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[Hortelã 002]
Óleo essencial: Mentha piperita
Composto: Mentol, mentona, acetato de mentila, 1,8-cineol (eucaliptol), mentofurano,
isomentona, neomentol, limoneno e β-cariofileno.
Título: Ethnomedicinal, phytochemical and pharmacological updates on Peppermint
(Mentha piperita L.) — A review
"Atualizações etnomedicinais, fitoquímicas e farmacológicas sobre a hortelã-pimenta
(Mentha piperita L.) – Uma revisão".
Autor: Ganesan Mahendran e Laiq-Ur Rahman
Jornal: Phytotherapy research
Vol (issue): Online
Ano: 2020
DOI: 10.1002/ptr.6664
TAGs: Hortelã-pimenta; M. piperita; febre; resfriado; problemas digestivos; antiviral;
antifúngico; inflamação da garganta; mucosa oral; antioxidante; antimicrobiano; anti-
inflamatório; biopesticida; larvicida; anticâncer; efeito radioprotetor; genotoxicidade;
atividade antidiabética; cólicas menstruais; reumatismo; dores musculares; tosse;
bronquite; produtos cosméticos; saúde bucal; enterite; tratamento carminativo; anti-
pruriginoso; queimaduras solares; irritação; analgésicos tópicos; descongestionante;
agente antisséptico; enxaguatórios bucais; pastas de dente; ansiedade; cicatrizante;
hepatoprotetora; icterícia; hipotensão; distúrbios hepáticos; distúrbios estomacais;
cefaléia; dispepsia; calmante; enxaqueca; tônico nervoso; flavonóides; ácidos
fenólicos; compostos voláteis; ácido cafeico; mentol; mentona; acetato de mentila; 1,8-
cineol; eucaliptol; mentofurano; isomentona; neomentol; limoneno; β-cariofileno;
Klebsiella Spp.; S. aureus; Micrococcus flavus; Staphylococcus epidermidis;
Salmonella enteritidis; Escherichia coli; Xanthomonas campestris; Pseudomonas
fluorescens; Bacillus cereus; Fusarium moniliforme; Aspergillus niger; Aspergillus
fumigatus; Fusarium tabacinum; Penicillium spp.; Fusarium oxysporum
Saccharomyces cerevisiae; Candida albicans; Aspergillus flavus; Penicillium digitatum;
DPPH; influenza A; vírus herpes simplex; vaccinia; HIV; antinociceptivo; in vitro; in
vivo; toxicidade aguda; dano gástrico; efeito analgésico; diabetes; glicose;
microalbumina; urina; ureia; ácido úrico; tolerância à glicose; colesterol; fígado;
estresse oxidativo; dano mitocondrial; inflamação; hepatotoxicidade; malária; dengue;
chikungunya; encefalite; filariose; repelente larvicida; Anopheles annularis; A.
Culicifacies; Culex quinquefasciatus; A. aegypti; Musca domestica; baixa toxicidade;
atividade antidiarreica; anti-úlcera; revisão da literatura; revisão bibliográfica.
Sobre o artigo:
A hortelã-pimenta, pertencente à família das Lamiaceae, é uma erva perene que não
apresenta pelos, tricomas ou estruturas similares na sua superfície externa e possui
um aroma mentolado característico. É cultivada em uma região temperada da Europa,
Ásia, Estados Unidos, Índia e países mediterrâneos devido ao seu valor comercial e
aroma distinto.
E além dos usos tradicionais de condimentos alimentares, M. piperita é bem conhecida
por seu uso tradicional para tratar febre, resfriado, problemas digestivos, por ser
antiviral e antifúngico, além de proteger o organismo contra inflamação da garganta e
da mucosa oral.
Os estudos científicos fornecem conscientização sobre o seu uso para efeitos
biológicos como antioxidante, antimicrobiano, antiviral, anti-inflamatório, biopesticida,
larvicida, anticâncer, efeito radioprotetor, genotoxicidade e atividade antidiabética.
Espera-se que um amplo espectro de fitoquímicos bioativos, como flavonóides,
lignanas fenólicas e estilbenos, e óleos essenciais sejam responsáveis pelos efeitos
do aroma.
Nesse sentido, a presente revisão fornece uma ampla visão geral das atividades
tradicionais medicinais, fitoquímicas e biológicas múltiplas desta planta denominada
“hortelã-pimenta”.
Resultados:
De acordo com a Lista de Plantas (www.theplantlist.org), Mentha × piperita L. é o
único nome aceito para esta planta de hortelã-pimenta com 28 outros sinônimos. A
hortelã-pimenta pertence à família Lamiaceae, que consiste em mais de 7.200
espécies e cerca de 260 gêneros de árvores e arbustos.
O óleo essencial de folhas é utilizado como medicamento tradicional para cólicas
menstruais, reumatismo e alívio de dores musculares. As folhas desta decocção são
usadas como um medicamento natural para curar tosse, bronquite e inflamação.
M. piperita tem um forte aroma e exibe vários efeitos biológicos e propriedades
saudáveis, que apoiam seu enorme uso em produtos cosméticos e de saúde bucal.
A folha de hortelã-pimenta está oficialmente listada no British Herbal Compendium e é
usada para a concepção de um medicamento contra a cólica intestinal, distúrbios
biliares e flatulência. A European Scientific Cooperative on Phytotherapy também
sugere que a hortelã-pimenta seja usada para o tratamento de distúrbios digestivos e
enterite.
Na medicina tradicional nos Estados Unidos é usada como tratamento carminativo em
antiácidos, um anti-pruriginoso em cremes para queimaduras solares, contra irritação
em analgésicos tópicos, descongestionante em inalantes e pastilhas e como um
agente antisséptico ou aromatizante em enxaguatórios bucais, gomas e pastas de
dente.
● Usos etnomedicinais da hortelã-pimenta
No Egito, um estudo etnobotânico (2011) relatou o uso de decocção de folhas de
hortelã-pimenta para o tratamento de ansiedade e cólicas no trato gastrointestinal.
Informações etnobotânicas das propriedades medicinais antissépticas, anti-infecciosas
e cicatrizantes do suco de folhas de hortelã-pimenta também foram coletadas no Brasil
(2002).
Um estudo (2003) foi mostrado na Itália entrevistando idosos praticantes de fitoterapia,
onde as folhas e infusão de flores ou tintura da planta foram relatadas como
hepatoprotetoras e icterícia.
Em Chipre (2011), a infusão de folhas de hortelã-pimenta foi relatada para serem
usadas no tratamento de hipotensão, distúrbios hepáticos, distúrbios estomacais,
cefaleia, dispepsia, calmante, enxaqueca e tônico nervoso.
● Flavonóides, ácidos fenólicos e compostos voláteis.
Os constituintes polifenólicos são um grupo essencial de fitoconstituintes com usos
biológicos bem estabelecidos, como propriedades antimicrobianas, anti-inflamatórias,
anticâncer e antioxidantes. São caracterizados em diferentes subgrupos como
flavonóides, ácidos fenólicos, lignanas e estilbenos.
De todos os ácidos fenólicos, M. piperita é particularmente enriquecido com ácido
cafeico e seus derivados, o último relatado representa 60 a 80% de seus compostos
fenólicos totais.
Ácido cafeico, ácido rosmarínico, ácidos litospérmicos e ácido clorogênico são ácidos
fenólicos bem conhecidos com atividades biológicas e farmacológicas previamente
confirmadas, que são amplamente encontradas e, portanto, podem apresentar um
papel nas propriedades terapêuticas tradicionais.
Entre os monoterpenos, o mentol é o principal constituinte (35 a 60%), seguido pela
mentona (2 a 44%), acetato de mentila (0,7 a 23%), 1,8-cineol (eucaliptol) (1 a 13%),
mentofurano (0,3 a 14%), isomentona (2 a 5%), neomentol (3 a 4%) e limoneno (0,1 a
6%), enquanto β-cariofileno é o principal sesquiterpeno (1,6 a 1,8%).
● Atividade antibacteriana
Em estudos anteriores (2015), (2016) e (2017), pesquisadores demonstraram um
efeito antibacteriano significativo do óleo essencial de M. piperita contra uma ampla
gama de bactérias, como Klebsiella Spp., S. aureus, Micrococcus flavus,
Staphylococcus epidermidis, Salmonella enteritidis, Escherichia coli e Xanthomonas
campestris.
Da mesma forma, a atividade antimicrobiana dos óleos essenciais das folhas de M.
piperita contra bactérias apresentaram zona de inibição contra Escherichia coli,
Staphylococcus aureus, Xanthomonas campestris, Streptococcus pyogenes, Klebsiella
pneumoniae, Bacillus subtilis, Pseudomonas fluorescens e Bacillus cereus.
● Atividade antifúngica
Folhas e óleos de hortelã-pimenta foram usados para aplicações antifúngicas em
várias investigações anteriores. Pesquisadores (2017) descreveram que a atividade do
óleo essencial (2 a 5 mg/ml) obtido das folhas de M. piperita inibiu o crescimento dos
fungos Fusarium moniliforme, Aspergillus niger e Aspergillus fumigatus.
Da mesma forma, pesquisadores (2017) perceberam que 1.0 μl de óleo essencial
apresentou efeito inibitório quando avaliado em um ensaio antifúngico contra Alternaria
alternaria, Fusarium tabacinum, Penicillium spp. e Fusarium oxysporum.
Além desses, os resultados da aplicação antifúngica de óleos ou extratos foram
mostrados na literatura representando alta sensibilidade de M. piperita contra muitas
das cepas de fungos como: Saccharomyces cerevisiae, Candida albicans, Fusarium
oxysporum, Mucor spp, Aspergillus niger, Aspergillus flavus e Penicillium digitatum.
● Atividade antioxidante
Estudos farmacológicos demonstraram que o óleo volátil e extratos de M. piperita têm
fortes efeitos antioxidantes. Para isso, são muito utilizados os valores das IC50
(concentração inibitória em 50%) que avaliam a concentração da substância
necessária para agir contra agentes do estresse oxidativo, assim como as espécies
reativas de oxigênio.
Vários autores investigam a capacidade dos óleos essenciais ou extratos de eliminar
espécies reativas de oxigênio por diversos ensaios laboratoriais, como:
a. DPPH (1,1-difenil 1-picrilhidrazila ou 2,2-difenil-1-picrilhidrasil);
b. ILPA, (ensaio de inibição da peroxidação lipídica);
c. ISRA (ensaio de inibição de radicais superóxido);
d. IHRA (inibição de radicais hidroxil);
e. ABTS (ácido 3-etilbenzotiazolina-6-sulfônico);
f. BCLBA (ensaio de branqueamento com ácido β-caroteno-linoléico);
g. PM (fosfomolibdênio);
h. NORSC (atividade de eliminação de radicais de óxido nítrico) e;
i. FRAP (ensaio de potência redutora de ferro).
Em um estudo (2014), a mistura de etanol e água (80:20) e extratos de M. piperita
apresentaram FRAP (potência redutora de ferro) significativa e o maior nível de
inibição por branqueamento (72%) a partir do β-caroteno.
Outro estudo (2017) testou a capacidade de eliminar a atividade do radical DPPH a
partir de concentrações do extrato de M. piperita. Portanto, foi demonstrado que este
inibiu significativamente o radical DPPH (IC50 45 ± 3,2 μg/ml) em comparação com o
valor do BHA (IC50 de 53 ± 3,1μg/ml) – um composto sintético antioxidante.
Além disso, outros pesquisadores (2016) descreveram que 80% de extrato de metanol
da M. piperita exibiu atividade antioxidante in vitro na atividade de eliminação do
radical DPPH e nos ensaios de capacidade antioxidante total, mesmo após lesão
induzida por raios UV.
● Atividade de proteção contra radiação
Um estudo (1996) demonstrou que 1 g/kg de peso corporal do extrato de M. piperita
apresentou efeito protetor contra danos cromossômicos induzidos por radiação.
As propriedades radioprotetoras do óleo essencial contra alterações no sangue
periférico induzidas por radiação e a sobrevivência de camundongos também foram
estudadas (2014). E os pesquisadores observaram que apenas 17% dos ratos
morreram nos grupos tratados com óleo de mentol, enquanto 100% de mortalidade
foram observadas no grupo controle.
● Atividade antiviral
Em um estudo (1967), pesquisadores relataram que o extrato aquoso de M. piperita é
eficaz contra influenza A, vírus herpes simplex (HSV), vírus da doença de Newcastle e
vírus vaccinia.
Outro estudo (1998) relatou que o extrato aquoso de M. piperita a 16μg/ml inibiu o
crescimento do vírus da imunodeficiência anti-humana-1 (HIV)-1 em células MT-4.
Além disso, outros autores (2003) demonstraram que células infectadas com HSV-1
foram tratadas com 1% de óleo essencial de M. piperita e inibiram a sua replicação.
● Atividades anti-inflamatórias e antinociceptivas
O óleo essencial e o extrato de M. piperita foram avaliados quanto às suas atividades
anti-inflamatórias e antinociceptivas in vitro e in vivo. A nocicepção é caracterizada
pela percepção da dor a partir dos nervos periféricos presentes nas extremidades.
Para a determinação da atividade antinociceptiva em camundongos os efeitos
inibitórios dos óleos na contorção induzida pelo ácido acético e no teste da placa
quente foram analisados; enquanto que para avaliar as características anti-
inflamatórias o modelo de edema da pata traseira induzido por carragenina, edema de
orelha induzido por óleo de cróton e produção de óxido nítrico (NO) in vitro, são
amplamente utilizados como protocolo de triagem.
Conforme mostrado nesta investigação, o óleo de M. piperita exerceu atividade anti-
inflamatória e antinociceptiva significativa (na dose de 500 mg/kg) em 270 a 360
minutos, sem induzir qualquer toxicidade aguda aparente ou dano gástrico em
comparação com a indometacina (medicamento de referência), que tem uma atividade
de atuação em 90 a 360 minutos.
Autores (1998) também observaram um extrato etanólico de M. piperita e o seu efeito
analgésico em camundongos. Eles descobriram que a administração oral do extrato
em uma dose de 200 ou 400 mg/kg melhorou significativamente (entre 38 a 44%) o
número de contorções em comparação com os controles.
● Tratamento de diabetes
Pesquisadores (2018) demonstraram que a administração da infusão de hortelã-
pimenta em dietas de até 4 semanas para ratos diabéticos diminuiu a glicose,
microalbumina, urina, ureia e ácido úrico.
Em outro estudo, o óleo essencial de folhas de hortelã-pimenta reduziu o nível de
glicose no sangue condicionalmente em ratos normais e com diabetes induzida.
Além disso, pesquisadores (2011) analisaram o efeito do suco de folhas de hortelã-
pimenta (na dose de 0,29 g/kg) nos níveis de tolerância à glicose em ratos não
diabéticos e naqueles diabéticos. O suco foi responsável por apresentar uma redução
nos níveis de glicose, LDL-c, colesterol e triglicerídeos e aumento significativo do HDL-
c.
Esses experimentos foram confirmados por outros autores (2011) que conduziram
experimentos in vivo, usando ratos alimentados com frutose. E os níveis de glicose no
sangue, triglicerídeo, VLDL, LDL, glicose e colesterol séricos foram reduzidos
significativamente após a administração de 100 e 250 mg/kg do extrato aquoso.
● Atividade hepatoprotetora
O dano ao fígado é causado por substâncias tóxicas ambientais, medicamentos e
vírus que resultam na produção de espécies reativas de oxigênio, das quais ativam o
estresse oxidativo, dano mitocondrial e a inflamação.
Pesquisadores (2015) observaram que as folhas da hortelã-pimenta (em uma dose
oral de 0,5 ml/kg) podem ter efeito protetor contra danos no fígado induzidos a partir
da diminuição significativa de agentes oxidativos como a alanina transaminase,
aspartato transaminase, fosfatase alcalina, ureia, creatinina, ácido úrico, bilirrubina e
malondialdeído; como também no aumento significativo das enzimas responsáveis
pela regulação do estresse oxidativo como a superóxido dismutase (SOD), glutationa
peroxidase (GPX).
● Atividade larvicida
Malária, dengue, chikungunya, encefalite e filariose são doenças transmitidas por
vetores que continuam a sendo um dos principais problemas de saúde em todo o
mundo. O monitoramento da densidade de disseminação dos mosquitos e da doença
é uma medida nobre e que pode ser evitada.
Sabemos que o repelente larvicida à base de plantas é mais seguro e mais ecológico
em comparação com as preparações sintéticas. Em um estudo (2000), pesquisadores
testaram o OE de M. piperita contra larvas de Anopheles annularis, A. Culicifacies e
Culex quinquefasciatus, e revelaram que o OE foi capaz de expor uma taxa de
mortalidade excelente.
Outros pesquisadores (2000) relataram a bioeficácia larvicida de OE isolado de
hortelã-pimenta, que exibiu mortalidade potente (dose letal – LD50 de 21,36 ppm) de
A. stephensi e (LD50 de 26,19 ppm) larvas de A. aegypti.
Ainda, outro estudo (2011) afirma a atividade larvicida do OE de M. piperita contra
larvas de terceiro ínstar de Musca domestica (Mosca), no qual o óleo apresentou
potencial de mortalidade larval de 100% após 48 horas.
● Toxicologia
O potencial de cura de compostos bioativos isolados ou plantas medicinais é
contemplado após haver análise de efeitos toxicológicos ou fatais. Portanto, os
estudos toxicológicos são de grande importância para produtos naturais de base
vegetal.
Estudos (1984, 2001) de toxicidade aguda realizados em ratos mostraram que a dose
letal em 50% (LD50) de OE de hortelã-pimenta varia de 2.410 a 4.441 mg/kg. Outros
estudos de toxicidade aguda em camundongos não demonstraram haver qualquer
sinal de toxicidade do óleo na dose de 0,2 ml/kg.
Alguns autores (2016) avaliaram a toxicidade aguda em camundongos com solução de
etanol e do extrato aquoso das folhas. E, portanto, não houve morte na dose mais alta
de 3.700 e 4.800 mg/kg de peso corporal por via oral administrada. Assim, o laudo
informa que o extrato não apresenta toxicidade e, portanto, pode ser considerado
seguro.
Na prática:
Nesta revisão, os autores revelaram informações detalhadas dos usos tradicionais, da
etnobotânica, fitoquímica e a significância farmacológica de M. piperita.
O estudo da literatura verificou que diferentes partes de M. piperita são utilizadas na
etnomedicina em todo o mundo. E que os estudos farmacológicos fornecem os efeitos
biológicos da planta na medicina tradicional, a partir de seus constituintes fitoquímicos.
Com base na literatura, relatou-se que a maioria dos perfis químicos da hortelã-
pimenta foram flavonóides (53%) e ácidos fenólicos (42%). Além disso, a pesquisa
farmacológica anterior concentra-se principalmente nas atividades anti-inflamatórias,
antinociceptivas, antioxidantes, larvicidas, antidiabéticas e de proteção contra
radiação, porém, poucos estudos se concentram nas atividades antidiarreica,
cicatrizante, hepatoprotetora e antiúlcera.

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  • 1. [Hortelã 002] Óleo essencial: Mentha piperita Composto: Mentol, mentona, acetato de mentila, 1,8-cineol (eucaliptol), mentofurano, isomentona, neomentol, limoneno e β-cariofileno. Título: Ethnomedicinal, phytochemical and pharmacological updates on Peppermint (Mentha piperita L.) — A review "Atualizações etnomedicinais, fitoquímicas e farmacológicas sobre a hortelã-pimenta (Mentha piperita L.) – Uma revisão". Autor: Ganesan Mahendran e Laiq-Ur Rahman Jornal: Phytotherapy research Vol (issue): Online Ano: 2020 DOI: 10.1002/ptr.6664 TAGs: Hortelã-pimenta; M. piperita; febre; resfriado; problemas digestivos; antiviral; antifúngico; inflamação da garganta; mucosa oral; antioxidante; antimicrobiano; anti- inflamatório; biopesticida; larvicida; anticâncer; efeito radioprotetor; genotoxicidade; atividade antidiabética; cólicas menstruais; reumatismo; dores musculares; tosse; bronquite; produtos cosméticos; saúde bucal; enterite; tratamento carminativo; anti- pruriginoso; queimaduras solares; irritação; analgésicos tópicos; descongestionante; agente antisséptico; enxaguatórios bucais; pastas de dente; ansiedade; cicatrizante; hepatoprotetora; icterícia; hipotensão; distúrbios hepáticos; distúrbios estomacais; cefaléia; dispepsia; calmante; enxaqueca; tônico nervoso; flavonóides; ácidos fenólicos; compostos voláteis; ácido cafeico; mentol; mentona; acetato de mentila; 1,8- cineol; eucaliptol; mentofurano; isomentona; neomentol; limoneno; β-cariofileno; Klebsiella Spp.; S. aureus; Micrococcus flavus; Staphylococcus epidermidis; Salmonella enteritidis; Escherichia coli; Xanthomonas campestris; Pseudomonas fluorescens; Bacillus cereus; Fusarium moniliforme; Aspergillus niger; Aspergillus fumigatus; Fusarium tabacinum; Penicillium spp.; Fusarium oxysporum Saccharomyces cerevisiae; Candida albicans; Aspergillus flavus; Penicillium digitatum; DPPH; influenza A; vírus herpes simplex; vaccinia; HIV; antinociceptivo; in vitro; in vivo; toxicidade aguda; dano gástrico; efeito analgésico; diabetes; glicose; microalbumina; urina; ureia; ácido úrico; tolerância à glicose; colesterol; fígado; estresse oxidativo; dano mitocondrial; inflamação; hepatotoxicidade; malária; dengue; chikungunya; encefalite; filariose; repelente larvicida; Anopheles annularis; A. Culicifacies; Culex quinquefasciatus; A. aegypti; Musca domestica; baixa toxicidade; atividade antidiarreica; anti-úlcera; revisão da literatura; revisão bibliográfica. Sobre o artigo: A hortelã-pimenta, pertencente à família das Lamiaceae, é uma erva perene que não apresenta pelos, tricomas ou estruturas similares na sua superfície externa e possui
  • 2. um aroma mentolado característico. É cultivada em uma região temperada da Europa, Ásia, Estados Unidos, Índia e países mediterrâneos devido ao seu valor comercial e aroma distinto. E além dos usos tradicionais de condimentos alimentares, M. piperita é bem conhecida por seu uso tradicional para tratar febre, resfriado, problemas digestivos, por ser antiviral e antifúngico, além de proteger o organismo contra inflamação da garganta e da mucosa oral. Os estudos científicos fornecem conscientização sobre o seu uso para efeitos biológicos como antioxidante, antimicrobiano, antiviral, anti-inflamatório, biopesticida, larvicida, anticâncer, efeito radioprotetor, genotoxicidade e atividade antidiabética. Espera-se que um amplo espectro de fitoquímicos bioativos, como flavonóides, lignanas fenólicas e estilbenos, e óleos essenciais sejam responsáveis pelos efeitos do aroma. Nesse sentido, a presente revisão fornece uma ampla visão geral das atividades tradicionais medicinais, fitoquímicas e biológicas múltiplas desta planta denominada “hortelã-pimenta”. Resultados: De acordo com a Lista de Plantas (www.theplantlist.org), Mentha × piperita L. é o único nome aceito para esta planta de hortelã-pimenta com 28 outros sinônimos. A hortelã-pimenta pertence à família Lamiaceae, que consiste em mais de 7.200 espécies e cerca de 260 gêneros de árvores e arbustos. O óleo essencial de folhas é utilizado como medicamento tradicional para cólicas menstruais, reumatismo e alívio de dores musculares. As folhas desta decocção são usadas como um medicamento natural para curar tosse, bronquite e inflamação. M. piperita tem um forte aroma e exibe vários efeitos biológicos e propriedades saudáveis, que apoiam seu enorme uso em produtos cosméticos e de saúde bucal. A folha de hortelã-pimenta está oficialmente listada no British Herbal Compendium e é usada para a concepção de um medicamento contra a cólica intestinal, distúrbios biliares e flatulência. A European Scientific Cooperative on Phytotherapy também sugere que a hortelã-pimenta seja usada para o tratamento de distúrbios digestivos e enterite. Na medicina tradicional nos Estados Unidos é usada como tratamento carminativo em antiácidos, um anti-pruriginoso em cremes para queimaduras solares, contra irritação em analgésicos tópicos, descongestionante em inalantes e pastilhas e como um agente antisséptico ou aromatizante em enxaguatórios bucais, gomas e pastas de dente. ● Usos etnomedicinais da hortelã-pimenta No Egito, um estudo etnobotânico (2011) relatou o uso de decocção de folhas de hortelã-pimenta para o tratamento de ansiedade e cólicas no trato gastrointestinal.
  • 3. Informações etnobotânicas das propriedades medicinais antissépticas, anti-infecciosas e cicatrizantes do suco de folhas de hortelã-pimenta também foram coletadas no Brasil (2002). Um estudo (2003) foi mostrado na Itália entrevistando idosos praticantes de fitoterapia, onde as folhas e infusão de flores ou tintura da planta foram relatadas como hepatoprotetoras e icterícia. Em Chipre (2011), a infusão de folhas de hortelã-pimenta foi relatada para serem usadas no tratamento de hipotensão, distúrbios hepáticos, distúrbios estomacais, cefaleia, dispepsia, calmante, enxaqueca e tônico nervoso. ● Flavonóides, ácidos fenólicos e compostos voláteis. Os constituintes polifenólicos são um grupo essencial de fitoconstituintes com usos biológicos bem estabelecidos, como propriedades antimicrobianas, anti-inflamatórias, anticâncer e antioxidantes. São caracterizados em diferentes subgrupos como flavonóides, ácidos fenólicos, lignanas e estilbenos. De todos os ácidos fenólicos, M. piperita é particularmente enriquecido com ácido cafeico e seus derivados, o último relatado representa 60 a 80% de seus compostos fenólicos totais. Ácido cafeico, ácido rosmarínico, ácidos litospérmicos e ácido clorogênico são ácidos fenólicos bem conhecidos com atividades biológicas e farmacológicas previamente confirmadas, que são amplamente encontradas e, portanto, podem apresentar um papel nas propriedades terapêuticas tradicionais. Entre os monoterpenos, o mentol é o principal constituinte (35 a 60%), seguido pela mentona (2 a 44%), acetato de mentila (0,7 a 23%), 1,8-cineol (eucaliptol) (1 a 13%), mentofurano (0,3 a 14%), isomentona (2 a 5%), neomentol (3 a 4%) e limoneno (0,1 a 6%), enquanto β-cariofileno é o principal sesquiterpeno (1,6 a 1,8%). ● Atividade antibacteriana Em estudos anteriores (2015), (2016) e (2017), pesquisadores demonstraram um efeito antibacteriano significativo do óleo essencial de M. piperita contra uma ampla gama de bactérias, como Klebsiella Spp., S. aureus, Micrococcus flavus, Staphylococcus epidermidis, Salmonella enteritidis, Escherichia coli e Xanthomonas campestris. Da mesma forma, a atividade antimicrobiana dos óleos essenciais das folhas de M. piperita contra bactérias apresentaram zona de inibição contra Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Xanthomonas campestris, Streptococcus pyogenes, Klebsiella pneumoniae, Bacillus subtilis, Pseudomonas fluorescens e Bacillus cereus. ● Atividade antifúngica Folhas e óleos de hortelã-pimenta foram usados para aplicações antifúngicas em várias investigações anteriores. Pesquisadores (2017) descreveram que a atividade do óleo essencial (2 a 5 mg/ml) obtido das folhas de M. piperita inibiu o crescimento dos fungos Fusarium moniliforme, Aspergillus niger e Aspergillus fumigatus.
  • 4. Da mesma forma, pesquisadores (2017) perceberam que 1.0 μl de óleo essencial apresentou efeito inibitório quando avaliado em um ensaio antifúngico contra Alternaria alternaria, Fusarium tabacinum, Penicillium spp. e Fusarium oxysporum. Além desses, os resultados da aplicação antifúngica de óleos ou extratos foram mostrados na literatura representando alta sensibilidade de M. piperita contra muitas das cepas de fungos como: Saccharomyces cerevisiae, Candida albicans, Fusarium oxysporum, Mucor spp, Aspergillus niger, Aspergillus flavus e Penicillium digitatum. ● Atividade antioxidante Estudos farmacológicos demonstraram que o óleo volátil e extratos de M. piperita têm fortes efeitos antioxidantes. Para isso, são muito utilizados os valores das IC50 (concentração inibitória em 50%) que avaliam a concentração da substância necessária para agir contra agentes do estresse oxidativo, assim como as espécies reativas de oxigênio. Vários autores investigam a capacidade dos óleos essenciais ou extratos de eliminar espécies reativas de oxigênio por diversos ensaios laboratoriais, como: a. DPPH (1,1-difenil 1-picrilhidrazila ou 2,2-difenil-1-picrilhidrasil); b. ILPA, (ensaio de inibição da peroxidação lipídica); c. ISRA (ensaio de inibição de radicais superóxido); d. IHRA (inibição de radicais hidroxil); e. ABTS (ácido 3-etilbenzotiazolina-6-sulfônico); f. BCLBA (ensaio de branqueamento com ácido β-caroteno-linoléico); g. PM (fosfomolibdênio); h. NORSC (atividade de eliminação de radicais de óxido nítrico) e; i. FRAP (ensaio de potência redutora de ferro). Em um estudo (2014), a mistura de etanol e água (80:20) e extratos de M. piperita apresentaram FRAP (potência redutora de ferro) significativa e o maior nível de inibição por branqueamento (72%) a partir do β-caroteno. Outro estudo (2017) testou a capacidade de eliminar a atividade do radical DPPH a partir de concentrações do extrato de M. piperita. Portanto, foi demonstrado que este inibiu significativamente o radical DPPH (IC50 45 ± 3,2 μg/ml) em comparação com o valor do BHA (IC50 de 53 ± 3,1μg/ml) – um composto sintético antioxidante. Além disso, outros pesquisadores (2016) descreveram que 80% de extrato de metanol da M. piperita exibiu atividade antioxidante in vitro na atividade de eliminação do radical DPPH e nos ensaios de capacidade antioxidante total, mesmo após lesão induzida por raios UV. ● Atividade de proteção contra radiação Um estudo (1996) demonstrou que 1 g/kg de peso corporal do extrato de M. piperita apresentou efeito protetor contra danos cromossômicos induzidos por radiação. As propriedades radioprotetoras do óleo essencial contra alterações no sangue periférico induzidas por radiação e a sobrevivência de camundongos também foram
  • 5. estudadas (2014). E os pesquisadores observaram que apenas 17% dos ratos morreram nos grupos tratados com óleo de mentol, enquanto 100% de mortalidade foram observadas no grupo controle. ● Atividade antiviral Em um estudo (1967), pesquisadores relataram que o extrato aquoso de M. piperita é eficaz contra influenza A, vírus herpes simplex (HSV), vírus da doença de Newcastle e vírus vaccinia. Outro estudo (1998) relatou que o extrato aquoso de M. piperita a 16μg/ml inibiu o crescimento do vírus da imunodeficiência anti-humana-1 (HIV)-1 em células MT-4. Além disso, outros autores (2003) demonstraram que células infectadas com HSV-1 foram tratadas com 1% de óleo essencial de M. piperita e inibiram a sua replicação. ● Atividades anti-inflamatórias e antinociceptivas O óleo essencial e o extrato de M. piperita foram avaliados quanto às suas atividades anti-inflamatórias e antinociceptivas in vitro e in vivo. A nocicepção é caracterizada pela percepção da dor a partir dos nervos periféricos presentes nas extremidades. Para a determinação da atividade antinociceptiva em camundongos os efeitos inibitórios dos óleos na contorção induzida pelo ácido acético e no teste da placa quente foram analisados; enquanto que para avaliar as características anti- inflamatórias o modelo de edema da pata traseira induzido por carragenina, edema de orelha induzido por óleo de cróton e produção de óxido nítrico (NO) in vitro, são amplamente utilizados como protocolo de triagem. Conforme mostrado nesta investigação, o óleo de M. piperita exerceu atividade anti- inflamatória e antinociceptiva significativa (na dose de 500 mg/kg) em 270 a 360 minutos, sem induzir qualquer toxicidade aguda aparente ou dano gástrico em comparação com a indometacina (medicamento de referência), que tem uma atividade de atuação em 90 a 360 minutos. Autores (1998) também observaram um extrato etanólico de M. piperita e o seu efeito analgésico em camundongos. Eles descobriram que a administração oral do extrato em uma dose de 200 ou 400 mg/kg melhorou significativamente (entre 38 a 44%) o número de contorções em comparação com os controles. ● Tratamento de diabetes Pesquisadores (2018) demonstraram que a administração da infusão de hortelã- pimenta em dietas de até 4 semanas para ratos diabéticos diminuiu a glicose, microalbumina, urina, ureia e ácido úrico. Em outro estudo, o óleo essencial de folhas de hortelã-pimenta reduziu o nível de glicose no sangue condicionalmente em ratos normais e com diabetes induzida. Além disso, pesquisadores (2011) analisaram o efeito do suco de folhas de hortelã- pimenta (na dose de 0,29 g/kg) nos níveis de tolerância à glicose em ratos não diabéticos e naqueles diabéticos. O suco foi responsável por apresentar uma redução
  • 6. nos níveis de glicose, LDL-c, colesterol e triglicerídeos e aumento significativo do HDL- c. Esses experimentos foram confirmados por outros autores (2011) que conduziram experimentos in vivo, usando ratos alimentados com frutose. E os níveis de glicose no sangue, triglicerídeo, VLDL, LDL, glicose e colesterol séricos foram reduzidos significativamente após a administração de 100 e 250 mg/kg do extrato aquoso. ● Atividade hepatoprotetora O dano ao fígado é causado por substâncias tóxicas ambientais, medicamentos e vírus que resultam na produção de espécies reativas de oxigênio, das quais ativam o estresse oxidativo, dano mitocondrial e a inflamação. Pesquisadores (2015) observaram que as folhas da hortelã-pimenta (em uma dose oral de 0,5 ml/kg) podem ter efeito protetor contra danos no fígado induzidos a partir da diminuição significativa de agentes oxidativos como a alanina transaminase, aspartato transaminase, fosfatase alcalina, ureia, creatinina, ácido úrico, bilirrubina e malondialdeído; como também no aumento significativo das enzimas responsáveis pela regulação do estresse oxidativo como a superóxido dismutase (SOD), glutationa peroxidase (GPX). ● Atividade larvicida Malária, dengue, chikungunya, encefalite e filariose são doenças transmitidas por vetores que continuam a sendo um dos principais problemas de saúde em todo o mundo. O monitoramento da densidade de disseminação dos mosquitos e da doença é uma medida nobre e que pode ser evitada. Sabemos que o repelente larvicida à base de plantas é mais seguro e mais ecológico em comparação com as preparações sintéticas. Em um estudo (2000), pesquisadores testaram o OE de M. piperita contra larvas de Anopheles annularis, A. Culicifacies e Culex quinquefasciatus, e revelaram que o OE foi capaz de expor uma taxa de mortalidade excelente. Outros pesquisadores (2000) relataram a bioeficácia larvicida de OE isolado de hortelã-pimenta, que exibiu mortalidade potente (dose letal – LD50 de 21,36 ppm) de A. stephensi e (LD50 de 26,19 ppm) larvas de A. aegypti. Ainda, outro estudo (2011) afirma a atividade larvicida do OE de M. piperita contra larvas de terceiro ínstar de Musca domestica (Mosca), no qual o óleo apresentou potencial de mortalidade larval de 100% após 48 horas. ● Toxicologia O potencial de cura de compostos bioativos isolados ou plantas medicinais é contemplado após haver análise de efeitos toxicológicos ou fatais. Portanto, os estudos toxicológicos são de grande importância para produtos naturais de base vegetal. Estudos (1984, 2001) de toxicidade aguda realizados em ratos mostraram que a dose letal em 50% (LD50) de OE de hortelã-pimenta varia de 2.410 a 4.441 mg/kg. Outros
  • 7. estudos de toxicidade aguda em camundongos não demonstraram haver qualquer sinal de toxicidade do óleo na dose de 0,2 ml/kg. Alguns autores (2016) avaliaram a toxicidade aguda em camundongos com solução de etanol e do extrato aquoso das folhas. E, portanto, não houve morte na dose mais alta de 3.700 e 4.800 mg/kg de peso corporal por via oral administrada. Assim, o laudo informa que o extrato não apresenta toxicidade e, portanto, pode ser considerado seguro. Na prática: Nesta revisão, os autores revelaram informações detalhadas dos usos tradicionais, da etnobotânica, fitoquímica e a significância farmacológica de M. piperita. O estudo da literatura verificou que diferentes partes de M. piperita são utilizadas na etnomedicina em todo o mundo. E que os estudos farmacológicos fornecem os efeitos biológicos da planta na medicina tradicional, a partir de seus constituintes fitoquímicos. Com base na literatura, relatou-se que a maioria dos perfis químicos da hortelã- pimenta foram flavonóides (53%) e ácidos fenólicos (42%). Além disso, a pesquisa farmacológica anterior concentra-se principalmente nas atividades anti-inflamatórias, antinociceptivas, antioxidantes, larvicidas, antidiabéticas e de proteção contra radiação, porém, poucos estudos se concentram nas atividades antidiarreica, cicatrizante, hepatoprotetora e antiúlcera.