O documento descreve o movimento artístico Futurismo na Itália no início do século XX, incluindo seus principais membros e ideias. O Futurismo celebrava a modernidade e a máquina, rejeitando a arte do passado. Ele enfatizava a dinâmica, o movimento e as emoções, como pode ser visto nas obras de Boccioni e Balla. O Futurismo também tinha uma forte dimensão política e nacionalista e alguns de seus membros acabaram aderindo ao fascismo.
2. • Segundo Argan o Futurismo é o primeiro
movimento de vanguarda, isto é, um movimento
que investe no interesse ideológico da arte,
preparando com deliberação uma
transformação ampla, tanto no sentido social,
quanto cultural . Negam o passado e substituem
a pesquisa metódica pela experimentação e
pela ousadia.
FUTURISMO
4. O primeiro manifesto foi publicado no Le
Fígaro de Paris, em 22/02/1909, e nele, o
poeta italiano Marinetti, dizendo que "o
esplendor do mundo enriqueceu-se com
uma nova beleza: a beleza da velocidade.
Um automóvel de carreira é mais belo
que a Vitória de Samotrácia". O segundo
manifesto, de 1910, resultou do encontro
do poeta com os pintores Carlo Carra,
Russolo, Severini, Boccioni e Giacomo
Balla.
5. Os futuristas saúdam a era
moderna, aderindo
entusiasticamente à máquina.
Para Balla, "é mais belo um ferro
elétrico que uma escultura".
Para os futuristas, os objetos
não se esgotam no contorno
aparente e seus aspectos se
interpenetram continuamente a
um só tempo, ou vários tempos
num só espaço. O grupo
pretendia fortalecer a sociedade
italiana através de uma
pregação patriótica que incluía a
aceitação e exaltação da
tecnologia.
FUTURISMO
7. Dinamismo e simultaneidade são
termos paradigmáticos da proposta
futurista. A ênfase na ação e na
pesquisa do movimento aparece tanto
no romance Mafarka, o Futurista, de
Marinetti, e no Manifesto Técnico da
Literatura Futurista (1912) quanto nas
artes visuais, por exemplo na escultura
Formas Únicas na Continuidade do
Espaço (1913), de Boccioni, e nas telas
Os Funerais do Anarquista Galli (1911),
de Carrà, e Dinamismo de um Cão na
Coleira (1912), de Balla. As inspirações
nas pesquisas de cor e nos efeitos de
luz do pós-impressionismo divisionista
assim como nas técnicas das
composições cubistas são evidentes,
ainda que o futurismo italiano sublinhe
na contramão do cubismo a carga
emotiva e a expressão de estados de
alma na arte (Estados de Alma nº 1. Os
Adeuses, 1911, de Boccioni).
FUTURISMO
8. A forte politização do movimento é
outro traço marcante e distintivo da
arte futurista. A base ideológica do
movimento é anticlerical - revelam
os manifestos políticos lançados em
1909, 1911, 1913 e 1918 - e, em
seguida, anti-socialista, pela defesa
da modernização da indústria e da
agricultura, do irredentismo e de
uma política exterior agressiva. As
afinidades com o fascismo,
entrevistas pelo nacionalismo e pela
exaltação do ímpeto e da ação, se
concretizam quando diversos
membros do grupo aderem ao
partido fascista. Em Futurismo e
Fascismo (1924), Marinetti reúne
discursos e relatos em que
apresenta o futurismo como parceiro
e precursor do fascismo.
11. Marinetti articulou a frustração de uma geração que se sentia
esmagada sob o peso da tradição da arte ocidental. Os futuristas
rejeitaram a arte e a cultura do passado.
O movimento de um carro, por exemplo, e a experiência da sua
aceleração, tinham mais significado para os futuristas que a sua
forma ou aparência quando parado. De igual modo, a multidão
era um força política mais significativa, na opinião dos futuristas,
que as instituições do governo.
Os futuristas usavam muitas cores
berrantes, mas nunca desenvolveram uma
teoria coerente sobre cor, que os pudesse
distinguir dos outros movimentos artísticos
da mesma época.
FUTURISMO
21. Formas únicas da continuidade no
espaço, Umberto Boccioni, 1913 –
coleção particular, Milão
22. O Futurismo perde o seu ímpeto durante a primeira guerra mundial. Uma
segunda geração, menos subversiva, surgiu no início da década de 1920 e
susteve o movimento até à década de 1930.
Os movimentos relacionados com o Futurismo na Inglaterra e na Rússia
ficaram conhecidos como Vorticismo e Rayonismo.
Horizontal Volumes, Umberto Boccioni - 1912
Staatsgalerie Moderner Kunst, Munich