Geomorfologia de Minas Gerais e seus 18 compartimentos
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Geomorfologia
Geomorfologia é a ciência que estuda as formas da superfície da terra e sua
evolução.
As diversas formas de paisagem que compõem essa superfície são chamadas
de relevo. Em Minas Gerais o relevo é caracterizado por planaltos, depressões e
áreas dissecadas, resultado de uma alternância de atuação dos processos
morfoclimáticos favoráveis a extensas áreas de aplainamento ou ao entalhamento
linear (aprofundamento dos cursos d’água).
Entretanto, verifica-se que o modelo atual da superfície da terra não resulta
simplesmente da atuação de processos morfoclimáticos, devido a .
Já as cotas altimétricas mais elevadas, os grandes escarpamentos, as cristas
mais extensas, a orientação e disposição do relevo relacionam-se com as
macroestruturas geológicas, enquanto a tipologia geral das formas continua sendo
determinada por processos erosivos, ressaltando os casos em que existem
sugestões de influência de tectonismo pós-cretácicos na evolução geomorfológica,
como no caso das serras do Espinhaço e da Mantiqueira.
Alguns trabalhos publicados por vários autores, em épocas e finalidades
diferentes, levaram a conclusão que as características mais significativas do relevo
mineiro, ainda conservam o mesmo padrão adotado em trabalhos anteriores, sobre
a divisão dos principais compartimentos do modelado mineiro.
Esses padrões seguem as características mais marcantes que foram
identificadas em quatro macros compartimentos. São eles:
Os planaltos e elevações mais expressivas modelados no complexo cristalino
que domina parte oriental e meridional do Estado;
As altas superfícies do Quadrilátero Ferrífero e do Espinhaço e as grandes
unidades morfológicas esculpidas no complexo cristalino da bacia sedimentar
do São Francisco;
A depressão do São Francisco com um relevo levemente ondulado;
Os extensos chapadões do Triângulo Mineiro, modelado nas espessas
camadas de sedimentos que recobrem o basalto e o embasamento cristalino.
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Porém, as diferenciações e peculiaridades no relevo levaram a análise mais
fina de maiores detalhes sobre os macrocompartimentos, que conduziram a uma
subdivisão em 18 compartimentos, devido à constatação da complexidade e riqueza
de detalhes do relevo do Estado.
1 - Planalto do São Francisco
Este Planalto é constituído por superfícies tabulares denominadas
popularmente por “chapadas” com coberturas sedimentares predominantemente
arenosas, delimitadas geralmente por rebordos erosivos, bem marcados na
paisagem e entrecortadas por cabeceiras de drenagem aprofundadas,
regionalmente conhecidas por “veredas”.
Os relevos tabulares distinguem-se em dois níveis de altitudes que variam de 800 a
1000m e outros que aparecem em cotas altimétricas de 600 a 800m.
2 - Depressão São Franciscana
Desenvolvem-se ao longo da drenagem do Rio São Francisco onde
predominam formas de relevo aplainadas, superfícies onduladas e pedimentos
ravinados. As extensas áreas rebaixadas mostram altitudes predominantes em torno
de 500 metros.
Nas proximidades da Serra do Espinhaço a paisagem exibe um relevo mais
acidentado onde predominam colinas e cristas com vertentes ravinadas e vales
encaixados.
Destacam-se também, nesta área, os relevos cársticos desenvolvidos em
rochas carbonáticas com suas formas peculiares.
3 - Serra da Canastra
Nesta unidade, a natureza englobou os planaltos, cristas e áreas dissecadas
mais elevadas com altitudes com predomínio de cotas acima de 1300m. As formas
de relevo apresentam-se geralmente envolvidas por altos e extensos
escarpamentos, sendo a maioria deles controlada por falhas de origem tectônica.
A Serra da Canastra também denominada regionalmente por “Chapadão da
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Zagaia” é uma grande superfície tabular, com extensas escarpas erosivas abruptas
bastante elevadas, onde se encontra a nascente do Rio São Francisco e a queda de
água conhecida por Casca D’Anta.
4 - Cristas do Unaí
São alinhamentos de cristas de orientação geral NNO-SSE, intercalados com
áreas rebaixadas e aplainadas. Caracteriza-se como um relevo do tipo apalacheano:
as cristas são constituídas por quartzitos, e correspondem aos núcleos de anticlinais
truncados pela erosão onde os cursos de água entalham profundos vales de falhas e
fraturas formando as gargantas de superimposição, a drenagem secundária,
sobretudo a rede de afluentes do Rio Preto, desenvolveu-se principalmente no
interior de sinclinais.
As cristas que apresentam em topo aplainado estão eventualmente recobertas
por formações superficiais arenosas.
5 - Planalto Jequitinhonha - Rio Pardo
Setor Jequitinhonha
Abrange a maior parte do médio vale do Rio Jequitinhonha, até as
proximidades da confluência do Rio São Miguel, na localidade de Jequitinhonha.
Compõe-se de áreas aplainadas, limitadas por rebordos erosivos bem
marcados, denominados regionalmente de “chapadas”, com altitudes de 900m, mas
atingindo cotas de 1000 a 1200m, em seus setores oeste e sudeste.
Na região de Medina a dissecação deu origem a pontões, mornes (colinas
rochosas), cristas e vales alveolares.
Setor Rio Pardo
Neste setor a bacia do rio Pardo apresenta relevo plano, caracterizado por uma
superfície de aplainamento bem preservada. As altitudes dominantes estão em torno
de 900 a 1.070m. As planícies são estreitas e contínuas no alto vale do Rio Pardo e
seus afluentes.
6 - Depressão do Rio Jequitinhonha
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Corresponde a uma faixa de áreas rebaixadas ao longo do Rio Jequitinhonha e
alguns de seus afluentes. Apresenta altitudes que variam em torno de 400m, com
um caimento gradativo para leste, atingindo 150m nas proximidades do município de
Salto da Divisa.
A depressão apresenta alargamentos maiores no baixo curso dos Rios
Araçuaí, Setúbal e Piauí. Caracteriza-se por uma superfície de aplainamento
dissecada em colinas de topo aplainado, vales de fundo chato e interflúvio tabulares
a jusante de Almenara.
7 - Serra do Espinhaço
Essa unidade localiza-se na parte central de Minas Gerais e apresenta um
desenvolvimento longitudinal. Limita-se ao sul com o Quadrilátero Ferrífero e ao
norte ultrapassa a divisa do Estado prolongando-se pelo interior da Bahia.
Constitui-se em sua maior parte, de formas de dissecação em rochas do
Supergrupo Espinhaço e restos de antigas superfícies de aplainamento. As áreas
aplainadas alternam-se com picos e cristas elaboradas em quartzitos, e com
grandes escarpas geralmente orientadas por fraturas.
Essa unidade abriga importantes aqüíferos fraturados originando numerosas
nascentes, entre as quais as cabeceiras do Rio Jequitinhonha.
8 - Quadrilátero Ferrífero
Localiza-se na parte meridional da Serra do Espinhaço, entre a Depressão São
Franciscana e os Planaltos Dissecados do centro Sul e do Leste de Minas.
Apresenta altitudes médias em torno de 1.400 a 1.600m
O condicionamento estrutural do relevo é marcante nessa unidade, e
determinou a existência de formas de relevo invertido do tipo sinclinal suspenso e
anticlinal esvaziado, elaboradas sobre estruturas dobradas. São comuns as cristas
estruturais do tipo “hogback” e extensos escarpamentos às vezes condicionados por
linhas de falha.
Entre as rochas não controladas pela estrutura, predominam as cristas com
vertentes ravinadas e vales encaixados, e as colinas com vales e fundo chato. Nesta
paisagem encontram-se as cabeceiras dos Rios das Velhas e as do Rio Piracicaba.
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9 - Depressão do Rio Doce.
Trata-se de uma área rebaixada e dissecada, situada ao longo dos vales dos
Rios Doce, Suaçuí Grande, Urupuca e Manhuaçu, com variação altimétrica de 50 a
1.000m.
Caracterizam-se por colinas com vales de fundo chato, planícies fluviais
colmatadas, rampas de colúvio e lagos de barragem natural.
10 - Planaltos Dissecados do Centro Sul e do Leste de Minas
Estendendo-se desde as proximidades da Serra da Canastra, no sul, por todo o
leste e extremo noroeste, ultrapassando os limites estaduais esta unidade ocupa
grande extensão no Estado.
Engloba parte do médio vale do Rio Jequitinhonha, as cabeceiras do Rio
Mucuri e a maior parte da bacia do Rio Doce, onde é dividida pela Depressão
Interplanáltica do Rio Doce.
Os Planaltos Dissecados abrangem grande parte do interflúvio das bacias dos
rios São Francisco e Grande, e a maior parte das encostas das serras do Espinhaço
e da Mantiqueira.
Predominam, no relevo, as colinas e cristas com vales encaixados esculpidas
pela dissecação fluvial atuante nas rochas do embasamento cristalino de maneira
generalizada em toda extensão dos planaltos.
No setor leste, a dissecação fluvial produziu um relevo peculiar em
afloramentos rochosos em forma de pontões e mornes que ocorrem isolados,
associados às colinas, ou em grupamentos.
As altitudes são muito variáveis. Na zona de encosta da Mantiqueira e Serra do
Espinhaço, encontram-se cristas a 1.000 e 1.200m, sendo que nos vales a altitude
varia de 750 a 800m.
11 - Zona rebaixada do Mucuri
É um prolongamento de uma extensa superfície sub-litorânea observada na foz
dos Rios Jequitinhonha, Doce e Paraíba do Sul. Sua penetração em Minas se faz
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através do Rio Mucuri e seus afluentes. Trata-se de uma zona rebaixada, embutida
nos planaltos do Leste de Minas, com caimento em direção ao Oceano Atlântico.
Em um pequeno trecho, próximo à cidade de Nanuque, predomina as formas
de aplanainamento que se caracterizam pela dissecação fluvial onde a paisagem é
mais suavizada apresentando colinas de topos aplainadas com vales de fundo
chato.
12 - Depressão do Rio Paraíba do Sul
A Depressão do Rio Paraíba do Sul estende-se do baixo curso do Rio
Paraíbuna até uma área ao norte do Rio Muriaé, prolonga-se a leste, pelo Estado do
Rio de janeiro. No interior de Minas evolui até as escarpas da Mantiqueira, ao norte
de Visconde do Rio Branco em direção ao centro do Estado, alongando-se pelos
vales dos Rios Pomba e Novo.
Predominam nesta unidade formas de relevo em colinas côncavo-convexas,
amplas planícies aluviais e alinhamentos de cristas isoladas encontradas em dois
níveis de antigas superfícies de aplainamentos.
13 - Serra da Mantiqueira
Esta unidade estende-se a partir das cabeceiras do Rio Camanducaia, no sul
do Estado, pela divisa Minas/São Paulo/Rio de Janeiro, e prossegue de modo
descontínuo ao longo da fronteira entre Minas e Espírito Santo. A partir das
cabeceiras do Rio do Peixe afluente do Paraíbuna, o bloco maciço da Mantiqueira
bifurca-se: uma faixa de elevações prossegue até Juiz de Fora, e a outra até as
proximidades de Santos Dumont.
Seu modelado é caracterizado por vertentes íngremes com escarpamentos
abruptos e vales encaixados. Destacam-se importantes feições como: os maciços
Alcalinos de Passa Quatro e Itatiaia e as zonas de falhas de Passa Vinte. Os pontos
mais elevados desta Serra estão localizados nestes maciços, como o Pico das
Agulhas Negras, com 2787m, nos limites de MG/RJ/SP. O Pico Pedra da Mina com
2794m, recentemente descoberto, ultrapassa o das Agulhas Negras.
14 - Planalto Dissecado do sul de Minas
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Localiza-se no extremo sul do Estado estendendo para norte em direção a
Serra da Canastra, e têm como limites, na parte ocidental, o prolongamento da
Depressão Periférica Paulista e o Planalto da Bacia Sedimentar do Paraná. Seus
limites a leste são descontínuos, estando o planalto fragmentado em blocos, devido
à abertura da Depressão do Rio Grande e ao trabalho erosivo de seus principais
afluentes da margem esquerda, os Rios Sapucaí e Verde.
15 - Depressão do Rio grande
É um amplo compartimento rebaixado de relevo, desenvolvido ao longo da
drenagem do Rio Grande, que ocupa grandes extensões no sul de Minas e pequena
parte do Triângulo Mineiro. Em seu desenvolvimento esta unidade isolou trechos do
planalto dissecado do sul de Minas, e promoveu o recuo das camadas areníticas e
basálticas da Bacia Sedimentar do Paraná.
O setor meridional da depressão é caracterizado por um relevo de colinas com
altitudes médias em torno de 1.000m.
Entre a Serra da Canastra o Planalto da Bacia Sedimentar do Paraná, a
depressão é do tipo periférica. Apresenta também relevo de colinas, com altitudes
em torno de 800m,
No setor noroeste da depressão seus limites em Mineiros são pouco nítidos,
apresentando por vezes, passagens gradativas para os compartimentos mais
rebaixados do Planalto da Bacia Sedimentar do Paraná. As altitudes variam entre
550 a 580m, sobre formas mistas de aplainamento e dissecação fluvial.
16 - Depressão do Paranaíba
Desenvolveu-se na borda da Bacia Sedimentar do Paraná, nos vales do Rio
Paranaíba e seus afluentes Araguari e Dourados. Ao longo da Depressão do
Paranaíba predominam as formas de aplainamento e as mistas de aplainamento e
dissecação fluvial.
No baixo vale do Rio Paranaíba a depressão apresenta mais vales estreitos,
variando entre 400 a 600m, e que foram em grande parte utilizados para construção
de represas.
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17 - Planalto da Bacia Sedimentar do Paraná
Uma das características mais marcantes desse Planalto é sua disposição em
degraus ou patamares sucessivos, resultante da atuação de processos erosivos
sobre camadas alternadas com basalto. Esses efeitos de erosão diferencial estão
relacionados com o desenvolvimento de depressões periféricas na borda da Bacia
Sedimentar, e com a configuração de “fronts de cuesta”.
Em Minas o planalto ocupa todo o Triângulo Mineiro, onde apresenta um
caimento E-O de 1.000 para 450m.
18 - Depressão Periférica Paulista
Esta unidade ocupa uma área restrita no sul de Minas, região de Guaxupé.
Predominam colinas de topo aplainado, elaboradas em rochas migmatizadas e
granitizadas do Complexo Varginha-Guaxupé, com altitudes médias entre 800 a
900m.
É caracterizada como Depressão Periférica estando limitada a leste pelo
Planalto Dissecado do Sul de Minas.
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