1. DESIGNAÇÃO DE
CAMPO
Ciência e epistemologia (1):
em busca do conceito de ciência
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2. I. O que é a CIÊNCIA?
1. Ambiguidade do termo:
valor do absolutamente verdadeiro;
produção do conhecimento novo e identificável, ligado a
instituições, investimentos e desenvolvimento técnico.
2. Não há uma ideia única de ciência que possa
corresponder às diferentes ciências.
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3. II. As primeiras concepções de CIÊNCIA
1. Origem da filosofia ocidental: Platão e filósofos
definição das ciências como “o fim desinteressado da
vida cognitiva”. Direções:
ruptura com a percepção/sensação;
ruptura com a opinião.
2. A ciência é DEMONSTRATIVA de CAUSAS, é necessária e
universal (Aristóteles).
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4. 3. Filósofos: tentativas de discernir o problema da filosofia
por seus métodos.
Problema: distinguir as atividades científicas de outras
atividades (arte, religião, estratégia politica).
4. Definição de ciência pela experiência e não pelo
método (como o fez Aristóteles):
Problema com a matemática que não tem objetos
suscetíveis de experiência externa.
5. Solução kantinana: considerar as matemáticas como
produto de reflexão do espírito sobre o modo pelo qual
se percebe o mundo. Matemáticas disciplinas
formais e não empíricas.
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5. III. Caráter empírico e refutação do
conhecimento
1. Definição de ciência relação com um objeto
externo, para demarcação do que é e do que não é
ciência.
2. Karl Popper e a refutação para a comprovação do
caráter empírico das ciências racionalismo crítico.
3. Contra K. Popper proposições universais não
podem ser demonstradas empiricamente e seria
preciso verificarem-se todos os casos, já que o
universal implica o futuro. Um único caso negativo
refuta uma proposição e, paradoxalmente, apenas os
resultados negativos são demonstrativos e, nesse caso,
o que distinguiria a ciência seria apenas a refutação.
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6. 2. Duas questões sobre a falibilidade das ciências
i. A refutabilidade: as hipóteses comportam núcleos
metafísicos. Ex.: Resultado negativo das experiências
de Albert Michelson e Edward W. Morly levaram
Einstein a admitir a constância da velocidade da luz e a
mudar o conceito de tempo da mecânica newtoniana.
O exemplo mostra que a hipótese tem de ser testada e
retestada. O que se confronta com a experiência é o
conjunto da teoria; o que inclui a parte da teoria que
permite construir instrumentos.
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7. As ciências como fenômenos sociais
Ciência – fenômeno que se pode apreender por meio de
3 componentes:
1. TEÓRICO: conjunto de conhecimentos e de conceitos,
de protocolos experimentais, de expertise técnica que
permite construir novos conhecimentos.
2. SOCIOLÓGICO: organização social dos envolvidos na
atividade científica.
3. PRÁTICO: conjunto de interesses que movem a
sociedade para novas descobertas científicas.
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8. 2. Duas questões sobre a falibilidade das ciências
ii. Relação da ciência com a noção de VERDADE: .
senso comum: o conhecimento científico é sempre
verdade e uma hipótese falsa não é científica. Ex.:
a teoria de Ptolomeu: a terra é o centro do universo;
a biologia aristotélica que considerava as espécies vivas
fixas e imutáveis.
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9. Observações
Ciências são realidades históricas e sociais destinadas a
produzir certas formas de conhecimento.
Uma das características das ciências é a constante
retificação de conhecimentos produzidos.
Ética: o conhecimento deve ser público, submetido ao
controle coletivo e jamais admitido como definitivo.
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10. A ciência ocidental moderna
1. As ciências em todas as partes do mundo é a mesma.
2. A revolução científica do Ocidente, século XVI
mudança na sociedade.
Contexto / Horizonte:
>Fim da Idade Média e do feudalismo;
> As grandes descobertas, começo da expansão ocidental.
Isso levou ao que disse Descartes: “nous rendre maître
et professeurs de la nature” [tornar-nos mestres e
professores da natureza].
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11. Mudança no componente teórico
Exemplos:
1. Galileu e a lei da queda dos corpos (gravidade) :
utiliza a matemática para representar a estrutura interna
do real. “O livro da natureza é escrito com figuras e
números”.
Newton e a lei da gravitação universal, o movimento dos
corpos terrestres e celestes a partir de relações
matemáticas simples supõe que o real é homogêneo a
nossos conhecimentos matematização da física.
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12. Lei da Natureza – os fenômenos se produzem segundo
modalidades exatamente definidas, uma vez conhecidas suas
condições iniciais.
A ciência moderna é dotada de um conteúdo metafísico que se
exprimira no século XIX sob a forma do determinismo.
A Física e a Matemática servem de modelo à nossa
concepção de ciência. Seguiram esse modelo a:
− Química: século XVIII
− Biologia: século XIX e XX (biomolecular)
− Contudo, nem todas as disciplinas se conformam nesse
modelo. Por ex.:
− Paleontologia
− Geologia
− Teoria da evolução
− Cosmologia, etc.
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13. Ciências do homem
1. Fundamentos também antigos. Quatro disciplinas cardeais,
ligadas a importantes revoluções na história da humanidade:
2. Gramática
Astronomia
Matemática
Direito
Seu objeto não tem a mesma perenidade que os fenômenos
naturais. Sua constituição teórica é mais complexa do que as
das ciências da natureza. Depende não somente da
observação, mas também também das aptidões que os
homens têm quando eles agem. Disso conclui-se que essas
ciências não podem ser somente experimentais.
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14. Importante etapa do conhecimento humano foi alcançado no
século XX quando se pôde estender a noção de cálculo ao
conjunto das decisões racionais do sujeito da ação. Por isso,
somos capazes de:
i. explicar escolhas de diferentes atores pela teoria dos jogos.
ii. Levar a gramática das línguas naturais a processos de
autonomização (gramáticas formais) mecanização.
Conclusão
i. Prevê-se que a complexidade de nossas sociedades
conduzirá rapidamente essas disciplinas a tomar um lugar
mais importante na história do fenômeno científico ao qual
de se encontra ligado o desenvolvimento da civilização
moderna.
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15. Auroux, Sylvain (1976). Qu’est-ce l’épistemologie?
Dialogue, vol. 15 (2), p. 302-320.
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Notas do Editor
Interpretações da ciência dadas no curso da história: o conhecimento é um processo de verificação pelo qual toda operação cognitiva dirige-se a um objeto e tende a instaurar com o próprio objeto uma RELAÇÃO da qual vena a emergir uma característica efetiva deste. São duas as alternativas no curso da história da filosofia:
1º a RELAÇÃO é uma identidade ou semelhança (fraca ou parcial) e a operação cognitiva é um procedimento de identificação com o objeto ou uma sua reprodução. O conhecimento é uma imagem ou o retrato do objeto.
2º a relação cognitiva é uma apresentação do objeto e a operação cognitiva um processo de TRANSCENDÊNCIA. O conhecimento é uma REPRESENTAÇÃO.