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Envolvimento masculino no Planeamento Familiar
no sul de Moçambique (Localidade de Macarretane
e bairro da Mafalala)¹
Policy brief-Setembro de 2015
Referências
¹ Policy brief produzido no âmbito das actividades de investigação e extensão do
programa Desafio, baseado na Faculdade de Medicina da Universidade Eduardo
Mondlane. Avenida Salvador Allende, nº 702; telefax: +258 21 328829; telefone:
+258 21328825, Maputo-Moçambique.
² Population Reference Bureau. (2014). World Population Data Sheet.
Washington.
³ Mboane, Ramos & Bhatta, Madhav. (2015). “Influence of husband's
healthcare decision making role on a woman's intention to use contraceptives
among mozambican women”. Reproductive Health (2015) 12:36.
1. Introdução
O Planeamento Familiar ao se constituir como um direito humano
básico emerge como central em questões de Saúde Pública,
sobretudo no contexto dos debates sobre a igualdade de género e
promoção da Saúde Sexual e Direitos Reprodutivos, uma vez que
confere uma série de benefícios aos indivíduos, em especial à
saúde da mulher e da criança. Para além de questões de provisão
de cuidados de saúde, existem aspectos sócioculturais que
condicionam o acesso da mulher aos serviços de Planeamento
Familiar, como por exemplo as normas de género, as expectativas e
os papéis a elas associados.
De acordo com o Population Reference Bureau (2014)²,
Moçambique possui uma taxa contraceptiva total de 12%, que é a
terceira mais baixa da África Oriental, depois do Sudão do Sul com
4% e da Eritreia com 8%.As Ilhas Maurício apresentam a maior taxa
contraceptiva da região na ordem dos 76%, seguidas pelas Ilhas
Reunião com 67%, pelo Zimbabwé com 59%, pelo Ruanda com
52%, pelo Quénia com 46%, pela Zâmbia com 41% e pela Tanzania
com 34%.
Uma das razões para que a taxa contraceptiva em Moçambique
continue baixa deve-se à oposição dos homens em apoiarem as
parceiras no uso dos serviços de Planeamento Familiar (Mboane &
Bhatta, 2015).
Este policy brief resulta de um estudo qualitativo sobre as
percepções e experiências dos homens sobre o Planeamento
Familiar, realizado no âmbito do Programa Desafio.
2. Quais foram os achados da pesquisa sobre
o que os homens sabem e pensam sobre o
Planeamento Familiar?
a) Conhecimento e uso de contraceptivos
•No geral, os homens mostraram fraco conhecimento sobre o
Planeamento Familiar nos dois locais da pesquisa, mas com
maior incidência para Macarretane e os contraceptivos modernos
mais conhecidos são: a pílula, a injecção e o preservativo
masculino; no entanto os mais utilizados são: a pílula
(Macarretane) e o preservativo (Mafalala);
•Na perspectiva de alguns homens no meio rural, os
contraceptivos modernos alteram o corpo da mulher e o prazer
sexual;
•O uso de métodos contraceptivos tradicionais como a cinza, as
folhas e caule de imbondeiro, o capim, entre outros, são vistos
como não provocando nenhum dano ao corpo da mulher e nem
alterando o prazer sexual, contrariamente aos contraceptivos
modernos
b) Papel do homem e diálogo entre os casais sobre o
Planeamento Familiar
•O Planeamento Familiar é visto como algo maioritariamente de
responsabilidade da mulher e quando o homem tem um papel no
Planeamento Familiar é o de permitir que a parceira faça uso
deses serviços;
•As mulheres, por causa dos papéis de género, têm em geral fraca
capacidade de dialogar e negociar o uso de contraceptivos com
os parceiros, excepto se forem mais instruídas e
economicamente independentes.
3. Implicações políticas
O reconhecimento da necessidade de envolver os homens no
Planeamento Familiar tem implicações sob o ponto de vista das
políticas no sector da saúde.
Os homens também têm necessidades de saúde e pouco sabe-se
sobre os seus desejos, dúvidas e expectativas, no que concerne à
sua sexualidade e preferências reprodutivas, o que implica criar
condições para que homens e mulheres possam ser atendidos em
igualdade de circustâncias, sem nenhuma discriminação nas
Unidades Sanitárias por serem homens e que haja profissionais de
saúde treinados para atender os homens.
4. Proposta de recomendações
a)Acapacitação de homens como educadores de pares no domínio
do Planeamento Familiar para que possam sensibilizar aos demais
sobre a importância do Planeamento Familiar, uma vez que
geralmente pessoas do mesmo sexo têm mais empatia e partilham
alguns interesses em comum;
b) Introdução de temáticas de género, Saúde Sexual e Reprodutiva
e Planeamento Familiar nos currícula a partir do nível básico de
ensino, por forma a conscientizar os homens ainda em tenra idade,
sobre a importância do seu envolvimento nas questões
reprodutivas;
c) Criação de Unidades Sanitárias específicas ou de condições de
atendimento exclusivo para o aconselhamento e saúde dos
homens, pois, à semelhança das mulheres, eles também têm as
suas dúvidas, anseios, expectativas e receios no que concerne à
saúde no geral, e à Saúde Sexual e Reprodutiva, em especial.
Ficha técnica
Autora
Vânia Pedro
Revisores
Nafissa Osman;
Khátia Munguambe;
Esmeralda Mariano;
Celso Give

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Policy brief final

  • 1. Envolvimento masculino no Planeamento Familiar no sul de Moçambique (Localidade de Macarretane e bairro da Mafalala)¹ Policy brief-Setembro de 2015 Referências ¹ Policy brief produzido no âmbito das actividades de investigação e extensão do programa Desafio, baseado na Faculdade de Medicina da Universidade Eduardo Mondlane. Avenida Salvador Allende, nº 702; telefax: +258 21 328829; telefone: +258 21328825, Maputo-Moçambique. ² Population Reference Bureau. (2014). World Population Data Sheet. Washington. ³ Mboane, Ramos & Bhatta, Madhav. (2015). “Influence of husband's healthcare decision making role on a woman's intention to use contraceptives among mozambican women”. Reproductive Health (2015) 12:36. 1. Introdução O Planeamento Familiar ao se constituir como um direito humano básico emerge como central em questões de Saúde Pública, sobretudo no contexto dos debates sobre a igualdade de género e promoção da Saúde Sexual e Direitos Reprodutivos, uma vez que confere uma série de benefícios aos indivíduos, em especial à saúde da mulher e da criança. Para além de questões de provisão de cuidados de saúde, existem aspectos sócioculturais que condicionam o acesso da mulher aos serviços de Planeamento Familiar, como por exemplo as normas de género, as expectativas e os papéis a elas associados. De acordo com o Population Reference Bureau (2014)², Moçambique possui uma taxa contraceptiva total de 12%, que é a terceira mais baixa da África Oriental, depois do Sudão do Sul com 4% e da Eritreia com 8%.As Ilhas Maurício apresentam a maior taxa contraceptiva da região na ordem dos 76%, seguidas pelas Ilhas Reunião com 67%, pelo Zimbabwé com 59%, pelo Ruanda com 52%, pelo Quénia com 46%, pela Zâmbia com 41% e pela Tanzania com 34%. Uma das razões para que a taxa contraceptiva em Moçambique continue baixa deve-se à oposição dos homens em apoiarem as parceiras no uso dos serviços de Planeamento Familiar (Mboane & Bhatta, 2015). Este policy brief resulta de um estudo qualitativo sobre as percepções e experiências dos homens sobre o Planeamento Familiar, realizado no âmbito do Programa Desafio. 2. Quais foram os achados da pesquisa sobre o que os homens sabem e pensam sobre o Planeamento Familiar? a) Conhecimento e uso de contraceptivos •No geral, os homens mostraram fraco conhecimento sobre o Planeamento Familiar nos dois locais da pesquisa, mas com maior incidência para Macarretane e os contraceptivos modernos mais conhecidos são: a pílula, a injecção e o preservativo masculino; no entanto os mais utilizados são: a pílula (Macarretane) e o preservativo (Mafalala); •Na perspectiva de alguns homens no meio rural, os contraceptivos modernos alteram o corpo da mulher e o prazer sexual; •O uso de métodos contraceptivos tradicionais como a cinza, as folhas e caule de imbondeiro, o capim, entre outros, são vistos como não provocando nenhum dano ao corpo da mulher e nem alterando o prazer sexual, contrariamente aos contraceptivos modernos b) Papel do homem e diálogo entre os casais sobre o Planeamento Familiar •O Planeamento Familiar é visto como algo maioritariamente de responsabilidade da mulher e quando o homem tem um papel no Planeamento Familiar é o de permitir que a parceira faça uso deses serviços; •As mulheres, por causa dos papéis de género, têm em geral fraca capacidade de dialogar e negociar o uso de contraceptivos com os parceiros, excepto se forem mais instruídas e economicamente independentes. 3. Implicações políticas O reconhecimento da necessidade de envolver os homens no Planeamento Familiar tem implicações sob o ponto de vista das políticas no sector da saúde. Os homens também têm necessidades de saúde e pouco sabe-se sobre os seus desejos, dúvidas e expectativas, no que concerne à sua sexualidade e preferências reprodutivas, o que implica criar condições para que homens e mulheres possam ser atendidos em igualdade de circustâncias, sem nenhuma discriminação nas Unidades Sanitárias por serem homens e que haja profissionais de saúde treinados para atender os homens. 4. Proposta de recomendações a)Acapacitação de homens como educadores de pares no domínio do Planeamento Familiar para que possam sensibilizar aos demais sobre a importância do Planeamento Familiar, uma vez que geralmente pessoas do mesmo sexo têm mais empatia e partilham alguns interesses em comum; b) Introdução de temáticas de género, Saúde Sexual e Reprodutiva e Planeamento Familiar nos currícula a partir do nível básico de ensino, por forma a conscientizar os homens ainda em tenra idade, sobre a importância do seu envolvimento nas questões reprodutivas; c) Criação de Unidades Sanitárias específicas ou de condições de atendimento exclusivo para o aconselhamento e saúde dos homens, pois, à semelhança das mulheres, eles também têm as suas dúvidas, anseios, expectativas e receios no que concerne à saúde no geral, e à Saúde Sexual e Reprodutiva, em especial. Ficha técnica Autora Vânia Pedro Revisores Nafissa Osman; Khátia Munguambe; Esmeralda Mariano; Celso Give