1. A Terapia Cognitivo
Comportamental: práticas e
contexto
Erika Costa Barreto
Psicóloga Clínica e Institucional
Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental
Mestre em Cognição e Linguagem
Professora da UFF (Campos) e ISECENSA
erikacostabarreto@yahoo.com.br
2. A Terapia Cognitivo-
Comportamental integra
técnicas e conceitos vindos de
duas principais abordagens tais
como a cognitiva e a
comportamental.
3. De acordo com a Terapia Cognitiva os
indivíduos atribuem significado a
acontecimentos, pessoas, sentimentos e
demais aspectos de sua vida, com base
nisso comportam-se de determinada
maneira e constroem diferentes hipóteses
sobre o futuro e sobre sua própria
identidade. As pessoas reagem de formas
variadas a uma situação específica podendo
chegar a conclusões também variadas.
4. Em alguns momentos a resposta habitual pode
ser uma característica geral dos indivíduos
dentro de determinada cultura, em outros
momentos estas respostas podem ser
idiossincráticas derivadas de experiências
particulares e peculiares a um indivíduo. Em
qualquer situação estas respostas seriam
manifestações de organizações cognitivas ou
estruturas. Uma estrutura cognitiva é um
componente da organização cognitiva em
contraste com os processos cognitivos que são
passageiros (Beck, 1963; 1964).
5. Objetivo da Teoria Cognitiva
Descrever a natureza de conceitos (resultados
de processos cognitivos) envolvidos em
determinada psicopatologia de maneira que
quando ativados dentro de contextos
específicos podem caracterizar-se como
maladaptativos ou disfuncionais. O objetivo da
terapia cognitiva seria, ainda, o de fornecer
estratégias capazes de corrigir estes conceitos
idiossincrásicos (Bahls, 1999; Biggs &
Rush, 1999; Beck & Alford,2000).
6. No processo de psicoterapia cognitiva
ocorre algo muito semelhante a testagem
empírica das teorias científicas: os sistemas
de crenças pessoais são testados com
relação à suas conseqüências e
funcionalidade para a vida do paciente
dentro de contextos específicos (Lima &
Wielenska, 1993).
7. Este processo de testagem empírica ocorre a
partir da aplicação de técnicas e conceitos
desenvolvidos na teoria cognitiva e por esta
razão é imprescindível, para a realização de
uma terapia com bases verdadeiramente
científicas, que o terapeuta tenha um
embasamento teórico sólido bem como um
domínio das técnicas e uma boa interação com
a pessoa que buscou o tratamento, já que deve
haver uma parceria terapeuta-paciente nesta
investigação cognitiva (Rangé, 1998a; Beck &
Alford, 2000).
8. A história da terapia cognitiva inicia-se em
1956 quando Aaron Beck realizou um trabalho
de pesquisa com o intuito de verificar os
pressupostos psicanalíticos acerca da
depressão. Para Freud (1917), pessoas
deprimidas apresentavam uma “hostilidade
retrofletida” ou seja, uma espécie de
masoquismo ou necessidade de sofrer. Os
estudos de Beck o levaram a deparar-se com
resultados de outra natureza: alguns pacientes
apresentaram melhoras em resposta a
algumas experiências bem sucedidas e não
resistiram a estas mudanças, contrariando o
esperado (Beck & Alford,2000).
10. Isto fez com que Beck e demais pesquisadores
iniciassem uma seqüência de novos e diversos
estudos sobre a depressão que passou a ser
vista como um transtorno cuja principal
característica seria uma tendência negativa
onde a pessoa deprimida apresenta, muito
freqüentemente, expectativas negativas com
relação ao resultado de seus comportamentos
e uma visão também negativa de si mesma, do
contexto em que está inserida e de seus
objetivos (Beck, Rush, Shaw & Emery, 1979). A
partir disso os demais estudos desenvolveram-
se de forma a testar estratégias de modificação
de tais tendências negativas existentes na
depressão bem como a extensão da testagem
deste novo modelo a outros transtornos.
11. Beck e Alford (2000) definem cognição
como a “função que envolve deduções
sobre nossas experiências e sobre a
ocorrência e o controle de eventos
futuros” ou ainda
“... o processo de identificar e prever
relações complexas entre eventos, de
modo a facilitar a adaptação a ambientes
passíveis de mudança”.
12. TERAPIA COMPORTAMENTAL:
PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
A terapia comportamental embasa-se nas teorias
sobre o comportamento que se desenvolveram a
partir do início do século XX e que na década de
50 teve grande repercussão através obra de
Skinner.
O desenvolvimento da teoria comportamental
permitiu o conhecimento a respeito das leis gerais
do comportamento tornando-o mais previsível.
a terapia comportamental "clássica" tal como formulada
pelos seus primeiros representantes nos anos 50,
baseada principalmente nos conceitos de
condicionamento clássico e operante.
13. A Terapia Comportamental se caracteriza por
fundamentar-se em princípios sobre o
comportamento, definidos a partir de
conhecimentos teóricos e práticos, preocupando-se
ainda com a comprovação científica de seus
procedimentos. Ao contrário do que muitos
pensam, ela não trata apenas dos “sintomas
observáveis”, mas entende o comportamento como
uma relação entre o sujeito e o seu ambiente.
Portanto, o terapeuta comportamental investiga
vários aspectos do comportamento (motores,
afetivos, cognitivos) e busca estabelecer relações
deste comportamento com as condições físicas e
sociais em que estes ocorrem.
14. CONDICIONAMENTO OPERANTE
O comportamento operante é aquele que
modifica o ambiente, estando sujeito a
alterações a partir das conseqüências de
sua atuação sobre o ambiente. Ou seja, as
probabilidades futuras de um operante
ocorrer novamente está na dependência
das conseqüências que foram geradas por
ele (Skinner,1953).
15. Todos os organismos nascem, em maior ou menor grau,
preparados para se relacionar com o mundo que os cerca,
ou seja, nascem com um repertório comportamental
inato. Aos comportamentos inatos dos organismos,
damos o nome de reflexos incondicionados, que são de
grande importância para a sobrevivência das espécies.
Em psicologia, definimos um reflexo como uma relação
entre um estímulo e uma resposta, referindo-se o
estímulo a aspectos (mudanças) do ambiente e a resposta
a alterações produzidas no organismo. O comportamento
respondente é a relação entre um estímulo e uma
reposta na qual o estímulo elicia a resposta (S → R),
enquanto o operante é o comportamento que produz
alterações no ambiente (conseqüências) e é afetado por
elas (R → C).
17. Um exemplo característico de como funciona o
condicionamento na área de comunicação é o
caso do McDonald's e da forma como são
aplicadas as cores na marca e nos
estabelecimentos. As cores funcionam como
estímulo que provoca respostas específicas nos
consumidores.
18. Como são cores quentes, o vermelho e o amarelo
estimulam o apetite. Outro ponto é que os fast foods
buscam um grande número de pessoas, e as cores
quentes não te deixam exatamente confortável para
comer devagar ou beber um refrigerante vendo o tempo
passar. Como eles mesmos dizem, time is money,
portanto quanto menos tempo você levar para consumir
o que comprou mais lugares serão disponibilizados.
20. TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL:
DESENVOLVIMENTO E PRESSUPOSTOS
TEÓRICOS
As bases teóricas das terapias
cognitivo-comportamentais passaram a
ser desenvolvidas no início do século
XX com o surgimento do evolucionismo
de Darwin e de uma crescente
realização de estudos empíricos sobre
o comportamento.
21. Na década de 70 houve um grande
desenvolvimento e reconhecimento da terapia
comportamental devido ao surgimento de
técnicas novas especialmente no tratamento
de fobias, obsessões e disfuncões sexuais
(Lima & Wielenska, 1993). Foi nesta época que
Lang, Rachman e outros desenvolveram a
idéia de que um problema psicológico poderia
ser compreendido sob três enfoques diferentes
(ou “três sistemas”) ligados entre si tais como
os sistemas comportamental, cognitivo/afetivo
e fisiológico. Esta idéia representou uma
quebra com a visão unitária dos problemas
psicológicos que até então existia.
22. O PAPEL DO TERAPEUTA
É importante que o terapeuta se comporte de
forma a minimizar o sofrimento do cliente e
partir da provisão de estímulos discriminativos
e disposição de conseqüências que levem a
mudanças de comportamento mais efetivas.
Para isso é importante que o terapeuta
apresente-se como uma audiência não-punitiva
e um agente reforçador, trazendo um aumento
da tolerância do cliente para a exposição a
emoções aversivas e maximizando as chances
do cliente aceitar interpretações, seguir
instruções e atentar quaisquer intervenções
que o terapeuta possa fazer.
23. A relação terapêutica é uma oportunidade
para que o cliente emita comportamentos
que lhe têm trazido problemas e, a partir da
interação com o terapeuta, aprender formas
mais efetivas de respostas.
• No início o terapeuta oferece expressões
gerais de aprovação pelo simples fato de o
cliente estar em terapia.
• No segundo momento esse reforço torna-se
contingente a falar sobre tópicos difíceis e
expor-se em terapia.
• Aos poucos, o terapeuta passa a selecionar
classes de comportamentos que indiquem
mudanças relevantes de acordo com os
objetivos previamente estabelecidos.
24. AS CARACTERÍSTICAS DO TERAPEUTA
-Postura empática e compreensiva
-Aceitação desprovida de julgamento
-Autenticidade
Autoconfiança
-Flexibilidade na aplicação das técnicas
Pesquisas demonstram que os terapeutas
avaliados como “calorosos”, “amigáveis”,
“comprometidos” e “interessados” são os que têm
maior sucesso no resultado dos tratamentos.
26. PSICOTERAPIA
COGNITIVA
Crença Central
“Eu sou incompetente”
Crença Intermediária
“Se eu não entendo algo, então eu sou burro”
Situação Pensamentos Automáticos Reações
AULA “Isso é difícil demais... Emocional
Eu jamais vou aprender...” TRISTEZA
Fisiológico
DESCONFORTO
Comportamental
SAI DA SALA
26
27. Pensamentos automáticos
São quase despercebidos e estão presentes
diariamente no cotidiano. Existem várias situações
consideradas estressoras para a maioria das
pessoas: medo da morte, acidentes, violência
urbana etc. Entretanto, pessoas com dificuldades
psicológicas frequentemente interpretam, de forma
distorcida situações consideradas neutras ou
mesmo positivas, levando-as a desenvolver padrões
de pensamentos automáticos disfuncionais
O pensamento automático disfuncional esta
conectado à padrões de crenças intermediárias e
centrais, que são mais complexas e difíceis de
serem acessadas do que os primeiros.
28. O primeiro passo antes de se utilizar uma
técnica é identificar a(s) crença(s) central(is).
Isso pode ser feito pela:
1 - Expressão direta da crença pelo paciente
2 - Repetição de interpretações distorcidas nas
sessões e nos registros de pensamento
3 - Técnica de Flecha Descendente
30. Uma pessoa deprimida pode
apresentar o seguinte quadro:
“Jamais irei melhorar dessa doença” (Pensamento
automático)
“Eu deveria fazer isso por mim mesma” (Regra)
“É muito ruim pedir ajuda” (Atitude)
“Se eu pedir ajuda, as pessoas irão achar que estou
ficando louca” (Suposição)
“Uma pessoa louca é fracassada” (Crença central)
31. Isso é difícil CC = “Eu sou incompetente”
demais... Eu sou
tão burro! Nunca
Atitude = “É horrível ser incompetente”
vou ser um bom Regra = “Eu devo estudar muito, o tempo
terapeuta...
todo”
Suposição = “Se eu estudar o mais que
puder, posso ser capaz de ser tão bom
como os meus colegas”
“Eu não entendo isso... Eu jamais entenderei isso...”
“Ei, eu só estou tendo algum problema agora...”
“Se eu reler com calma em casa, entenderei...”
“É apenas mais uma matéria ...”
“Se cheguei até aqui, com certeza irei até o final...”
31
32. Diálogo Socrático
Três aspectos básicos caracterizam este método:
o questionamento sistemático;
o raciocínio indutivo e
a construção de definições universais
33. TECNICAS COGNITIVAS -
COMPORTAMENTAIS
Técnicas de relaxamento
-Exercícios de respiração
-Treino de relaxamento
-Relaxamento muscular progressivo
Dessensibilização sistemática
Treino de assertividade
-Parada do pensamento
Auto-instrução
Inoculação do estresse
Treino de habilidades sociais
-Solução de problemas
-Exposição e prevenção de respostas
-Exposição interoceptiva
34. TÉCNICAS DE RELAXAMENTO
Respiração diafragmática:
Orienta-se o paciente de que a respiração deve partir do
diafragma, inspirando pelas narinas uma quantidade
suficiente de ar e expirando pela boca. Os movimentos
devem ser pausados para facilitar a desaceleração da
respiração, contando-se até três para cada fase: inspiração,
pausa, expiração e pausa para nova inspiração. Devem-se
utilizar os músculos do abdome, sem movimentar o tórax
(empurrando o abdome para fora enquanto inspira e
contraindo-o para dentro enquanto expira). Para que o
paciente aprenda essa nova forma de respirar, recomenda-se
a sua prática várias vezes na ausência de sintomas de
ansiedade, estando sentado ou deitado, a fim de observar a
movimentação abdominal e concentrando-se na contagem
dos movimentos.
35. Relaxamento muscular:
É um exercício que envolve a prática de tensão e
relaxamento progressivo dos principais grupos
musculares do corpo. Inicialmente, orienta-se ao
paciente a postura confortável para a prática do
exercício. Posteriormente, que feche os olhos e
focalize a sensação de tensão, que deve iniciar nos
pés, passando pelas pernas, quadris, abdome, mãos,
braços, ombros e pescoço até chegar à face. Mantém-
se essa tensão por um período de 5 a 10 segundos e,
então, relaxam-se todos os músculos ao mesmo
tempo. Deve-se induzir a descoberta das sensações
de conforto que surgem após o relaxamento. O
paciente pode repetir várias vezes o exercício, até que
se sinta completamente relaxado, inclusive
mentalmente, pensando em algo agradável e
respirando lentamente. Após 1 ou 2 minutos, pode-se
abrir os olhos e alongar os músculos, movendo-os
lentamente.
36. 1- dobre seus pés em direção ao seu corpo. Sinta a tensão, mantenha
por alguns segundos e relaxe.
2 - estique seus pés, sinta a tensão nos músculos da barriga da perna,
mantenha por alguns segundos e relaxe.
3 - Aperte o calcanhar contra o apoio, sinta os músculos da perna
contraídos, mantenha e relaxe.
4 - Contraia os músculos das nádegas mantenha por alguns segundos
e relaxe.
5 - Expandir o abdômen abaulando a barriga. Mantenha e relaxe. Não
prenda a respiração, respire normalmente.
6 - Contraia os músculos das costas como se quisesse se desprender
do apoio. Mantenha e relaxe.
7 - Eleve os ombros na direção das orelhas, sinta a tensão e relaxe.
8 - Levante os braços estendidos em direção ao teto, mantenha e
relaxe vagarosamente.
9 - Feche os olhos apertando-os, mantenha e relaxe.
10 - Franza as sobrancelhas, sinta a tensão dos músculos da testa e
relaxe.
11 - Aperte os lábios, mantenha e relaxe. Os dentes devem estar
separados e os lábios soltos.
12 - Olhe para o teto, para baixo, para os lados e relaxe.
37. Reestruturação cognitiva:
Inicia-se pela identificação e pelo registro de
pensamentos automáticos e crenças disfuncionais.
Subseqüentemente, é feita uma análise dos “erros de
lógica” inerentes às interpretações catastróficas. Para
isso, é importante que o paciente considere tais
pensamentos como meras hipóteses, e não como fatos.
A forma mais usual de corrigir esses erros de lógica é o
chamado questionamento socrático. Nessa técnica, o
paciente, juntamente com o terapeuta, faz um exame
das evidências que apóiam o seu pensamento e das
evidências que são contrárias, a fim de descobrir formas
alternativas de interpretar suas sensações físicas (16).
Após a análise das probabilidades, elaboram-se novas
alternativas, que são chamadas de “lembretes” (por
exemplo: “estou tendo um ataque que não mata nem
enlouquece” ou, ainda, “é um ataque que passa em
pouco tempo”).
38. Dessensibilização Sistemática
O paciente, durante um estado de relaxamento físico, vai
imaginar uma hierarquia de situações que lhe provocam
ansiedade, com o objectivo de familiarizar-se com elas
e, ao mesmo tempo, com a finalidade de reduzir as
respostas ansiosas. Em alguns casos mais graves é habitual
a administração de medicamentos que tenham por
objectivo principal a diminuição da ansiedade
extrema, uma vez que esta impede que se realizem as
sessões terapêuticas de uma forma eficaz.
Para aplicar a dessensibilização sistemática é condição si ne
qua non que o paciente desenvolva habilidades para
alcançar um bom grau de relaxamento e que seja capaz de
visualizar por imagens os estímulos ou as situações
temidas.
39. TREINO DE ASSERTIVIDADE
Estilos de resposta
Para a compreensão do conceito de assertividade, é
necessário distinguir este estilo de resposta de outros
estilos, nomeadamente as respostas passivas e as
respostas agressivas.
Estes três estilos de respostas tem sido
conceptualizados como pontos de um contínuo,
diferindo, portanto, mais em termos de intensidade do
que de tipo.
A resposta assertiva forma o ponto médio desse
contínuo e é, habitualmente, a resposta mais
apropriada
40. O princípio teórico pressupõe que comportamentos
de preocupação e medo são aprendidos a partir da
interação com modelos autoritários durante o
desenvolvimento e inibem as respostas
espontâneas e naturais da pessoa, que deixa de
expressar suas emoções, evita contatos visuais
diretos e teme apresentar suas opiniões aos outros.
Segundo Wolpe, a expressão das emoções,
especialmente da raiva, reduz a ansiedade pelo
processo da inibição recíproca, de modo que a
emissão de respostas mais assertivas nas relações
sociais implicam gradual extinção de respostas de
ansiedade. O ensaio comportamental inclui:
41. • Conceito de comportamento assertivo e treino do paciente no
reconhecimento de respostas assertivas, agressivas e
passivas.
• Treino do paciente na identificação de situações nas quais
inibe respostas positivas de auto-expressão, mostrando
submissão inadequada ou agressividade.
• Treino de respostas adequadas em procedimento de ensaio
comportamental (role-playing), reproduzindo situações da
vida real que geram desconforto.
• Feedback das respostas verbais e expressivas do paciente.
Antecipação das possíveis conseqüências do comportamento
assertivo, de modo que o paciente assegure-se de que
saberá fazer a melhor opção no manejo e o melhor uso dos
resultados de seu comportamento.
• Experimentação no ambiente natural onde as situações
indesejáveis ocorrem.
• Apresentação de feedback ao paciente para determinação da
eficácia do procedimento, com análise dos antecedentes, das
características da resposta emitida e de seus conseqüentes.
42. Role-Playing
Terapeuta e cliente se comportam imitando
o comportamento de alguma pessoa
relevante no ambiente natural do sujeito ou
fazendo uma representação do
comportamento do próprio sujeito em
alguma situação social. Serve para treinar
o paciente a interagir
adequadamente em situações sociais.
43. PARADA DO PENSAMENTO
Consiste em formular claramente o pensamento indesejável e depois
pedir ao paciente que inicie atentamente esse pensamento. Um
momento inicial do treino pode ser realizado com qualquer
pensamento que o terapeuta sugira apenas para efeito de
compreensão da técnica. Iniciado o pensamento-alvo, o paciente
sinaliza que ele está em curso e o terapeuta então ordena
repentinamente em tom de voz alto e firme “PARE!”, enquanto bate
palmas ou bate as mãos em uma mesa. O objetivo é surpreender o
paciente com o grito e o barulho de modo a atrapalhar o curso do
pensamento. Pergunta-se ao paciente se o pensamento foi
interrompido quando a ordem foi ouvida. Depois, pese-se a ele que
retome o mesmo pensamento e que informe com que facilidade
conseguiu fazê-lo. Em geral, o paciente nota que tem dificuldade para
voltar a pensar da mesma maneira após o episódio. Esse
procedimento deve ser repetido diversas vezes e, após o treino pelo
terapeuta, deve ser solicitado ao paciente que ele próprio tente o
comando, inicialmente em voz alta, como fez o terapeuta, e depois
subvocalmente. Na seqüência, o paciente é orientado a dar o comando
de “PARE!” tão logo o pensamento surja, para impedir sua evolução.
45. AUTO-INSTRUÇÃO
Consiste em ensinar ao paciente a
desenvolver pensamentos adequados à
situação temida e realísticos quanto às
possíveis conseqüências do
comportamento.
“O que mais poderia acontecer?”
46. INOCULAÇÃO DO ESTRESSE
Variáveis cognitivas influenciam a interpretação
dada ao evento estressante, que é, em si, mais
relevante do que o evento propriamente dito. A
percepção que a pessoa tem da ameaça
contida na situação, sua própria
vulnerabilidade e habilidade de enfrentamento
definem a ocorrência e o nível do estresse. A
vulnerabilidade é a percepção da falta de
recursos para manejar uma situação
estressante.
47. O treinamento é programado conforme a queixa, as características
e as necessidades de cada paciente e realizado em três etapas:
Preparação: o terapeuta informa e educa o paciente com relação
ao conceito e a etiologia da ansiedade e do medo.
Treino em habilidade básicas: o paciente, inicialmente, antecipa a
situação crítica e descreve o evento estressante. Aprende e ensaia
respostas adequadas de auto-instrução para enfrentamento dessas
situações sobre a maneira mais adequada de conduzir a seqüência
de fatos possíveis. Depois, antecipa a situação tornando-a mais
estressante até um nível no qual geralmente perde o controle e
segue com auto-instrução sobre a maneira adequada de manejar a
situação problema até removê-la. Ao final, congratula-se por ter
conseguido enfrentar e reduzir o estresse.
Terceira etapa: o paciente é confrontado com situações reais,
reconhecidas como estressantes, nas quais terá a oportunidade de
aplicar suas habilidades. Iniciando com situações de dificuldade
média, é orientado a confrontar cada situação e analisar suas
respostas de enfrentamento.
48. SOLUÇÃO DE PROBLEMAS
O paciente é treinado para assumir a
responsabilidade de tomar decisões em
situações difíceis e aprende a lidar com a
ansiedade ao invés de ser protegido
contra ela.
Um programa de treinamento nessa técnica
pode ser delineado a partir dos seguintes
passos adaptados da proposta de
D’Zurilla e Goldfried (1971):
49. •Reconhecer e descrever o problema. Se o problema
não é percebido ou se é negado, a pessoa perde a
chance de tratá-lo objetivamente, assumindo um
atributo pessoal ou uma variável contextual imutável.
•Apontar as especificidades do problema em partes e
determinar os objetivos.
•Propor possíveis estratégias de ação para alcançar
os objetivos, as quais devem ser viáveis e estar ao
alcance da realidade pessoal a contextual do
paciente.
•Ponderar sobre possíveis conseqüências de cada
estratégia proposta, analisando ganhos e perdas a
curto e médio prazo.
•Verificar os resultados do processo de decisão,
avaliar o grau de satisfação do paciente com os
resultados e avaliar se a alternativa selecionada esta
conduzindo ao resultado desejado.
50. O treinamento é conduzido por meio da
modelagem de habilidades para resolver
situações da vida real trazidas pelo paciente
e situações típicas simuladas durante as
sessões. O grau de dificuldade das
situações são hierarquizados de modo a
ensinar o paciente a manejar primeiro
situações simples e depois, gradualmente,
situações avaliadas como mais difíceis ou
complexas.
51. EXPOSIÇÃO
Consiste na exposição direta do paciente aos
estímulos ou às situações temidas e evitadas por
serem desencadeadores de ansiedade. A exposição é
feita repetidamente, de forma abrupta ou gradual, ao
vivo ou imaginativa, conforme mais indicado pela
avaliação do sintoma e do contexto.
O tempo de permanência do paciente exposto ao
estímulo viabiliza os processos de habituação e de
extinção. A habituação é um processo elementar de
aprendizagem, no qual uma resposta, aprendida ou
não, enfraquece após ser emitida repetidamente em
um determinado contexto. É importante que o tempo
de exposição seja suficiente para que a ansiedade
diminua antes que o paciente seja removido desta
situação, ou que o estímulo ansiogeno seja terminado
52. EXPOSIÇÃO E PREVENÇÃO DE
RESPOSTAS
A exposição e prevenção de respostas inclui a
técnica de exposição mais o bloqueio da reposta
compulsiva para tratar pacientes portadores do
Transtorno Obsessivo Conclusivo (TOC). Consiste
basicamente em expor o organismo por longos
períodos de tempo a uma hierarquia de
estímulos ansiógenos e, ao mesmo tempo,
prevenir a emissão da resposta compulsiva e
ritualística.
53. EXPOSIÇÃO INTEROCEPTIVA
Especialmente útil no tratamento na síndrome
do pânico, esse tipo de exposição ocorre sobre o
mesmo princípio da exposição ao estímulo
temido já descrito, com o objetivo de romper ou
enfraquecer a associação entre indicadores
fisiológicos e reações de pânico.
54. BIBLIOGRAFIA:
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children and adolescents : the nuts and bolts. New York : Guilford Press.
Gonçalves, O. (2000). Terapias Cognitivas: Teorias e Práticas (3ª ed). Porto: Edições
Afrontamento.
Guilhardi, H & Abredu, C (2004). Terapia Comportamental e Cognitivo-
Comportamental. São Paulo: Roca.
Rangé, B. (2001). Psicoterapias Cognitivo- Comportamentais. São Paulo: Artmed.
Rijo, D & Galhardo, A. (s.d). Avaliação Cognitivo-Comportamental:
objectivos, propostas e dificuldades. Manuscrito não publicado.