SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 6
Baixar para ler offline
Univesidade Santa Cecília
Engenharia Mecânica
Resistência dos Materiais II
Prof. José Carlos Morilla 1 Estado triplo de tensão
Estado triplo de tensão
Tensões em um ponto
Seja um ponto qualquer,
pertencente a um corpo em
equilíbrio, submetido às tensões
representadas na figura 1.
Figura 1 – Estado geral de tensões em um
ponto.
Sabe-se que uma tensão é
função de ponto e plano. Assim,
para um plano inclinado, em relação
aos apresentados na figura, irão
atuar outras tensões, como mostra
a figura 2.
Figura 2 –Tensão resultante em um plano
qualquer de um estado geral de tensões.
Os ângulos entre o plano
considerado e os eixos x; y e z, são
θx, θy e θz, respectivamente.
Com esta consideração, a
força resultante no plano inclinado,
expressa pelas suas componentes
nas direções x, y e z, pode ser
determinada por:
( ) z
zx
y
yx
x
x
x cos
dA
cos
dA
cos
dA
dA θ
τ
+
θ
τ
+
θ
σ
=
ρ
( ) z
zy
y
y
x
yx
y cos
dA
cos
dA
cos
dA
dA θ
τ
+
θ
σ
+
θ
τ
=
ρ
( ) z
z
y
yz
x
xz
z cos
dA
cos
dA
cos
dA
dA θ
σ
+
θ
τ
+
θ
τ
=
ρ
Com isto, os três
componentes ortogonais da tensão
resultante são:
z
zx
y
yx
x
x
x cos
cos
cos θ
τ
+
θ
τ
+
θ
σ
=
ρ
z
zy
y
y
x
yx
y cos
cos
cos θ
τ
+
θ
σ
+
θ
τ
=
ρ
z
z
Y
yz
x
xz
z cos
cos
cos θ
σ
+
θ
τ
+
θ
τ
=
ρ
As três componentes da
tensão ρ, podem ser assim
determinadas pelo produto de duas
matrizes:










θ
θ
θ
×










σ
τ
τ
τ
σ
τ
τ
τ
σ
=










ρ
ρ
ρ
=
ρ
Z
y
x
z
yz
xz
zy
y
xy
zx
yx
x
Z
Y
X
cos
cos
cos
Observa-se, então, que
qualquer seja o plano inclinado, a
tensão nele resultante é igual ao
produto entre a matriz das tensões
dos planos ortogonais e a matriz
dos co-senos dos ângulos do plano.
Os co-senos são chamados
de co-senos diretores, e sua matriz
é chamada de matriz dos co-senos
diretores. A matriz das tensões se
dá o nome de Tensor (Τ
Τ
Τ
Τ).
Ao tensor, não é possível se
dar uma interpretação geométrica
simples. Ele é encarado, apenas,
(1)
(2)
Univesidade Santa Cecília
Engenharia Mecânica
Resistência dos Materiais II
Prof. José Carlos Morilla 2 Estado triplo de tensão
como uma matriz onde cada
elemento representa uma das
tensões encontradas na expressão
2.
Desta maneira o tensor Τ
Τ
Τ
Τ, para um
estado geral de tensões fica:










σ
τ
τ
τ
σ
τ
τ
τ
σ
=
Τ
z
yz
xz
zy
y
xy
zx
yx
x
(3)
Eixos e Tensões Principais.
A tensão ρ que atua no plano
inclinado pode ser representada por
suas componentes: normal (σ) e de
cisalhamento (τ), como mostra a
figura 3.
Figura 3 – tensão normal e de
cisalhamento, componentes da tensão ρ.
A tensão normal resultante
(σ), neste plano inclinado, é obtida
por:
z
x
xz
z
y
yz
y
x
xy
z
2
x
y
2
y
x
2
x
cos
cos
2
cos
cos
2
cos
cos
2
cos
cos
cos
θ
θ
τ
+
θ
θ
τ
+
θ
θ
τ
+
θ
σ
+
θ
σ
+
θ
σ
=
σ
Note-se que, se o elemento
inicial estiver inclinado em relação
ao sistema apresentado, como se
observa na figura 4, a tensão no
plano inclinado deve permanecer a
mesma. Observa-se ainda que
neste elemento inclinado ocorrem
transformações nas tensões
atuantes em cada plano já que
ocorre mudança de plano.
Figura 4 – inclinação do elemento em
relação à posição inicial
Assim, é possível existir uma
posição para o elemento, nestes
planos tri-ortogonais, onde as
tensões de cisalhamento sejam
iguais a zero.
A esta posição se dá o nome
de posição principal, aos planos
ortogonais se dá o nome de planos
principais e às tensões normais
que neles atuam se dá o nome de
tensões principais.
Estas tensões são indicadas
por σ1; σ2 e σ3, a partir da maior
para a menor. Os planos
respectivos onde atuam estas
tensões, são indicados por 1; 2 e 3.
Univesidade Santa Cecília
Engenharia Mecânica
Resistência dos Materiais II
Prof. José Carlos Morilla 3 Estado triplo de tensão
figura 5 – planos e tensões
principais
Chamando de θ1; θ2 e θ3, os
ângulos entre o plano inclinado e os
planos principais 1; 2 e 3,
respectivamente, é possível
escrever:










θ
θ
θ
×










σ
σ
σ
=










ρ
ρ
ρ
=
ρ
3
2
1
3
2
1
Z
Y
X
cos
cos
cos
0
0
0
0
0
0
(4)
Assim, o tensor das tensões
principais, é o tensor principal do
estado de tensões.










σ
σ
σ
=
Τ
3
2
1
0
0
0
0
0
0
(5)
Com isto, as componentes da
tensão ρ, ficam:
3
3
z
2
2
y
1
1
x
cos
cos
cos
θ
×
σ
=
ρ
θ
×
σ
=
ρ
θ
×
σ
=
ρ
(6)
Lembrando que:
1
cos
cos
cos 3
2
2
2
1
2
=
θ
+
θ
+
θ (7)
Das expressões 6 e 7, é
possível escrever:
1
2
3
z
2
2
y
2
1
x
=








σ
ρ
+








σ
ρ
+








σ
ρ
(8)
Esta expressão mostra que
os valores ρx; ρy e ρz, podem ser
encarados como coordenadas da
extremidade do vetor da tensão ρ.
O lugar geométrico das
extremidades do vetor da tensão
total forma um elipsóide, cujos
semi-eixos são as tensões
principais σ1; σ2 e σ3. O elipsóide
chama-se elipsóide das tensões.
Desta figura geométrica
deduz-se que a maior das três
tensões principais é o maior valor
possível de tensão no conjunto de
planos que passam pelo ponto.
Deduz-se, ainda, que a menor das
tensões principais é a menor das
tensões normais.
Determinação das tensões
principais.
Seja o estado de tensões da
figura 1 e um plano inclinado como
o mostrado na figura 2. se este
plano for um dos principais, a
tensão resultante será uma tensão
normal (σ).
Assim, as componentes
desta tensão normal podem ser
escritas como:
( )
( )
( ) 









θ
θ
θ
×










σ
τ
τ
τ
σ
τ
τ
τ
σ
=










σ
σ
σ
=
σ
Z
y
x
z
yz
xz
zy
y
xy
zx
yx
x
Z
Y
X
cos
cos
cos
(9)
ou seja:
Univesidade Santa Cecília
Engenharia Mecânica
Resistência dos Materiais II
Prof. José Carlos Morilla 4 Estado triplo de tensão
( )
( )
( )
0
cos
cos
cos
Z
Y
X
Z
y
x
z
yz
xz
zy
y
xy
zx
yx
x
=










σ
σ
σ
−










θ
θ
θ
×










σ
τ
τ
τ
σ
τ
τ
τ
σ
(10)
Lembrando que:
( )
( )
( ) z
z
y
y
x
x
cos
cos
cos
θ
×
σ
=
σ
θ
×
σ
=
σ
θ
×
σ
=
σ
é possível escrever:
0
cos
cos
cos
Z
y
x
z
yz
xz
zy
y
xy
zx
yx
x
=










θ
θ
θ
×






















σ
σ
σ
−










σ
τ
τ
τ
σ
τ
τ
τ
σ
0
cos
cos
cos
Z
y
x
z
yz
xz
zy
y
xy
zx
yx
x
=










θ
θ
θ
×










σ
−
σ
τ
τ
τ
σ
−
σ
τ
τ
τ
σ
−
σ
(11)
Lembrando que a matriz dos
co-senos diretores não pode ser
nula (vide expressão 7), para que o
produto mostrado na expressão 11
seja nulo existe a necessidade do
determinante da matriz das tensões
ser igual a zero:
0
z
yz
xz
zy
y
xy
zx
yx
x
=
σ
−
σ
τ
τ
τ
σ
−
σ
τ
τ
τ
σ
−
σ
(12)
Note-se aqui que, sendo
σ uma tensão principal, seu valor
independe do conhecimento prévio
da posição do plano em que ela
ocorre. Ele depende, apenas, do
estado de tensões que atua no
ponto.
A solução do sistema
apresentado na expressão 12 é
dada por:
0
J
J
J 3
2
1
2
3
=
−
×
σ
+
×
σ
−
σ (13)
onde
z
yz
xz
zy
y
xy
zx
yx
x
3
2
yz
2
xz
2
xy
x
y
z
x
z
y
2
z
y
x
1
j
J
J
σ
τ
τ
τ
σ
τ
τ
τ
σ
=
τ
−
τ
−
τ
−
σ
×
σ
+
σ
×
σ
+
σ
×
σ
=
σ
+
σ
+
σ
=
(14)
Círculo de Mohr para o
Estado Triplo de Tensão.
Seja um ponto e suas
tensões principais σ1; σ2 e σ3. Seja,
também um plano inclinado com um
ângulo α, em relação aos planos 1 e
3.
figura 6 – Planos principais; tensões
principais e plano inclinado.
As tensões: normal e de
cisalhamento, neste plano, podem
ser determinadas por:
α
×
σ
−
σ
=
τ
α
×
σ
−
σ
+
σ
+
σ
=
σ
2
sen
2
2
cos
2
2
3
1
3
1
3
1
(13)
Univesidade Santa Cecília
Engenharia Mecânica
Resistência dos Materiais II
Prof. José Carlos Morilla 5 Estado triplo de tensão
Note-se que estas tensões
podem, também, ser determinadas
pelo Círculo de Mohr para o estado
duplo de tensão.
(σ1+σ3)/2
(
σ
1
-
σ
3
)/2
sen2
α
σ
(σ1-σ3)/2 cos2α
σ3
2
α
σ
σ1
Plano A
figura 7 – Círculo de Mohr para os planos
1; 3 e o inclinado
Caso o plano esteja inclinado
em relação aos planos 2 e 3, como
mostra a figura 8, tem-se o Círculo
de Mohr apresentado na figura 9.
figura 8 – Plano inclinado em relação aos
planos 2 e 3.
σ3
σ
Plano B
σ2
2
β
figura 9 – Círculo de Mohr para os planos
2; 3 e o inclinado
O mesmo tipo de estudo
pode ser feito para um plano
inclinado em relação aos planos 1 e
2, como mostra a figura 10.
figura 10 – Plano inclinado em relação aos
planos 1 e 2.
O Círculo de Mohr para esta
situação está mostrado na figura 11
σ
σ1
σ2
Plano C
figura 11 – Círculo de Mohr para os planos
1; 2 e o inclinado
Note-se que é possível fazer
uma superposição dos Círculos de
Mohr para os três casos. Isto pode
ser observado na figura 12
σ3
σ
σ2 σ1
figura 12 – Círculo de Mohr para os três
estudos superpostos.
Univesidade Santa Cecília
Engenharia Mecânica
Resistência dos Materiais II
Prof. José Carlos Morilla 6 Estado triplo de tensão
Um plano inclinado qualquer,
em relação aos três planos,
simultaneamente, como o mostrado
na figura 13, tem seu ponto
representativo na área limitada
pelos três Círculos de Mohr
(arbelos). Isto pode ser observado
na figura 14.
figura 13 – Plano inclinado qualquer e os
planos principais
σ3
σ
σ1
σ2
Plano D
figura 14 – Círculo de Mohr para um plano
qualquer.
OBS:-
1. Usualmente a representação
do Círculo de Mohr é feita,
apenas, pelo semicírculo
superior, como mostra a
figura 15
σ3
σ
σ2 σ1
figura 15 – Representação usual do
Círculo de Mohr.
2. Qualquer estado de tensão
pode ser interpretado como
um caso particular do estado
triplo de tensão. As figuras
16 e 17, mostram,
respectivamente, os estados
de tração simples e
cisalhamento puro.
σ3
σ
σ1
σ2
figura 16 – Círculo de Mohr para a tração
simples
σ
σ3 σ2 σ1
τ
figura 16 – Círculo de Mohr para o
cisalhamento puro
3. Desde que seja conhecida
uma das tensões principais,
as demais podem ser
determinadas por um estudo
semelhante ao estado duplo
de tensão.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Tema 2-transformac3a7c3a3o-da-deformac3a7c3a3o-aluno
Tema 2-transformac3a7c3a3o-da-deformac3a7c3a3o-alunoTema 2-transformac3a7c3a3o-da-deformac3a7c3a3o-aluno
Tema 2-transformac3a7c3a3o-da-deformac3a7c3a3o-alunoIFPR
 
Flexão normal simples e composta
Flexão normal simples e compostaFlexão normal simples e composta
Flexão normal simples e compostaEDER OLIVEIRA
 
Circulo+de+mohr+tensoes
Circulo+de+mohr+tensoesCirculo+de+mohr+tensoes
Circulo+de+mohr+tensoesThales Fanurio
 
Treliça inclinada-pronto11
 Treliça inclinada-pronto11 Treliça inclinada-pronto11
Treliça inclinada-pronto11Fer Nando
 
5 projeto de vigas em flexao
5 projeto de vigas em flexao5 projeto de vigas em flexao
5 projeto de vigas em flexaoDande_Dias
 
Apostila estruturas em treliça
Apostila estruturas em treliçaApostila estruturas em treliça
Apostila estruturas em treliçaMarcio Lis
 
Resolução da flexão composta normal e oblíqua por meio de ábacos
Resolução da flexão composta normal e oblíqua por meio de ábacosResolução da flexão composta normal e oblíqua por meio de ábacos
Resolução da flexão composta normal e oblíqua por meio de ábacosJoao Wagner Dominici
 
08 f simples tabelas
08 f simples tabelas08 f simples tabelas
08 f simples tabelasgabioa
 
Apostila sensacional !! deformacao de vigas em flexao
Apostila sensacional !! deformacao de vigas em flexaoApostila sensacional !! deformacao de vigas em flexao
Apostila sensacional !! deformacao de vigas em flexaoHenrique Almeida
 
Exercicios resolvidos de resmat mecsol
Exercicios resolvidos de resmat mecsolExercicios resolvidos de resmat mecsol
Exercicios resolvidos de resmat mecsolDanieli Franco Mota
 
Reações de Apoio em Estruturas
Reações de Apoio em EstruturasReações de Apoio em Estruturas
Reações de Apoio em Estruturascamilapasta
 
Cap 02 análise de tensões e deformações
Cap 02   análise de tensões e deformaçõesCap 02   análise de tensões e deformações
Cap 02 análise de tensões e deformaçõesBianca Alencar
 

Mais procurados (20)

Tema 2-transformac3a7c3a3o-da-deformac3a7c3a3o-aluno
Tema 2-transformac3a7c3a3o-da-deformac3a7c3a3o-alunoTema 2-transformac3a7c3a3o-da-deformac3a7c3a3o-aluno
Tema 2-transformac3a7c3a3o-da-deformac3a7c3a3o-aluno
 
Pilar canto
Pilar cantoPilar canto
Pilar canto
 
flexão composta
flexão compostaflexão composta
flexão composta
 
Flexão normal simples e composta
Flexão normal simples e compostaFlexão normal simples e composta
Flexão normal simples e composta
 
Circulo+de+mohr+tensoes
Circulo+de+mohr+tensoesCirculo+de+mohr+tensoes
Circulo+de+mohr+tensoes
 
Ciclo de mohr
Ciclo de mohrCiclo de mohr
Ciclo de mohr
 
Treliças
TreliçasTreliças
Treliças
 
Treliça inclinada-pronto11
 Treliça inclinada-pronto11 Treliça inclinada-pronto11
Treliça inclinada-pronto11
 
5 projeto de vigas em flexao
5 projeto de vigas em flexao5 projeto de vigas em flexao
5 projeto de vigas em flexao
 
Apostila estruturas em treliça
Apostila estruturas em treliçaApostila estruturas em treliça
Apostila estruturas em treliça
 
Teoria do circulo de mohr
Teoria do circulo de mohrTeoria do circulo de mohr
Teoria do circulo de mohr
 
Resolução da flexão composta normal e oblíqua por meio de ábacos
Resolução da flexão composta normal e oblíqua por meio de ábacosResolução da flexão composta normal e oblíqua por meio de ábacos
Resolução da flexão composta normal e oblíqua por meio de ábacos
 
Ex calc laje
Ex calc lajeEx calc laje
Ex calc laje
 
08 f simples tabelas
08 f simples tabelas08 f simples tabelas
08 f simples tabelas
 
Apostila sensacional !! deformacao de vigas em flexao
Apostila sensacional !! deformacao de vigas em flexaoApostila sensacional !! deformacao de vigas em flexao
Apostila sensacional !! deformacao de vigas em flexao
 
Exercicios resolvidos de resmat mecsol
Exercicios resolvidos de resmat mecsolExercicios resolvidos de resmat mecsol
Exercicios resolvidos de resmat mecsol
 
3 pilares - parte 2
3  pilares - parte 23  pilares - parte 2
3 pilares - parte 2
 
Tabelas
TabelasTabelas
Tabelas
 
Reações de Apoio em Estruturas
Reações de Apoio em EstruturasReações de Apoio em Estruturas
Reações de Apoio em Estruturas
 
Cap 02 análise de tensões e deformações
Cap 02   análise de tensões e deformaçõesCap 02   análise de tensões e deformações
Cap 02 análise de tensões e deformações
 

Semelhante a Estado triplo-tensao

Capitulo1 parte1
Capitulo1 parte1Capitulo1 parte1
Capitulo1 parte1amj_530
 
Capítulo 2 mecânica da conformação plástica dos metais
Capítulo 2 mecânica da conformação plástica dos metaisCapítulo 2 mecânica da conformação plástica dos metais
Capítulo 2 mecânica da conformação plástica dos metaisMaria Adrina Silva
 
Aula 3 - Tensão e Deformação 2018.pptx
Aula 3 - Tensão e Deformação 2018.pptxAula 3 - Tensão e Deformação 2018.pptx
Aula 3 - Tensão e Deformação 2018.pptxLucianoVieira92
 
Capítulo 2 mecânica da conformação
Capítulo 2 mecânica da conformaçãoCapítulo 2 mecânica da conformação
Capítulo 2 mecânica da conformaçãoMaria Adrina Silva
 
resumao resistencia dos materiais
resumao resistencia dos materiaisresumao resistencia dos materiais
resumao resistencia dos materiaisEclys Montenegro
 
2017420_10293_Passo+a+Passo+do+Círculo+de+Morh.ppt
2017420_10293_Passo+a+Passo+do+Círculo+de+Morh.ppt2017420_10293_Passo+a+Passo+do+Círculo+de+Morh.ppt
2017420_10293_Passo+a+Passo+do+Círculo+de+Morh.pptLayzzaTardindaSilvaS
 
Mecânica dos sólidos ii teoria
Mecânica dos sólidos ii   teoriaMecânica dos sólidos ii   teoria
Mecânica dos sólidos ii teoriaLila Babiuk
 
Mecânica dos sólidos ii teoria
Mecânica dos sólidos ii   teoriaMecânica dos sólidos ii   teoria
Mecânica dos sólidos ii teoriaLila Babiuk
 
1 resistenciamateriaisestaticasestruturas-importantssimo-usareste-13082817034...
1 resistenciamateriaisestaticasestruturas-importantssimo-usareste-13082817034...1 resistenciamateriaisestaticasestruturas-importantssimo-usareste-13082817034...
1 resistenciamateriaisestaticasestruturas-importantssimo-usareste-13082817034...everton galvao de neiva
 
1 resistenciamateriaisestaticasestruturas-importantssimo-usareste-13082817034...
1 resistenciamateriaisestaticasestruturas-importantssimo-usareste-13082817034...1 resistenciamateriaisestaticasestruturas-importantssimo-usareste-13082817034...
1 resistenciamateriaisestaticasestruturas-importantssimo-usareste-13082817034...Carlos A. Silva
 

Semelhante a Estado triplo-tensao (20)

Tensoes
TensoesTensoes
Tensoes
 
Capitulo1 parte1
Capitulo1 parte1Capitulo1 parte1
Capitulo1 parte1
 
Capítulo 2 mecânica da conformação plástica dos metais
Capítulo 2 mecânica da conformação plástica dos metaisCapítulo 2 mecânica da conformação plástica dos metais
Capítulo 2 mecânica da conformação plástica dos metais
 
Aula 3 - Tensão e Deformação 2018.pptx
Aula 3 - Tensão e Deformação 2018.pptxAula 3 - Tensão e Deformação 2018.pptx
Aula 3 - Tensão e Deformação 2018.pptx
 
Capítulo 2 mecânica da conformação
Capítulo 2 mecânica da conformaçãoCapítulo 2 mecânica da conformação
Capítulo 2 mecânica da conformação
 
Criterios resistencia
Criterios resistenciaCriterios resistencia
Criterios resistencia
 
Resistencia ao cisalhamento do solo
Resistencia ao cisalhamento do soloResistencia ao cisalhamento do solo
Resistencia ao cisalhamento do solo
 
St2
St2St2
St2
 
St2
St2St2
St2
 
Estatica diagramas de esforcos
Estatica diagramas de esforcosEstatica diagramas de esforcos
Estatica diagramas de esforcos
 
resumao resistencia dos materiais
resumao resistencia dos materiaisresumao resistencia dos materiais
resumao resistencia dos materiais
 
2017420_10293_Passo+a+Passo+do+Círculo+de+Morh.ppt
2017420_10293_Passo+a+Passo+do+Círculo+de+Morh.ppt2017420_10293_Passo+a+Passo+do+Círculo+de+Morh.ppt
2017420_10293_Passo+a+Passo+do+Círculo+de+Morh.ppt
 
Resistência dos Materiais II
Resistência dos Materiais IIResistência dos Materiais II
Resistência dos Materiais II
 
Aula18(3)
Aula18(3)Aula18(3)
Aula18(3)
 
Aula11
Aula11Aula11
Aula11
 
Mecânica dos sólidos ii teoria
Mecânica dos sólidos ii   teoriaMecânica dos sólidos ii   teoria
Mecânica dos sólidos ii teoria
 
Mecânica dos sólidos ii teoria
Mecânica dos sólidos ii   teoriaMecânica dos sólidos ii   teoria
Mecânica dos sólidos ii teoria
 
Flexao plana.pdf
Flexao plana.pdfFlexao plana.pdf
Flexao plana.pdf
 
1 resistenciamateriaisestaticasestruturas-importantssimo-usareste-13082817034...
1 resistenciamateriaisestaticasestruturas-importantssimo-usareste-13082817034...1 resistenciamateriaisestaticasestruturas-importantssimo-usareste-13082817034...
1 resistenciamateriaisestaticasestruturas-importantssimo-usareste-13082817034...
 
1 resistenciamateriaisestaticasestruturas-importantssimo-usareste-13082817034...
1 resistenciamateriaisestaticasestruturas-importantssimo-usareste-13082817034...1 resistenciamateriaisestaticasestruturas-importantssimo-usareste-13082817034...
1 resistenciamateriaisestaticasestruturas-importantssimo-usareste-13082817034...
 

Estado triplo-tensao

  • 1. Univesidade Santa Cecília Engenharia Mecânica Resistência dos Materiais II Prof. José Carlos Morilla 1 Estado triplo de tensão Estado triplo de tensão Tensões em um ponto Seja um ponto qualquer, pertencente a um corpo em equilíbrio, submetido às tensões representadas na figura 1. Figura 1 – Estado geral de tensões em um ponto. Sabe-se que uma tensão é função de ponto e plano. Assim, para um plano inclinado, em relação aos apresentados na figura, irão atuar outras tensões, como mostra a figura 2. Figura 2 –Tensão resultante em um plano qualquer de um estado geral de tensões. Os ângulos entre o plano considerado e os eixos x; y e z, são θx, θy e θz, respectivamente. Com esta consideração, a força resultante no plano inclinado, expressa pelas suas componentes nas direções x, y e z, pode ser determinada por: ( ) z zx y yx x x x cos dA cos dA cos dA dA θ τ + θ τ + θ σ = ρ ( ) z zy y y x yx y cos dA cos dA cos dA dA θ τ + θ σ + θ τ = ρ ( ) z z y yz x xz z cos dA cos dA cos dA dA θ σ + θ τ + θ τ = ρ Com isto, os três componentes ortogonais da tensão resultante são: z zx y yx x x x cos cos cos θ τ + θ τ + θ σ = ρ z zy y y x yx y cos cos cos θ τ + θ σ + θ τ = ρ z z Y yz x xz z cos cos cos θ σ + θ τ + θ τ = ρ As três componentes da tensão ρ, podem ser assim determinadas pelo produto de duas matrizes:           θ θ θ ×           σ τ τ τ σ τ τ τ σ =           ρ ρ ρ = ρ Z y x z yz xz zy y xy zx yx x Z Y X cos cos cos Observa-se, então, que qualquer seja o plano inclinado, a tensão nele resultante é igual ao produto entre a matriz das tensões dos planos ortogonais e a matriz dos co-senos dos ângulos do plano. Os co-senos são chamados de co-senos diretores, e sua matriz é chamada de matriz dos co-senos diretores. A matriz das tensões se dá o nome de Tensor (Τ Τ Τ Τ). Ao tensor, não é possível se dar uma interpretação geométrica simples. Ele é encarado, apenas, (1) (2)
  • 2. Univesidade Santa Cecília Engenharia Mecânica Resistência dos Materiais II Prof. José Carlos Morilla 2 Estado triplo de tensão como uma matriz onde cada elemento representa uma das tensões encontradas na expressão 2. Desta maneira o tensor Τ Τ Τ Τ, para um estado geral de tensões fica:           σ τ τ τ σ τ τ τ σ = Τ z yz xz zy y xy zx yx x (3) Eixos e Tensões Principais. A tensão ρ que atua no plano inclinado pode ser representada por suas componentes: normal (σ) e de cisalhamento (τ), como mostra a figura 3. Figura 3 – tensão normal e de cisalhamento, componentes da tensão ρ. A tensão normal resultante (σ), neste plano inclinado, é obtida por: z x xz z y yz y x xy z 2 x y 2 y x 2 x cos cos 2 cos cos 2 cos cos 2 cos cos cos θ θ τ + θ θ τ + θ θ τ + θ σ + θ σ + θ σ = σ Note-se que, se o elemento inicial estiver inclinado em relação ao sistema apresentado, como se observa na figura 4, a tensão no plano inclinado deve permanecer a mesma. Observa-se ainda que neste elemento inclinado ocorrem transformações nas tensões atuantes em cada plano já que ocorre mudança de plano. Figura 4 – inclinação do elemento em relação à posição inicial Assim, é possível existir uma posição para o elemento, nestes planos tri-ortogonais, onde as tensões de cisalhamento sejam iguais a zero. A esta posição se dá o nome de posição principal, aos planos ortogonais se dá o nome de planos principais e às tensões normais que neles atuam se dá o nome de tensões principais. Estas tensões são indicadas por σ1; σ2 e σ3, a partir da maior para a menor. Os planos respectivos onde atuam estas tensões, são indicados por 1; 2 e 3.
  • 3. Univesidade Santa Cecília Engenharia Mecânica Resistência dos Materiais II Prof. José Carlos Morilla 3 Estado triplo de tensão figura 5 – planos e tensões principais Chamando de θ1; θ2 e θ3, os ângulos entre o plano inclinado e os planos principais 1; 2 e 3, respectivamente, é possível escrever:           θ θ θ ×           σ σ σ =           ρ ρ ρ = ρ 3 2 1 3 2 1 Z Y X cos cos cos 0 0 0 0 0 0 (4) Assim, o tensor das tensões principais, é o tensor principal do estado de tensões.           σ σ σ = Τ 3 2 1 0 0 0 0 0 0 (5) Com isto, as componentes da tensão ρ, ficam: 3 3 z 2 2 y 1 1 x cos cos cos θ × σ = ρ θ × σ = ρ θ × σ = ρ (6) Lembrando que: 1 cos cos cos 3 2 2 2 1 2 = θ + θ + θ (7) Das expressões 6 e 7, é possível escrever: 1 2 3 z 2 2 y 2 1 x =         σ ρ +         σ ρ +         σ ρ (8) Esta expressão mostra que os valores ρx; ρy e ρz, podem ser encarados como coordenadas da extremidade do vetor da tensão ρ. O lugar geométrico das extremidades do vetor da tensão total forma um elipsóide, cujos semi-eixos são as tensões principais σ1; σ2 e σ3. O elipsóide chama-se elipsóide das tensões. Desta figura geométrica deduz-se que a maior das três tensões principais é o maior valor possível de tensão no conjunto de planos que passam pelo ponto. Deduz-se, ainda, que a menor das tensões principais é a menor das tensões normais. Determinação das tensões principais. Seja o estado de tensões da figura 1 e um plano inclinado como o mostrado na figura 2. se este plano for um dos principais, a tensão resultante será uma tensão normal (σ). Assim, as componentes desta tensão normal podem ser escritas como: ( ) ( ) ( )           θ θ θ ×           σ τ τ τ σ τ τ τ σ =           σ σ σ = σ Z y x z yz xz zy y xy zx yx x Z Y X cos cos cos (9) ou seja:
  • 4. Univesidade Santa Cecília Engenharia Mecânica Resistência dos Materiais II Prof. José Carlos Morilla 4 Estado triplo de tensão ( ) ( ) ( ) 0 cos cos cos Z Y X Z y x z yz xz zy y xy zx yx x =           σ σ σ −           θ θ θ ×           σ τ τ τ σ τ τ τ σ (10) Lembrando que: ( ) ( ) ( ) z z y y x x cos cos cos θ × σ = σ θ × σ = σ θ × σ = σ é possível escrever: 0 cos cos cos Z y x z yz xz zy y xy zx yx x =           θ θ θ ×                       σ σ σ −           σ τ τ τ σ τ τ τ σ 0 cos cos cos Z y x z yz xz zy y xy zx yx x =           θ θ θ ×           σ − σ τ τ τ σ − σ τ τ τ σ − σ (11) Lembrando que a matriz dos co-senos diretores não pode ser nula (vide expressão 7), para que o produto mostrado na expressão 11 seja nulo existe a necessidade do determinante da matriz das tensões ser igual a zero: 0 z yz xz zy y xy zx yx x = σ − σ τ τ τ σ − σ τ τ τ σ − σ (12) Note-se aqui que, sendo σ uma tensão principal, seu valor independe do conhecimento prévio da posição do plano em que ela ocorre. Ele depende, apenas, do estado de tensões que atua no ponto. A solução do sistema apresentado na expressão 12 é dada por: 0 J J J 3 2 1 2 3 = − × σ + × σ − σ (13) onde z yz xz zy y xy zx yx x 3 2 yz 2 xz 2 xy x y z x z y 2 z y x 1 j J J σ τ τ τ σ τ τ τ σ = τ − τ − τ − σ × σ + σ × σ + σ × σ = σ + σ + σ = (14) Círculo de Mohr para o Estado Triplo de Tensão. Seja um ponto e suas tensões principais σ1; σ2 e σ3. Seja, também um plano inclinado com um ângulo α, em relação aos planos 1 e 3. figura 6 – Planos principais; tensões principais e plano inclinado. As tensões: normal e de cisalhamento, neste plano, podem ser determinadas por: α × σ − σ = τ α × σ − σ + σ + σ = σ 2 sen 2 2 cos 2 2 3 1 3 1 3 1 (13)
  • 5. Univesidade Santa Cecília Engenharia Mecânica Resistência dos Materiais II Prof. José Carlos Morilla 5 Estado triplo de tensão Note-se que estas tensões podem, também, ser determinadas pelo Círculo de Mohr para o estado duplo de tensão. (σ1+σ3)/2 ( σ 1 - σ 3 )/2 sen2 α σ (σ1-σ3)/2 cos2α σ3 2 α σ σ1 Plano A figura 7 – Círculo de Mohr para os planos 1; 3 e o inclinado Caso o plano esteja inclinado em relação aos planos 2 e 3, como mostra a figura 8, tem-se o Círculo de Mohr apresentado na figura 9. figura 8 – Plano inclinado em relação aos planos 2 e 3. σ3 σ Plano B σ2 2 β figura 9 – Círculo de Mohr para os planos 2; 3 e o inclinado O mesmo tipo de estudo pode ser feito para um plano inclinado em relação aos planos 1 e 2, como mostra a figura 10. figura 10 – Plano inclinado em relação aos planos 1 e 2. O Círculo de Mohr para esta situação está mostrado na figura 11 σ σ1 σ2 Plano C figura 11 – Círculo de Mohr para os planos 1; 2 e o inclinado Note-se que é possível fazer uma superposição dos Círculos de Mohr para os três casos. Isto pode ser observado na figura 12 σ3 σ σ2 σ1 figura 12 – Círculo de Mohr para os três estudos superpostos.
  • 6. Univesidade Santa Cecília Engenharia Mecânica Resistência dos Materiais II Prof. José Carlos Morilla 6 Estado triplo de tensão Um plano inclinado qualquer, em relação aos três planos, simultaneamente, como o mostrado na figura 13, tem seu ponto representativo na área limitada pelos três Círculos de Mohr (arbelos). Isto pode ser observado na figura 14. figura 13 – Plano inclinado qualquer e os planos principais σ3 σ σ1 σ2 Plano D figura 14 – Círculo de Mohr para um plano qualquer. OBS:- 1. Usualmente a representação do Círculo de Mohr é feita, apenas, pelo semicírculo superior, como mostra a figura 15 σ3 σ σ2 σ1 figura 15 – Representação usual do Círculo de Mohr. 2. Qualquer estado de tensão pode ser interpretado como um caso particular do estado triplo de tensão. As figuras 16 e 17, mostram, respectivamente, os estados de tração simples e cisalhamento puro. σ3 σ σ1 σ2 figura 16 – Círculo de Mohr para a tração simples σ σ3 σ2 σ1 τ figura 16 – Círculo de Mohr para o cisalhamento puro 3. Desde que seja conhecida uma das tensões principais, as demais podem ser determinadas por um estudo semelhante ao estado duplo de tensão.