1) A peça retrata a visita de Pêro Marques, um lavrador rico, à casa de Inês Pereira para pedir a mão dela em casamento. 2) Inês mostra-se arrogante e irónica com Pêro, revelando não ter interesse nele devido à sua simplicidade. 3) A mãe de Inês confunde a expressão usada por Pêro e pensa erradamente que ele é rico, vendo no casamento uma forma de assegurar a estabilidade financeira da filha.
1. Farsa de Inês Pereira
A farsa é uma peça breve, sem divisão formal em atos/cenas.
Não tem uma estrutura externa (como é habitual na obra vicentina).
Do ponto de vista da estrutura interna, podem ser considerados três grandes momentos:
EXPOSIÇÃO
Inês deseja libertar-se, pelo casamento, da vida de solteira.
- Quadro 1
- Quadro 2
- Quadro 3
- Quadro 4
- Quadro 5
6. No primeiro encontro entre Pêro Marques e Inês Pereira, o lavrador visita a possível noiva
para formalizar o pedido de casamento, que havia feito por uma carta que tinha enviado por
Lianor Vaz. Devido às suas atitudes e comportamentos, o lavrador não desperta qualquer
interesse a Inês.
Pêro Marques revela-se um homem simples e ingénuo, pois não percebe a ironia de Inês,
nomeadamente na situação em que o presente (peras) não surge, após o esvaziamento do
saco.
É honesto e puro, pois mostra-se preocupado com a reputação de Inês quando percebe que
a noite se aproxima e que está sozinho com ela, em casa, sem a presença da mãe.
É um lavrador rico e trabalhador.
A mãe de Inês confunde a expressão “mor gado”, que o lavrador utiliza para explicar que
possui a maior parte do gado, após a morte do pai, com a expressão”morgado”, entendendo
que Pêro Marques é herdeiro de fortuna familiar, o que colocaria a filha numa posição
económica favorável. Na perspectiva da mãe o casamento seria uma forma de alcançar a
estabilidade financeira.
Inês mostra-se arrogante e irónica, tecendo comentários maliciosos a Pêro Marques ao
perceber que o lavrador desconhece a utilidade de uma cadeira e ao ver a sua preocupação
com a ausência da mãe.
Cómico de situação: Pêro Marques desconhece o que é uma cadeira e para que serve, o que
revela o seu lado rude e inculto.
Cómico de linguagem: Pêro Marques não se expressa de forma a fazer-se compreender, o
que leva a problemas de interpretação do que ele diz e do que diz a Mãe.
A Mãe e Inês conversam sobre as características que Inês busca no futuro marido, surgindo
um ponto de discórdia entre mãe e filha. As características que Inês procurava não eram do
agrado da mãe.
Inês refere algumas características, tais como “tanger viola”, que eram típicas dos escudeiros.
Estes, embora não fossem trabalhadores, nem tivessem dinheiro eram do agrado das jovens
da época.
A Mãe critica a leviandade da filha que parece não perceber que ela e o futuro marido
precisavam de uma fonte de rendimento.
Inês queria um homem “discreto”, isto é, sensato, cortês e educado, no entanto o Escudeiro
veio a revelar-se um homem “discreto” no sentido de querer preservar a mulher e por isso
não a deixava cantar, nem a deixava sair de casa, para não correr o risco de a perder.
7. Inês era uma jovem simples, fútil, ambiciosa e caprichosa. Não gostava de trabalhar e por isso
desejava arranjar um marido que a libertasse das tarefas domésticas. Via no casamento uma
forma de ascensão social.
Lianor Vaz era uma alcoviteira ou casamenteira, contratada pela mãe de Inês para lhe
arranjar um marido. Era interesseira e ambiciosa.