1. SP.3.4 – Dois lados...
Termos desconhecidos: -------------------------
Palavras-chave:
Professor do ensino fundamental aposentado.
Não dorme há dois dias. Internado pela primeira vez aos 25
anos.
Só queria ficar na cama.
Sem ânimo e pensamento de morte. Esposa não soube lidar
com altos e baixos.
Tentativa da família de internar “para sempre”. “Gradualmente,
fui pegando confiança no tratamento”.
Tratamento no CAPS, psicoterapia, que incluía terapia
individual, de grupo e terapia familiar.
Críticas sobre o comportamento, pelos companheiros, no grupo
terapêutico.
Família demonstra resistência a aderir ao tratamento familiar
proposto.
Humor que oscila/ maior aceitação de responsabilidade, toma
regularmente os medicamentos.
Melhora na vida espiritual.
Remissão há dois anos.
Perguntas norteadoras:
1. Como funciona a terapia individual, familiar e de grupo?
2. Em que casos são indicados a internação hospitalar?
3. Em que grupo de patologias o transtorno bipolar se enquadra?
4. Como se dá a reação da família/sociedade com o paciente com
transtorno bipolar?
Objetivos:
1. Compreender o transtorno bipolar, definição, tipos,
epidemiologia, fisiopatologia, manifestações clinicas,
diagnostico (diferencial) e tratamento (medicamentoso e
não medicamentoso).
2. Definição
O Transtorno Bipolar (TBP) é um transtorno de humor no qual o
indivíduo apresenta oscilações entre pontos altos do
temperamento (mania) e baixos (depressão). É uma condição
psiquiátrica crônica que acomete cerca de 1-2% da população,
sendo que, por vezes a sintomatologia do TBP pode ser tão
intensa que interfere diretamente na vida social, afetiva e ainda
profissional do indivíduo, sendo necessária a internação em
alguns casos. Estudos apontam que existe uma predisposição
genética para o desenvolvimento da doença.
O transtorno Bipolar (TAB) é uma doença mental grave e
crônica. É um transtorno do humor caracterizado por alterações
principalmente afetivas que tem duração variada entre dias, semanas
ou até mesmo meses. As principais consequências para o paciente
com transtorno bipolar são os prejuízos funcionais, como por
exemplo, a capacidade do autocuidado e comportamento e
relacionamento interpessoal. (MIASSO et al. 2012). No transtorno
bipolar existem duas fases predominantes, a fase depressiva e a fase
maníaca. Na fase maníaca, o paciente apresenta uma aparência
vigorosa, sendo comum o uso de roupas coloridas, com tons fortes e
uso de adereços, bem como, o anseio por movimento assim, o
paciente com transtorno bipolar tem dificuldade de ficar parado. Os
sintomas mais comuns estão ligados a esses fatores sendo
predominante a sintomatologia de humor elevado e aumento da
energia e da atividade, sendo constante a redução da necessidade de
sono, autoestima muito elevada, fuga de ideias, distrabilidade,
agitação psicomotora, envolvimento demasiado em atividades
prazerosas, entre outros. É possível que na fase maníaca o portador
de TAB manifeste em torno de 3 sintomas, sendo possível a
existência de um número maior de sintomatologia. (BIN et al, 2014).
Ná na fase depressiva é muito comum a redução de energia e da
atividade, nesse caso, a sintomatologia mais clássica é o aumento da
necessidade de sono/repouso.
3. Em ambos os sintomas o paciente tem um risco de suicídio elevado.
Na fase depressiva, o portador de TAB tende a ter um
comportamento mais arredio, tendendo a sintomas presentes na
depressão propriamente dita, já que a depressão é um distúrbio
também afetivo sendo comum a diminuição de energia de
concentração, diminuição do desejo de alimentar-se, irritabilidade,
ideias de ruina e isolamento.
Epidemiologia
O transtorno bipolar (TBP) é uma condição psiquiátrica relativamente
frequente, é uma doença crônica que afeta entre 1% e 2% da
população e representa uma das principais causas de incapacitação
no mundo.
Cerca de 4% da população adulta mundial sofre de transtorno bipolar
e, segundo a Associação Brasileira de Transtorno Bipolar (ABTB),
essa prevalência vale também para o Brasil, o que representa 6
milhões de pessoas no país.
Tipos
Transtorno Bipolar Tipo 1
O portador do distúrbio apresenta períodos de mania, que duram, no
mínimo, 7 dias, e fases de humor deprimido, que se estendem de 2
semanas a vários meses. Tanto na mania quanto na depressão, os
sintomas são intensos e provocam profundas mudanças
comportamentais e de conduta, que podem comprometer não só os
relacionamentos familiares, afetivos e sociais, como também o
desempenho profissional, a posição econômica e a segurança do
paciente e das pessoas que com ele convivem.
O quadro pode ser grave a ponto de exigir internação hospitalar por
causa do risco aumentado de suicídios e da incidência de
complicações psiquiátricas.
4. Transtorno Bipolar Tipo 2
São pacientes que nunca apresentaram episódios maníacos
completos. Em vez disso, eles apresentam períodos de níveis
elevados de energia e impulsividade que não são tão intensos como
os da mania (chamado de hipomania), mas um estado mais leve de
euforia, excitação, otimismo e, às vezes, de agressividade; sem
prejuízo maior para o comportamento e as atividades do portador.
Esses episódios se alternam com episódios de depressão.
Transtorno Bipolar não especificado ou misto
Os sintomas sugerem o diagnóstico de transtorno bipolar, mas não
são suficientes nem em número nem no tempo de duração para
classificar a doença em um dos dois tipos anteriores.
Transtorno Ciclotímico
Envolve oscilações de humor menos graves. É marcado por oscilações
crônicas do humor, que podem ocorrer até no mesmo dia. O paciente
alterna sintomas de hipomania e de depressão leve que, muitas
vezes, são entendidos como próprios de um temperamento instável
ou irresponsável. As pessoas com transtorno bipolar do tipo II ou
ciclotimia podem ser diagnosticadas incorretamente como tendo
apenas depressão.
Fisiopatologia
A causa exata da sintomatologia apresentada no TBP não está clara,
mas alterações nos níveis de neurotransmissores como
noradrenalina, serotonina, dopamina, GABA e glutamato parecem
estar relacionadas com modificações intracelulares nos neurônios
corticais, podendo levar alguns desses neurônios a alterações
metabólicas ou mesmo à morte dando origem às alterações de humor
e estágios de mania e depressão.
5. Manifestações clínicas
Quadro Clínico de Transtorno Afetivo Bipolar
No transtorno bipolar as mudanças de humor podem ser bruscas,
mas a duração de cada episódio, não. A depressão é geralmente igual
ou superior a 15 dias (podendo chegar a 2 anos), a mania dura pelo
menos uma semana e a hipomania (euforia leve) demora ao menos
quatro dias. E tudo isso é intercalado com fases de normalidade.
Na mania observam-se:
humor alegre
ideação rápida e
movimentação exagerada.
Ao passo que na depressão observam-se:
humor triste
ideação lenta e
movimentação demorada.
Diagnóstico
O diagnóstico diferencial da mania inclui mania secundária por
agentes simpaticomiméticos ou estimulantes, hipertireoidismos, AIDS
ou por distúrbios neurológicos. É comum existir o abuso de álcool ou
de outras substâncias pelo julgamento prejudicado ou impulsividade
aflorada, bem como, tentativa de se automedicar e tentar combater
os distúrbios do sono.
Tratamento Farmacológico
O tratamento farmacológico pode diminuir os sintomas do paciente
em fase aguda. Por conta disso, é considerado a opção de primeira
linha contra o Transtorno Bipolar. As medicações que mais são
utilizadas no TBP são estabilizadores de humor; antipsicóticos atípicos
6. e ansiolíticos (benzodiazepinas), que são utilizados por curtos
períodos para aliviar ansiedade, inquietação, pânico ou insônia; e
antidepressivos se associados a estabilizadores de humor. O lítio é
um estabilizador de humor que vem sendo usado desde a década de
60 e continua sendo o pilar de escolha para o tratamento e profilaxia
do TBP, ajudando a diminuir o número de casos de suicídio.
Outros estabilizadores de humor também são utilizados, mas
possuem efeitos adversos, o que os torna inadequados para alguns
pacientes. O lítio também possui seus pontos negativos, não podendo
ser usado em pacientes com doença renal e, além disso, causa
hipotireoidismo em 10-20% dos pacientes, podendo ainda produzir
doenças cutâneas leves, hiperparatireoidismo, ganho leve de peso e
tremor. As seguintes tabelas do “Guia para cuidadores de pessoas
com transtorno bipolar” ilustram sucintamente os medicamentos mais
utilizados:
7. Tratamento não farmacológico
Além do tratamento medicamentoso, a terapia com psicólogo
pode aumentar a qualidade de vida do paciente e o sucesso do
tratamento. Ainda para casos mais graves e resistentes a
medicamento, a eletroconvulsoterapia (ECT) deve ser
considerada, sendo eficaz para estabilizar o humor e evitar
suicídios, uma vez que, a ECT reduz a depressão grave e ajuda
a prevenir sintomas de outros episódios. A confusão temporária
ou perda de memória podem acontecer quando se faz uso
dessa terapia.