5. O corpo, a Igreja e o pecado
Para enxergar como nossos antepassados se
relacionavam, precisamos olhar pelas “frestas dos
muros”, “das rachaduras das portas”.
O Brasil na época da colonização era POBRE.
6. Noção de intimidade (Séculos XVI e XVIII):
Fazer sexo, andar nu ou ter reações eróticas
eram práticas que correspondiam a ritos
estabelecidos pelo grupo no qual se estava
inserido. Regras, regulavam condutas. Leis
eram interiorizadas. O sentimento de
coletividade se sobrepunha ao de
individualidade.
8. No início, era o Paraíso
1500 – Pleno desabrochar do Renascimento na
Europa e chegada dos “alfacinhas” ao Brasil.
1566 – A palavra “erótico” é dicionarizada na
França. É “o que tiver relação com o amor ou
proceder dele”.
“Nu” na época da Colônia não era sinônimo de
erotismo.
9. Para os portugueses e europeus em geral, a
nudez dos nativos americanos não era sinal de
sensualidade, mas sim de pureza.
Para os portugueses, gordura e pelos eram
sinônimos de beleza. Logo, as índias “eram
pobres” nesse sentido.
10. Além da magreza e da nudez, o retrato das
“americanas” ostentava também os ossos
daqueles que tinham sido devorados nos
banquetes antropofágicos.
Daí as interpretações passaram da pureza
para a pobreza, em seguida, da pobreza para
o horror ... horror dessa gente que comia
gente.
11. Desde o início da colonização lutou-se contra a
nudez e aquilo que ela representava.
Padres jesuítas, como o Padre Manoel de
Nóbrega, mandaram buscar na Europa, tecidos
de algodão para vestir as crianças.
12. Vestir o índio era afastá-lo do mal e do pecado.
Queixa do Padre Anchieta: “além de andar
peladas, as indígenas não se negavam a
ninguém”.
A associação entre nudez e luxúria provocavam
os castigos divinos.
13. Os seios
Não eram vistos como sensuais, mas como
instrumento de trabalho de um sexo que devia
recolher-se ao pudor e a maternidade.
14. E depois, o Inferno
A sexualidade, as funções corporais e a nudez.
Europeus x Nativos
“Os selvagens não tinham sido ungidos pela
graça divina”.
E seria ofensivo colocar em dúvida o
comportamento cristão para seguir o exemplo
dos índios.
15. Banhos: Nas civilizações antigas estava
associado ao prazer. Por diversas vezes
tentaram acabar com os “banhos bordeis”.
Dessa forma, o banho era considerado coisa de
impuros, e ficou proibido aos religiosos, até a
Idade Média, e tiveram-se vestígios de
repressão do banho na Idade Moderna.
16. O Banho
A sociedade brasileira se formou, portanto, com
a colaboração de quatro grupos básicos: índios,
colonizadores, negros e imigrantes. Os grupos
foram se misturando e cada um deixou uma
importante herança para a cultura brasileira.
17. Os missionários e as tentativas de
vestir os índios
“os índios da terra de ordinário andam nus e
quando muito vestem alguma roupa de
algodão ou de pano de baixo e nisto usam de
primores a seu modo, por que um dia saem
com gorro, carapuça ou chapéu na cabeça e o
mais nu. [...] e se vão passear somente com o
gorro na cabeça sem outra roupa e lhes
parece que vão assim mui galantes.”
- Padre Anchieta
18. O cheiro do Prazer
Higiene associada ao prazer físico era inexistente;
Segundo John Luccock os banhos frequentes não
eram nada apreciados pelos homens.
Almíscar: secreção de forte odor extraída de uma
glândula animal.
âmbar cinza: Em fresco tem cheiro fecal.
Gregório de Matos e sua preferência peculiar ao
cheiro natural.
Baltazar Dias e o pedaço de sabão.
19. Gregório de Matos
Gregório de Matos Guerra - vulgo Boca do
Inferno.
- Nascimento: 23 de dezembro de 1636, Salvador,
Bahia (capitania da Baía, Brasil colonial).
- Morte: 26 de novembro de 1696, Recife,
Pernambuco (Capitania de Pernambuco, Brasil
colonial).
- Ocupação: Advogado e poeta.
20. Preferência do poeta Gregório de
Matos
“Lavai-vós quando o sujeis
E porque vos fique o ensaio
Depois de foder lavai-o
Mas antes não o laveis”
E ainda reclamava se lavassem
“Lavar a carne é desgraça
Em toda parte do Norte
Porque diz, que dessa sorte
Perde a carne o sal, a graça;
E se vós por essa traça
Lhes tirais o passarete
O sal, a graça, o cheirete,
Em pouco a duvida topa
Se me quereis dar a sopa
Daí-me com todo o sainete.”
21. Divórcio pelo mau cheiro
Em São Paulo, na segunda metade do século
XVIII, Ana Luísa Meneses acusava o cônjuge
de “pitar tabaco de fumo”, que lhe conferia um
“terrível hálito que se faz insuportável a quem
dele participa”.
22. Deitar onde?
“As casas têm em geral três ou quatro andares.
Internamente, essas residências são muito mal
mobiliadas, ainda que muitas delas tenham
quartos adornados com bonitas pinturas.”
Questão da limpeza das casas e do lugar da
intimidade.
23. Asseio e regras de civilidade:
“Os moradores da Colônia ainda estavam muito
próximos de comportamentos julgados
selvagens na Europa.”
24. Gregório de Matos
“A uma mulher que se borrou na igreja em
quinta-feira de Endoenças.”
“A uma mulher corpulenta que em noite de
Natal soltou um traque para chegar ao
confessionário.”
25. Relato A Voyage to Conchinchina in the Years
of 1792 and 1793
26. Onde se esconde o desejo
“Moura encantada”: tipo delicioso de mulher
morena de olhos pretos;
- Segundo Freyre, envolta em misticismo sexual –
sempre de encarnado, sempre penteando os
cabelos e banhando-se nos rios.
- Os europeus viam de inicio a moura encantada
nas indígenas.
“O que mais se esconde mais se quer ver”.
O pé como isca para o despertar do desejo.
A mulher, perigosa por sua beleza e sexualidade.
27. “porém vendo sair d’entre o vestido
Um lascivo pezinho torneado”
Bocage
28. Querida serpente
A mulher e o pecado
Melhorar a aparência ou modificá-la era
pecado.
Cuidados com a beleza e com a roupa
30. O obscuro objeto de desejo
A mulher afastada de seu corpo.
A mulher demonizada.
“Porta do inferno e entrada do diabo, pela qual os
luxuriosos gulosos de seus mais ardentes e libidinosos
desejos descem ao inferno”.
A mulher apenas como reprodutora.
Renaldus Colombo e o “amor Veneris dulcedo
appeletur”.
31. A mulher descente
As “descentes” costumavam depilar ou raspar
as partes pudendas para destituí-las de
qualquer valor erótico.
32. Menoridade física da mulher
A vagina era considerada um pênis interior, o útero,
uma bolsa escrotal; os ovários, testículos.
O útero e o saco escrotal, para Alberto Grande,
estava associado a bolsa:
- Masculino: bolsa com significado social e
econômico ( banqueiros, comerciantes);
- Feminino: bolsa com significado de espaço de
espera, imobilidade e gestação;
33. Um “animal” perigoso
A mulher reduzida a sua bestialidade.
Para Bernado Pereira, o útero era capaz de
deslocar-se no interior do corpo da mulher,
subindo até sua garganta e causando-lhe
asfixia.
Características do útero.
34. “A mulher não pode viver sem o
homem.”
A partir do momento que nascesse, sua vida
estaria para sempre subjugada ao homem.
Primeiro estava submissa ao pai que era seu
responsável e a preservava até seu casamento,
a partir daí, o marido ocupava o lugar, e ela
como mulher virtuosa, lhe devia obediência.
35. O prazer maldito
“As fêmeas dos animais fogem dos machos tão
logo são fecundadas; o contrário acontece as
mulheres; pois elas os desejam para a
deleitação e não somente para a multiplicação
da espécie”.
36. A mulher como ninho de pecados.
Ao mesmo tempo desejada pelos homens. eram
repudiadas.
Seu corpo como espaço impuro.
Venenosa e traiçoeira.
37. Afrodisia ou como despertar o
apetite
O prazer
Gastronomia afrodisíaca
Impotência sexual
Necessidade do aumento de apetite sexual
38. Gastronomia afrodisíaca
Sopas de testículos de ovelhas, omeletes de
testículos de galo, cebolas cruas, pinhões,
trufas, entre outros ingredientes encarregados
de estimular o desejo.
39. Remédios para os “Jogos de Amor”
Garcia da Orta: Cronista que se dedicou ao
estudo da farmacopeia oriental.
Afrodisíacos:
• Cannabis sativa
• Ópio
• Bétel
40. Guilherme Piso: Primeiro a registrar algumas
plantas afrodisíacas do Brasil.
• Bacopa
• Banana
• Amendoim
41. O chocolate, por provocar excesso de calor,
foi condenado pela Igreja. Em seu lugar, surgiu
o café.
42. Pecados abaixo do Equador
“abaixo do equador não há pecado”
“que nenhuma mulher, desejasse o lugar de
amante de seu marido”.
- Aristóteles
43. Namoro de bufarinheiro: piscadelas de olho,
gestos recatados com as mãos e bocas para as
mulheres que estavam na janela.
Namoro de escarrinho: ficava fungando como
quem estivesse resfriado, encostado na janela, se
ela o quisesse respondia com tosses, assoar de
nariz, e cuspes no chão.
44. Sedução ousada
“chupar a língua”, “enfiar a língua na boca”.
“pegar nos peitos” e “apalpar as partes
pudendas”.
46. “Tal fogo em mim senti, que de improviso
Sem nada lhe dizer me fui despindo
Te ficar nu em pelo, e o membro feito
[…]
Nise cheia de susto e casto pejo
Junto a mim sentou-se sem resolver-se
Eu mesmo a fui despindo, e fui tirando
Quanto cobria seu airoso corpo
Era feito de neve: os ombros altos
O colo branco, o cu roliço e branco
A barriga espaçosa, o cono estreito
O pentelho mui denso, escuro e liso
Coxas piramidais, pernas roliças
O pé pequeno… oh céus! Como és formosa”
- Bocage
47. “ um levantar de saias, e abaixar de calças”
48. O sexo proibido
Proibições durante o sexo
O Beijo era controlado por sua “deleitação
natural e sensitiva”, sendo considerado “pecado
grave porque é tão indecente e perigoso”.
49. Casamento
Jovens que se negaram a “consumar” o
casamento - Caso de Escolástica Garcia
Como funcionava o casamento
50. “Vamos deitar”
Racismo e machismo
- Gilberto Freyre: “branca pra casar, mulata pra
foder e nega pra trabalhar”.
Degradação sexual
Gregório de Matos
Rituais de sedução dos afro-descendentes
Palavras de origem banto e iorubá
51. Gregório de Matos
“anca de vaca”, “peito derribado”, “horrível
odre”, “vaso atroz”, “puta canalha”.
52. Trecho de uma conversa, para
práticas sexuais
- UHÁMIMELAMHI: vamos deitar-nos
- NHIMÁDOMHÃ: eu não vou lá
- GUIDÁSUCAM: tu tens amigos? (machos)
- HUMDÁSUCAM: eu tenho amigos (macho)
- NHIMÁCÓHINHÍNUM: eu ainda não sei dos seus negócios
- NHITIMCAM: eu tenho hímen
- SÓHÁ MÁDÉNAUHE: dê cá que eu to tirarei
- GUIGÉROUME: tu me queres?
- GUITIM A SITÓH: vosmicê tem sua amiga (mulher)
- GUI HINHÓGAMPÈ GUÀSUHÉ: tu é mais formosa do que ela
(mulher)
53. Palavras de origem banto e iorubá
Xodó: namorado, amante, paixão, amante
Nozdo: amor e desejo
Naborodô: fazer amor
Caxuxa: nome afetuoso para mulher jovem
Enxodozado: apaixonado
Indumba: adulterio
Kukungola: jovem solteira que perdeu a virgindade
Dengue, candongo e handonga: bem-querer, benzinho,
amor
Binga: homem chifrudo
Huhádumi: venha me comer/foder
54. A recusa do prazer
De um lado, os sentimentos, do outro, a
sexualidade.
Cerimônias religiosas como ocasião de jovens
se encontrarem.
Carta Pastoral de Dom Alexandre Marques,
de 1732: Proibia a entrada nas igrejas de
pessoas casadas e que estivessem
desacompanhadas de seu par.
55. “Lugar de culto, lugar público, a igreja seria,
então, também um lugar de sedução e de
prazer. Onde, vez por outra, Deus dava lugar
ao Diabo.”
56. O diabo no confessionário
• O caso de Marciana Evangelha.
• Pe. Custódio Bernardo Fernandes e Catarina
Vitória de Jesus.
Dificuldades da efetivação da Reforma
Católica
57. Gregório de Matos
“ o casado de enfadado
Por não ter a quem lhe aplique
Anda já tão desleixado
Que inda depois de deitado
Não faz senão o trique-trique”
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“o amor é finalmente
Um embaraço de pernas
Uma união de barrigas
Um breve temor de artérias
Uma confusão de bocas
Uma batalha de veias,
Um rebuliço de ancas
Quem diz outra coisa é besta”
61. “Os que se surpreendem na prática da sodomia são
obrigados a levar, por dois dias, o calçado preso ao
pescoço, punição que indica terem eles invertido a ordem
natural das coisas, pondo os pés sobre a cabeça.”
T. Campanella. A cidade do sol
62. Entre os atos e o caráter
Michel Foucault em “A vontade de saber”:
Conceito de Homossexualismo.
Distinção entre o sodomita e o homossexual
63. Sodomia - Origem
Antigo Testamento – livro de Gênesis –
destruição de Sodoma.
64. Visão do Cristianismo – a sodomia passou a
confundir-se a ideia de luxúria e a noção de
fornicação.
Séculos XI e XII
“Cura para a sodomia”
65. Na crônica popular as mulheres eram tratadas por
“machos” se agissem como homens.
“soys e não soys dama”, “soys macho”. – Dom João de
Menezes (No Cancioneiro geral de Garcia de Resende)
“que rendidos homens queres / Que por amores te tomam?
Se és mulher, não para homem / E és homem para
mulheres?” – Gregório de Matos (“a uma dama que
mancheava outras mulheres”)
66. Da tolerância a hostilidade
Séculos XV e XVI – os Estados europeus
reforçaram sua hostilidade jurídica contra os
culpados de sodomia.
Punição dos nefandos em Portugal
Caso de um padeiro da Valência moderna, acusado
de sodomia e que fora absolvido por falta de
provas.
67. “Guetos” nefandos, amores lésbicos
“A história da homossexualidade é muito mais do
que a história do sexo: ela revela atitudes e práticas
sociais, vínculos de amizade, emoções e desejos”.
(ALDRICH, 1983)
68. Perseguição desigual
- A elite praticava a sodomia tão igual as classes
baixas.
Moderna Sodoma e o “vicio italiano”
- Número menor de mortes por práticas de sodomia.
Meios para diminuir a sodomia:
- ÓNESTA
- Tamburi
69. Homossexualidade nas elites
França ( beau vice)
- Homossexualidade vista como um charme dos nobres
franceses.
- Confraria
- Artigo 4°
Valencia, segundo Rafael Cardoso:
- guetos, com a própria linguagem.
Portugal
- Onde D. Pedro amava seu escudeiro Afonso Madeira, mais
do que se tem registros.
- Lisboa: Se misturava a prostituição aberta.
70. Guetos: Locais onde haviam grupos que se
concentravam por medo do castigo
eclesiástico.
71. “bordeis” homossexuais, por Luiz
Mott
A casa do padre Santos de Almeida
Padre Pedro Furtado
Leigos ou clérigos, ostentavam nomes de
gênero oposto.
72. Homossexuais femininas
Em Lisboa, 1574: duas freiras pegas pela
Inquisição por relações “quase nefandas”, a mais
velha dizia-se mãe da mais nova, e a dava o peito
“para mamar”.
Benedetta Carlini de Vellano, seduziu sua
“escudeira” Bartolomea Crivelli, dizendo ser o anjo
Splenditello tocando em seus seios, beijando seu
pescoço e prometendo fidelidade eterna em “voz
celestial”.
73. Somítigos e fanchonos
Brasil colônia – favorecia certa tolerância aos
homossexuais.
Gilberto Freyre – era para “as mãos de indivíduos
bissexuais ou bissexualizados pela idade” que em geral
recaia os poderes e as funções de místicos ou
curandeiros (pajés).
Fanchonos e somíticos tiveram que adaptar seus
amores a promiscuidade característica de toda a
Colônia.
74. Sociologia dos nefandos coloniais
“não há galinhas que não ponha ovos, nem
criado que não fosse pra cometer sodomia”.
22%: pertenciam a camada de homens livres
15%: artesãos e trabalhadores livres
3%: padres
22%: autoridades, grandes mercadores, donos
de engenho...
75. Cor da pele
As práticas sodomitas não era raram entre
escravos.
46%: brancos
25%: negros
14%: índios
14%: mestiços, mulatos ou mamelucos
76. Baltazar de Lomba, homem branco, 50 anos.
Mudou-se para a aldeia de guaramane, em
Pernambuco, em busca de aventuras nefandas
com os índios.
77. Idade
De 65 rapazes (54%):
- 30 rapazes (25%) tinham menos de 20 anos;
Não se pode chamar todos de nefandos ou
homossexuais.
Haviam os mais velhos:
- acima de 25 anos até 50
- Desde meninos buscavam prazer em homens
E os mais velhos ainda com mais de 50 anos
78. Acima de 50 anos
Padre Frutoso, 68 anos, beijava, abraçava e
masturbava jovens de várias cores e idades.
79. Personagens, desejos e amores
Travestis
e os que não se travestiam
Padres:
- O padre Furtado, conhecido como “dona Paula de
Lisboa” ainda em Portugal, seduziu um jovem de
23 anos, chamado Manuel de Brito, com quem
manteve cerca de 200 cópulas anais durante um
ano e meio, sendo sempre “paciente”(passivo). E
mais ainda dizia que seu ânus era vaso de mulher,
e o sangue que as vezes saia era menstruo.
80. Personagens singulares
Francisco Congo,escravo de um sapateiro na
Bahia do século XVI, se travestia de mulher no
dia a dia e se recusava a usar roupas de homem
dada por seu senhor afirmando ser da cultura
de seu país.
Antônio durante o dia, “negra vitoria” ao
anoitecer, se passava por prostituta, foi
denunciado por um cliente.
81. Miguel Fonseca, cristão-novo, solteiro, praticava
o ato de forma violenta.
João batista, 33 anos, judeu recém convertido
ao cristianismo, praticava o ato tanto com
homens quanto com mulheres negras.
82. Salvador Romeiro, 45 anos, tinha pouco mais
de 20 anos quando casou com a mulata Ana
Fernandes, praticava a sodomia com outros
rapazes, foi denunciado e degredado, e
continuou a praticar. Se casou novamente.
- Processado novamente, só que agora, também
por bigamia.
83. Luis Delgado, manteve atos nefandos enquanto
estava preso com o irmão de sua prometida. Ele
tinha 10 ou 12 anos, foi preso, e solto
novamente. Continuou a se relacionar com
rapazes. Era rico e casado.
84. O outro lado da sodomia: relações,
violências, miséria
Mercador Fulgêncio Cardoso e Bartolomeu
Cardoso.
Antônio e Bastião de Aguiar.
As relações nefandas nada mais eram do que
desdobramentos de escravidão, do abuso de poder
e da miséria colonial.
85. Mulheres nefandas
Poucos registros
- Brasil, 29 casos.
Falta de interesse sobre a vida das mulheres
Confissões do passado
86. Mulheres nefandas
Madalena Pimentel, 46 anos, viúva de um
fazendeiro, admitiu ter vivido quando moça
“amizade tola e de pouco saber com outras moças
de sua mesma idade”, incluindo “contatos carnais”.
Catarina Baroa, antes de se casar aos 15 anos,
estava sempre a namorar meninas de dez anos ou
menos. Relatado por Isabel Marques, com quem
Catarina manteve “namoricos”.
87. Se relacionar com mulheres quando jovem não
significava que era lésbica.
Praticamente todas se casavam com homens
no fim das contas.
88. O casamento e a preferência por
mulheres
Maria de Lucena, mameluca, 25 anos, não era
mais virgem, iria se casar, apaixonada por
Magayda e Vitória. Ambas eram índias.
Paula de Siqueira, 38 anos, casada, e sabia ler,
apaixonada pelo livro Diana, trocava beijos com
Felipa de Souza, e passaram um dia inteiro
praticando atos sexuais.
89. Felipa de Souza
Marcante por “grande amor e afeição carnal que
sentia” pelas mulheres.
Foi denunciada por grande parte de suas
amantes
Recebeu a mais dura pena vista até então:
açoites e degredo perpétuo para fora da
capitania.
90. “O lesbianismo talvez fosse, na época, a única
saída para as mulheres saberem o que era o
amor não brutalizado.”
91. Bibliografia
PRIORE, Mary Del. Da Colônia ao Império.
Histórias Íntimas: Sexualidade e Erotismo na
História do Brasil. São Paulo: Planeta do Brasil,
2011, p. 11-53.
VAINFAS, Ronaldo. O nefando e a colônia.
Trópico dos Pecados: moral, sexualidade e
Inquisição no Brasil Colonial. Rio de Janeiro:
Campus, 1989, p. 191-241.