1. Cartas para Mikael: uma
história vivida em sala de
aula.
Gisele de Oliveira Silva
SME/RJ
Rede Formad/Geppan
2. Acreditando em uma prática discursiva
como fenômeno de interlocução que
pretende potencializar a apropriação
da linguagem, o projeto em questão
apresenta possibilidades de leitura e
escrita possíveis de estenderem-se
para além dos muros da escola.
3. A escolha das cartas nesse projeto surgiu
com a necessidade de comunicação entre a
turma e um aluno que se mudou para o
estado do Pará. Isso no sentido de nos
aproximarmos de modos de vida diversos,
ampliar e aprofundar conhecimentos de
modo significativo e de uma rica produção
de sentidos.
4. A imprevisibilidade do cotidiano escolar se
expressa em toda sua forma quando menos
esperamos.
Alguns desses fatos são capazes de exprimir a
cultura do diálogo reflexivo e de realizar
aproximações significativas no processo ensino
aprendizagem da leitura e da escrita.
As diferenças regionais desse nosso país tão
imenso se apresentaram ali em minha sala de
aula através de uma simples pergunta: “-Tia, o
que é um picolé?”
5. Depois das explicações e observação da
figura do picolé, Mikael desenhava e escrevia
sobre o mesmo em quase todas as suas
produções.
6. A partir desse momento comecei a pensar o
quanto seria interessante pesquisarmos
sobre a terra de origem de nosso amigo
Mikael, porém algumas demandas do dia a
dia impediram que eu levasse a proposta a
diante e decidi que a faria no inicio do ano
letivo de 2012, já que eu acompanharia a
turma.
7. No final do ano letivo de 2011, os tios de Mikael
me deram uma informação que mudaria um
pouco os rumos da idéia primeira que me
ocorreu. Ele voltaria para o Pará por solicitação
de sua mãe. Passado o impacto refleti que
mesmo distante, poderíamos homenagear e
aprender mais com a cultura paraense nos
correspondendo com ele através de cartas e o
quão enriquecedora poderia vir a ser essa
experiência. A idéia ficou guardada , mas não
esquecida
8. O trabalho com o gênero cartas pode
pressupor uma idéia a principio trivial,
porém no nosso caso esta é prenhe de
sentido, profundamente vinculado ao nosso
cotidiano, sendo um trabalho que muito
tem contribuído para a atividade
comunicativa do dia a dia
9. Preenchimento do envelope
A concepção discursiva da
alfabetização, está presente no uso
social da escrita trazendo em si o
porquê, o para quê e o para quem
escrevemos.
10. Considerarmos que a alfabetização implica
leitura e escritura, enquanto momentos
discursivos, e que o processo de aquisição da
linguagem também se constrói numa
sucessão de momentos discursivos, de
interlocução e de interação (SMOLKA, 1996,
p. 29), buscamos fundamentar o presente
trabalho na proposta interacionista de
Vygotsky (1984), em que a aquisição se dá
no curso de interações discursivas
significativas entre os homens, como um
processo sócio histórico.
11. A escrita da primeira carta para Mikael foi realizada de
forma coletiva sendo um evento importante, uma escrita
que veio corroborar com a ideia de que um texto se
caracteriza pela sua singularidade e pelas vozes dos
sujeitos em questão.
12. Trata-se de uma situação de ensino que explicita
um contexto interativo, que envolve um universo
cultural com forte componente afetivo e de total
interesse dos envolvidos. Tal prática tem
fortalecido e desenvolvido o conhecimento e a
criatividade de todos. Experiências essas que
tem oferecido elementos valiosos para pensar
possibilidades outras de transformação da escola
e das práticas dialógicas atravessadas pelas
diferenças que se apresentam no cotidiano
escolar.
14. Interação, comunicação, participação.
Acreditamos que a elaboração do gênero focalizado,
tem possibilitado a prática da escrita significativa, pois
que este gênero vem sendo utilizado como um espaço
lingüístico discursivo de reflexão sobre a língua,
contribuindo no aprimoramento do sentido discursivo
da. linguagem.
16. Enquanto aguardamos a resposta da primeira carta enviada,
vamos aprendendo um pouco mais sobre a cultura paraense.
O fruto desse trabalho envolve uma prática educativa escolar
que ultrapassa o muro da escola, propõe uma alfabetização
dialógica, atenta as diferenças, o que vem ampliando a
possibilidade de relações com diferentes lógicas e culturas.
A Dança do Treme
17. Durante esses meses de intensa interlocução,
mediação e aprimoramento de conhecimentos
nos valemos das palavras de Geraldi(2004), a
guisa de (in) conclusão : “Ensinar não é mais
transmitir e informar, ensinar é ensinar o
sujeito aprendente a construir respostas... Tomar
a aula como acontecimento é eleger o fluxo do
movimento como inspiração, rejeitando a
permanência do mesmo e a fixidez mórbida do
passado.” Estamos nós aqui, no presente (re)
fazendo a cada dia uma nova história.
18. “As palavras sabem muito mais longe”
Bartolomeu Campos de Queirós
Obrigada.