1. DISCIPLINA DE AUDIOLOGIA I
CURSO DE FONOAUDIOLOGIA – UNINTA
Professora: Daniele Linhares M. Menegotto
2022.2
Aula 8
2. A avaliação com estímulos de fala, também chamada de audiometria de
fala, audiometria vocal ou logoaudiometria, foi definida como “a técnica
na qual amostras de fala padronizada, de uma determinada língua, são
apresentadas por meio de um sistema calibrado, para medir algum
aspecto da habilidade auditiva”.
É realizada por meio de um audiômetro, o mesmo usado para pesquisa
dos limiares de tons puros.
Logoaudiometria é um teste que avalia a habilidade do indivíduo
para detectar e reconhecer a fala, por meio dos seguintes testes:
Limiar de Reconhecimento de Fala (LRF - SRT),
Limiar de Detecção de Voz (SDT - LDV),
Índice Percentual de Reconhecimento de Fala (IPRF- IRF).
A logoaudiometria é feita somente por VA.
LOGOAUDIOMETRIA
3. Normalmente os pacientes começam a notar uma perda auditiva
quando possuem uma dificuldade em reconhecer e compreender a
fala.
Ela contribui para o diagnóstico de diferentes distúrbios auditivos, já
que em algumas doenças/alterações otológicas há uma dificuldade
maior do paciente entender a fala do que em outras.
Quanto mais interno for o problema, pior será o reconhecimento e
compreensão da fala.
LOGOAUDIOMETRIA
4. O SRT é um teste de fala que busca a menor intensidade em que o paciente reconhece a fala em 50% das
palavras apresentadas.
Ele deve escutar, reconhecer e repetir a palavra da forma que entendeu.
Os limiares do SRT devem ser parecidos com os limiares tonais, já que ele serve para confirmar a audiometria
tonal.
SRT- LIMIAR DE RECONHECIMENTO DE FALA
5. O SRT tem que dar igual ou até 10dB acima da média tritonal.
Limiares da VA em 500, 1000 e 2000Hz / 3
Ex. A média tritonal da audiometria deu 35dB, o SRT será de 35dB até no máximo 45dB.
Quando a PA é descendente (acentuada ou rampa) o SRT pode dar melhor, a sugestão é fazer uma média
quadritonal, pensando na frequência de 250Hz.
SRT- LIMIAR DE RECONHECIMENTO DE FALA
6. Devemos iniciar em uma intensidade confortável, na qual sabemos que o paciente
vai ouvir.
Os estímulos de fala são geralmente mais familiares ao paciente do que os tons
puros.
Método de pesquisa: descendente em intervalos de 10 dB e ascendente em
intervalos de 5dB. Usa-se blocos de 4 a 5 palavras em cada intensidade
pesquisada.
Modus operandi: Na audiometria tonal o limiar do paciente foi em torno de 15dB,
eu começo o SRT em 50 dB e falo uma palavra, diminuo 10dB e falo mais uma
palavra, somente para o paciente entender que a intensidade está diminuindo.
Quando estiver próximo ao limiar eu falo as 4 palavras, se dessas 4 palavras o
paciente não acertar nenhuma ou só uma, eu subo 5dB e falo mais 4 palavras, se
ele acertar 2 ou mais eu volto a diminuir a intensidade.
Ex: em 20 dB ele acertou 3 palavras
Em 15 dB ele não acertou nenhuma palavra
Em 25 dB ele acertou todas
O SRT dele é 20dB.
MÉTODO DE PESQUISA DO SRT
8. O LDV é um teste de fala que busca a menor intensidade em que o paciente é capaz de detectar a fala.
O LDV é feito quando não foi possível obter o SRT, como por exemplo:
• Bebês e crianças muito pequenas
• Pacientes com PASN severa/profunda
• Pacientes com comprometimento da fala/linguagem
• Pacientes com comprometimento físico ou neurológico grave.
Materiais de fala:
• “oi” “olá”
• Nome do paciente
• Sílabas “pa pa pa” / “po po po”
S D T – V E R I F I C A Ç Ã O C R U Z A D A
O limiar encontrado deve ser exatamente igual ao melhor limiar da VA entre 250 e 6000Hz na mesma orelha,
já que o paciente só precisa detectar a fala.
Quando são feitos o SRT e o LDV, geralmente o LDV é 5 a 10dB melhor que o SRT .
É importante lembrar que o SRT/ LDV não dão diagnóstico, eles só confirmam a audiometria tonal.
SDT (LDV) – LIMIAR DE DETECÇÃO DE FALA
9. O IPRF avalia a capacidade auditiva do paciente de reconhecer e compreender
palavras em nível conversacional confortável e supraliminar ( acima do limiar).
Usamos uma única intensidade que seja confortável para o paciente, de 30 a 40dB
NS acima do SRT.
O dB NS (Nível de Sensação) é o número de dB acima do limiar auditivo de um
indivíduo.
A intensidade é mantida a mesma durante todo o teste.
Em PASN recrutante (escuta muito mal sons de fraca intensidade, e sons de forte
intensidade incomodam) o nível de maior conforto se encontra em torno de 20 a
30dB NA acima dos limiares tonais.
Ou então, quanto mais descendente for a PA, os valores de 30 a 40 dB não serão
suficientes já que o paciente perderá muitos sons que ele conseguiria ouvir.
Nesse caso, podemos deixar o paciente escolher a intensidade.
IPRF = ÍNDICE PERCENTUAL DE RECONHECIMENTO DE FALA
10. IPRF- Materiais de fala
É usado uma lista com 25 palavras foneticamente balanceadas (todos os fonemas da língua
aparecem), podendo serem apresentadas por voz ao vivo usando o microfone do audiômetro
ou por materiais digitalmente gravados.
Contamos quantas palavras o paciente errou e fazemos o seguinte cálculo:
25 palavras - 100%
1 palavra - X
25x = 100%
x = 100 / 25 = 4%
Uma palavra errada corresponde a 4%.
De 25 palavras, o paciente errou 3 = 12% .
100% - 12% = 88% .
O IPRF do paciente é 88 % .
IPRF abaixo de 88% é considerado alterado.
Os resultados sempre serão múltiplos de 4.
MÉTODO DE PESQUISA DO IPRF
12. • Pacientes com audição normal e com PA condutiva/mista geralmente têm um
IPRF acima de 88% .
• Pacientes com PASN severa/profunda dificilmente irá acertar as palavras
monossílabas, levando em consideração que, quanto maior o número de sílabas
de uma palavra, mais inteligível ela se torna. Por isso, é esperado que o
desempenho do paciente melhore à medida que se aumenta a extensão da
palavra.
• Se o desempenho for satisfatório com monossílabas, não há necessidade de
pesquisar o reconhecimento com dissílabas ou trissílabas.
• Se o desempenho com monossílabas não alcançar 88%, uma lista com dissílabas
deverá ser utilizada. IPRF menores que 80% para dissílabas, deverá testar com
trissílabas.
• Se o paciente tem uma PA coclear, o IPRF varia de acordo com grau e
configuração audiométrica.
• Se o paciente tem uma PA retro coclear, o IPRF pode ser mais pobre do que se
esperaria.
*Quanto mais interno o problema, pior o reconhecimento da fala.
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DE IPRF
17. SRT IPRF
Monossílabos Dissílabos Trissílabos
OD 25 dB 55 dB 64% 88% 100%
OE 20dB 50 dB 68% 84% 96%
EXEMPLOS DE INTERPRETAÇÃO DO IPRF
18. OD: Perda Auditiva Sensorioneural com configuração
descendente em rampa (a partir de 1,5 kHz) de grau moderado
grau I (Silman e Silverman, 1997; BIAP, 1996).
Índice Percentual de Reconhecimento de Fala (IPRF) para
monossílabos de 64%, para dissílabos de 88% e para trissílabos
de 100%, sugerindo moderada dificuldade para compreender a
fala (Jerger, Speaks e Trammell, 1968).
OE: Perda Auditiva Sensorioneural com configuração
descendente em rampa (a partir de 2 kHz ) de grau leve.
Índice Percentual de Reconhecimento de Fala (IPRF) para
monossílabos de 68%, para dissílabos de 84% e para trissílabos
de 96%, sugerindo moderada dificuldade para compreender a
fala.
Referências utilizadas: Silman e Silverman (1997), BIAP (1996) e
Jerger, Speaks e Trammell (1968).
EXEMPLOS DE INTERPRETAÇÃO DO IPRF
19. SRT IPRF Monossílabo Dissílabos Trissílabos
OD 20 dB 50 dB 96% -- --
OE 55 dB 85 dB 40% 48% 72%
(35 dB masc) (50 dB masc)
Índice Percentual de Reconhecimento de Fala (IPRF) dentro dos
padrões de normalidade e compatível com os limiares tonais à
direita. À esquerda apresentou reconhecimento de 40% para
monossílabos, 48% para dissílabos e 72% para trissílabos.
(Jerger,SpeakseTrammell,1968).
Perda Auditiva Sensorioneural bilateral assimétrica.
À direita com configuração de entalhe, isolada em 4kHz e à
esquerda com configuração descendente e grau moderado.
Referências utilizadas: Silman e Silverman (1997) e OMS (2014).
EXEMPLOS DE INTERPRETAÇÃO DO IPRF