2. Antesdocapitalismo
Antes de o capitalismo se
tornar o modo de produção
dominante, a partir do
século XV, a Europa vivia
sob o sistema feudal.
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Antesdocapitalismo
3. Fatores de formação do
feudalismo:
• a desagregação do Império Romano;
• o declínio da escravidão e do comércio;
• a ruralização da população;
• a formação de múltiplos senhorios e
reinos bárbaros independentes;
• a incapacidade da maioria dos sacro-imperadores
romano-germânicos em reconstituir uma unidade
política abrangente e eficiente;
• o fortalecimento político da Igreja Católica.
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4. Características da
sociedade medieval:
• Sociedade sem produção de
excedente.
• Trocas, em sua grande maioria,
não monetárias.
• Nos feudos, os servos
trabalhavam em sua própria casa e
com suas ferramentas.
• O servo, junto de sua família,
estava preso à terra onde nascera.
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5. Mudanças da Baixa Idade Média
(XI-XV):
• Crescimento populacional.
• Liberações do laço servil.
• Aumento do número de artesãos.
• Formação corporações de ofício.
• Desenvolvimento do comércio.
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6. As feiras incentivaram as trocas de
produtos e possibilitaram o
estabelecimento de uma moeda.
Por causa da oferta de produtos, as
cidades passaram a crescer e a
atrair pessoas, principalmente
aquelas que viviam no campo.
Havia os artesãos que produziam e
os comerciantes que financiavam as
trocas.
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7. O que ultrapassasse custo, ou seja, o
lucro, era considerado ilegal e antiético.
Cobrar juros pelo montante envolvido em
transações era considerado pecado pela
Igreja Católica.
A resistência da moral vigente e da
doutrina religiosa cedeu, aos poucos, às
necessidades crescentes do comércio
emergente.
Quem mais ajudou a expandir essa nova
mentalidade foram os burgueses.
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8. Ofícios,oficinas,manufaturas
Com o desenvolvimento do comércio e a
possibilidade de vender o produto nas feiras, os
dedicaram-se cada vez mais à produção.
As corporações de ofício tinham por objetivo
padronizar a produção e estabeleciam medidas e
preços para defender os interesses dos artesãos.
O desenvolvimento do mercado e a prosperidade
alcançada por algumas oficinas colocaram em xeque
o sistema das corporações.
Alguns artesãos mais bem-sucedidos nas vendas
deixaram a produção para se dedicar apenas ao
comércio. O produtor começava a se diferenciar do
distribuidor.
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9. A diferença entre um mestre bem-
sucedido e um aprendiz aumentava,
surgindo trabalho assalariado.
As regiões em que havia as feiras
passaram a ter maiores
aglomerações de famílias por conta
das possibilidades de trabalho.
Formavam-se aos poucos as nações
europeias sob a direção de um
monarca apoiado pela burguesia.
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11. RevoluçãoIndustrial
Chamamos Revolução
Industrial ao processo ocorrido
na Europa, entre os séculos
XVII e XIX, iniciado na
Inglaterra, marcado pela
transição da manufatura para a
maquinofatura, que
estabeleceu novas formas de
produção e novos tipos de
relações.
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13. Com a Revolução Industrial, as
propriedades rurais tradicionais
se modificaram:
1. Intensificou-se a produção de
alimentos com novas técnicas
agrícolas.
2. Transformou-se pastos e
plantações em produtoras de
matéria-prima para a indústria.
3. As propriedades monocultoras
se transformaram em
latifúndios capitalistas.
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14. A unidade produtiva deixa de ser a
casa da família; o trabalhador passa
a ser empregado individualmente.
Dono apenas de sua força de
trabalho, ele a vende no mercado
para quem lhe pagar melhor.
Seu trabalho se torna não
qualificado e seu conhecimento
sobre o processo produtivo cada
vez menor: alienação.
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15. O fenômeno do desenvolvimento
científico, o comércio internacional e as
benesses tecnológicas que a indústria
produzia levaram a uma melhoria nas
condições básicas de vida da população:
1. Crescimento populacional.
2. Diminuição na mortalidade infantil.
3. Melhoria na alimentação.
4. Aumento no combate e tratamento de
doenças.
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16. Entre as consequências da
Revolução Industrial está
também a transformação
urbana.
A revolução urbana trouxe
novos hábitos, anseios e
desafios.
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17. “"O dinheiro fascina, o dinheiro polariza, o dinheiro
mobiliza. A ascensão da burguesia é a ascensão de um
grupo de homens que detém a manipulação do
maravilhoso instrumento monetário."
- Pierre Chaunu
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18. Também como consequência
da industrialização, está o
desenvolvimento do setor de
serviços da economia.
Outra tendência vista com a
industrialização é o incentivo à
criação de associação entre
empresas ou produções
combinadas: os trustes.
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20. Espalhamento da Revolução
Industrial:
• Declínio das instituições
feudais êxodo rural
• Industrialização
• Urbanização
• desenvolvimento tecnológico
• Monetarização
• Transformação do cotidiano e
do estilo de vida.
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21. A sociedade burguesa criou
outra maneira de viver e
sentir.
Ela procurou se distinguir
das demais categorias
sociais por intermédio de
um estilo de vida ostensivo
e suntuoso.
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22. Apelo cada vez mais
forte da vida privada
e do apego à vida
familiar.
O comportamento
social passava a ser
elemento
indispensável de
identidade social e
de atribuição de
status social.
23. Os hábitos de consumo
da burguesia
aumentavam os
distanciamentos e
desigualdades sociais.
24. A industrialização levou à formação de duas
culturas opostas: a da sociedade rica e
abastada e a do trabalhador braçal da
periferia das cidades.
26. Péssimas condições de
trabalho e vida:
1. Jornada de dezesseis
2. Sem férias
3. Sem finais de semana de
descanso
4. Mal remuneração
5. Habitações precárias
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27. O movimento operário só
tomou corpo na Inglaterra no
final do século XIX.
A luta inicial do movimento
operário foi por mudança na lei
que proibia a organização
aberta dos operários.
Os métodos utilizados pelos
trabalhadores são a greve, a
pressão junto aos partidos e
muitas vezes ações violentas.
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28. Mas foi o socialismo, criado e difundido
por Karl Marx, que fomentou o
movimento dos trabalhadores na
indústria.
Surgiram, então, as Internacionais
Comunistas
1. A primeira, criada em Londres, em
1864, fundada como Associação
Internacional dos Trabalhadores.
2. A Segunda Internacional, organizada
em 1889.
3. A Terceira Internacional foi criada na
Rússia, em 1919.
4. A Quarta Internacional Comunista,
criada por Leon Trotski, em 1938.
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Chamamos Revolução Industrial ao processo ocorrido na Europa, entre os séculos XVII e XIX, iniciado na Inglaterra, marcado pela transição da manufatura para a maquinofatura, que estabeleceu novas formas de produção e novos tipos de relações.
Vamos entender o que é manufatura e maquinofatura. Manufatura é um sistema de produção cuja técnica de produção ainda é artesanal, ou seja, feita a mão, porém com organização e divisão do trabalho mais complexa, não identificada no modo artesanal de produção.
Já a maquinofatura é um sistema de produção que tem como base, para a fabricação de bens materiais, o uso de máquinas movidas por fontes de energias relacionadas à transformação físico-química. Ou seja, o trabalho de fabricação é realizado por máquinas movidas por algum tipo de energia e operadas por trabalhadores.
O recorte do século XVII a XIX para o processo de Revolução Industrial não é preciso, pois alguns autores consideram que desde o Renascimento a economia da Europa tem sofrido uma lenta e contínua transformação.
Outros estudiosos consideram a criação das unidades fabris, mas a maioria tem o século XVIII como um divisor de águas. Quanto ao nome dado a essa revolução, ele é atribuído a Jérôme-Adolphe Blanqui (1798-1854), economista francês do século XIX. O termo foi expandido por Friedrich Engels e Arnold Toynbee (1889-1975), entre outros estudiosos da História e da Economia europeias do século XIX. Mas ele popularizou-se no século XX para designar os processos de transformação na produção material capitalista.
O empresário capitalista, com o dinheiro acumulado das transações comerciais ou emprestado dos bancos, constrói um espaço onde instala máquinas e emprega trabalhadores em troca de salário.
Ao contrário do que ocorria na oficina medieval, em que o artesão tinha conhecimento e domínio da produção, além de atuar em todas as etapas, cada operário passou a conhecer apenas parte do produto, intensificando-se a divisão social do trabalho e a especialização.
Um tecelão medieval, por exemplo, preparava os fios, tingia, tecia e dava acabamento ao tecido, enquanto na tecelagem industrial, cada etapa era realizada por um grupo especializado de trabalhadores, os quais já não dominavam seu ofício como um todo. Ou seja, cada grupo de trabalhadores sabe apenas preparar os fios e, na maioria das vezes, desconhece toda a divisão de trabalho de uma fábrica.
A Revolução Industrial consagrou esse novo modelo de produção em que a empresa, as máquinas e o produto do trabalho pertencem ao empresário, enquanto o operário recebe apenas o suficiente para sua reprodução, independentemente da riqueza que ele ajudou a produzir.
Pela quantidade de mercadorias que o sistema industrial passou a produzir, pela mecanização da produção e pelos salários reduzidos com quais os empresários remuneravam os trabalhadores, o preço do produto fabril era muito inferior ao do produto artesanal. Isso, aos poucos, levou muitos artesãos à pobreza por não poderem competir com o produto industrial. Assim, a indústria extinguiu o artesanato como uma forma de produção significativa para o mercado.
A Revolução Industrial repercutiu por toda a sociedade, ao contribuir para o declínio da sociedade aristocrática, baseada em laços de nobreza, e para a valorização cada vez maior do mercado como instância reguladora da produção.
Durante a Idade Média, as propriedades rurais não eram totalmente destinadas à produção agrícola. Grandes extensões de terra eram dedicadas à caça, principal entretenimento dos nobres, ao passo que muitos servos se dividiam entre inúmeras atividades — do plantio à fabricação de telhas, tecidos e carroças e tudo aquilo de que necessitassem.
Com a Revolução Industrial, as propriedades rurais tradicionais se modificaram, ao mesmo tempo que se intensificou a produção de alimentos com novas técnicas agrícolas, para atender às necessidades do crescente exército de operários das cidades.
Houve a transformação dos pastos e plantações em produtoras de matéria-prima para a indústria. O emprego de um número de pessoas cada vez maior nas cidades e a dispensa de muitos trabalhadores rurais levaram ao aumento do êxodo rural, e as propriedades monocultoras transformaram-se em latifúndios capitalistas.
A unidade produtiva deixa de ser a casa da família; o trabalhador passa a ser empregado individualmente, sem vínculo com o grupo familiar, e em um espaço que não lhe pertence, com horários estipulados pelo empregador, recebendo um salário fixo suficiente para assegurar sua reprodução. Ele é despossuído das ferramentas necessárias ao trabalho e da mercadoria que produz.
Dono apenas de sua força de trabalho, ele a vende no mercado para quem lhe pagar melhor. Por outro lado, a ininterrupta divisão social do trabalho faz com que as tarefas fabris se tornem cada vez mais simples e, consequentemente, mais mal remuneradas - o operário já não domina a fabricação total do produto, mas apenas a atividade na qual está empregado. Seu trabalho se torna não qualificado e seu conhecimento sobre o processo produtivo cada vez menor. Isso foi caracterizado por Karl Marx como processo alienação do trabalhador
Apesar das más condições de vida dos trabalhadores da indústria e do campo, o fenômeno do desenvolvimento científico, o comércio internacional e as benesses tecnológicas que a indústria produzia levaram a uma melhoria nas condições básicas de vida da população - como abastecimento de alimentos, remédios, tratamentos médicos, transporte, saneamento básico etc.
Isso resultou no crescimento populacional, não apenas nas áreas que se industrializavam, mas inclusive no meio rural que, depois de ter um primeiro momento de êxodo, recebe trabalhadores para as demandas do campo, que também passou em certa medida por transformações para receber e desenvolver uma indústria específica de seus produtos.
Essas melhorias diminuíram o número de mortes, especialmente de crianças aumentaram o combate e o tratamento de doenças e pragas, melhoraram a alimentação e o abastecimento das novas cidades que se formavam.
Entretanto, é importante ressaltar que tais mudanças foram lentas e demoraram décadas para acontecer, além de muitas delas serem acessíveis apenas às classes mais ricas. em contraponto, a classe trabalhadora de Londres e da Inglaterra, por exemplo, sofria sérios problemas de saneamento básico e de alimentação, já que trabalhavam muitas horas em troca de salários muito baixos.
Entre as consequências da Revolução Industrial está também a transformação urbana. As cidades crescem, a população fica mais densa e a cidade se moderniza. Surgem bairros novos e casas com maior leveza, feitas de tijolos produzidos em grande quantidade.
A cidade cresce às margens dos rios, usados como transporte e para escoar a sujeira. Nas capitais, como Londres, Paris e Madri, estão os grandes mercados, cuja presença valoriza cada vez mais as áreas centrais das cidades para onde tudo converge. Mas, nas cidades menores, também se intensificam as redes de distribuição de produtos e alimentos, o fenômeno da urbanização passa a ocorrer na maioria dos lugares.
Entretanto, os centros urbanos, com o crescimento descontrolado e acelerado da população, são também locais de grandes perigos. As cidades eram bastante escuras até o início do uso da eletricidade em 1865, o que facilitava a realização de crimes e criava dificuldades para a ação da polícia.
Além disso, com o crescimento desordenado e sem qualquer política pública de tratamento de águas e esgotos, as cidades eram facilmente varridas por doenças endêmicas que amedrontavam a população e levavam ao hábito de se beber chá e vinho, em vez da água, que era retirada de poços pouco salubres. Assim, a revolução urbana trouxe novos hábitos, anseios e desafios.
Pierre Chaunu observa, entretanto, que nenhuma dessas transformações económicas e sociais teria sido possível sem um elemento essencial: a monetização da economia. Diz ele:
"O dinheiro fascina, o dinheiro polariza, o dinheiro mobiliza. A ascensão da burguesia é a ascensão de um grupo de homens que detém a manipulação do maravilhoso instrumento monetário."
CHAUNU, Pierre. A civilização da Europa clássica, v.l. Lisboa: Editorial Estampa, 1987. p. 301
Também como consequência da industrialização, está o desenvolvimento do setor de serviços da economia. Na Inglaterra, por volta de 1800, 80% da população trabalhava na prestação de serviços. À medida que as máquinas passaram a ser cada vez mais incorporadas à produção e mais tipos de serviços foram criados, maior foi o número de pessoas empregadas no setor terciário.
Outra tendência vista com a industrialização é o incentivo à criação de associação entre empresas ou produções combinadas.
Trata-se de um desdobramento das funções nas empresas capitalistas — a fábrica de tecidos acaba por desenvolver a modelagem, a fabricação de acessórios como meias e chapéus e até as flores que enfeitam as roupas.
Da mesma forma, a mineradora de ferro produz pregos e depois grades e, por fim, escadas, terraços e edifícios inteiros feitos de ferro fundido e até chafarizes para jardim. Cada vez mais percebe-se a concentração de atividades em poucas empresas que combinam preços de mercadorias, se associam, ampliam sua força no mercado e tentam anular ou diminuir a importância das empresas recorrentes — são os chamados trustes.
A Revolução Industrial, que se inicia na Inglaterra, logo se espalha por outros países como Bélgica, Alemanha, França e parte da Itália por meio de acontecimentos simultâneos similares: declínio das instituições feudais êxodo rural, industrialização, urbanização, desenvolvimento tecnológico, monetarização e transformação do cotidiano e do estilo de vida.
Como muito bem explica Norbert Elias em O processo civilizador (1939), a sociedade burguesa não criou apenas uma forma de produzir, mas também outra maneira de viver e sentir. Os burgueses, não sendo nobres em sua origem, nem proprietários de terras, ao alcançar sucesso econômico em seus empreendimentos, procuraram distinguir-se das demais categorias sociais por intermédio de um estilo de vida ostensivo e suntuoso.
Procuraram, por meio de novos hábitos e costumes, que iam desde o figurino até a etiqueta, distinguir-se e distanciar-se dos demais homens comuns que viviam nas cidades. Alguns desses novos modos eram superficiais, e diziam respeito a como cumprimentar pessoas, por exemplo, mas outros eram mais profundos e diziam respeito ao gosto artístico, à erudição e ao culto do individualismo.
Diziam respeito também ao apelo cada vez mais forte da vida privada e do apego à vida familiar, que se desenvolveu na medida em que se romperam os laços coletivos de linhagem e da vassalagem, além de haver maior integração com pessoas desconhecidas e anônimas resultante da vida urbana.
Diante disso, as pessoas se isolam no reduto do mundo familiar. Todas essas disposições que, como dissemos, iam de aspectos mais frívolos e maneiristas ao cultivo da sensibilidade e dos sentimentos, preconizavam uma vida social bastante ritualizada e formal. Na qual o comportamento social passava a ser elemento indispensável de identidade social e de atribuição de status social.
Esses novos hábitos, característicos da burguesia emergente, dependiam de recursos financeiros e de acesso a elementos da nova sociedade — não só aos produtos que a indústria colocava no mercado, mas à arte e à educação.
Aqueles que não tinham acesso a essas condições passaram a se distinguir claramente na sociedade, excluídos da instrução e desse estilo de vida sofisticado que caracterizava a partir de "civilizados", em oposição aos "incultos" ou "selvagens".
Nas cidades que se avolumavam com pessoas oriundas de diferentes regiões e estratos — Paris tinha, no século XVIII, cerca de 70% de não nascidos na cidade — cada vez mais aumentava a diferença entre pobres e ricos. Em vez de diminuir as distâncias sociais que havia entre nobres e súditos, a burguesia criava distanciamentos e desigualdades, ainda mais difíceis de serem dissolvidos.
A industrialização, desse modo, não só contrapôs duas classes sociais opostas de um lado, os empresários, donos das indústrias, das máquinas e das riquezas produzidas e, de outro, os trabalhadores, vindos do campesinato, sem recursos nem qualificação —, como levou à formação de duas culturas igualmente opostas — a da sociedade rica e abastada e a do trabalhador braçal da periferia das cidades.
Duas culturas de classe antagônicas, separadas por atitudes, comportamentos e a ostentação de padrões de consumo e estilos de vida díspares aumentaram os conflitos sociais da modernidade. A indústria teve papel relevante nesse cenário quer pelas relações de produção geradas, quer pelo enriquecimento proporcionado aos empresários, financistas, negociantes e suas famílias. Claro está que esse confronto gerou preconceito, hostilidade e revolta.
As condições de trabalho na indústria nascente da Europa eram péssimas - o trabalho fabril podia chegar a dezesseis horas de jornada, sem férias e finais de semana de descanso. Todos estavam submetidos a essas condições, homens, mulheres e crianças, além de serem mal remunerados e trabalharem em sistemas industriais autoritários e excessivamente reguladores.
Para complementar esse quadro, esses operários viviam nas piores áreas da cidade, em locais distantes e insalubres. Moravam em sub-habitações.
Mesmo nessas condições, o movimento operário, liderado pelos artesãos que se sentiam prejudicados pelo avanço da indústria, só tomou corpo na Inglaterra no final do século XIX, quando mineiros, estivadores e trabalhadores das companhias de gás ingressaram no sindicalismo.
A luta inicial do movimento operário foi por mudança na lei que proibia a organização aberta dos operários. Com base nos interesses em desfazer as rígidas regras que dominavam a produção feudal, as leis europeias proibiram a organização profissional dos trabalhadores, ou seja, as corporações de ofício. A luta operária fez-se no sentido de derrubar essas leis, existentes na Inglaterra e França, e permitir a organização política dos trabalhadores.
Depois disso, com a pressão exercida sobre os partidos políticos, os avanços foram no sentido de limitar o turno de trabalho de mulheres e crianças. Mais tarde, os trabalhadores conseguem leis que garantem a segurança e a salubridade no trabalho. Desde então, o movimento operário luta por uma sociedade mais justa e igualitária.
Os métodos utilizados pelos trabalhadores são a greve, a pressão junto aos partidos e muitas vezes ações violentas. As reivindicações que começaram tímidas chegaram, na passagem do século XIX para o XX, às exigências anarquistas que contestam a existência da propriedade, do Estado e da própria empresa capitalista.
Mas foi o socialismo, criado e difundido por Karl Marx, que fomentou o movimento dos trabalhadores na indústria, que passou a lutar por uma nova etapa da sociedade humana na qual seriam abolidos a propriedade privada dos meios de produção, o Estado e a nação.
Surgiram, então, as Internacionais Comunistas — a primeira, criada em Londres, em 1864, fundada como Associação Internacional dos Trabalhadores, tendo Karl Marx como um de seus membros e autor de mensagens e programas. Ela deixou de existir em 1876.
A Segunda Internacional, organizada em 1889, previa a organização internacional dos trabalhadores e teve a adesão de partidos políticos democratas e trabalhistas, mas acabou durante a Primeira Guerra Mundial.
A Terceira Internacional foi criada na Rússia, em 1919, Lênin foi seu grande inspirador e articulador e representou a maior organização política do operariado, extinta, entretanto, em 1943, por Stalin, em um acordo com os países aliados da Segunda Guerra Mundial.
Houve ainda uma Quarta Internacional Comunista, criada por Leon Trotski, em 1938, quando exilado na França, que teve influência até a década de 1970, com forte atuação nos movimentos políticos dessa década.