SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 43
FACULDADE DE EDUCAÇÃO TEOLÓGICA LOGOS
MISSIOLOGIA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Elienai Corrêa de Sá
SÃO PAULO
ELIENAI CORRÊA DE SÁ
MISSIOLOGIA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
SÃO PAULO – DEZEMBRO DE 2017
Trabalho de Conclusão de Curso de
Bacharel em Teologia, do Núcleo de São
Leopoldo, à Comissão de Avaliação da
FAETEL – Faculdade de Educação Teológica
Logos, à rua Pe. Adelino, 700 – Belenzinho –
São Paulo.
RESUMO
Missiologia: Essa palavra é composta por outras duas palavras Missio (latim) e
Logos (grego) definido como: O estudo sistemático da atividade evangelizadora da igreja e
dos meios para realizá-la. O estudo de Missiologia é de fundamental importância por se tratar
da tarefa suprema da igreja que é de evangelizar os povos. Jesus em suas ultimas palavras
afirmou aos discípulos para serem testemunhas em Jerusalém, Judeia, Samaria e até os
confins da terra. Por muitos anos ouvimos disser que missões está no coração de Deus, mas
será que esse sentimento também esta em nós? Deus fez o papel do primeiro missionário
quando desceu ao jardim do Éden e proclamou o evangelho aos pais de toda a raça humana,
através de Adão. Depois disso, Jesus fez o papel de enviado por Deus quando completou sua
missão, mas disse para fazermos discípulos, pois onde estaria, queria que estivéssemos
também. Acredito que Deus vai abrir nossos olhos através desse trabalho para nos
conscientizar de nossas responsabilidades ao que se refere a missão. É o que devemos se
preocupar se realmente a gente está fazendo tudo o que vem em nossas mãos ou somente o
que achamos melhor em fazer.
Estamos vivendo os últimos dias da igreja na face da terra. O tempo é agora. Deus
conta conosco nessa obra de evangelização. O mundo passa e sua concupiscência, mas aquele
que faz a vontade de Deus permanece para sempre.
ABSTRACT
Missiology: This word is composed of two other words Missio (Latin) and Logos
(Greek) defined as: The systematic study of the evangelizing activity of the church and the
means to accomplish it. The study of Missiology is of fundamental importance because it is
the supreme task of the church that is to evangelize the peoples. Jesus in his last words told
the disciples to be witnesses in Jerusalem, Judea, Samaria and even the ends of the earth. For
many years we have heard that missions are in the heart of God, but is this feeling also in us?
God played the role of the first missionary when he went down to the garden of Eden and
proclaimed the gospel to the fathers of the whole human race through Adam. After that, Jesus
played the role of God sent when he completed his mission, but said to make disciples,
because where would be, wanted us to be too. I believe that God will open our eyes through
this work to make us aware of our responsibilities to the mission. It is what we should be
concerned about if we are really doing everything that comes into our hands or just what we
think is best done.
We are living the last days of the church on the face of the earth. The time is now.
God counts with us in this work of evangelization. The world passes by and its lust, but he
who does the will of God abides forever
SUMÁRIO
RESUMO ...........................................................................................................................2
ABSTRACT ...........................................................................................................................3
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................6
CAPÍTULO I - A BÍBLIA E AS MISSÕES............................................................................8
1.1 O mandato de Evangelização Mundial........................................................8
1.2 A mensagem de Evangelização Mundial.....................................................9
1.3 O poder para evangelização mundial ..........................................................9
CAPÍTULO II – ANÁLISE EXEGÉTICA.............................................................................11
CAPÍTULO III –MISÃO CENTRÍPETA E CENTRÍFUGA.................................................13
3.1 Missão Centrípeta.......................................................................................13
3.2 Missão Centrífuga.......................................................................................13
CAPÍTULO IV – MISSÃO, PROPRIAMENTE DITA..........................................................14
4.1 Princípios Gerais de Missões......................................................................14
4.2 Origem de Missões.....................................................................................14
4.3 extensão do plano de missões.....................................................................15
CAPÍTULO V – HISTÓRIA DAS MISSÕES........................................................................16
5.1 Começa o trabalho missionário..................................................................16
5.2 O primeiro declínio missionário.................................................................17
5.3 O primeiro despertamento Missionário......................................................17
5.4 Evidências do despertamento.....................................................................17
5.5 O trabalho dos Primeiros missionários.......................................................18
5.6 As dez ondas de perseguições....................................................................19
5.7 O segundo declínio missionário.................................................................20
5.8 Principais missionários católicos................................................................21
5.9 Remanescentes............................................................................................21
5.10 Reformadores ...........................................................................................21
5.11 Iniciativas missionárias dos protestantes..................................................21
5.12 O Segundo despertamento missionário....................................................22
5.13 O papel da Igreja moraviana.....................................................................23
5.14 Evangelistas percorrem o mundo.............................................................23
5.15 O terceiro declínio missionários...............................................................23
5.16 As principais sociedades me seus missionários........................................24
5.17 Preocupação Social...................................................................................25
5.18 O terceiro despertamento missionário......................................................25
CAPÍTULO VI – MISSÕES TRANSCULTURAIS..............................................................28
6.1 O que é cultura............................................................................................28
6.2 Transculturação..........................................................................................29
6.3 Etnocentrismo.............................................................................................29
6.4 Aculturação.................................................................................................29
6.4.1 Estratégias da aculturação.....................................30
6.4.2 Princípios da Aculturação......................................31
6.5 Choque Cultural ........................................................................................33
6.5.1 Síntomas do Choque Cultural................................33
6.6 Missionário transcultural e seu preparo......................................................34
6.7 Tipologia da Evangelização........................................................................35
6.8 Teoria de evangelismo pela vizinhança......................................................36
CAPÍTULO VII – MISSÃO CRISTÃ HOJE.........................................................................38
CONCLUSÃO........................................................................................................................41
BIBLIOGRAFIA.....................................................................................................................42
INTRODUÇÃO
“18 Então, Jesus aproximou-se deles e disse: “Foi-me dada toda a autoridade nos
céus e na terra. 19 Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em
nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, 20 ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes
ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos”. (Mateus 28.18-20)”.
No entanto, a premissa básica da missão de Jesus e o tema central de sua pregação
não é a esperança da vinda do Reino numa data previsível, mas o fato de que em sua própria
pessoa e obra, o Reino já se tenha tornado presente com grande .
O intento é oferecer reflexões gerais diante de um tema tão oportuno, como também
favorecer na instrumentalização e preparação para um melhor entendimento de mais um dos
temas relevantes para o Cristianismo: A Missão Cristã.
Este é mais um dos assuntos de suma importância para nossa fé, trata-se de uma
parte da Teologia Cristã e podemos dizer que este tema é a razão principal da existência da
comunidade de fé. É importante entender Missão como parte central da teologia. Tudo que se
faz é em função da missão de Deus, isso porque o Deus da Bíblia é o Deus missionário que
trabalha e cumpre uma missão voltada para a salvação do homem, Sua criação.
Este assunto, na verdade, é uma ordem de Jesus Cristo, teologicamente chamado de
Grande Comissão, diz respeito à missão de cada cristão, de cada igreja, de todo e qualquer
que baseia sua vida nas palavras do Evangelho do Senhor Jesus. É o chamado, o desafio para
cada um que crê no Senhor Jesus como Salvador e busca cumprir Suas palavras. O intento
nestas páginas é apresentar de forma panorâmica alguns aspectos básicos em relação ao tema
Missão cristã.
“15 E disse-lhes: “Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas.
16 Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado. 17 Estes sinais
acompanharão os que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas;
6
18 pegarão em serpentes; e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal nenhum;
imporão as mãos sobre os doentes, e estes ficarão curados”. 19 Depois de lhes ter falado, o
Senhor Jesus foi elevado aos céus e assentou-se à direita de Deus. 20 Então, os discípulos
saíram e pregaram por toda parte; e o Senhor cooperava com eles, confirmando-lhes a
palavra com os sinais que a acompanhavam. (Marcos 16.15-20)”.
A base para a Grande Comissão é a autoridade de Cristo, não a compaixão humana, a
imensa necessidade, ou qualquer um dos outros incentivos emocionais que ouvimos em
algumas conferências missionárias. É claro que devemos ter compaixão pelos perdidos, mas
baseada na compaixão de Cristo, pois Sua autoridade é a base para nossa missão.
Quem tem o poder por trás das missões mundiais é Cristo, não o homem, nem
qualquer organização. À Igreja cabe obedecer e cumprir Sua missão. É a Sua promessa de que
estaria (e está) conosco até o fim dos tempos que deve nos encorajar, como também o
conhecimento de que Ele trará a provisão para nossas necessidades e nos dará a vitória, que
deve nos motivar a buscar fazer grandes coisas para Ele e para Sua glória. Temos que a ênfase
central do Novo Testamento é que Jesus veio para cumprir as profecias do Antigo Testamento
e que, em Sua pessoa e obra, o Reino de Deus tornou-se uma realidade presente, e este Reino
do Senhor deve ser expandido no anúncio que a Igreja deve fazer, baseando-se na Graça
salvadora.
A pregação do Evangelho deixa claro o assunto salvação, pois é esta a mensagem
fundamental das boas-novas cristãs. O Evangelho revela o poder de Deus, que produz a
redenção das pessoas, revela também a justiça de Deus.
“16 Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação
de todo aquele que crê: primeiro do judeu, depois do grego. 17 Porque no evangelho é
revelada a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito:
“O justo viverá pela fé. (Romanos 1.16,17)”
Se apresenta a doutrina e prática da Missão, buscando conciliar teoria e prática
atualizadas. Estabelecer as bases teológicas para uma reflexão sobre tão nobre e urgente
comissionamento, que é cumprir a Grande Comissão. Os fundamentos teológicos devem ser
trazidos para a prática da vida da igreja a partir do diálogo entre a teologia da encarnação e os
desafios presentes da evangelização na sociedade contemporânea. Sendo assim, a partir deste
trabalho faremos uma reflexão crítica sobre a história e teologia da missão, como também
sobre a vocação missionária de cada cristão e da Igreja cristã no mundo.
7
CAPITULO I – A Bíblia e as missões
Sem a Bíblia, a evangelização dos povos seria inconcebível. A Bíblia coloca sobre
nós a responsabilidade de evangelizar o mundo, dá-nos um evangelho a proclamar, diz-nos
como fazê-lo e declara ser o poder de Deus para cada crente. Além disso, é fato notável na
História, tanto na passada como na contemporânea, que o grau de compromisso da igreja com
a evangelização do mundo é proporcional ao grau de sua convicção sobre a autoridade da
Bíblia. Sempre que o cristão perde sua confiança na Bíblia, eles também perdem o seu zelo
pelo evangelismo. Inversamente, sempre que estão convencidos sobre a Bíblia, estão
determinados sobre o evangelismo. Vejamos três razões porque a Bíblia é indispensável à
evangelização do mundo.
1. 1- O mandato de Evangelização Mundial
Em primeiro lugar, a Bíblia nos dá o mandato da evangelização. Há
aproximadamente 4.000 anos atrás, Deus chamou a Abraão e fez uma aliança com ele,
prometendo não apenas abençoá-lo, mas também abençoar através da sua posteridade todas as
famílias da Terra (Gênesis 12.1-4). Este texto é uma das principais bases da missão cristã;
pois os descendentes de Abraão (através de quem, todas as famílias da Terra estão sendo
abençoadas) são: Cristo e o povo de Cristo! Se pela fé pertencemos a Cristo, somos filhos
espirituais de Abraão (Gálatas 3.7) e temos uma responsabilidade com a humanidade. Deste
modo, os profetas veterotestamentário profetizam como Deus faria deste Cristo, o Herdeiro e
a Luz das nações (Salmo 2.8; Isaías 42.6; 49.6). Quando Jesus veio, ele endossou estas
promessas. É certo que durante o seu ministério terreno ficou restrito às “ovelhas perdidas da
casa de Israel” (Mateus 10.6; 15.24) Porém Ele profetizou que muitos viriam “do Ocidente e
do Oriente e tomariam lugares à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no reino dos céus” (Mateus
8.11; Lucas 13.29).
8
Mas ainda, em antecipação de Sua ressurreição e ascensão Ele fez tremenda
reivindicação de que “toda a autoridade no céu e na Terra” LHE fora dada (Mateus 28.18).
Foi em consequência de Sua autoridade universal que Ele ordena aos seus seguidores que
fizessem discípulos de todas as nações, batizando-as em sua nova comunidade e ensinando a
todos a Sua doutrina (Mateus 28.19). Isto os cristãos primitivos começaram a fazer depois de
o Espírito Santo haver descido sobre eles; tornaram-se verdadeiras “testemunhas” de Jesus,
entronizando a Sua direita e concedendo-lhe a mais alta posição, a fim de que toda a língua
confessasse o Seu senhorio (Filipenses 2). Eles desejaram que Jesus recebesse a honra de vida
ao Seu nome. Além disso, Ele retornaria em glória, para salvar, julgar e reinar. Portanto, o que
deveria preencher os espaços em sua vida? A missão mundial da Igreja! O fim da história virá
depois que o Evangelho alcançasse o fim da Terra (Veja Mateus 24.14; 28.20; Atos 1.8).
1.2- A mensagem da evangelização Mundial
Em segundo lugar, a Bíblia nos dá a mensagem para a evangelização do mundo.
Evangelizar é divulgar a Boas Novas de que Jesus morreu pelos nossos pecados e ressuscitou
entre os mortos, segundo as escrituras. E como Senhor e Rei, Ele oferece perdão dos pecados
e dom libertador do Espírito a todos que creem e se arrependem. A nossa mensagem vem da
Bíblia. Não a inventamos. Ela nos foi confiada como um depósito e nós, como bons
“despenseiros”, devemos distribuí-la (1 Coríntios 4). Os apóstolos expressaram este único
evangelho de diversos modos: ora sacrifical (o derramamento e a aspersão do sangue de
Cristo), ora messiânico (o surgimento do governo prometido por Deus), ora legal (o juiz
pronunciado a justificação do injusto), ora pessoal (o Pai reconciliando seus filhos desviados)
e ora salvívico (o libertador celestial vindo para resgatar os desamparados). Assim como a
Ordem, a Mensagem nos foi dada pelo próprio Cristo. Ele nos disse: “Ide e pregai o meu
evangelho”.
1.3- O Poder para evangelização mundial
Em terceiro lugar, a Bíblia nos dá o Poder para a evangelização do mundo. Leia
cuidadosamente Lucas 24.49 e Atos 1.8. Sabemos que nossos recursos humanos são fracos
em comparação com a magnitude da Tarefa. Sabemos também, quão blindadas são as
barreiras do coração do homem. Pior ainda, conhecemos a realidade, a maldade e o poder
pessoal do diabo, e dos demônios sob seu comando. A Bíblia diz-nos que “o mundo jaz no
maligno” (I João 5.19), assim, até que sejam libertados e transportados para o Seu reino, todos
9
os homens e mulheres são escravos de Satanás. Além disso, vemos seu poder no mundo
contemporâneo: nas trevas da idolatria, na devoção de deuses vãos, no materialismo, na
violência, agressão, etc... E ainda mais, Paulo escrevendo aos Coríntios (II Coríntios 4.4), ele
afirma que “o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos para que não lhes
resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a glória de Deus”. Se Satanás está
dominando a mente das pessoas e as mentes humanas estão cegas, como poderão chegar à
verdade? Somente pela Palavra de Deus! Pois Ele mesmo disse que “de trevas resplandecerá a
luz” que brilhou em nossos corações para a iluminação do conhecimento da glória de Deus na
face de Cristo (II Coríntios 4.6). Se Satanás cega as mentes das pessoas e Deus ilumina seus
corações, em que podemos nós contribuir para esse encontro? Paulo chega a conclusão entre
os versículos 4 e 6 que descrevem as atividades de Deus e de Satanás. O versículo 5 descreve
a obra do evangelista: “pregamos a Cristo Jesus como Senhor”. Considerando que a luz que o
diabo quer evitar que as pessoas vejam e que Deus faz brilhar nelas é o evangelho, então é
melhor que preguemos! É a pregação do Evangelho o meio estabelecido por Deus para que o
príncipe das trevas seja derrotado e a luz jorre nos corações das pessoas. Há poder no
evangelho de Deus! Poder para salvação de vidas... Confira Romanos 1.16; 10. 13,14; Sem a
Bíblia a evangelização do mundo é impossível. Pois, sem a Bíblia não temos nenhum
evangelho para levar às nações. A Bíblia é a base de missões, assim como missões é a base da
Bíblia. É a Bíblia Sagrada que nos dá o Mandato, a Mensagem e o Poder que precisamos para
a evangelização mundial. Leia Mateus 28.18-20; Marcos 16.15-18; Lucas 24.45-48; Atos 1.8;
e João 15.16; 20.21. Façamos nossas as palavras de Paulo: “...ai de mim se não anunciar o
Evangelho!”
10
CAPITULO II – Análise Exegética
Analisemos Mateus 28.19-20 exegeticamente. No original grego estes versículos
estão assim: poreuthentesoun Matheutésate panta ta ethne. Vejamos agora, os respectivos
significados destas palavras.
• POREUTHENTES: Deveis ir! Ou Ide! Note o imperativo. É uma ordem. Este é o
verdadeiro sentido do que lemos. Foi assim que soou aos ouvidos dos discípulos. Hoje,
porém, muitos tratam estas palavras de Jesus, como se fossem um “pedido de favor” que
Ele nos fez, ou então, como se estas palavras tivessem importância somente no passado,
para os primeiros comissionados. É exatamente por isso que a evangelização dos povos
está tão atrasada. Falta reconhecimento da ordem e pronta obediência! Por que os
muçulmanos, que começaram a pregar cerca de seiscentos anos depois do Apóstolo Paulo,
já alcançaram um quinto da população mundial, enquanto nós evangélicos, temos apenas
550 milhões aproximadamente? Será erro de cálculo? Ou de Estratégia? Será falta de
dinheiro? Não! É falta de Fé! De Amor! De Obediência! De Compromisso com Deus e
com Sua Palavra. Obediência vem antes de estratégias, métodos ou dinheiro. Ao ouvir
Jesus falar, seus discípulos não receberam suas palavras com o sentido de: “Olha, talvez
seja bem que vocês comecem a pregar, primeiro em Jerusalém e depois em todo o mundo”.
Não! Foram palavras fortes como de um general, passando ordens aos seus subalternos, os
quais não podem questionar, senão simplesmente obedecer. Foi assim que Paulo recebeu
esta ordem, pois ele respondeu: “Porque, se anuncio o Evangelho, não tenho de que me
gloriar, pois me é imposta esta obrigação, e ai de mim se não anunciar o Evangelho.” (I
Coríntios 9.16).
• MATHEUTÉSATE: Fazei discípulos, ou seguidores, ou aprendizes. (Também imperativo).
• PANTA-TA: A todos. De modo que, até agora, este versículo fica assim: “Ide, e fazei
discípulos de todos os ethne”.
11
A palavra ethne merece atenção especial.
• ETHNE: “Nação”. Desde os séc. XV e XVI, a palavra ETHNE vem sendo traduzida para
algumas línguas ocidentais apenas com o significado de NAÇÃO. O que não é errado.
Todavia, a palavra ETHNE deriva-se de “ETHNOS”, que é um termo grego usado para
designar o vocábulo “povo” ou “gente”. Povo ou Gente; O vocábulo Ethne é geratriz da
palavra “Etnia”. Etnia é um grupo humano que se relaciona entre si por fatores como
língua, religião, raça, moradia, ocupação, classe social, modo de vida, modo de vestir, ou
não. Ou seja, um povo! Sendo assim, o versículo fica bem traduzido deste modo: “Ide,
pois, e fazei discípulos de todos os povos.” A origem das raças, deu-se na confusão das
línguas na Torre de Babel (Gêneses 1.7,8). Se o propósito de Jesus é restaurar todas as
coisas (Colossenses 1.20); então é natural que a maldição de Babel também seja de certa
forma, desfeita espiritualmente. A divisão de raças tem sido motivo de orgulho, inimizade
e guerras entre os povos. O único caminho para que as nações voltem a falar a “mesma
língua”, é Jesus, pois, a Palavra de Deus torna-se um “idioma Internacional”, uma vez que
é um elo de ligação espiritual que rompe os laços de divisão e proporciona a verdadeira
paz.
12
CAPITULO III – Missão Centrípeta e Centrífuga
Existe grande diferença entre os métodos que Deus deu a Israel e os que Ele deu à
Igreja para o cumprimento de suas respectivas missões.
3.1- Missão Centrípeta
Israel devia ser como um “Imã” e atrair para Deus os outros povos e nações. Os
filhos de Israel deviam ser sacerdotes santos que revelassem Jeová, o Único Deus Verdadeiro,
a todas as nações, e mediadores que levassem a Deus. Em outras palavras, os povos deveriam
se convergir a Israel para conhecerem o seu Deus. A natureza da missão de Israel era
centrípeta.
3.2- Missão Centrífuga
A igreja também tem um chamado para o ministério sacerdotal (II Coríntios 5.16-19;
I Pedro 2.9-10). Contudo, a natureza de sua missão é centrífuga. Diferentemente de Israel, não
se requer da Igreja que esteja parada, quieta, e simplesmente “atraia” os outros povos do seu
Deus. Requer-se que vá a outras gentes e as ganhe para Cristo. Depois de ganhas, estas, por
sua vez, devem formar extensões da Igreja em seu próprio país. A seguir, esse povo mesmo
levará a cabo missões centrífugo, saindo a pregar. É isto que manda a Grande Comissão. É
assim que ensina a Geografia Missionária de Jesus. Veja Mateus 28.18-19 e Atos 1.8. Antes
de ser assenso ao Céu, Jesus disse aos seus discípulos que ele (após receberem o Espírito
Santo) seria suas testemunhas tanto quanto em Jerusalém, assim como na Judéia, Samaria e
nos confins da Terra. Jesus não disse que só depois de alcançarem um lugar é que deveriam
passar para o outro. Ele disse “tanto quanto”, ou seja, ao mesmo tempo; Simultaneamente;
Concomitantemente. Esta é uma descrição perfeita da natureza centrífuga da missão da Igreja!
13
CAPITULO IV – Missão, propriamente dita
4.1- Princípios Gerais de Missões
Missões é tão antiga quanto à existência do homem. Missões nasceu no “coração de
Deus”. Missões nasceu no ÉDEN. Missões nasceu no AMOR DE DEUS! Deus é amor (1João
4.16); Deus nos ama (João 3.16); Deus nos ama porque é sustentador de tudo e de todas as
coisas (Salmo 42.1,2); Deus nos ama porque é Criador (Gêneses 1 e 2).
4.2- A Origem de Missões
O Jardim do Éden foi o palco da Criação (Gêneses 1 e 2); Tentação (Gêneses 3.1-5);
Queda do Homem (Gênese 3.6-7); Vergonha e separação (Gêneses 3.8b); Juízo de Deus
(Gêneses 3.9-23). O Éden também foi o palco de MISSÕES (Gêneses 3.15)! O versículo 15
contém a primeira promessa implícita do plano salvívico de Deus para a redenção da
humanidade. É uma profecia que contém duas predições:
a) Prediz o conflito espiritual entre a “semente da mulher” (isto é, Jesus Cristo) e a
“semente da serpente” (isto é, Satanás); Confira em Isaías 7.14; Mateus 1.1-16; Apocalipse
12.9 e 20.2. Deus promete aqui, que Cristo nasceria de uma mulher; que seria “ferido” (ao ser
crucificado); mas que ressuscitaria dentre os mortos para destruir completamente (“ferir”) a
Satanás, o pecado e a morte, bem como, para salvar a humanidade (Veja Isaías 53.5; Mateus
1.20-23; Romanos 5.18-19; 1João 3.8 e Apocalipse 20.10).
b) Prediz a vitória final de Deus (e do povo de Deus!) contra Satanás e o mal (João
12.33; Atos 26.18; e Romanos 16.20). Esta promessa de Gêneses 3.15 é chamada de
“Promessa Messiânica”. Aqui está a origem de Missões! O homem pecou, e
consequentemente, distanciou-se de Deus. O homem tornou-se o “Objeto de Missões”.
14
Para que ele pudesse ser reconciliado novamente com Deus, era necessário que Jesus
fosse “enviado” ao Mundo. Confira em 2Coríntios 5.17; Lucas 22.53; João 1.1-14; 3.16; e
Hebreus 2.14-15.
4.3- Extensão do Plano de Missões
O ponto culminante do plano salvívico e de redenção é a morte vicária de Cristo, e a
extensão deste plano é a GRANDE COMISSÃO.
Após sua ressurreição, Jesus comissionou seus discípulos (e a nós também!) a
continuarem a propagação do Evangelho (João 20.19-23). Isto é a Grande Comissão... “DEUS
TINHA UM ÚNICO FILHO E FEZ DELE UM MISSIONÁRIO”.
15
CAPITULO V – História das Missões
Na história da Igreja, há uma linha de progressão na atividade missionária que vem
desde o seu início no ano 30 d.C. Linha esta, que é desenhada pela ausência e presença de
iniciativas missionárias na Igreja de Cristo na proporção em que o tempo foi de passado.
5.1- Começa o trabalho Missionário
Os dois últimos mandamentos de Jesus aos seus discípulos:
a) Ficar em Jerusalém até serem batizados no Espírito Santo;
b) Ir por todo o mundo pregando o Evangelho.
Ao colocarem estes mandamentos em práticas, os cento e vinte discípulos que
estavam em Jerusalém por volta dos anos 30d.C., deram o INÍCIO TERRENAL de Missões,
ou seja, o início Humano, Histórico e Geográfico. O Apóstolo Pedro, após o Pentecostes,
evangelizou com poder os estrangeiros que estavam na cidade naquele dia (Atos 2.14); João e
Pedro pregaram no Sinédrio e no Templo para todos os religiosos da época e às autoridades
(Atos 3.12; 4.8); Estevão, um Diácono, também marcou o início da Igreja Primitiva com suas
poderosas mensagens e os sinais que se seguiam e, principalmente, com o seu testemunho
face ao martírio a que foi vítima. Por fim, a Igreja de modo geral, pregava o Evangelho (Atos
6.7).
5.1.1 – Resultado do trabalho
Alguns dos Pardos, Medas, Elamitas e outros povos que viviam para além de
Jerusalém, nas terras orientais do Império Romano e que ouviam no dia de Pentecostes a
primeira mensagem pregada por Pedro, se converteram ao Evangelho e levaram as boas novas
aos seus conterrâneos. As evidências para que tal tenha ocorrido é a constatação de que em
períodos posteriores podiam ser encontradas igrejas estabelecidas nos lugares de origem
16
daqueles povos (Atos 2.9-11 e 41). Alguns dos prosélitos, pessoas não descendentes de
judeus, mas que renunciavam ao paganismo aceitava a lei judaica, recebendo o rito da
circuncisão e vivendo em outras províncias romanas, ouviram e aceitaram a mensagem do
Evangelho pregada por Pedro e tornaram-se portadores das boas novas entre seus irmãos
usando como púlpito a sinagoga, principal foco religioso dos judeus fora de Israel (Atos 2.14
e 41). Todos estes discípulos fizeram o primeiro instante da atividade missionária da Igreja.
5.2– O Primeiro declínio Missionário
Aparentemente estava tudo certo com a primeira igreja. Havia conversões em massa
Perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Havia
temos em cada crente. Havia sinais e prodígios. A Igreja era respeitada e admirada pelo povo.
Mas apesar de tudo isso, havia algo errado com a Igreja de Jerusalém: “Era poderosa na fé e
no testemunho, pura no seu caráter e abundante no amor. Entretanto, o seu singular defeito era
a falta de zelo missionário. Permaneceu em seu território, quando devia ter saído para outras
terras e outros povos.” Veja Atos 1.8. Na verdade faltava zelo com missões.
5.3– O Primeiro Despertamento Missionário
A perseguição leva a Igreja a fazer a Obra Missionária. Ao serem dispersos, os cristãos
pregavam por todos os lugares que passavam. A dispersão, por causa da perseguição, deu-se
exatamente, pelos lugares que Jesus falara, ou seja, pela GEOGRAFIA MISSIONÁRIA de
Jesus.
O Resultado do Despertamento, segundo historiadores, iniciou realmente por
Jerusalém, Judéia, Samaria, depois por Cessaréia, etc...
•LESTE: foram por Damasco e Edessa, entrando na Mesopotâmia;
•SUL: foram por Bostra e Petra, entrando na Arábia;
•OESTE: foram por Alexandria e Cartago, entrando no Norte da África; e,
•NORTE: foram por Antioquia, entrando na Armênia e Bitina. Alcançaram ainda a
Espanha, Galácia (sul da França) e Grã – Bretanha e depois os confins...
5.4– Evidências do Despertamento
Os novos crentes iam formando igrejas locais e ao mesmo tempo tornavam-se
missionários entre o seu povo e de outros lugares. A propagação do Evangelho aumentava a
17
cada dia. O total de crentes por volta do segundo século é estimado em MEIO MILHÃO DE
PESSOAS! A eficácia do trabalho evangelístico se deu a partir de três fatores, somados, é
claro, com o poder do Espírito Santo, a saber:
• O Testemunho Informal;
• A Capacidade Intelectual de Alguns Crentes
• A Morte Dos Cristãos.
O testemunho informal se manifesta a partir da vida diária dos crentes, caracterizada
pelo amor.
A capacidade intelectual de alguns crentes que defendiam a fé com argumentos
racionais e bem desenvolvidos foi algo incontestável, pois o Cristianismo não era como as
demais religiões cheias de ritos e mágicas; é claro, substancial, profundo e tem a ver com a
realidade existencial do ser humano. Ganham destaque pessoas como Paulo, Orígenes,
Tertuliano, Justino Mártir e outros...
A morte de alguns cristãos, praticada pelos imperadores romanos somou para
aumento do Cristianismo, pois, a coragem dos crentes ante a execução consistia num
poderoso testemunho Tertuliano disse: “O SANGUE DOS MÁRTIRES É A SEMENTE DA
IGREJA”.
5.5– O Trabalho dos Primeiros Missionários
O trabalho dos primeiros missionários: Além de Pedro, Paulo, Apolo, Filipe, Barnabé,
Silas, Marcos, Lucas e muitos outros crentes que desempenharam atividades missionárias, a
tradição judaica conta que...
•Mateus foi para a Etiópia
•André, para a região dos citas ao norte da Europa
•Bartolomeu, para a Arábia e Índia
•Tomé, para a Índia
•Paulo, Barnabé e equipe, foram trabalhar entre os gentios e nos lugares mais
distantes do império romano como, por exemplo, Galácia, Macedônia, Acaia e Ásia
•Edésio e Frumentio, (no 4º Século) sobreviventes de um naufrágio no Mar
Vermelho, perto da Etiópia, foram levados escravos para a corte real daquele país e
logo conseguiram liberdade para pregar o evangelho e houve conversões.
18
•Gregório (213) evangelizou a Capadócia e se tornou líder da Igreja local
(dizem que quando assumiu a igreja só havia 17 crentes na cidade, mas quando morreu
só tinha 17 pagãos!...).
•Policarpo, pastor de Esmirna, desenvolveu um ministério evangelístico tão
intenso que foi acusado de ser “o destruidor dos deuses pagãos”, por isto foi queimado
em praça pública. Sua igreja constava de escravos, aristocratas locais e membros do
quadro de assistentes do procônsul”. A morte de policarpo sensibilizou a sociedade da
Ásia Menos a ponto de provocar um abrandamento das perseguições por algum tempo,
permitindo que os menos corajosos declarassem abertamente e sua fé em Cristo e os
não crentes se convertessem.
Havia também o trabalho de muitos outros pregadores anônimos que constituíam um
grande exército que marchavam em todas as direções pregando a Palavra (Atos 8.4)
Surgem Novas Igrejas Missionárias: A Igreja de Jerusalém deixou de ser a ÚNICA.
Cada nova igreja ou congregação formada pelos primeiros missionários era também uma
igreja missionária. Destacamos: Antioquia, Éfeso, Roma, Alexandria e Cartago, todavia, há
outras.
5.6– As Dez Ondas de Perseguições
“Era de se esperar que o intenso trabalho missionário resultasse um aumento de
perseguições.” Registramos, dessa época, o mais doloroso período.
IMPERADOR ÉPOCA
NERO 64 D.C.
TRAJANO 64 D.C
ADRIANO 117-138
ANTÔNIO 138-211
MARCO AURÉLIO 161-180
SÉTIMO SEVERO 193-211
MÁXIMO 235- 238/9
DÉCIO 249-251
VALERIANO 253-260
DIOCLESIANO 234-305
5.7- O Segundo Declínio Missionário
Questões doutrinárias existiram na Igreja desde o início. Aconteceram por várias
razões:
19
conceitos do judaísmo diferentes do Cristianismo; elementos gregos na Igreja muito
voltados à contemplação filosófica, etc. A Igreja enredou-se em complicadas questões que
obscureciam a simplicidade do Evangelho. Os crentes começaram a se ocupar mais com
questões doutrinárias e filosóficas do que com o Evangelho. A Igreja internamente estava
envolvida com discussões teológicas e disputas de poder, e ainda vivendo sob um clima de
perseguições. Enquanto isso, por volta do terceiro século., o Império Romano começou a
declinar. As constantes invasões dos povos bárbaros ameaçavam-no em muito. Foi dentro
deste contexto que em 313 d.C., o Imperador Constantino disse ter visto no céu uma cruz
sobre a qual estava escrito a seguinte frase em latim “IN HOC SIGNO VINCES”, que quer
dizer: “por este sinal vencerás”. Imediatamente adotou a cruz como o seu estandarte e
publicou em decreto tornando o Cristianismo como a Religião Oficial do Império Romano.
Na verdade, a intenção de Constantino era utilizar o ímpeto cristão para ir até os “povos
bárbaros”, convertê-los ao Cristianismo e assim ficarem sob o domínio romano.
Se a Igreja aceitasse a proposta do imperador, ela ganharia a proteção do Imperador e
acabariam as perseguições. A igreja seria protegida pelo Estado. Ela ganharia ainda a
Prosperidade do Império. Em contrapartida, a fé seria usada para “amansar” os povos
bárbaros e consolidar o império romano. Depois do acordo assinado, foi instituído o culto ao
imperador. Agora a Igreja venerava mais ao homem do que a Deus. Que acordo infeliz!...
Quanto aos povos, eram dominados pela força do exército romano e “amansados” pela
religião cristã. Tornavam-se cristãos à força; E a Igreja “abençoava a tirania dos
imperadores”! O resultado foram as conversões em massa. Por exemplo, Alemanha, Hungria,
Suécia, Islândia, Groelândia, Tchecoslováquia, Polônia, Índia, etc... Assim a Igreja de Roma
consolidara-se a Igreja Católica Universal! Mas, na verdade, a Igreja desviou-se do caminho
que deveria seguir... Durante cinco séc. a Igreja utilizou os mosteiros para objetivos
missionários. Nasceram várias ORDENS se Franciscanos, Dominicanos, Benetidinos, Jesuítas
e outros. No século 17 foi criada a SAGRADA CONGREGAÇÃO para propagação da fé.
5.8– Principais Missionários Católicos
Úfilas, Martinho de Tours, Patrício, Columba, Niniamo, Agostinho, Bonifácio,
Metódio, Domingos, Francisco de Assis, Las Casas, Francisco Xavier, etc.
20
5.9– Remanescentes
Nem todos estavam de acordo com o rumo que a Igreja tomava. Aconteceram vários
movimentos de reforma, por exemplo, na França em 1110, 1155 e 1170, na Inglaterra em
1324 com JOÃO WYCLIF, na Tchecoslováquia com JOÃO HUSS (1369-1445), na Itália
com JERÔNIMO SAVONAROLA (1452), com os ANABATISTAS por toda a Idade Média
e com ERASMO (1466-1536).
5.10– Os Reformadores
Nomes como Calvino, Melanchton, Zwinglio e Martinho Lutero, são comuns quando
o assunto é Reforma Protestante. Foi Martinho Lutero quem liderou a maior Reforma
Protestante no séc. XVI.
Contudo, pouco se falava de missões estrangeiras, por três razões básicas:
•Os cristãos ainda lutavam pela conservação de suas vidas (por causa das
perseguições); O Protestantismo só teve sua sobrevivência assegurada em 1648, com o
Tratado de WESTFÁLIA.
•Divergências Teológicas e controvérsias infindáveis por parte dos Protestantes;
•Ensinamentos contrários à pregação do Evangelho em todo o mundo;
JOHN GERHARD, 1637, pregava que a ordem da Grande Comissão era exclusiva dos
Apóstolos. Quem tentasse agir contra o pensamento geral deparava-se com a reprovação da
liderança da Igreja; (caso de VON WELZ, da Áustria, em 1664, cognominado” agitador
missionário”.
5.11– Iniciativas Missionárias dos Protestantes
Em meio à ausência de uma atividade missionária estruturada e permanente, os
protestantes fizeram algumas tentativas, vejamos: Na Suécia, em 1559, o rei Gustavo Vasa
incentivou o evangelismo aos povos lapões, ainda pagãos, que viviam em seu território;
Igrejas Holandesas e Inglesas mandavam missionários capelães nas suas Companhias; Um
livro cristão escrito por Hugo Grotius (1583-1645) foi usado por marinheiros holandeses para
evangelizarem o extremo oriente da Ásia; HANS UNGNAD SONNECK, um crente alemão
esperava um grupo que tentou penetrar entre os muçulmanos; Venceslau Budowitz conseguiu
converter um turco em Constantinopla; Um cristão chamado Justiniano Von Welz foi ao
Suriname, América do Sul, sem o apoio de nenhuma Igreja; Em 1555, quando a França
21
tentava dominar o Brasil, Calvino mandou dois missionários e quatorze seminaristas no grupo
de franceses hunguenotes que vieram para o Rio de Janeiro. Entretanto, a missão deles
fracassou por causa da forte perseguição do Almirante católico Villegnon.
5.12– O segundo Despertamento Missionário
Movimentos Espirituais Impulsionaram as Missões.
a) O PURITANISMO: Surgiu entre os protestantes da Inglaterra, a partir de 1657.
Pregavam contra o sistema anglicano da Rainha Elisabete, contra os aparatos cerimoniais,
conservados do catolicismo e o estilo de governo eclesiástico. Eram estudiosos da Bíblia,
buscavam viver uma vida dedicada a Deus e dando testemunho aos homens.
b) O PIETISMO: O movimento pietista surgiu com grande intensidade na
Universidade de Halle, na Alemanha. Foi liderado por Filipe Spener (1635-1705) e Augusto
Francke (1663-1727). Principais missionários: Adoniran Judson (enviado para a Birmânia);
John Taylor, Jones (Tailândia); George Dana Boardmam (Birmânia); Issacher Robert (China-
1846); LottieMoon (China-1873), WullianBagby e esposa (Brasil-1881), Zacarias e Kate
Taylor (Brasil-1882). Entre outras:
• SOCIEDADE MISSIONÁRIA DE BASILÉIA, fundada em 1815, na Suíça;
• Em 1821 fundou-se a MISSÃO DA DINAMARCA;
• Na França foi formada em 1822 a SOCIEDADE MISSIONÁRIA DE PARIS;
• Em 1842 surgiu na Alemanha, a SOCIEDADE MISSIONÁRIA DE BERLIM;
• Em 1828 formou-se a SOCIEDADE MISSIONÁRIA RENANA;
• Em 1842, a MISSÃO NORUEGUESA;
• Em 1877, entre os presbiterianos foi fundada a SOCIEDADE de EVANGELIZAÇÃO
CHINESA.
• Um dos missionários mais famosos foi HUDSON TAYLOR (foi ele quem criou o
conceito de CONTEXTUALIZAÇÃO); depois de muitos anos na China, criou sua
própria missão, estando muito doente na Inglaterra, a MISSÃO do INTERIOR da
CHINA, considerada posteriormente, a maior missão do mundo! Inúmeras sociedades,
grupos e organizações missionárias surgiram no mundo nesse período, em
consequência, quase todas as igrejas protestantes até 1914, participavam da causa
missionária.
22
5.13– O Papel da Igreja Moraviana
Na antiga Morávia (Tchecoslováquia), havia um movimento espiritual que envolvia
mais de 400 igrejas. Depois de muito sofrer com a perseguição da igreja católica, um nobre
chamado Conde ZINZENDORF (1700-1760), começou a incentivar os irmãos ao trabalho
missionário, principalmente depois de saber que a missão estava prestes a ser abandonada. No
dia 21 de agosto de 1732 começou o célebre trabalho missionário dos irmãos Moravianos.
“Sob a direção de Zinzendorf, esta igreja foi tomada de uma paixão missionária que jamais a
abandonaria. A igreja chegou a ter um missionário no estrangeiro para cada 92 membros.
Entre os anos 1732 e 1760, duzentos e vinte seis missionários morávios entraram em países
estrangeiros, estabelecendo igrejas.”
5.14– Evangelistas percorrem o Mundo
“Quando a idade da razão despontava no século XVIII e o fervor cristão declinava,
Deus utilizou determinados homens que, através de suas poderosas mensagens, conduziram os
crentes a um novo movimento do Espírito Santo que os impulsionaram a realizar a obra
missionária.” Homens comuns, como nós, porém, homens que fizeram renúncias,
experimentaram privações, sofreram danos, percas dores... Contudo, não foram
“desobedientes à visão celestial”. Homens como JOÃO WESLEY, GEORGE WHITEFILD,
JOMATHAN EDWARDS, E OUTROS. Estes homens deixaram “rastro de fogo” em seus
países e no exterior, além de serem espelhos para outros evangelistas itinerantes de séculos
seguintes. Nomes como o de CHARLES A. SPURGEON, CHARLES FINNEY, DWIGHT L
MOODY, BILLY SUNDAY, e no século vinte, BILLY GRAHAN E LUIS PALAU. O
trabalho destes evangelistas itinerantes atravessou o grande século missionário, em quase
todos (se não em todos!) os Continentes...
5.15– O Terceiro declínio Missionário
Alguns líderes de Igrejas Evangélicas nos EUA e Europa começaram a fazer uma
concepção liberal de Cristianismo, no início do século XX. Deu-se, então, o começo de um
novo desenvolvimento teológico e eclesiástico que viria a trazer grandes consequências no
futuro. No aspecto missionário, o liberalismo gerou o seguinte quadro: O liberalismo não
tinha mais certeza que Jesus era a última Palavra de Deus ao homem; O fato de se ter o título
de missionário não significava que a pessoa cria na interpretação da Bíblia e que
corajosamente defendia as doutrinas principais da fé. O liberal não aceitava a proclamação
23
exclusiva da salvação através de Jesus. Era mais simpático com as outras religiões, sugerindo
até uma síntese das religiões. Esta nova concepção teológica mandava completamente a
compreensão da Grande Comissão. Havia mudança e redução na propaganda missionária, tão
aceitável no século XIX. Pietismo gerou uma grande influência missionária, tornando – se o
berço do primeiro esforço genuíno missionário da reforma. Pregadores famosos do Pietismo:
JONATHAN EDWARDS, JOHN WESLEY, GEORGE WHITEFIELD, ETC. Os resultados
destes movimentos foram maravilhosos para as missões pois, serviram para amadurecer o
conceito de salvação individual e da conversão pessoal de cada indivíduo, ao contrário das
“conversões em massa”, realizada pela Igreja Católica em séculos anteriores. Principais
resultados: A formação de Sociedades Missionárias (quase todas as igrejas de então, se
envolveram com Missões Transculturais) e o extraordinário trabalho da Igreja da Morávia (os
moravianos realizaram uma vigília ininterrupta de oração por quase 100 anos!).
5.16– As Principais Sociedades e seus missionários
A primeira foi a SOCIEDADE para PROPAGAÇÃO do EVANGELHO, fundada em
1649, na Nova Inglaterra, (EUA), pelo Pr. congregacional John Eliot, que fora enviado pela
Igreja Congregacional da Inglaterra para evangelizar os índios da América do Norte. A
SOCIEDADE para a PROMOÇÃO do CONHECIMENTO CRISTÃO (SPCK), liderada por
Thomas Bray, foi fundada em 1698 pela Igreja Anglicana Da Inglaterra. Marcou o início das
“missões inglesas”, estabeleceu bases na Índia; um dos seus principais missionários foi
Christian Friedrich Schwartz (1724-1798), serviu quarenta e oito na Índia. Pelos idos de 1700,
foi fundada a SOCIEDADE ESCOCESA.
Propagação do conhecimento Cristão: David Brainerd (1718-1877) foi enviado para
trabalhar entre as tribos de índios nômades nos EUA, Alexander Duff, foi para a Índia em
1830, (levou dezoito anos para ganhar trinta e três indianos para Cristo!). Em 1701,
anglicanos e outras igrejas evangélicas da Inglaterra se uniram e formaram a SOCIEDADE
para PROPAGAÇÃO do EVANGELHO em TERRAS ESTRANGEIRAS (SPG). Objetivo:
Prestar apoio aos missionários na América do Norte e Índias Ocidentais; em pouco tempo
enviaram mais de trezentos e cinquenta missionários! Em 1705, em Halle, Alemanha, os
pietistas criaram a MISSÃO DANISH-HALLE, cujo líder foi Franz Lutkens. Destacam-se:
Bartholomeu Ziegenbald e Henry Plutschau, enviados para Tranquebar, Índia. Os anglicanos
ingleses formaram em 1799 outra missão, a SOCIEDADE MISSIONÁRIS da IGREJA
(CMS) WILLIAM (GUILHERME) CAREY contribuiu muito para que, em 1792, na
24
Inglaterra, um grupo de pastores fundassem a SOCIEDADE BATISTA MISSIONÁRIA * O
primeiro missionário comissionado foi John Thomas, que era um médico da esquadra real e
que permaneceu na Índia depois de seu pedido de serviço, a fim de trabalhar como médico –
missionário. Wuillian Carey voluntariou-se para auxiliá-lo, e foi para lá em 1793 e
trabalharam juntos por quarenta e um anos. Em Londres, os Congregacionais, fundaram em
1795 a SOCIEDADE MISSIONÁRIA de LONDRES. Principais missionários: Roberto
Moffat (África do Sul-1816); David Livingstone (África do Sul-1871), Robert Morrison foi o
1º missionário protestante enviado à China; (Chegou em Cantão em 1807). Em 1797 foi
fundada a SOCIEDADE MISSIONÁRIA HOLANDESA. Evangelizaram basicamente na
Indonésia e, como em nenhuma outra parte do mundo, conseguiram a conversão de
muçulmanos. Em 1810, os congregacionais e presbiterianos norte-americanos formaram a
JUNTA AMÉRICA para as MISSÕES ESTRANGEIRAS (AMERICAN BOARD). No ano
de 1817, os batistas norte-americanos fundaram a JUNTA AMERICANA dos
MISSIONÁRIOS BATISTAS.
5.17– Preocupação Social
Preocupação Social ocupa o lugar de missões: Este assunto provocou muito impacto
no final do século XIX e início do século XX. A questão social passou a ser mais enfatizada
do que a relação individual entre o crente e Deus. Muitos líderes cristãos aderiram ao
chamado “Evangelho Social”. A maior expressão deste tipo de “Evangelho”, veio à tona anos
mais tarde, na América Latina com a Teologia da Libertação.
25
5.18– O Terceiro Despertamento Missionário
a) CRISTÃO: Voluntários X Liberais. Em reação ao liberalismo, surgiu nos EUA
uma nova geração de missionários profundamente determinados a manter
uma fé pura e confiar na dependência total de Deus. Eles partiram para um
intenso tablado de evangelismo, até mesmo aos próprios cristãos nominais,
em seu país e também na Europa e América Latina. Depois disso, os Estados
Unidos passaram a ser nação com o maior número de missionários atuando
em todo o mundo. Estes novos missionários, na maioria, eram formados em
Institutos Bíblicos e Faculdades Cristãs. Apareceram nos fins do século XIX e
limiar do século XX.
b) Nasce Movimento voluntário Infantil
Foi nessa nova onda missionária que nasceu nos EUA o Movimento Voluntário
Estudantil em 1886. Perdurou por cinquenta anos e enviou mais de vinte mil estudantes para o
campo missionário no exterior, a maioria norte-americanos. Os mais conhecidos desses
estudantes foram Carlos T Studd, J.E.K. Studd, Robert Wilder, Joseph H. Oldham, Robert E.
Speer, W. Tempe Cairdener, Samuel Zwemer, William Pacon, Fletcher Brockmam e. Stanley
Jones.”
c) Nasce a aliança Bíblica Universitária (ABU)
Quem criou a ABU foi C. Stacey Woods, em 1943, nos EUA. O objetivo da ABU é
promover missões nos “campus” das Universidades. Na UFJF, funciona um núcleo da ABU
que está ligada a ABU da Região Centro Oeste.
d) Nasce a associação Evangélica das Missões Estrangeiras.
Esta associação foi fundada depois da 2ª G.G.M, nos EUA. Contrária ao liberalismo
recebeu o apoio da maioria das missões da sua época. (3.7.5) Novas Sociedades e Agências
Missionárias: Nessa época muitas outras organizações missionárias começaram a surgir no
mundo, tais como: a Missão para o Interior do Sudão (SIM); a Cruzada de Evangelização
Mundial; O Ministério de Cruzadas Além Mar e etc. Em consequência do movimento
estudantil e destas novas agências missionárias, muitos países outrora fechados ao Evangelho,
foram alcançados. O Movimento Pentecostal: Nos idos de 1910, aconteceram em diferentes
lugares dos EUA movimentos de renovação espiritual entre igrejas protestantes tradicionais:
presbiterianos, congregacionais, batistas, metodistas, etc. Esse movimento ficou sendo
26
chamado de Movimento Pentecostal. Estas igrejas protestantes que haviam aceitado o
Batismo no Espírito Santo, não podendo mais permanecer no seio de suas denominações e
possuindo vários missionários no campo, razão pela qual necessitavam de uma autoridade
executiva e organização, formaram em 1914 as Assembleias de Deus norte-americanas.
Dentro desse entusiasmo missionário do Movimento Pentecostal destacam-se os suecos
Daniel Berg e Gunnar Vingren, que vieram dos EUA para o Brasil em 1910, e se instalaram
na cidade de Belém do Pará. Ali, em 1911, logo após a não aceitação do batismo no Espírito
Santo pela Igreja Batista (como aconteceu nos EUA), formaram, juntamente com um grupo de
irmãos, a Missão de Fé Apostólica, que em 1918, veio a se chamar Assembleia de Deus.
e) Conferências Nacionais e Mundiais
A partir do século XIX em quase todos os países onde havia trabalhos missionários
protestantes aconteceram conferências missionárias com a participação de diferentes
sociedades missionárias que motivaram a realização de Conferências Missionárias Nacionais
e a formação de Comitês e Missões. Depois da primeira realizada na Índia em 1855, cada vez
mais foram sendo realizadas conferências, agências e sociedades missionárias a realizarem
juntas grandes conferências mundiais de missões, hoje chamadas de Congressos Mundiais de
Evangelização. Já foram realizados treze desses Congressos Mundiais. Os que foram
considerados mais importantes são: o de Edimburgo, na Escócia, em 1910, e o de Lausanne,
na Suíça, em 1974. A nível regional, os envolvidos com a tarefa missionária também têm – se
unido em conferências. Como é o caso do Congresso sobre Evangelismo no Pacífico Sul, em
1968; o Congresso Missionário para Estudantes de toda a Ásia, em 1973; a Consulta sobre
Missões em toda a Ásia em 1973; a Associação de Missões n Ásia, em 1975; e o COIBAM
(Congresso Latino-Americano sobre Missões) realizado em São Paulo, em 1987. Muitas
outras Consultas Globais, reuniões denominacionais e regionais com o objetivo de tratar de
assuntos missionários estão planejadas ao redor do mundo. Nos últimos cinquenta anos da
História de Missões, pôde-se constatar que naquelas áreas do mundo tidas como “campo
missionário”, a Igreja tem florescido, e hoje, estão se tornando “base de envio de
missionários”. “Trabalhemos enquanto é dia, pois a noite vem, quando ninguém mais pode
trabalhar.”
27
CAPITULO VI – Missões Transculturais
O que são Missões Transculturais? O prefixo “trans” deriva-se do Latim e significa
“movimento para além de”, ou “através de”. Sendo assim, em linhas gerais, missões
transculturais é transpor uma cultura para levar a mensagem do universal do Evangelho.
Segundo Larry Patê, missões transculturais, “é a proclamação do amor de Deus, que
ultrapassa fronteiras culturais, raciais e linguísticas”. A mensagem do Evangelho não pode se
restringir a uma só cultura, mas ter alcance abrangente, em todos os quadrantes da Terra, onde
quer que haja uma etnia que ainda não a tenha ouvido. O Evangelho está acima de nossas
concepções humanas e deve valer-se dos elementos étnicos de cada cultura para ser
proclamado. É preciso descobrir o “approach” de cada cultura, ou seja, os seus pontos de
aproximação, para comunicar de maneira adequada as verdades do Evangelho. Não é o
Evangelho que se curva a cultura, mas esta se curva ao Evangelho. Isto é fazer missões
transculturais...
6.1– O QUE É CULTURA
Para muitos, a palavra “cultura” significa o grau de estudos de uma pessoa. Por isso, é
comum ouvirmos alguém falar: “Fulano de Tal tem muita cultura”. Quase todas as pessoas
fazem esta associação da cultura com o nível intelectual ou de instrução de alguém. Mas
cultura não é isto. Cultura é, segundo a definição do dicionário Aurélio, “o complexo de
comportamento, das crenças, das instituições e doutros valores espirituais e materiais
transmitidos coletivamente e característicos de uma sociedade”. Na Antropologia, o termo
cultura é visto sempre em associação com outro termo, a saber: sociedade. Para um
antropólogo, cultura “é o conjunto de comportamentos e ideias característicos de um povo,
que se transmite de uma geração a outra e que resulta da socialização e aculturação
verificadas no decorrer de sua história”. Assim sendo, cultura “é o modo de agir”, e o termo
28
sociedade designa o “grupo de indivíduos que compartilham de um mesmo modo de agir”.
Precisamos entender bem claramente que cada povo tem o seu próprio “Padrão de Cultura”,
que é a amalgama de todos os valores passados de geração a geração em cada sociedade desde
os seus primórdios. É o padrão cultural de cada povo que determina qual a “orientação
cultural” que cada povo segue. Ou seja, a orientação cultural é que norteia o modo de viver de
cada indivíduo dentro de sua etnia.
6.2 – Transculturação
Transculturação “é o processo de transformação cultural caracterizado pela influência
de elementos de outra cultura, com a perda ou alteração dos já existentes”. Note, na definição
do termo, o seguinte “... é a influência de elementos de outra cultura, com a perda ou alteração
dos já existentes”. O missionário transcultural deve tomar muito cuidado para não exercer este
papel. O papel do missionário não é alterar ou mudar os valores de uma cultura. O seu
compromisso é com os Princípios Bíblicos. Estes, sim, podem exercer influência e até mesmo
alterar situações contrárias à fé cristã, que deverão ser resolvidas no próprio contexto cultural,
sem que seja necessário “importar” ou “adaptar” modelos de outros padrões de culturas.
6.3 – Etnocentrismo
Etnocentrismo é “uma tendência a ver a nossa própria cultura como maneira universal
de comportamento”. O missionário não pode se deixar levar por esta atitude. Entretanto, isso
às vezes acontece; acontece, porque somos tão inconscientes de como nossas vidas são
guiadas pela nossa cultura e idioma, que de repente, descobrimos que é mais difícil do que
pensávamos aceitar uma outra cultura. Embora, reconhecendo o que possa ser considerado
comportamento apropriado em outra cultura, apegamo-nos ao que consideramos “normal” e
“natural”. Achamos que a nossa maneira de fazer as coisas é “superior” e “correta”. Quando
isto acontece com um missionário no seu campo de trabalho, é reflexo de que ele não teve
uma boa aculturação.
6.4 – Aculturação
Já vimos que cada povo tem o seu próprio padrão de cultura, e também que as culturas
diferem na língua, na forma de ver o mundo, na valorização da conduta e em muitos outros
aspectos. Quando alguém tenta comunicar uma mensagem a uma pessoa de outra cultura, um
emaranhado de coisas impede que esta mensagem seja bem compreendida. É como se
29
houvesse um bloqueio entre a fonte e o receptor. Este bloqueio realmente existe e é chamado
de barreira, ou rede cultural. A solução eficaz para o problema da “rede-cultural”, é o
missionário intercultural “passar pela rede”, ou seja, ele deve assimilar a cultura do povo onde
missiona; Ele deve se esforçar ao máximo em aprender o idioma local e comunicar, na língua
desse povo, a mensagem do Evangelho; E para isso, ele deve usar as normas de conduta deste
povo, bem como seu sistema de símbolos. O missionário tem que deixar a sua dimensão e
entrar na dimensão do povo em que atua utilizando os próprios recursos deles para se fazer
compreendido. Este processo é chamado de aculturação.
6.4.1 – Estratégia de aculturação
A Cosmovisão: Para atravessar uma “rede cultural” e alcançar uma cultura de forma
eficaz com o Evangelho, é importante desenvolver uma estratégia funcional. O missionário
deve saber em que pontos as culturas se diferem. Tem de reconhecer os princípios a serem
aplicados, mas deve saber como aculturar-se no grupo que deseja alcançar. Para conseguir
isso, deve saber que o centro de toda cultura e seu gerador primário, é a COSMOVISÃO.
Cosmovisão é o conjunto de princípios, símbolos e valores que um povo tem como verdades
para a sua realidade. Esses valores, por sua vez, hão de gerar um conjunto de normas aceitas
como condutas normais desse povo. A ilustração abaixo exemplifica isto: Certo missionário
perguntou ao chefe de uma tribo africana se podia levar sua família para viver nessa aldeia. O
chefe perguntou o motivo. Então o missionário lhe disse que tinha uma mensagem importante
para o povo. Qual a mensagem? – perguntou o chefe. – Eu lhe contarei a mensagem se
permitir que minha família e eu vivamos com o seu povo durante dois anos. – respondeu o
missionário. O chefe concordou. Nesses dois anos o missionário e sua família aprenderam a
língua do povo, aprenderam a cultivar a terra, cozinhar, comer e comportar-se como o povo
dessa aldeia. Por outro lado, todos observavam os estrangeiros com grande curiosidade,
especialmente no princípio. Viam-nos orar. Percebiam como amavam os filhos e como faziam
amigos entre o povo. Passados os dois anos, a aldeia toda decidiu dar uma festa especial para
que o missionário comunicasse a sua importante mensagem. O povo havia aprendido a amá-lo
e a respeitá-lo. Estava realmente desejoso de saber porque ele havia deixado sua própria terra
para viver entre eles durante esses dois anos. Quando o missionário se levantou e começou a
falar na língua do povo, todos ficaram atentos à verdade. Ele começou pelo princípio,
exatamente como os anciãos faziam à noite, ao contarem suas histórias em volta das
fogueiras. Contou-lhes a história de um homem especial enviado por Deus. Hora e meia mais
30
tarde, o missionário acabou de apresentar sua mensagem, e ficou esperando que o chefe
falasse como de costume. O chefe fez algumas perguntas sobre os espíritos malignos para o
missionário, o qual respondeu a cada uma delas usando a Palavra de Deus. O povo resolveu
voltar na noite seguinte para ouvir mais. E assim foi por quatro noites consecutivas. No final
da mensagem da quarta noite. O chefe se pôs se pé e declarou que queria seguir o modo de
vida de Cristo. O chefe foi o primeiro a ser batizado. Em pouco tempo, a aldeia inteira aceitou
“o modo de vida de Cristo”! O êxito deste missionário se deu porque ele conseguiu penetrar
na cosmovisão do povo. Ou seja, ele construiu uma plataforma na mentalidade deste povo, de
onde ele podia verdadeiramente falar e ser ouvido. E por causa do seu proceder todos os
naturais chegaram a ser cristãos. Se o missionário tivesse começado a pregar logo assim que
chegou, sem antes atravessar a “rede cultural”, ou seja, sem aculturar-se; sem entender qual
era o conjunto de valores do povo, sem entrar na cosmovisão do povo, para aí então,
compreender quais as normas de conduta deste povo e assim poder pregar o evangelho, ele
não teria bem sucedido. Talvez depois desses dois anos ele tivesse apenas um pequeno grupo
de convertidos, ou nenhum. A Cosmovisão de certo povo é a sua percepção básica de como as
coisas são e de como chegaram a ser assim. “COSMOVISÃO: O CORAÇÃO DE UMA
CULTURA”!
6.4.2 – Princípios de aculturação
Através de bons princípios de aculturação o missionário transcultural, pode diminuir
muito o choque cultural. No próximo ponto falaremos sobre este choque, agora vejamos
alguns destes princípios de aculturação.
a) Seguir as Normas de Conduta da Cultura Hóspede. Em geral, o processo de
aculturação requer de dois a cinco anos. Para o missionário, quanto mais tempo puder passar
com o povo adotado, melhor. Quando um obreiro transcultural entre pela primeira vez noutra
cultura, o faz no nível das “normas de conduta”. Sua compreensão do “sistema de valores” e
da “cosmovisão” dessa cultura é mínima. O missionário precisa aprender a comer, vestir,
dormir, viajar, receber visitas e fazer muitas outras coisas exatamente como o povo da cultura
local faz. Agindo da maneira do povo, logo o missionário compreenderá os valores em que se
baseiam essas normas de conduta. Aprenderá não somente a compreendê-los, mas também ele
próprio começará a adotar muitos desses valores, que começarão a ter sentido para ele.
Quanto mais o missionário adotar as normas de conduta do povo, tanto mais se convencerão
de que ele os respeita e se interessa por eles.
31
b) Contribuir para que o Evangelho Transforme a Cosmovisão do Povo: Não é
suficiente mudanças apenas nas “normas de conduta” do povo. A pregação do Evangelho
precisa atingir a sua “cosmovisão” e seu “sistema de valores”. Enquanto isso não acontecer, o
Evangelho não terá penetrado realmente na sociedade. É possível o missionário conseguir
persuadir algumas pessoas a se comportarem de acordo com o exemplo que lhes dá. Podem
até ir à Igreja e participar das atividades cristãs, contudo, quando se encontram enfermas, ou
atemorizadas por maus espíritos, recorrem à feitiçaria, ao espiritismo ou a outras atividades
não cristãs. A esse tipo de conduta dá-se o nome de Sincretismo, que é uma mistura de
Cristianismo com outras religiões. O povo inclui o Cristianismo em suas formas de culto, suas
crenças religiosas; não o segue como o único caminho verdadeiro. A única maneira de vencer
o sincretismo é fazer com que o Evangelho penetre na cosmovisão e no sistema de valores da
sociedade. O povo precisa crer no Evangelho de tal maneira que alcancem uma perspectiva
cristã e não mais pratiquem suas antigas formas de cultos e sacrifícios.
c) Traçar o perfil dos Valores básicos da Cultura Hospedeira: Tendo aprendido a
maior parte das normas de conduta da cultura que o hospeda, o missionário começará a
entender os valores básicos do povo. Isto lhe dará um quadro mais claro de como comunicar o
evangelho a esse povo.
d) Julgar a Própria Conduta Social, Moral e Religiosa Segundo as Normas da Cultura
Hospedeira: O missionário tem que evitar o Etnocentrismo a todo custo. Não deve julgar as
normas de conduta da cultura local segundo suas normas culturais. Antes, deve aprender a ver
sua própria conduta de acordo com o sentido que lhe dá a cultura local.
e) Aguardar o Momento Certo para Começar a Pregar: Um dos erros mais comuns que
os missionários cometem é começar a pregar logo que chegam à cova cultura. Certo
missionário enviado ao Japão, logo que chegou lá, contratou um intérprete e deu início a uma
campanha de evangelização. Ao fazer o primeiro apelo no final do culto, todos levantaram as
mãos indicando aceitar a Jesus. No segundo culto aconteceu o mesmo. O missionário concluiu
que tanta gente estava se convertendo que não podia dar tempo à aprendizagem da língua
japonesa. Pregou durante um ano inteiro através do mesmo intérprete antes de saber a verdade
do fato. Cada vez que ele pedia que as pessoas que quisessem aceitar a Cristo levantassem as
mãos, o intérprete simplesmente mandava que todos levantassem as mãos! De modo que os
ouvintes levantavam as mãos não para aceitarem a Jesus, mas sim, para que o pregador não
perdesse o prestígio e também porque o intérprete lhes dizia que o fizessem. Podemos
32
concluir que, enquanto o processo de aculturação não estiver bem avançado, o missionário
não poderá comunicar a mensagem de maneira que o povo possa recebê-lo.
6.5 – Choque Cultural
Se o missionário usar como seu “guia” os princípios e a estratégia de aculturação
apresentadas no ponto anterior, ele conseguirá superar bem o choque cultural. O choque
cultural é um sentimento de confusão e desorientação que a pessoa enfrenta quando se muda
para outra cultura. A causa desse choque é exatamente a mudança de normas culturais. A
intensidade do choque dependerá da diferença entre a cultura de origem e a cultura hóspede
do missionário. Dependerá também, da personalidade e do preparo do missionário. (Assunto
do próximo ponto!). Já vimos o que é o choque cultural, sua causa e intensidade, agora
veremos alguns sintomas deste choque.
6.5.1 – Sintomas do Choque Cultural
a) Sensação de Desorientação. É comum a pessoa sentir certo incômodo e certa
sensação de desorientação, bem como ansiedade nervosa. Principalmente se ela não entende a
língua local.
b) Desejo de Isolar-se. Dada a dificuldade de comunicação com o natural, e a não
possibilidade de se comunicar com pessoas de sua cultura, então surge uma vontade de ficar
só.
c) Comparação das Culturas. O iniciado constantemente nota diferenças entre a sua
cultura e a que o hospeda deve cuidar-se para não se exceder em frequentes comparações,
pois as pessoas que o cerca podem se sentir ofendidas.
d) Menosprezo pelas Normas Culturais;
e) Sensação de Estar Preso;
f) Sentimento de Hostilidade;
g) Sensação de Autodesprezo;
h) Sensação de Fracasso; e até mesmo.
i) Perda da Visão Espiritual;
A lista de sintomas apresentada não é necessariamente progressiva. Mas é um
conjunto de reações normais que ocorrem quando uma pessoa entra numa nova cultura. O
missionário pode não sentir todos estes sintomas, nesta mesma sequência e intensidade, mas
certamente há de experimentar pelo menos um deles. Quanto mais o missionário transcultural
33
compreender a cultura em questão e a tarefa que tem pela frente, menos será o efeito que o
choque cultural terá sobre ele e sua família.
6.6 – O Missionário Transcultural e seu Preparo
O missionário transcultural precisa receber um treinamento específico antes de sair
para o campo. Não significa o envio de alguém, sem que este alguém não tenha recebido um
preparo (o mínimo que seja), nas seguintes áreas:
a) Preparo Linguístico: O missionário precisa saber pelo menos, qual o idioma falado
no seu “campo-alvo”. O ideal é que ele saiba falar antes mesmo da partida. E não apenas o
idioma, mas também as peculiaridades da língua do país que vai trabalhar. Este preparo exige
tempo, estudo e determinação; antes e depois da ida do missionário para o campo, pois ele
não termina com a chegada do mesmo, pelo contrário, deve ser intensificado; porque o
missionário vai precisar de um domínio completo da língua, bem como de uma boa fluência e
também conhecimento de expressões idiomáticas e regionalismos (e neste caso, quanto mais
ele souber, melhor!)! Quando se faz uma tradução de um idioma para outro, nem sempre há
palavras correspondentes entre esses idiomas. O missionário que tem um bom conhecimento
do idioma para o qual se faz a tradução saberá, então, nesta ocasião: valer-se da “equivalência
dinâmica” para poder transmitir a sua mensagem de maneira inteligível aos seus ouvintes. É
por isso que o missionário necessita de um bom preparo linguístico, para poder das
“contemporaneidade” à Bíblia, no país onde missiona.
b) Preparo Teológico: É importante frisar, quando mencionamos “preparo teológico”,
que não basta ao missionário, ter meros conhecimentos de conceitos sistemáticos da Bíblia e
querer transportá-los de uma realidade para outra. É preciso que estes conceitos tenham
correspondências práticas na vida de quem os ensina, especialmente no campo missionário;
onde poderá haver circunstâncias que exigirão “provas” daquilo que se prega. Em outras
palavras, o missionário deve viver o que prega e pregar o que vive. Toda boa teoria que não
for aprovada, não passa de uma “boa teoria”. O ensino bíblico não pode ficar apenas no
campo teórico. Se não for acompanhado de evidências terá pouco resultado. Não basta ao
missionário ter conhecimento teológico. Este preparo deve revestir-se da visão transcultural
para que ele possa encontrar em cada etnia o instrumento próprio para aplicar os ensinos na
vida do povo. Para o missionário ensinar as verdades bíblicas em outra cultura, ele precisa
contar com o momento adequado e a estratégia certa.
34
c) Preparo Transcultural: Costumes são mutáveis e diferem de uma região para a outra.
O missionário precisa conhecer os costumas do povo que vai trabalhar, para que o choque
cultural não gere efeitos negativos. Uma questão séria é a do vestuário. O quadro muda de
país para país; e de região para região. O missionário precisa ter bastante equilíbrio para não
exportar costumes de sua cultura para a do povo adotado; nem tão pouco quando retornar à
sua pátria, importar costumes do campo onde missiona para i seu país de origem que sejam
incompatíveis com o seu “modus vivendi”. A área de costumes inclui também, hábitos
alimentares, ética à mesa, convivência familiar, etc; que diferem de uma cultura para a outra.
Os costumes mudam, mas os princípios bíblicos são imutáveis!...
6.7 – Tipologia da Evangelização
“Nosso mundo hoje, é muito mais complexo do que o mundo dos crentes da Igreja
Primitiva. Atualmente há mais línguas, mas países, mais grupos étnicos do que quando a
Igreja Primitiva foi tão eficaz na evangelização intercultural. Nessa época não era preciso
passaporte, nem vistos, e o grego era um idioma comum falado por muita gente. Hoje, as
distâncias entre as cidades, são muito maiores, tanto geográfica quanto culturalmente. Se
desejamos sermos “missionários” eficazes, devemos aprender tudo quanto podemos acerca
das diferenças e de como superar as barreiras que se apresentam para uma comunicação eficaz
do evangelho”. Buscando criar meios e estratégias para a evangelização mundial, o estadista
de missões Ralf Winter (U.S. Center), criou um esquema com base nas distâncias culturais
entre o missionário e seus ouvintes. “O homem precisa criar formas de controlar sua realidade
para compreendê-la e modificá-la. Exemplo: Metro: Distância; Hora: Tempo.” Com Missões
também é assim. É de grande valia para nós, compreendermos o conceito de “Distância
Cultural”; ou seja, o quanto uma cultura é “distante” (diferente) da outra! Ralf Winter separou
a Evangelização em quatro etapas: “E - 0”, “E - 1”, “E - 2”, “E - 3”:
a) “E - 0”: Evangelização “E - 0” significa uma evangelização com barreira cultural 0!
Isto é, sem nenhuma distância cultural entre o emissor e o receptor. Isto ocorre quando um
verdadeiro cristão ganha para Cristo “cristão nominais”. Neste caso não existem barreiras
culturais, nem religiosas, nem geográfica, nem de tipo algum.
b) “E - 1: Evangelização “E - 1” é ganhar para Cristo pessoas da própria cultura do
evangelista, mas que ainda não “nasceram de novo”. Por exemplo, quando um crente
pentecostal leva ao Senhor alguém de sua própria cultura que é católico romano. A cultura é
igual, mas a religião é diferente.
35
c) “E - 2”: Evangelização “E - 2” é ganhar para Cristo pessoas que pertencem a
culturas diferentes, mas similares à do evangelista. As culturas desses povos não são
exatamente iguais, porém, podem ser bastante aproximadas, até o ponto de falarem a mesma
língua materna. Temos dois exemplos bíblicos. O primeiro são os samaritanos. Embora
fossem à semelhança dos judeus, inclusive na língua, pois falavam o aramaico, contudo, havia
profundos preconceitos históricos e culturais que eram verdadeiras barreiras, entre esses dois
grupos étnicos, a ponto de não se comunicarem um com o outro (João 4). De maneira que,
quando Filipe começou um avivamento entre os samaritanos, ele estava fazendo “E - 2”! O
segundo exemplo, é quando os judeus helenitas começaram a estabelecer igrejas entre os
gregos (Atos 19.20). Eles cruzaram uma barreira de grande preconceito religioso e racial para
ganhar os gregos para Jesus, e o fizeram numa língua diferente da sua. A evangelização do
tipo “E - 2” é uma evangelização intercultural. Quando a barreira idiomática ou a cultural, ou
ambas, são suficientemente grandes que requeiram uma igreja em meio ao povo evangelizado,
então temos uma evangelização intercultural. Uma grande parte da evangelização intercultural
registrada na Bíblia é do tipo “E - 2”.
d) “E - 3” é ganhar para o Senhor, membros de uma cultura muito distante. Neste caso
não existe nenhuma semelhança cultural entre o emissor e o receptor. Isto é, entre o
evangelista e o povo evangelizado. O fator chave a ser considerado é a distância cultural.
6.8 – A Teoria do Evangelismo de Vizinhança
Alguns pensam que a evangelização de certa parte do mundo é de responsabilidade
única dos crentes dessas regiões. Os que assim pensam, não são favoráveis à evangelização do
tipo “E - 3” (ou seja, não são favoráveis a missões transculturais!). Há até mesmo quem
considera “E – 3” desnecessária. Isto porque acreditam (às vezes até inconscientemente) no
pensamento conhecido como “teoria do evangelismo da vizinhança”. As pessoas que
acreditam no evangelismo de vizinhança deduzem que, uma vez que há alguns crentes em
determinada região do mundo, basta que estes “evangelizem seus vizinhos” (evangelização do
tipo “E – 0” e “E - 1”) uma vez que estão culturalmente próximos, assim, não se faz
necessário o envio de missionários (para se fazer “E – 3”!) e em pouco tempo o mundo todo
terá sido evangelizado. Entretanto, estas pessoas se esquecem que para se fazer “E – 1” é
necessário que antes se faça “E – 3”! Foi assim com Jesus. Ele realizou “E – 0”, “E - 1” e
também “E – 2” (no caso de João 4!), antes porém, realizou “E – 3”, porque foi ENVIADO de
um outro “País” e precisou aculturar – se à cultura judaica antes de começar a pregar o
36
Evangelho! O missionário precisa transpor uma barreira cultural, geográfica ou linguística
para poder ministrar o Evangelho. Foi exatamente isto que Jesus fez... É por esta razão que
David Livingstone disse a frase que já citamos anteriormente, mas que vem a propósito:
“Deus tinha um único filho e fez dele um missionário”. Seguindo estes padrões de
evangelização, concluímos que se um evangelista sair fazendo “E – 1”, em um determinado
momento ele vai encontrar uma barreira (seja ela geográfica, cultural ou linguística), ao
transpor esta barreira estará fazendo “E – 2” e mesmo “E – 3”. Exemplificando: Suponhamos
que eu queira divulgar o Evangelho em todo o mundo, mas sem sair da minha cidade natal,
Juiz de Fora; sem fazer missões transculturais. Então, eu evangelizo o meu “vizinho” e dou –
lhe a incumbência de ganhar o seu e de passar – lhe a mesma tarefa. Logo, logo teremos
evangelizado todos os bairros de Juiz de Fora e o último “vizinho”, ganhou alguém do estado
do Rio de Janeiro. E lá no Rio o evangelho foi passando de “vizinho a vizinho” até chegar em
São Paulo, depois no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Até aqui só houve “E – 1”.
Então, o “vizinho” da última cidade do Rio Grande do Sul, que faz fronteira com o
URUGUAI, vai da mesma forma como foi feito até agora, tenta evangelizar o seu vizinho. Só
que este seu “vizinho” uruguaio fala outra língua, tem outros costumes, enfim, tem outra
cultura e pertence a outro grupo étnico, diferente do Brasil. Isto que dizer que o “vizinho”
crente se deparou com uma barreira cultural, geográfica e linguística. Se ele pretende
realmente ganhar o uruguaio para Jesus, então terá de transpor estas barreiras e a única
maneira é fazendo MISSÕES TRANSCULTURAIS! (Neste caso “E – 2”). Outro exemplo
que pode ser dado é o caso da Igreja do Paquistão. É composta, na sua maioria, de ex-hindus,
os quais não conseguem testemunhar para seus vizinhos muçulmanos (97%) geograficamente
próximos, porém, muito distantes culturalmente. Neste caso também, o “evangelismo de
vizinhança” não funciona. Poderia ter citado ainda o caso de uma Igreja no Sul da Índia (País
que sofre com a desigualdade social por causa da sua divisão em “Castas!”), ou o da Igreja de
Bata, na Indonésia, entretanto creio que já ficou bem claro que só se faz “E – 1” se antes, for
feito “E – 3”. “A igreja saudável e no centro da vontade de Deus é aquela que segue seu
Senhor e faz tal qual ele fez..”
37
CAPITULO VII – MISSÃO CRISTÃ HOJE
Tanto o homem que “não é mais cristão” quanto o homem que “ainda não é cristão”
pertencem ao mundo que necessita do Evangelho e a quem o Evangelho se destina. Eis
porque as igrejas em toda parte no mundo podem e devem entender-se de modo cada vez
melhor no serviço do testemunho.
Corremos o sério risco de sabermos muito sobre missões, teoricamente falando é claro.
Livros são escritos, debates acontecem, seminários sobre missões, semanas missionárias,
relatórios com gráficos, vários artigos na internet, slides que apontam lugares/pessoas não
alcançadas etc., mas, tomara que eu esteja errado, pouco se vê sendo feito na prática.
Conseguiu-se pegar o “Ide” de Jesus e colocá-lo num laboratório de análises semânticas,
exegeses, hermenêuticas, e todo o estudo do texto parece não ter nos impulsionado a
simplesmente obedecer ao que foi proposto pelo Senhor.
Um dia Jesus disse: “Vocês estão enganados, pois não conhecem as Escrituras nem o
poder de Deus!” (Marcos 12.24), hoje talvez dissesse: vocês estão enganados e conhecem as
Escrituras; os que primeiro ouviram a fala de Jesus desconheciam o que Ele anunciava, mas e
nós? Será que não estamos nos enganando a nós mesmos, com escapismos tolos? Será que já
não está suficientemente claro que Ele nos comissionou?
A Bíblia diz que, ao aceitarmos a Jesus Cristo como nosso Senhor e Salvador, nós o
fazemos pela fé; esta fé é colocada em nosso coração pelo Espírito Santo que passa a operar
em nós e através de nós. Esta fé é o instrumento de que o Espírito Santo se vale, capacitando-
nos espiritualmente, guiando-nos na verdade, para enfrentarmos os grandes desafios impostos
à nossa existência por um mundo cada vez mais distante de Deus. Além disso, amplia a nossa
visão e nos faz conscientes do nosso próximo, quer esteja aqui, numa vila distante, ou numa
aldeia indígena. A fé elimina as fronteiras geográficas, fazendo-nos cidadãos do mundo.
38
Não pode haver fronteiras geográficas, culturais, nada no sentido que nos divida
separe quando se trata de missões cristãs, todos precisam ser alcançados pela Palavra da
salvação, precisamos alargar nossas fronteiras, como dizia John Wesley “o mundo é a minha
paróquia”, ou como afirmou tão brilhantemente o Pacto de Lausanne - “o evangelho todo,
para o homem todo, para todos os homens”.
Precisamos amar quem está ao nosso lado e amar quem está ao nosso alcance, algumas
pessoas estão ao nosso lado, convivem conosco, fazem parte do nosso dia a dia, nos
encontramos vez ou outra, mas há também pessoas que estão ao nosso alcance, num
telefonema, numa mensagem por vários meios atuais, de várias formas podemos acessá-las,
estão ao nosso alcance, podemos e devemos colocá-las como alvo de nossa evangelização.
“15. Antes, santifiquem Cristo como Senhor em seu coração. Estejam sempre
preparados para responder a qualquer pessoa que lhes pedir a razão da esperança que há
em vocês. 16. Contudo, façam isso com mansidão e respeito, conservando boa consciência,
de forma que os que falam maldosamente contra o bom procedimento de vocês, porque estão
em Cristo, fiquem envergonhados de suas calúnias. (I Pedro 3.15-16)”.
“19. Meus irmãos, se algum de vocês se desviar da verdade e alguém o trouxer de
volta, 20. lembrem-se disso: Quem converte um pecador do erro do seu caminho, salvará a
vida dessa pessoa e fará que muitíssimos pecados sejam perdoados. (Tiago 5.19-20)”.
Já em 1974, no Congresso de Lausanne, René Padilla disse: “O contexto no qual se
evangeliza é tão importante quanto qualquer outra coisa, ao se decidir acerca do significado
do Evangelho para aquele mesmo contexto”, ou seja, a evangelização não pode acontecer de
forma alienada da realidade. Uma tarefa crucial para a igreja hoje é verificar continuamente se
sua compreensão de Cristo corresponde à compreensão das primeiras testemunhas. Isso
implica, naturalmente, que não podemos refletir de maneira íntegra sobre o que a missão
poderia significar hoje em dia a menos que nos voltemos para o Jesus do Novo Testamento, já
que nossa missão está “amarrada à pessoa e ao ministério de Jesus” Bosch o expressa do
seguinte modo: um fundamento teológico da missão só é possível mediante referência ao
ponto de partida de nossa fé: a auto comunicação de Deus em Cristo como base que precede
logicamente e é fundamental para qualquer outra reflexão. Afirmar isso não equivale a dizer
que tudo o que teríamos de fazer é determinar o que a missão significava para Jesus e a igreja
primitiva e, então, definir nossa prática missionária nos mesmos moldes, como se todo o
problema possa ser solucionado por meio de uma aplicação
39
Se a missão é fundamentalmente de Deus, e não propriamente da Igreja, esta é vista
como instrumental para tal missão. Existe a Igreja porque existe missão por parte de Deus e
não vice-versa. Ela é chamada a participar do movimento do amor de Deus para com a
humanidade, pois Deus é a fonte de amor que envia e se auto-envia. Devemos entender que a
ação da atividade missionária não pode ser ‘outra coisa’ do que a manifestação ou epifania
dos desígnios de Deus e a sua concretude de realização no mundo e na história.
Neste sentido, e entendendo a Igreja como missionária já em sua essência/natureza, a
Igreja não envia, mas é enviada. Não representa a finalidade última, mas sim o instrumento
para o advento do Reino de Deus e o estabelecimento do anúncio da salvação a todas as
pessoas. E só para relembrar: a Igreja somos nós. Você e eu.
40
CONCLUSÃO
Quando temos dentro de nós o sentimento de Cristo, Este que veio aqui na terra em
uma missão para salvar a humanidade e povoar o céu com almas para seu reino, todos os
cristão em sã consciência devem ter a preocupação que estamos aqui numa passagem e que
nosso descanso não é aqui, como disse o apostolo Paulo que somos peregrinos nessa terra. Se
não nos preocupamos com tantas coisas e muitas vezes não percebemos que o tempo está
passando muito rápido e nada ou quase nada estamos fazendo na obra evangelizadora e Jesus
disse para fazermos discípulos. Enquanto tivéssemos aqui, essa é nossa missão suprema de
povoar o céu com almas, pois um dia Deus vai requerer de cada um o que ganhamos para Ele,
pois a sua palavra diz que devemos buscar primeiro o reino do céu e sua justiça porque as
demais coisas vão ser acrescentadas e devemos pregar em todo o tempo e fora de tempo, pois
não sabemos quando Jesus vira nos arrebatar e tudo aqui nessa terra vai passar
Portanto esse é o tempo que Deus ele conta conosco, pois quem ganha alma sábio é.
Missão de pregar, anunciar e evangelizar é de todos nós que um dia queremos morar na
eternidade com Deus, então não vamos perder nosso tempo com tantas coisas que tirem nosso
foco das almas, pois os que semeiam em lágrimas segaram com alegria.
41
BIBLIOGRAFIA
ROYER, Gary Luther. Missiologia:”ide e pregai”- 5ª ed. – Campinas, SP: EETAD, 2006.
HOOVER, Thomas Reginaldo. Missões – O Ide Levado a Sério. - 1ª ed. Rio de Janeiro, RJ -
Edições CPAD, 1993.
QUEIROZ, Édison. A Igreja Local e Missões - 1ª ed São Paulo, SP. Vida Nova, 1991, ed.
SHEDD, Russell. Fundamentos Bíblicos da Evangelização.São Paulo: Vida Nova, 1996.
STOTT, John.A missão cristã no mundo moderno.Viçosa: Ultimato, 2010.
42

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

1. avivamento do odre novo
1. avivamento do odre novo1. avivamento do odre novo
1. avivamento do odre novoNicolas Panda
 
TREINAMENTO PARA EVANGELISMO
TREINAMENTO PARA EVANGELISMOTREINAMENTO PARA EVANGELISMO
TREINAMENTO PARA EVANGELISMOigrejafecrista
 
12 LIÇÕES DO DISCIPULADO - NOVA.pdf
12 LIÇÕES DO DISCIPULADO - NOVA.pdf12 LIÇÕES DO DISCIPULADO - NOVA.pdf
12 LIÇÕES DO DISCIPULADO - NOVA.pdfSEDUC-PA
 
Apostila Panorama NT.pdf
Apostila Panorama NT.pdfApostila Panorama NT.pdf
Apostila Panorama NT.pdfPriscila Puga
 
Lição 6 - Deus, o Autor de Missões
Lição 6 - Deus, o Autor de MissõesLição 6 - Deus, o Autor de Missões
Lição 6 - Deus, o Autor de MissõesÉder Tomé
 
A família e a escola dominical
A família e a escola dominicalA família e a escola dominical
A família e a escola dominicalMoisés Sampaio
 
Apresentação discipulado infantil
Apresentação discipulado infantil Apresentação discipulado infantil
Apresentação discipulado infantil Andréia Eufrazio
 
Lição 01 - EBD- A EPÍSTOLA AOS ROMANOS
Lição 01 - EBD- A EPÍSTOLA AOS ROMANOS  Lição 01 - EBD- A EPÍSTOLA AOS ROMANOS
Lição 01 - EBD- A EPÍSTOLA AOS ROMANOS RODRIGO FERREIRA
 
Como evangelizar crianças
Como evangelizar criançasComo evangelizar crianças
Como evangelizar criançasEdleusa Silva
 
A doutrina do espírito santo
A doutrina do espírito santo A doutrina do espírito santo
A doutrina do espírito santo André Rocha
 
A função e desafios do superintendente e do professor da EBD
A função e desafios do superintendente e do professor da EBDA função e desafios do superintendente e do professor da EBD
A função e desafios do superintendente e do professor da EBDR Gómez
 
A Origem e História da Bíblia
A Origem e História da BíbliaA Origem e História da Bíblia
A Origem e História da BíbliaAntonio Fernandes
 
A SUPREMACIA DE CRISTO
A SUPREMACIA DE CRISTOA SUPREMACIA DE CRISTO
A SUPREMACIA DE CRISTOUilson Nunnes
 
Temas para escola bíblica dominical infantil
Temas para escola bíblica dominical infantilTemas para escola bíblica dominical infantil
Temas para escola bíblica dominical infantilCursos Ministeriais
 

Mais procurados (20)

O culto cristão a essência
O culto cristão    a essênciaO culto cristão    a essência
O culto cristão a essência
 
1. avivamento do odre novo
1. avivamento do odre novo1. avivamento do odre novo
1. avivamento do odre novo
 
TREINAMENTO PARA EVANGELISMO
TREINAMENTO PARA EVANGELISMOTREINAMENTO PARA EVANGELISMO
TREINAMENTO PARA EVANGELISMO
 
12 LIÇÕES DO DISCIPULADO - NOVA.pdf
12 LIÇÕES DO DISCIPULADO - NOVA.pdf12 LIÇÕES DO DISCIPULADO - NOVA.pdf
12 LIÇÕES DO DISCIPULADO - NOVA.pdf
 
Apostila Panorama NT.pdf
Apostila Panorama NT.pdfApostila Panorama NT.pdf
Apostila Panorama NT.pdf
 
Lição 6 - Deus, o Autor de Missões
Lição 6 - Deus, o Autor de MissõesLição 6 - Deus, o Autor de Missões
Lição 6 - Deus, o Autor de Missões
 
Curso de teologia_doutrina_de_deus
Curso de teologia_doutrina_de_deusCurso de teologia_doutrina_de_deus
Curso de teologia_doutrina_de_deus
 
A família e a escola dominical
A família e a escola dominicalA família e a escola dominical
A família e a escola dominical
 
Apresentação discipulado infantil
Apresentação discipulado infantil Apresentação discipulado infantil
Apresentação discipulado infantil
 
Lição 01 - EBD- A EPÍSTOLA AOS ROMANOS
Lição 01 - EBD- A EPÍSTOLA AOS ROMANOS  Lição 01 - EBD- A EPÍSTOLA AOS ROMANOS
Lição 01 - EBD- A EPÍSTOLA AOS ROMANOS
 
Escola bíblica dominical
Escola bíblica dominicalEscola bíblica dominical
Escola bíblica dominical
 
Como evangelizar crianças
Como evangelizar criançasComo evangelizar crianças
Como evangelizar crianças
 
A doutrina do espírito santo
A doutrina do espírito santo A doutrina do espírito santo
A doutrina do espírito santo
 
Ativação ministerios
Ativação ministeriosAtivação ministerios
Ativação ministerios
 
Educação cristã
Educação cristãEducação cristã
Educação cristã
 
Cristologia aula03
Cristologia aula03Cristologia aula03
Cristologia aula03
 
A função e desafios do superintendente e do professor da EBD
A função e desafios do superintendente e do professor da EBDA função e desafios do superintendente e do professor da EBD
A função e desafios do superintendente e do professor da EBD
 
A Origem e História da Bíblia
A Origem e História da BíbliaA Origem e História da Bíblia
A Origem e História da Bíblia
 
A SUPREMACIA DE CRISTO
A SUPREMACIA DE CRISTOA SUPREMACIA DE CRISTO
A SUPREMACIA DE CRISTO
 
Temas para escola bíblica dominical infantil
Temas para escola bíblica dominical infantilTemas para escola bíblica dominical infantil
Temas para escola bíblica dominical infantil
 

Semelhante a Tcc TEOLOGIA

8 natureza e missão da teologia
8 natureza e missão da teologia8 natureza e missão da teologia
8 natureza e missão da teologiafaculdadeteologica
 
10. MISSÃO E LIDERANÇA.pdf
10. MISSÃO E LIDERANÇA.pdf10. MISSÃO E LIDERANÇA.pdf
10. MISSÃO E LIDERANÇA.pdfSEMERSONBARROS
 
EVANGELISMO É MISSÕES ATUALIZADO 2024.pptx
EVANGELISMO É MISSÕES ATUALIZADO 2024.pptxEVANGELISMO É MISSÕES ATUALIZADO 2024.pptx
EVANGELISMO É MISSÕES ATUALIZADO 2024.pptxHenriqueLuciano2
 
Missões em pespesctiva teologica pentencostal
Missões em pespesctiva teologica pentencostalMissões em pespesctiva teologica pentencostal
Missões em pespesctiva teologica pentencostalHenriqueLuciano2
 
Missão Integral 1
Missão Integral 1Missão Integral 1
Missão Integral 1daalianca
 
Missão integral (1/3)
Missão integral (1/3)Missão integral (1/3)
Missão integral (1/3)daalianca
 
Tcc - Releitura da missão integral
Tcc - Releitura da missão integralTcc - Releitura da missão integral
Tcc - Releitura da missão integralDiego Camilo
 
Apostila doutrina dos_apstolos 2
Apostila doutrina dos_apstolos 2Apostila doutrina dos_apstolos 2
Apostila doutrina dos_apstolos 2Wilton Santos
 
Livro ebook-a-verdadeira-igreja
Livro ebook-a-verdadeira-igrejaLivro ebook-a-verdadeira-igreja
Livro ebook-a-verdadeira-igrejaFelipe Wagner
 
Paradigmas missiologicos no novo testamento
Paradigmas missiologicos no novo testamentoParadigmas missiologicos no novo testamento
Paradigmas missiologicos no novo testamentoHebert Balieiro
 
Missão Integral 2
Missão Integral 2Missão Integral 2
Missão Integral 2daalianca
 
Lição 001 - Escola Bíblica Dominical
Lição 001 - Escola Bíblica DominicalLição 001 - Escola Bíblica Dominical
Lição 001 - Escola Bíblica DominicalCarlos Basaglia
 
O espirito santo_na_heranca_wesleyana
O espirito santo_na_heranca_wesleyanaO espirito santo_na_heranca_wesleyana
O espirito santo_na_heranca_wesleyanaPaulo Dias Nogueira
 
8-Texto do Artigo-8-1-10-20201210.pdf
8-Texto do Artigo-8-1-10-20201210.pdf8-Texto do Artigo-8-1-10-20201210.pdf
8-Texto do Artigo-8-1-10-20201210.pdfFbioBezerra18
 
Celebração da palavra nas Comunidades Eclesiais de Base (fevereiro 2013)
Celebração da palavra nas Comunidades Eclesiais de Base (fevereiro 2013)Celebração da palavra nas Comunidades Eclesiais de Base (fevereiro 2013)
Celebração da palavra nas Comunidades Eclesiais de Base (fevereiro 2013)Bernadetecebs .
 
A MISSÃO DA IGREJA, PRESSUPOSTO DA MISSÃO DO FIEL CRISTÃO E DA MISSÃO LAICAL
A MISSÃO DA IGREJA, PRESSUPOSTO DA MISSÃO DO FIEL CRISTÃO E DA MISSÃO LAICALA MISSÃO DA IGREJA, PRESSUPOSTO DA MISSÃO DO FIEL CRISTÃO E DA MISSÃO LAICAL
A MISSÃO DA IGREJA, PRESSUPOSTO DA MISSÃO DO FIEL CRISTÃO E DA MISSÃO LAICALPedro Francisco Moraes De
 
O Desafio da Evangelização - Revista Lições Bíblicas 3° Trimestre 2016
O Desafio da Evangelização - Revista Lições Bíblicas 3° Trimestre 2016O Desafio da Evangelização - Revista Lições Bíblicas 3° Trimestre 2016
O Desafio da Evangelização - Revista Lições Bíblicas 3° Trimestre 2016JOSE ROBERTO ALVES DA SILVA
 
Licoes biblicas adultos 3 trimestre de 2016
Licoes biblicas adultos 3 trimestre de 2016Licoes biblicas adultos 3 trimestre de 2016
Licoes biblicas adultos 3 trimestre de 2016Ravena B
 

Semelhante a Tcc TEOLOGIA (20)

8 natureza e missão da teologia
8 natureza e missão da teologia8 natureza e missão da teologia
8 natureza e missão da teologia
 
10. MISSÃO E LIDERANÇA.pdf
10. MISSÃO E LIDERANÇA.pdf10. MISSÃO E LIDERANÇA.pdf
10. MISSÃO E LIDERANÇA.pdf
 
EVANGELISMO É MISSÕES ATUALIZADO 2024.pptx
EVANGELISMO É MISSÕES ATUALIZADO 2024.pptxEVANGELISMO É MISSÕES ATUALIZADO 2024.pptx
EVANGELISMO É MISSÕES ATUALIZADO 2024.pptx
 
Missões em pespesctiva teologica pentencostal
Missões em pespesctiva teologica pentencostalMissões em pespesctiva teologica pentencostal
Missões em pespesctiva teologica pentencostal
 
Missão Integral 1
Missão Integral 1Missão Integral 1
Missão Integral 1
 
Missão integral (1/3)
Missão integral (1/3)Missão integral (1/3)
Missão integral (1/3)
 
Tcc - Releitura da missão integral
Tcc - Releitura da missão integralTcc - Releitura da missão integral
Tcc - Releitura da missão integral
 
ApostMdulo2.pdf
ApostMdulo2.pdfApostMdulo2.pdf
ApostMdulo2.pdf
 
Apostila doutrina dos_apstolos 2
Apostila doutrina dos_apstolos 2Apostila doutrina dos_apstolos 2
Apostila doutrina dos_apstolos 2
 
Livro ebook-a-verdadeira-igreja
Livro ebook-a-verdadeira-igrejaLivro ebook-a-verdadeira-igreja
Livro ebook-a-verdadeira-igreja
 
Paradigmas missiologicos no novo testamento
Paradigmas missiologicos no novo testamentoParadigmas missiologicos no novo testamento
Paradigmas missiologicos no novo testamento
 
Missão Integral 2
Missão Integral 2Missão Integral 2
Missão Integral 2
 
Lição 001 - Escola Bíblica Dominical
Lição 001 - Escola Bíblica DominicalLição 001 - Escola Bíblica Dominical
Lição 001 - Escola Bíblica Dominical
 
O espirito santo_na_heranca_wesleyana
O espirito santo_na_heranca_wesleyanaO espirito santo_na_heranca_wesleyana
O espirito santo_na_heranca_wesleyana
 
8-Texto do Artigo-8-1-10-20201210.pdf
8-Texto do Artigo-8-1-10-20201210.pdf8-Texto do Artigo-8-1-10-20201210.pdf
8-Texto do Artigo-8-1-10-20201210.pdf
 
Celebração da palavra nas Comunidades Eclesiais de Base (fevereiro 2013)
Celebração da palavra nas Comunidades Eclesiais de Base (fevereiro 2013)Celebração da palavra nas Comunidades Eclesiais de Base (fevereiro 2013)
Celebração da palavra nas Comunidades Eclesiais de Base (fevereiro 2013)
 
A MISSÃO DA IGREJA, PRESSUPOSTO DA MISSÃO DO FIEL CRISTÃO E DA MISSÃO LAICAL
A MISSÃO DA IGREJA, PRESSUPOSTO DA MISSÃO DO FIEL CRISTÃO E DA MISSÃO LAICALA MISSÃO DA IGREJA, PRESSUPOSTO DA MISSÃO DO FIEL CRISTÃO E DA MISSÃO LAICAL
A MISSÃO DA IGREJA, PRESSUPOSTO DA MISSÃO DO FIEL CRISTÃO E DA MISSÃO LAICAL
 
Dna a visão da igreja obpc
Dna a visão da igreja obpcDna a visão da igreja obpc
Dna a visão da igreja obpc
 
O Desafio da Evangelização - Revista Lições Bíblicas 3° Trimestre 2016
O Desafio da Evangelização - Revista Lições Bíblicas 3° Trimestre 2016O Desafio da Evangelização - Revista Lições Bíblicas 3° Trimestre 2016
O Desafio da Evangelização - Revista Lições Bíblicas 3° Trimestre 2016
 
Licoes biblicas adultos 3 trimestre de 2016
Licoes biblicas adultos 3 trimestre de 2016Licoes biblicas adultos 3 trimestre de 2016
Licoes biblicas adultos 3 trimestre de 2016
 

Tcc TEOLOGIA

  • 1. FACULDADE DE EDUCAÇÃO TEOLÓGICA LOGOS MISSIOLOGIA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Elienai Corrêa de Sá SÃO PAULO
  • 2. ELIENAI CORRÊA DE SÁ MISSIOLOGIA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO SÃO PAULO – DEZEMBRO DE 2017 Trabalho de Conclusão de Curso de Bacharel em Teologia, do Núcleo de São Leopoldo, à Comissão de Avaliação da FAETEL – Faculdade de Educação Teológica Logos, à rua Pe. Adelino, 700 – Belenzinho – São Paulo.
  • 3. RESUMO Missiologia: Essa palavra é composta por outras duas palavras Missio (latim) e Logos (grego) definido como: O estudo sistemático da atividade evangelizadora da igreja e dos meios para realizá-la. O estudo de Missiologia é de fundamental importância por se tratar da tarefa suprema da igreja que é de evangelizar os povos. Jesus em suas ultimas palavras afirmou aos discípulos para serem testemunhas em Jerusalém, Judeia, Samaria e até os confins da terra. Por muitos anos ouvimos disser que missões está no coração de Deus, mas será que esse sentimento também esta em nós? Deus fez o papel do primeiro missionário quando desceu ao jardim do Éden e proclamou o evangelho aos pais de toda a raça humana, através de Adão. Depois disso, Jesus fez o papel de enviado por Deus quando completou sua missão, mas disse para fazermos discípulos, pois onde estaria, queria que estivéssemos também. Acredito que Deus vai abrir nossos olhos através desse trabalho para nos conscientizar de nossas responsabilidades ao que se refere a missão. É o que devemos se preocupar se realmente a gente está fazendo tudo o que vem em nossas mãos ou somente o que achamos melhor em fazer. Estamos vivendo os últimos dias da igreja na face da terra. O tempo é agora. Deus conta conosco nessa obra de evangelização. O mundo passa e sua concupiscência, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.
  • 4. ABSTRACT Missiology: This word is composed of two other words Missio (Latin) and Logos (Greek) defined as: The systematic study of the evangelizing activity of the church and the means to accomplish it. The study of Missiology is of fundamental importance because it is the supreme task of the church that is to evangelize the peoples. Jesus in his last words told the disciples to be witnesses in Jerusalem, Judea, Samaria and even the ends of the earth. For many years we have heard that missions are in the heart of God, but is this feeling also in us? God played the role of the first missionary when he went down to the garden of Eden and proclaimed the gospel to the fathers of the whole human race through Adam. After that, Jesus played the role of God sent when he completed his mission, but said to make disciples, because where would be, wanted us to be too. I believe that God will open our eyes through this work to make us aware of our responsibilities to the mission. It is what we should be concerned about if we are really doing everything that comes into our hands or just what we think is best done. We are living the last days of the church on the face of the earth. The time is now. God counts with us in this work of evangelization. The world passes by and its lust, but he who does the will of God abides forever
  • 5. SUMÁRIO RESUMO ...........................................................................................................................2 ABSTRACT ...........................................................................................................................3 INTRODUÇÃO.......................................................................................................................6 CAPÍTULO I - A BÍBLIA E AS MISSÕES............................................................................8 1.1 O mandato de Evangelização Mundial........................................................8 1.2 A mensagem de Evangelização Mundial.....................................................9 1.3 O poder para evangelização mundial ..........................................................9 CAPÍTULO II – ANÁLISE EXEGÉTICA.............................................................................11 CAPÍTULO III –MISÃO CENTRÍPETA E CENTRÍFUGA.................................................13 3.1 Missão Centrípeta.......................................................................................13 3.2 Missão Centrífuga.......................................................................................13 CAPÍTULO IV – MISSÃO, PROPRIAMENTE DITA..........................................................14 4.1 Princípios Gerais de Missões......................................................................14 4.2 Origem de Missões.....................................................................................14 4.3 extensão do plano de missões.....................................................................15 CAPÍTULO V – HISTÓRIA DAS MISSÕES........................................................................16 5.1 Começa o trabalho missionário..................................................................16 5.2 O primeiro declínio missionário.................................................................17 5.3 O primeiro despertamento Missionário......................................................17 5.4 Evidências do despertamento.....................................................................17 5.5 O trabalho dos Primeiros missionários.......................................................18 5.6 As dez ondas de perseguições....................................................................19 5.7 O segundo declínio missionário.................................................................20 5.8 Principais missionários católicos................................................................21 5.9 Remanescentes............................................................................................21 5.10 Reformadores ...........................................................................................21 5.11 Iniciativas missionárias dos protestantes..................................................21 5.12 O Segundo despertamento missionário....................................................22 5.13 O papel da Igreja moraviana.....................................................................23 5.14 Evangelistas percorrem o mundo.............................................................23
  • 6. 5.15 O terceiro declínio missionários...............................................................23 5.16 As principais sociedades me seus missionários........................................24 5.17 Preocupação Social...................................................................................25 5.18 O terceiro despertamento missionário......................................................25 CAPÍTULO VI – MISSÕES TRANSCULTURAIS..............................................................28 6.1 O que é cultura............................................................................................28 6.2 Transculturação..........................................................................................29 6.3 Etnocentrismo.............................................................................................29 6.4 Aculturação.................................................................................................29 6.4.1 Estratégias da aculturação.....................................30 6.4.2 Princípios da Aculturação......................................31 6.5 Choque Cultural ........................................................................................33 6.5.1 Síntomas do Choque Cultural................................33 6.6 Missionário transcultural e seu preparo......................................................34 6.7 Tipologia da Evangelização........................................................................35 6.8 Teoria de evangelismo pela vizinhança......................................................36 CAPÍTULO VII – MISSÃO CRISTÃ HOJE.........................................................................38 CONCLUSÃO........................................................................................................................41 BIBLIOGRAFIA.....................................................................................................................42
  • 7. INTRODUÇÃO “18 Então, Jesus aproximou-se deles e disse: “Foi-me dada toda a autoridade nos céus e na terra. 19 Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, 20 ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos”. (Mateus 28.18-20)”. No entanto, a premissa básica da missão de Jesus e o tema central de sua pregação não é a esperança da vinda do Reino numa data previsível, mas o fato de que em sua própria pessoa e obra, o Reino já se tenha tornado presente com grande . O intento é oferecer reflexões gerais diante de um tema tão oportuno, como também favorecer na instrumentalização e preparação para um melhor entendimento de mais um dos temas relevantes para o Cristianismo: A Missão Cristã. Este é mais um dos assuntos de suma importância para nossa fé, trata-se de uma parte da Teologia Cristã e podemos dizer que este tema é a razão principal da existência da comunidade de fé. É importante entender Missão como parte central da teologia. Tudo que se faz é em função da missão de Deus, isso porque o Deus da Bíblia é o Deus missionário que trabalha e cumpre uma missão voltada para a salvação do homem, Sua criação. Este assunto, na verdade, é uma ordem de Jesus Cristo, teologicamente chamado de Grande Comissão, diz respeito à missão de cada cristão, de cada igreja, de todo e qualquer que baseia sua vida nas palavras do Evangelho do Senhor Jesus. É o chamado, o desafio para cada um que crê no Senhor Jesus como Salvador e busca cumprir Suas palavras. O intento nestas páginas é apresentar de forma panorâmica alguns aspectos básicos em relação ao tema Missão cristã. “15 E disse-lhes: “Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas. 16 Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado. 17 Estes sinais acompanharão os que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; 6
  • 8. 18 pegarão em serpentes; e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal nenhum; imporão as mãos sobre os doentes, e estes ficarão curados”. 19 Depois de lhes ter falado, o Senhor Jesus foi elevado aos céus e assentou-se à direita de Deus. 20 Então, os discípulos saíram e pregaram por toda parte; e o Senhor cooperava com eles, confirmando-lhes a palavra com os sinais que a acompanhavam. (Marcos 16.15-20)”. A base para a Grande Comissão é a autoridade de Cristo, não a compaixão humana, a imensa necessidade, ou qualquer um dos outros incentivos emocionais que ouvimos em algumas conferências missionárias. É claro que devemos ter compaixão pelos perdidos, mas baseada na compaixão de Cristo, pois Sua autoridade é a base para nossa missão. Quem tem o poder por trás das missões mundiais é Cristo, não o homem, nem qualquer organização. À Igreja cabe obedecer e cumprir Sua missão. É a Sua promessa de que estaria (e está) conosco até o fim dos tempos que deve nos encorajar, como também o conhecimento de que Ele trará a provisão para nossas necessidades e nos dará a vitória, que deve nos motivar a buscar fazer grandes coisas para Ele e para Sua glória. Temos que a ênfase central do Novo Testamento é que Jesus veio para cumprir as profecias do Antigo Testamento e que, em Sua pessoa e obra, o Reino de Deus tornou-se uma realidade presente, e este Reino do Senhor deve ser expandido no anúncio que a Igreja deve fazer, baseando-se na Graça salvadora. A pregação do Evangelho deixa claro o assunto salvação, pois é esta a mensagem fundamental das boas-novas cristãs. O Evangelho revela o poder de Deus, que produz a redenção das pessoas, revela também a justiça de Deus. “16 Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê: primeiro do judeu, depois do grego. 17 Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: “O justo viverá pela fé. (Romanos 1.16,17)” Se apresenta a doutrina e prática da Missão, buscando conciliar teoria e prática atualizadas. Estabelecer as bases teológicas para uma reflexão sobre tão nobre e urgente comissionamento, que é cumprir a Grande Comissão. Os fundamentos teológicos devem ser trazidos para a prática da vida da igreja a partir do diálogo entre a teologia da encarnação e os desafios presentes da evangelização na sociedade contemporânea. Sendo assim, a partir deste trabalho faremos uma reflexão crítica sobre a história e teologia da missão, como também sobre a vocação missionária de cada cristão e da Igreja cristã no mundo. 7
  • 9. CAPITULO I – A Bíblia e as missões Sem a Bíblia, a evangelização dos povos seria inconcebível. A Bíblia coloca sobre nós a responsabilidade de evangelizar o mundo, dá-nos um evangelho a proclamar, diz-nos como fazê-lo e declara ser o poder de Deus para cada crente. Além disso, é fato notável na História, tanto na passada como na contemporânea, que o grau de compromisso da igreja com a evangelização do mundo é proporcional ao grau de sua convicção sobre a autoridade da Bíblia. Sempre que o cristão perde sua confiança na Bíblia, eles também perdem o seu zelo pelo evangelismo. Inversamente, sempre que estão convencidos sobre a Bíblia, estão determinados sobre o evangelismo. Vejamos três razões porque a Bíblia é indispensável à evangelização do mundo. 1. 1- O mandato de Evangelização Mundial Em primeiro lugar, a Bíblia nos dá o mandato da evangelização. Há aproximadamente 4.000 anos atrás, Deus chamou a Abraão e fez uma aliança com ele, prometendo não apenas abençoá-lo, mas também abençoar através da sua posteridade todas as famílias da Terra (Gênesis 12.1-4). Este texto é uma das principais bases da missão cristã; pois os descendentes de Abraão (através de quem, todas as famílias da Terra estão sendo abençoadas) são: Cristo e o povo de Cristo! Se pela fé pertencemos a Cristo, somos filhos espirituais de Abraão (Gálatas 3.7) e temos uma responsabilidade com a humanidade. Deste modo, os profetas veterotestamentário profetizam como Deus faria deste Cristo, o Herdeiro e a Luz das nações (Salmo 2.8; Isaías 42.6; 49.6). Quando Jesus veio, ele endossou estas promessas. É certo que durante o seu ministério terreno ficou restrito às “ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mateus 10.6; 15.24) Porém Ele profetizou que muitos viriam “do Ocidente e do Oriente e tomariam lugares à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no reino dos céus” (Mateus 8.11; Lucas 13.29). 8
  • 10. Mas ainda, em antecipação de Sua ressurreição e ascensão Ele fez tremenda reivindicação de que “toda a autoridade no céu e na Terra” LHE fora dada (Mateus 28.18). Foi em consequência de Sua autoridade universal que Ele ordena aos seus seguidores que fizessem discípulos de todas as nações, batizando-as em sua nova comunidade e ensinando a todos a Sua doutrina (Mateus 28.19). Isto os cristãos primitivos começaram a fazer depois de o Espírito Santo haver descido sobre eles; tornaram-se verdadeiras “testemunhas” de Jesus, entronizando a Sua direita e concedendo-lhe a mais alta posição, a fim de que toda a língua confessasse o Seu senhorio (Filipenses 2). Eles desejaram que Jesus recebesse a honra de vida ao Seu nome. Além disso, Ele retornaria em glória, para salvar, julgar e reinar. Portanto, o que deveria preencher os espaços em sua vida? A missão mundial da Igreja! O fim da história virá depois que o Evangelho alcançasse o fim da Terra (Veja Mateus 24.14; 28.20; Atos 1.8). 1.2- A mensagem da evangelização Mundial Em segundo lugar, a Bíblia nos dá a mensagem para a evangelização do mundo. Evangelizar é divulgar a Boas Novas de que Jesus morreu pelos nossos pecados e ressuscitou entre os mortos, segundo as escrituras. E como Senhor e Rei, Ele oferece perdão dos pecados e dom libertador do Espírito a todos que creem e se arrependem. A nossa mensagem vem da Bíblia. Não a inventamos. Ela nos foi confiada como um depósito e nós, como bons “despenseiros”, devemos distribuí-la (1 Coríntios 4). Os apóstolos expressaram este único evangelho de diversos modos: ora sacrifical (o derramamento e a aspersão do sangue de Cristo), ora messiânico (o surgimento do governo prometido por Deus), ora legal (o juiz pronunciado a justificação do injusto), ora pessoal (o Pai reconciliando seus filhos desviados) e ora salvívico (o libertador celestial vindo para resgatar os desamparados). Assim como a Ordem, a Mensagem nos foi dada pelo próprio Cristo. Ele nos disse: “Ide e pregai o meu evangelho”. 1.3- O Poder para evangelização mundial Em terceiro lugar, a Bíblia nos dá o Poder para a evangelização do mundo. Leia cuidadosamente Lucas 24.49 e Atos 1.8. Sabemos que nossos recursos humanos são fracos em comparação com a magnitude da Tarefa. Sabemos também, quão blindadas são as barreiras do coração do homem. Pior ainda, conhecemos a realidade, a maldade e o poder pessoal do diabo, e dos demônios sob seu comando. A Bíblia diz-nos que “o mundo jaz no maligno” (I João 5.19), assim, até que sejam libertados e transportados para o Seu reino, todos 9
  • 11. os homens e mulheres são escravos de Satanás. Além disso, vemos seu poder no mundo contemporâneo: nas trevas da idolatria, na devoção de deuses vãos, no materialismo, na violência, agressão, etc... E ainda mais, Paulo escrevendo aos Coríntios (II Coríntios 4.4), ele afirma que “o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a glória de Deus”. Se Satanás está dominando a mente das pessoas e as mentes humanas estão cegas, como poderão chegar à verdade? Somente pela Palavra de Deus! Pois Ele mesmo disse que “de trevas resplandecerá a luz” que brilhou em nossos corações para a iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo (II Coríntios 4.6). Se Satanás cega as mentes das pessoas e Deus ilumina seus corações, em que podemos nós contribuir para esse encontro? Paulo chega a conclusão entre os versículos 4 e 6 que descrevem as atividades de Deus e de Satanás. O versículo 5 descreve a obra do evangelista: “pregamos a Cristo Jesus como Senhor”. Considerando que a luz que o diabo quer evitar que as pessoas vejam e que Deus faz brilhar nelas é o evangelho, então é melhor que preguemos! É a pregação do Evangelho o meio estabelecido por Deus para que o príncipe das trevas seja derrotado e a luz jorre nos corações das pessoas. Há poder no evangelho de Deus! Poder para salvação de vidas... Confira Romanos 1.16; 10. 13,14; Sem a Bíblia a evangelização do mundo é impossível. Pois, sem a Bíblia não temos nenhum evangelho para levar às nações. A Bíblia é a base de missões, assim como missões é a base da Bíblia. É a Bíblia Sagrada que nos dá o Mandato, a Mensagem e o Poder que precisamos para a evangelização mundial. Leia Mateus 28.18-20; Marcos 16.15-18; Lucas 24.45-48; Atos 1.8; e João 15.16; 20.21. Façamos nossas as palavras de Paulo: “...ai de mim se não anunciar o Evangelho!” 10
  • 12. CAPITULO II – Análise Exegética Analisemos Mateus 28.19-20 exegeticamente. No original grego estes versículos estão assim: poreuthentesoun Matheutésate panta ta ethne. Vejamos agora, os respectivos significados destas palavras. • POREUTHENTES: Deveis ir! Ou Ide! Note o imperativo. É uma ordem. Este é o verdadeiro sentido do que lemos. Foi assim que soou aos ouvidos dos discípulos. Hoje, porém, muitos tratam estas palavras de Jesus, como se fossem um “pedido de favor” que Ele nos fez, ou então, como se estas palavras tivessem importância somente no passado, para os primeiros comissionados. É exatamente por isso que a evangelização dos povos está tão atrasada. Falta reconhecimento da ordem e pronta obediência! Por que os muçulmanos, que começaram a pregar cerca de seiscentos anos depois do Apóstolo Paulo, já alcançaram um quinto da população mundial, enquanto nós evangélicos, temos apenas 550 milhões aproximadamente? Será erro de cálculo? Ou de Estratégia? Será falta de dinheiro? Não! É falta de Fé! De Amor! De Obediência! De Compromisso com Deus e com Sua Palavra. Obediência vem antes de estratégias, métodos ou dinheiro. Ao ouvir Jesus falar, seus discípulos não receberam suas palavras com o sentido de: “Olha, talvez seja bem que vocês comecem a pregar, primeiro em Jerusalém e depois em todo o mundo”. Não! Foram palavras fortes como de um general, passando ordens aos seus subalternos, os quais não podem questionar, senão simplesmente obedecer. Foi assim que Paulo recebeu esta ordem, pois ele respondeu: “Porque, se anuncio o Evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta esta obrigação, e ai de mim se não anunciar o Evangelho.” (I Coríntios 9.16). • MATHEUTÉSATE: Fazei discípulos, ou seguidores, ou aprendizes. (Também imperativo). • PANTA-TA: A todos. De modo que, até agora, este versículo fica assim: “Ide, e fazei discípulos de todos os ethne”. 11
  • 13. A palavra ethne merece atenção especial. • ETHNE: “Nação”. Desde os séc. XV e XVI, a palavra ETHNE vem sendo traduzida para algumas línguas ocidentais apenas com o significado de NAÇÃO. O que não é errado. Todavia, a palavra ETHNE deriva-se de “ETHNOS”, que é um termo grego usado para designar o vocábulo “povo” ou “gente”. Povo ou Gente; O vocábulo Ethne é geratriz da palavra “Etnia”. Etnia é um grupo humano que se relaciona entre si por fatores como língua, religião, raça, moradia, ocupação, classe social, modo de vida, modo de vestir, ou não. Ou seja, um povo! Sendo assim, o versículo fica bem traduzido deste modo: “Ide, pois, e fazei discípulos de todos os povos.” A origem das raças, deu-se na confusão das línguas na Torre de Babel (Gêneses 1.7,8). Se o propósito de Jesus é restaurar todas as coisas (Colossenses 1.20); então é natural que a maldição de Babel também seja de certa forma, desfeita espiritualmente. A divisão de raças tem sido motivo de orgulho, inimizade e guerras entre os povos. O único caminho para que as nações voltem a falar a “mesma língua”, é Jesus, pois, a Palavra de Deus torna-se um “idioma Internacional”, uma vez que é um elo de ligação espiritual que rompe os laços de divisão e proporciona a verdadeira paz. 12
  • 14. CAPITULO III – Missão Centrípeta e Centrífuga Existe grande diferença entre os métodos que Deus deu a Israel e os que Ele deu à Igreja para o cumprimento de suas respectivas missões. 3.1- Missão Centrípeta Israel devia ser como um “Imã” e atrair para Deus os outros povos e nações. Os filhos de Israel deviam ser sacerdotes santos que revelassem Jeová, o Único Deus Verdadeiro, a todas as nações, e mediadores que levassem a Deus. Em outras palavras, os povos deveriam se convergir a Israel para conhecerem o seu Deus. A natureza da missão de Israel era centrípeta. 3.2- Missão Centrífuga A igreja também tem um chamado para o ministério sacerdotal (II Coríntios 5.16-19; I Pedro 2.9-10). Contudo, a natureza de sua missão é centrífuga. Diferentemente de Israel, não se requer da Igreja que esteja parada, quieta, e simplesmente “atraia” os outros povos do seu Deus. Requer-se que vá a outras gentes e as ganhe para Cristo. Depois de ganhas, estas, por sua vez, devem formar extensões da Igreja em seu próprio país. A seguir, esse povo mesmo levará a cabo missões centrífugo, saindo a pregar. É isto que manda a Grande Comissão. É assim que ensina a Geografia Missionária de Jesus. Veja Mateus 28.18-19 e Atos 1.8. Antes de ser assenso ao Céu, Jesus disse aos seus discípulos que ele (após receberem o Espírito Santo) seria suas testemunhas tanto quanto em Jerusalém, assim como na Judéia, Samaria e nos confins da Terra. Jesus não disse que só depois de alcançarem um lugar é que deveriam passar para o outro. Ele disse “tanto quanto”, ou seja, ao mesmo tempo; Simultaneamente; Concomitantemente. Esta é uma descrição perfeita da natureza centrífuga da missão da Igreja! 13
  • 15. CAPITULO IV – Missão, propriamente dita 4.1- Princípios Gerais de Missões Missões é tão antiga quanto à existência do homem. Missões nasceu no “coração de Deus”. Missões nasceu no ÉDEN. Missões nasceu no AMOR DE DEUS! Deus é amor (1João 4.16); Deus nos ama (João 3.16); Deus nos ama porque é sustentador de tudo e de todas as coisas (Salmo 42.1,2); Deus nos ama porque é Criador (Gêneses 1 e 2). 4.2- A Origem de Missões O Jardim do Éden foi o palco da Criação (Gêneses 1 e 2); Tentação (Gêneses 3.1-5); Queda do Homem (Gênese 3.6-7); Vergonha e separação (Gêneses 3.8b); Juízo de Deus (Gêneses 3.9-23). O Éden também foi o palco de MISSÕES (Gêneses 3.15)! O versículo 15 contém a primeira promessa implícita do plano salvívico de Deus para a redenção da humanidade. É uma profecia que contém duas predições: a) Prediz o conflito espiritual entre a “semente da mulher” (isto é, Jesus Cristo) e a “semente da serpente” (isto é, Satanás); Confira em Isaías 7.14; Mateus 1.1-16; Apocalipse 12.9 e 20.2. Deus promete aqui, que Cristo nasceria de uma mulher; que seria “ferido” (ao ser crucificado); mas que ressuscitaria dentre os mortos para destruir completamente (“ferir”) a Satanás, o pecado e a morte, bem como, para salvar a humanidade (Veja Isaías 53.5; Mateus 1.20-23; Romanos 5.18-19; 1João 3.8 e Apocalipse 20.10). b) Prediz a vitória final de Deus (e do povo de Deus!) contra Satanás e o mal (João 12.33; Atos 26.18; e Romanos 16.20). Esta promessa de Gêneses 3.15 é chamada de “Promessa Messiânica”. Aqui está a origem de Missões! O homem pecou, e consequentemente, distanciou-se de Deus. O homem tornou-se o “Objeto de Missões”. 14
  • 16. Para que ele pudesse ser reconciliado novamente com Deus, era necessário que Jesus fosse “enviado” ao Mundo. Confira em 2Coríntios 5.17; Lucas 22.53; João 1.1-14; 3.16; e Hebreus 2.14-15. 4.3- Extensão do Plano de Missões O ponto culminante do plano salvívico e de redenção é a morte vicária de Cristo, e a extensão deste plano é a GRANDE COMISSÃO. Após sua ressurreição, Jesus comissionou seus discípulos (e a nós também!) a continuarem a propagação do Evangelho (João 20.19-23). Isto é a Grande Comissão... “DEUS TINHA UM ÚNICO FILHO E FEZ DELE UM MISSIONÁRIO”. 15
  • 17. CAPITULO V – História das Missões Na história da Igreja, há uma linha de progressão na atividade missionária que vem desde o seu início no ano 30 d.C. Linha esta, que é desenhada pela ausência e presença de iniciativas missionárias na Igreja de Cristo na proporção em que o tempo foi de passado. 5.1- Começa o trabalho Missionário Os dois últimos mandamentos de Jesus aos seus discípulos: a) Ficar em Jerusalém até serem batizados no Espírito Santo; b) Ir por todo o mundo pregando o Evangelho. Ao colocarem estes mandamentos em práticas, os cento e vinte discípulos que estavam em Jerusalém por volta dos anos 30d.C., deram o INÍCIO TERRENAL de Missões, ou seja, o início Humano, Histórico e Geográfico. O Apóstolo Pedro, após o Pentecostes, evangelizou com poder os estrangeiros que estavam na cidade naquele dia (Atos 2.14); João e Pedro pregaram no Sinédrio e no Templo para todos os religiosos da época e às autoridades (Atos 3.12; 4.8); Estevão, um Diácono, também marcou o início da Igreja Primitiva com suas poderosas mensagens e os sinais que se seguiam e, principalmente, com o seu testemunho face ao martírio a que foi vítima. Por fim, a Igreja de modo geral, pregava o Evangelho (Atos 6.7). 5.1.1 – Resultado do trabalho Alguns dos Pardos, Medas, Elamitas e outros povos que viviam para além de Jerusalém, nas terras orientais do Império Romano e que ouviam no dia de Pentecostes a primeira mensagem pregada por Pedro, se converteram ao Evangelho e levaram as boas novas aos seus conterrâneos. As evidências para que tal tenha ocorrido é a constatação de que em períodos posteriores podiam ser encontradas igrejas estabelecidas nos lugares de origem 16
  • 18. daqueles povos (Atos 2.9-11 e 41). Alguns dos prosélitos, pessoas não descendentes de judeus, mas que renunciavam ao paganismo aceitava a lei judaica, recebendo o rito da circuncisão e vivendo em outras províncias romanas, ouviram e aceitaram a mensagem do Evangelho pregada por Pedro e tornaram-se portadores das boas novas entre seus irmãos usando como púlpito a sinagoga, principal foco religioso dos judeus fora de Israel (Atos 2.14 e 41). Todos estes discípulos fizeram o primeiro instante da atividade missionária da Igreja. 5.2– O Primeiro declínio Missionário Aparentemente estava tudo certo com a primeira igreja. Havia conversões em massa Perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Havia temos em cada crente. Havia sinais e prodígios. A Igreja era respeitada e admirada pelo povo. Mas apesar de tudo isso, havia algo errado com a Igreja de Jerusalém: “Era poderosa na fé e no testemunho, pura no seu caráter e abundante no amor. Entretanto, o seu singular defeito era a falta de zelo missionário. Permaneceu em seu território, quando devia ter saído para outras terras e outros povos.” Veja Atos 1.8. Na verdade faltava zelo com missões. 5.3– O Primeiro Despertamento Missionário A perseguição leva a Igreja a fazer a Obra Missionária. Ao serem dispersos, os cristãos pregavam por todos os lugares que passavam. A dispersão, por causa da perseguição, deu-se exatamente, pelos lugares que Jesus falara, ou seja, pela GEOGRAFIA MISSIONÁRIA de Jesus. O Resultado do Despertamento, segundo historiadores, iniciou realmente por Jerusalém, Judéia, Samaria, depois por Cessaréia, etc... •LESTE: foram por Damasco e Edessa, entrando na Mesopotâmia; •SUL: foram por Bostra e Petra, entrando na Arábia; •OESTE: foram por Alexandria e Cartago, entrando no Norte da África; e, •NORTE: foram por Antioquia, entrando na Armênia e Bitina. Alcançaram ainda a Espanha, Galácia (sul da França) e Grã – Bretanha e depois os confins... 5.4– Evidências do Despertamento Os novos crentes iam formando igrejas locais e ao mesmo tempo tornavam-se missionários entre o seu povo e de outros lugares. A propagação do Evangelho aumentava a 17
  • 19. cada dia. O total de crentes por volta do segundo século é estimado em MEIO MILHÃO DE PESSOAS! A eficácia do trabalho evangelístico se deu a partir de três fatores, somados, é claro, com o poder do Espírito Santo, a saber: • O Testemunho Informal; • A Capacidade Intelectual de Alguns Crentes • A Morte Dos Cristãos. O testemunho informal se manifesta a partir da vida diária dos crentes, caracterizada pelo amor. A capacidade intelectual de alguns crentes que defendiam a fé com argumentos racionais e bem desenvolvidos foi algo incontestável, pois o Cristianismo não era como as demais religiões cheias de ritos e mágicas; é claro, substancial, profundo e tem a ver com a realidade existencial do ser humano. Ganham destaque pessoas como Paulo, Orígenes, Tertuliano, Justino Mártir e outros... A morte de alguns cristãos, praticada pelos imperadores romanos somou para aumento do Cristianismo, pois, a coragem dos crentes ante a execução consistia num poderoso testemunho Tertuliano disse: “O SANGUE DOS MÁRTIRES É A SEMENTE DA IGREJA”. 5.5– O Trabalho dos Primeiros Missionários O trabalho dos primeiros missionários: Além de Pedro, Paulo, Apolo, Filipe, Barnabé, Silas, Marcos, Lucas e muitos outros crentes que desempenharam atividades missionárias, a tradição judaica conta que... •Mateus foi para a Etiópia •André, para a região dos citas ao norte da Europa •Bartolomeu, para a Arábia e Índia •Tomé, para a Índia •Paulo, Barnabé e equipe, foram trabalhar entre os gentios e nos lugares mais distantes do império romano como, por exemplo, Galácia, Macedônia, Acaia e Ásia •Edésio e Frumentio, (no 4º Século) sobreviventes de um naufrágio no Mar Vermelho, perto da Etiópia, foram levados escravos para a corte real daquele país e logo conseguiram liberdade para pregar o evangelho e houve conversões. 18
  • 20. •Gregório (213) evangelizou a Capadócia e se tornou líder da Igreja local (dizem que quando assumiu a igreja só havia 17 crentes na cidade, mas quando morreu só tinha 17 pagãos!...). •Policarpo, pastor de Esmirna, desenvolveu um ministério evangelístico tão intenso que foi acusado de ser “o destruidor dos deuses pagãos”, por isto foi queimado em praça pública. Sua igreja constava de escravos, aristocratas locais e membros do quadro de assistentes do procônsul”. A morte de policarpo sensibilizou a sociedade da Ásia Menos a ponto de provocar um abrandamento das perseguições por algum tempo, permitindo que os menos corajosos declarassem abertamente e sua fé em Cristo e os não crentes se convertessem. Havia também o trabalho de muitos outros pregadores anônimos que constituíam um grande exército que marchavam em todas as direções pregando a Palavra (Atos 8.4) Surgem Novas Igrejas Missionárias: A Igreja de Jerusalém deixou de ser a ÚNICA. Cada nova igreja ou congregação formada pelos primeiros missionários era também uma igreja missionária. Destacamos: Antioquia, Éfeso, Roma, Alexandria e Cartago, todavia, há outras. 5.6– As Dez Ondas de Perseguições “Era de se esperar que o intenso trabalho missionário resultasse um aumento de perseguições.” Registramos, dessa época, o mais doloroso período. IMPERADOR ÉPOCA NERO 64 D.C. TRAJANO 64 D.C ADRIANO 117-138 ANTÔNIO 138-211 MARCO AURÉLIO 161-180 SÉTIMO SEVERO 193-211 MÁXIMO 235- 238/9 DÉCIO 249-251 VALERIANO 253-260 DIOCLESIANO 234-305 5.7- O Segundo Declínio Missionário Questões doutrinárias existiram na Igreja desde o início. Aconteceram por várias razões: 19
  • 21. conceitos do judaísmo diferentes do Cristianismo; elementos gregos na Igreja muito voltados à contemplação filosófica, etc. A Igreja enredou-se em complicadas questões que obscureciam a simplicidade do Evangelho. Os crentes começaram a se ocupar mais com questões doutrinárias e filosóficas do que com o Evangelho. A Igreja internamente estava envolvida com discussões teológicas e disputas de poder, e ainda vivendo sob um clima de perseguições. Enquanto isso, por volta do terceiro século., o Império Romano começou a declinar. As constantes invasões dos povos bárbaros ameaçavam-no em muito. Foi dentro deste contexto que em 313 d.C., o Imperador Constantino disse ter visto no céu uma cruz sobre a qual estava escrito a seguinte frase em latim “IN HOC SIGNO VINCES”, que quer dizer: “por este sinal vencerás”. Imediatamente adotou a cruz como o seu estandarte e publicou em decreto tornando o Cristianismo como a Religião Oficial do Império Romano. Na verdade, a intenção de Constantino era utilizar o ímpeto cristão para ir até os “povos bárbaros”, convertê-los ao Cristianismo e assim ficarem sob o domínio romano. Se a Igreja aceitasse a proposta do imperador, ela ganharia a proteção do Imperador e acabariam as perseguições. A igreja seria protegida pelo Estado. Ela ganharia ainda a Prosperidade do Império. Em contrapartida, a fé seria usada para “amansar” os povos bárbaros e consolidar o império romano. Depois do acordo assinado, foi instituído o culto ao imperador. Agora a Igreja venerava mais ao homem do que a Deus. Que acordo infeliz!... Quanto aos povos, eram dominados pela força do exército romano e “amansados” pela religião cristã. Tornavam-se cristãos à força; E a Igreja “abençoava a tirania dos imperadores”! O resultado foram as conversões em massa. Por exemplo, Alemanha, Hungria, Suécia, Islândia, Groelândia, Tchecoslováquia, Polônia, Índia, etc... Assim a Igreja de Roma consolidara-se a Igreja Católica Universal! Mas, na verdade, a Igreja desviou-se do caminho que deveria seguir... Durante cinco séc. a Igreja utilizou os mosteiros para objetivos missionários. Nasceram várias ORDENS se Franciscanos, Dominicanos, Benetidinos, Jesuítas e outros. No século 17 foi criada a SAGRADA CONGREGAÇÃO para propagação da fé. 5.8– Principais Missionários Católicos Úfilas, Martinho de Tours, Patrício, Columba, Niniamo, Agostinho, Bonifácio, Metódio, Domingos, Francisco de Assis, Las Casas, Francisco Xavier, etc. 20
  • 22. 5.9– Remanescentes Nem todos estavam de acordo com o rumo que a Igreja tomava. Aconteceram vários movimentos de reforma, por exemplo, na França em 1110, 1155 e 1170, na Inglaterra em 1324 com JOÃO WYCLIF, na Tchecoslováquia com JOÃO HUSS (1369-1445), na Itália com JERÔNIMO SAVONAROLA (1452), com os ANABATISTAS por toda a Idade Média e com ERASMO (1466-1536). 5.10– Os Reformadores Nomes como Calvino, Melanchton, Zwinglio e Martinho Lutero, são comuns quando o assunto é Reforma Protestante. Foi Martinho Lutero quem liderou a maior Reforma Protestante no séc. XVI. Contudo, pouco se falava de missões estrangeiras, por três razões básicas: •Os cristãos ainda lutavam pela conservação de suas vidas (por causa das perseguições); O Protestantismo só teve sua sobrevivência assegurada em 1648, com o Tratado de WESTFÁLIA. •Divergências Teológicas e controvérsias infindáveis por parte dos Protestantes; •Ensinamentos contrários à pregação do Evangelho em todo o mundo; JOHN GERHARD, 1637, pregava que a ordem da Grande Comissão era exclusiva dos Apóstolos. Quem tentasse agir contra o pensamento geral deparava-se com a reprovação da liderança da Igreja; (caso de VON WELZ, da Áustria, em 1664, cognominado” agitador missionário”. 5.11– Iniciativas Missionárias dos Protestantes Em meio à ausência de uma atividade missionária estruturada e permanente, os protestantes fizeram algumas tentativas, vejamos: Na Suécia, em 1559, o rei Gustavo Vasa incentivou o evangelismo aos povos lapões, ainda pagãos, que viviam em seu território; Igrejas Holandesas e Inglesas mandavam missionários capelães nas suas Companhias; Um livro cristão escrito por Hugo Grotius (1583-1645) foi usado por marinheiros holandeses para evangelizarem o extremo oriente da Ásia; HANS UNGNAD SONNECK, um crente alemão esperava um grupo que tentou penetrar entre os muçulmanos; Venceslau Budowitz conseguiu converter um turco em Constantinopla; Um cristão chamado Justiniano Von Welz foi ao Suriname, América do Sul, sem o apoio de nenhuma Igreja; Em 1555, quando a França 21
  • 23. tentava dominar o Brasil, Calvino mandou dois missionários e quatorze seminaristas no grupo de franceses hunguenotes que vieram para o Rio de Janeiro. Entretanto, a missão deles fracassou por causa da forte perseguição do Almirante católico Villegnon. 5.12– O segundo Despertamento Missionário Movimentos Espirituais Impulsionaram as Missões. a) O PURITANISMO: Surgiu entre os protestantes da Inglaterra, a partir de 1657. Pregavam contra o sistema anglicano da Rainha Elisabete, contra os aparatos cerimoniais, conservados do catolicismo e o estilo de governo eclesiástico. Eram estudiosos da Bíblia, buscavam viver uma vida dedicada a Deus e dando testemunho aos homens. b) O PIETISMO: O movimento pietista surgiu com grande intensidade na Universidade de Halle, na Alemanha. Foi liderado por Filipe Spener (1635-1705) e Augusto Francke (1663-1727). Principais missionários: Adoniran Judson (enviado para a Birmânia); John Taylor, Jones (Tailândia); George Dana Boardmam (Birmânia); Issacher Robert (China- 1846); LottieMoon (China-1873), WullianBagby e esposa (Brasil-1881), Zacarias e Kate Taylor (Brasil-1882). Entre outras: • SOCIEDADE MISSIONÁRIA DE BASILÉIA, fundada em 1815, na Suíça; • Em 1821 fundou-se a MISSÃO DA DINAMARCA; • Na França foi formada em 1822 a SOCIEDADE MISSIONÁRIA DE PARIS; • Em 1842 surgiu na Alemanha, a SOCIEDADE MISSIONÁRIA DE BERLIM; • Em 1828 formou-se a SOCIEDADE MISSIONÁRIA RENANA; • Em 1842, a MISSÃO NORUEGUESA; • Em 1877, entre os presbiterianos foi fundada a SOCIEDADE de EVANGELIZAÇÃO CHINESA. • Um dos missionários mais famosos foi HUDSON TAYLOR (foi ele quem criou o conceito de CONTEXTUALIZAÇÃO); depois de muitos anos na China, criou sua própria missão, estando muito doente na Inglaterra, a MISSÃO do INTERIOR da CHINA, considerada posteriormente, a maior missão do mundo! Inúmeras sociedades, grupos e organizações missionárias surgiram no mundo nesse período, em consequência, quase todas as igrejas protestantes até 1914, participavam da causa missionária. 22
  • 24. 5.13– O Papel da Igreja Moraviana Na antiga Morávia (Tchecoslováquia), havia um movimento espiritual que envolvia mais de 400 igrejas. Depois de muito sofrer com a perseguição da igreja católica, um nobre chamado Conde ZINZENDORF (1700-1760), começou a incentivar os irmãos ao trabalho missionário, principalmente depois de saber que a missão estava prestes a ser abandonada. No dia 21 de agosto de 1732 começou o célebre trabalho missionário dos irmãos Moravianos. “Sob a direção de Zinzendorf, esta igreja foi tomada de uma paixão missionária que jamais a abandonaria. A igreja chegou a ter um missionário no estrangeiro para cada 92 membros. Entre os anos 1732 e 1760, duzentos e vinte seis missionários morávios entraram em países estrangeiros, estabelecendo igrejas.” 5.14– Evangelistas percorrem o Mundo “Quando a idade da razão despontava no século XVIII e o fervor cristão declinava, Deus utilizou determinados homens que, através de suas poderosas mensagens, conduziram os crentes a um novo movimento do Espírito Santo que os impulsionaram a realizar a obra missionária.” Homens comuns, como nós, porém, homens que fizeram renúncias, experimentaram privações, sofreram danos, percas dores... Contudo, não foram “desobedientes à visão celestial”. Homens como JOÃO WESLEY, GEORGE WHITEFILD, JOMATHAN EDWARDS, E OUTROS. Estes homens deixaram “rastro de fogo” em seus países e no exterior, além de serem espelhos para outros evangelistas itinerantes de séculos seguintes. Nomes como o de CHARLES A. SPURGEON, CHARLES FINNEY, DWIGHT L MOODY, BILLY SUNDAY, e no século vinte, BILLY GRAHAN E LUIS PALAU. O trabalho destes evangelistas itinerantes atravessou o grande século missionário, em quase todos (se não em todos!) os Continentes... 5.15– O Terceiro declínio Missionário Alguns líderes de Igrejas Evangélicas nos EUA e Europa começaram a fazer uma concepção liberal de Cristianismo, no início do século XX. Deu-se, então, o começo de um novo desenvolvimento teológico e eclesiástico que viria a trazer grandes consequências no futuro. No aspecto missionário, o liberalismo gerou o seguinte quadro: O liberalismo não tinha mais certeza que Jesus era a última Palavra de Deus ao homem; O fato de se ter o título de missionário não significava que a pessoa cria na interpretação da Bíblia e que corajosamente defendia as doutrinas principais da fé. O liberal não aceitava a proclamação 23
  • 25. exclusiva da salvação através de Jesus. Era mais simpático com as outras religiões, sugerindo até uma síntese das religiões. Esta nova concepção teológica mandava completamente a compreensão da Grande Comissão. Havia mudança e redução na propaganda missionária, tão aceitável no século XIX. Pietismo gerou uma grande influência missionária, tornando – se o berço do primeiro esforço genuíno missionário da reforma. Pregadores famosos do Pietismo: JONATHAN EDWARDS, JOHN WESLEY, GEORGE WHITEFIELD, ETC. Os resultados destes movimentos foram maravilhosos para as missões pois, serviram para amadurecer o conceito de salvação individual e da conversão pessoal de cada indivíduo, ao contrário das “conversões em massa”, realizada pela Igreja Católica em séculos anteriores. Principais resultados: A formação de Sociedades Missionárias (quase todas as igrejas de então, se envolveram com Missões Transculturais) e o extraordinário trabalho da Igreja da Morávia (os moravianos realizaram uma vigília ininterrupta de oração por quase 100 anos!). 5.16– As Principais Sociedades e seus missionários A primeira foi a SOCIEDADE para PROPAGAÇÃO do EVANGELHO, fundada em 1649, na Nova Inglaterra, (EUA), pelo Pr. congregacional John Eliot, que fora enviado pela Igreja Congregacional da Inglaterra para evangelizar os índios da América do Norte. A SOCIEDADE para a PROMOÇÃO do CONHECIMENTO CRISTÃO (SPCK), liderada por Thomas Bray, foi fundada em 1698 pela Igreja Anglicana Da Inglaterra. Marcou o início das “missões inglesas”, estabeleceu bases na Índia; um dos seus principais missionários foi Christian Friedrich Schwartz (1724-1798), serviu quarenta e oito na Índia. Pelos idos de 1700, foi fundada a SOCIEDADE ESCOCESA. Propagação do conhecimento Cristão: David Brainerd (1718-1877) foi enviado para trabalhar entre as tribos de índios nômades nos EUA, Alexander Duff, foi para a Índia em 1830, (levou dezoito anos para ganhar trinta e três indianos para Cristo!). Em 1701, anglicanos e outras igrejas evangélicas da Inglaterra se uniram e formaram a SOCIEDADE para PROPAGAÇÃO do EVANGELHO em TERRAS ESTRANGEIRAS (SPG). Objetivo: Prestar apoio aos missionários na América do Norte e Índias Ocidentais; em pouco tempo enviaram mais de trezentos e cinquenta missionários! Em 1705, em Halle, Alemanha, os pietistas criaram a MISSÃO DANISH-HALLE, cujo líder foi Franz Lutkens. Destacam-se: Bartholomeu Ziegenbald e Henry Plutschau, enviados para Tranquebar, Índia. Os anglicanos ingleses formaram em 1799 outra missão, a SOCIEDADE MISSIONÁRIS da IGREJA (CMS) WILLIAM (GUILHERME) CAREY contribuiu muito para que, em 1792, na 24
  • 26. Inglaterra, um grupo de pastores fundassem a SOCIEDADE BATISTA MISSIONÁRIA * O primeiro missionário comissionado foi John Thomas, que era um médico da esquadra real e que permaneceu na Índia depois de seu pedido de serviço, a fim de trabalhar como médico – missionário. Wuillian Carey voluntariou-se para auxiliá-lo, e foi para lá em 1793 e trabalharam juntos por quarenta e um anos. Em Londres, os Congregacionais, fundaram em 1795 a SOCIEDADE MISSIONÁRIA de LONDRES. Principais missionários: Roberto Moffat (África do Sul-1816); David Livingstone (África do Sul-1871), Robert Morrison foi o 1º missionário protestante enviado à China; (Chegou em Cantão em 1807). Em 1797 foi fundada a SOCIEDADE MISSIONÁRIA HOLANDESA. Evangelizaram basicamente na Indonésia e, como em nenhuma outra parte do mundo, conseguiram a conversão de muçulmanos. Em 1810, os congregacionais e presbiterianos norte-americanos formaram a JUNTA AMÉRICA para as MISSÕES ESTRANGEIRAS (AMERICAN BOARD). No ano de 1817, os batistas norte-americanos fundaram a JUNTA AMERICANA dos MISSIONÁRIOS BATISTAS. 5.17– Preocupação Social Preocupação Social ocupa o lugar de missões: Este assunto provocou muito impacto no final do século XIX e início do século XX. A questão social passou a ser mais enfatizada do que a relação individual entre o crente e Deus. Muitos líderes cristãos aderiram ao chamado “Evangelho Social”. A maior expressão deste tipo de “Evangelho”, veio à tona anos mais tarde, na América Latina com a Teologia da Libertação. 25
  • 27. 5.18– O Terceiro Despertamento Missionário a) CRISTÃO: Voluntários X Liberais. Em reação ao liberalismo, surgiu nos EUA uma nova geração de missionários profundamente determinados a manter uma fé pura e confiar na dependência total de Deus. Eles partiram para um intenso tablado de evangelismo, até mesmo aos próprios cristãos nominais, em seu país e também na Europa e América Latina. Depois disso, os Estados Unidos passaram a ser nação com o maior número de missionários atuando em todo o mundo. Estes novos missionários, na maioria, eram formados em Institutos Bíblicos e Faculdades Cristãs. Apareceram nos fins do século XIX e limiar do século XX. b) Nasce Movimento voluntário Infantil Foi nessa nova onda missionária que nasceu nos EUA o Movimento Voluntário Estudantil em 1886. Perdurou por cinquenta anos e enviou mais de vinte mil estudantes para o campo missionário no exterior, a maioria norte-americanos. Os mais conhecidos desses estudantes foram Carlos T Studd, J.E.K. Studd, Robert Wilder, Joseph H. Oldham, Robert E. Speer, W. Tempe Cairdener, Samuel Zwemer, William Pacon, Fletcher Brockmam e. Stanley Jones.” c) Nasce a aliança Bíblica Universitária (ABU) Quem criou a ABU foi C. Stacey Woods, em 1943, nos EUA. O objetivo da ABU é promover missões nos “campus” das Universidades. Na UFJF, funciona um núcleo da ABU que está ligada a ABU da Região Centro Oeste. d) Nasce a associação Evangélica das Missões Estrangeiras. Esta associação foi fundada depois da 2ª G.G.M, nos EUA. Contrária ao liberalismo recebeu o apoio da maioria das missões da sua época. (3.7.5) Novas Sociedades e Agências Missionárias: Nessa época muitas outras organizações missionárias começaram a surgir no mundo, tais como: a Missão para o Interior do Sudão (SIM); a Cruzada de Evangelização Mundial; O Ministério de Cruzadas Além Mar e etc. Em consequência do movimento estudantil e destas novas agências missionárias, muitos países outrora fechados ao Evangelho, foram alcançados. O Movimento Pentecostal: Nos idos de 1910, aconteceram em diferentes lugares dos EUA movimentos de renovação espiritual entre igrejas protestantes tradicionais: presbiterianos, congregacionais, batistas, metodistas, etc. Esse movimento ficou sendo 26
  • 28. chamado de Movimento Pentecostal. Estas igrejas protestantes que haviam aceitado o Batismo no Espírito Santo, não podendo mais permanecer no seio de suas denominações e possuindo vários missionários no campo, razão pela qual necessitavam de uma autoridade executiva e organização, formaram em 1914 as Assembleias de Deus norte-americanas. Dentro desse entusiasmo missionário do Movimento Pentecostal destacam-se os suecos Daniel Berg e Gunnar Vingren, que vieram dos EUA para o Brasil em 1910, e se instalaram na cidade de Belém do Pará. Ali, em 1911, logo após a não aceitação do batismo no Espírito Santo pela Igreja Batista (como aconteceu nos EUA), formaram, juntamente com um grupo de irmãos, a Missão de Fé Apostólica, que em 1918, veio a se chamar Assembleia de Deus. e) Conferências Nacionais e Mundiais A partir do século XIX em quase todos os países onde havia trabalhos missionários protestantes aconteceram conferências missionárias com a participação de diferentes sociedades missionárias que motivaram a realização de Conferências Missionárias Nacionais e a formação de Comitês e Missões. Depois da primeira realizada na Índia em 1855, cada vez mais foram sendo realizadas conferências, agências e sociedades missionárias a realizarem juntas grandes conferências mundiais de missões, hoje chamadas de Congressos Mundiais de Evangelização. Já foram realizados treze desses Congressos Mundiais. Os que foram considerados mais importantes são: o de Edimburgo, na Escócia, em 1910, e o de Lausanne, na Suíça, em 1974. A nível regional, os envolvidos com a tarefa missionária também têm – se unido em conferências. Como é o caso do Congresso sobre Evangelismo no Pacífico Sul, em 1968; o Congresso Missionário para Estudantes de toda a Ásia, em 1973; a Consulta sobre Missões em toda a Ásia em 1973; a Associação de Missões n Ásia, em 1975; e o COIBAM (Congresso Latino-Americano sobre Missões) realizado em São Paulo, em 1987. Muitas outras Consultas Globais, reuniões denominacionais e regionais com o objetivo de tratar de assuntos missionários estão planejadas ao redor do mundo. Nos últimos cinquenta anos da História de Missões, pôde-se constatar que naquelas áreas do mundo tidas como “campo missionário”, a Igreja tem florescido, e hoje, estão se tornando “base de envio de missionários”. “Trabalhemos enquanto é dia, pois a noite vem, quando ninguém mais pode trabalhar.” 27
  • 29. CAPITULO VI – Missões Transculturais O que são Missões Transculturais? O prefixo “trans” deriva-se do Latim e significa “movimento para além de”, ou “através de”. Sendo assim, em linhas gerais, missões transculturais é transpor uma cultura para levar a mensagem do universal do Evangelho. Segundo Larry Patê, missões transculturais, “é a proclamação do amor de Deus, que ultrapassa fronteiras culturais, raciais e linguísticas”. A mensagem do Evangelho não pode se restringir a uma só cultura, mas ter alcance abrangente, em todos os quadrantes da Terra, onde quer que haja uma etnia que ainda não a tenha ouvido. O Evangelho está acima de nossas concepções humanas e deve valer-se dos elementos étnicos de cada cultura para ser proclamado. É preciso descobrir o “approach” de cada cultura, ou seja, os seus pontos de aproximação, para comunicar de maneira adequada as verdades do Evangelho. Não é o Evangelho que se curva a cultura, mas esta se curva ao Evangelho. Isto é fazer missões transculturais... 6.1– O QUE É CULTURA Para muitos, a palavra “cultura” significa o grau de estudos de uma pessoa. Por isso, é comum ouvirmos alguém falar: “Fulano de Tal tem muita cultura”. Quase todas as pessoas fazem esta associação da cultura com o nível intelectual ou de instrução de alguém. Mas cultura não é isto. Cultura é, segundo a definição do dicionário Aurélio, “o complexo de comportamento, das crenças, das instituições e doutros valores espirituais e materiais transmitidos coletivamente e característicos de uma sociedade”. Na Antropologia, o termo cultura é visto sempre em associação com outro termo, a saber: sociedade. Para um antropólogo, cultura “é o conjunto de comportamentos e ideias característicos de um povo, que se transmite de uma geração a outra e que resulta da socialização e aculturação verificadas no decorrer de sua história”. Assim sendo, cultura “é o modo de agir”, e o termo 28
  • 30. sociedade designa o “grupo de indivíduos que compartilham de um mesmo modo de agir”. Precisamos entender bem claramente que cada povo tem o seu próprio “Padrão de Cultura”, que é a amalgama de todos os valores passados de geração a geração em cada sociedade desde os seus primórdios. É o padrão cultural de cada povo que determina qual a “orientação cultural” que cada povo segue. Ou seja, a orientação cultural é que norteia o modo de viver de cada indivíduo dentro de sua etnia. 6.2 – Transculturação Transculturação “é o processo de transformação cultural caracterizado pela influência de elementos de outra cultura, com a perda ou alteração dos já existentes”. Note, na definição do termo, o seguinte “... é a influência de elementos de outra cultura, com a perda ou alteração dos já existentes”. O missionário transcultural deve tomar muito cuidado para não exercer este papel. O papel do missionário não é alterar ou mudar os valores de uma cultura. O seu compromisso é com os Princípios Bíblicos. Estes, sim, podem exercer influência e até mesmo alterar situações contrárias à fé cristã, que deverão ser resolvidas no próprio contexto cultural, sem que seja necessário “importar” ou “adaptar” modelos de outros padrões de culturas. 6.3 – Etnocentrismo Etnocentrismo é “uma tendência a ver a nossa própria cultura como maneira universal de comportamento”. O missionário não pode se deixar levar por esta atitude. Entretanto, isso às vezes acontece; acontece, porque somos tão inconscientes de como nossas vidas são guiadas pela nossa cultura e idioma, que de repente, descobrimos que é mais difícil do que pensávamos aceitar uma outra cultura. Embora, reconhecendo o que possa ser considerado comportamento apropriado em outra cultura, apegamo-nos ao que consideramos “normal” e “natural”. Achamos que a nossa maneira de fazer as coisas é “superior” e “correta”. Quando isto acontece com um missionário no seu campo de trabalho, é reflexo de que ele não teve uma boa aculturação. 6.4 – Aculturação Já vimos que cada povo tem o seu próprio padrão de cultura, e também que as culturas diferem na língua, na forma de ver o mundo, na valorização da conduta e em muitos outros aspectos. Quando alguém tenta comunicar uma mensagem a uma pessoa de outra cultura, um emaranhado de coisas impede que esta mensagem seja bem compreendida. É como se 29
  • 31. houvesse um bloqueio entre a fonte e o receptor. Este bloqueio realmente existe e é chamado de barreira, ou rede cultural. A solução eficaz para o problema da “rede-cultural”, é o missionário intercultural “passar pela rede”, ou seja, ele deve assimilar a cultura do povo onde missiona; Ele deve se esforçar ao máximo em aprender o idioma local e comunicar, na língua desse povo, a mensagem do Evangelho; E para isso, ele deve usar as normas de conduta deste povo, bem como seu sistema de símbolos. O missionário tem que deixar a sua dimensão e entrar na dimensão do povo em que atua utilizando os próprios recursos deles para se fazer compreendido. Este processo é chamado de aculturação. 6.4.1 – Estratégia de aculturação A Cosmovisão: Para atravessar uma “rede cultural” e alcançar uma cultura de forma eficaz com o Evangelho, é importante desenvolver uma estratégia funcional. O missionário deve saber em que pontos as culturas se diferem. Tem de reconhecer os princípios a serem aplicados, mas deve saber como aculturar-se no grupo que deseja alcançar. Para conseguir isso, deve saber que o centro de toda cultura e seu gerador primário, é a COSMOVISÃO. Cosmovisão é o conjunto de princípios, símbolos e valores que um povo tem como verdades para a sua realidade. Esses valores, por sua vez, hão de gerar um conjunto de normas aceitas como condutas normais desse povo. A ilustração abaixo exemplifica isto: Certo missionário perguntou ao chefe de uma tribo africana se podia levar sua família para viver nessa aldeia. O chefe perguntou o motivo. Então o missionário lhe disse que tinha uma mensagem importante para o povo. Qual a mensagem? – perguntou o chefe. – Eu lhe contarei a mensagem se permitir que minha família e eu vivamos com o seu povo durante dois anos. – respondeu o missionário. O chefe concordou. Nesses dois anos o missionário e sua família aprenderam a língua do povo, aprenderam a cultivar a terra, cozinhar, comer e comportar-se como o povo dessa aldeia. Por outro lado, todos observavam os estrangeiros com grande curiosidade, especialmente no princípio. Viam-nos orar. Percebiam como amavam os filhos e como faziam amigos entre o povo. Passados os dois anos, a aldeia toda decidiu dar uma festa especial para que o missionário comunicasse a sua importante mensagem. O povo havia aprendido a amá-lo e a respeitá-lo. Estava realmente desejoso de saber porque ele havia deixado sua própria terra para viver entre eles durante esses dois anos. Quando o missionário se levantou e começou a falar na língua do povo, todos ficaram atentos à verdade. Ele começou pelo princípio, exatamente como os anciãos faziam à noite, ao contarem suas histórias em volta das fogueiras. Contou-lhes a história de um homem especial enviado por Deus. Hora e meia mais 30
  • 32. tarde, o missionário acabou de apresentar sua mensagem, e ficou esperando que o chefe falasse como de costume. O chefe fez algumas perguntas sobre os espíritos malignos para o missionário, o qual respondeu a cada uma delas usando a Palavra de Deus. O povo resolveu voltar na noite seguinte para ouvir mais. E assim foi por quatro noites consecutivas. No final da mensagem da quarta noite. O chefe se pôs se pé e declarou que queria seguir o modo de vida de Cristo. O chefe foi o primeiro a ser batizado. Em pouco tempo, a aldeia inteira aceitou “o modo de vida de Cristo”! O êxito deste missionário se deu porque ele conseguiu penetrar na cosmovisão do povo. Ou seja, ele construiu uma plataforma na mentalidade deste povo, de onde ele podia verdadeiramente falar e ser ouvido. E por causa do seu proceder todos os naturais chegaram a ser cristãos. Se o missionário tivesse começado a pregar logo assim que chegou, sem antes atravessar a “rede cultural”, ou seja, sem aculturar-se; sem entender qual era o conjunto de valores do povo, sem entrar na cosmovisão do povo, para aí então, compreender quais as normas de conduta deste povo e assim poder pregar o evangelho, ele não teria bem sucedido. Talvez depois desses dois anos ele tivesse apenas um pequeno grupo de convertidos, ou nenhum. A Cosmovisão de certo povo é a sua percepção básica de como as coisas são e de como chegaram a ser assim. “COSMOVISÃO: O CORAÇÃO DE UMA CULTURA”! 6.4.2 – Princípios de aculturação Através de bons princípios de aculturação o missionário transcultural, pode diminuir muito o choque cultural. No próximo ponto falaremos sobre este choque, agora vejamos alguns destes princípios de aculturação. a) Seguir as Normas de Conduta da Cultura Hóspede. Em geral, o processo de aculturação requer de dois a cinco anos. Para o missionário, quanto mais tempo puder passar com o povo adotado, melhor. Quando um obreiro transcultural entre pela primeira vez noutra cultura, o faz no nível das “normas de conduta”. Sua compreensão do “sistema de valores” e da “cosmovisão” dessa cultura é mínima. O missionário precisa aprender a comer, vestir, dormir, viajar, receber visitas e fazer muitas outras coisas exatamente como o povo da cultura local faz. Agindo da maneira do povo, logo o missionário compreenderá os valores em que se baseiam essas normas de conduta. Aprenderá não somente a compreendê-los, mas também ele próprio começará a adotar muitos desses valores, que começarão a ter sentido para ele. Quanto mais o missionário adotar as normas de conduta do povo, tanto mais se convencerão de que ele os respeita e se interessa por eles. 31
  • 33. b) Contribuir para que o Evangelho Transforme a Cosmovisão do Povo: Não é suficiente mudanças apenas nas “normas de conduta” do povo. A pregação do Evangelho precisa atingir a sua “cosmovisão” e seu “sistema de valores”. Enquanto isso não acontecer, o Evangelho não terá penetrado realmente na sociedade. É possível o missionário conseguir persuadir algumas pessoas a se comportarem de acordo com o exemplo que lhes dá. Podem até ir à Igreja e participar das atividades cristãs, contudo, quando se encontram enfermas, ou atemorizadas por maus espíritos, recorrem à feitiçaria, ao espiritismo ou a outras atividades não cristãs. A esse tipo de conduta dá-se o nome de Sincretismo, que é uma mistura de Cristianismo com outras religiões. O povo inclui o Cristianismo em suas formas de culto, suas crenças religiosas; não o segue como o único caminho verdadeiro. A única maneira de vencer o sincretismo é fazer com que o Evangelho penetre na cosmovisão e no sistema de valores da sociedade. O povo precisa crer no Evangelho de tal maneira que alcancem uma perspectiva cristã e não mais pratiquem suas antigas formas de cultos e sacrifícios. c) Traçar o perfil dos Valores básicos da Cultura Hospedeira: Tendo aprendido a maior parte das normas de conduta da cultura que o hospeda, o missionário começará a entender os valores básicos do povo. Isto lhe dará um quadro mais claro de como comunicar o evangelho a esse povo. d) Julgar a Própria Conduta Social, Moral e Religiosa Segundo as Normas da Cultura Hospedeira: O missionário tem que evitar o Etnocentrismo a todo custo. Não deve julgar as normas de conduta da cultura local segundo suas normas culturais. Antes, deve aprender a ver sua própria conduta de acordo com o sentido que lhe dá a cultura local. e) Aguardar o Momento Certo para Começar a Pregar: Um dos erros mais comuns que os missionários cometem é começar a pregar logo que chegam à cova cultura. Certo missionário enviado ao Japão, logo que chegou lá, contratou um intérprete e deu início a uma campanha de evangelização. Ao fazer o primeiro apelo no final do culto, todos levantaram as mãos indicando aceitar a Jesus. No segundo culto aconteceu o mesmo. O missionário concluiu que tanta gente estava se convertendo que não podia dar tempo à aprendizagem da língua japonesa. Pregou durante um ano inteiro através do mesmo intérprete antes de saber a verdade do fato. Cada vez que ele pedia que as pessoas que quisessem aceitar a Cristo levantassem as mãos, o intérprete simplesmente mandava que todos levantassem as mãos! De modo que os ouvintes levantavam as mãos não para aceitarem a Jesus, mas sim, para que o pregador não perdesse o prestígio e também porque o intérprete lhes dizia que o fizessem. Podemos 32
  • 34. concluir que, enquanto o processo de aculturação não estiver bem avançado, o missionário não poderá comunicar a mensagem de maneira que o povo possa recebê-lo. 6.5 – Choque Cultural Se o missionário usar como seu “guia” os princípios e a estratégia de aculturação apresentadas no ponto anterior, ele conseguirá superar bem o choque cultural. O choque cultural é um sentimento de confusão e desorientação que a pessoa enfrenta quando se muda para outra cultura. A causa desse choque é exatamente a mudança de normas culturais. A intensidade do choque dependerá da diferença entre a cultura de origem e a cultura hóspede do missionário. Dependerá também, da personalidade e do preparo do missionário. (Assunto do próximo ponto!). Já vimos o que é o choque cultural, sua causa e intensidade, agora veremos alguns sintomas deste choque. 6.5.1 – Sintomas do Choque Cultural a) Sensação de Desorientação. É comum a pessoa sentir certo incômodo e certa sensação de desorientação, bem como ansiedade nervosa. Principalmente se ela não entende a língua local. b) Desejo de Isolar-se. Dada a dificuldade de comunicação com o natural, e a não possibilidade de se comunicar com pessoas de sua cultura, então surge uma vontade de ficar só. c) Comparação das Culturas. O iniciado constantemente nota diferenças entre a sua cultura e a que o hospeda deve cuidar-se para não se exceder em frequentes comparações, pois as pessoas que o cerca podem se sentir ofendidas. d) Menosprezo pelas Normas Culturais; e) Sensação de Estar Preso; f) Sentimento de Hostilidade; g) Sensação de Autodesprezo; h) Sensação de Fracasso; e até mesmo. i) Perda da Visão Espiritual; A lista de sintomas apresentada não é necessariamente progressiva. Mas é um conjunto de reações normais que ocorrem quando uma pessoa entra numa nova cultura. O missionário pode não sentir todos estes sintomas, nesta mesma sequência e intensidade, mas certamente há de experimentar pelo menos um deles. Quanto mais o missionário transcultural 33
  • 35. compreender a cultura em questão e a tarefa que tem pela frente, menos será o efeito que o choque cultural terá sobre ele e sua família. 6.6 – O Missionário Transcultural e seu Preparo O missionário transcultural precisa receber um treinamento específico antes de sair para o campo. Não significa o envio de alguém, sem que este alguém não tenha recebido um preparo (o mínimo que seja), nas seguintes áreas: a) Preparo Linguístico: O missionário precisa saber pelo menos, qual o idioma falado no seu “campo-alvo”. O ideal é que ele saiba falar antes mesmo da partida. E não apenas o idioma, mas também as peculiaridades da língua do país que vai trabalhar. Este preparo exige tempo, estudo e determinação; antes e depois da ida do missionário para o campo, pois ele não termina com a chegada do mesmo, pelo contrário, deve ser intensificado; porque o missionário vai precisar de um domínio completo da língua, bem como de uma boa fluência e também conhecimento de expressões idiomáticas e regionalismos (e neste caso, quanto mais ele souber, melhor!)! Quando se faz uma tradução de um idioma para outro, nem sempre há palavras correspondentes entre esses idiomas. O missionário que tem um bom conhecimento do idioma para o qual se faz a tradução saberá, então, nesta ocasião: valer-se da “equivalência dinâmica” para poder transmitir a sua mensagem de maneira inteligível aos seus ouvintes. É por isso que o missionário necessita de um bom preparo linguístico, para poder das “contemporaneidade” à Bíblia, no país onde missiona. b) Preparo Teológico: É importante frisar, quando mencionamos “preparo teológico”, que não basta ao missionário, ter meros conhecimentos de conceitos sistemáticos da Bíblia e querer transportá-los de uma realidade para outra. É preciso que estes conceitos tenham correspondências práticas na vida de quem os ensina, especialmente no campo missionário; onde poderá haver circunstâncias que exigirão “provas” daquilo que se prega. Em outras palavras, o missionário deve viver o que prega e pregar o que vive. Toda boa teoria que não for aprovada, não passa de uma “boa teoria”. O ensino bíblico não pode ficar apenas no campo teórico. Se não for acompanhado de evidências terá pouco resultado. Não basta ao missionário ter conhecimento teológico. Este preparo deve revestir-se da visão transcultural para que ele possa encontrar em cada etnia o instrumento próprio para aplicar os ensinos na vida do povo. Para o missionário ensinar as verdades bíblicas em outra cultura, ele precisa contar com o momento adequado e a estratégia certa. 34
  • 36. c) Preparo Transcultural: Costumes são mutáveis e diferem de uma região para a outra. O missionário precisa conhecer os costumas do povo que vai trabalhar, para que o choque cultural não gere efeitos negativos. Uma questão séria é a do vestuário. O quadro muda de país para país; e de região para região. O missionário precisa ter bastante equilíbrio para não exportar costumes de sua cultura para a do povo adotado; nem tão pouco quando retornar à sua pátria, importar costumes do campo onde missiona para i seu país de origem que sejam incompatíveis com o seu “modus vivendi”. A área de costumes inclui também, hábitos alimentares, ética à mesa, convivência familiar, etc; que diferem de uma cultura para a outra. Os costumes mudam, mas os princípios bíblicos são imutáveis!... 6.7 – Tipologia da Evangelização “Nosso mundo hoje, é muito mais complexo do que o mundo dos crentes da Igreja Primitiva. Atualmente há mais línguas, mas países, mais grupos étnicos do que quando a Igreja Primitiva foi tão eficaz na evangelização intercultural. Nessa época não era preciso passaporte, nem vistos, e o grego era um idioma comum falado por muita gente. Hoje, as distâncias entre as cidades, são muito maiores, tanto geográfica quanto culturalmente. Se desejamos sermos “missionários” eficazes, devemos aprender tudo quanto podemos acerca das diferenças e de como superar as barreiras que se apresentam para uma comunicação eficaz do evangelho”. Buscando criar meios e estratégias para a evangelização mundial, o estadista de missões Ralf Winter (U.S. Center), criou um esquema com base nas distâncias culturais entre o missionário e seus ouvintes. “O homem precisa criar formas de controlar sua realidade para compreendê-la e modificá-la. Exemplo: Metro: Distância; Hora: Tempo.” Com Missões também é assim. É de grande valia para nós, compreendermos o conceito de “Distância Cultural”; ou seja, o quanto uma cultura é “distante” (diferente) da outra! Ralf Winter separou a Evangelização em quatro etapas: “E - 0”, “E - 1”, “E - 2”, “E - 3”: a) “E - 0”: Evangelização “E - 0” significa uma evangelização com barreira cultural 0! Isto é, sem nenhuma distância cultural entre o emissor e o receptor. Isto ocorre quando um verdadeiro cristão ganha para Cristo “cristão nominais”. Neste caso não existem barreiras culturais, nem religiosas, nem geográfica, nem de tipo algum. b) “E - 1: Evangelização “E - 1” é ganhar para Cristo pessoas da própria cultura do evangelista, mas que ainda não “nasceram de novo”. Por exemplo, quando um crente pentecostal leva ao Senhor alguém de sua própria cultura que é católico romano. A cultura é igual, mas a religião é diferente. 35
  • 37. c) “E - 2”: Evangelização “E - 2” é ganhar para Cristo pessoas que pertencem a culturas diferentes, mas similares à do evangelista. As culturas desses povos não são exatamente iguais, porém, podem ser bastante aproximadas, até o ponto de falarem a mesma língua materna. Temos dois exemplos bíblicos. O primeiro são os samaritanos. Embora fossem à semelhança dos judeus, inclusive na língua, pois falavam o aramaico, contudo, havia profundos preconceitos históricos e culturais que eram verdadeiras barreiras, entre esses dois grupos étnicos, a ponto de não se comunicarem um com o outro (João 4). De maneira que, quando Filipe começou um avivamento entre os samaritanos, ele estava fazendo “E - 2”! O segundo exemplo, é quando os judeus helenitas começaram a estabelecer igrejas entre os gregos (Atos 19.20). Eles cruzaram uma barreira de grande preconceito religioso e racial para ganhar os gregos para Jesus, e o fizeram numa língua diferente da sua. A evangelização do tipo “E - 2” é uma evangelização intercultural. Quando a barreira idiomática ou a cultural, ou ambas, são suficientemente grandes que requeiram uma igreja em meio ao povo evangelizado, então temos uma evangelização intercultural. Uma grande parte da evangelização intercultural registrada na Bíblia é do tipo “E - 2”. d) “E - 3” é ganhar para o Senhor, membros de uma cultura muito distante. Neste caso não existe nenhuma semelhança cultural entre o emissor e o receptor. Isto é, entre o evangelista e o povo evangelizado. O fator chave a ser considerado é a distância cultural. 6.8 – A Teoria do Evangelismo de Vizinhança Alguns pensam que a evangelização de certa parte do mundo é de responsabilidade única dos crentes dessas regiões. Os que assim pensam, não são favoráveis à evangelização do tipo “E - 3” (ou seja, não são favoráveis a missões transculturais!). Há até mesmo quem considera “E – 3” desnecessária. Isto porque acreditam (às vezes até inconscientemente) no pensamento conhecido como “teoria do evangelismo da vizinhança”. As pessoas que acreditam no evangelismo de vizinhança deduzem que, uma vez que há alguns crentes em determinada região do mundo, basta que estes “evangelizem seus vizinhos” (evangelização do tipo “E – 0” e “E - 1”) uma vez que estão culturalmente próximos, assim, não se faz necessário o envio de missionários (para se fazer “E – 3”!) e em pouco tempo o mundo todo terá sido evangelizado. Entretanto, estas pessoas se esquecem que para se fazer “E – 1” é necessário que antes se faça “E – 3”! Foi assim com Jesus. Ele realizou “E – 0”, “E - 1” e também “E – 2” (no caso de João 4!), antes porém, realizou “E – 3”, porque foi ENVIADO de um outro “País” e precisou aculturar – se à cultura judaica antes de começar a pregar o 36
  • 38. Evangelho! O missionário precisa transpor uma barreira cultural, geográfica ou linguística para poder ministrar o Evangelho. Foi exatamente isto que Jesus fez... É por esta razão que David Livingstone disse a frase que já citamos anteriormente, mas que vem a propósito: “Deus tinha um único filho e fez dele um missionário”. Seguindo estes padrões de evangelização, concluímos que se um evangelista sair fazendo “E – 1”, em um determinado momento ele vai encontrar uma barreira (seja ela geográfica, cultural ou linguística), ao transpor esta barreira estará fazendo “E – 2” e mesmo “E – 3”. Exemplificando: Suponhamos que eu queira divulgar o Evangelho em todo o mundo, mas sem sair da minha cidade natal, Juiz de Fora; sem fazer missões transculturais. Então, eu evangelizo o meu “vizinho” e dou – lhe a incumbência de ganhar o seu e de passar – lhe a mesma tarefa. Logo, logo teremos evangelizado todos os bairros de Juiz de Fora e o último “vizinho”, ganhou alguém do estado do Rio de Janeiro. E lá no Rio o evangelho foi passando de “vizinho a vizinho” até chegar em São Paulo, depois no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Até aqui só houve “E – 1”. Então, o “vizinho” da última cidade do Rio Grande do Sul, que faz fronteira com o URUGUAI, vai da mesma forma como foi feito até agora, tenta evangelizar o seu vizinho. Só que este seu “vizinho” uruguaio fala outra língua, tem outros costumes, enfim, tem outra cultura e pertence a outro grupo étnico, diferente do Brasil. Isto que dizer que o “vizinho” crente se deparou com uma barreira cultural, geográfica e linguística. Se ele pretende realmente ganhar o uruguaio para Jesus, então terá de transpor estas barreiras e a única maneira é fazendo MISSÕES TRANSCULTURAIS! (Neste caso “E – 2”). Outro exemplo que pode ser dado é o caso da Igreja do Paquistão. É composta, na sua maioria, de ex-hindus, os quais não conseguem testemunhar para seus vizinhos muçulmanos (97%) geograficamente próximos, porém, muito distantes culturalmente. Neste caso também, o “evangelismo de vizinhança” não funciona. Poderia ter citado ainda o caso de uma Igreja no Sul da Índia (País que sofre com a desigualdade social por causa da sua divisão em “Castas!”), ou o da Igreja de Bata, na Indonésia, entretanto creio que já ficou bem claro que só se faz “E – 1” se antes, for feito “E – 3”. “A igreja saudável e no centro da vontade de Deus é aquela que segue seu Senhor e faz tal qual ele fez..” 37
  • 39. CAPITULO VII – MISSÃO CRISTÃ HOJE Tanto o homem que “não é mais cristão” quanto o homem que “ainda não é cristão” pertencem ao mundo que necessita do Evangelho e a quem o Evangelho se destina. Eis porque as igrejas em toda parte no mundo podem e devem entender-se de modo cada vez melhor no serviço do testemunho. Corremos o sério risco de sabermos muito sobre missões, teoricamente falando é claro. Livros são escritos, debates acontecem, seminários sobre missões, semanas missionárias, relatórios com gráficos, vários artigos na internet, slides que apontam lugares/pessoas não alcançadas etc., mas, tomara que eu esteja errado, pouco se vê sendo feito na prática. Conseguiu-se pegar o “Ide” de Jesus e colocá-lo num laboratório de análises semânticas, exegeses, hermenêuticas, e todo o estudo do texto parece não ter nos impulsionado a simplesmente obedecer ao que foi proposto pelo Senhor. Um dia Jesus disse: “Vocês estão enganados, pois não conhecem as Escrituras nem o poder de Deus!” (Marcos 12.24), hoje talvez dissesse: vocês estão enganados e conhecem as Escrituras; os que primeiro ouviram a fala de Jesus desconheciam o que Ele anunciava, mas e nós? Será que não estamos nos enganando a nós mesmos, com escapismos tolos? Será que já não está suficientemente claro que Ele nos comissionou? A Bíblia diz que, ao aceitarmos a Jesus Cristo como nosso Senhor e Salvador, nós o fazemos pela fé; esta fé é colocada em nosso coração pelo Espírito Santo que passa a operar em nós e através de nós. Esta fé é o instrumento de que o Espírito Santo se vale, capacitando- nos espiritualmente, guiando-nos na verdade, para enfrentarmos os grandes desafios impostos à nossa existência por um mundo cada vez mais distante de Deus. Além disso, amplia a nossa visão e nos faz conscientes do nosso próximo, quer esteja aqui, numa vila distante, ou numa aldeia indígena. A fé elimina as fronteiras geográficas, fazendo-nos cidadãos do mundo. 38
  • 40. Não pode haver fronteiras geográficas, culturais, nada no sentido que nos divida separe quando se trata de missões cristãs, todos precisam ser alcançados pela Palavra da salvação, precisamos alargar nossas fronteiras, como dizia John Wesley “o mundo é a minha paróquia”, ou como afirmou tão brilhantemente o Pacto de Lausanne - “o evangelho todo, para o homem todo, para todos os homens”. Precisamos amar quem está ao nosso lado e amar quem está ao nosso alcance, algumas pessoas estão ao nosso lado, convivem conosco, fazem parte do nosso dia a dia, nos encontramos vez ou outra, mas há também pessoas que estão ao nosso alcance, num telefonema, numa mensagem por vários meios atuais, de várias formas podemos acessá-las, estão ao nosso alcance, podemos e devemos colocá-las como alvo de nossa evangelização. “15. Antes, santifiquem Cristo como Senhor em seu coração. Estejam sempre preparados para responder a qualquer pessoa que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês. 16. Contudo, façam isso com mansidão e respeito, conservando boa consciência, de forma que os que falam maldosamente contra o bom procedimento de vocês, porque estão em Cristo, fiquem envergonhados de suas calúnias. (I Pedro 3.15-16)”. “19. Meus irmãos, se algum de vocês se desviar da verdade e alguém o trouxer de volta, 20. lembrem-se disso: Quem converte um pecador do erro do seu caminho, salvará a vida dessa pessoa e fará que muitíssimos pecados sejam perdoados. (Tiago 5.19-20)”. Já em 1974, no Congresso de Lausanne, René Padilla disse: “O contexto no qual se evangeliza é tão importante quanto qualquer outra coisa, ao se decidir acerca do significado do Evangelho para aquele mesmo contexto”, ou seja, a evangelização não pode acontecer de forma alienada da realidade. Uma tarefa crucial para a igreja hoje é verificar continuamente se sua compreensão de Cristo corresponde à compreensão das primeiras testemunhas. Isso implica, naturalmente, que não podemos refletir de maneira íntegra sobre o que a missão poderia significar hoje em dia a menos que nos voltemos para o Jesus do Novo Testamento, já que nossa missão está “amarrada à pessoa e ao ministério de Jesus” Bosch o expressa do seguinte modo: um fundamento teológico da missão só é possível mediante referência ao ponto de partida de nossa fé: a auto comunicação de Deus em Cristo como base que precede logicamente e é fundamental para qualquer outra reflexão. Afirmar isso não equivale a dizer que tudo o que teríamos de fazer é determinar o que a missão significava para Jesus e a igreja primitiva e, então, definir nossa prática missionária nos mesmos moldes, como se todo o problema possa ser solucionado por meio de uma aplicação 39
  • 41. Se a missão é fundamentalmente de Deus, e não propriamente da Igreja, esta é vista como instrumental para tal missão. Existe a Igreja porque existe missão por parte de Deus e não vice-versa. Ela é chamada a participar do movimento do amor de Deus para com a humanidade, pois Deus é a fonte de amor que envia e se auto-envia. Devemos entender que a ação da atividade missionária não pode ser ‘outra coisa’ do que a manifestação ou epifania dos desígnios de Deus e a sua concretude de realização no mundo e na história. Neste sentido, e entendendo a Igreja como missionária já em sua essência/natureza, a Igreja não envia, mas é enviada. Não representa a finalidade última, mas sim o instrumento para o advento do Reino de Deus e o estabelecimento do anúncio da salvação a todas as pessoas. E só para relembrar: a Igreja somos nós. Você e eu. 40
  • 42. CONCLUSÃO Quando temos dentro de nós o sentimento de Cristo, Este que veio aqui na terra em uma missão para salvar a humanidade e povoar o céu com almas para seu reino, todos os cristão em sã consciência devem ter a preocupação que estamos aqui numa passagem e que nosso descanso não é aqui, como disse o apostolo Paulo que somos peregrinos nessa terra. Se não nos preocupamos com tantas coisas e muitas vezes não percebemos que o tempo está passando muito rápido e nada ou quase nada estamos fazendo na obra evangelizadora e Jesus disse para fazermos discípulos. Enquanto tivéssemos aqui, essa é nossa missão suprema de povoar o céu com almas, pois um dia Deus vai requerer de cada um o que ganhamos para Ele, pois a sua palavra diz que devemos buscar primeiro o reino do céu e sua justiça porque as demais coisas vão ser acrescentadas e devemos pregar em todo o tempo e fora de tempo, pois não sabemos quando Jesus vira nos arrebatar e tudo aqui nessa terra vai passar Portanto esse é o tempo que Deus ele conta conosco, pois quem ganha alma sábio é. Missão de pregar, anunciar e evangelizar é de todos nós que um dia queremos morar na eternidade com Deus, então não vamos perder nosso tempo com tantas coisas que tirem nosso foco das almas, pois os que semeiam em lágrimas segaram com alegria. 41
  • 43. BIBLIOGRAFIA ROYER, Gary Luther. Missiologia:”ide e pregai”- 5ª ed. – Campinas, SP: EETAD, 2006. HOOVER, Thomas Reginaldo. Missões – O Ide Levado a Sério. - 1ª ed. Rio de Janeiro, RJ - Edições CPAD, 1993. QUEIROZ, Édison. A Igreja Local e Missões - 1ª ed São Paulo, SP. Vida Nova, 1991, ed. SHEDD, Russell. Fundamentos Bíblicos da Evangelização.São Paulo: Vida Nova, 1996. STOTT, John.A missão cristã no mundo moderno.Viçosa: Ultimato, 2010. 42