A Escultura de Machado de Castro e João José de Aguiar - A Escultura Rococó e...
A tourada: devemos aceitar?
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Ficha de Leitura
Filosofia. 10.ºAno
Escola Secundária Vitorino Nemésio
2017/2018
João Pedro Costa. 10.ºH
Obras Lidas
Galvão, P. (2015). Ética com Razões. Lisboa, Portugal: Fundação Francisco Manuel dos
Santos. Obtido em novembro de 2017: Páginas 74 a 76.
Obras Citadas
Singer, P. (2000). Ética Prática. Lisboa, Portugal: Gradiva.
Este trabalho incide sobre o problema “Será a tourada tradicional
aceitável?”, ou, de um modo mais geral, “Será correto causar sofrimento aos
animais?”.
“Não há, em Portugal, questão sobre o tratamento dos animais mais
discutida que a da tourada.”
É assim que o autor do texto, referindo-se à situação nacional, inicia a sua argumentação.
Considero importante salientar que a tourada a que o autor se refere durante todo o texto
é um espetáculo tradicional que consiste na arte de lidar 6 ou mais touros bravos, tanto a pé
como a cavalo, seguindo-se a pega efetuada por 8 ou 2 forcados numa praça pública.1
1 https://www.priberam.pt/dlpo/tauromaquia
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Tradição
Problemas
Provavelmente, o principal problema deste excerto é: “A tourada deve deixar de existir?”2 e
é à volta deste que se desenvolve o texto. Pedro Galvão procura saber responder a esta
questão do ponto de vista da ética, essencialmente.
Teses
Os defensores da tourada, obviamente, defendem que a tourada deve existir.
Pedro Galvão defende que “a tourada deve deixar de existir”3.
Conceitos
Ética: Disciplina tradicional da filosofia, também conhecida por filosofia moral, que enfrenta
o problema de saber como devemos viver. A área da ética que lida com este problema da
forma mais direta é a ética normativa. A ética normativa ocupa-se em grande medida de dois
problemas mais específicos: 1) O que é agir de uma forma moralmente acertada? 2) O que
torna boa ou valiosa a vida de uma pessoa? Ao tentar responder a estas perguntas, os
filósofos propõem, respetivamente, teorias da obrigação e teorias do valor.4
Moral: O mesmo que ética. Contudo, usa-se por vezes o termo “moral" não como sinónimo de
ética mas para referir os costumes de um povo, independentemente de serem relevantes ou
não para a ética, costumes esses enraizados em determinadas tradições, muitas vezes de
carácter religioso.5
Esquemas argumentativos
Defensores das touradas:
1) A tourada é uma tradição.
2) ∴ A tourada deve existir.
Pedro Galvão:
1) O facto de uma prática ser tradicional não a torna eticamente aceitável.
2) Muitas práticas tradicionais foram abolidas por serem imorais.
3) ∴ A tourada deve deixar de existir.
Avaliação crítica
O autor começa por explicar que a tourada, por ser uma tradição, como dizem os seus
defensores, não é eticamente aceitável. Muitas outras práticas, mesmo sendo tradicionais,
foram abolidas por serem imorais. E que, por isso, a tourada deve deixar de existir.
2 (Galvão, 2015 p. 74)
3 Ibidem
4 (Singer, 2000)
5 Desidério Murcho
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Direitos dos animais
Problemas
O problema que se subentende deste excerto é: Os animais têm direitos?.
Teses
Na perspetiva dos direitos dos animais, “A tourada implicaria uma violação sistemática dos
direitos morais dos touros, talvez até dos cavalos”6 , logo, a tourada deve deixar de existir.
Pedro Galvão diz: “não aceito a ideia de que os animais têm direitos”7.
Conceitos
Direitos: Um direito é uma pretensão legítima a uma coisa. Se as pessoas têm direitos
morais, então é errado privá-las daquilo a que elas têm direito para benefício dos outros. Os
direitos impõem limites àquilo que é permissível fazer em nome da felicidade geral ou do
bem comum, e por isso costumam ser reconhecidos pelos que defendem uma ética
deontológica. Não se deve confundir os direitos legais com os direitos morais. Para saber se
os animais têm direitos legais, basta consultar a legislação; para saber se têm direitos
morais, é preciso investigar as características que conferem direitos a uma entidade e
determinar se os animais possuem essas características. 8
Esquemas argumentativos
Perspetiva dos direitos dos animais:
1) Os animais têm direitos.
2) A tourada implica uma violação sistemática dos direitos morais dos touros e dos
cavalos.
3) ∴ A tourada deve deixar de existir.
Pedro Galvão:
1) Os animais não têm direitos.
Avaliação crítica
O autor começa por se colocar na posição de alguém que defende os direitos dos animais e
conclui que a tourada viola, de forma sistemática, tanto os direitos morais dos touros
como dos cavalos o que não a torna passível de existir. Acrescenta ainda que não aceita
esta posição que apresentou, ou seja, defende que os animais não têm direitos.
6 (Galvão, 2015 p. 75)
7 Ibidem
8 Pedro Galvão
4. Página 4
Perspetiva antropocêntrica
Problemas
Os problemas em causa neste excerto são: Deve ser limitada a difusão pública da tourada? e
Devem ser usados os impostos no financiamento da tourada? pensando sobretudo nos
interesses dos menores e do largo segmento da população que considera a tourada
profundamente ofensiva.
Teses
Na perspetiva antropocêntrica (na qual Pedro Galvão se inclui), tendo em conta os
interesses dos menores, “limitar a difusão pública da tourada, análoga à que justifica as
limitações no acesso à pornografia”9é uma solução a defender e, o facto de ser ofensiva para
a maioria da população, “uma razão para que os impostos nunca sejam usados no
financiamento deste espetáculo”10.
Os defensores das touradas dirão que “as pessoas não costumam ser obrigadas a assistir aos
eventos tauromáquicos”11.
Conceitos
Sofrimento: Sofrimento é qualquer experiência aversiva (não necessariamente indesejada)
e a sua emoção negativa correspondente. Ele é geralmente associado a dor e infelicidade,
mas qualquer condição pode gerar sofrimento se ele for subjetivamente aversivo.12
Esquemas argumentativos
Perspetiva antropocêntrica (na qual Pedro Galvão se inclui):
1) Não podemos tratar os animais como nos apeteça.
2) A exposição pública do sofrimento dos animais ofende a sensibilidade de muitas
pessoas.
3) ∴ A tourada é errada.
1) Pensando nos interesses dos menores.
2) Se estes têm limitações no acesso à pornografia.
3) ∴ A difusão pública da tourada deve ser limitada.
1) A tourada é profundamente ofensiva para um largo segmento da população,
porventura maioritário.
2) ∴ Os impostos não devem ser usados no financiamento deste espetáculo.
Defensores das touradas:
1) As pessoas não costumam ser obrigadas a assistir a eventos tauromáquicos.
9 (Galvão, 2015 p. 75)
10 Ibidem
11 Ibidem
12 https://pt.wikipedia.org/wiki/Sofrimento
5. Página 5
Avaliação crítica
O autor, integrado numa perspetiva antropocêntrica, explica que os defensores desta
perspetiva não pensam que podemos tratar os animais como nos apeteça e, uma vez que a
difusão pública do seu sofrimento ofende a sensibilidade de muitas pessoas, conclui que a
tourada é uma prática errada. Focando-se nos interesses dos menores, Pedro Galvão faz
uma analogia entre as suas limitações no acesso à pornografia e as limitações na difusão
pública daquele espetáculo. Por fim, visto que a tourada é ofensiva para a maioria da
população, o autor mostra-se contra o seu financiamento com recurso aos impostos.
Por outro lado, os defensores desta prática alegam que, normalmente, ninguém é obrigado
a assistir a este tipo de eventos.
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Crueldade
Problemas
O problema expresso neste excerto é: “A tourada é condenável por fomentar a crueldade
entre os seres humanos?”13 que nos remete para outro mais geral: “Há crueldade numa
corrida de touros?”.
Teses
O autor do texto apresenta a possibilidade de se defender que “a tourada, pela sua
crueldade, degrada o carácter daqueles que a apreciam, fomentando assim uma
predisposição para maltratar seres humanos.”14.
Quem aprecia a tourada defende que: “não há propriamente crueldade numa corrida de
touros”15.
Esquemas argumentativos
Perspetiva antropocêntrica (na qual Pedro Galvão se inclui):
1) Para muitos apreciadores da tourada, a dor e a mutilação dos touros (bem como,
por vezes, a sua morte) são uma parte indispensável do deleite que o espetáculo
lhes proporciona.
2) Há recusa em adotar medidas que mitiguem a aflição dos touros.
3) ∴ A tourada, pela sua crueldade, degrada o carácter daqueles que a apreciam,
fomentando assim uma predisposição para maltratar seres humanos.
Defensores das touradas:
1) Quem aprecia a tourada deleita-se simplesmente com a perícia e a ousadia dos
toureiros.
2) ∴ Não há propriamente crueldade numa corrida de touros.
Avaliação crítica
O autor, integrado numa perspetiva antropocêntrica, assume imediatamente que há
crueldade numa corrida de touros. Considera que o carácter daqueles que a apreciam é
degradado e aumenta a sua predisposição para maltratar seres humanos, ainda para mais,
dada a recusa em adotar medidas que mitiguem a aflição dos touros, como substituir as
farpas habituais por bandarilhas que ficariam coladas com recurso a uma peça de velcro.
Por outro lado, aqueles que apreciam a tourada podem afirmar que se deleitam
simplesmente com a perícia e a ousadia dos toureiros, tentando mostrar que não há
propriamente crueldade nos espetáculos.
13 (Galvão, 2015 p. 76)
14 (Galvão, 2015 p. 75)
15 Ibidem
7. Página 7
Diversão e socialização
Problemas
Os problemas que identifiquei neste excerto foram: “A tourada deve servir para satisfazer
necessidades de diversão e socialização do ser humano?”16 e “Que razões poderão ser
suficientemente fortes para justificar todo o sofrimento inerente à tourada?”17.
Teses
Pedro Galvão defende que os defensores da tourada “se levassem os interesses dos animais
minimamente a sério, como deviam, não escolheriam satisfazer essas necessidades através de
um espetáculo como a tourada”18.
Os defensores da tourada poderão explicar que “As corridas de touros são uma
oportunidade de diversão e socialização para bastantes pessoas.”19
Esquemas argumentativos
Pedro Galvão:
1) É inegável que o touro sofre.
2) Os apreciadores de touradas poderiam divertir-se e socializar de muitas outras
formas.
3) ∴ Se levassem os interesses dos animais minimamente a sério, como deviam, não
escolheriam satisfazer essas necessidades através de um espetáculo como a
tourada.
Defensores das touradas:
1) As corridas de touros são uma oportunidade de diversão e socialização para
bastantes pessoas.
Avaliação crítica
O autor começa por ter como dado adquirido que o touro sofre durante o confronto a que
é forçado na arena. Apesar de concordar com a premissa apresentada pelos defensores da
tourada, Pedro Galvão refere que estes se podiam divertir de outras formas e que se
tivessem alguma atenção aos interesses dos animais, não satisfaziam as suas necessidades
através deste tipo de espetáculo.
16 (Galvão, 2015 p. 76)
17 Ibidem
18 Ibidem
19 Ibidem
8. Página 8
Plano de trabalho
Filosofia. 10.ºAno
Escola Secundária Vitorino Nemésio
2017/2018
Francisca Aguiar e João Pedro Costa. 10.ºH
Título do trabalho
A tourada: devemos aceitar?
Organização do trabalho
Introdução.................................................................................................................................................................
Argumentação.........................................................................................................................................................
Tradição..................................................................................................................................................................
Direitos dos animais ..........................................................................................................................................
Perspetiva antropocêntrica ............................................................................................................................
Crueldade ...............................................................................................................................................................
Diversão e socialização.....................................................................................................................................
Conservação da raça..........................................................................................................................................
Bem-estar animal................................................................................................................................................
Conclusão...................................................................................................................................................................
Bibliografia...............................................................................................................................................................