2. Cefaléia
• Popularmente chamada dor de cabeça
• É um sintoma freqüentemente
encontrado na população.
• É estudada desde os primórdios da
civilização humana, apresentando
diferentes formas, com diferentes
propostas terapêuticas.
• Objetivo: eliminar ou aliviar o
sofrimento de indivíduos que
manifestavam episódios recorrentes
3. DIA 19 DE MAIO
• Segundo o departamento de Cefaléia da Academia
Brasileira de Neurologia:
• Cerca de 30 milhões de pessoas sofrem com dores
de cabeça no Brasil.
• 93% da população em geral já teve dor de cabeça em
alguma época da vida, sendo que
• 31% precisaria de tratamento médico adequado em
razão da incapacidade funcional que as crises
causam.
• As mulheres são as que mais sofrem com os males:
76% das mulheres e 57% dos homens relatam pelo
menos uma dor de cabeça ao mês.
• Entre crianças, 39% aos 6 anos já sabem o que é ter
dor de cabeça, e aos 15 anos, 70% já apresentam
quadro de cefaléia
4. Histórico
• Existem relatos de tratamentos contra dor de cabeça
desde Antes de Cristo.
• De 6000 a.C. a 3000 a. C. – Trepanação: cirurgia de
perfuração do crânio com o objetivo de liberar o
indivíduo dos demônios que causavam a dor.
• Século II a.C. – Galeno dá o nome de “hemikrania”
para enxaqueca, o que atualmente chama-se
hemicrania ou migraine (em inglês)
• Idade Média – Crença de que a dor de cabeça era
consequência da utilização dos fios de cabelo da pessoa
pelas aves, para construção de seus ninhos.
• Século IX d. C. – Ingleses - tratamento para dor de
cabeça era tomar suco de sabugueira (arbusto), miolo
de vaca e estrume de cabra dissolvidos em vinagre.
5. Histórico
• Século X d. C. – Espanha – aplicar placa aquecida na
cabeça ou inserir um dente de alho em incisão feita na
tempora.
• Século XII – Primeira descrição de enxaqueca com
aura.
• 1712 – Biblioteca de Londres publica 5 tipos principais
de cefaléia incluindo a enxaqueca.
• Final da década de 1890 – Comercialização do ácido
acetilsalicílico (aspirina) para alívio das dores de
cabeça.
• 1938 – Uso de ergotamina para alívio da enxaqueca.
Início das investigações modernas sobre a cefaléia.
6. Tipos de Cefaléias
• As cefaléias podem ser classificadas:
1. Segundo a etiologia
Cefaléias primárias: sem etiologia encontrada
pelos exames clínicos ou laboratoriais usuais.
Causa: desordens neuroquímicas, ou encefálicas,
envolvendo desequilíbrio de
neurotransmissores. Tais desordens seriam
herdadas e, sofrem influência de fatores
ambientais.
Exemplos: migrânea (enxaqueca), a cefaléia tipo
tensional, e a cefaléia em salvas.
7. Tipos de Cefaléias
Cefaléias secundárias: provocadas por doenças
demonstráveis pelos exames clínicos ou
laboratoriais.
Causa: uma agressão ao organismo, de ordem
geral ou neurológica.
Exemplos: as cefaléias associadas às infecções
sistêmicas, disfunções endócrinas, intoxicações,
às meningites, encefalites.
8. Tipos de Cefaléias
2. Segundo o modo de instalação e a evolução
Cefaléias explosivas: que surgem abruptamente,
em fração de segundo, atingindo a intensidade
máxima instantaneamente, às vezes, com o
paciente se referindo a um estalo.
• Podem ser:
1. consequência de uma ruptura de um aneurisma
arterial intracraniano, ou de outras malfomações
vasculares.
2. Ou início de formas benignas de cefaléia
Ex: a cefaléia orgásmica
9. Tipos de Cefaléias
• Cefaléias agudas: que atingem seu
máximo em minutos ou poucas horas.
• Tanto as cefaléias primárias como as
secundárias podem apresentar este tipo
de instalação.
• Exemplos: migrânea, cefaléia Tensional,
meningites, encefalites, sinusites agudas.
10. Tipos de Cefaléias
Cefaléias subagudas: instalação insidiosa,
atingindo o ápice em dias ou poucos meses
(até três meses).
• Ocorrem, principalmente, nas cefaléias
secundárias, decorrentes de hematomas
subdurais,
• Exemplos: tumores de crescimento rápido,
meningites crônicas (fungo, tuberculose).
11. Tipos de Cefaléias
Cefaléias crônicas: que persistem por meses
ou anos e, em geral, são primárias.
• Podem ser recidivantes (vai e vem)
• Exemplos: a migrânea, cefaléia em salvas,
cefaléia tipo tensional
• Podem ser persistentes (diariamente e com
mesma intensidade)
• Exemplos: cefaléia crônica diária
12. Comentários sobre a classificação
• Uso principal está relacionado à pesquisa, e faciliar o
diagnóstico.
• Classificar e definir os tipos de cefaléia é tarefa difícil e
apresenta problemas particulares.
• Não há exames de laboratório que possam ser utilizados
como critérios diagnósticos, em qualquer das formas
primárias de cefaléia.
• Existem síndromes típicas, mas, também, muitas formas
de transição.
• Para o diagnóstico correto, a única informação é a
referida pelo paciente.
• Sendo então importante saber ouvir e fazer perguntas
objetivas no momento adequado.
SPECIALI JG. Classification for headache disorders. Medicina, Ribeirão
Preto, 30: 421-427, oct./dec. 1997.
13. Tipos mais comuns de Cefaléia
Cefaléia tipo tensional
• 30% a 78% da população
• Caracterizada por episódios de cefaléia durando de minutos a
dias.
• Se subdivide em: infrequentes, frequentes, crônica ou provável
• Dor bilateral, com caráter em pressão ou aperto, de intensidade
fraca a moderada e não piora com a atividade física rotineira.
• Não há náusea, mas fotofobia ou fonofobia podem estar presentes.
14. Tipos mais comuns de Cefaléia
Migrânea (enxaqueca)
• 19ª posição no ranking da OMS das doenças causadoras de
incapacidades.
• Estudos mostram que chega a afetar cerca de 20% das mulheres e
5 a 10% da população masculina.
• Cefaléia recorrente manifestando-se em crises que duram de quatro
a 72 horas.
• Dor unilateral, de caráter pulsátil, intensidade moderada ou forte,
exacerbada por atividade física rotineira
• Tem associação com náusea e/ou fotofobia e fonofobia.
15. Enxaqueca
Os fatores que podem desencadear, determinar o surgimento de uma crise
de enxaqueca nos indivíduos predispostos são:
• estresse;
• sono prolongado;
• jejum;
• traumas cranianos;
• ingestão de certos alimentos como chocolate, laranja, comidas
gordurosas e lácteas;
• privação da cafeína, nos indivíduos que consomem grandes
quantidades de café durante a semana e não repetem a ingestão
durante o fim de semana;
• uso de medicamentos vasodilatadores;
• exposição a ruídos altos, odores fortes ou temperaturas elevadas;
• mudanças súbitas da pressão atmosférica, como as experimentadas
nos vôos em grandes altitudes;
• alterações climáticas;
• exercícios intensos;
• queda dos níveis hormonais que ocorre antes da menstruação
16. Neuropsicologia da Enxaqueca
• Avaliação neuropsicologica auxilia:
• nos estudos sobre a evolução da cefaléia,
• serve para melhor integrar a idiopatia
neurocomportamental e manifestações
neurológicas,
• gerenciar programas de tratamento
baseado no acesso das habilidades e
dificuldades do indivíduo
• e dar recomendações aos cuidadores.
17. Neuropsicologia da Enxaqueca
• Estudos encontrados na literatura sobre as
conseqüências neuropsicológicas da enxaqueca
estão longe de serem conclusivos,
• Os que se reportam a testagem cognitiva em
adultos enxaquecosos e controles renderam
resultados inconsistentes.
• Apesar de muitos investigadores identificarem
déficits neurocognitivos em pacientes com
enxaqueca, outros estudiosos falharam em
achar tais déficits.
18. Neuropsicologia da Enxaqueca
• Revisões de literatura recentes indicam que as
discrepâncias nos resultados podem ser
causados por:
• Diferenças na seleção das amostras (estudos
feitos com grupos pequenos, realizados
somente em clínicas especializadas)
• O método utilizado na condução da avaliação
neuropsicológica é diverso.
• Escolha dos testes neuropsicológicos
19. Tabela de estudos realizados
• Le Pira et al – déficit na memória imediata e evocação tardia visual em
enxaquecosos com aura.
• Calandre et al – lentidão no tempo de evocação, prejuizos na atenção e
memória em pacientes com mais crises de enxaqueca
• Waldie et al – declínio na inteligência dos pacientes com enxaqueca. Ter
enxaqueca na infância não é fator preditivo de prejuizo quando adulto.
Déficit na compreensão verbal de enxaquecosos quando comparados com
controles.
• Le Pira et al – déficit na memoria imediata e evocação tardia visual em
pacientes com e sem aura.
• Mulder et al – Enxaquecosos com aura vão pior em testes de atenção
seletiva qudno comparados com os sem aura.
• D’Anddrea et al - Enxaquecosos tem pior desempenho que controles em
tarefas de memoria verbal e visual.
• Hooker and Raskin – Enxaquecosos com e sem aura apresentaram
prejuizo na evocação verbal. Os com aura tiveram pior desempenho em
atenção sustentada, processamento de informação e velocidade
psicomotora.
• Jelicie et al; Bell et al; Burker et al; Pearson et al; e Gaist el al, não
encontraram diferença significativa entre enxaquecosos sem e com aura e
controles.
20. Neuropsicologia da Enxaqueca
• Apesar dos estudos deste tema serem contraditórios,
algumas generalizações podem ser feitas:
• Primeiro os enxaquecosos com aura parecem apresentar
mais déficits cognitivos do que os sem aura.
Apresentando prejuizos como prosopagnosia, anomia, déficits
de expressão, déficits em tarefas visuoespaciais, memória
visual, e atenção sustentada.
• Segundo, quando comparamos pacientes enxaquecosos
com e sem aura, os primeiros apresentam pior performance
em testes motores, bem como na mensuração da atenção
sustentada e velocidade de processamento, que pacientes
com enxaqueca sem aura.
21. Neuropsicologia da Enxaqueca
• Terceiro, déficits seletivos em memória visual
são encontrados nos pacientes com enxaqueca
com e sem aura.
• Finalmente, déficits adicionais foram achados
na expressão e compreensão verbal,
processamento da informação e memória de
reconhecimento em pacientes com enxaqueca.
• Em geral, há uma tendência de todos os
estudos em encontrar déficits de memória
verbal e visual, aprendizagem, bem como no
processamento executivo.
22. Avaliação Neuropsicológica
• A avaliação neuropsicológica tem um papel
importante no acesso aos impactos causados pela
enxaqueca no funcionamento cognitivo dos
pacientes.
• Quando se está lidando com uma doença tão
complexa como a enxaqueca, devemos levar em
consideração não só as origens neurológicas mais
também os prejuizos nas funções cognitivas e
sintomas psicológicos que acompanham o quadro
clínico apresentado.
23. Ambulatório de Cefaléia
Chefe do Ambulatório: Dr. Paulo Monzilo
Médicas Assistentes: Patrícia e Luciana
Residentes: 4 R2
Neuropsicóloga: Maria Alice
Estagiários: 2 especializandos
24. Neuropsicologia no Ambulatório
• Avaliação Neuropsicológica dos
pacientes acompanhados no ambulatório
• Discussão dos casos atendidos pela
equipe no dia do ambulatório
• Pesquisa “Perfil dos pacientes
acompanhados no ambulatório”
25. Pesquisa Cefaléia
• Objetivo Geral:
• Identificar as características de personalidade do paciente com enxaqueca
e enxaqueca crônica.
• Objetivos Específicos:
• Verificar a presença de depressão e ansiedade no paciente com enxaqueca
• Identificar fatores de risco para a cronificação da enxaqueca
• Identificar características de personalidade que influenciam no
aparecimento da enxaqueca
• Casuística e Método:
• Serão realizados dois atendimentos com os pacientes para a
realização do seguinte protocolo:
• 1º atendimento: Entrevista semi dirigida e aplicação dos inventários de
Beck para depressão e ansiedade.
• 2º atendimento: Aplicação do inventário de personalidade de Cloninger
26. Pesquisa Cefaléia
• Critérios de Inclusão:
• Pacientes em acompanhamento pelo ambulatório de
cefaléia
• Pacientes encaminhados pelos neurologistas do
ambulatório de cefaléia
• Critérios de Exclusão:
• Pacientes analfabetos (que tenham dificuldade de ler e
compreender os instrumentos utilizados) (aplicar
somente entrevista e inventários de Beck)
• Pacientes com comprometimento psiquiátrico
27. Referências Bibliográficas
• Ravishankar, N. The Neuropsychology of migrain. Dis.
Mon. 2007. Mar, 53 (3):156-61.
• Karceski, S. C. et. al. How migraine affect cognitive
function. Neurology. 2007. Apr 24; 68(17):1417-24.
• O’Bryant, Sid E. et. al. The Neuropsychology of
Recurrent Headache. Headache. 2006; 46:1364-
1376.
• Sociedade Brasileira de Cefaléia - www.sbce.med.br
• Subcomitê de Classificação das Cefaléias da Sociedade
Internacioal de Cefaléia. Classificação Internacional das
Cefaléias – Segunda Edição. Trad. Sociedade Brasileira de
Cefaléia. São Paulo, Segmento Farma Editores, 2004.