BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus, Estrutura Celular de Célula...
22091452
1. DEPENDÊNCIA QUÍMICA NO
TRANSTORNO DE HUMOR
BIPOLAR
RICARDO M. ASSMÉ
MÉDICO PSIQUIATRA ESPECIALISTA EM DEPENDÊNCIAS QUÍMICAS
SETEMBRO 2019
2. PREVALÊNCIA DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA NO
TRANSTORNO DE HUMOR BIPOLAR
ECA study (n:20291)
• Dependência de álcool em THB 1 e 2: 39.2%
em esquizofrenia: 33.7%
em pânico: 28.7%
em depressão unipolar: 16.5%
na população geral: 13.8%
• 61% dos pacientes THB 1 e 48% dos THB 2 tiveram diagnóstico de abuso
ou dependência de substância na vida.
• Prevalência da dependência de nicotina é de 35% no THB1 e 33% no
THB2
Regier, D.A., Farmer, M.E., Rae, D.S. et al. (1990) Comorbidity of mental disorders with alcohol and other drug abuse.Results
from the Epidemiologic Catchment Area (ECA) Study. J. Am. Med. Assoc., 264 (19), 2511–2518.
Grant, B.F., Dawson, D.A., Stinson, F.S. et al. (2004) The
12-month prevalence and trends in DSM-IV alcohol abuse
and dependence: Drug Alcohol Depen., 74, 223–234..
3. POSSÍVEIS MECANISMOS DE ALTA PREVALÊNCIA DE
COMORBIDADE
(PATOGÊNESE DA PATOLOGIA DUAL)
Mudanças no neurocircuito de recompensa e estresse. Estados
afetivos negativos podem tornar pacientes bipolares mais
vulneráveis a dependência de drogas e promover uma transição
muito rápida de uso ocasional para dependência através de
mecanismo de reforço negativo
Distúrbios em sistema de neurotransmissores, especialmente em
via dopaminérgicas, adaptações nas vias de sinalização pós
receptores
Fenômeno Kindling
Frontiers in psychiatry, v.5, p.173,2014
Addiction biology,23, 485-492
Practical managemente of bipolar disorers
4. POSSÍVEIS MECANISMOS DE ALTA PREVALÊNCIA DE
COMORBIDADE
(PATOGÊNESE DA PATOLOGIA DUAL)
O consumo de substâncias psicoativas pode engatilhar um episódio
de mania ou depressão secundários ao uso ou engatilhar um
transtorno afetivo completo.
Genes comuns entre depressão, esquizofrenia e transtorno bipolar
Genes de vulnerabilidade para transtorno bipolar se sobrepõem a
genes de vulnerabilidade a transtorno por uso de substância
Diátese social: prejuízo psicossocial devido ao transtorno de humor
bipolar, como desemprego e outras situações adversas podem levar a
marginalidade que aumenta o risco de uso de substâncias
5. POSSÍVEIS MECANISMOS DE ALTA PREVALÊNCIA DE
COMORBIDADE
(PATOGÊNESE DA PATOLOGIA DUAL)
Auto medicação: controverso, embora real em alguns casos.
Pacientes ipolares são mais propensos a usarem cocaína ou
estimulantes em fase maníaca ao invés de depressiva
Alta impulsividade e altos escores de busca de novidade (“novelty
seeking”) são usualmente encontrados em pacientes bipolares e
aumentam o risco de uso de substância
6. DIAGNÓSTICO
Diagnóstico de THB na presença de uso de substância psicoativa e qualquer destes:
• Presença de mania, hipomania ou episódio depressivo enquanto não usando substância
• Um episódio maníaco, hipomaníaco ou depressivo que precedeu o início do abuso de
substância
• Um episódio maníaco, hipomaníaco ou depressivo com sintomas severos com mínimo uso
de substância
McKowen, J.W., Frye,M.A., ALtshuler, L.L. and Gitlin, M.J. (2005) Patterns of alcohol consumption in
bipolar patients comorbid for alcohol abuse or dependence. Bipolar Disord., 4, 277–281.
7. DIAGNÓSTICO
Em amostras clínicas é bastante comum o superdiagnóstico.
Kraeplin, 1921: “Alcoolismo é encontrado em aproximadamente um
quarto dos homens com transtorno bipolar, mas isso deve ser
considerado como consequência da devassidão cometida na
excitação, e não como causa”
Pacientes DQ+THB são rotineiramente excluídos de estudos clínicos
controlados, devido provavelmente a fatores como dificuldade de
diagnóstico e falta de instrumentos validados a essa população
específica
10. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Transtorno de personalidade , especialmente TP borderline
Esquizofrenia
Esquizoafetivo
Depressão unipolar
TDAH
Transtorno psicótico breve
Transtorno cerebral orgânico
Transtorno psicótico não especificado
11. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
• Transtorno de personalidade borderline:
Padrão de instabilidade nos relacionamentos interpessoais, auto
imagem e afetos, e marcada impulsividade. (DSM V)
12.
13. TRATAMENTO
Condutas a serem corrigidas: pouco uso de drogas específicas, como
dissulfiram (0.4%), metadona, naltrexona, buprenorfina
Excesso de uso de benzodiazépínicos (75%) em 5 anos
Um estudo randomizado duplo cego placebo controlado em 59
pacientes bipolares alcoolistas tratados com lítio. Estes pacientes
foram randomizados para placebo ou valproato. Ambos os grupos
tiveram igual resposta no humor, com o grupo valproato
apresentando menos consumo de álcool
Um estudo randomizado placebo controlado com citicolina, em 44
pacientes bipolares dependentes de cocaína. Nos pacientes do grupo
citicolina houve melhora em testes de memória e 6.41 vezes menos
testes positivos para cocaína.
Clark et al, 2004
Salloum et al, 2005
Brawnet et al, 2007
14. PONTOS IMPORTANTES NO MANEJO CLÍNICO
Não tenha receio de manter o diagnóstico como “hipótese”, até que existam dados
suficientes de história pregressa e evidências de oscilação clara de humor na
vigência de abstinência.
Evite benzodiazepínicos, ou use sob estrito controle.
Na hipótese de comorbidade com TDAH solicite testagem neuropsicológica.
O primeiro passo do tratamento é a promoção de abstinência . Para isso são
necessárias terapia motivacional e terapia comportamental de prevenção de
recaída, aliadas a medicação antifissurante se necessária.
Frequentemente são necessárias consultas semanais com psiquiatra e auxílio de
psicólogo no tratamento. Há necessidade de contato com a família do paciente
para enriquecer anamnese e acompanhar evolução.
Utilize testagem toxicológica em urina e cabelo.
Utilize dosagem sérica de medicação e supervisão familiar da adesão a medicação.
Em caso de grande dificuldade de adesão opte por medicação de depósito.