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Filiado à ABIM sob nr. 007/JV
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Quintas-feiras às 20h00 - Templo: Obreiros da Paz - Canasvieiras
Editoria: IrJeronimo Borges – JP-2307-MT/SC
Florianópolis (SC) – quarta-feira, 27 de novembro de 2013
Índice:
Bloco 1 -Almanaque
Bloco 2 -Opinião: Mario Gentil Costa “ Ciência, Medicina e Arte “
Bloco 3 - Ir Paulo Roberto – Maçons Célebres –
Bloco 4 – Ir Aquilino R. Leal –
Bloco 5 - IrEleutério Nicolau da Conceição – PALESTRA: “Ilha de Santa Catarina – Náufragos e Con-
quistadores – Os primeiros anos “
Bloco 6 – Fechando a Cortina
Pesquisas e artigos desta edição:
Arquivo próprio - Internet - Colaboradores
– Blogs - http:pt.wikipedia.org - Imagens: próprias e www.google.com.br
Os artigos constantes desta edição não refletem necessariamente a opinião
deste informativo, sendo plena a responsabilidade de seus autores.
Hoje, 27 de novembro de 2013, 331º dia do calendário gregoriano. Faltam 34 para acabar o ano.
Dia Nacional do Combate ao Câncer; Dia do Técnico em Segurança do Trabalho
Se não deseja receber mais este informativo ou alterou o seu endereço eletrônico, por favor, comunique-nos
 399 - É eleito o Papa Anastácio I, 39º papa, que sucedeu o Papa Sirício.
 1199 - Fundada a cidade da Guarda, Portugal, através de Foral de D. Sancho I.
 1754 - A mais antiga referência que se tem do nome da cidade de Pittsburgh.
 1807 - A família real portuguesa foge para o Brasil na sequência da do país por tropas
napoleónicas.
 1830 - Aparição de Nossa Senhora das Graças a Santa Catarina de Lauboré.
 1838 - Uma força naval francesa bombardeia Veracruz, México, iniciando a Guerra
dos Pastéis.
 1856 - Recarei é elevado a freguesia.
 1906 - A Costa Rica adopta a sua bandeira.
 1907 - Fundação da Capela de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa no Distrito de
Pedras, Município de Morada Nova, Estado do Ceará, Brasil.
 1935 - Levante comunista no Rio de Janeiro (v. Intentona Comunista).
 1940 - Romênia durante a II Guerra Mundial: mais de 60 antigos dignitários ou
oficiais são executados na prisão de Jilava enquanto aguardavam julgamento.
 1941 - Batalha de Moscovo: forças alemãs finalmente avançaram para a posição mais
a leste que puderam alcançar.
 1942 - EUA: nasce Jimi Hendrix.
 1945 - Noruega é admitida como Estado-Membro da ONU.
 1979 - Extinção do Movimento Democrático Brasileiro (MDB).
 1983 - Diretas-Já: manifestação na Praça Charles Miller, em frente ao Estádio do
Pacaembu, em São Paulo.
 1985 - Cometa Halley, o mais famoso dos cometas, atinge o ponto mais próximo ao
Planeta Terra.
 2001 - O Telescópio Espacial Hubble detecta hidrogénio na atmosfera do planeta
Osíris, a primeira atmosfera planetária fora do nosso sistema solar a ser encontrada.
 2003 - São estimados em 54.862.417 os casos de infecção pelo HIV em todo o
mundo, 30% destes estavam na África do Sul.
 2005 - O Clube Atlético Mineiro é rebaixado à série B do Campeonato Brasileiro.
 2009 - A banda Australiana AC/DC volta ao Brasil depois de 13 anos
 Data Nacional de Combate ao Câncer no Brasil
 Dia do Técnico de Segurança do Trabalho (no Brasil)
 Feriado municipal da cidade de Guarda
 Mitologia hindu: Dia de Parvatti Devi, esposa de Shiva
 Dia de Nossa Senhora das Graças
 Emancipação política da cidade de Umarizal-RN
Santos do Dia
 Santo Virgílio, monge e, a seguir, abade do Mosteiro de Aghaboe
1 - almanaque
Eventos Históricos
Aprofunde seu conhecimento clicando nas palavras sublinhadas.
feriados e eventos cíclicos
(Fontes: “O Livro dos Dias” do Ir João Guilherme - 17ª edição e arquivo pessoal)
1725 A Primeira Grande Loja resolve que “O Mestre de cada Loja, com o consentimento dos Vigilantes e da
maioria dos Mestres, pode fazer Mestres a seu critério”
1907 Fundada a Grande Loja da Nicarágua.
1917 Fundada a Grande Loja Simbólica da Bulgária, fechada pouco antes da II Guerra Mundial
Rádio Sintonia 33 e JB News.
Música, Cultura e Informação 24 horas/dia, o ano inteiro.
Rede Catarinense de Comunicação da Maçonaria Universal.
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fatos maçônicos do dia
Mario Gentil Costa - Florianópolis.
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CIÊNCIA, MEDICINA E ARTE
Certos ditos marcaram minha sensibilidade e definiram minhas posturas.
Eis alguns: “O caminho em direção à vida passa por uma evolução atômica, outra
química, às quais se agregam a evolução biológica e, posteriormente, a evolução
cultural.”- Ernst Meyer
Vejo aí, embutida nas entrelinhas, a idéia do átomo constituindo a molécula e
esta crescendo e se organizando em busca da auto-reprodução, ao resultar na célula,
no tecido, no órgão, no sistema, no corpo e no ser vivo. E lá dentro, presidindo a tudo,
o genoma e toda a sua essência evolutiva.
Niehls Bohr: com sua genial comparação eletro-planetária que deu origem aos
conceitos do micro e do macro-cosmos, aos quais, eu, modestamente, acrescentaria,
de minha lavra, o mesocosmo, onde vive o homem, perplexo e esmagado entre essas
duas grandezas tão opostas e tão impenetráveis.
François Jacob: “A vida termina pela morte e, através desta, a Natureza
sacrifica o indivíduo em prol da espécie.”
Teillard Chardin: “ o homem não se poderia ver fora da humanidade, nem a
humanidade fora da vida, nem a vida fora do Universo.”
Seu conceito de noosfera é instigante e projeta a perspectiva de um Universo
pensante, como em certa ocasião já me ocorreu, quando aludi à idéia de alguma
espécie de consciência cósmica - sobre a qual já escrevi - e que regesse tudo por ser
a essência do Tudo, independente de qualquer conotação religiosa, como se o
Universo fosse, não apenas uma máquina, mas um grande pensamento sempre-
existente, de proporções, por óbvio, eternas no tempo e infinitas no espaço.
Conceito estonteante, baseado no axioma da impossibilidade da existência do
Nada. O Tudo é auto-existente e necessário. Logo, não pode ter sido criado. A grande
dificuldade que resta é a tendência que têm os religiosos de misturar os conceitos
espírito-e-pensamento, como se fossem separados. A meu ver, são uma mesma
coisa, em nada sobrenatural. Fazem parte do Tudo, e cada um de nós, com nossa
limitada inteligência, somos uma mera partícula desse binômio cósmico,
(máquina/pensamento), eterno e infinito.
Aristóteles, a despeito de sua inegável importância na história da cultura
ocidental, exacerbou sua competência e, por isso, entre rasgos de grande lucidez,
errou bastante. Chegou ao desplante de considerar o coração como sede do
pensamento e o cérebro mero refrigerador do organismo, quando seu mestre, Platão,
já situava o pensamento no lugar que lhe corresponde. Suas idéias, juntamente com
as de Ptolomeu, foram o fulcro que deu apoio e sustentação às teorias dogmáticas de
Agostinho e Tomás de Aquino, que, a meu ver, servindo-se dos conceitos de
imutabilidade, de protótipo e de geocentrismo engendrados por aqueles dois
(Aristóteles e Ptolomeu), subverteram seu sentido para dar credibilidade a desígnios
2 - Opinião - “ ciência, medicina e arte “
Mario Gentil Costa
mal-intencionados do Vaticano, responsável, em minha opinião, por mais de mil anos
de atraso no progresso do intelecto.
Foram essas idéias falaciosas que levaram às “Santas” Cruzadas e, mais
tarde, à famigerada “Santa” Inquisição, sempre em busca do poder material e do
controle do pensamento crítico. E os Papas atuais continuariam despudoradamente a
fazer o mesmo, tivesse, mais tarde, prevalecido o dualismo cartesiano do “Res
cogitans e Res extensa”, e desde que lhes fosse dada ocasião de impor sua
hegemonia obscurantista e castradora.
Não tivessem vingado, para o bem da humanidade, as verdades renascentistas
de Copérnico, Bruno, Galileu, Keppler e Newton, e que possibilitaram a vitória do
intelecto desvinculado da fé e da crendice, ainda estaríamos, até hoje, sujeitos à
fogueira do “Santo” Ofício, que, felizmente, para gáudio da verdade, não mais apita
nem prevalece. E eu já teria sido, só por repeti-las, condenado ao cárcere perpétuo ou
ao fogo irrevogável.
A compensação, para regozijo do bom-senso e triunfo da verdade, é que, antes
deles - de Aristóteles, de Ptolomeu e de Descartes - existiu um Demócrito, que, com
menos recursos, foi capaz de imaginar e dar conceito ao átomo e à “transformação
evolutiva” - palavras suas. Um Heráclito, que disse: “Nada é permanente. A realidade
é móvel. O tempo constrói e destrói todas as coisas. Ninguém pisa duas vezes no
mesmo rio.”
Montaigne, com argúcia, colocou o homem entre os animais. Já René
Descartes o separou, considerando aqueles como meras máquinas animadas. Como
estava errado!
Leclerc contestou a imutabilidade aristotélica e chegou a esboçar o sistema
evolutivo. Com ele, fizeram coro Lamarck, Goethe e Schopenhauer. Este último foi o
homem que, em sábias palavras, disse que “A religião é como a luz; precisa da
escuridão para brilhar” e acrescentou que “Os primeiros 40 anos da vida nos dão o
texto; os restantes nos dão o comentário”, querendo dizer, com isso, que a maturidade
obriga o homem inteligente a dar livre curso a suas idéias.
Por sua vez, houve Victor Weisschopf, me vem com seus originalíssimos “dez
mandamentos” científicos que fazem pensar e aplaudir.
Já conhecia, por outro lado, o pensamento de Francis Bacon, de que “a
natureza, para ser comandada, precisa ser obedecida.”
Aprendi muito com as considerações de Howard Gardner sobre a criatividade,
assunto que me empolga sobremaneira. Em paralelo, a definição “gênio”, atribuída a
Samuel Johnson, é curiosa: “O verdadeiro gênio seria uma mente de amplos poderes
gerais, acidentalmente determinada a atuar em alguma direção particular.”
Embora sujeita a questionamentos, admito, em tese, a idéia implícita do
potencial desaproveitado daqueles que se dedicaram a uma área restrita e, por isso,
deixaram de despontar em outras igualmente importantes. Mas indago se Mozart teria
tido o mesmo brilho se tivesse canalizado sua genialidade para a pintura ou para a
matemática. Acho que o cérebro humano, conquanto interativo, é
compartimentalizado, como se fosse um computador natural. E, dado o devido
desconto, não consigo me imaginar, - apesar da relativa facilidade que tenho para
pensar ou desenvolver em palavras um raciocínio lógico - a fazer intermináveis
cálculos matemáticos, pois, nesse aspecto, minha experiência no colégio não foi das
mais animadoras. E fico a discutir, cá comigo, se Enrico Caruso teria sido um grande
físico ou astrônomo...
Imaginação artística e poder de abstração matemática são, a meu ver, duas
formas diferenciadas de pensamento e, raramente, se juntam num mesmo cérebro.
Já Karl Popper, com sua interessante idéia dos 3 mundos, dá margem a
reflexões que nunca me haviam ocorrido:
Mundo I : o das coisas materiais pré-existentes ao homem.
Mundo II : o subjetivo, que existe apenas na mente do homem, (a exemplo das
cores e dos sons da natureza).
Mundo III: objetivo, composto dos produtos da criatividade humana, e que
seguem existindo em paralelo, independentes da morte do autor.
Segundo Popper, “o esforço por conhecer e a busca incessante da verdade
continuam sendo as razões mais fortes da investigação científica.” Seu contraponto,
todavia, torna inevitável “que todo enunciado científico permaneça provisório para
sempre.”
Muito pertinente a colocação de que “A ciência avança sempre rumo a um
objetivo remoto e, não obstante, atingível: o de sempre descobrir problemas novos,
mais profundos e mais gerais, e de sujeitar suas respostas, sempre provisórias, a
testes sempre renovados e sempre mais rigorosos.”
Válida, por todos os títulos, a menção a Albert Schweitzer, a Andrei Sahkarov e
a Linus Pauling, este último, autor do conceito de que “A única maneira de chegar a ter
boas idéias é tê-las muitas, descartando, então, as que não prestarem.”
A este pensamento, valeria ajuntar o de Voltaire, que nos deixou, entre seu
incrível legado de pérolas mentais, a seguinte afirmação:
”Não tenho culpa de que idéias conflitantes se debatam incessantemente em
meu espírito. Apenas sinto pena de tê-las tantas e de não recolher de seus despojos
mais que a incerteza. Meu consolo, entretanto, é saber que é melhor ter dúvidas do
que apregoar levianamente que sei o que não sei.”
E, por último, uma do Marquês de Maricá: “Mais comprometedor do que mudar
de idéias é não tê-las para mudar.”
Antes de encerrar, gostaria de reproduzir aqui três citações que me parecem
dignas de figurar em qualquer compêndio que interesse ao pensamento superlativo:
1. Deveria ser função da medicina fazer as pessoas morrerem jovens, porém
tão tarde quanto possível. (Ernest Wynder).
2. Tudo o que ocorre na Natureza não é bom nem mau. Simplesmente é. (Eric
Cassel).
3. Não há melhor maneira de fugirmos do mundo do que pela arte, nem de nos
prender a ele do que pela arte. (Goethe).
Acrescentaria, por também nos levarem à reflexão, outras, de um dos meus
gurus - Carl Sagan - cujo último livro (Bilhões e Bilhões), estou lendo no presente
momento:
“A Natureza é muito mais inventiva, sutil e elegante do que o homem.”
“Todo grande poder vem sempre acompanhado de grande
responsabilidade. Nossa tecnologia tem se tornado tão poderosa que estamos
nos tornando um perigo para nós mesmos.”
“Afirmações extraordinárias requerem evidências extraordinárias.”
“Não é difícil compreender que a Ciência tenha deixado os teólogos
irrequietos.”
“A Ciência não existe para confirmar nossas crenças e, sim, para
averiguar a verdade.”
“A evidência, pelo menos até agora - e leis da Natureza à parte - não
requer um Criador.”
“É fácil ser enganado pelo próprio desejo de acreditar.”
“Compreender é uma das mais sublimes formas de êxtase.”
“É muito melhor abraçar a verdade dura do que uma fábula
tranquilizadora.”
"Prefiro ser o descendente inteligente de um macaco do que um filho
degenerado de Adão".
E, com este gran-finale, encerro, por hoje, minhas considerações.
Mario Gentil Costa – MaGenCo (2013)
]
Bloco produzido às quartas-feiras
pelo Ir. Paulo Roberto VMda
ARLS Rei David nr. 58 (GLSC)
Florianópolis - Paulo Roberto
Contato: prp.ephraim58@terra.com.br
Paulo Roberto
Giovanni Maria Mastai-Ferretti
(Papa Pio IX)
*Senigallia (Itália), 13 de maio de 1792.
†Roma (Itália), 7 de fevereiro de 1878.
O Beato Pio IX, nascido Giovanni Maria Mastai-Ferretti, foi Papa durante 31
anos, 7 meses e 17 dias, entre 16 de junho de 1846 e a data do seu falecimento. É o
pontificado mais longo da história depois de São Pedro. Foi o primeiro Papa da história
a ser fotografado.
Uma curiosidade - foi o 3º Papa a nascer no dia 13 de maio; os outros dois foram
Papa Inocêncio XII e Papa Inocêncio XIII.
Seus pais foram Gerolamo, dos nobres Mastai Ferretti, e Caterina Solazzi, da nobreza
local. Foi batizado no mesmo dia do nascimento com o nome de Giovanni Maria;
3 - Maçons Célebres - " Ir Paulo Roberto "
recebeu o sacramento da Confirmação em 1799 e fez a sua primeira Comunhão em
1803.
Estudou no Colégio Piarista em Volterra e, em 1809 foi transferido para Roma a fim de
continuar os estudos, tendo seguido então Teologia. Ainda não se havia orientado
para o sacerdócio, mas vivia de modo exemplar, como o demonstram alguns
propósitos feitos em 1810, ao concluir um retiro espiritual: “lutar contra o pecado,
evitar qualquer ocasião perigosa, estudar „não por ambição de saber‟, mas para o bem
dos demais, abandono de si mesmo nas mãos de Deus”.
Por sofrer de epilepsia teve de abandonar os estudos em 1812, não conseguindo
seguir uma carreira militar, fez teologia.
Em 1815 começou a fazer parte da Guarda Nobre Pontifícia, mas teve que deixá-la
também por motivo de saúde. Foi então que São Vicente Pallotti lhe vaticinou o
supremo pontificado e a Virgem de Loreto o curou, gradualmente, da enfermidade.
Em 1816 participou, como catequista, numa importante missão em Senigallia e, em
seguida, optou pelo estudo eclesiástico. Recebeu as Ordens Menores em 1817, o
subdiaconato em 1818 e o diaconato em 1819. Nesse mesmo ano, por concessão
especial, foi ordenado sacerdote.
Celebrou a sua primeira Missa na igreja de Santa Ana dos Carpinteiros, do Instituto
Tata Giovanni, do qual foi nomeado reitor, permanecendo no cargo até 1823. Desde o
início manifestou-se como homem de oração, consagrado ao ministério da Palavra e
do Sacramento da Reconciliação, e também ao serviço dos mais humildes e
necessitados.
De maneira admirável uniu a vida ativa à contemplativa. Apesar de estar sempre
atento às necessidades pastorais e sociais, vivia ao mesmo tempo com grande
recolhimento uma intensa devoção eucarístico-mariana. Era muito fiel à sua meditação
diária e ao exame de consciência.
Em 1820 deixou o referido Instituto para acompanhar o Núncio Apostólico, D. Giovanni
Muzzi, ao Chile. Ali permaneceu até 1825. Segundo palavras de Monsenhor Pietro
Capraro, Secretário de "Propaganda Fide" (Propagação da Fé), "poucos puderam ser
escolhidos no seu lugar, dotado como era de profunda e sólida piedade, doçura de
caráter, prudência e clarividência..., grande zelo, desejo de servir a Deus e de ser útil
ao próximo".
Em 1825 foi escolhido como Diretor do Asilo de São Miguel, uma importante instituição
religiosa, mas ao mesmo tempo complexa que necessitava uma reforma eficaz.
Dedicou-se a esta tarefa com grande empenho, mas sem descuidar as obrigações
habituais do seu ministério.
Aos 36 anos de idade, foi nomeado Bispo e destinado à Arquidiocese de Spoleto.
Aceitou por obediência e foi um modelo de zelo pastoral, apesar dos grandes
sofrimentos. Em 1831 a revolução iniciada em Parma e Módena chegou a Spoleto. O
Arcebispo, profundamente entristecido, não quis derramamento de sangue e,
enquanto lhe foi possível, reparou os destruidores efeitos da violência. Restituída à
calma, dedicou-se a obter paz e perdão para todos, inclusive para os que não o
mereciam.
Em 1832, foi transferido para outra diocese turbulenta, Ímola, onde continuou com o
seu estilo de pregador fecundo e persuasivo, disposto a praticar a caridade com todos,
zeloso do bem sobrenatural e material dos seus diocesanos, amante do clero e dos
jovens seminaristas, promotor de iniciativas em favor da educação da juventude, muito
sensível à importância e às exigências da vida contemplativa, inflamado de devoção
ao Sagrado Coração de Jesus e à Virgem Maria, bondoso para com todos, mas firme
nos seus princípios.
Em 1840, com apenas quarenta e oito anos, foi nomeado Cardeal.
A sua eleição para Papa sucessor de Gregório XVI foi o resultado de uma divisão no
conclave entre conservadores e reformadores. Mastai-Ferretti era tido por candidato
liberal, e, ao quarto escrutínio, foi eleito. Tomou o nome de Pio IX como homenagem
ao Papa Pio VIII, seu antigo benfeitor. Então, na tarde do dia 16 de Junho de 1846, o
Cardeal Giovanni Maria Mastai-Ferretti, que fugia das honras, foi eleito Papa e quis
chamar-se Pio IX.
Apesar de ser considerado no início como um liberal, o seu pontificado passou a ser
considerado como uma mudança no sentido do conservadorismo por seus críticos. Pio
IX iniciou uma campanha contra o que chamou de falso liberalismo.
Na encíclica “Quanta Cura” (condenação das teorias de liberdade de culto e de
imprensa, enquanto se fundamentassem no princípio do naturalismo, que, para Pio IX,
afastava terminantemente a religião das pessoas) de 8 de dezembro de 1864,
condenou dezesseis proposições que contrariavam a visão católica na época. Esta
encíclica foi acompanhada pelo famoso “Syllabus Errorum” (“Sílabo dos Erros de
Nossa Época”), que condenava as ideologias do panteísmo, naturalismo, racionalismo,
indiferentismo, socialismo, comunismo, franco-maçonaria, judaísmo, Igrejas dadas
como Cristãs ao tentarem explicar a Bíblia e várias outras formas de liberalismo
religioso tidos por incompatíveis com a religião católica. Mas, mesmo assim, começou
o seu pontificado com um ato de generosidade, concedendo uma anistia para delitos
políticos. No ano de 1847 promulgou um decreto de ampla e surpreendente liberdade
de imprensa.
O ano de 1848 foi muito agitado na Europa, tendo-se iniciado com revoltas na Sicília.
Em 14 de março, a desordem pública forçou Pio IX a conceder uma constituição e um
parlamento. O rei Carlos Alberto da Sardenha declara guerra à Áustria nove dias
depois. O levante popular continuou e um dos ministros que tinha sido nomeado pelo
Papa para tentar agradar aos revolucionários foi assassinado em 15 de novembro.
Durante toda sua vida foi muito devoto da Virgem Maria. Em 1849, quando se
encontrava no exílio, em Gaeta, consultou o ponto de vista dos bispos da Igreja a
respeito da Imaculada Conceição enviando-lhes cartas, e em 8 de dezembro de 1854,
na presença de mais de duzentos bispos proclamou o dogma da Imaculada Conceição
da Virgem Maria como sendo um dogma de fé da Igreja através da encíclica
“Ineffabilis Deus”.
Promoveu a devoção ao Sagrado Coração de Jesus e em 23 de setembro de 1856
estendeu esta festividade a todo o mundo católico, em 16 de junho de 1875 consagrou
o mundo ao Sagrado Coração de Jesus. Promoveu a vida interna da Igreja por meio
de muitas normas litúrgicas e reformas monásticas e um elevado número de
beatificações e canonizações, sem precedentes para a época.
Em 29 de setembro de 1850 restabeleceu a hierarquia católica na Inglaterra erigindo a
Arquidiocese de Westminster com as sedes sufragâneas de Beverley, Birmingham,
Clifton, Hexham, Liverpool, Newport e Menevia, Northampton, Nottingham, Plymouth,
Salford, Shrewsbury e Southwark. Este ato provocou uma ampla comoção por parte
de ingleses intolerantes, fomentada pelo Premier Russel e pelo London Times que
quase resultou em perseguição aberta contra os católicos na Inglaterra. Em 4 de
março de 1853 restabeleceu a hierarquia católica na Holanda, erigindo a Arquidiocese
de Utrecht e as sedes sufragâneas de Haarlem, Bois-le-Duc, Roermond e Breda.
O Papa foi cercado por uma multidão no Quirinal (antigo palácio Papal) mas conseguiu
escapar com um disfarce para o Reino de Nápoles, ficando a cidade de Roma nas
mãos dos revoltosos. Só em 12 de Abril de 1850 retornaria a Roma, após intervenção
diplomática da França e da Áustria. Crê-se que Pio IX tenha regressado afetado por
esta violência e convertido para o lado conservador. Os revolucionários ainda estavam
no terreno e a manutenção dos Estados Papais, sujeita à pressão de nacionalistas
como Victor Emanuel II, rei da Itália só se conseguiu com a ajuda de tropas francesas
e austríacas.
Em 1858 Napoleão III e o Conde de Cavour declaram em conjunto guerra à Áustria.
Na sequência da Batalha de Magenta (4 de julho de 1859) as forças da Áustria
retiram-se dos Estados Papais, precipitando assim a sua queda. Em fevereiro de
1860, Victor Emanuel, reclama a Umbria e a região das Marches; ao serem recusadas,
toma-as pela força. Ao derrotar o exército papal em 18 de Setembro, em Castelfidardo,
e em 30 de setembro em Ancona, Victor Emanuel toma todos os territórios papais
exceto Roma.
Em setembro de 1870 cerca Roma, tornando-a capital da nova Itália unificada.
Concede a Pio IX a "Lei das Garantias" (15 de maio de 1871) que dá ao Papa direitos
de soberania, uma quantia anual fixa e a extraterritorialidade dos palácios papais de
Roma. Pio IX nunca aceitou a oferta oficialmente, mantendo a pretensão sobre os
territórios conquistados. Embora não tenha sido preso ou impedido de viajar à sua
vontade, declarava-se prisioneiro no Vaticano. Além disso, proibiu os católicos
italianos de votar nas eleições do novo reino italiano. Essa incomoda questão de
disputas entre o Estado e a Igreja fica conhecida com o nome de Questão Romana e
só termina em 1929, quando o ditador fascista Benito Mussolini assinou com o Papa
Pio XI a “Concordata de São João Latrão”.
Pio IX aboliu as leis que forçavam os judeus a viver em áreas específicas, os
impediam de praticar certas profissões, e os obrigavam a ouvir sermões quatro vezes
por ano em tentativas de conversão. O Judaísmo e o Catolicismo eram as únicas
religiões permitidas por lei (o Protestantismo era permitido aos estrangeiros mas não
autorizado a italianos). Mesmo assim, o testemunho de um judeu em tribunal contra
um cristão era inadmissível aos olhos da lei.
Antes, em 8 de janeiro de 1857, já havia feito a condenação dos escritos filosófico-
teológicos de Günther e em muitas ocasiões insistiu em que se deveria seguir a
filosofia e a teologia de São Tomás de Aquino.
Em 1858, num caso altamente divulgado na época, um rapaz judeu de seis anos,
Edgardo Mortara, foi levado de sua casa pela polícia para os Estados Papais. Foi
referido que havia sido batizado por uma empregada cristã da família quando estava
doente, por temer que não fosse para o céu. Naquele tempo os cristãos não podiam
ser criados por judeus, mesmo se fossem seus pais. Pio IX recusou os apelos de
numerosos chefes de estado, incluindo o Imperador Francisco José I da Áustria e o
Imperador Napoleão III da França para o retorno da criança a seus pais.
Brasão pontifício do Papa Pio IX.
O seu pontificado, devido às circunstâncias políticas derivadas da unificação da Itália e
da perda dos Estados pontifícios, tornou-se sumamente difícil: por isso mesmo, foi um
grande Papa, certamente um dos maiores. Impelido pelo desejo de cumprir a sua
missão de "Vigário de Cristo", responsável dos direitos de Deus e da Igreja, foi sempre
claro e direto: soube unir firmeza e compreensão, fidelidade e abertura.
Entre as realizações do seu pontificado, podem-se destacar: o restabelecimento da
hierarquia católica na Inglaterra, Holanda e Escócia; a condenação das doutrinas
galicanas (relativo à Gália; relativo à França; relativo à Igreja francesa); a definição
solene, a 8 de Dezembro de 1854, do dogma da Imaculada Conceição; o envio de
missionários ao Polo Norte, à Índia, à Birmânia, à China e ao Japão; a criação de um
Dicastério (ministérios que auxiliam o Santo Padre, o Papa) para as questões relativas
aos orientais; a promulgação do "Syllabus Errorum", no qual condenou os erros do
modernismo; a celebração, com particular solenidade, do XVIIIº Centenário do Martírio
dos Apóstolos Pedro e Paulo; a celebração do Concílio Ecumênico Vaticano I - ápice
do seu pontificado - que teve início em 1869 e se concluiu a 18 de Julho de 1870.
Depois da queda de Roma em 20 de setembro de 1870 e do fim do poder temporal,
Pio IX encerrou-se no Vaticano, considerando-se prisioneiro. No dia 7 de Fevereiro de
1878, com a sua piedosa morte, chegou ao seu fim o pontificado mais longo da
história.
Agora é elevado à glória dos altares não pelas suas definições dogmáticas nem pelas
suas realizações como autoridade suprema dos Estados pontifícios, nem sequer pelas
suas atividades pastorais, mas, sobretudo porque levou sempre uma vida santa, como
jovem seminarista, Bispo e Pastor Supremo da Igreja, e ainda, porque praticou as
virtudes teologais e cardeais em grau heroico.
Em 29 de junho de 1869 publicou a Bula “Aeterni Patris” (restauração da filosofia
cristã) com a qual convocou o Concílio do Vaticano I, cuja cerimônia de abertura
contou com a presença de setecentos bispos no dia 8 de dezembro de 1869. Na
quarta sessão solene do concílio, em 18 de julho de 1870, a infalibilidade papal foi
declarada um dogma de fé.
Criou os cardeais Wiseman e Manning da Inglaterra; Cullen da Irlanda; McCloskey dos
Estados Unidos; Diepenbrock, Geissel, Reisach e Ledochowski da Alemanha;
Rauscher e Franzelin da Áustria; Mathieu, Donet, Gousset e Pita da França.
Moeda com a face do Papa Pio IX.
Pio IX escreveu algumas encíclicas condenando determinadas teorias recém-surgidas
como o comunismo e as ações anti-cristãs. Em 8 de dezembro de 1864, Pio IX
escreve a encíclica Quanta Cura cujo Syllabus lista 80 dos "principais erros do nosso
tempo". O 80º "erro" era que "o Pontífice Romano tem de se reconciliar e acordar com
o progresso, liberalismo, e civilização moderna". Esta encíclica criticava abertamente
aquilo que na altura era conhecido como a heresia do americanismo: a liberdade de
religião, liberdade de pensamento, separação da Igreja do Estado. Num balanço do
pontificado, pode ser considerado um conservador. Como curiosidade o seu nome (Pio
Nono) - era referido pelos italianos antipapista como (Pio No No).
Pio IX foi o papa de número 255 na história da Igreja Católica, entre 1846 e 1878.
Manteve uma relação tensa com o judaísmo. Mesmo abolindo leis que determinavam
condições opressoras aos judeus, condenou o judaísmo em uma de suas encíclicas.
Por sinal, publicou mais de 75 encíclicas.
Seu pontificado durou 31 anos, o segundo maior da história, só perdendo para São
Pedro. Ocupando o cargo de Supremo Pontífice, foi um conservador. Condenava
todas as novas ideologias e os movimentos que faziam parte do mundo moderno. Pio
IX foi sucedido por Leão XIII. Seu túmulo está na igreja de San Lorenzo Fuori Le Mura.
Túmulo de Pio IX na Basílica de São Lourenço Fora dos Muros.
A sua controversa beatificação iniciou-se em 11 de fevereiro de 1907 e foi relançada
por três vezes antes de ser declarado Venerável (6 de julho de 1985). Finalmente, foi
beatificado, em 3 de setembro de 2000, juntamente com João XXIII, por João Paulo II.
Sua festa litúrgica é comemorada no dia 7 de fevereiro, uma vez que seu falecimento
se deu em 7 de fevereiro de 1878.
Maçonaria
Apesar de ser tido como um Papa voltado à época, para o social, Giovanni Maria
Ferretti-Mastai, destacou-se pelo ódio anticristão contra a Instituição Maçônica.
Sabe-se que foi maçom, tendo pertencido inclusive ao quadro de Obreiros da Loja
“Eterna Cadena”, de Palermo, Itália. Obteve o registro nº 13.715, arquivado em 1839,
na Loja “Fidelidade Germânica”, do Oriente de Nuremberg, Alemanha, uma credencial
devidamente autenticada, com selo da Loja “Perpétua”, de Nápoles, Itália.
Entretanto, como Irmão e como maçom, o Papa Pio IX, Giovanni Maria Ferreti-Mastai
foi Iniciado (Recebido) na Loja “Fidelidade Germânica”.
Quando o Irmão em questão, foi fraternalmente recebido em Loja maçônica na
Alemanha, exercia a função de Bispo. Contudo, após, ascendendo ao Trono de São
Pedro, traiu seu juramento feito em Loja, com a mão sobre a Bíblia e “honrou” a
Maçonaria com seu desprezo, culminado com a publicação em 8 de dezembro de
1864, do “Syllabus”, em que fez juntar todas as bulas e encíclicas contra a Maçonaria,
da qual fizera parte.
A Loja “Eterna Cadena” filiada a Grande Loja de Palermo, em 26 de março de 1846,
considerando o procedimento condenável do Irmão Giovanni Ferretti, resolveu
expulsá-lo como traidor, depois de convocá-lo a defender-se.
Como se pode observar através das datas, o perjuro Giovanni Maria Ferretti-Mastai foi
expulso da Maçonaria, quando já exercia o papado, com o título de Pio IX. Aí então,
têm-se a comprovação de um monarca da Igreja, expulso dos Augustos Mistérios por
procedimento irregular, ou seja, traição...
Raymond Dior, à página 57 de “La Franc-Maçonnerie” (publicação elaborada por
Crapouillot) escreveu o seguinte: “Os maçons sempre afirmaram que o Papa Pio IX foi
Iniciado na Maçonaria, o que explicaria o liberalismo dos primeiros anos do seu
reinado.”.
“Não esqueçais, meus caros colegas, que os quatro últimos reis de França eram
maçons, que o Papa Pio IX, quando cardeal e participava de assembleias como
maçom, declarava: „Eis o único lugar em que posso entender-me com outros homens
que aceitam as mais diversas ideias com o respeito que se deve conceder ao
pensamento humano. ‟” (discurso de Jammy Schmidt, na Câmara dos Deputados, em
28 de dezembro de 1835).
“Curiosa figura a do Papa Pio IX. Ele foi autêntico maçom... (Victor Hugo, em 23 de
janeiro de 1848, pronunciou um inflamado discurso em honra deste Papa da
Revolução).” (Les Grandes Tèses Radicales, por Jammy Schmidt, pags. 174 e 175).
O Dictionnaire Pierre Larousse cita Pio IX como maçom.
“Floquet, Presidente da Câmara dos Deputados, afirmou que Pio IX era maçom, na
Sessão de 11 de dezembro de 1891, o que provocou um grande impacto...”.
O Ir Aquilino R. Leal *
escreve às quartas-feiras e domingos,
neste espaço.
Aquilino R. Leal
GABAON: A ORIGEM... A ASTÚCIA
Material originalmente publicado na edição 168, 29/11/2008, do semanário
FOLHA MAÇÔNICA - fortemente modificado/atualizado para os propósitos do
JB NEWS.
Aquilino R. Leal
Fato: Dada a demonstração de poder de Josué pela
conquista de Jericó e de Hai (“Ruina”) juntamente
com a renovação da Aliança erguendo um altar para
Senhor no monte Ebal (Jos 8,30)i
, os reis de outras
nações vizinhas (heteus, amorreus, cananeus,
perizeus, heveus e jubeseus) aliaram-se para
combater os hebreus que haviam se tornado uma
ameaça (Jos 9,1s)ii
. A bem da verdade tal poder se
manifestou na segunda tentativa de conquista; da
primeira, os três mil homens enviados por Josué para conquistar Hai não foram
suficientes: os defensores de Hai rechaçaram por completo o contingente dos hebreus
deixando-os envergonhados por tal aviltante derrota e, como costuma ocorrer, um
„bode expiatório‟ teve de ser encontrado, desta feita foi ele, Acã; não somente ele
como sua esposa, filhos e filhas que acabaram perecendo apedrejados, tendo também
seus pertences consumidos pelo fogo (Jos 7,24s)iii
. Na segunda tentativa um exercito
de nada menos que trinta mil homens (Jos 8,3)iv
acabou com Hai onde cerca de doze
mil homens e mulheres pereceram pela espada ou lança, sendo a cidade inteiramente
queimada (Jos 8,25)v
- apenas seu rei foi enforcado em uma árvore (Jos 8,29)vi
.
Diante da demonstração de poder dos hebreus os distantes e ricos gabaonitas
decidiram salvar suas vidas já que os judeus não pretendiam poupar a vida de
nenhum estrangeiro como bem já o haviam demonstrado ao conquistar Jericó e Hai:
preparam eles um ardil para os judeus que, a priori, ignoravam a sua existência,
certamente pela distância que estavam em relação a Hai e Jericó recém conquistadas.
Um bom grupo de homens, mulheres e crianças, todos esfarrapados, com embrulhos
contendo pedaços mofados de pão e odres velhos contendo resto de vinho azedado,
após uma penosa viagem que piorou o seu aspecto, foram ter a Josué. Arrojando-se a
seus pés todos aqueles maltrapilhos malcheirosos como escravos infinitamente
miseráveis. Um deles disse-lhe: “Viemos de uma terra longínqua: fazei aliança
4 - Aquilino r. leal -
BODE EXPIATÓRIO
Imagem extraída, outubro./2013,
da pasta IMAGENS, FOTOS,
DESENHOSDIVERTIDAS
conosco” (Jos 9,3-6)vii
. Os diálogos entre ambos partes culminaram com promessa de
Josué, em nome do Deus de Israel, a paz e a certeza da vida dos gabaonitas desde
que se mantivessem fiéis.
Ora, três dias depois chegou ao conhecimento de Josué o engodo; prontamente os
israelitas puseram-se a caminho chegando à cidade Gabaon. “Eles não os feriram por
causa do juramento...” (Jo 9,18)viii
, contudo, porque foram enganados, lhe foi
sentenciado que a partir daquele momento os gabaonitas deveriam tornar-se
rachadores de lenha e carregadores de água (Jos 9,21)ix
.
Foi dessa forma que os gabaonitas iludiram o poderoso Josué, claro que com o
consentimento tácito do próprio Deus israelita...
Conclusão: O rei de Gabaon conseguiu, afinal, o que pretendia: poupar a sua vida e a
de seus súditos e, certamente, com o consentimento subentendido do próprio Deus
israelita. Provou, em definitivo, que à divindade de Jacó não aborreciam tanto as
artimanhas da astúcia quanto os queixumes abertos da rebeldia.
Assim também o VM de uma Loja deve comportar-se e agir: com muita astúcia,
evitando entraves e lutas que podem dizimar... Fica bem entendido que ele deve ser
como um rei, mas não um rei qualquer, tem que fazer-se passar pelo rei de GABAON
ou simplesmente, REI GABAON! Ter que ser, simplesmente e obrigatoriamente,
gabaonita! E nada de se gabar... Nem de muitos nem de se gabar de um!
Tenho dito!
"Se você não quer ser esquecido quando morrer, escreva coisas que vale a pena ler
ou faça coisas que vale a pena escrever." (Benjamin Franklin)
NOTAS:
1
Então Josué edificou um altar ao SENHOR Deus de Israel, no monte Ebal.
1 [1] E sucedeu que, ouvindo isto todos os reis, que estavam aquém do Jordão, nas
montanhas, e nas campinas, em toda a costa do grande mar, em frente do Líbano, os
heteus, e os amorreus, os cananeus, os perizeus, os heveus, e os jebuseus, [2] Se
ajuntaram eles de comum acordo, para pelejar contra Josué e contra Israel.
1 [24] Então Josué, e todo o Israel com ele, tomaram a Acã filho de Zerá, e a prata, e a
capa, e a cunha de ouro, e seus filhos, e suas filhas, e seus bois, e seus jumentos, e
suas ovelhas, e sua tenda, e tudo quanto ele tinha; e levaram-nos ao vale de Acor.
[25] E disse Josué: Por que nos perturbaste? O Senhor te perturbará neste dia. E todo
o Israel o apedrejou; e os queimaram a fogo depois de apedrejá-los.
1 Então Josué levantou-se, e toda a gente de guerra, para subir contra Ai; e
escolheu
Material assinado pelo Ir Aquilino R. Leal, engenheiro
eletricista, professor universitário, iniciado em 03 de setembro de
1976 no Templo Tiradentes (São Cristóvão – Rio de Janeiro -
Brasil), elevado em 28 de abril de 1978 e exaltado em 23 de março
de 1979 ocupando o veneralato em 05 de julho de 1988.
Fundador de duas Lojas Maçônicas, em particular a Loja Stanislas
de Guaita 165 – Rio de Janeiro, ambas trabalhando no REAA às
terças-feiras.
Desde 2008 é colaborador permanente do FOLHA MAÇÔNICA
(folhamaconica@gmail.com), atualmente com a responsabilidade
de três colunas semanais: A POLÊMICA NA FOLHA, EUREKA (TUREKA E NÓSREKA) e
ENQUETE INÚTIL. Gerencia o „Ponto Cultural do Folha Maçônica‟
(http://sdrv.ms/QobWqH) onde estão postados mais de 16 mil títulos sobre a Ordem e afins
para livremente baixar.
Também colaborador permanente, desde março de 2013, com duas colunas mensais, do
mensário espanhol RETALES DE MASONERÍA.
O Irmão Eleutério Nicolau da Conceição,
MI da ARLS Alferes Tiradentes nr. 20, ex-presidente da Academia
Catarinense Maçônica de Letras, escritor, autor de inúmeras obras literárias,
proferiu na noite de ontem na novel Loja “Alvorada da Sabedoria” nr. 4285,
Florianópolis, em sua sexta sessão, palestra sobre os primórdios da Ilha de Santa
Catarina, discorrendo sobre seus “náufragos e conquistadores” logo após a era de
1500. Uma sequência histórica interessante, por muitos, desconhecida.
Leia praticamente a íntegra de sua ´palestra:
ILHA DE SANTA CATARINA
NÁUFRAGOS E CONQUISTADORES
(Os Primeiros Anos)
Eleutério Nicolau da Conceição
Desde os primeiros anos do descobrimento do Brasil, a Ilha de Santa Catarina foi muitas vezes
visitada por navios espanhóis em viagem rumo a região do Rio da Prata. Aqui recolhiam agua
fresca e compravam alimentos (milho, feijão, abóbora, farinha de mandioca, peças de caça,
5 – ilha de santa catarina – náufragos e conquistadores (os primeiros anos)
Palestra do Ir Eleutério Nicolau da Conceição
peixes, etc.) de seus pacíficos habitantes, os Carijó. Seus primeiros visitantes a chamaram
inicialmente de “Ilha dos Patos” devido ao grande número dessas aves aquáticas nas baias da
ilha. Também o porto localizado na baia sul, recebeu o nome de “Porto de Patos”, pela mesma
razão. Serão apresentadas aqui cinco histórias ocorridas entre os anos de 1516 e 1542, na ilha e
costa vizinha, ou com essa região diretamente relacionada.
1. Naufrágio – A Aventura de Aleixo Garcia:
A história inicia-se com o naufrágio de uma caravela espanhola que acompanhara a expedição
de Juan Diaz de Solís ao Rio da Prata, em 1516. Solís era o piloto da expedição e navegava em
nome de Castela. As três caravelas já teriam parado na ilha, a caminho do Prata, seguindo depois
rumo ao sul. O desafortunado piloto fracassara em seu primeiro contato com nativos do litoral da
atual Argentina. Ao se aproximar da praia, ele e seus companheiros do barco foram aprisionados
pelos nativos, mortos, assados em fogueiras e devorados, para desespero dos tripulantes das três
caravelas, que de longe assistiram à tragédia. A expedição decidiu votar à Espanha. Em meio a
fortes tempestades, uma das caravelas, cujo piloto era o português Aleixo Garcia, buscou abrigo
na costa, acabando por naufragar na barra sul da “Ilha dos Patos”. Não existe unanimidade entre
os historiadores quanto a localização da praia onde os náufragos encontraram refúgio, se na ilha,
ou no continente. Também, o número de sobreviventes do naufrágio é incerto, havendo relatos de
onze, quinze e dezoito homens. A história preservou os nomes de nove deles: Aleixo Garcia,
Henrique Montes (um jovem de 17 anos), Francisco Pacheco (um mulato) e Gonçalo Costa, estes,
portugueses a serviço de Castela, e os castelhanos Melchior Ramirez, Francisco Fernandez,
Francisco Chaves, Duarte Perez e Aleixo Ledesma. Foram acolhidos pelos Carijó, que habitavam
a ilha e a costa continental próxima. Podemos imaginar que os primeiros contatos com os carijó
deve ter sido tenso, devido a recente experiência dos marinheiros, mas logo sua índole pacífica
deve ter se evidenciado. Componentes do grupo Tupi-Guarani, os Carijó habitavam todo o litoral
catarinense, bem como a ilha. Viviam em cabanas de pau-a-pique, cobertas com palha ou cascara
de árvores. As cabanas eram cercadas por fileiras de troncos, formando uma paliçada. Cultivavam
batatas, feijão, melancia, milho, mandioca e abóbora e criavam patos, gansos e marrecos. As
mulheres fiavam algodão, com o qual teciam tangas e um tipo de vestido inteiriço sem mangas,
alcançando a metade das pernas, usados nos dias frios. Usavam colares de ossos e conchas, com
adereços coloridos nos cabelos. Os homens usavam os cabelos soltos, adornados às vezes com
coroas de penas. No inverno acrescentavam peles de animais ao traje. Produziam aguardente de
mandioca e licor de caju, muito apreciados em suas festas, quando se adornavam com coloridas
penas de diferentes aves e dançavam festejando ou em rituais religiosos. O algodão fiado servia
também para fabricar redes de dormir. Fabricavam também instrumentos de pedra e madeira
vasilhames de cerâmica, cestos de palha e bambu e todos os apetrechos necessários para a caça
e pesca. Sabiam tirar o veneno da mandioca brava, deixando-a de molho por alguns dias,
prensando-a depois através de uma peneira, sendo então exposta ao sol para secar. Durante oito
anos os náufragos viveram entre os carijó, sem maiores novidades. Todos tinham mulheres e
filhos, e, por certo, tinham se integrado ao modo de vida índio, ficando a cada dia mais distante,
em um passado remoto, a lembrança de suas vidas pregressas. Na época do naufrágio de Aleixo
Garcia e seus companheiros, Portugal não tinha ainda iniciado a colonização do Brasil. O rei
português, Dom Manoel, não via futuro em uma terra coberta de florestas e habitada por selvagens
nus, preferindo investir no comércio com as índias. Apenas duas expedições exploratórias oficiais
tinham sido enviadas, uma em 1501 e outra em 1503. Limitavam-se a extrair das matas o pau-
brasil, sem estabelecer povoações fixas. Em 1526 veio nova expedição, comandada por Cristóvão
Jacques, com a missão principal de combater o contrabando de pau-brasil, praticado por
franceses. Ao passar pela Ilha, rumo ao sul, levou como intérprete um dos companheiros de
Garcia, Melchior Ramirez. A primeira povoação brasileira só foi fundada em 1532 por Martim
Afonso de Souza: São Vicente. Do descobrimento, até essa data, apenas pequenos fortes foram
construídos ao longo da costa. No litoral de São Paulo, náufragos portugueses e castelhanos
formaram uma pequena comunidade que sobrevivia da criação de galinhas e porcos deixados por
navios que desciam à terra para se abastecer de água. Um dia, em 1524, um pequeno objeto vem
revolucionar a plácida vida dos náufragos - um fragmento de objeto de ouro, mostrado por um
índio. E mais espanto causou a notícia de sua origem: muito longe, a noroeste de um povo que
morava em casas de pedra e usava roupas coloridas. Reunindo o grupo, Garcia tentou motivar
seus companheiros a embarcarem numa aventura. Todos conheciam a lenda do “El Dorado” rei
índio muito rico que em cerimônia anual cobria seu corpo de ouro em pó e banhava-se nas águas
de um lago sagrado. Seus amigos carijó tinham parentes na região distante que falavam a mesma
língua e contavam histórias de ataques às “aldeias de Pedras” dos inimigos, com ricos despojos.
Apenas Aleixo Garcia, e cinco de seus companheiros decidiram partir em busca dessa terra do
ouro, acompanhados por um grupo carijó, que conheciam o caminho. Armazenam alimentos, afiam
as armas e seguem com um grupo Carijó para o norte, até a altura do rio Itapocú. Da praia de
Barra Velha, seguiram até Corupá, seguindo a antiga trilha do “Peabiru”. O “Peabiru” era uma
longa trilha ligando o Atlântico aos Andes, cruzando Brasil, Paraguai, Bolívia e Peru. Tinha pouco
menos de 2 metros de largura e era coberta por gramíneas em longos trechos. Não se sabe quem
teria traçado esse caminho, utilizado pelas populações indígenas. Mais tarde, foi percorrido
também por conquistadores europeus, que o chamavam “Caminho de São Tomé”. Acreditavam
que a trilha tinha sido aberta pelo discípulo de Jesus em visita à América pré-colombiana. O nome
da trilha tem diferentes grafias: Peapyru, Peaviju, Peabiyru, bem como diferentes traduções:
caminho fofo, caminho antigo, caminho ralo, caminho de ida e volta, etc. Aleixo Garcia não deixou
registro escrito de suas aventuras nem de sua rota. As informações existentes partem do relato da
expedição de Álvar Nuñes Cabeza de Vaca, que em 1541 seguiu a mesma trilha de Garcia até o
Paraguai. Seguindo o rio Itapocú, até a serra de Corupá, passaram aos campos de Curitiba, onde
viviam outras famílias Guarani. Atravessaram o rio Iguaçu, até o Tibagi, seguindo para Noroeste.
Não se sabe detalhes sobre a viagem do grupo de Aleixo Garcia. Matas foram percorridas e rios
superados, com os escassos recursos do bando aventureiro. Os historiadores supõem que o
bando de Garcia cruzou o rio Paraná algumas léguas ao norte da foz do rio Iguaçu. A expedição
de Garcia alcança o Paraguai na região onde hoje se encontra Assunção (Asunción), onde
habitavam grandes grupos guarani. Os paraguaios consideram Aleixo Garcia o descobridor de
seu país. Com o auxílio dos carijó de seu grupo, Aleixo entra em contato com as tribos da região e
consegue adesões para formar um grande grupo com cerca de 2000 guerreiros, segundo alguns
relatos (Rosana Bond, 1998). Vão tomar de assalto o sonhado “El Dorado”. O grande grupo sobe o
rio Paraguai, até próximo da atual Corumbá, dali rumando para oeste. Em seu trajeto o grupo foi
crescendo com adeptos das aldeias guarani e seus aliados. Cruzaram a fronteira do império inca
na região de Charcas, atual Bolívia, entre Mioque e Tomina.
No início do século XVI, no qual transcorre esta história, os povos habitantes da região ocupada
pela cordilheira dos Andes viviam há vários séculos sob dominação do Império que conhecemos
pelo nome de Inca, que se estendia desde o Equador até a Argentina. Na época, a palavra “Inca”
era o título dado ao Imperador e nobres, significando “Chefe”. Em sua língua, o país era chamado
“Tahuantinsuyu” – “País das Quatro Paredes”, e o Imperador governava da capital, Cusco. A
economia do Império dependia da agricultura e da criação de lhamas. As terras eram divididas em
três partes: uma para o Sol (sacerdotes), outra para o Inca (Imperador e nobres) e a terceira
distribuída entre o povo. Os camponeses cultivavam suas terras, as do Imperador e as dos
sacerdotes. O Império era governado por eficiente burocracia e ligado por vasta rede de estradas,
entremeadas por postos de correio e fortalezas. Nas cidades, construíam suas casas com blocos
de pedra e vestiam-se com tecidos coloridos. A aventura de Aleixo Garcia aconteceu no final do
reinado de Huayna Capac, que governou até 1525. Foi o primeiro contato de europeus com o
Império Inca. Em 1530, teve início a conquista espanhola, liderada por Francisco Pizarro. Quando
da chegada dos espanhóis, o país achava-se em plena guerra civil. Os dois filhos de Huayna
Capac, Huáscar e Athaualpa, disputavam o poder. Pizaro valeu-se da divisão provocada pela
disputa para dominar os incas. Com suas armas superiores, os espanhóis massacraram grandes
populações indígenas. As revoltas contra a dominação espanhola só foram terminar em 1571, com
a execução do último líder inca – Tupac Amaru.
Na Bolívia, os guerreiros de Garcia atacaram várias povoações indígenas. Encontraram forte
resistência em Presto e Tarabuco, tendo muitas baixas. A notícia da inesperada invasão no sul
logo alcançou o governo central, que do norte enviou um contingente de soldados armados,
comandados pelo general Yasca. Resistindo a princípio, Garcia foi obrigado a recuar e comandar a
retirada, face ao poderio superior de seus adversários.
Um dado curioso; na coleção “Povos do Passado”, editora Melhoramentos, o volume que fala
sobre os Incas (C. A. Burland, 1978), relata no final do governo de Huayna Capac: “Ao sul, uma
tribo invasora atacou a fronteira do Peru com o Chile. Entre eles encontravam-se alguns
espanhóis, que espalharam uma epidemia de varíola. A epidemia devastou aquela região,
acabando por matar Huayna Capac em 1525.” Nessa época, os únicos espanhóis que pelo sul
atacaram os incas juntamente com grande grupo índio, foram Aleixo Garcia e seus companheiros.
Assim, um dos componentes do grupo de Garcia teria sido responsável pela fragilização do
Império inca pela doença e morte do Inca, facilitando a futura conquista?
Partem os guerreiros de Garcia carregados de despojos: objetos de ouro, prata, utensílios e
tecidos inca. Alcançando o Paraguai, o exército foi desmobilizado. Na margem esquerda do rio
Paraguai, 50 léguas acima do local onde mais tarde surgirá a cidade de Asunción, Aleixo acampa
com seus companheiros e reduzido número dos carijó. Os fatos seguintes não são bem
conhecidos e os relatos contraditórios. Segundo uma versão, tribos inimigas que não tinham
acompanhado Aleixo atacam o acampamento de surpresa. No conflito, Garcia e vários de seus
comandados são mortos. Outros, a custo, conseguem fugir. Outra versão atribui a morte de Aleixo
Garcia a conflito com seus próprios companheiros, em disputa pelo saque. Era o final do ano de
1525. Entre os sobreviventes do grupo de Aleixo Garcia estava Francisco Pacheco e uns poucos
carijó. O pequeno grupo consegue voltar ao litoral catarinense trazendo 45 kg de objetos de ouro e
prata. Existem relatos também da passagem de Aleixo Ledesma pelo território argentino,
carregando despojos. Francisco Chaves e um menino, filho de Garcia, teriam também sobrevivido
à emboscada. O menino foi deixado com seus parentes guarani da região, enquanto Chaves
seguia um ramo do Peabiru em direção ao litoral paulista. Anos mais tarde, em São Vicente,
contava histórias sobre ouro e prata existentes nos Andes. Ele consegue convencer Martim Afonso
a financiar uma expedição em busca de tais riquezas. Com 80 europeus armados e alguns índios
sob seu comando, Chaves partiu rumo a oeste. Porém, o sonho de alcançar as riquezas do “El
Dorado” teve mais uma vez desfecho trágico: foram todos massacrados por nativos da região da
foz do Iguaçu. Os outros companheiros de naufrágio de Aleixo Garcia continuaram vivendo nos
arredores da Ilha, participando nos eventos de sua história.
2. Don Rodrigo Alcuña:
Em abril de 1526 o galeão São Gabriel, ancora em uma baia ao sul da “Ilha dos Patos”. Era
componente da armada de Jofre Garcia de Loyasa, em busca das ilhas Molucas. Próximo à
Patagônia, fortes tempestades dispersaram os navios. Ficam alguns dias nessa baia, fazendo
reparos no navio e se abastecendo de água fresca na costa vizinha. Um dia, aparece uma canoa.
Seu tripulante, um índio, trazia na mão um papel escrito. O nativo é levado à presença do capitão,
Don Rodrigo Alcuña. A carta pedia que alguém do barco acompanhasse o índio até a morada de
europeus que viviam na região. Eram os remanescentes do grupo de Aleixo Garcia. O capitão
envia o contador do navio com o índio. Três dias depois ele retorna acompanhado de dois
europeus, maltrapilhos, com barba e cabelos crescendo sem cuidados. Eram Melchior Ramirez e
Henriques Montes, que se apresentam a D. Rodrigo, contando a história de seu naufrágio.
Terminam convidando o capitão a levar seu navio para próximo de suas residências, onde o porto
era melhor, com boa caça a água cristalina. O navio deixa o local onde estava, que os visitantes
tinham nomeado “Porto de D. Rodrigo”, em homenagem ao capitão, e ruma para o “Porto de
Patos”. Diferentes autores localizam o Porto de D. Rodrigo em locais diversos: Pântano do Sul,
Pinheira e Garopaba. Por intermédio dos dois náufragos, D. Rodrigo negocia com os carijó o
abastecimento do navio. Os dois europeus vendem a D. Rodrigo 1800 kg de farinha, 240 kg de
feijão, pano para uma vela mezena e vários refrescos. Sabendo da existência de crianças, filhas
dos náufragos com mulheres carijó, D. Rodrigo envia à terra o capelão do navio para batiza-los.
Montes e Ramirez contam então ao capitão a aventura de Aleixo Garcia, até a volta do grupo
sobrevivente trazendo objetos de ouro. Além dos dois, viviam na ilha Francisco Pacheco e outro
companheiro. Os demais, que não tinham acompanhado Garcia, tinham sido levados por um barco
até a baia de Santos. Os despojos inca, com cerca de três arrobas (45 kg) foram oferecidos ao rei
da Espanha e colocados em um barco para levar ao navio junto com outros suprimentos. Ao se
aproximar do navio, o barco começa a fazer água e afunda, perdendo-se a carga com os objetos
inca e quinze dos 23 tripulantes do barco. Ramirez, que ia ao navio fazer as contas, estava entre
os sobreviventes.
No dia seguinte os índios conseguem recuperar o barco afundado. Durante quatro dias os
marinheiros trabalham consertando o barco. O Contramestre, Sebastián de Vilareal decide ficar
em terra, com 8 companheiros, preferindo viver com os Carijó, a enfrentar as incertezas do mar.
No navio, o capitão manda rezar uma missa com os tripulantes restantes: todos devem jurar
lealdade ao rei e permanecer a bordo.
Alguns dos tripulantes queriam se amotinar, falavam em matar o capitão e ficar em terra,
com o Contramestre. D. Rodrigo, que tivera notícia dos murmúrios de descontentamento, manda
chamar seu homem de confiança, Francisco D‟Avila, incumbindo-o de convencer os descontentes
a respeitar o juramento. Ele dirige-se aos líderes Miguel Ginovéz, Morelo e Castrillo advertindo-os
da gravidade do crime de motim. Os líderes descontentes dizem então concordar em permanecer
no navio.
Com o acordo aparente, eles saem com 20 homens em um barco para recolher as âncoras.
Ao se aproximarem da boia, uma surpresa: Miguel Ginovez, de espada em punho obriga os
marinheiros a remarem até a praia, onde o grupo revoltado foge para o mato.
Montes e Ramirez tentam convencer os amotinados a voltarem ao navio. A maioria concorda,
mas cinco deles decidem ficar em terra a qualquer custo.
Decidido o impasse, O galeão San Gabriel parte, deixando 14 desertores. Com a redução
da tripulação, o capitão muda os planos de viagem. Decide retornar à Espanha contornando a
costa brasileira.
Irmão Eleutério Nicolau da Conceição
3. A expedição de Sebastião Caboto:
Em 19 de outubro de 1526 chega à Ilha uma expedição espanhola com três naus. Era
comandada pelo veneziano Sebastião Caboto, Piloto Mor da Espanha. As três naus param ao
largo da atual “Ilha do Reparo”, ilhota na extremidade sul da “Ilha dos Patos”.
Surge então uma canoa com nativos da região. Por meio de sinais, os nativos dão a
entender que existem cristãos na região. No outro dia, outra canoa chega, trazendo um europeu.
Ele fala da presença em terra dos desertores de D. Rodrigo. Conta também dos náufragos da
caravela de Solís, Henrique Montes e Melchior Ramirez, que viviam a 12 léguas dali. 3 dias depois
chega Henrique Montes, que conta a aventura de Aleixo Garcia no país do ouro e prata,
estimulando a cobiça dos espanhóis. Mais tarde chega Ramirez, que confirma todas as histórias
de Montes, acrescentando outros detalhes de sua experiência como intérprete na expedição de
Cristóvão Jacques de 1522. Mas Caboto queria mais detalhes sobre as riquezas do “El Dorado”, e
ouve extasiado a história de uma serra toda de prata.
Orientado pelos náufragos, Caboto entra pela barra Sul, até a boca do “rio dos Patos”
(Massiambú?). Era 28 de outubro. Ao dobrar uma ponta de terra para entrar na boca do rio que
formava o porto ocorre o inesperado. A nau capitânia, “Santa Maria de la Concepción” fica presa
em um baixio e inclinando-se começa a fazer água. Caboto rapidamente abandona a nau em um
barco, alcançando uma das ilhas próximas. O capitão da outra nau, Francisco de Rojas, manda
socorro para a Capitânia, mas o resgate da carga prolonga-se por 4 dias. As duas naus
remanescentes entram em uma enseada da Ilha, que foi chamado “Porto da Galera”. Existem
indícios de que este ancoradouro era localizado na Tapera do Ribeirão.
No porto formado pela foz de um rio, instalou-se a expedição de Caboto. Com auxílio dos
Carijós foi erguido um arraial. Comandavam os trabalhos Mestre Richard (holandês), Juan (grego)
e Baptista (genovês). Juntos estavam também os ferreiros Pedro Burgão e Pero Dias Gallego.
Erigiram uma capela, ferraria, açougue, enfermaria para os doentes, galinheiro, casas para
moradia, depósito de pólvora e armazém de mantimentos.
Em novembro daquele ano, na capela de madeira foi rezada a primeira missa em terras
catarinenses. A capela não tinha espaço suficiente para abrigar os tripulantes das três naus e os
curiosos Carijó.
Nas vizinhanças da praia foi montado um estaleiro para construir uma galera e um batel.
Caboto batizou a ilha, quando, em 15 de novembro, ficou pronto o estaleiro, dando-lhe o nome de
Santa Catarina.
Enquanto a expedição permaneceu na Ilha, o espanhol Durango, desertor do “San Gabriel”,
acompanhava os índios nas caçadas em busca de alimentos. Entre 10 de novembro de 1526 e 3
de fevereiro de 1527 Sebastião Caboto e seus comandados consumiram 273 veados, 398
galinhas, 200 perdizes, 80 patos, 52 cabaças de mel, 40 cestos de batata doce, 40 de inhame, 200
mãos de milho, 30 cargas de mandioca, 26 cargas de ostras, 80 cargas de peixe moído, 6 porcos
do mato, 2 antas, palmitos, etc. O pagamento dos carijós foi feito com machados, facas, punções,
anzóis, espelhos etc.
Muitos dos tripulantes adoeceram com malária, dos quais quatro morreram. A enfermaria
estava sempre lotada.
Caboto decide então uma mudança nos planos originais. Reuniu seus oficiais, planejando
uma expedição exploratória ao “Rio de Solís”. Francisco Rojas foi o único que se opôs à decisão
do capitão geral, ficando visado por ele. O Comandante parece esquecer que nossa missão é
encontrar as Ilhas Molucas, e não, correr atrás do “El Dorado”!
Caboto manda prender Rojas por insubordinação e segue com seus planos. Em 7 de
fevereiro a galera e o batel estavam prontos. Henrique Montes e Melchior Ramirez entraram no
navio com suas famílias, além de desertores do “San Gabriel”. Não há referências a Francisco
Pacheco, provavelmente ausente nessa ocasião.
Caboto mandou um barco buscar três dos seus oficiais, presos por sua ordem no outro
navio. Eram eles Francisco de Rojas, o capitão que se insurgira contra Caboto; o piloto Miguel de
Rodas, responsável pelo naufrágio da Capitânia e o tenente Martin Mendéz. Para surpresa dos
prisioneiros, o barco dirigiu-se para a praia, desterrando-os junto aos Carijó com seus pertences,
barris de bolachas, vinho, armas e pólvora.
Sebastião Caboto mandou chamar o cacique Topevara, encarregando-o dos desterrados,
até sua volta. No dia 15 de fevereiro seguiu então a expedição para o “Rio de Solís”: duas naus e
uma galera chamada “Santa Catalina” alçaram velas e rumaram para o Sul,
Três anos depois a expedição de Caboto retorna à Ilha de Santa Catarina. Tinham vivido
muitas aventuras no “Rio de la Plata”. Percorreram rios, construíram fortes em suas margens,
sempre em busca das minas de prata. Muitos foram os confrontos com nativos da região,
resultante na morte de vários europeus. Segundo Caboto, 4000 índios foram mortos. Seu retorno
ocorreu no início de 1530. No Porto de Patos encontraram Durango, o qual relata o ocorrido com
os degredados. Os três condenados logo mudaram-se para o continente, onde viviam outros
europeus. Por algum tempo viveram no continente. Certo dia, Martim Mendéz e Miguel de Rodas
desentenderam-se com Francisco Rojas e decidiram cruzar a baia e voltar para a Ilha. Juntaram
seus pertences e uma noite decidiram cruzar a baia na companhia de três índios. Pretendiam
depois continuar a viagem até a baia de Santos. Porém, encontram fortes ventos, que provocam
seu naufrágio. No dia seguinte, o corpo de um dos índios foi dar à praia. Nos restos do naufrágio
se encontravam objetos pertencentes aos dois espanhóis: Todos tinham se afogado. Mais tarde,
Francisco de Rojas foi levado a Santos pelo bergantim de Diego Garcia que aportou na Ilha. Então
a expedição de Caboto deixou definitivamente a Ilha de S. Catarina, chegando a Sevilha em 28 de
julho de 1530.
4. A ilha e a colonização do Prata:
Em 3 de dezembro de 1530, parte de Lisboa Martim Afonso de Souza, para estabelecer as
primeiras povoações portuguesas no Brasil. Sua frota era composta por uma nau capitânia, um
galeão (São Vicente), e duas caravelas (Rosa e Princesa). Henrique Montes era um dos
componentes da armada de Martim Afonso. Na altura de Pernambuco, a frota encontra dois navios
franceses corsários carregados de pau-brasil. No combate, os franceses são derrotados e seus
navios incorporados à frota portuguesa. Mas enfrentam um obstáculo: o forte construído por
Cristóvão Jacques tinha sido destruído e saqueado pelos franceses. Martim envia as duas
caravelas em exploração para o norte, e uma das naus aprisionadas de volta à Lisboa. Nessa
época, os únicos europeus presentes no Brasil eram sobreviventes do naufrágio de embarcações
que se aventuravam a explorar as novas terras. Na Bahia, os portugueses encontraram Diogo
Álvares Correia. Vítima de naufrágio, vivia há 22 anos entre os índios que o apelidaram
“Caramuru” deus do trovão, devido ao estrondo de seu arcabuz.
Descendo para o sul, param no Rio de Janeiro, onde tem início a construção paliçada,
forte, oficina de ferraria e estaleiro para reparo das embarcações (abril de 1531).
Em agosto segue m para Cananéia, e depois para o Rio da Prata. Ao passar pela Ilha,
deixam no Porto de Patos uma nau avariada para reparos. A expedição enfrenta forte tempestade
nas proximidades do Chuí. Naufraga a nau capitânia, morrendo 7 de seus tripulantes Martim
Afonso salva-se incólume.
Explorando a região do Prata, Martim Afonso mede latitudes e longitudes, concluindo,
desapontado, estar fora dos domínios portugueses. No regresso, passam pelo Porto de Patos,
onde recolhem alguns náufragos castelhanos. Em 20 de janeiro de 1532 instalam-se em São
Vicente.
Em 1534, D. João III de Portugal dividiu o Brasil em faixas de terras chamadas capitanias,
para assegurar o domínio português sobre as terras do Brasil. Martim Afonso recebeu a capitania
de São Vicente e seu irmão, Pero Lopes de Souza ficou com as terras correspondentes ao litoral
catarinense.
Por essa época, a Espanha reuniu uma poderosa frota de 15 naus e 1500 homens, sob o
comando de D. Pedro de Mendoza. A esquadra partiu de Sanlúcar de Barrameda em 24 de agosto
de 1535. Seu objetivo: iniciar a colonização das terras banhadas pelo Rio da Prata. Eram
membros da frota: Melchior Ramirez, como escrivão da armada, Diego Garcia de Morguer e
Gonçalo Costa.
Depois de uma escala na Ilha de S. Catarina, para se abastecer de água e alimentos
frescos, a expedição acampou nas margens do Prata e, em 3 de fevereiro de 1536 foi fundada a
vila de “Nuestra Señora Santa Maria de Buen Ayere”.
Mas os espanhóis logo se desentenderam com os nativos, que a princípio os receberam
bem. Os índios foram tratados como súditos do rei da Espanha, obrigados a atender os desejos
dos espanhóis, e se revoltaram. Em contínuos confrontos, os índios acabaram cercando o
povoado por terra. Um muro de terra batida circundava casebres cobertos de palha. A vigilância
era constante para impedir ataques indígenas.
Impedidos de entrar na mata em busca de alimentos, os espanhóis enfrentam fome e
doença. O capitão Gonçalo Mendoza foi então enviado então com a nau “Santa Catalina” ao Porto
de Patos, em busca de provisões. Vinha com ele Gonçalo Costa, como intérprete, para auxiliar no
contato com os Carijó. Os pacíficos Carijó aceitam comerciar com os espanhóis, abastecendo o
navio, que regressa carregado de mantimentos, levando também alguns náufragos remanescentes
da região.
O assédio dos índios ao povoado de Buenos Aires tornou a situação de seus defensores
cada vez mais crítica. Doenças e fome causavam tantas mortes quanto as setas dos indígenas.
Após muitas lutas e mortes o povoado foi abandonado aos cuidados de pequeno grupo de
homens, enquanto Pedro de Mendoza subia o rio Paraná com seus comandados. Um navio foi
enviado em busca de alimentos. Os marinheiros deveriam caçar lobos marinhos em uma ilha na
entrada do estuário do Prata. Os tripulantes assumem o comando e desviam a rota para a
Espanha. Nas proximidades da Ilha de Santa Catarina são deixados oito tripulantes que não
concordavam com a fuga. Outros navios subiram o Prata a procura de mantimentos, fundando no
trajeto várias povoações.
O primeiro ano e meio de colonização do Prata cobrou alto tributo: mais de 1000 europeus
perderam a vida, e não há registro do elevado número de mortos entre os nativos.
Em agosto de 1537 Juan Salazar de Espinoza funda no rio Paraguai o Puerto de Nuestra
Señora de la Asunción, atual Assunção, capital do Paraguai. Nesse povoado ficam os espanhóis
trazidos da Ilha de Santa Catarina com suas famílias.
O Comandante Geral, Pedro de Mendoza, doente, retorna à Espanha com duas naus e 150
homens, com um pedido de socorro. Gonçalo Costa o acompanha. Mendoza morre na viajem,
sendo seu corpo lançado ao mar. Duas naus são enviadas da Espanha em socorro dos
colonizadores do Prata, a Marañona, comandada por Alonso Cabrera e a Santa Catalina, sob o
comando de Antônio Lopes de Aguiar. Na expedição vem Gonçalo Costa e também cinco frades
franciscanos. A nau Marañona é arrastada por tempestades e procura abrigo no porto da Ilha de S.
Catarina. Seus 200 tripulantes desembarcam para os necessários reparos. Chega então o galeão
Anunciada, vindo de Buenos Aires em busca de provisões. Os dois navios partem em direção ao
Prata carregados de mandioca e milho. O galeão terá destino trágico: será despedaçado por uma
tempestade na entrada do estuário do grande rio.
Dois frades, Frei Bernardo de Armenta e Frei Alonso Lebrón, permanecem junto aos Carijó,
nas aldeias do continente, próximo ao estreito - tem início a missão franciscana no Brasil. Os
frades renomeiam o lugar como Porto de São Francisco, e são bem aceitos pelos Carijó. Muitos
dos índios são batizados e adotam costumes cristãos. Mais tarde, os frades deslocam a sede de
sua missão para M‟biaza (Laguna). Para alcançar maior número de nativos. Era o final do ano de
1538.
5. O governador espanhol:
Em 29 de março de 1541 faz escala na Ilha nova expedição espanhola, com duas naus,
duas caravelas, 40 oficiais e fidalgos, 400 soldados e 26 cavalos. Era comandada por Don Alvar
Nunes Cabeça de Vaca, nomeado Adelantado (governador) do Rio da Prata e Paraguai, caso
Juan Ayolas, substituto de D. Pedro Mendoza, não estivesse vivo. Se não assumisse como
Adelantado, o rei concedera o usufruto desta ilha por 12 anos.
Alvar tinha vivido incríveis aventuras. Sobreviveu a tempestades e naufrágios nas costas da
Flórida (EUA), onde aportou em 1528. Os exploradores espanhóis enfrentaram imensas
dificuldades. Durante 10 anos percorreram 18000 km a pé, enfrentando fome, feras e indígenas.
Depois de muitos contratempos, Alvar e quatro companheiros remanescentes, acabaram por
alcançar o México, de onde ele retorna à Espanha em 1537.
O português Gonçalo Costa vinha novamente, agora como capitão de uma das naus, Piloto
Mor e intérprete do Adelantado. Em 18 de abril, ignorando o rei de Portugal, Cabeça de Vaca toma
posse da Ilha, formalmente, em nome d‟El Rey da Espanha.
O local onde Cabeça de Vaca aportou situava-se na Baia Norte, chamada por ele de Baia
de Ramos. Surge então um antigo habitante da Ilha, Durango, desertor do galeão San Gabriel. Ele
conta a Alvar a aventura de Aleixo Garcia. Alvar ficou interessado e queria contatar com
remanescentes do grupo de Aleixo Garcia para encontrar o caminho. Porém, não havia mais
ninguém deste grupo na região.
Durango e Gonçalo Costa conseguem a participação dos Carijó na construção de casas
para o governador e seus comandados, Eles também abastecem o acampamento com caça,
peixe, mandioca e milho. Cerca de três meses depois, por razões desconhecidas, o comandante
decide mudar-se para o continente fronteiro à Ilha, em local batizado com o nome de “Puerto de
Vera”. Não existe certeza quanto a localização desse porto, se na baia de São José, ou da
Palhoça. No trajeto para o novo porto, fortes ventos fazem as duas caravelas naufragarem. Os
barcos, que enfrentaram com sucesso a travessia do Atlântico, afundam com toda sua carga na
Baia Sul. Os outros dois navios recolhem os tripulantes das caravelas afundadas. Todos são
salvos.
Gonçalo Costa reclama da mudança, pois ficaram distantes das aldeias Carijó que os
abasteciam. O auxílio dos Carijó das outras aldeias na construção do novo acampamento era
prestado de má vontade, pois eles não estavam habituados a esse tipo de trabalho. Gonçalo era
também responsável pelo abastecimento. Percorria as aldeias indígenas para comprar
mantimentos. Em maio, antes da mudança, chegara um batel com 9 fugitivos de Buenos Aires.
Traziam notícias dos problemas da colônia, da fome e doença generalizadas e do cerco pelos
índios.
Então Alvar reúne seus oficiais e decide mandar uma expedição a Buenos Aires por mar, e
outra a Asunción por terra.
15 soldados e 5 índios (três carregadores e dois guias) comandados por Pedro de Orantes,
seguiram para o Norte. Missão: encontrar o caminho seguido por Aleixo Garcia. Durante três
meses percorrem o litoral norte, entrando terra-a-dentro, Alcançam os campos de Curitiba, onde
em contato com aldeias guarani. Descobrem o Peabiru.
Os batedores retornam com a missão cumprida.
Encontrado o caminho, o governador prepara sua expedição: 250 arcabuzeiros e besteiros,
dois frades franciscanos e 26 cavalos seguirão por terra para Asunción. Era 18 de outubro de 1541
quando uma das naus saiu do Porto Vera com destino à foz do rio Itapocu levando a expedição.
Deixaram vários presentes para os nativos em agradecimento por sua ajuda. A outra nau
permaneceu no porto, abastecendo-se para a viagem à Buenos Aires.
A nau que levara o governador, retorna ao porto, onde também se abastece de
mantimentos. Somente em 28 de dezembro as duas naus seguem para o Prata. No comando
estava Pedro Stopiñan Cabeça de Vaca, primo de Alvar. Pretendiam alcançar Buenos Aires e de lá
a Asunción de onde mandariam uma expedição ao encontro do Adelantado.
O grupo levado por Alvar parte da praia de Barra Velha em 2 de novembro, Gonçalo Costa
entre eles. Enfrentam calor, mosquitos, serpentes venenosas e feras selvagens. Os contratempos
tornam a viagem difícil e lenta. Entram em contato com diferentes tribos indígenas, cruzam rios e
vales e descobrem, assombrados, a beleza das cataratas do Iguaçu. Durou 130 dias a longa,
cansativa e perigosa viagem, deixando 3 mortos no caminho. Em 11 de março de 1542 chegam
finalmente a Asunción. As naus que seguiram para Buenos Aires, encontram-na deserta. Depois
de vários contratempos, chegam à Asunción em dezembro de 1542.
Don Alvar Nunes cabeça de Vaca nunca retornou à Ilha. Em 1555, na cidade de Valadolid,
Espanha, ele publicou o relato de suas aventuras, incluindo os fatos aqui narrados.
Na segunda metade do século XVI, muitos outros navios espanhóis e de outras
nacionalidades estiveram na Ilha, além dos vicentistas, sempre a caça de escravos índios. A fuga
dos Carijós para o continente, tentando escapar dos escravistas e seu receio de manter contato
com os novos europeus que aportavam na região criou problemas para os visitantes.
Os europeus não podiam mais contar com as roças de mandioca e milho dos nativos, nem
com suas habilidades na caça e pesca. Assim, existem histórias de terríveis ocorrências de fome
sofridas por expedições espanholas naufragadas na região,
Somente em meados do século XVII tem início a ocupação da Ilha e arredores por
portugueses, em ações que levarão à definitiva colonização do litoral catarinense. Mas, essas já
são outras histórias, e serão contadas em outra ocasião.
Bibliografia
- BYAM, Armas e Armaduras. São Paulo: Editora Globo, 1990.
- BOITEUX, Lucas Alexandre, Notas para a História Catharinense (1911)
[Biblioteca da UFSC]
- BOND, Rosana. A Saga de Aleixo Garcia. Florianópolis: Editora Insular,
1998.
- BRANCHER, Ana, AREND, S. M. Fávero (Organizadoras). História de
Santa Catarina: séculos XVI a XIX- Florianópolis: Editora da UFSC, 2004.
- BURLAND, C. A. Os Incas. São Paulo: Melhoramentos, 1978
- CABEZA DE VACA, Álvar Nunes. Naufrágios e Comentários. Porto Alegre:
L&PM, 2003.
- CARUSO, Mariléia M.Leal , CARUSO, Raimundo C. Índios Baleeiros e Imi-
grantes. Tubarão: Editora Unisul, 2000.
- COELHO, E. Teixeira, CORREIA, Raul. O Caminho do Oriente. Antologia da
BD Portuguesa. Lisboa: Editorial Futura, 1983.
- COELHO, Manoel Joaquim D‟Almeida - Obra Completa – Florianópolis:
„ IHGSC, 2005.
- CORRÊA, Carlos Humberto P. História de Florianópolis Ilustrada- Floria
Polis: Editora Insular, 2004.
- HUBER, Siegfried. O Segredo dos Incas. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia, 5ª
Edição,1966
- LUZ, Aujor Ávila da. Santa Catarina, Quatro Séculos de História – Floria
nópolis: Editora Insular, 2000
- MIDDLETON, Haydn. O Cotidiano Europeu no Século XVI. São Paulo: Me
lhoramentos, 1992.
- MOSIMANN, João Carlos. Porto dos Patos - Editora Gráfica Estúdio 4
LTDA., 2002.
- PAIVA, Arcypreste Joaquim d‟Oliveira. Notícia Geral da Província de San-
ta Catarina (1873)[Biblioteca da UFSC]
- PIAZZA,Walter F. Santa Catarina- Sua História – Florianópolis: Co-edição
Ed. UFSC-Ed. Lunardelli, 1983
- SEGRELLES, Vicente, CUNILLERA, Antônio. Armas que Revolucionaram o
Mundo. Ed. Livraria Civilização.
- SILVA, José G. dos Santos. Subsídios para a História da província de San
ta Catarina - Vol.1. Florianópolis: IHGSC, 2007.
- TONUCCI, Paulo M. - Os Povos Andinos. São Paulo: Edições Paulinas, 1992
- Brasil 500 Anos. Editora Abril, São Paulo, 1999.
- Grandes Personagens de Nossa História, Volume 1- Editora Abril Cultural,
São Paulo, 1969.
- História em Revista - Viagens de Descobrimento -1400-1500. Rio de Ja-
neiro: Abril Livros, 1991.
Com registros do Ir. Borbinha, visualize as fotos da palestra do Ir Eleutério
clicando no link a seguir:
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fechando a cortina
NOTAS:
i
Então Josué edificou um altar ao SENHOR Deus de Israel, no monte Ebal.
ii [1] E sucedeu que, ouvindo isto todos os reis, que estavam aquém do Jordão, nas
montanhas, e nas campinas, em toda a costa do grande mar, em frente do Líbano, os
heteus, e os amorreus, os cananeus, os perizeus, os heveus, e os jebuseus, [2] Se
ajuntaram eles de comum acordo, para pelejar contra Josué e contra Israel.
iii [24] Então Josué, e todo o Israel com ele, tomaram a Acã filho de Zerá, e a prata, e
a capa, e a cunha de ouro, e seus filhos, e suas filhas, e seus bois, e seus jumentos, e
suas ovelhas, e sua tenda, e tudo quanto ele tinha; e levaram-nos ao vale de Acor.
[25] E disse Josué: Por que nos perturbaste? O Senhor te perturbará neste dia. E todo
o Israel o apedrejou; e os queimaram a fogo depois de apedrejá-los.
iv Então Josué levantou-se, e toda a gente de guerra, para subir contra Ai; e escolheu
Josué trinta mil homens valorosos, e enviou-os de noite.
v E todos os que caíram aquele dia, assim homens como mulheres, foram doze mil,
todos moradores de Ai.
Também se usa a grafia Hai. (Nota: Aquilino R. Leal)
vi E ao rei de Ai enforcou num madeiro, até à tarde; e ao pôr do sol ordenou Josué
que o seu corpo fosse tirado do madeiro; e o lançaram à porta da cidade, e levantaram
sobre ele um grande montão de pedras, até o dia de hoje.
vii [3] E os moradores de Gibeom ouvindo o que Josué fizera com Jericó e com Ai,
[4] Usaram de astúcia, e foram e se fingiram embaixadores, e levando sacos velhos
sobre os seus jumentos, e odres de vinho, velhos, e rotos, e remendados; [5] E nos
seus pés sapatos velhos e remendados, e roupas velhas sobre si; e todo o pão que
traziam para o caminho era seco e bolorento. [6] E vieram a Josué, ao arraial, a Gilgal,
e disseram a ele e aos homens de Israel: Viemos de uma terra distante; fazei, pois,
agora, acordo conosco.
viii E os filhos de Israel não os feriram; porquanto os príncipes da congregação lhes
juraram pelo Senhor Deus de Israel; por isso toda a congregação murmurava contra
os príncipes.
ix Disseram-lhes, pois, os príncipes: Vivam, e sejam rachadores de lenha e tiradores
de água para toda a congregação, como os príncipes lhes disseram.

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Ciência, medicina e arte na perspectiva de Mario Gentil Costa

  • 1. JB NEWSRede Catarinense de Comunicação da Maçonaria Universal www.radiosintonia33 – jbnews@floripa.com.br Informativo Nr. 1.182 Filiado à ABIM sob nr. 007/JV Loja Templários da Nova Era nr. 91 Quintas-feiras às 20h00 - Templo: Obreiros da Paz - Canasvieiras Editoria: IrJeronimo Borges – JP-2307-MT/SC Florianópolis (SC) – quarta-feira, 27 de novembro de 2013 Índice: Bloco 1 -Almanaque Bloco 2 -Opinião: Mario Gentil Costa “ Ciência, Medicina e Arte “ Bloco 3 - Ir Paulo Roberto – Maçons Célebres – Bloco 4 – Ir Aquilino R. Leal – Bloco 5 - IrEleutério Nicolau da Conceição – PALESTRA: “Ilha de Santa Catarina – Náufragos e Con- quistadores – Os primeiros anos “ Bloco 6 – Fechando a Cortina Pesquisas e artigos desta edição: Arquivo próprio - Internet - Colaboradores – Blogs - http:pt.wikipedia.org - Imagens: próprias e www.google.com.br Os artigos constantes desta edição não refletem necessariamente a opinião deste informativo, sendo plena a responsabilidade de seus autores. Hoje, 27 de novembro de 2013, 331º dia do calendário gregoriano. Faltam 34 para acabar o ano. Dia Nacional do Combate ao Câncer; Dia do Técnico em Segurança do Trabalho Se não deseja receber mais este informativo ou alterou o seu endereço eletrônico, por favor, comunique-nos
  • 2.  399 - É eleito o Papa Anastácio I, 39º papa, que sucedeu o Papa Sirício.  1199 - Fundada a cidade da Guarda, Portugal, através de Foral de D. Sancho I.  1754 - A mais antiga referência que se tem do nome da cidade de Pittsburgh.  1807 - A família real portuguesa foge para o Brasil na sequência da do país por tropas napoleónicas.  1830 - Aparição de Nossa Senhora das Graças a Santa Catarina de Lauboré.  1838 - Uma força naval francesa bombardeia Veracruz, México, iniciando a Guerra dos Pastéis.  1856 - Recarei é elevado a freguesia.  1906 - A Costa Rica adopta a sua bandeira.  1907 - Fundação da Capela de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa no Distrito de Pedras, Município de Morada Nova, Estado do Ceará, Brasil.  1935 - Levante comunista no Rio de Janeiro (v. Intentona Comunista).  1940 - Romênia durante a II Guerra Mundial: mais de 60 antigos dignitários ou oficiais são executados na prisão de Jilava enquanto aguardavam julgamento.  1941 - Batalha de Moscovo: forças alemãs finalmente avançaram para a posição mais a leste que puderam alcançar.  1942 - EUA: nasce Jimi Hendrix.  1945 - Noruega é admitida como Estado-Membro da ONU.  1979 - Extinção do Movimento Democrático Brasileiro (MDB).  1983 - Diretas-Já: manifestação na Praça Charles Miller, em frente ao Estádio do Pacaembu, em São Paulo.  1985 - Cometa Halley, o mais famoso dos cometas, atinge o ponto mais próximo ao Planeta Terra.  2001 - O Telescópio Espacial Hubble detecta hidrogénio na atmosfera do planeta Osíris, a primeira atmosfera planetária fora do nosso sistema solar a ser encontrada.  2003 - São estimados em 54.862.417 os casos de infecção pelo HIV em todo o mundo, 30% destes estavam na África do Sul.  2005 - O Clube Atlético Mineiro é rebaixado à série B do Campeonato Brasileiro.  2009 - A banda Australiana AC/DC volta ao Brasil depois de 13 anos  Data Nacional de Combate ao Câncer no Brasil  Dia do Técnico de Segurança do Trabalho (no Brasil)  Feriado municipal da cidade de Guarda  Mitologia hindu: Dia de Parvatti Devi, esposa de Shiva  Dia de Nossa Senhora das Graças  Emancipação política da cidade de Umarizal-RN Santos do Dia  Santo Virgílio, monge e, a seguir, abade do Mosteiro de Aghaboe 1 - almanaque Eventos Históricos Aprofunde seu conhecimento clicando nas palavras sublinhadas. feriados e eventos cíclicos
  • 3. (Fontes: “O Livro dos Dias” do Ir João Guilherme - 17ª edição e arquivo pessoal) 1725 A Primeira Grande Loja resolve que “O Mestre de cada Loja, com o consentimento dos Vigilantes e da maioria dos Mestres, pode fazer Mestres a seu critério” 1907 Fundada a Grande Loja da Nicarágua. 1917 Fundada a Grande Loja Simbólica da Bulgária, fechada pouco antes da II Guerra Mundial Rádio Sintonia 33 e JB News. Música, Cultura e Informação 24 horas/dia, o ano inteiro. Rede Catarinense de Comunicação da Maçonaria Universal. Acesse www.radiosintonia33.com.br fatos maçônicos do dia
  • 4. Mario Gentil Costa - Florianópolis. Contato: magenco@terra.com.br http://magenco.blog.uol.com.br CIÊNCIA, MEDICINA E ARTE Certos ditos marcaram minha sensibilidade e definiram minhas posturas. Eis alguns: “O caminho em direção à vida passa por uma evolução atômica, outra química, às quais se agregam a evolução biológica e, posteriormente, a evolução cultural.”- Ernst Meyer Vejo aí, embutida nas entrelinhas, a idéia do átomo constituindo a molécula e esta crescendo e se organizando em busca da auto-reprodução, ao resultar na célula, no tecido, no órgão, no sistema, no corpo e no ser vivo. E lá dentro, presidindo a tudo, o genoma e toda a sua essência evolutiva. Niehls Bohr: com sua genial comparação eletro-planetária que deu origem aos conceitos do micro e do macro-cosmos, aos quais, eu, modestamente, acrescentaria, de minha lavra, o mesocosmo, onde vive o homem, perplexo e esmagado entre essas duas grandezas tão opostas e tão impenetráveis. François Jacob: “A vida termina pela morte e, através desta, a Natureza sacrifica o indivíduo em prol da espécie.” Teillard Chardin: “ o homem não se poderia ver fora da humanidade, nem a humanidade fora da vida, nem a vida fora do Universo.” Seu conceito de noosfera é instigante e projeta a perspectiva de um Universo pensante, como em certa ocasião já me ocorreu, quando aludi à idéia de alguma espécie de consciência cósmica - sobre a qual já escrevi - e que regesse tudo por ser a essência do Tudo, independente de qualquer conotação religiosa, como se o Universo fosse, não apenas uma máquina, mas um grande pensamento sempre- existente, de proporções, por óbvio, eternas no tempo e infinitas no espaço. Conceito estonteante, baseado no axioma da impossibilidade da existência do Nada. O Tudo é auto-existente e necessário. Logo, não pode ter sido criado. A grande dificuldade que resta é a tendência que têm os religiosos de misturar os conceitos espírito-e-pensamento, como se fossem separados. A meu ver, são uma mesma coisa, em nada sobrenatural. Fazem parte do Tudo, e cada um de nós, com nossa limitada inteligência, somos uma mera partícula desse binômio cósmico, (máquina/pensamento), eterno e infinito. Aristóteles, a despeito de sua inegável importância na história da cultura ocidental, exacerbou sua competência e, por isso, entre rasgos de grande lucidez, errou bastante. Chegou ao desplante de considerar o coração como sede do pensamento e o cérebro mero refrigerador do organismo, quando seu mestre, Platão, já situava o pensamento no lugar que lhe corresponde. Suas idéias, juntamente com as de Ptolomeu, foram o fulcro que deu apoio e sustentação às teorias dogmáticas de Agostinho e Tomás de Aquino, que, a meu ver, servindo-se dos conceitos de imutabilidade, de protótipo e de geocentrismo engendrados por aqueles dois (Aristóteles e Ptolomeu), subverteram seu sentido para dar credibilidade a desígnios 2 - Opinião - “ ciência, medicina e arte “ Mario Gentil Costa
  • 5. mal-intencionados do Vaticano, responsável, em minha opinião, por mais de mil anos de atraso no progresso do intelecto. Foram essas idéias falaciosas que levaram às “Santas” Cruzadas e, mais tarde, à famigerada “Santa” Inquisição, sempre em busca do poder material e do controle do pensamento crítico. E os Papas atuais continuariam despudoradamente a fazer o mesmo, tivesse, mais tarde, prevalecido o dualismo cartesiano do “Res cogitans e Res extensa”, e desde que lhes fosse dada ocasião de impor sua hegemonia obscurantista e castradora. Não tivessem vingado, para o bem da humanidade, as verdades renascentistas de Copérnico, Bruno, Galileu, Keppler e Newton, e que possibilitaram a vitória do intelecto desvinculado da fé e da crendice, ainda estaríamos, até hoje, sujeitos à fogueira do “Santo” Ofício, que, felizmente, para gáudio da verdade, não mais apita nem prevalece. E eu já teria sido, só por repeti-las, condenado ao cárcere perpétuo ou ao fogo irrevogável. A compensação, para regozijo do bom-senso e triunfo da verdade, é que, antes deles - de Aristóteles, de Ptolomeu e de Descartes - existiu um Demócrito, que, com menos recursos, foi capaz de imaginar e dar conceito ao átomo e à “transformação evolutiva” - palavras suas. Um Heráclito, que disse: “Nada é permanente. A realidade é móvel. O tempo constrói e destrói todas as coisas. Ninguém pisa duas vezes no mesmo rio.” Montaigne, com argúcia, colocou o homem entre os animais. Já René Descartes o separou, considerando aqueles como meras máquinas animadas. Como estava errado! Leclerc contestou a imutabilidade aristotélica e chegou a esboçar o sistema evolutivo. Com ele, fizeram coro Lamarck, Goethe e Schopenhauer. Este último foi o homem que, em sábias palavras, disse que “A religião é como a luz; precisa da escuridão para brilhar” e acrescentou que “Os primeiros 40 anos da vida nos dão o texto; os restantes nos dão o comentário”, querendo dizer, com isso, que a maturidade obriga o homem inteligente a dar livre curso a suas idéias. Por sua vez, houve Victor Weisschopf, me vem com seus originalíssimos “dez mandamentos” científicos que fazem pensar e aplaudir. Já conhecia, por outro lado, o pensamento de Francis Bacon, de que “a natureza, para ser comandada, precisa ser obedecida.” Aprendi muito com as considerações de Howard Gardner sobre a criatividade, assunto que me empolga sobremaneira. Em paralelo, a definição “gênio”, atribuída a Samuel Johnson, é curiosa: “O verdadeiro gênio seria uma mente de amplos poderes gerais, acidentalmente determinada a atuar em alguma direção particular.” Embora sujeita a questionamentos, admito, em tese, a idéia implícita do potencial desaproveitado daqueles que se dedicaram a uma área restrita e, por isso, deixaram de despontar em outras igualmente importantes. Mas indago se Mozart teria tido o mesmo brilho se tivesse canalizado sua genialidade para a pintura ou para a matemática. Acho que o cérebro humano, conquanto interativo, é compartimentalizado, como se fosse um computador natural. E, dado o devido desconto, não consigo me imaginar, - apesar da relativa facilidade que tenho para pensar ou desenvolver em palavras um raciocínio lógico - a fazer intermináveis cálculos matemáticos, pois, nesse aspecto, minha experiência no colégio não foi das mais animadoras. E fico a discutir, cá comigo, se Enrico Caruso teria sido um grande físico ou astrônomo... Imaginação artística e poder de abstração matemática são, a meu ver, duas formas diferenciadas de pensamento e, raramente, se juntam num mesmo cérebro. Já Karl Popper, com sua interessante idéia dos 3 mundos, dá margem a reflexões que nunca me haviam ocorrido: Mundo I : o das coisas materiais pré-existentes ao homem. Mundo II : o subjetivo, que existe apenas na mente do homem, (a exemplo das cores e dos sons da natureza).
  • 6. Mundo III: objetivo, composto dos produtos da criatividade humana, e que seguem existindo em paralelo, independentes da morte do autor. Segundo Popper, “o esforço por conhecer e a busca incessante da verdade continuam sendo as razões mais fortes da investigação científica.” Seu contraponto, todavia, torna inevitável “que todo enunciado científico permaneça provisório para sempre.” Muito pertinente a colocação de que “A ciência avança sempre rumo a um objetivo remoto e, não obstante, atingível: o de sempre descobrir problemas novos, mais profundos e mais gerais, e de sujeitar suas respostas, sempre provisórias, a testes sempre renovados e sempre mais rigorosos.” Válida, por todos os títulos, a menção a Albert Schweitzer, a Andrei Sahkarov e a Linus Pauling, este último, autor do conceito de que “A única maneira de chegar a ter boas idéias é tê-las muitas, descartando, então, as que não prestarem.” A este pensamento, valeria ajuntar o de Voltaire, que nos deixou, entre seu incrível legado de pérolas mentais, a seguinte afirmação: ”Não tenho culpa de que idéias conflitantes se debatam incessantemente em meu espírito. Apenas sinto pena de tê-las tantas e de não recolher de seus despojos mais que a incerteza. Meu consolo, entretanto, é saber que é melhor ter dúvidas do que apregoar levianamente que sei o que não sei.” E, por último, uma do Marquês de Maricá: “Mais comprometedor do que mudar de idéias é não tê-las para mudar.” Antes de encerrar, gostaria de reproduzir aqui três citações que me parecem dignas de figurar em qualquer compêndio que interesse ao pensamento superlativo: 1. Deveria ser função da medicina fazer as pessoas morrerem jovens, porém tão tarde quanto possível. (Ernest Wynder). 2. Tudo o que ocorre na Natureza não é bom nem mau. Simplesmente é. (Eric Cassel). 3. Não há melhor maneira de fugirmos do mundo do que pela arte, nem de nos prender a ele do que pela arte. (Goethe). Acrescentaria, por também nos levarem à reflexão, outras, de um dos meus gurus - Carl Sagan - cujo último livro (Bilhões e Bilhões), estou lendo no presente momento: “A Natureza é muito mais inventiva, sutil e elegante do que o homem.” “Todo grande poder vem sempre acompanhado de grande responsabilidade. Nossa tecnologia tem se tornado tão poderosa que estamos nos tornando um perigo para nós mesmos.” “Afirmações extraordinárias requerem evidências extraordinárias.” “Não é difícil compreender que a Ciência tenha deixado os teólogos irrequietos.” “A Ciência não existe para confirmar nossas crenças e, sim, para averiguar a verdade.” “A evidência, pelo menos até agora - e leis da Natureza à parte - não requer um Criador.” “É fácil ser enganado pelo próprio desejo de acreditar.” “Compreender é uma das mais sublimes formas de êxtase.” “É muito melhor abraçar a verdade dura do que uma fábula tranquilizadora.” "Prefiro ser o descendente inteligente de um macaco do que um filho degenerado de Adão". E, com este gran-finale, encerro, por hoje, minhas considerações. Mario Gentil Costa – MaGenCo (2013)
  • 7. ] Bloco produzido às quartas-feiras pelo Ir. Paulo Roberto VMda ARLS Rei David nr. 58 (GLSC) Florianópolis - Paulo Roberto Contato: prp.ephraim58@terra.com.br Paulo Roberto Giovanni Maria Mastai-Ferretti (Papa Pio IX) *Senigallia (Itália), 13 de maio de 1792. †Roma (Itália), 7 de fevereiro de 1878. O Beato Pio IX, nascido Giovanni Maria Mastai-Ferretti, foi Papa durante 31 anos, 7 meses e 17 dias, entre 16 de junho de 1846 e a data do seu falecimento. É o pontificado mais longo da história depois de São Pedro. Foi o primeiro Papa da história a ser fotografado. Uma curiosidade - foi o 3º Papa a nascer no dia 13 de maio; os outros dois foram Papa Inocêncio XII e Papa Inocêncio XIII. Seus pais foram Gerolamo, dos nobres Mastai Ferretti, e Caterina Solazzi, da nobreza local. Foi batizado no mesmo dia do nascimento com o nome de Giovanni Maria; 3 - Maçons Célebres - " Ir Paulo Roberto "
  • 8. recebeu o sacramento da Confirmação em 1799 e fez a sua primeira Comunhão em 1803. Estudou no Colégio Piarista em Volterra e, em 1809 foi transferido para Roma a fim de continuar os estudos, tendo seguido então Teologia. Ainda não se havia orientado para o sacerdócio, mas vivia de modo exemplar, como o demonstram alguns propósitos feitos em 1810, ao concluir um retiro espiritual: “lutar contra o pecado, evitar qualquer ocasião perigosa, estudar „não por ambição de saber‟, mas para o bem dos demais, abandono de si mesmo nas mãos de Deus”. Por sofrer de epilepsia teve de abandonar os estudos em 1812, não conseguindo seguir uma carreira militar, fez teologia. Em 1815 começou a fazer parte da Guarda Nobre Pontifícia, mas teve que deixá-la também por motivo de saúde. Foi então que São Vicente Pallotti lhe vaticinou o supremo pontificado e a Virgem de Loreto o curou, gradualmente, da enfermidade. Em 1816 participou, como catequista, numa importante missão em Senigallia e, em seguida, optou pelo estudo eclesiástico. Recebeu as Ordens Menores em 1817, o subdiaconato em 1818 e o diaconato em 1819. Nesse mesmo ano, por concessão especial, foi ordenado sacerdote. Celebrou a sua primeira Missa na igreja de Santa Ana dos Carpinteiros, do Instituto Tata Giovanni, do qual foi nomeado reitor, permanecendo no cargo até 1823. Desde o início manifestou-se como homem de oração, consagrado ao ministério da Palavra e do Sacramento da Reconciliação, e também ao serviço dos mais humildes e necessitados. De maneira admirável uniu a vida ativa à contemplativa. Apesar de estar sempre atento às necessidades pastorais e sociais, vivia ao mesmo tempo com grande recolhimento uma intensa devoção eucarístico-mariana. Era muito fiel à sua meditação diária e ao exame de consciência. Em 1820 deixou o referido Instituto para acompanhar o Núncio Apostólico, D. Giovanni Muzzi, ao Chile. Ali permaneceu até 1825. Segundo palavras de Monsenhor Pietro Capraro, Secretário de "Propaganda Fide" (Propagação da Fé), "poucos puderam ser escolhidos no seu lugar, dotado como era de profunda e sólida piedade, doçura de caráter, prudência e clarividência..., grande zelo, desejo de servir a Deus e de ser útil ao próximo". Em 1825 foi escolhido como Diretor do Asilo de São Miguel, uma importante instituição religiosa, mas ao mesmo tempo complexa que necessitava uma reforma eficaz. Dedicou-se a esta tarefa com grande empenho, mas sem descuidar as obrigações habituais do seu ministério. Aos 36 anos de idade, foi nomeado Bispo e destinado à Arquidiocese de Spoleto. Aceitou por obediência e foi um modelo de zelo pastoral, apesar dos grandes sofrimentos. Em 1831 a revolução iniciada em Parma e Módena chegou a Spoleto. O Arcebispo, profundamente entristecido, não quis derramamento de sangue e, enquanto lhe foi possível, reparou os destruidores efeitos da violência. Restituída à calma, dedicou-se a obter paz e perdão para todos, inclusive para os que não o mereciam. Em 1832, foi transferido para outra diocese turbulenta, Ímola, onde continuou com o seu estilo de pregador fecundo e persuasivo, disposto a praticar a caridade com todos, zeloso do bem sobrenatural e material dos seus diocesanos, amante do clero e dos
  • 9. jovens seminaristas, promotor de iniciativas em favor da educação da juventude, muito sensível à importância e às exigências da vida contemplativa, inflamado de devoção ao Sagrado Coração de Jesus e à Virgem Maria, bondoso para com todos, mas firme nos seus princípios. Em 1840, com apenas quarenta e oito anos, foi nomeado Cardeal. A sua eleição para Papa sucessor de Gregório XVI foi o resultado de uma divisão no conclave entre conservadores e reformadores. Mastai-Ferretti era tido por candidato liberal, e, ao quarto escrutínio, foi eleito. Tomou o nome de Pio IX como homenagem ao Papa Pio VIII, seu antigo benfeitor. Então, na tarde do dia 16 de Junho de 1846, o Cardeal Giovanni Maria Mastai-Ferretti, que fugia das honras, foi eleito Papa e quis chamar-se Pio IX. Apesar de ser considerado no início como um liberal, o seu pontificado passou a ser considerado como uma mudança no sentido do conservadorismo por seus críticos. Pio IX iniciou uma campanha contra o que chamou de falso liberalismo. Na encíclica “Quanta Cura” (condenação das teorias de liberdade de culto e de imprensa, enquanto se fundamentassem no princípio do naturalismo, que, para Pio IX, afastava terminantemente a religião das pessoas) de 8 de dezembro de 1864, condenou dezesseis proposições que contrariavam a visão católica na época. Esta encíclica foi acompanhada pelo famoso “Syllabus Errorum” (“Sílabo dos Erros de Nossa Época”), que condenava as ideologias do panteísmo, naturalismo, racionalismo, indiferentismo, socialismo, comunismo, franco-maçonaria, judaísmo, Igrejas dadas como Cristãs ao tentarem explicar a Bíblia e várias outras formas de liberalismo religioso tidos por incompatíveis com a religião católica. Mas, mesmo assim, começou o seu pontificado com um ato de generosidade, concedendo uma anistia para delitos políticos. No ano de 1847 promulgou um decreto de ampla e surpreendente liberdade de imprensa. O ano de 1848 foi muito agitado na Europa, tendo-se iniciado com revoltas na Sicília. Em 14 de março, a desordem pública forçou Pio IX a conceder uma constituição e um parlamento. O rei Carlos Alberto da Sardenha declara guerra à Áustria nove dias depois. O levante popular continuou e um dos ministros que tinha sido nomeado pelo Papa para tentar agradar aos revolucionários foi assassinado em 15 de novembro. Durante toda sua vida foi muito devoto da Virgem Maria. Em 1849, quando se encontrava no exílio, em Gaeta, consultou o ponto de vista dos bispos da Igreja a respeito da Imaculada Conceição enviando-lhes cartas, e em 8 de dezembro de 1854, na presença de mais de duzentos bispos proclamou o dogma da Imaculada Conceição da Virgem Maria como sendo um dogma de fé da Igreja através da encíclica “Ineffabilis Deus”. Promoveu a devoção ao Sagrado Coração de Jesus e em 23 de setembro de 1856 estendeu esta festividade a todo o mundo católico, em 16 de junho de 1875 consagrou o mundo ao Sagrado Coração de Jesus. Promoveu a vida interna da Igreja por meio de muitas normas litúrgicas e reformas monásticas e um elevado número de beatificações e canonizações, sem precedentes para a época. Em 29 de setembro de 1850 restabeleceu a hierarquia católica na Inglaterra erigindo a Arquidiocese de Westminster com as sedes sufragâneas de Beverley, Birmingham, Clifton, Hexham, Liverpool, Newport e Menevia, Northampton, Nottingham, Plymouth, Salford, Shrewsbury e Southwark. Este ato provocou uma ampla comoção por parte de ingleses intolerantes, fomentada pelo Premier Russel e pelo London Times que quase resultou em perseguição aberta contra os católicos na Inglaterra. Em 4 de
  • 10. março de 1853 restabeleceu a hierarquia católica na Holanda, erigindo a Arquidiocese de Utrecht e as sedes sufragâneas de Haarlem, Bois-le-Duc, Roermond e Breda. O Papa foi cercado por uma multidão no Quirinal (antigo palácio Papal) mas conseguiu escapar com um disfarce para o Reino de Nápoles, ficando a cidade de Roma nas mãos dos revoltosos. Só em 12 de Abril de 1850 retornaria a Roma, após intervenção diplomática da França e da Áustria. Crê-se que Pio IX tenha regressado afetado por esta violência e convertido para o lado conservador. Os revolucionários ainda estavam no terreno e a manutenção dos Estados Papais, sujeita à pressão de nacionalistas como Victor Emanuel II, rei da Itália só se conseguiu com a ajuda de tropas francesas e austríacas. Em 1858 Napoleão III e o Conde de Cavour declaram em conjunto guerra à Áustria. Na sequência da Batalha de Magenta (4 de julho de 1859) as forças da Áustria retiram-se dos Estados Papais, precipitando assim a sua queda. Em fevereiro de 1860, Victor Emanuel, reclama a Umbria e a região das Marches; ao serem recusadas, toma-as pela força. Ao derrotar o exército papal em 18 de Setembro, em Castelfidardo, e em 30 de setembro em Ancona, Victor Emanuel toma todos os territórios papais exceto Roma. Em setembro de 1870 cerca Roma, tornando-a capital da nova Itália unificada. Concede a Pio IX a "Lei das Garantias" (15 de maio de 1871) que dá ao Papa direitos de soberania, uma quantia anual fixa e a extraterritorialidade dos palácios papais de Roma. Pio IX nunca aceitou a oferta oficialmente, mantendo a pretensão sobre os territórios conquistados. Embora não tenha sido preso ou impedido de viajar à sua vontade, declarava-se prisioneiro no Vaticano. Além disso, proibiu os católicos italianos de votar nas eleições do novo reino italiano. Essa incomoda questão de disputas entre o Estado e a Igreja fica conhecida com o nome de Questão Romana e só termina em 1929, quando o ditador fascista Benito Mussolini assinou com o Papa Pio XI a “Concordata de São João Latrão”. Pio IX aboliu as leis que forçavam os judeus a viver em áreas específicas, os impediam de praticar certas profissões, e os obrigavam a ouvir sermões quatro vezes por ano em tentativas de conversão. O Judaísmo e o Catolicismo eram as únicas religiões permitidas por lei (o Protestantismo era permitido aos estrangeiros mas não autorizado a italianos). Mesmo assim, o testemunho de um judeu em tribunal contra um cristão era inadmissível aos olhos da lei. Antes, em 8 de janeiro de 1857, já havia feito a condenação dos escritos filosófico- teológicos de Günther e em muitas ocasiões insistiu em que se deveria seguir a filosofia e a teologia de São Tomás de Aquino. Em 1858, num caso altamente divulgado na época, um rapaz judeu de seis anos, Edgardo Mortara, foi levado de sua casa pela polícia para os Estados Papais. Foi referido que havia sido batizado por uma empregada cristã da família quando estava doente, por temer que não fosse para o céu. Naquele tempo os cristãos não podiam ser criados por judeus, mesmo se fossem seus pais. Pio IX recusou os apelos de numerosos chefes de estado, incluindo o Imperador Francisco José I da Áustria e o Imperador Napoleão III da França para o retorno da criança a seus pais.
  • 11. Brasão pontifício do Papa Pio IX. O seu pontificado, devido às circunstâncias políticas derivadas da unificação da Itália e da perda dos Estados pontifícios, tornou-se sumamente difícil: por isso mesmo, foi um grande Papa, certamente um dos maiores. Impelido pelo desejo de cumprir a sua missão de "Vigário de Cristo", responsável dos direitos de Deus e da Igreja, foi sempre claro e direto: soube unir firmeza e compreensão, fidelidade e abertura. Entre as realizações do seu pontificado, podem-se destacar: o restabelecimento da hierarquia católica na Inglaterra, Holanda e Escócia; a condenação das doutrinas galicanas (relativo à Gália; relativo à França; relativo à Igreja francesa); a definição solene, a 8 de Dezembro de 1854, do dogma da Imaculada Conceição; o envio de missionários ao Polo Norte, à Índia, à Birmânia, à China e ao Japão; a criação de um Dicastério (ministérios que auxiliam o Santo Padre, o Papa) para as questões relativas aos orientais; a promulgação do "Syllabus Errorum", no qual condenou os erros do modernismo; a celebração, com particular solenidade, do XVIIIº Centenário do Martírio dos Apóstolos Pedro e Paulo; a celebração do Concílio Ecumênico Vaticano I - ápice do seu pontificado - que teve início em 1869 e se concluiu a 18 de Julho de 1870. Depois da queda de Roma em 20 de setembro de 1870 e do fim do poder temporal, Pio IX encerrou-se no Vaticano, considerando-se prisioneiro. No dia 7 de Fevereiro de 1878, com a sua piedosa morte, chegou ao seu fim o pontificado mais longo da história. Agora é elevado à glória dos altares não pelas suas definições dogmáticas nem pelas suas realizações como autoridade suprema dos Estados pontifícios, nem sequer pelas suas atividades pastorais, mas, sobretudo porque levou sempre uma vida santa, como jovem seminarista, Bispo e Pastor Supremo da Igreja, e ainda, porque praticou as virtudes teologais e cardeais em grau heroico. Em 29 de junho de 1869 publicou a Bula “Aeterni Patris” (restauração da filosofia cristã) com a qual convocou o Concílio do Vaticano I, cuja cerimônia de abertura contou com a presença de setecentos bispos no dia 8 de dezembro de 1869. Na quarta sessão solene do concílio, em 18 de julho de 1870, a infalibilidade papal foi declarada um dogma de fé. Criou os cardeais Wiseman e Manning da Inglaterra; Cullen da Irlanda; McCloskey dos Estados Unidos; Diepenbrock, Geissel, Reisach e Ledochowski da Alemanha; Rauscher e Franzelin da Áustria; Mathieu, Donet, Gousset e Pita da França. Moeda com a face do Papa Pio IX. Pio IX escreveu algumas encíclicas condenando determinadas teorias recém-surgidas como o comunismo e as ações anti-cristãs. Em 8 de dezembro de 1864, Pio IX escreve a encíclica Quanta Cura cujo Syllabus lista 80 dos "principais erros do nosso tempo". O 80º "erro" era que "o Pontífice Romano tem de se reconciliar e acordar com o progresso, liberalismo, e civilização moderna". Esta encíclica criticava abertamente
  • 12. aquilo que na altura era conhecido como a heresia do americanismo: a liberdade de religião, liberdade de pensamento, separação da Igreja do Estado. Num balanço do pontificado, pode ser considerado um conservador. Como curiosidade o seu nome (Pio Nono) - era referido pelos italianos antipapista como (Pio No No). Pio IX foi o papa de número 255 na história da Igreja Católica, entre 1846 e 1878. Manteve uma relação tensa com o judaísmo. Mesmo abolindo leis que determinavam condições opressoras aos judeus, condenou o judaísmo em uma de suas encíclicas. Por sinal, publicou mais de 75 encíclicas. Seu pontificado durou 31 anos, o segundo maior da história, só perdendo para São Pedro. Ocupando o cargo de Supremo Pontífice, foi um conservador. Condenava todas as novas ideologias e os movimentos que faziam parte do mundo moderno. Pio IX foi sucedido por Leão XIII. Seu túmulo está na igreja de San Lorenzo Fuori Le Mura. Túmulo de Pio IX na Basílica de São Lourenço Fora dos Muros. A sua controversa beatificação iniciou-se em 11 de fevereiro de 1907 e foi relançada por três vezes antes de ser declarado Venerável (6 de julho de 1985). Finalmente, foi beatificado, em 3 de setembro de 2000, juntamente com João XXIII, por João Paulo II. Sua festa litúrgica é comemorada no dia 7 de fevereiro, uma vez que seu falecimento se deu em 7 de fevereiro de 1878. Maçonaria Apesar de ser tido como um Papa voltado à época, para o social, Giovanni Maria Ferretti-Mastai, destacou-se pelo ódio anticristão contra a Instituição Maçônica. Sabe-se que foi maçom, tendo pertencido inclusive ao quadro de Obreiros da Loja “Eterna Cadena”, de Palermo, Itália. Obteve o registro nº 13.715, arquivado em 1839, na Loja “Fidelidade Germânica”, do Oriente de Nuremberg, Alemanha, uma credencial devidamente autenticada, com selo da Loja “Perpétua”, de Nápoles, Itália. Entretanto, como Irmão e como maçom, o Papa Pio IX, Giovanni Maria Ferreti-Mastai foi Iniciado (Recebido) na Loja “Fidelidade Germânica”. Quando o Irmão em questão, foi fraternalmente recebido em Loja maçônica na Alemanha, exercia a função de Bispo. Contudo, após, ascendendo ao Trono de São Pedro, traiu seu juramento feito em Loja, com a mão sobre a Bíblia e “honrou” a Maçonaria com seu desprezo, culminado com a publicação em 8 de dezembro de 1864, do “Syllabus”, em que fez juntar todas as bulas e encíclicas contra a Maçonaria, da qual fizera parte. A Loja “Eterna Cadena” filiada a Grande Loja de Palermo, em 26 de março de 1846, considerando o procedimento condenável do Irmão Giovanni Ferretti, resolveu expulsá-lo como traidor, depois de convocá-lo a defender-se. Como se pode observar através das datas, o perjuro Giovanni Maria Ferretti-Mastai foi expulso da Maçonaria, quando já exercia o papado, com o título de Pio IX. Aí então, têm-se a comprovação de um monarca da Igreja, expulso dos Augustos Mistérios por procedimento irregular, ou seja, traição... Raymond Dior, à página 57 de “La Franc-Maçonnerie” (publicação elaborada por Crapouillot) escreveu o seguinte: “Os maçons sempre afirmaram que o Papa Pio IX foi
  • 13. Iniciado na Maçonaria, o que explicaria o liberalismo dos primeiros anos do seu reinado.”. “Não esqueçais, meus caros colegas, que os quatro últimos reis de França eram maçons, que o Papa Pio IX, quando cardeal e participava de assembleias como maçom, declarava: „Eis o único lugar em que posso entender-me com outros homens que aceitam as mais diversas ideias com o respeito que se deve conceder ao pensamento humano. ‟” (discurso de Jammy Schmidt, na Câmara dos Deputados, em 28 de dezembro de 1835). “Curiosa figura a do Papa Pio IX. Ele foi autêntico maçom... (Victor Hugo, em 23 de janeiro de 1848, pronunciou um inflamado discurso em honra deste Papa da Revolução).” (Les Grandes Tèses Radicales, por Jammy Schmidt, pags. 174 e 175). O Dictionnaire Pierre Larousse cita Pio IX como maçom. “Floquet, Presidente da Câmara dos Deputados, afirmou que Pio IX era maçom, na Sessão de 11 de dezembro de 1891, o que provocou um grande impacto...”.
  • 14. O Ir Aquilino R. Leal * escreve às quartas-feiras e domingos, neste espaço. Aquilino R. Leal GABAON: A ORIGEM... A ASTÚCIA Material originalmente publicado na edição 168, 29/11/2008, do semanário FOLHA MAÇÔNICA - fortemente modificado/atualizado para os propósitos do JB NEWS. Aquilino R. Leal Fato: Dada a demonstração de poder de Josué pela conquista de Jericó e de Hai (“Ruina”) juntamente com a renovação da Aliança erguendo um altar para Senhor no monte Ebal (Jos 8,30)i , os reis de outras nações vizinhas (heteus, amorreus, cananeus, perizeus, heveus e jubeseus) aliaram-se para combater os hebreus que haviam se tornado uma ameaça (Jos 9,1s)ii . A bem da verdade tal poder se manifestou na segunda tentativa de conquista; da primeira, os três mil homens enviados por Josué para conquistar Hai não foram suficientes: os defensores de Hai rechaçaram por completo o contingente dos hebreus deixando-os envergonhados por tal aviltante derrota e, como costuma ocorrer, um „bode expiatório‟ teve de ser encontrado, desta feita foi ele, Acã; não somente ele como sua esposa, filhos e filhas que acabaram perecendo apedrejados, tendo também seus pertences consumidos pelo fogo (Jos 7,24s)iii . Na segunda tentativa um exercito de nada menos que trinta mil homens (Jos 8,3)iv acabou com Hai onde cerca de doze mil homens e mulheres pereceram pela espada ou lança, sendo a cidade inteiramente queimada (Jos 8,25)v - apenas seu rei foi enforcado em uma árvore (Jos 8,29)vi . Diante da demonstração de poder dos hebreus os distantes e ricos gabaonitas decidiram salvar suas vidas já que os judeus não pretendiam poupar a vida de nenhum estrangeiro como bem já o haviam demonstrado ao conquistar Jericó e Hai: preparam eles um ardil para os judeus que, a priori, ignoravam a sua existência, certamente pela distância que estavam em relação a Hai e Jericó recém conquistadas. Um bom grupo de homens, mulheres e crianças, todos esfarrapados, com embrulhos contendo pedaços mofados de pão e odres velhos contendo resto de vinho azedado, após uma penosa viagem que piorou o seu aspecto, foram ter a Josué. Arrojando-se a seus pés todos aqueles maltrapilhos malcheirosos como escravos infinitamente miseráveis. Um deles disse-lhe: “Viemos de uma terra longínqua: fazei aliança 4 - Aquilino r. leal - BODE EXPIATÓRIO Imagem extraída, outubro./2013, da pasta IMAGENS, FOTOS, DESENHOSDIVERTIDAS
  • 15. conosco” (Jos 9,3-6)vii . Os diálogos entre ambos partes culminaram com promessa de Josué, em nome do Deus de Israel, a paz e a certeza da vida dos gabaonitas desde que se mantivessem fiéis. Ora, três dias depois chegou ao conhecimento de Josué o engodo; prontamente os israelitas puseram-se a caminho chegando à cidade Gabaon. “Eles não os feriram por causa do juramento...” (Jo 9,18)viii , contudo, porque foram enganados, lhe foi sentenciado que a partir daquele momento os gabaonitas deveriam tornar-se rachadores de lenha e carregadores de água (Jos 9,21)ix . Foi dessa forma que os gabaonitas iludiram o poderoso Josué, claro que com o consentimento tácito do próprio Deus israelita... Conclusão: O rei de Gabaon conseguiu, afinal, o que pretendia: poupar a sua vida e a de seus súditos e, certamente, com o consentimento subentendido do próprio Deus israelita. Provou, em definitivo, que à divindade de Jacó não aborreciam tanto as artimanhas da astúcia quanto os queixumes abertos da rebeldia. Assim também o VM de uma Loja deve comportar-se e agir: com muita astúcia, evitando entraves e lutas que podem dizimar... Fica bem entendido que ele deve ser como um rei, mas não um rei qualquer, tem que fazer-se passar pelo rei de GABAON ou simplesmente, REI GABAON! Ter que ser, simplesmente e obrigatoriamente, gabaonita! E nada de se gabar... Nem de muitos nem de se gabar de um! Tenho dito! "Se você não quer ser esquecido quando morrer, escreva coisas que vale a pena ler ou faça coisas que vale a pena escrever." (Benjamin Franklin) NOTAS: 1 Então Josué edificou um altar ao SENHOR Deus de Israel, no monte Ebal. 1 [1] E sucedeu que, ouvindo isto todos os reis, que estavam aquém do Jordão, nas montanhas, e nas campinas, em toda a costa do grande mar, em frente do Líbano, os heteus, e os amorreus, os cananeus, os perizeus, os heveus, e os jebuseus, [2] Se ajuntaram eles de comum acordo, para pelejar contra Josué e contra Israel. 1 [24] Então Josué, e todo o Israel com ele, tomaram a Acã filho de Zerá, e a prata, e a capa, e a cunha de ouro, e seus filhos, e suas filhas, e seus bois, e seus jumentos, e suas ovelhas, e sua tenda, e tudo quanto ele tinha; e levaram-nos ao vale de Acor. [25] E disse Josué: Por que nos perturbaste? O Senhor te perturbará neste dia. E todo o Israel o apedrejou; e os queimaram a fogo depois de apedrejá-los. 1 Então Josué levantou-se, e toda a gente de guerra, para subir contra Ai; e escolheu
  • 16. Material assinado pelo Ir Aquilino R. Leal, engenheiro eletricista, professor universitário, iniciado em 03 de setembro de 1976 no Templo Tiradentes (São Cristóvão – Rio de Janeiro - Brasil), elevado em 28 de abril de 1978 e exaltado em 23 de março de 1979 ocupando o veneralato em 05 de julho de 1988. Fundador de duas Lojas Maçônicas, em particular a Loja Stanislas de Guaita 165 – Rio de Janeiro, ambas trabalhando no REAA às terças-feiras. Desde 2008 é colaborador permanente do FOLHA MAÇÔNICA (folhamaconica@gmail.com), atualmente com a responsabilidade de três colunas semanais: A POLÊMICA NA FOLHA, EUREKA (TUREKA E NÓSREKA) e ENQUETE INÚTIL. Gerencia o „Ponto Cultural do Folha Maçônica‟ (http://sdrv.ms/QobWqH) onde estão postados mais de 16 mil títulos sobre a Ordem e afins para livremente baixar. Também colaborador permanente, desde março de 2013, com duas colunas mensais, do mensário espanhol RETALES DE MASONERÍA.
  • 17. O Irmão Eleutério Nicolau da Conceição, MI da ARLS Alferes Tiradentes nr. 20, ex-presidente da Academia Catarinense Maçônica de Letras, escritor, autor de inúmeras obras literárias, proferiu na noite de ontem na novel Loja “Alvorada da Sabedoria” nr. 4285, Florianópolis, em sua sexta sessão, palestra sobre os primórdios da Ilha de Santa Catarina, discorrendo sobre seus “náufragos e conquistadores” logo após a era de 1500. Uma sequência histórica interessante, por muitos, desconhecida. Leia praticamente a íntegra de sua ´palestra: ILHA DE SANTA CATARINA NÁUFRAGOS E CONQUISTADORES (Os Primeiros Anos) Eleutério Nicolau da Conceição Desde os primeiros anos do descobrimento do Brasil, a Ilha de Santa Catarina foi muitas vezes visitada por navios espanhóis em viagem rumo a região do Rio da Prata. Aqui recolhiam agua fresca e compravam alimentos (milho, feijão, abóbora, farinha de mandioca, peças de caça, 5 – ilha de santa catarina – náufragos e conquistadores (os primeiros anos) Palestra do Ir Eleutério Nicolau da Conceição
  • 18. peixes, etc.) de seus pacíficos habitantes, os Carijó. Seus primeiros visitantes a chamaram inicialmente de “Ilha dos Patos” devido ao grande número dessas aves aquáticas nas baias da ilha. Também o porto localizado na baia sul, recebeu o nome de “Porto de Patos”, pela mesma razão. Serão apresentadas aqui cinco histórias ocorridas entre os anos de 1516 e 1542, na ilha e costa vizinha, ou com essa região diretamente relacionada. 1. Naufrágio – A Aventura de Aleixo Garcia: A história inicia-se com o naufrágio de uma caravela espanhola que acompanhara a expedição de Juan Diaz de Solís ao Rio da Prata, em 1516. Solís era o piloto da expedição e navegava em nome de Castela. As três caravelas já teriam parado na ilha, a caminho do Prata, seguindo depois rumo ao sul. O desafortunado piloto fracassara em seu primeiro contato com nativos do litoral da atual Argentina. Ao se aproximar da praia, ele e seus companheiros do barco foram aprisionados pelos nativos, mortos, assados em fogueiras e devorados, para desespero dos tripulantes das três caravelas, que de longe assistiram à tragédia. A expedição decidiu votar à Espanha. Em meio a fortes tempestades, uma das caravelas, cujo piloto era o português Aleixo Garcia, buscou abrigo na costa, acabando por naufragar na barra sul da “Ilha dos Patos”. Não existe unanimidade entre os historiadores quanto a localização da praia onde os náufragos encontraram refúgio, se na ilha, ou no continente. Também, o número de sobreviventes do naufrágio é incerto, havendo relatos de onze, quinze e dezoito homens. A história preservou os nomes de nove deles: Aleixo Garcia, Henrique Montes (um jovem de 17 anos), Francisco Pacheco (um mulato) e Gonçalo Costa, estes, portugueses a serviço de Castela, e os castelhanos Melchior Ramirez, Francisco Fernandez, Francisco Chaves, Duarte Perez e Aleixo Ledesma. Foram acolhidos pelos Carijó, que habitavam a ilha e a costa continental próxima. Podemos imaginar que os primeiros contatos com os carijó deve ter sido tenso, devido a recente experiência dos marinheiros, mas logo sua índole pacífica deve ter se evidenciado. Componentes do grupo Tupi-Guarani, os Carijó habitavam todo o litoral catarinense, bem como a ilha. Viviam em cabanas de pau-a-pique, cobertas com palha ou cascara de árvores. As cabanas eram cercadas por fileiras de troncos, formando uma paliçada. Cultivavam batatas, feijão, melancia, milho, mandioca e abóbora e criavam patos, gansos e marrecos. As mulheres fiavam algodão, com o qual teciam tangas e um tipo de vestido inteiriço sem mangas, alcançando a metade das pernas, usados nos dias frios. Usavam colares de ossos e conchas, com adereços coloridos nos cabelos. Os homens usavam os cabelos soltos, adornados às vezes com coroas de penas. No inverno acrescentavam peles de animais ao traje. Produziam aguardente de mandioca e licor de caju, muito apreciados em suas festas, quando se adornavam com coloridas penas de diferentes aves e dançavam festejando ou em rituais religiosos. O algodão fiado servia também para fabricar redes de dormir. Fabricavam também instrumentos de pedra e madeira vasilhames de cerâmica, cestos de palha e bambu e todos os apetrechos necessários para a caça e pesca. Sabiam tirar o veneno da mandioca brava, deixando-a de molho por alguns dias, prensando-a depois através de uma peneira, sendo então exposta ao sol para secar. Durante oito anos os náufragos viveram entre os carijó, sem maiores novidades. Todos tinham mulheres e filhos, e, por certo, tinham se integrado ao modo de vida índio, ficando a cada dia mais distante, em um passado remoto, a lembrança de suas vidas pregressas. Na época do naufrágio de Aleixo Garcia e seus companheiros, Portugal não tinha ainda iniciado a colonização do Brasil. O rei português, Dom Manoel, não via futuro em uma terra coberta de florestas e habitada por selvagens nus, preferindo investir no comércio com as índias. Apenas duas expedições exploratórias oficiais tinham sido enviadas, uma em 1501 e outra em 1503. Limitavam-se a extrair das matas o pau- brasil, sem estabelecer povoações fixas. Em 1526 veio nova expedição, comandada por Cristóvão Jacques, com a missão principal de combater o contrabando de pau-brasil, praticado por franceses. Ao passar pela Ilha, rumo ao sul, levou como intérprete um dos companheiros de Garcia, Melchior Ramirez. A primeira povoação brasileira só foi fundada em 1532 por Martim Afonso de Souza: São Vicente. Do descobrimento, até essa data, apenas pequenos fortes foram construídos ao longo da costa. No litoral de São Paulo, náufragos portugueses e castelhanos formaram uma pequena comunidade que sobrevivia da criação de galinhas e porcos deixados por navios que desciam à terra para se abastecer de água. Um dia, em 1524, um pequeno objeto vem revolucionar a plácida vida dos náufragos - um fragmento de objeto de ouro, mostrado por um índio. E mais espanto causou a notícia de sua origem: muito longe, a noroeste de um povo que morava em casas de pedra e usava roupas coloridas. Reunindo o grupo, Garcia tentou motivar
  • 19. seus companheiros a embarcarem numa aventura. Todos conheciam a lenda do “El Dorado” rei índio muito rico que em cerimônia anual cobria seu corpo de ouro em pó e banhava-se nas águas de um lago sagrado. Seus amigos carijó tinham parentes na região distante que falavam a mesma língua e contavam histórias de ataques às “aldeias de Pedras” dos inimigos, com ricos despojos. Apenas Aleixo Garcia, e cinco de seus companheiros decidiram partir em busca dessa terra do ouro, acompanhados por um grupo carijó, que conheciam o caminho. Armazenam alimentos, afiam as armas e seguem com um grupo Carijó para o norte, até a altura do rio Itapocú. Da praia de Barra Velha, seguiram até Corupá, seguindo a antiga trilha do “Peabiru”. O “Peabiru” era uma longa trilha ligando o Atlântico aos Andes, cruzando Brasil, Paraguai, Bolívia e Peru. Tinha pouco menos de 2 metros de largura e era coberta por gramíneas em longos trechos. Não se sabe quem teria traçado esse caminho, utilizado pelas populações indígenas. Mais tarde, foi percorrido também por conquistadores europeus, que o chamavam “Caminho de São Tomé”. Acreditavam que a trilha tinha sido aberta pelo discípulo de Jesus em visita à América pré-colombiana. O nome da trilha tem diferentes grafias: Peapyru, Peaviju, Peabiyru, bem como diferentes traduções: caminho fofo, caminho antigo, caminho ralo, caminho de ida e volta, etc. Aleixo Garcia não deixou registro escrito de suas aventuras nem de sua rota. As informações existentes partem do relato da expedição de Álvar Nuñes Cabeza de Vaca, que em 1541 seguiu a mesma trilha de Garcia até o Paraguai. Seguindo o rio Itapocú, até a serra de Corupá, passaram aos campos de Curitiba, onde viviam outras famílias Guarani. Atravessaram o rio Iguaçu, até o Tibagi, seguindo para Noroeste. Não se sabe detalhes sobre a viagem do grupo de Aleixo Garcia. Matas foram percorridas e rios superados, com os escassos recursos do bando aventureiro. Os historiadores supõem que o bando de Garcia cruzou o rio Paraná algumas léguas ao norte da foz do rio Iguaçu. A expedição de Garcia alcança o Paraguai na região onde hoje se encontra Assunção (Asunción), onde habitavam grandes grupos guarani. Os paraguaios consideram Aleixo Garcia o descobridor de seu país. Com o auxílio dos carijó de seu grupo, Aleixo entra em contato com as tribos da região e consegue adesões para formar um grande grupo com cerca de 2000 guerreiros, segundo alguns relatos (Rosana Bond, 1998). Vão tomar de assalto o sonhado “El Dorado”. O grande grupo sobe o rio Paraguai, até próximo da atual Corumbá, dali rumando para oeste. Em seu trajeto o grupo foi crescendo com adeptos das aldeias guarani e seus aliados. Cruzaram a fronteira do império inca na região de Charcas, atual Bolívia, entre Mioque e Tomina. No início do século XVI, no qual transcorre esta história, os povos habitantes da região ocupada pela cordilheira dos Andes viviam há vários séculos sob dominação do Império que conhecemos pelo nome de Inca, que se estendia desde o Equador até a Argentina. Na época, a palavra “Inca” era o título dado ao Imperador e nobres, significando “Chefe”. Em sua língua, o país era chamado “Tahuantinsuyu” – “País das Quatro Paredes”, e o Imperador governava da capital, Cusco. A economia do Império dependia da agricultura e da criação de lhamas. As terras eram divididas em três partes: uma para o Sol (sacerdotes), outra para o Inca (Imperador e nobres) e a terceira distribuída entre o povo. Os camponeses cultivavam suas terras, as do Imperador e as dos sacerdotes. O Império era governado por eficiente burocracia e ligado por vasta rede de estradas, entremeadas por postos de correio e fortalezas. Nas cidades, construíam suas casas com blocos de pedra e vestiam-se com tecidos coloridos. A aventura de Aleixo Garcia aconteceu no final do reinado de Huayna Capac, que governou até 1525. Foi o primeiro contato de europeus com o Império Inca. Em 1530, teve início a conquista espanhola, liderada por Francisco Pizarro. Quando da chegada dos espanhóis, o país achava-se em plena guerra civil. Os dois filhos de Huayna Capac, Huáscar e Athaualpa, disputavam o poder. Pizaro valeu-se da divisão provocada pela disputa para dominar os incas. Com suas armas superiores, os espanhóis massacraram grandes populações indígenas. As revoltas contra a dominação espanhola só foram terminar em 1571, com a execução do último líder inca – Tupac Amaru. Na Bolívia, os guerreiros de Garcia atacaram várias povoações indígenas. Encontraram forte resistência em Presto e Tarabuco, tendo muitas baixas. A notícia da inesperada invasão no sul logo alcançou o governo central, que do norte enviou um contingente de soldados armados, comandados pelo general Yasca. Resistindo a princípio, Garcia foi obrigado a recuar e comandar a retirada, face ao poderio superior de seus adversários. Um dado curioso; na coleção “Povos do Passado”, editora Melhoramentos, o volume que fala sobre os Incas (C. A. Burland, 1978), relata no final do governo de Huayna Capac: “Ao sul, uma tribo invasora atacou a fronteira do Peru com o Chile. Entre eles encontravam-se alguns
  • 20. espanhóis, que espalharam uma epidemia de varíola. A epidemia devastou aquela região, acabando por matar Huayna Capac em 1525.” Nessa época, os únicos espanhóis que pelo sul atacaram os incas juntamente com grande grupo índio, foram Aleixo Garcia e seus companheiros. Assim, um dos componentes do grupo de Garcia teria sido responsável pela fragilização do Império inca pela doença e morte do Inca, facilitando a futura conquista? Partem os guerreiros de Garcia carregados de despojos: objetos de ouro, prata, utensílios e tecidos inca. Alcançando o Paraguai, o exército foi desmobilizado. Na margem esquerda do rio Paraguai, 50 léguas acima do local onde mais tarde surgirá a cidade de Asunción, Aleixo acampa com seus companheiros e reduzido número dos carijó. Os fatos seguintes não são bem conhecidos e os relatos contraditórios. Segundo uma versão, tribos inimigas que não tinham acompanhado Aleixo atacam o acampamento de surpresa. No conflito, Garcia e vários de seus comandados são mortos. Outros, a custo, conseguem fugir. Outra versão atribui a morte de Aleixo Garcia a conflito com seus próprios companheiros, em disputa pelo saque. Era o final do ano de 1525. Entre os sobreviventes do grupo de Aleixo Garcia estava Francisco Pacheco e uns poucos carijó. O pequeno grupo consegue voltar ao litoral catarinense trazendo 45 kg de objetos de ouro e prata. Existem relatos também da passagem de Aleixo Ledesma pelo território argentino, carregando despojos. Francisco Chaves e um menino, filho de Garcia, teriam também sobrevivido à emboscada. O menino foi deixado com seus parentes guarani da região, enquanto Chaves seguia um ramo do Peabiru em direção ao litoral paulista. Anos mais tarde, em São Vicente, contava histórias sobre ouro e prata existentes nos Andes. Ele consegue convencer Martim Afonso a financiar uma expedição em busca de tais riquezas. Com 80 europeus armados e alguns índios sob seu comando, Chaves partiu rumo a oeste. Porém, o sonho de alcançar as riquezas do “El Dorado” teve mais uma vez desfecho trágico: foram todos massacrados por nativos da região da foz do Iguaçu. Os outros companheiros de naufrágio de Aleixo Garcia continuaram vivendo nos arredores da Ilha, participando nos eventos de sua história. 2. Don Rodrigo Alcuña: Em abril de 1526 o galeão São Gabriel, ancora em uma baia ao sul da “Ilha dos Patos”. Era componente da armada de Jofre Garcia de Loyasa, em busca das ilhas Molucas. Próximo à Patagônia, fortes tempestades dispersaram os navios. Ficam alguns dias nessa baia, fazendo reparos no navio e se abastecendo de água fresca na costa vizinha. Um dia, aparece uma canoa. Seu tripulante, um índio, trazia na mão um papel escrito. O nativo é levado à presença do capitão, Don Rodrigo Alcuña. A carta pedia que alguém do barco acompanhasse o índio até a morada de europeus que viviam na região. Eram os remanescentes do grupo de Aleixo Garcia. O capitão envia o contador do navio com o índio. Três dias depois ele retorna acompanhado de dois europeus, maltrapilhos, com barba e cabelos crescendo sem cuidados. Eram Melchior Ramirez e Henriques Montes, que se apresentam a D. Rodrigo, contando a história de seu naufrágio. Terminam convidando o capitão a levar seu navio para próximo de suas residências, onde o porto era melhor, com boa caça a água cristalina. O navio deixa o local onde estava, que os visitantes tinham nomeado “Porto de D. Rodrigo”, em homenagem ao capitão, e ruma para o “Porto de Patos”. Diferentes autores localizam o Porto de D. Rodrigo em locais diversos: Pântano do Sul, Pinheira e Garopaba. Por intermédio dos dois náufragos, D. Rodrigo negocia com os carijó o abastecimento do navio. Os dois europeus vendem a D. Rodrigo 1800 kg de farinha, 240 kg de feijão, pano para uma vela mezena e vários refrescos. Sabendo da existência de crianças, filhas dos náufragos com mulheres carijó, D. Rodrigo envia à terra o capelão do navio para batiza-los. Montes e Ramirez contam então ao capitão a aventura de Aleixo Garcia, até a volta do grupo sobrevivente trazendo objetos de ouro. Além dos dois, viviam na ilha Francisco Pacheco e outro companheiro. Os demais, que não tinham acompanhado Garcia, tinham sido levados por um barco até a baia de Santos. Os despojos inca, com cerca de três arrobas (45 kg) foram oferecidos ao rei da Espanha e colocados em um barco para levar ao navio junto com outros suprimentos. Ao se aproximar do navio, o barco começa a fazer água e afunda, perdendo-se a carga com os objetos inca e quinze dos 23 tripulantes do barco. Ramirez, que ia ao navio fazer as contas, estava entre os sobreviventes. No dia seguinte os índios conseguem recuperar o barco afundado. Durante quatro dias os marinheiros trabalham consertando o barco. O Contramestre, Sebastián de Vilareal decide ficar
  • 21. em terra, com 8 companheiros, preferindo viver com os Carijó, a enfrentar as incertezas do mar. No navio, o capitão manda rezar uma missa com os tripulantes restantes: todos devem jurar lealdade ao rei e permanecer a bordo. Alguns dos tripulantes queriam se amotinar, falavam em matar o capitão e ficar em terra, com o Contramestre. D. Rodrigo, que tivera notícia dos murmúrios de descontentamento, manda chamar seu homem de confiança, Francisco D‟Avila, incumbindo-o de convencer os descontentes a respeitar o juramento. Ele dirige-se aos líderes Miguel Ginovéz, Morelo e Castrillo advertindo-os da gravidade do crime de motim. Os líderes descontentes dizem então concordar em permanecer no navio. Com o acordo aparente, eles saem com 20 homens em um barco para recolher as âncoras. Ao se aproximarem da boia, uma surpresa: Miguel Ginovez, de espada em punho obriga os marinheiros a remarem até a praia, onde o grupo revoltado foge para o mato. Montes e Ramirez tentam convencer os amotinados a voltarem ao navio. A maioria concorda, mas cinco deles decidem ficar em terra a qualquer custo. Decidido o impasse, O galeão San Gabriel parte, deixando 14 desertores. Com a redução da tripulação, o capitão muda os planos de viagem. Decide retornar à Espanha contornando a costa brasileira. Irmão Eleutério Nicolau da Conceição 3. A expedição de Sebastião Caboto: Em 19 de outubro de 1526 chega à Ilha uma expedição espanhola com três naus. Era comandada pelo veneziano Sebastião Caboto, Piloto Mor da Espanha. As três naus param ao largo da atual “Ilha do Reparo”, ilhota na extremidade sul da “Ilha dos Patos”. Surge então uma canoa com nativos da região. Por meio de sinais, os nativos dão a entender que existem cristãos na região. No outro dia, outra canoa chega, trazendo um europeu. Ele fala da presença em terra dos desertores de D. Rodrigo. Conta também dos náufragos da caravela de Solís, Henrique Montes e Melchior Ramirez, que viviam a 12 léguas dali. 3 dias depois chega Henrique Montes, que conta a aventura de Aleixo Garcia no país do ouro e prata, estimulando a cobiça dos espanhóis. Mais tarde chega Ramirez, que confirma todas as histórias de Montes, acrescentando outros detalhes de sua experiência como intérprete na expedição de Cristóvão Jacques de 1522. Mas Caboto queria mais detalhes sobre as riquezas do “El Dorado”, e ouve extasiado a história de uma serra toda de prata.
  • 22. Orientado pelos náufragos, Caboto entra pela barra Sul, até a boca do “rio dos Patos” (Massiambú?). Era 28 de outubro. Ao dobrar uma ponta de terra para entrar na boca do rio que formava o porto ocorre o inesperado. A nau capitânia, “Santa Maria de la Concepción” fica presa em um baixio e inclinando-se começa a fazer água. Caboto rapidamente abandona a nau em um barco, alcançando uma das ilhas próximas. O capitão da outra nau, Francisco de Rojas, manda socorro para a Capitânia, mas o resgate da carga prolonga-se por 4 dias. As duas naus remanescentes entram em uma enseada da Ilha, que foi chamado “Porto da Galera”. Existem indícios de que este ancoradouro era localizado na Tapera do Ribeirão. No porto formado pela foz de um rio, instalou-se a expedição de Caboto. Com auxílio dos Carijós foi erguido um arraial. Comandavam os trabalhos Mestre Richard (holandês), Juan (grego) e Baptista (genovês). Juntos estavam também os ferreiros Pedro Burgão e Pero Dias Gallego. Erigiram uma capela, ferraria, açougue, enfermaria para os doentes, galinheiro, casas para moradia, depósito de pólvora e armazém de mantimentos. Em novembro daquele ano, na capela de madeira foi rezada a primeira missa em terras catarinenses. A capela não tinha espaço suficiente para abrigar os tripulantes das três naus e os curiosos Carijó. Nas vizinhanças da praia foi montado um estaleiro para construir uma galera e um batel. Caboto batizou a ilha, quando, em 15 de novembro, ficou pronto o estaleiro, dando-lhe o nome de Santa Catarina. Enquanto a expedição permaneceu na Ilha, o espanhol Durango, desertor do “San Gabriel”, acompanhava os índios nas caçadas em busca de alimentos. Entre 10 de novembro de 1526 e 3 de fevereiro de 1527 Sebastião Caboto e seus comandados consumiram 273 veados, 398 galinhas, 200 perdizes, 80 patos, 52 cabaças de mel, 40 cestos de batata doce, 40 de inhame, 200 mãos de milho, 30 cargas de mandioca, 26 cargas de ostras, 80 cargas de peixe moído, 6 porcos do mato, 2 antas, palmitos, etc. O pagamento dos carijós foi feito com machados, facas, punções, anzóis, espelhos etc. Muitos dos tripulantes adoeceram com malária, dos quais quatro morreram. A enfermaria estava sempre lotada. Caboto decide então uma mudança nos planos originais. Reuniu seus oficiais, planejando uma expedição exploratória ao “Rio de Solís”. Francisco Rojas foi o único que se opôs à decisão do capitão geral, ficando visado por ele. O Comandante parece esquecer que nossa missão é encontrar as Ilhas Molucas, e não, correr atrás do “El Dorado”! Caboto manda prender Rojas por insubordinação e segue com seus planos. Em 7 de fevereiro a galera e o batel estavam prontos. Henrique Montes e Melchior Ramirez entraram no navio com suas famílias, além de desertores do “San Gabriel”. Não há referências a Francisco Pacheco, provavelmente ausente nessa ocasião. Caboto mandou um barco buscar três dos seus oficiais, presos por sua ordem no outro navio. Eram eles Francisco de Rojas, o capitão que se insurgira contra Caboto; o piloto Miguel de Rodas, responsável pelo naufrágio da Capitânia e o tenente Martin Mendéz. Para surpresa dos prisioneiros, o barco dirigiu-se para a praia, desterrando-os junto aos Carijó com seus pertences, barris de bolachas, vinho, armas e pólvora. Sebastião Caboto mandou chamar o cacique Topevara, encarregando-o dos desterrados, até sua volta. No dia 15 de fevereiro seguiu então a expedição para o “Rio de Solís”: duas naus e uma galera chamada “Santa Catalina” alçaram velas e rumaram para o Sul, Três anos depois a expedição de Caboto retorna à Ilha de Santa Catarina. Tinham vivido muitas aventuras no “Rio de la Plata”. Percorreram rios, construíram fortes em suas margens, sempre em busca das minas de prata. Muitos foram os confrontos com nativos da região, resultante na morte de vários europeus. Segundo Caboto, 4000 índios foram mortos. Seu retorno ocorreu no início de 1530. No Porto de Patos encontraram Durango, o qual relata o ocorrido com os degredados. Os três condenados logo mudaram-se para o continente, onde viviam outros europeus. Por algum tempo viveram no continente. Certo dia, Martim Mendéz e Miguel de Rodas desentenderam-se com Francisco Rojas e decidiram cruzar a baia e voltar para a Ilha. Juntaram seus pertences e uma noite decidiram cruzar a baia na companhia de três índios. Pretendiam depois continuar a viagem até a baia de Santos. Porém, encontram fortes ventos, que provocam seu naufrágio. No dia seguinte, o corpo de um dos índios foi dar à praia. Nos restos do naufrágio se encontravam objetos pertencentes aos dois espanhóis: Todos tinham se afogado. Mais tarde, Francisco de Rojas foi levado a Santos pelo bergantim de Diego Garcia que aportou na Ilha. Então
  • 23. a expedição de Caboto deixou definitivamente a Ilha de S. Catarina, chegando a Sevilha em 28 de julho de 1530. 4. A ilha e a colonização do Prata: Em 3 de dezembro de 1530, parte de Lisboa Martim Afonso de Souza, para estabelecer as primeiras povoações portuguesas no Brasil. Sua frota era composta por uma nau capitânia, um galeão (São Vicente), e duas caravelas (Rosa e Princesa). Henrique Montes era um dos componentes da armada de Martim Afonso. Na altura de Pernambuco, a frota encontra dois navios franceses corsários carregados de pau-brasil. No combate, os franceses são derrotados e seus navios incorporados à frota portuguesa. Mas enfrentam um obstáculo: o forte construído por Cristóvão Jacques tinha sido destruído e saqueado pelos franceses. Martim envia as duas caravelas em exploração para o norte, e uma das naus aprisionadas de volta à Lisboa. Nessa época, os únicos europeus presentes no Brasil eram sobreviventes do naufrágio de embarcações que se aventuravam a explorar as novas terras. Na Bahia, os portugueses encontraram Diogo Álvares Correia. Vítima de naufrágio, vivia há 22 anos entre os índios que o apelidaram “Caramuru” deus do trovão, devido ao estrondo de seu arcabuz. Descendo para o sul, param no Rio de Janeiro, onde tem início a construção paliçada, forte, oficina de ferraria e estaleiro para reparo das embarcações (abril de 1531). Em agosto segue m para Cananéia, e depois para o Rio da Prata. Ao passar pela Ilha, deixam no Porto de Patos uma nau avariada para reparos. A expedição enfrenta forte tempestade nas proximidades do Chuí. Naufraga a nau capitânia, morrendo 7 de seus tripulantes Martim Afonso salva-se incólume. Explorando a região do Prata, Martim Afonso mede latitudes e longitudes, concluindo, desapontado, estar fora dos domínios portugueses. No regresso, passam pelo Porto de Patos, onde recolhem alguns náufragos castelhanos. Em 20 de janeiro de 1532 instalam-se em São Vicente. Em 1534, D. João III de Portugal dividiu o Brasil em faixas de terras chamadas capitanias, para assegurar o domínio português sobre as terras do Brasil. Martim Afonso recebeu a capitania de São Vicente e seu irmão, Pero Lopes de Souza ficou com as terras correspondentes ao litoral catarinense. Por essa época, a Espanha reuniu uma poderosa frota de 15 naus e 1500 homens, sob o comando de D. Pedro de Mendoza. A esquadra partiu de Sanlúcar de Barrameda em 24 de agosto de 1535. Seu objetivo: iniciar a colonização das terras banhadas pelo Rio da Prata. Eram membros da frota: Melchior Ramirez, como escrivão da armada, Diego Garcia de Morguer e Gonçalo Costa. Depois de uma escala na Ilha de S. Catarina, para se abastecer de água e alimentos frescos, a expedição acampou nas margens do Prata e, em 3 de fevereiro de 1536 foi fundada a vila de “Nuestra Señora Santa Maria de Buen Ayere”. Mas os espanhóis logo se desentenderam com os nativos, que a princípio os receberam bem. Os índios foram tratados como súditos do rei da Espanha, obrigados a atender os desejos dos espanhóis, e se revoltaram. Em contínuos confrontos, os índios acabaram cercando o povoado por terra. Um muro de terra batida circundava casebres cobertos de palha. A vigilância era constante para impedir ataques indígenas. Impedidos de entrar na mata em busca de alimentos, os espanhóis enfrentam fome e doença. O capitão Gonçalo Mendoza foi então enviado então com a nau “Santa Catalina” ao Porto de Patos, em busca de provisões. Vinha com ele Gonçalo Costa, como intérprete, para auxiliar no contato com os Carijó. Os pacíficos Carijó aceitam comerciar com os espanhóis, abastecendo o navio, que regressa carregado de mantimentos, levando também alguns náufragos remanescentes da região. O assédio dos índios ao povoado de Buenos Aires tornou a situação de seus defensores cada vez mais crítica. Doenças e fome causavam tantas mortes quanto as setas dos indígenas. Após muitas lutas e mortes o povoado foi abandonado aos cuidados de pequeno grupo de homens, enquanto Pedro de Mendoza subia o rio Paraná com seus comandados. Um navio foi enviado em busca de alimentos. Os marinheiros deveriam caçar lobos marinhos em uma ilha na entrada do estuário do Prata. Os tripulantes assumem o comando e desviam a rota para a Espanha. Nas proximidades da Ilha de Santa Catarina são deixados oito tripulantes que não
  • 24. concordavam com a fuga. Outros navios subiram o Prata a procura de mantimentos, fundando no trajeto várias povoações. O primeiro ano e meio de colonização do Prata cobrou alto tributo: mais de 1000 europeus perderam a vida, e não há registro do elevado número de mortos entre os nativos. Em agosto de 1537 Juan Salazar de Espinoza funda no rio Paraguai o Puerto de Nuestra Señora de la Asunción, atual Assunção, capital do Paraguai. Nesse povoado ficam os espanhóis trazidos da Ilha de Santa Catarina com suas famílias. O Comandante Geral, Pedro de Mendoza, doente, retorna à Espanha com duas naus e 150 homens, com um pedido de socorro. Gonçalo Costa o acompanha. Mendoza morre na viajem, sendo seu corpo lançado ao mar. Duas naus são enviadas da Espanha em socorro dos colonizadores do Prata, a Marañona, comandada por Alonso Cabrera e a Santa Catalina, sob o comando de Antônio Lopes de Aguiar. Na expedição vem Gonçalo Costa e também cinco frades franciscanos. A nau Marañona é arrastada por tempestades e procura abrigo no porto da Ilha de S. Catarina. Seus 200 tripulantes desembarcam para os necessários reparos. Chega então o galeão Anunciada, vindo de Buenos Aires em busca de provisões. Os dois navios partem em direção ao Prata carregados de mandioca e milho. O galeão terá destino trágico: será despedaçado por uma tempestade na entrada do estuário do grande rio. Dois frades, Frei Bernardo de Armenta e Frei Alonso Lebrón, permanecem junto aos Carijó, nas aldeias do continente, próximo ao estreito - tem início a missão franciscana no Brasil. Os frades renomeiam o lugar como Porto de São Francisco, e são bem aceitos pelos Carijó. Muitos dos índios são batizados e adotam costumes cristãos. Mais tarde, os frades deslocam a sede de sua missão para M‟biaza (Laguna). Para alcançar maior número de nativos. Era o final do ano de 1538. 5. O governador espanhol: Em 29 de março de 1541 faz escala na Ilha nova expedição espanhola, com duas naus, duas caravelas, 40 oficiais e fidalgos, 400 soldados e 26 cavalos. Era comandada por Don Alvar Nunes Cabeça de Vaca, nomeado Adelantado (governador) do Rio da Prata e Paraguai, caso Juan Ayolas, substituto de D. Pedro Mendoza, não estivesse vivo. Se não assumisse como Adelantado, o rei concedera o usufruto desta ilha por 12 anos. Alvar tinha vivido incríveis aventuras. Sobreviveu a tempestades e naufrágios nas costas da Flórida (EUA), onde aportou em 1528. Os exploradores espanhóis enfrentaram imensas dificuldades. Durante 10 anos percorreram 18000 km a pé, enfrentando fome, feras e indígenas. Depois de muitos contratempos, Alvar e quatro companheiros remanescentes, acabaram por alcançar o México, de onde ele retorna à Espanha em 1537. O português Gonçalo Costa vinha novamente, agora como capitão de uma das naus, Piloto Mor e intérprete do Adelantado. Em 18 de abril, ignorando o rei de Portugal, Cabeça de Vaca toma posse da Ilha, formalmente, em nome d‟El Rey da Espanha. O local onde Cabeça de Vaca aportou situava-se na Baia Norte, chamada por ele de Baia de Ramos. Surge então um antigo habitante da Ilha, Durango, desertor do galeão San Gabriel. Ele conta a Alvar a aventura de Aleixo Garcia. Alvar ficou interessado e queria contatar com remanescentes do grupo de Aleixo Garcia para encontrar o caminho. Porém, não havia mais ninguém deste grupo na região. Durango e Gonçalo Costa conseguem a participação dos Carijó na construção de casas para o governador e seus comandados, Eles também abastecem o acampamento com caça, peixe, mandioca e milho. Cerca de três meses depois, por razões desconhecidas, o comandante decide mudar-se para o continente fronteiro à Ilha, em local batizado com o nome de “Puerto de Vera”. Não existe certeza quanto a localização desse porto, se na baia de São José, ou da Palhoça. No trajeto para o novo porto, fortes ventos fazem as duas caravelas naufragarem. Os barcos, que enfrentaram com sucesso a travessia do Atlântico, afundam com toda sua carga na Baia Sul. Os outros dois navios recolhem os tripulantes das caravelas afundadas. Todos são salvos. Gonçalo Costa reclama da mudança, pois ficaram distantes das aldeias Carijó que os abasteciam. O auxílio dos Carijó das outras aldeias na construção do novo acampamento era prestado de má vontade, pois eles não estavam habituados a esse tipo de trabalho. Gonçalo era também responsável pelo abastecimento. Percorria as aldeias indígenas para comprar mantimentos. Em maio, antes da mudança, chegara um batel com 9 fugitivos de Buenos Aires.
  • 25. Traziam notícias dos problemas da colônia, da fome e doença generalizadas e do cerco pelos índios. Então Alvar reúne seus oficiais e decide mandar uma expedição a Buenos Aires por mar, e outra a Asunción por terra. 15 soldados e 5 índios (três carregadores e dois guias) comandados por Pedro de Orantes, seguiram para o Norte. Missão: encontrar o caminho seguido por Aleixo Garcia. Durante três meses percorrem o litoral norte, entrando terra-a-dentro, Alcançam os campos de Curitiba, onde em contato com aldeias guarani. Descobrem o Peabiru. Os batedores retornam com a missão cumprida. Encontrado o caminho, o governador prepara sua expedição: 250 arcabuzeiros e besteiros, dois frades franciscanos e 26 cavalos seguirão por terra para Asunción. Era 18 de outubro de 1541 quando uma das naus saiu do Porto Vera com destino à foz do rio Itapocu levando a expedição. Deixaram vários presentes para os nativos em agradecimento por sua ajuda. A outra nau permaneceu no porto, abastecendo-se para a viagem à Buenos Aires. A nau que levara o governador, retorna ao porto, onde também se abastece de mantimentos. Somente em 28 de dezembro as duas naus seguem para o Prata. No comando estava Pedro Stopiñan Cabeça de Vaca, primo de Alvar. Pretendiam alcançar Buenos Aires e de lá a Asunción de onde mandariam uma expedição ao encontro do Adelantado. O grupo levado por Alvar parte da praia de Barra Velha em 2 de novembro, Gonçalo Costa entre eles. Enfrentam calor, mosquitos, serpentes venenosas e feras selvagens. Os contratempos tornam a viagem difícil e lenta. Entram em contato com diferentes tribos indígenas, cruzam rios e vales e descobrem, assombrados, a beleza das cataratas do Iguaçu. Durou 130 dias a longa, cansativa e perigosa viagem, deixando 3 mortos no caminho. Em 11 de março de 1542 chegam finalmente a Asunción. As naus que seguiram para Buenos Aires, encontram-na deserta. Depois de vários contratempos, chegam à Asunción em dezembro de 1542. Don Alvar Nunes cabeça de Vaca nunca retornou à Ilha. Em 1555, na cidade de Valadolid, Espanha, ele publicou o relato de suas aventuras, incluindo os fatos aqui narrados. Na segunda metade do século XVI, muitos outros navios espanhóis e de outras nacionalidades estiveram na Ilha, além dos vicentistas, sempre a caça de escravos índios. A fuga dos Carijós para o continente, tentando escapar dos escravistas e seu receio de manter contato com os novos europeus que aportavam na região criou problemas para os visitantes. Os europeus não podiam mais contar com as roças de mandioca e milho dos nativos, nem com suas habilidades na caça e pesca. Assim, existem histórias de terríveis ocorrências de fome sofridas por expedições espanholas naufragadas na região, Somente em meados do século XVII tem início a ocupação da Ilha e arredores por portugueses, em ações que levarão à definitiva colonização do litoral catarinense. Mas, essas já são outras histórias, e serão contadas em outra ocasião.
  • 26. Bibliografia - BYAM, Armas e Armaduras. São Paulo: Editora Globo, 1990. - BOITEUX, Lucas Alexandre, Notas para a História Catharinense (1911) [Biblioteca da UFSC] - BOND, Rosana. A Saga de Aleixo Garcia. Florianópolis: Editora Insular, 1998. - BRANCHER, Ana, AREND, S. M. Fávero (Organizadoras). História de Santa Catarina: séculos XVI a XIX- Florianópolis: Editora da UFSC, 2004. - BURLAND, C. A. Os Incas. São Paulo: Melhoramentos, 1978 - CABEZA DE VACA, Álvar Nunes. Naufrágios e Comentários. Porto Alegre: L&PM, 2003. - CARUSO, Mariléia M.Leal , CARUSO, Raimundo C. Índios Baleeiros e Imi- grantes. Tubarão: Editora Unisul, 2000. - COELHO, E. Teixeira, CORREIA, Raul. O Caminho do Oriente. Antologia da BD Portuguesa. Lisboa: Editorial Futura, 1983. - COELHO, Manoel Joaquim D‟Almeida - Obra Completa – Florianópolis: „ IHGSC, 2005. - CORRÊA, Carlos Humberto P. História de Florianópolis Ilustrada- Floria Polis: Editora Insular, 2004. - HUBER, Siegfried. O Segredo dos Incas. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia, 5ª Edição,1966 - LUZ, Aujor Ávila da. Santa Catarina, Quatro Séculos de História – Floria nópolis: Editora Insular, 2000 - MIDDLETON, Haydn. O Cotidiano Europeu no Século XVI. São Paulo: Me lhoramentos, 1992. - MOSIMANN, João Carlos. Porto dos Patos - Editora Gráfica Estúdio 4 LTDA., 2002. - PAIVA, Arcypreste Joaquim d‟Oliveira. Notícia Geral da Província de San- ta Catarina (1873)[Biblioteca da UFSC] - PIAZZA,Walter F. Santa Catarina- Sua História – Florianópolis: Co-edição Ed. UFSC-Ed. Lunardelli, 1983 - SEGRELLES, Vicente, CUNILLERA, Antônio. Armas que Revolucionaram o Mundo. Ed. Livraria Civilização. - SILVA, José G. dos Santos. Subsídios para a História da província de San ta Catarina - Vol.1. Florianópolis: IHGSC, 2007. - TONUCCI, Paulo M. - Os Povos Andinos. São Paulo: Edições Paulinas, 1992 - Brasil 500 Anos. Editora Abril, São Paulo, 1999. - Grandes Personagens de Nossa História, Volume 1- Editora Abril Cultural, São Paulo, 1969. - História em Revista - Viagens de Descobrimento -1400-1500. Rio de Ja- neiro: Abril Livros, 1991. Com registros do Ir. Borbinha, visualize as fotos da palestra do Ir Eleutério clicando no link a seguir: https://picasaweb.google.com/103634428674850958508/PalestraIrEleuterioLojaSabedo riaDaAlvorada261113?authkey=Gv1sRgCPz5_tOrk9TtnwE#
  • 28. NOTAS: i Então Josué edificou um altar ao SENHOR Deus de Israel, no monte Ebal. ii [1] E sucedeu que, ouvindo isto todos os reis, que estavam aquém do Jordão, nas montanhas, e nas campinas, em toda a costa do grande mar, em frente do Líbano, os heteus, e os amorreus, os cananeus, os perizeus, os heveus, e os jebuseus, [2] Se ajuntaram eles de comum acordo, para pelejar contra Josué e contra Israel. iii [24] Então Josué, e todo o Israel com ele, tomaram a Acã filho de Zerá, e a prata, e a capa, e a cunha de ouro, e seus filhos, e suas filhas, e seus bois, e seus jumentos, e suas ovelhas, e sua tenda, e tudo quanto ele tinha; e levaram-nos ao vale de Acor. [25] E disse Josué: Por que nos perturbaste? O Senhor te perturbará neste dia. E todo o Israel o apedrejou; e os queimaram a fogo depois de apedrejá-los. iv Então Josué levantou-se, e toda a gente de guerra, para subir contra Ai; e escolheu Josué trinta mil homens valorosos, e enviou-os de noite. v E todos os que caíram aquele dia, assim homens como mulheres, foram doze mil, todos moradores de Ai. Também se usa a grafia Hai. (Nota: Aquilino R. Leal) vi E ao rei de Ai enforcou num madeiro, até à tarde; e ao pôr do sol ordenou Josué que o seu corpo fosse tirado do madeiro; e o lançaram à porta da cidade, e levantaram sobre ele um grande montão de pedras, até o dia de hoje. vii [3] E os moradores de Gibeom ouvindo o que Josué fizera com Jericó e com Ai, [4] Usaram de astúcia, e foram e se fingiram embaixadores, e levando sacos velhos sobre os seus jumentos, e odres de vinho, velhos, e rotos, e remendados; [5] E nos seus pés sapatos velhos e remendados, e roupas velhas sobre si; e todo o pão que traziam para o caminho era seco e bolorento. [6] E vieram a Josué, ao arraial, a Gilgal, e disseram a ele e aos homens de Israel: Viemos de uma terra distante; fazei, pois, agora, acordo conosco. viii E os filhos de Israel não os feriram; porquanto os príncipes da congregação lhes juraram pelo Senhor Deus de Israel; por isso toda a congregação murmurava contra os príncipes. ix Disseram-lhes, pois, os príncipes: Vivam, e sejam rachadores de lenha e tiradores de água para toda a congregação, como os príncipes lhes disseram.