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Página1
A tourada: devemos aceitar?
Filosofia. 10.ºAno
Escola Secundária Vitorino Nemésio
2017/2018
Francisca Aguiar e João Pedro Costa. 10.ºH
Obras Lidas
Galvão, P.(2015). Ética com Razões.Lisboa,Portugal: Fundação Francisco Manuel dos
Santos.
Este trabalho incidesobreo problema “Seráatouradatradicional aceitável?”,ou,de
um modo maisgeral, “Serácorreto causarsofrimento aosanimais?”.
“Não há, em Portugal, questão sobre o tratamento dos animais mais
discutida que a da tourada.”
É assim que o autor do texto, referindo-se à situação nacional, inicia a sua argumentação.
Considero importante salientar que a tourada a que o autor se refere durante todo o texto
é um espetáculo tradicionalqueconsistenaarte de lidar6 ou mais touros bravos,tanto apé
como a cavalo,seguindo-seapegaefetuadapor8 ou2 forcados numapraça pública.1
1 https://www.priberam.pt/dlpo/tauromaquia
Página2
Tradição
Problemas
Provavelmente,o principal problema deste excertoé: “Atouradadevedeixardeexistir?”2 e
é à voltadeste que se desenvolve o texto. PedroGalvão procura saber responder a esta
questão do ponto de vista da ética, essencialmente.
Teses
Os defensores da tourada, obviamente, defendem que a touradadeveexistir.
Plano de trabalho
Filosofia. 10.ºAno
Escola Secundária Vitorino Nemésio
2017/2018
Francisca Aguiar e João Pedro Costa. 10.ºH
Título do trabalho
A tourada: devemos aceitar?
Organização do trabalho
Introdução...................................................................................................................................................................
Argumentação...........................................................................................................................................................
Tradição.....................................................................................................................................................................
Direitos dos animais.............................................................................................................................................
Perspetiva antropocêntrica..............................................................................................................................
Crueldade..................................................................................................................................................................
Diversão e socialização.......................................................................................................................................
Conservação da raça.............................................................................................................................................
Bem-estar animal ..................................................................................................................................................
Conclusão.....................................................................................................................................................................
Bibliografia.................................................................................................................................................................
2 (Galvão, 2015 p. 74)
Página3
A tradição é um fator que a nós nos interessa avaliar, até porque é um argumento usado de
forma frequente pelos seus defensores e porque, de facto,há touradas tradicionais na ilha
Terceira desde o século IX.
O primeiro passo na análise do argumento será, claro,o da sua correta identificação.
Perante o excerto lido, identificámos uma conclusão, ou seja, uma afirmaçãoque está a ser
defendida por quatro premissas:
A primeira premissa: O factode uma prática ser tradicional não a torna eticamente
aceitável é uma premissa verdadeira.
A segunda: Muitas práticas tradicionais foram abolidas por serem imorais também é
verdadeira. Existem imensas práticas que existiram no passado e foram abolidas por não
serem eticamente aceitáveis. Aquela que poderá ser o melhor exemplo, também graças à
sua proximidade geográfica, foi a baleação, praticada de forma comum, tradicional, com
uma grande expressão nas ilhas do arquipélago dos Açores, desde o século XVI,devido a
influencias dos navios baleeiros dos Estados Unidos, nomeadamente aqueles oriundos de
New Bedford e de Nantucket. Foi comeles que os açorianos aprenderam as técnicas e o
domínio dos instrumentos, patente no uso do próprio vocabuláriobaleeiro. Felizmente,
desde 1987 que se deixou de praticar a “caça” à baleia em Portugal, tendo o último
cachalotesido caçadonaquele ano, ao largo da vila das Lajes do Pico.Ocomércio dos
produtos extraídos da baleia foiproibido. Esta atividade, apesar de tudo, era das únicas,
senão a única fonte de rendimento daquelas famílias, era talvezuma tradição porque
necessitavam mesmo de fazê-lo. No entanto, está à vista de todos que o ser humano não
precisa de qualquer produto extraído da baleia para viver,pelo menos nas condiçõesdo
nosso arquipélago. E não, as baleias não desapareceram, a população soube mudar o ramo
desta atividade. Hoje as baleias são, novamente, a fonte de rendimento de muita gente,
mas com um fim diferente. Hoje pratica-se o “WhaleWatching” devidamente
regulamentado nas nossas ilhas, que atrai milhares de turistas de todo o mundo.
A terceira premissa: A tourada é uma tradição sem sombra de dúvida que o é. Obviamente
mais em certas zonas que outras. A tourada fez parte das origens de Portugal. Muitos reis
foram reais toureiros, mas o que mais contribuiu para o seu desenvolvimento terá sido D.
Sebastião que pediu ao Papa Gregório que revogasse a Bula Pontifíciade PioV que proibia
as touradas. Entretanto, já em 1928, os touros de morte foram proibidos em Portugal. Por
mais retrógado que pareça, infelizmente, em 2002, a lei foi alterada, voltandoa permitir os
toiros de morte em locais justificados pela tradição. EmPortugal, 32 Municípios
declararam a Tauromaquia como PatrimónioImaterial e Cultural, como por exemplo nas
Autarquias de Sabugal, Barrancos, Pombal,Alter do Chão, Monfortee Fronteira, Azambuja,
Coruche ou Angra do Heroísmo e Graciosa, as duas últimas dos Açores, o que até
concordávamosdesde que as touradas não fossem praticadas. Existe atualmente um
projeto, a nível nacional, de elevar a Tauromaquia a Património da Organização das
Nações Unidas para a Educação,a Ciência e a Cultura.
A última premissa: A tourada é imoral é inegável é o perfeito exemplo da distinção do
ilegal do imoral. Umsistema legislativo, em muitos casos, não olha à ética. Apesar da
tourada ser imoral, é legal no nosso país, infelizmente.
Porfim, a conclusão:A tourada deve deixar de existir é, evidentemente, a mais correta
perante as premissas apresentadas anteriormente, diríamos que nem é possível
apresentar contra-argumentos a este argumento, perante a sua qualidade, nomeadamente
das suas premissas.
Página4
O argumento é válido e, uma vez que todas as suas premissas e a sua conclusão são de
factoverdadeiras, este mostra-se, também, um argumento sólido, que nos foi apresentado
por Pedro Galvão.

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  • 1. Página1 A tourada: devemos aceitar? Filosofia. 10.ºAno Escola Secundária Vitorino Nemésio 2017/2018 Francisca Aguiar e João Pedro Costa. 10.ºH Obras Lidas Galvão, P.(2015). Ética com Razões.Lisboa,Portugal: Fundação Francisco Manuel dos Santos. Este trabalho incidesobreo problema “Seráatouradatradicional aceitável?”,ou,de um modo maisgeral, “Serácorreto causarsofrimento aosanimais?”. “Não há, em Portugal, questão sobre o tratamento dos animais mais discutida que a da tourada.” É assim que o autor do texto, referindo-se à situação nacional, inicia a sua argumentação. Considero importante salientar que a tourada a que o autor se refere durante todo o texto é um espetáculo tradicionalqueconsistenaarte de lidar6 ou mais touros bravos,tanto apé como a cavalo,seguindo-seapegaefetuadapor8 ou2 forcados numapraça pública.1 1 https://www.priberam.pt/dlpo/tauromaquia
  • 2. Página2 Tradição Problemas Provavelmente,o principal problema deste excertoé: “Atouradadevedeixardeexistir?”2 e é à voltadeste que se desenvolve o texto. PedroGalvão procura saber responder a esta questão do ponto de vista da ética, essencialmente. Teses Os defensores da tourada, obviamente, defendem que a touradadeveexistir. Plano de trabalho Filosofia. 10.ºAno Escola Secundária Vitorino Nemésio 2017/2018 Francisca Aguiar e João Pedro Costa. 10.ºH Título do trabalho A tourada: devemos aceitar? Organização do trabalho Introdução................................................................................................................................................................... Argumentação........................................................................................................................................................... Tradição..................................................................................................................................................................... Direitos dos animais............................................................................................................................................. Perspetiva antropocêntrica.............................................................................................................................. Crueldade.................................................................................................................................................................. Diversão e socialização....................................................................................................................................... Conservação da raça............................................................................................................................................. Bem-estar animal .................................................................................................................................................. Conclusão..................................................................................................................................................................... Bibliografia................................................................................................................................................................. 2 (Galvão, 2015 p. 74)
  • 3. Página3 A tradição é um fator que a nós nos interessa avaliar, até porque é um argumento usado de forma frequente pelos seus defensores e porque, de facto,há touradas tradicionais na ilha Terceira desde o século IX. O primeiro passo na análise do argumento será, claro,o da sua correta identificação. Perante o excerto lido, identificámos uma conclusão, ou seja, uma afirmaçãoque está a ser defendida por quatro premissas: A primeira premissa: O factode uma prática ser tradicional não a torna eticamente aceitável é uma premissa verdadeira. A segunda: Muitas práticas tradicionais foram abolidas por serem imorais também é verdadeira. Existem imensas práticas que existiram no passado e foram abolidas por não serem eticamente aceitáveis. Aquela que poderá ser o melhor exemplo, também graças à sua proximidade geográfica, foi a baleação, praticada de forma comum, tradicional, com uma grande expressão nas ilhas do arquipélago dos Açores, desde o século XVI,devido a influencias dos navios baleeiros dos Estados Unidos, nomeadamente aqueles oriundos de New Bedford e de Nantucket. Foi comeles que os açorianos aprenderam as técnicas e o domínio dos instrumentos, patente no uso do próprio vocabuláriobaleeiro. Felizmente, desde 1987 que se deixou de praticar a “caça” à baleia em Portugal, tendo o último cachalotesido caçadonaquele ano, ao largo da vila das Lajes do Pico.Ocomércio dos produtos extraídos da baleia foiproibido. Esta atividade, apesar de tudo, era das únicas, senão a única fonte de rendimento daquelas famílias, era talvezuma tradição porque necessitavam mesmo de fazê-lo. No entanto, está à vista de todos que o ser humano não precisa de qualquer produto extraído da baleia para viver,pelo menos nas condiçõesdo nosso arquipélago. E não, as baleias não desapareceram, a população soube mudar o ramo desta atividade. Hoje as baleias são, novamente, a fonte de rendimento de muita gente, mas com um fim diferente. Hoje pratica-se o “WhaleWatching” devidamente regulamentado nas nossas ilhas, que atrai milhares de turistas de todo o mundo. A terceira premissa: A tourada é uma tradição sem sombra de dúvida que o é. Obviamente mais em certas zonas que outras. A tourada fez parte das origens de Portugal. Muitos reis foram reais toureiros, mas o que mais contribuiu para o seu desenvolvimento terá sido D. Sebastião que pediu ao Papa Gregório que revogasse a Bula Pontifíciade PioV que proibia as touradas. Entretanto, já em 1928, os touros de morte foram proibidos em Portugal. Por mais retrógado que pareça, infelizmente, em 2002, a lei foi alterada, voltandoa permitir os toiros de morte em locais justificados pela tradição. EmPortugal, 32 Municípios declararam a Tauromaquia como PatrimónioImaterial e Cultural, como por exemplo nas Autarquias de Sabugal, Barrancos, Pombal,Alter do Chão, Monfortee Fronteira, Azambuja, Coruche ou Angra do Heroísmo e Graciosa, as duas últimas dos Açores, o que até concordávamosdesde que as touradas não fossem praticadas. Existe atualmente um projeto, a nível nacional, de elevar a Tauromaquia a Património da Organização das Nações Unidas para a Educação,a Ciência e a Cultura. A última premissa: A tourada é imoral é inegável é o perfeito exemplo da distinção do ilegal do imoral. Umsistema legislativo, em muitos casos, não olha à ética. Apesar da tourada ser imoral, é legal no nosso país, infelizmente. Porfim, a conclusão:A tourada deve deixar de existir é, evidentemente, a mais correta perante as premissas apresentadas anteriormente, diríamos que nem é possível apresentar contra-argumentos a este argumento, perante a sua qualidade, nomeadamente das suas premissas.
  • 4. Página4 O argumento é válido e, uma vez que todas as suas premissas e a sua conclusão são de factoverdadeiras, este mostra-se, também, um argumento sólido, que nos foi apresentado por Pedro Galvão.