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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - UFMT
INSTITUTO DE GEOGRAFIA, HISTÓRIA E DOCUMENTAÇÃO
LICENCIATURA EM HISTÓRIA
GRACE CAROLINE DE ARRUDA
SÉRGIO SOUZA RAMOS
Orientador: Prof.ª. Drª. Adiléa De Lamônica Navarros
CUIABÁ/MT
2016
A Confissão da Leoa
• Autor: Mia Couto
• Editora: Companhia das
Letras
• Páginas: 256
• Lançamento: 2012
“Quem vive no escuro
inventa luzes”
Fonte:
http://www.companhiadasletras.com.br/
Escritor moçambicano nascido em Beira,
em 1955, tem exercitado, na lapidação da
palavra, a arte de reencantar o mundo.
É biólogo, jornalista e autor de mais de
trinta livros, entre prosa e poesia. Seu
romance Terra sonâmbula é considerado
um dos dez melhores livros africanos do
século XX. Recebeu uma série de prêmios
literários, entre eles o Prêmio Camões de
2013, o mais prestigioso da língua
portuguesa, e o Neustadt Prize de 2014. É
membro correspondente da Academia
Brasileira de Letras.Fonte:
http://www.companhiadasletras.com.br/
Obras do autor
• ANTES DE NASCER O MUNDO (2009)
• CADA HOMEM É UMA RAÇA (2013)
• A CONFISSÃO DA LEOA (2012)
• CONTOS DO NASCER DA TERRA
(2014)
• E SE OBAMA FOSSE AFRICANO?
(2011)
• ESTÓRIAS ABENSONHADAS (2012)
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• TERRA SONÂMBULA (2007)
• O ÚLTIMO VOO DO FLAMINGO
(2005)
• A VARANDA DO FRANGIPANI
(2007)
• VENENOS DE DEUS REMÉDIOS
DO DIABO (2008)
• VOZES ANOITECIDAS (2013)
Introdução
Mia Couto aborda na obra Confissão da Leoa, a
mulher em uma sociedade africana isolada e
patriarcal. A construção dos posicionamentos da
mulher e sua participação dentro comunidade onde
as tradições orais tem grande participação na
construção cultural da tribo . Ele contorna os anseios
das mulheres enfrentando as situações adversas, os
preconceitos e dificuldades. Principalmente a ligação
com a terra, com o lugar e com os leões.
Justificativa
Justifica-se pela escolha das mulheres e a sua força
sendo comparada como leoas. Inserida em um
contexto da relação dela em forma de proteção e
liderança, mas sempre esteve presente em papeis
secundários na construção da história. Presente
nessa sociedade isolada, a submissão das mulheres
está arraigada na simplicidade do seu povo .
“Deus já foi mulher”
Objetivos
• Conhecer as ausências femininas no contexto de
tomadas de decisão da comunidade.
• Universo ancestral e herança colonial.
• Dualidade e opressão sexual do feminino.
• Ataque de leoas e as vítimas serem mulheres
• Procura pela morte através do misticíssimos da
transformação em leão.
• Força da mulher.
Minha Leitura
• Baseado em fatos reais a obra relata as condições
de vida de habitantes de uma região do norte de
Moçambique sujeitos a ataque de leões que leva a
muitas mortes.
• “Até que os leões inventem as suas próprias
histórias, os caçadores serão sempre os heróis
das narrativas de caça”.
Provérbio africano
Localização
• Moçambique país localizado no
sudeste da África.
• Banhado pelo Oceano Índico.
• Cabo Delgado região retrata
• Aldeia Kulumani localizada no
norte de Moçambique.
Fonte: http://wikipedia.org
Fonte: http://wikipedia.org
Ambientação da obra
Mia Couto na prologo compromete-se criar uma prosa
poética que estabeleça elos com a vivência de seu país.
Afirmando a materialização das histórias de Moçambique.
Conta nas paginas do seu livro histórias individuais e
coletivas de seu povo, colocando suas experiências, devido
seu formação de biólogo e suas andanças por Moçambique.
Conta a história do caçador Arcanjo Baleiro já estivera na
aldeia dezesseis anos antes, ocasião em que salvara
Mariamar de um estupro, na época uma jovem de dezesseis
anos de idade. Desse encontro nasce uma paixão, no
entanto, o caçador parte da aldeia, deixando a moça sem
qualquer explicação.
• A confissão da leoa:
Em 2008, a empresa em que trabalho enviou quinze jovens
para atuarem como oficiais ambientais de campo durante a
abertura de linhas de prospecção sísmica em Cabo Delgado,
no Norte de Moçambique. Na mesma altura e na mesma
região, começaram a ocorrer ataques de leões a pessoas.
Em poucas semanas, o número de ataques fatais atingiu mais
de uma dezena. (...). Sugerimos à companhia petrolífera que
tomasse em suas mãos a superação definitiva dessa ameaça:
a liquidação dos leões comedores de pessoas.
Dois caçadores experientes foram contratados e deslocaram-se
de Maputo para a Vila de Palma, povoação onde se centravam
os ataques de leões. (...). Vivi esta situação muito de perto.
Frequentes visitas que fiz ao local onde decorria este drama
sugeriam-me a história que aqui relato, inspirada em factos e
personagens reais. (COUTO, 2012, p. 7- 8)
• O autor se inspira-se no caso ocorrido em Cabo Delgado
e ergue o pano de fundo para inserir os personagens da
trama que foram baseadas em pessoas reais. Entre as
personagens, estão os dois protagonistas, Mariamar e
Arcanjo Baleiro. Ambos são narradores-personagens,
pois a obra se desenvolve a partir de seus diários,
apresentados em forma de romance. Trata de impasses
sociais e históricos colocando a morte e a loucura, para
retratar as marcas das mulheres e da colonização e da
guerra.
Personagens
Diário: versão de Mariamar, retrata a versão de uma
moça que vive na aldeia Kulumani e conta sua versão
das leoas, relatando seus abusos sofridos até mesmo
dentro de casa e de seus sonhos. Com subjetividade ela
relata as tradições locais – a religiosidade, os costumes,
a memória. Fala de sua ligação com à terra e com rio
que um dia iria levá-la embora. E nesse mesmo rio que
começa o seu amor por um certo caçador.
Diário: escritos de Baleiro - diário do caçador
Apresenta o olhar do viajante, Baleiro sendo o
caçador contratado para matar os leões. Sendo
ele proveniente da capital, lança mão de sua
condição de estrangeiro para refletir sobre os
acontecimentos e posições das pessoas referente
aos assuntos da aldeia.
As lembranças são utilizadas por ambos para dar
sentido ao passado que explica o presente.
Criando questionamentos sobre a vida local, a
sociedade e as mulheres da aldeia.
• Hanifa Assulua – mãe de Mariamar
Silência – irmã de Mariamar morta por leoas
• Adjiru Kapitamoro- avô de Mariamar
• Genito Serafim Mpepe – pai de Mariamar
• Gustavo Regalo - registrar e reportar a caçada.
• Florindo Makwala - administrador da província
• Naftalinda – esposa do administrator e ex
colega de Mariamar no internato
• Tandi - empregada morta com violência
• Luzilia – esposa do irmão de Baleiro
Construção da obra
“Deus já foi mulher. Antes de se exilar para longe da sua
criação e quando ainda não se chamava Nungu, o atual
Senhor do Universo parecia-se com todos as mães deste
mundo. Nesse outro tempo, falávamos a mesma língua dos
mares, da terra e dos céus. O meu avó diz que esse reinado
há muito que morreu. Mas resta, algures dentro de nós,
memória dessa época longínqua. Sobrevivem ilusões e
certezas que, na nossa aldeia de Kulumani, são passadas de
geração em geração. Todos sabemos, por exemplo, que o céu
ainda não está acabado. São as mulheres que, desde há
milênios, vão tecendo esse infinito véu. Quando os seus
ventres se arredondam, uma porção de céu fica
acrescentada”.
(COUTO, 2012, p.13)
• O enredo se desenvolve assim em um pequeno
povoado no interior de Moçambique onde mulheres
começam a ser devoradas por leões. Uma empresa
que está na região contrata os serviços de Arcanjo
Baleiro para matar os animais que aterrorizam a
comunidade isolada.
• A narrativa segue com "A notícia" da morte da sua
irmã "Silência". A partir do luto da mãe, Mariamar
apresenta a vivência em Kulumani, "lugar fechado,
cercado pela geografia e atrofiado pelo medo"
(COUTO, 2012, p.21).
Na sociedade que Mariamar vive os ensinamentos são
transmitidos de mãe para filha. Ao revelar "Deus já foi
mulher“ a figura feminina nos escritos da moça mostram
a sociedade matrilinear. Os ensinamentos e lembranças
do seu avô a faz se encaminhar para outro tempo, para
recuperar as ilusões e certezas. Ao construir os
acontecimentos de sua aldeia, a jovem convoca a
tradição local, as crenças, as vozes das mulheres para
participarem da sua confissão.
- Não terás nunca que passar por tristezas de mãe.
- Por favor, mamã, acabei de perder a minha irmã- disse
eu.
-Não perderás nunca uma filha. Foi Deus que assim
quis. (...)
Eu, Mariamar Mpepe, estava duplamente condenada: a
ter um único lugar e a ser uma única vida. Uma mulher
infértil, em Kulumani, é menos que uma
coisa. (...)(COUTO, 2012, p.15-121)
Mariamar é proibida de sair de sua casa com o retorno
do caçador. Enclausurada, passa a relatar suas
memórias nos escritos, sua paralisia das pernas na
adolescência, as histórias do avô Adjiru, a permanência
na missão católica e os constantes acessos
psicológicos. Enquanto Baleiro utiliza-se da escrita para
observar o seu passado, a enfermidade mental do
irmão, a paixão reprimida pela cunhada, Luzilia, e a
morte do pai pelas mãos do irmão doente, a morte da
mãe sem explicação.
Nos pensamentos de ambos um tema comum converge
o humano frente à morte e à insanidade.
Baleiro explica que o morto ainda é parte integrante da
vida social, continuando a interferir nas regras dos
vivos. Já a loucura, para o caçador, é a alienação plena
e a verdadeira morte do sujeito social.
Mariamar fala a relação entre vida social e morte que
ganha outros sentidos. Ela se vê como alguém que
nunca nasceu. Nascida já morta, desumanizada e
desencontrada do meio social, persegue a sua própria
humanidade.
O autor trata de anulação feminina levando as
mulheres a condição de nascidas mortas. Estabelece-
se no romance o desaparecimento da existência
feminina: a mulher, seja na realidade tradicional ou no
contexto do assimilado, sofre a subjugação por meio da
exploração, da agressão física e psíquica e da
anulação do direito à voz.
Exemplos dessa subjugação é a mãe de Arcanjo Baleiro é
submetida a kusungabanga, isto é, costuram “a vagina da
mulher com agulha e faca” (COUTO, 2012, p. 203) antes da
emigração do marido para trabalhar.
Mariamar e suas irmãs são abusadas sexualmente pelo pai.
Tandi, empregada do administrador da província, é
violentada e morta pelos homens da aldeia por cruzar uma
região proibida às mulheres. A primeira dama da província,
Naftalinda, que antes tinha outro nome por ser gorda e
depois aparece como a voz que confrontará esta realidade,
denunciando em alto tom o crime cometido pelos homens e
demonstrando publicamente que se opõe às regras de
submissão impostas à mulher.
- A caçada devia ser outra. Os inimigos de Kulumani estão aqui, estão nesta
assembleia ! (...)
- Camarada primeira-dama, por favor, este é um encontro privado...
- Privado ? Não vejo nada de privado, aqui. E não me olhem assim que não
tenho medo. Sou como os leões que nos atacam: perdi o medo dos homens.
-Naftalinda, por favor, estamos reunidos aqui segundo a tradição antiga
solicita Makwala.
- Uma mulher foi violada e quase morta, nesta aldeia. E não foram leões que
o fizeram. Já não há lugar proibido para mim. (...)
-Mamã, há de pedir a palavra- adverte Florindo Makwala.
- A palavra é minha, não preciso pedir a ninguém. Estou a falar comigo,
Arcanjo Baleiro. Aponte a sua arma para outros alvos.
- Que conversa é esta, esposa ?
- Fingem que estão preocupados com os leões que nos tiram a vida. Eu,
como mulher, pergunto: mas que vida há ainda para nos tirar ?
- Mamã Naftalinda, por amor de Deus. Temos uma agenda para este evento.
-Sabe por que não deixam as mulheres falar ? Porque elas já estão mortas.
Esses aí, os poderosos do governo, esses ricos de agora, usam-nos para
trabalhar nas suas machambas.
- Maliqueto, por favor, leve a primeira-dama. Está a perturbar o nosso
workshop.
- Uns poucos ficam ricos. Há mortos que trabalham de noite para que uns
poucos fiquem ricos. (COUTO, 2012, p.114- 115)
O seu segredo e o das mulheres de Kulumani consistia no
misticíssimo de serem leoas. Esta relação é explicada pela
história de seu avô- Adjiru Kapitamoro, que era a luz de suas
lembranças:
Foi a vida que lhe roubou humanidade: tanto a trataram como
um bicho que você se pensou um animal. Mas você é mulher
(...) Fui eu que inventei que você era uma mulher seca, infértil.
Inventei essa falsidade para que nenhum homem de Kulumani
se interessasse por si. Estaria assim solteira, disponível para
sair e criar novas raízes longe daqui (...) Esse homem você já
encontrou.
(...) Ora como é que se convoca um caçador ? Fabriquei leões, e
a fama desses leões estendeu-se a toda a nação. Esse é o meu
segredo: não sou, como pensavam, um escultor de máscaras.
Sou um fazedor de leões.(COUTO, 2012, p.237)
• Nossa segunda leoa é Hanifa Assulua. Representa a base
da sociedade matrilinear; carrega a "corda do tempo" e
transmite os ensinamentos às filhas "Silência", às pequenas
gêmeas, "Uminha e Igualita", e à Mariamar. Sua voz aparece
nas lembranças da filha e do caçador:
- O senhor contou os leões ?
- Desde o primeiro dia que sei quantos são.
-Sabe quantos são. Mas não sabe quem são.
-Tem razão. Essa arte nunca aprenderei.
- O senhor sabe muito bem: os leões eram três. Falta ainda
um. (...)
- Eu sou a leoa que resta. É esse o segredo que só você
conhece.
Arcanjo Baleiro.
(COUTO, 2012, p.250- 251)
A mulher desenvolvia inúmeras atividades,
participando das praticas sociais. Aparecendo na
submissão mas, enfrentando preconceitos,
perseguições. As mulheres da Aldeia Kulumani
sobreviveram as tensões das guerras e pressões da
cultura dominante.
A versão de Mariamar e o diário do caçador buscam,
nas lembranças, o preenchimento dos vazios
existenciais. Ao olhar o passado, novas experiências do
presente são criadas alternativas na travessia da vida.
Referência Bibliográfica
MIA, Couto. A Confissão da Leoa. Ed: Companhia
das Letras, 2012 pg. 256

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A Confissão da Leoa: mulheres em sociedade patriarcal

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - UFMT INSTITUTO DE GEOGRAFIA, HISTÓRIA E DOCUMENTAÇÃO LICENCIATURA EM HISTÓRIA GRACE CAROLINE DE ARRUDA SÉRGIO SOUZA RAMOS Orientador: Prof.ª. Drª. Adiléa De Lamônica Navarros CUIABÁ/MT 2016 A Confissão da Leoa
  • 2. • Autor: Mia Couto • Editora: Companhia das Letras • Páginas: 256 • Lançamento: 2012 “Quem vive no escuro inventa luzes” Fonte: http://www.companhiadasletras.com.br/
  • 3. Escritor moçambicano nascido em Beira, em 1955, tem exercitado, na lapidação da palavra, a arte de reencantar o mundo. É biólogo, jornalista e autor de mais de trinta livros, entre prosa e poesia. Seu romance Terra sonâmbula é considerado um dos dez melhores livros africanos do século XX. Recebeu uma série de prêmios literários, entre eles o Prêmio Camões de 2013, o mais prestigioso da língua portuguesa, e o Neustadt Prize de 2014. É membro correspondente da Academia Brasileira de Letras.Fonte: http://www.companhiadasletras.com.br/
  • 4. Obras do autor • ANTES DE NASCER O MUNDO (2009) • CADA HOMEM É UMA RAÇA (2013) • A CONFISSÃO DA LEOA (2012) • CONTOS DO NASCER DA TERRA (2014) • E SE OBAMA FOSSE AFRICANO? (2011) • ESTÓRIAS ABENSONHADAS (2012) • O FIO DAS MISSANGAS (2009) • O GATO E O ESCURO (2008) • A MENINA SEM PALAVRA (2013) • MULHERES DE CINZAS (2015) • NA BERMA DE NENHUMA ESTRADA (2015) • O OUTRO PÉ DA SEREIA (2006) • POEMAS ESCOLHIDOS (2016) • UM RIO CHAMADO TEMPO, UMA CASA CHAMADA TERRA (2003) • SOMBRAS DA ÁGUA (2016) • TERRA SONÂMBULA (2007) • O ÚLTIMO VOO DO FLAMINGO (2005) • A VARANDA DO FRANGIPANI (2007) • VENENOS DE DEUS REMÉDIOS DO DIABO (2008) • VOZES ANOITECIDAS (2013)
  • 5. Introdução Mia Couto aborda na obra Confissão da Leoa, a mulher em uma sociedade africana isolada e patriarcal. A construção dos posicionamentos da mulher e sua participação dentro comunidade onde as tradições orais tem grande participação na construção cultural da tribo . Ele contorna os anseios das mulheres enfrentando as situações adversas, os preconceitos e dificuldades. Principalmente a ligação com a terra, com o lugar e com os leões.
  • 6. Justificativa Justifica-se pela escolha das mulheres e a sua força sendo comparada como leoas. Inserida em um contexto da relação dela em forma de proteção e liderança, mas sempre esteve presente em papeis secundários na construção da história. Presente nessa sociedade isolada, a submissão das mulheres está arraigada na simplicidade do seu povo . “Deus já foi mulher”
  • 7. Objetivos • Conhecer as ausências femininas no contexto de tomadas de decisão da comunidade. • Universo ancestral e herança colonial. • Dualidade e opressão sexual do feminino. • Ataque de leoas e as vítimas serem mulheres • Procura pela morte através do misticíssimos da transformação em leão. • Força da mulher.
  • 8. Minha Leitura • Baseado em fatos reais a obra relata as condições de vida de habitantes de uma região do norte de Moçambique sujeitos a ataque de leões que leva a muitas mortes. • “Até que os leões inventem as suas próprias histórias, os caçadores serão sempre os heróis das narrativas de caça”. Provérbio africano
  • 9. Localização • Moçambique país localizado no sudeste da África. • Banhado pelo Oceano Índico. • Cabo Delgado região retrata • Aldeia Kulumani localizada no norte de Moçambique. Fonte: http://wikipedia.org
  • 11. Ambientação da obra Mia Couto na prologo compromete-se criar uma prosa poética que estabeleça elos com a vivência de seu país. Afirmando a materialização das histórias de Moçambique. Conta nas paginas do seu livro histórias individuais e coletivas de seu povo, colocando suas experiências, devido seu formação de biólogo e suas andanças por Moçambique. Conta a história do caçador Arcanjo Baleiro já estivera na aldeia dezesseis anos antes, ocasião em que salvara Mariamar de um estupro, na época uma jovem de dezesseis anos de idade. Desse encontro nasce uma paixão, no entanto, o caçador parte da aldeia, deixando a moça sem qualquer explicação.
  • 12. • A confissão da leoa: Em 2008, a empresa em que trabalho enviou quinze jovens para atuarem como oficiais ambientais de campo durante a abertura de linhas de prospecção sísmica em Cabo Delgado, no Norte de Moçambique. Na mesma altura e na mesma região, começaram a ocorrer ataques de leões a pessoas. Em poucas semanas, o número de ataques fatais atingiu mais de uma dezena. (...). Sugerimos à companhia petrolífera que tomasse em suas mãos a superação definitiva dessa ameaça: a liquidação dos leões comedores de pessoas. Dois caçadores experientes foram contratados e deslocaram-se de Maputo para a Vila de Palma, povoação onde se centravam os ataques de leões. (...). Vivi esta situação muito de perto. Frequentes visitas que fiz ao local onde decorria este drama sugeriam-me a história que aqui relato, inspirada em factos e personagens reais. (COUTO, 2012, p. 7- 8)
  • 13. • O autor se inspira-se no caso ocorrido em Cabo Delgado e ergue o pano de fundo para inserir os personagens da trama que foram baseadas em pessoas reais. Entre as personagens, estão os dois protagonistas, Mariamar e Arcanjo Baleiro. Ambos são narradores-personagens, pois a obra se desenvolve a partir de seus diários, apresentados em forma de romance. Trata de impasses sociais e históricos colocando a morte e a loucura, para retratar as marcas das mulheres e da colonização e da guerra.
  • 14. Personagens Diário: versão de Mariamar, retrata a versão de uma moça que vive na aldeia Kulumani e conta sua versão das leoas, relatando seus abusos sofridos até mesmo dentro de casa e de seus sonhos. Com subjetividade ela relata as tradições locais – a religiosidade, os costumes, a memória. Fala de sua ligação com à terra e com rio que um dia iria levá-la embora. E nesse mesmo rio que começa o seu amor por um certo caçador.
  • 15. Diário: escritos de Baleiro - diário do caçador Apresenta o olhar do viajante, Baleiro sendo o caçador contratado para matar os leões. Sendo ele proveniente da capital, lança mão de sua condição de estrangeiro para refletir sobre os acontecimentos e posições das pessoas referente aos assuntos da aldeia. As lembranças são utilizadas por ambos para dar sentido ao passado que explica o presente. Criando questionamentos sobre a vida local, a sociedade e as mulheres da aldeia.
  • 16. • Hanifa Assulua – mãe de Mariamar Silência – irmã de Mariamar morta por leoas • Adjiru Kapitamoro- avô de Mariamar • Genito Serafim Mpepe – pai de Mariamar • Gustavo Regalo - registrar e reportar a caçada. • Florindo Makwala - administrador da província • Naftalinda – esposa do administrator e ex colega de Mariamar no internato • Tandi - empregada morta com violência • Luzilia – esposa do irmão de Baleiro
  • 17. Construção da obra “Deus já foi mulher. Antes de se exilar para longe da sua criação e quando ainda não se chamava Nungu, o atual Senhor do Universo parecia-se com todos as mães deste mundo. Nesse outro tempo, falávamos a mesma língua dos mares, da terra e dos céus. O meu avó diz que esse reinado há muito que morreu. Mas resta, algures dentro de nós, memória dessa época longínqua. Sobrevivem ilusões e certezas que, na nossa aldeia de Kulumani, são passadas de geração em geração. Todos sabemos, por exemplo, que o céu ainda não está acabado. São as mulheres que, desde há milênios, vão tecendo esse infinito véu. Quando os seus ventres se arredondam, uma porção de céu fica acrescentada”. (COUTO, 2012, p.13)
  • 18. • O enredo se desenvolve assim em um pequeno povoado no interior de Moçambique onde mulheres começam a ser devoradas por leões. Uma empresa que está na região contrata os serviços de Arcanjo Baleiro para matar os animais que aterrorizam a comunidade isolada. • A narrativa segue com "A notícia" da morte da sua irmã "Silência". A partir do luto da mãe, Mariamar apresenta a vivência em Kulumani, "lugar fechado, cercado pela geografia e atrofiado pelo medo" (COUTO, 2012, p.21).
  • 19. Na sociedade que Mariamar vive os ensinamentos são transmitidos de mãe para filha. Ao revelar "Deus já foi mulher“ a figura feminina nos escritos da moça mostram a sociedade matrilinear. Os ensinamentos e lembranças do seu avô a faz se encaminhar para outro tempo, para recuperar as ilusões e certezas. Ao construir os acontecimentos de sua aldeia, a jovem convoca a tradição local, as crenças, as vozes das mulheres para participarem da sua confissão.
  • 20. - Não terás nunca que passar por tristezas de mãe. - Por favor, mamã, acabei de perder a minha irmã- disse eu. -Não perderás nunca uma filha. Foi Deus que assim quis. (...) Eu, Mariamar Mpepe, estava duplamente condenada: a ter um único lugar e a ser uma única vida. Uma mulher infértil, em Kulumani, é menos que uma coisa. (...)(COUTO, 2012, p.15-121)
  • 21. Mariamar é proibida de sair de sua casa com o retorno do caçador. Enclausurada, passa a relatar suas memórias nos escritos, sua paralisia das pernas na adolescência, as histórias do avô Adjiru, a permanência na missão católica e os constantes acessos psicológicos. Enquanto Baleiro utiliza-se da escrita para observar o seu passado, a enfermidade mental do irmão, a paixão reprimida pela cunhada, Luzilia, e a morte do pai pelas mãos do irmão doente, a morte da mãe sem explicação.
  • 22. Nos pensamentos de ambos um tema comum converge o humano frente à morte e à insanidade. Baleiro explica que o morto ainda é parte integrante da vida social, continuando a interferir nas regras dos vivos. Já a loucura, para o caçador, é a alienação plena e a verdadeira morte do sujeito social. Mariamar fala a relação entre vida social e morte que ganha outros sentidos. Ela se vê como alguém que nunca nasceu. Nascida já morta, desumanizada e desencontrada do meio social, persegue a sua própria humanidade.
  • 23. O autor trata de anulação feminina levando as mulheres a condição de nascidas mortas. Estabelece- se no romance o desaparecimento da existência feminina: a mulher, seja na realidade tradicional ou no contexto do assimilado, sofre a subjugação por meio da exploração, da agressão física e psíquica e da anulação do direito à voz.
  • 24. Exemplos dessa subjugação é a mãe de Arcanjo Baleiro é submetida a kusungabanga, isto é, costuram “a vagina da mulher com agulha e faca” (COUTO, 2012, p. 203) antes da emigração do marido para trabalhar. Mariamar e suas irmãs são abusadas sexualmente pelo pai. Tandi, empregada do administrador da província, é violentada e morta pelos homens da aldeia por cruzar uma região proibida às mulheres. A primeira dama da província, Naftalinda, que antes tinha outro nome por ser gorda e depois aparece como a voz que confrontará esta realidade, denunciando em alto tom o crime cometido pelos homens e demonstrando publicamente que se opõe às regras de submissão impostas à mulher.
  • 25. - A caçada devia ser outra. Os inimigos de Kulumani estão aqui, estão nesta assembleia ! (...) - Camarada primeira-dama, por favor, este é um encontro privado... - Privado ? Não vejo nada de privado, aqui. E não me olhem assim que não tenho medo. Sou como os leões que nos atacam: perdi o medo dos homens. -Naftalinda, por favor, estamos reunidos aqui segundo a tradição antiga solicita Makwala. - Uma mulher foi violada e quase morta, nesta aldeia. E não foram leões que o fizeram. Já não há lugar proibido para mim. (...) -Mamã, há de pedir a palavra- adverte Florindo Makwala. - A palavra é minha, não preciso pedir a ninguém. Estou a falar comigo, Arcanjo Baleiro. Aponte a sua arma para outros alvos. - Que conversa é esta, esposa ? - Fingem que estão preocupados com os leões que nos tiram a vida. Eu, como mulher, pergunto: mas que vida há ainda para nos tirar ? - Mamã Naftalinda, por amor de Deus. Temos uma agenda para este evento. -Sabe por que não deixam as mulheres falar ? Porque elas já estão mortas. Esses aí, os poderosos do governo, esses ricos de agora, usam-nos para trabalhar nas suas machambas. - Maliqueto, por favor, leve a primeira-dama. Está a perturbar o nosso workshop. - Uns poucos ficam ricos. Há mortos que trabalham de noite para que uns poucos fiquem ricos. (COUTO, 2012, p.114- 115)
  • 26. O seu segredo e o das mulheres de Kulumani consistia no misticíssimo de serem leoas. Esta relação é explicada pela história de seu avô- Adjiru Kapitamoro, que era a luz de suas lembranças: Foi a vida que lhe roubou humanidade: tanto a trataram como um bicho que você se pensou um animal. Mas você é mulher (...) Fui eu que inventei que você era uma mulher seca, infértil. Inventei essa falsidade para que nenhum homem de Kulumani se interessasse por si. Estaria assim solteira, disponível para sair e criar novas raízes longe daqui (...) Esse homem você já encontrou. (...) Ora como é que se convoca um caçador ? Fabriquei leões, e a fama desses leões estendeu-se a toda a nação. Esse é o meu segredo: não sou, como pensavam, um escultor de máscaras. Sou um fazedor de leões.(COUTO, 2012, p.237)
  • 27. • Nossa segunda leoa é Hanifa Assulua. Representa a base da sociedade matrilinear; carrega a "corda do tempo" e transmite os ensinamentos às filhas "Silência", às pequenas gêmeas, "Uminha e Igualita", e à Mariamar. Sua voz aparece nas lembranças da filha e do caçador: - O senhor contou os leões ? - Desde o primeiro dia que sei quantos são. -Sabe quantos são. Mas não sabe quem são. -Tem razão. Essa arte nunca aprenderei. - O senhor sabe muito bem: os leões eram três. Falta ainda um. (...) - Eu sou a leoa que resta. É esse o segredo que só você conhece. Arcanjo Baleiro. (COUTO, 2012, p.250- 251)
  • 28. A mulher desenvolvia inúmeras atividades, participando das praticas sociais. Aparecendo na submissão mas, enfrentando preconceitos, perseguições. As mulheres da Aldeia Kulumani sobreviveram as tensões das guerras e pressões da cultura dominante. A versão de Mariamar e o diário do caçador buscam, nas lembranças, o preenchimento dos vazios existenciais. Ao olhar o passado, novas experiências do presente são criadas alternativas na travessia da vida.
  • 29. Referência Bibliográfica MIA, Couto. A Confissão da Leoa. Ed: Companhia das Letras, 2012 pg. 256