados e sexo forçado, b. aconselha-
mento individual com o objetivo de estabelecer
relatos verdadeiros a respeito de atos sexuais e
fantasias sexuais, desenvolvendo planos para
evitar atividades e contextos de alto risco, e
planos para uma vida nova e diferente; c. ade-
são a grupo com o objetivo de estabelecer con-
trole social.
(4) A pessoa seria re-introduzida na comunida-
de sob supervisão de uma pessoa de apoio que
monitoraria, treinaria e daria “feedback” ao
longo do dia. Durante esse tempo, a pessoa
usaria um pletismógrafo portátil e um aparelho
de rastreamento por satélite. O aconselhamento
individual e os encontros de grupo continuari-
am.
(5) Redução gradual do tempo que a pessoa de
apoio fica em contato direto durante o dia. Ou-
tros monitores, entretanto, estariam acompa-
nhando o comportamento da pessoa. A pessoa
em tratamento seria avisada de que seria moni-
torada por algum tempo durante o dia. Mas não
seria contado quando ou por quem. Durante os
encontros de grupo ou individuais a pessoa
seria informada sobre o que o monitor viu. A
pessoa continuaria a usar os aparelhos eletrôni-
cos de monitoração.
(6) Encontros de grupo continuados (similares
aos Alcoólicos Anônimos), monitoração eletrô-
nica continuada, mas monitoração direta redu-
zida.
Tal programa soa, sem dúvida, caro e
invasivo, mas é provavelmente menos caro e
invasivo do que a prisão. Além disso, esse pro-
grama tem a possibilidade de proteger a socie-
dade, enquanto permite que o antigo violador
permaneça na comunidade.
82 Tratamento comportamental da pedofilia
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Enviado em Novembro / 2000
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83 J.E. Spradlin, K.J. Saunders, D.C. Williams e J.A. Rea

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Um analista do comportamento olha para tratamentos tradicionais de pedófilos e estupradores

  • 1. ISSN 1413-389X Temas em Psicologia da SBP—2003, Vol. 11, no 1, 76-83 Um analista do comportamento olha para tratamentos tradicionais de pedófilos e estupradores Joseph E. Spradlin, Kathy J. Saunders, Dean C. Williams e Jerry A. Rea University of Kansas Resumo O artigo discute o tratamento do comportamento de estupradores e pedófilos de um ponto de vista analítico- comportamental, ou seja, do ponto de vista da relação entre o ambiente de tratamento e as condições em que a violação sexual ocorre. Consideramos a relação entre a resposta tratada na terapia e a resposta que ocorre no ambiente não clínico, os estímulos presentes no ambiente de tratamento e os estímulos presentes no ambiente não clínico, e a relação das conseqüências aplicadas durante a terapia e aquelas que poderiam ocorrer no ambiente não clínico. Além disso, nós especulamos sobre a função que o comportamento verbal pode ter na mudança do comportamento e das condições que devem estar presentes para mudanças no com- portamento verbal resultarem em mudanças em comportamento sexualmente ofensivo. Os tratamentos con- siderados foram: terapia tradicional da fala, sensibilização encoberta, tratamento direto do comportamento precursor em ambientes não clínicos, e prevenção de recaída. Palavras chave: pedofilia, estupro, tratamento clínico, abordagem analítico-comportamental. A behavior analyst looks at traditional treatment of pedophiles and rapists Abstract The paper discusses treatment of the behavior of rapists and pedophiles from a behavior analytic view point. We look at the treatment programs from the standpoint of the relation between the treatment environment and the conditions in which sexual offenses occur. Hence, we consider the relationship between the response treated in therapy and the response occurring in the non-treatment environment, the stimuli present in the treatment environment and the stimuli present in the non-treatment environment, and the relationship of the consequences applied during therapy and those that might occur in the non-treatment environment. Moreover, we speculate about the role that verbal behavior may have in changing behavior and the conditions that must be present for changes in verbal behavior to result in changes in sexually offensive behavior. Among the treatments considered are: traditional talk therapy, covert sensitization, direct treatment of precursor behavior in non-clinical environments, and relapse prevention. Key words: pedophily, rape, clinical treatment, behavior analytic approach. Estupro e pedofilia são problemas sociais sérios nos Estados Unidos, e suponho que esses crimes se- jam também problemas sociais sérios no Brasil. Historicamente, nos EUA, o principal tratamento para essas violações sexuais tem sido a colocação do violador na prisão. Entretanto, pessoas que cometeram estupro ou pedofilia e são colocadas na prisão, muito freqüentemente reincidem quando são libertadas da prisão. Independentemente de como se veja tais violações e esses violadores há uma grande necessidade de trata- mentos que reduzam a probabilidade de reincidência. Por essa razão, uma variedade de procedimentos de tratamento vêm sendo propostas nos últimos anos, e algumas têm proclamado sucesso na mudança do estu- prador e pedófilo. Ou seja, alguns relatos asseguram que o tratamento resultou em uma pessoa que não mais pratica tais violações. Esse é, naturalmente, o objetivo do tratamento. ____________________________________________________________________________ Trabalho apresentado na XXX Reunião Anual de Psicologia da Sociedade Brasileira de Psicologia, Brasília, outubro de 2000. Tradução de Olavo de Faria Galvão. Endereço para correspondência: Joe Spradlin, spradlinjoe@aol.com
  • 2. No entanto, os critérios de sucesso têm sido, com freqüência, relatos do violador, rela- tos de prisões e medidas clínicas e de laborató- rio. Cada uma dessas medidas é problemática. Relatos verbais têm pouca relação com impul- sos sexuais e com o comportamento reais, es- pecialmente quando a pessoa que faz o relato tem fortes razões para mentir. Certamente o violador não é normalmente reforçado por rela- tar violações sexuais criminosas. Prisões pela polícia indicam, usualmente, que a pessoa pra- ticou a ofensa, mas a falta de prisão não signi- fica que a ofensa não tenha ocorrido. Estimati- vas dão conta de que apenas uma em trinta o- fensas sexual resulta em uma prisão. Finalmen- te, medidas clínicas e de laboratório da excita- ção sexual podem guardar pouca relação com a excitação que ocorre na situação na qual o vio- lador comete suas ofensas. O propósito desta conferência é o de rever os programas de tratamento para pedófi- los e estupradores, e discutir a lógica desses programas em termos das seguintes questões: (1) Quanto a resposta focalizada durante o tra- tamento é similar à resposta que ocorre quando o estuprador ou pedófilo pratica a violação? (2) Quanto as condições de estímulos presentes durante o tratamento são similares às condições presentes na ocasião em que as ofensas ocor- rem? (3) Quanto as conseqüências que ocorrem du- rante o tratamento são semelhantes às conse- qüências que podem ocorrer em função de ser pego durante uma ofensa? (4) Se o tratamento é largamente baseado em comportamento verbal, que meios são imple- mentados para assegurar que há uma forte rela- ção entre comportamento verbal e comporta- mento sexual? Nossa discussão de comportamento se- xual inapropriado de homens começa com a excitação sexual. Nós vamos discutir a excita- ção brevemente porque acreditamos que as ofensas sexuais começam com a excitação se- xual. Sem dúvida, existem muitos componen- tes fisiológicos da excitação, nós vamos focali- zar, entretanto, na ereção peniana, porque essa resposta é mais afetada por estímulos sexuais, em contraste com estímulos não sexuais. A excitação sexual, como demonstrada pela ere- ção peniana, é provavelmente inicialmente uma resposta muito primitiva. Ela ocorre quase des- de o nascimento em pessoas do sexo masculi- no, provavelmente em função de estimulação genital. Enquanto a excitação sexual é muito provavelmente comportamento respondente, ele tem propriedades reforçadoras poderosas. Isto é especialmente verdadeiro após a puber- dade, quando a excitação é precursora da eja- culação. Uma vez que a ereção peniana é o indicador mais confiável de excitação sexual, o pletismógrafo peniano é um instrumento im- portante no estudo do comportamento sexual masculino. A forma mais comumente usada de pletismógrafo peniano envolve uma liga elásti- ca como medidor de pressão que é colocada na haste do pênis. Quando uma ereção ocorre a liga estica e um conversor permite o registro da expansão e contração do diâmetro do pênis. Esse aparelho tem sido usado em estudos clíni- cos e de laboratório com pedófilos e estuprado- res. Recentemente, Rea e colegas (Rea, DeBri- ere, Butler e Saunders, 1998) desenvolveram um pletismógrafo portátil que pode ser usado em ambientes externos ao laboratório. Esse aparelho é necessário se a excitação sexual de- ve ser avaliada em outros ambientes além dos contextos muito artificiais do laboratório e da clínica. Existem numerosas tentativas para tratar pedófilos e estupradores. A maioria desses tra- tamentos vem sendo conduzida em laboratório ou uma clínica. Alguns dos tratamentos mais comuns têm sido: 1. Psicoterapia individual ou de grupo; 2. Associação de um evento aversivo com fotografias ou fitas de vídeo mostrando um alvo sexual inapropriado; 3. Aplicação di- reta de contingências a comportamentos pre- cursores em ambientes clínicos; 4. Treinamen- to preventivo de recaída. Provavelmente a mais antiga forma de tentativas de tratamento foi a psicoterapia indi- vidual e de grupo. Tais tratamentos têm toma- do muitas formas, variando de tratamento psi- canalítico aprofundado a encontros de grupos de confrontação. É possível que em alguns ca- sos a psicoterapia tenha resultado em mudança. Há, entretanto, pequena evidência da efetivida- de geral desse tratamento (Kolvin, 1967). De uma perspectiva analítico-comportamental há pouca razão para esperar que a psicoterapia fosse efetiva. Vamos olhar a psicoterapia em 77 J.E. Spradlin, K.J. Saunders, D.C. Williams e J.A. Rea
  • 3. termos das quatro questões acima colocadas. (1) Quanto a resposta focalizada durante o tra- tamento é similar à resposta que ocorre quando o estuprador ou pedófilo pratica a violação? As respostas focalizadas na psicoterapia são ver- bais, as respostas que ocorrem e que levam à ofensa são excitação sexual. Assim, as respos- tas tratadas na psicoterapia são bastante dife- rentes das respostas sob tratamento. (2) Quanto as condições de estímulos presentes durante o tratamento são similares às condições presentes na ocasião em que as ofensas ocor- rem? Os estímulos na psicoterapia e aqueles quando a violação é praticada são bastante di- ferentes. A psicoterapia ocorre em um ambien- te em que nenhuma criança está disponível. Assim, os estímulos presentes durante a terapia e durante a violação são muito diferen- tes. Praticamente, o único caso em que poderia haver alguma semelhança entre as condições na psicoterapia e as condições em que ocorre uma violação sexual é a psicoterapia individual em que uma terapeuta feminina poderia ser um alvo para uma tentativa de estupro. Mesmo neste caso, no entanto, a terapeuta ou vítima potencial está provavelmente a uma distância em que poderia gritar por ajuda. Assim, de no- vo, as condições na terapia e no ambiente natu- ral são muito diferentes. (3) Quanto as conseqüências que ocorrem du- rante o tratamento são semelhantes às conse- qüências que podem ocorrer em função de ser pego durante uma ofensa? Há em geral pouca relação entre as conseqüências que ocorrem na sessão de psicoterapia e as conseqüências por ser pego durante uma violação. Em alguns ca- sos, pode haver uma relação entre a ofensa e a conseqüência. Por exemplo, uma corte pode ter incluído o atendimento em psicoterapia como uma condição para soltura da prisão ou como uma condição para evitar a prisão. (4) Se o tratamento se baseia intensivamente no comportamento verbal, que meios são im- plementados para assegurar que exista uma forte relação entre o comportamento verbal e a excitação ou o comportamento sexual? Na mai- oria das terapias nenhum procedimento é im- plementado para assegurar que qualquer rela- ção exista entre o comportamento verbal e o comportamento sexual. Simplesmente é assu- mido que tal relação exista. Quando, no entan- to, as contingências para fazer afirmações im- plicando em uma mudança na excitação sexual e no comportamento sexual são condições para soltura ou esquiva da prisão, o tratamento fun- ciona realmente para reduzir a correspondência entre o comportamento verbal e a excitação e comportamento sexual. Em suma, a grande diferença entre as condições em psicoterapia e aquelas presentes quando estupro ou pedofilia ocorre tornam al- tamente improvável que as psicoterapias tradi- cionais tenham sido ou venham a ser efetivas. Durante os últimos anos da década de 1960 e os anos 1970 houve muitos estudos de labora- tório ou clínicos com o objetivo de mudar a excitação sexual de violadores a certos estímu- los visuais ou auditivos, ou a certas fantasias verbais, através da apresentação de estímulos aversivos contingentes à excitação sexual (Quinsey e Marshall, 1983). Um procedimento típico de condicionamento para o tratamento de pedofilia envolve mostrar ao violador fotogra- fias de crianças, pedindo a ele que fantasiasse uma relação sexual com a criança. A pessoa devia relatar quando sentisse excitação sexual levantando o dedo, e uma vez relatada a excita- ção a pessoa recebia um estímulo aversivo tal como um choque elétrico ou um cheiro nause- ante. Se um cheiro nocivo era apresentado a pessoa era instada a imaginar-se se tornando enjoada e vomitando. Outras variações desse procedimento envolviam o uso de um pletis- mógrafo e estímulos aversivos contingentes a expansões do pênis. Procedimentos análogos para estupradores têm usado a narração de atos sexuais envolvendo a força, seguida pela apre- sentação de estímulos aversivos quando ocorria algum indício de excitação sexual. Agora, vamos considerar o tratamento por condicionamento em termos das quatro questões. (1) Quanto a resposta focalizada durante o tra- tamento é similar à resposta que ocorre quando o estuprador ou pedófilo pratica a violação? Quando a resposta era verbal, ela era claramen- te diferente da que ocorre no ambiente não- clínico. Quando era a expansão do pênis, era possivelmente uma precursora da resposta que ocorre no ambiente não-clínico. (2) Quanto as condições de estímulos presentes durante o tratamento são similares às condições 78 Tratamento comportamental da pedofilia
  • 4. presentes na ocasião em que as ofensas ocor- rem? Os estímulos presentes no laboratório ou na clínica são claramente diferentes daqueles presentes durante as violações. As chances de generalização dependem da proximidade da relação entre o comportamento verbal e os estí- mulos no ambiente. (3) Quanto as conseqüências que ocorrem du- rante o tratamento são semelhantes às conse- qüências que podem ocorrer em função de ser pego durante uma ofensa? Não há relação entre as conseqüências que ocorrem no laboratório ou clínica e aquelas que ocorrem se alguém é pego na violação. (4) Se o tratamento se baseia intensivamente no comportamento verbal, que meios são im- plementados para assegurar que exista uma forte relação entre o comportamento verbal e a excitação ou o comportamento sexual? O com- portamento verbal é altamente envolvido nes- ses tratamentos e, tipicamente, não são feitos testes da relação entre o comportamento verbal e os eventos que ocorrem no ambiente em que as ofensas ocorrem. A esta altura, eu gostaria de apresentar os resultados de um estudo feito pelo Dr. Jerry Rea, um colega meu. O homem que estava sen- do tratado havia sido acusado de pedofilia. U- ma vez que ele era retardado, ele foi enviado para uma instituição para pessoas retardadas. Estudos de laboratório com o pletismógrafo peniano indicaram que ele ficava excitado com fotos quer de pessoas do sexo masculino quer feminino, crianças ou adultas, nuas. Dr. Rea decidiu planejar um experimen- to para determinar se o tratamento de laborató- rio se generalizaria para fora das condições de tratamento. Primeiro ele conseguiu que o cliente de- senvolvesse um conjunto de narrativas basea- das em fantasias com cada tipo de estímulo sexual: masculino adulto, masculino criança, feminino adulto, e feminino criança. Para cada classe de estímulos foram desenvolvidas duas narrativas. O indivíduo foi tratado em um am- biente de laboratório, e suas respostas penianas aos quatro tipos de estímulos narrativos foram testados em outro ambiente de laboratório, e também pelo uso de um pletismógrafo portátil em ambientes da comunidade em que meninos estavam presentes. O tratamento envolvia a leitura da narração de um encontro sexual com um menino pequeno. Quando o homem relata- va excitação ele recebia um cheiro muito nau- seante, que o levava a relatar que ele tinha náu- seas. À medida que o tratamento progredia ele era periodicamente avaliado com o pletismó- grafo no outro laboratório ou com o pletismó- grafo portátil em ambientes comunitários. No laboratório a resposta peniana à narração de encontros sexuais com homens, mulheres, me- ninos e meninas foi avaliada. Como você pode ver na Figura 1, após o tratamento as respostas penianas às quatro categorias diminuiu. Além disso, ele relatou que não estava mais interes- sado em meninos pequenos. 79 J.E. Spradlin, K.J. Saunders, D.C. Williams e J.A. Rea Linha de Base Após o Tratamento Para Meninos 80 Reposta 60 Peniana 40 20 Menino Menina Mulher Homem Menino Menina Mulher Homem Ambientes da Comunidade Laboratório Figura 1. Intensidade da resposta peniana à narração de encontros sexuais com homens, mulhe- res, meninos e meninas no laboratório e à aproximação de homens, mulheres, meninos e meninas em ambientes da comunidade, antes e depois do tratamento. Apenas as narrativas sobre meninos foram associadas com odor nauseante.
  • 5. Como a figura mostra, entretanto, sua resposta a meninos pequenos, assim como às três outras categorias de estímulos, no ambiente comunitá- rio não havia mudado em relação à linha de base. Esse estudo e outros estudos feitos por Rea sugerem que pode haver pouca relação entre os resultados obtidos na clínica e o que ocorre em ambientes não clínicos. Tem havido poucas tentativas publicadas de tratar pedófilos ou estupradores através da aplicação de contingências em ambientes não clínicos. Wong, Gados e Fuqua (1982) trataram um homem moderadamente retardado, de 31 anos, institucionalizado, que havia sido acusa- do de molestar crianças. Esses autores usaram um pacote de abordagens que incluíam um pro- cedimento de punição que consistia no confina- mento contingente em um banheiro e a perda dos privilégios de visita aos pais por abordar ou interagir com crianças. Abordar foi definido como estar a menos de 8 metros de crianças e movendo-se em direção a elas. Crianças foram definidas como meninos com menos de 12 e meninas com menos de 18 anos de idade. Os dados foram coletados durante passeios de 30 a 90 minutos pelo bairro. Além do componente de punição, os membros da equipe mostravam fotos coloridas de crianças e modelavam como ignorar ou como se afastar de uma criança. Se o sujeito abordasse uma criança os experimen- tadores se confrontavam com o sujeito, enunci- avam o comportamento inapropriado, confina- vam-no em seu quarto à noite, e ele perdia os privilégios de visita no fim de semana subse- qüente. Abordagem de garotas de menos de 18 anos e meninos de menos de 12 anos ocorre- ram em 48% e 73% dos intervalos de observa- ção de linha de base. Durante o tratamento as abordagens a esses dois tipos de crianças foram reduzidas a zero. A supressão de abordagens a crianças foi mantida durante 15 sessões de ob- servação, e relatos anedóticos indicaram que ele não abordou crianças fora de seu bairro. Vamos agora considerar o tratamento de Wong e colegas em termos de nossas quatro perguntas. (1) Quanto a resposta focalizada durante o tra- tamento é similar à resposta que ocorre quando o estuprador ou pedófilo pratica a violação? O procedimento certamente envolve um precur- sor potencial da violação. O homem tinha que se aproximar a menos de oito metros de uma criança para uma violação ocorrer. A resposta que foi punida, entretanto, parece sobreinclusi- va e parece também incluir punição de muitos comportamentos não sexualmente ofensivos. Ou seja, o comportamento que resulta dessa contingência inclui, provavelmente, al- guns pré-componentes à violação sexual, mas também inclui a punição de muitos comporta- mentos que não são de natureza sexual. (2) Quanto às conseqüências que ocorrem du- rante o tratamento são semelhantes às conse- qüências que podem ocorrer em função de ser pego durante uma ofensa? De novo, as condi- ções de estímulo podem incluir aquelas que são precursoras de violações, mas podem incluir condições que têm pouca relação com viola- ções. Por exemplo, o homem provavelmente não violaria quando estivesse a uma distância de oito metros de uma criança quando observa- dores estivessem presentes. Nós não sabemos qual seria sua resposta se ele estivesse sozinho com a criança. (3) Quanto às conseqüências que ocorrem du- rante o tratamento são semelhantes às conse- qüências que podem ocorrer em função de ser pego durante uma ofensa? Uma vez que as conseqüências são fornecidas para o comporta- mento preliminar à violação no ambiente natu- ral, elas são as mesmas. Elas são talvez menos severas do que as penalidades que ocorreriam no ambiente não institucional por molestar uma criança, mas a violação de se aproximar a me- nos de oito metros de uma criança não é uma violação no ambiente não institucional. (4) Se o tratamento se baseia intensivamente no comportamento verbal, que meios são im- plementados para assegurar que exista uma forte relação entre o comportamento verbal e a excitação ou o comportamento sexual? O estu- do de Wong e cols. (1982) não confia muito em comportamento verbal. Contava-se ao indi- víduo, entretanto, o que ele tinha feito para violar e qual era a punição. Essas experiências podem ajudar a estabelecer uma relação entre o comportamento verbal e os eventos não ver- bais. A prevenção de recaída parece ser a filo- sofia mais recente a orientar o tratamento de comportamentos que causam dependência, tais como alcoolismo ou uso de drogas. Os progra- 80 Tratamento comportamental da pedofilia
  • 6. mas baseados nessa filosofia, entretanto, têm sido estendidos para o jogo e, mais recente- mente, para violações sexuais. Os programas de prevenção de recaída para violadores sexu- ais são tão variados, complexos e abrangentes, que desafiam uma descrição. De acordo com George e Marlatt (1989), a prevenção de recaída para violadores sexuais parte de certos pressupostos. Primeiro, que a pessoa quer mudar, segundo, que ela já tenha algum tratamento, e terceiro, que a efetiva pre- venção de recaída depende da aprendizagem pela pessoa de autocontrole efetivo. A preven- ção de recaída é um programa de manutenção. A maioria dos programas de prevenção de recaída inclui os seguintes componentes. (1) Avaliação cuidadosa das violações do indi- víduo e da seqüência de eventos que precedem as violações. Eventos precursores potenciais incluem: eventos emocionais perturbadores anteriores, os contextos nos quais as violações ocorrem, o uso de álcool, e fantasias sobre as violações. (2) Discussões abrangentes da história e carac- terísticas individuais da pessoa, além de conse- guir que a pessoa reconheça e admita suas vio- lações e a seqüência de eventos que levam às violações e as conseqüências das violações. Alguns dos procedimentos de tratamento en- volvem sessões de grupo. (3) O desenvolvimento de um novo conjunto de metas e auto-descrições. (4) O reconhecimento das seqüências de even- tos ou contextos que levam às violações e o desenvolvimento de um plano, ou de alternati- vas que interrompem ou evitam os eventos ou contextos precursores. (5) Desenvolvimento de novas habilidades de vida ou atividades que proporcionem substitui- ção de reforçadores para aqueles proporciona- dos pelo comportamento de violação. (6) Monitoramento de perto por uma pessoa de apoio a quem o violador faça relatos por um período prolongado de tempo. Certos aspectos dos programas de pre- venção de recaída parecem bastante razoáveis. Por exemplo, parece muito razoável para pro- ver um programa de manutenção após uma pessoa ter sido engajada em tratamento. Além disso, a noção de desenvolvimento de autocon- trole é atraente. À primeira impressão, parece improvável que as agências de tratamento pu- dessem jamais manter o tipo de supervisão que proporcionaria a prevenção de violações sexu- ais, se a pessoa não tivesse um alto nível de autocontrole. Além disso, a maioria das pesso- as em uma democracia não gosta da intromis- são de alguém monitorando e controlando o comportamento de outra pessoa. O foco na ob- tenção de engajamento do violador em ativida- des alternativas que proporcionem reforçadores substitutos parece funcional. Finalmente, a no- ção de que o potencial para recaída se mantém por um tempo muito longo parece realista. Mas, olhemos mais cuidadosamente os métodos de prevenção em termos das quatro questões. (1) Quanto à resposta focalizada durante o tra- tamento é similar à resposta que ocorre quando o estuprador ou pedófilo pratica a violação? A maior parte do tratamento é verbal, ainda que ocasionalmente sejam usados tratamento ou avaliação com pletismógrafo. Em tais casos, pelo menos uma parte do tratamento é focaliza- da em precursores da violação. (2) Quanto às conseqüências que ocorrem du- rante o tratamento são semelhantes às conse- qüências que podem ocorrer em função de ser pego durante uma ofensa? Os estímulos no contexto do tratamento e no contexto em que as violações ocorrem são bastante diferentes. O tratamento ocorre em um ambiente de terapia em que qualquer vítima potencial poderia facil- mente pedir ajuda. Tal não é usualmente o caso quando as violações ocorrem. (3) Quanto às conseqüências que ocorrem du- rante o tratamento são semelhantes às conse- qüências que podem ocorrer em função de ser pego durante uma ofensa? Nenhuma violação sexual ocorre e nenhuma conseqüência é forne- cida. (4) Se o tratamento se baseia intensivamente no comportamento verbal, que meios são im- plementados para assegurar que exista uma forte relação entre o comportamento verbal e a excitação ou o comportamento sexual? Quando olhamos os procedimentos usa- dos em muitos programas de prevenção de re- caída, eles são quase que totalmente verbais. Assim, a questão é quão bem eles estabelecem uma relação próxima entre o comportamento verbal e os estímulos e eventos que levam às 81 J.E. Spradlin, K.J. Saunders, D.C. Williams e J.A. Rea
  • 7. violações, o comportamento de violar, e as conseqüências para aquele comportamento. Pelas descrições dos programas, parece haver uma tentativa de estabelecer detalhadas descri- ções das situações, fantasias, necessidades e violações da pessoa. Há também uma tentativa de estabelecer planos verbais para lidar com as necessidades, contextos e fantasias que levam às ofensas sexuais. Além disso, o procedimento de fazer a pessoa relatar suas necessidades, fantasias e atos a um conselheiro parece razoá- vel. Sem dúvida, para ser efetivo, deve haver uma relação bem próxima entre o comporta- mento verbal e as condições que previnem a reincidência da violação. Se essa relação existe ou não para um dado indivíduo é uma questão em aberto. Do que foi dito, você poderia ter tido a impressão de que não somos otimistas sobre os efeitos do tratamento tradicional de pedófilos e estupradores. Essa impressão é correta. No en- tanto, há muitos aspectos dos programas de tratamento preventivo de recaída que conside- ramos atraentes. Primeiro, os programas pare- cem se basear em uma crença de que o potenci- al para comportamento sexualmente ofensivo nunca é realmente eliminado. Ele é apenas con- trolado ou substituído por outro comportamen- to. Nós acreditamos que isso é verdadeiro para todo comportamento. Qualquer comportamen- to, uma vez emitido e reforçado, está sempre disponível nas circunstâncias adequadas (ou, no caso de comportamento sexualmente ofensi- vo, sob as circunstâncias inadequadas). Segun- do, os programas de prevenção de recaída são planejados para adequar-se às histórias e aos comportamentos e motivação diferenciados de cada indivíduo. Terceiro, o programa combina uma variedade de técnicas de tratamento, em uma tentativa de eliminar o comportamento ofensivo do indivíduo. Nós acreditamos que qualquer programa efetivo para reduzir a pro- babilidade de uma pessoa voltar a praticar o- fensas deve ser individualizado e deve envol- ver a aplicação de procedimentos comporta- mentais múltiplos. Nós ficaríamos mais otimis- tas a respeito do sucesso dos programas de pre- venção de recaídas, entretanto, se houvesse maior ênfase na observação dos comportamen- tos reais das pessoas, enquanto se engajam em suas atividades diárias, ao invés de depender quase exclusivamente de seus relatos verbais. Agora, após toda essa discussão das li- mitações dos programas tradicionais de trata- mento, o que nós sugeriríamos? (1) Idealmente o tratamento deveria começar em um serviço de internamento. (2) Deveria haver uma avaliação detalhada en- volvendo: (a) entrevistas detalhadas com o en- trevistado ligado a um polígrafo, (b) avaliação com um pletismógrafo, (c) avaliação de relatos pela polícia e acusadores. (3) O tratamento inicial envolveria: a. condi- cionamento encoberto com o objetivo de redu- zir as propriedades reforçadoras de alvos sexu- ais inapropriados e sexo forçado, b. aconselha- mento individual com o objetivo de estabelecer relatos verdadeiros a respeito de atos sexuais e fantasias sexuais, desenvolvendo planos para evitar atividades e contextos de alto risco, e planos para uma vida nova e diferente; c. ade- são a grupo com o objetivo de estabelecer con- trole social. (4) A pessoa seria re-introduzida na comunida- de sob supervisão de uma pessoa de apoio que monitoraria, treinaria e daria “feedback” ao longo do dia. Durante esse tempo, a pessoa usaria um pletismógrafo portátil e um aparelho de rastreamento por satélite. O aconselhamento individual e os encontros de grupo continuari- am. (5) Redução gradual do tempo que a pessoa de apoio fica em contato direto durante o dia. Ou- tros monitores, entretanto, estariam acompa- nhando o comportamento da pessoa. A pessoa em tratamento seria avisada de que seria moni- torada por algum tempo durante o dia. Mas não seria contado quando ou por quem. Durante os encontros de grupo ou individuais a pessoa seria informada sobre o que o monitor viu. A pessoa continuaria a usar os aparelhos eletrôni- cos de monitoração. (6) Encontros de grupo continuados (similares aos Alcoólicos Anônimos), monitoração eletrô- nica continuada, mas monitoração direta redu- zida. Tal programa soa, sem dúvida, caro e invasivo, mas é provavelmente menos caro e invasivo do que a prisão. Além disso, esse pro- grama tem a possibilidade de proteger a socie- dade, enquanto permite que o antigo violador permaneça na comunidade. 82 Tratamento comportamental da pedofilia
  • 8. Referências bibliográficas George, W. H. e Marlatt, G. H. (1989) Introduction. Em D. R. Laws (Ed.), Relapse prevention with Sex offenders. (pp 1-31). New York: The Guilford Press. Kolvin, R. (1967). “Aversive imagery” treatment in adolescents. Behavior Research and Therapy, 5, 245-248. Quinsey, V. L. e Marshall, W. L. (1983). Procedures for reducing inappropriate sexual arousal: An evaluation review. Em J. G. Greer e I. R. Stuart (Eds.), The Sexual Aggressor: Current Perspectives on Treatment. (pp 167-289). New York: Van Nostrand. Rea, J. A.; DeBriere, T.; Butler, K. & Saunders, K. J. (1998). An analysis of four sexual offenders’ arousal in natural environments through the use of a portable plethesmograph. Sexual Abuse: A Journal of Research and Treatment, 10, 239-255. Wong S. E.; Gados, G. R. e Fuqua, R. W. (1982). Operant control of pedophilia: Reducing approaches to children. Behavior Modification , 6, 73-84. Enviado em Novembro / 2000 Aceite final Março / 2005 83 J.E. Spradlin, K.J. Saunders, D.C. Williams e J.A. Rea