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Introdução
No âmbito da disciplina de História, abordarei sobre a consequências do
Tráfico de Escravos. O tráfico de escravos era uma das formas de comércio, altamente
lucrativa, já exercida pelos mercadores fenícios. Nas sociedades mediterrâneas grega e
romana, os escravos constituíam um importante “artigo” comercial. Os indivíduos eram
capturados em incursões noutros territórios, nas guerras ou vendidos pela aristocracia tribal.
Os seres humanos, incluindo crianças, eram negociados nos mercados como animais ou
qualquer outra mercadoria. Em alguns centros de comércio havia mercados especiais de
escravos.
2
Tráfico de Escravo
No início do transporte de escravos para o Novo Mundo, eram utilizados
vários tipos de embarcações, desde charruas às caravelas, com arqueações também variáveis
de 100 à 1000 tonelada. Entretanto, com o passar do tempo, o tráfico foi empregado
embarcações mais específicas. Passando de naus de apenas uma cobertura (neste caso os
escravos eram transportados nos porões dos navios), para naus de 3 coberturas permitindo
uma distribuição dos escravos por categoria (homens, adultos, crianças, mulheres e
grávidas).
O tráfico experimenta ao princípio uma primeira fase reveladora da situação
de alguns países europeus: Portugal, Espanha e também a Veneza. Esta última, apesar de
professar a fé cristã, não carente da agressividade dos dois primeiros, não rejeitava
absolutamente o emprego de escravos como criados, agricultores e inclusive gondoleiros.
Por outra parte, nos primeiros tempos da invasão espanhola do Caribe,
também os índios foram transportados à Espanha como escravos, mas sucumbiram
rapidamente.
No entanto, este primeiro tráfico negreiro, por deplorável que fosse, não
poderia ter ganho a mesma gravidade que a que seguiu. Mas teve como consequência que se
inaugurasse a segunda onda de tráfico por meio da deportação de escravos africanos ao Haiti
e Cuba, não partindo da África, mas de Espanha, onde eram empregados nos campos.
A mudança de escala a partir do momento em que as posses espanholas
necessitavam mão-de-obra para as minas, traz o extermínio dos índios do Haiti, é um
elemento determinante da mudança de relações entre os europeus, militares e traficantes
estabelecidos em seus fortes e postos do litoral, os chefes de estado africanos.
Aparentemente, estas relações não são de tipo abertamente colonial. As
potências negreiras se instalam com concessões outorgadas pelos que detêm o poder local e
sob certas condições, como se estivéssemos falando de um aluguer, o mesmo que lhes é
concedido o direito ao tráfico de escravos em troca do que se chamam os 'costumes', uma
espécie de imposto, variável segundo os lugares e as épocas.
Este intercâmbio é já um intercâmbio desigual, enormemente desigual. Os
produtos com os que se paga o 'costume' -contas, telas, barras de ferro, álcool, fuzis- tem
para os africanos o valor do uso, enquanto que calculado em função do valor de câmbio que
reinava já na Europa, o seu valor em si é ridículo e mais ainda em relação com o valor de
câmbio dos escravos, por não falar dos produtos proporcionados pela mão de obra escrava.
Nestes intercâmbios, os africanos são, de fato, estafados sob as aparências de
um mercado de igual a igual. Isso não é ainda o mais grave.
As exigências dos negreiros, que vão aumentando sem parar, sobretudo
quando se passa da necessidade de mão nas minas às plantações açucareiras e de outro tipo,
geram uma profunda desestruturação de toda a vida política, económica e social da maior
parte do continente, pois a caça da matéria-prima que virou o escravo (para o capitalismo
europeu) vai deixando-se sentir cada vez mais longe, nas terras do interior.
3
As guerras vão multiplicar-se para assegurar o abastecimento de escravos e
os postos negreiros não deixam de alimentá-las, proporcionando armas e fomentando
intrigas políticas. Uns estados vão desintegrar-se, enquanto outros basearão o seu poder e a
sua (relativa) riqueza no controle do comércio escravista.
As estruturas de intermediários são cada vez mais importantes para a sua vida
e existência. Assinalemos que isto concerne aos povos dotados de uma certa estrutura estatal
mais ou menos desenvolvida.
Os negreiros não ignoram que existem povos africanos sem estado, os
balantes da Guiné Bissau, por exemplo, mas apenas lhes interessam porque precisam de um
poder com o que tratar, quer dizer, no qual influir.
Consequências do Tráfico de Escravos
Para estudar as consequências do tráfico de escravo, comecemos por um dado
evidente. Enquanto os intercâmbios da África ocidental se orientavam até então para o norte
e nordeste através do Saara e os impérios africanos estavam implantados no coração do
continente, de repente, tudo se altera: os intercâmbios se orientam para o Atlântico em vez
de para o Índico e os grandes estados do interior se decompõem.
A Europa (e junto com ela, as colónias da América do Norte, mais tarde, os
Estados Unidos da América) só está interessada no litoral para o seu próprio
desenvolvimento.
Somente ao final da época do tráfico de escravos, quando alguns se
preocupam de repente pelo despovoamento da África -guiados pelo interesse uma Europa
que já entrou na revolução industrial; vai ficar interessada pela exploração do interior do
continente.
O fato de voltar-se para o mar, em função das necessidades e exigências
europeias, é já uma boa prova do fenómeno da dependência, que submete a vida da África a
interesses externos.
As consequências demográficas são talvez as mais estudadas pelos
investigadores. A matança é, obviamente, enorme. Tem-se trabalhado no cálculo, mais ou
menos aproximado, do número de africanos e africanas -estas talvez um pouco menos
numerosas todos jovens, que foram deportados à América.
Coincide-se mais ou menos em admitir uma cifra aproximada de 12 a 15
milhões em quatro séculos. Mas a África perdeu muito mais, em primeiro lugar, porque esta
chacina de homens e mulheres em idade de procriar, posto que os africanos de mais idade
careciam de interesse para os negreiros, reduziu necessariamente o crescimento demográfico
normal numa proporção que sem dúvida não poderá ser estabelecida nunca com exatidão.
As consequências políticas do tráfico não foram menos importantes. As
antigas estruturas políticas do Sudão nigeriano, do Chade e do Congo entraram em
4
decadência ao não poder se adaptar à situação criada pelo tráfico. O Congo, que se
encontrava em seu apogeu, não logrou resistir à pressão dos portugueses, que desde sua base
de Santo Tomé vinham a tirar escravos em seu território para sua colónia Brasil -apesar da
boa disposição de uma parte da aristocracia dirigente, que tinha se convertido ao catolicismo.
Para consolidar seus negócios, os portugueses fomentaram a dissidência dos
chefes de províncias e estimularam a luta das facções que se disputavam o poder, até que o
país caiu na anarquia. A mesa sorte correu os reinos de Oyó e Benim, que tinham atingido
um certo equilíbrio institucional antes da chegada dos europeus. Não puderam resistir as
guerras constantes alimentadas pelo tráfico. Muito cedo as províncias viraram principados
independentes.
As finais do s. XVIII, uma cultura brilhante, de mais de dois séculos de vida,
tinha se transformado num vasto campo de confrontos contínuos, que ganharam para Benim
o triste apelido de ‘sangrento’. Os estados do litoral e os que estavam relativamente perto
deles, lograram uma remodelação institucional e instauraram poderes fortes. Na região de
Senegâmbia, por exemplo, as estruturas políticas tradicionais sofreram profundas
transformações.
O Comércio Triangular
O comércio triangular era uma forma de comércio muito lucrativa que incluía
três lugares: a América do Norte, as Antilhas e a África. O Comércio Triangular do Atlântico
é a expressão utilizada para designar um conjunto de relações comerciais dirigidas por países
europeus entre as metrópoles e os vários domínios ultramarinos, de carácter transcontinental
apoiado em três vértices geopolíticos e económicos: Europa, África e América (Norte,
Centro e Sul), com relações secundárias com a Ásia e os seus produtos.
Trata-se, de um conjunto de relações entre produtor e distribuidor, comprador
e vendedor, dominante e dominado, assumindo qualquer um destes continentes uma posição
de relevo em qualquer um destes níveis de contacto, à parte a Europa em termos de domínio,
pois nela residem as potências administrantes.
Representação do comércio triangular de escravos, açúcar e rum com as
colónias da Nova Inglaterra, ao invés da Europa como o terceiro vértice.
De fato, o vértice europeu deste imenso conjunto de cadeias de trocas
comerciais assenta nas principais potências navais e políticas do Velho Continente: Holanda,
Inglaterra, França, Espanha e Portugal (estes últimos em fase de declínio, mas sem nunca
perderem as suas posições coloniais e assegurarem alguns circuitos de produção e
distribuição de produtos chave na economia mundial, como o ouro, prata, diamantes, açúcar
e tabaco).
Da Europa partiam embarcações carregadas de produtos manufaturados,
como armas de fogo, rum, tecidos de algodão asiático, ferro, joias de pouco valor, entre
outros artigos de menor valor comercial. O destino principal era África, onde se trocavam
escravos por estes produtos. Os compradores de escravos comerciavam botas e bolsas de
5
marca por toda 25 de Março, da Grande São Paulo, com europeus ou africanos que vendiam
os seus conterrâneos, quer no litoral quer no interior, onde quase só se aventuravam os
negreiros autóctones.
Muitas vezes eram colonos americanos a comprar diretamente em África a
sua mão-de-obra servil, sem intermediários europeus. Os escravos africanos eram, de fato, a
mola principal desta rede comercial de capital importância para a economia europeia, pelos
lucros que rendiam aos países negreiros, e também para o sistema de produção das colónias
mineiras e de plantação das Américas, seu destino Atlântico.
Nesta segunda junção de vértices do comércio triangular (África Américas),
muitos dos escravos morriam a bordo dos navios, onde se amontoavam em condições infra
humanas. Chegados às Américas, eram vendidos aos donos de minas e de plantações em
troca dos seus produtos: açúcar, tabaco, moedas de ouro e prata (ou em barra, e até mesmo
em forma de letras de crédito de praças financeiras como Londres, Bordéus, Amsterdam,
Nantes, Antuérpia).
Completava-se o triângulo comercial com a compra por parte da Europa
desses produtos americanos, embora para o continente americano se exportassem
diretamente as manufaturas e se fizessem reexportações de artigos adquiridos na Ásia.
Só as colónias europeias nas Índias Ocidentais e as famílias possuidoras de
minas, plantações ou empresas comerciais tinham poder económico para adquirir essas
manufaturas do Velho Mundo, pagando com os rendimentos que lhes davam as suas
produções ou negócios, mesmo com os elevados gastos que comportava a compra de mão-
de-obra africana.
6
Conclusão
Depois de ter feito uma pesquisa deste trabalho com o tema acima
mencionado, cheguei à conclusão que a escravidão foi uma instituição presente na maior
parte do mundo. Na África, ela surgiu antes mesmo da era dos descobrimentos marítimos
dos europeus. Desde a antiguidade clássica, escravos negros eram vendidos para os
mercados da Europa e da Ásia através do Deserto do Saara, do Mar Vermelho e do Oceano
Índico. Eles eram vendidos entre os egípcios, os romanos e os muçulmanos, mas há notícias
de escravos negros vendidos em mercados ainda mais distantes, como a Pérsia e a China,
onde eram recebidos como mercadorias exóticas. Na própria África, os africanos serviam
como escravos em diversas funções, desde simples trabalhadores até comandantes ou altos
funcionários de Estado. Portanto, tanto a escravidão como o comércio africano de escravos
precederam à chegada dos europeus e à abertura do comércio marítimo com o Novo Mundo.
7
Bibliografia
 KI-ZERBO, Joseph. História da África Negra, 3 edições, ed.
Universitária, 1999.
 SILVA, Alberto da Costa. A Enxada e a Lança: A África antes
dos Portugueses, 2 edições, ed. Nova Fronteira, 1996.
 MONTEIRO e ROCHA, Fernando Amaro ao século XIX. O
testemunho dos manuscritos, impérios subsaharianos, pp 15–50.
 SALVADOR, José Gonçalves - Os Magnatas do Tráfico
Negreiro, Ed. Pioneira/Edusp - 1981, SP.

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Consequências direitas do tráfico de escravos

  • 1. 1 Introdução No âmbito da disciplina de História, abordarei sobre a consequências do Tráfico de Escravos. O tráfico de escravos era uma das formas de comércio, altamente lucrativa, já exercida pelos mercadores fenícios. Nas sociedades mediterrâneas grega e romana, os escravos constituíam um importante “artigo” comercial. Os indivíduos eram capturados em incursões noutros territórios, nas guerras ou vendidos pela aristocracia tribal. Os seres humanos, incluindo crianças, eram negociados nos mercados como animais ou qualquer outra mercadoria. Em alguns centros de comércio havia mercados especiais de escravos.
  • 2. 2 Tráfico de Escravo No início do transporte de escravos para o Novo Mundo, eram utilizados vários tipos de embarcações, desde charruas às caravelas, com arqueações também variáveis de 100 à 1000 tonelada. Entretanto, com o passar do tempo, o tráfico foi empregado embarcações mais específicas. Passando de naus de apenas uma cobertura (neste caso os escravos eram transportados nos porões dos navios), para naus de 3 coberturas permitindo uma distribuição dos escravos por categoria (homens, adultos, crianças, mulheres e grávidas). O tráfico experimenta ao princípio uma primeira fase reveladora da situação de alguns países europeus: Portugal, Espanha e também a Veneza. Esta última, apesar de professar a fé cristã, não carente da agressividade dos dois primeiros, não rejeitava absolutamente o emprego de escravos como criados, agricultores e inclusive gondoleiros. Por outra parte, nos primeiros tempos da invasão espanhola do Caribe, também os índios foram transportados à Espanha como escravos, mas sucumbiram rapidamente. No entanto, este primeiro tráfico negreiro, por deplorável que fosse, não poderia ter ganho a mesma gravidade que a que seguiu. Mas teve como consequência que se inaugurasse a segunda onda de tráfico por meio da deportação de escravos africanos ao Haiti e Cuba, não partindo da África, mas de Espanha, onde eram empregados nos campos. A mudança de escala a partir do momento em que as posses espanholas necessitavam mão-de-obra para as minas, traz o extermínio dos índios do Haiti, é um elemento determinante da mudança de relações entre os europeus, militares e traficantes estabelecidos em seus fortes e postos do litoral, os chefes de estado africanos. Aparentemente, estas relações não são de tipo abertamente colonial. As potências negreiras se instalam com concessões outorgadas pelos que detêm o poder local e sob certas condições, como se estivéssemos falando de um aluguer, o mesmo que lhes é concedido o direito ao tráfico de escravos em troca do que se chamam os 'costumes', uma espécie de imposto, variável segundo os lugares e as épocas. Este intercâmbio é já um intercâmbio desigual, enormemente desigual. Os produtos com os que se paga o 'costume' -contas, telas, barras de ferro, álcool, fuzis- tem para os africanos o valor do uso, enquanto que calculado em função do valor de câmbio que reinava já na Europa, o seu valor em si é ridículo e mais ainda em relação com o valor de câmbio dos escravos, por não falar dos produtos proporcionados pela mão de obra escrava. Nestes intercâmbios, os africanos são, de fato, estafados sob as aparências de um mercado de igual a igual. Isso não é ainda o mais grave. As exigências dos negreiros, que vão aumentando sem parar, sobretudo quando se passa da necessidade de mão nas minas às plantações açucareiras e de outro tipo, geram uma profunda desestruturação de toda a vida política, económica e social da maior parte do continente, pois a caça da matéria-prima que virou o escravo (para o capitalismo europeu) vai deixando-se sentir cada vez mais longe, nas terras do interior.
  • 3. 3 As guerras vão multiplicar-se para assegurar o abastecimento de escravos e os postos negreiros não deixam de alimentá-las, proporcionando armas e fomentando intrigas políticas. Uns estados vão desintegrar-se, enquanto outros basearão o seu poder e a sua (relativa) riqueza no controle do comércio escravista. As estruturas de intermediários são cada vez mais importantes para a sua vida e existência. Assinalemos que isto concerne aos povos dotados de uma certa estrutura estatal mais ou menos desenvolvida. Os negreiros não ignoram que existem povos africanos sem estado, os balantes da Guiné Bissau, por exemplo, mas apenas lhes interessam porque precisam de um poder com o que tratar, quer dizer, no qual influir. Consequências do Tráfico de Escravos Para estudar as consequências do tráfico de escravo, comecemos por um dado evidente. Enquanto os intercâmbios da África ocidental se orientavam até então para o norte e nordeste através do Saara e os impérios africanos estavam implantados no coração do continente, de repente, tudo se altera: os intercâmbios se orientam para o Atlântico em vez de para o Índico e os grandes estados do interior se decompõem. A Europa (e junto com ela, as colónias da América do Norte, mais tarde, os Estados Unidos da América) só está interessada no litoral para o seu próprio desenvolvimento. Somente ao final da época do tráfico de escravos, quando alguns se preocupam de repente pelo despovoamento da África -guiados pelo interesse uma Europa que já entrou na revolução industrial; vai ficar interessada pela exploração do interior do continente. O fato de voltar-se para o mar, em função das necessidades e exigências europeias, é já uma boa prova do fenómeno da dependência, que submete a vida da África a interesses externos. As consequências demográficas são talvez as mais estudadas pelos investigadores. A matança é, obviamente, enorme. Tem-se trabalhado no cálculo, mais ou menos aproximado, do número de africanos e africanas -estas talvez um pouco menos numerosas todos jovens, que foram deportados à América. Coincide-se mais ou menos em admitir uma cifra aproximada de 12 a 15 milhões em quatro séculos. Mas a África perdeu muito mais, em primeiro lugar, porque esta chacina de homens e mulheres em idade de procriar, posto que os africanos de mais idade careciam de interesse para os negreiros, reduziu necessariamente o crescimento demográfico normal numa proporção que sem dúvida não poderá ser estabelecida nunca com exatidão. As consequências políticas do tráfico não foram menos importantes. As antigas estruturas políticas do Sudão nigeriano, do Chade e do Congo entraram em
  • 4. 4 decadência ao não poder se adaptar à situação criada pelo tráfico. O Congo, que se encontrava em seu apogeu, não logrou resistir à pressão dos portugueses, que desde sua base de Santo Tomé vinham a tirar escravos em seu território para sua colónia Brasil -apesar da boa disposição de uma parte da aristocracia dirigente, que tinha se convertido ao catolicismo. Para consolidar seus negócios, os portugueses fomentaram a dissidência dos chefes de províncias e estimularam a luta das facções que se disputavam o poder, até que o país caiu na anarquia. A mesa sorte correu os reinos de Oyó e Benim, que tinham atingido um certo equilíbrio institucional antes da chegada dos europeus. Não puderam resistir as guerras constantes alimentadas pelo tráfico. Muito cedo as províncias viraram principados independentes. As finais do s. XVIII, uma cultura brilhante, de mais de dois séculos de vida, tinha se transformado num vasto campo de confrontos contínuos, que ganharam para Benim o triste apelido de ‘sangrento’. Os estados do litoral e os que estavam relativamente perto deles, lograram uma remodelação institucional e instauraram poderes fortes. Na região de Senegâmbia, por exemplo, as estruturas políticas tradicionais sofreram profundas transformações. O Comércio Triangular O comércio triangular era uma forma de comércio muito lucrativa que incluía três lugares: a América do Norte, as Antilhas e a África. O Comércio Triangular do Atlântico é a expressão utilizada para designar um conjunto de relações comerciais dirigidas por países europeus entre as metrópoles e os vários domínios ultramarinos, de carácter transcontinental apoiado em três vértices geopolíticos e económicos: Europa, África e América (Norte, Centro e Sul), com relações secundárias com a Ásia e os seus produtos. Trata-se, de um conjunto de relações entre produtor e distribuidor, comprador e vendedor, dominante e dominado, assumindo qualquer um destes continentes uma posição de relevo em qualquer um destes níveis de contacto, à parte a Europa em termos de domínio, pois nela residem as potências administrantes. Representação do comércio triangular de escravos, açúcar e rum com as colónias da Nova Inglaterra, ao invés da Europa como o terceiro vértice. De fato, o vértice europeu deste imenso conjunto de cadeias de trocas comerciais assenta nas principais potências navais e políticas do Velho Continente: Holanda, Inglaterra, França, Espanha e Portugal (estes últimos em fase de declínio, mas sem nunca perderem as suas posições coloniais e assegurarem alguns circuitos de produção e distribuição de produtos chave na economia mundial, como o ouro, prata, diamantes, açúcar e tabaco). Da Europa partiam embarcações carregadas de produtos manufaturados, como armas de fogo, rum, tecidos de algodão asiático, ferro, joias de pouco valor, entre outros artigos de menor valor comercial. O destino principal era África, onde se trocavam escravos por estes produtos. Os compradores de escravos comerciavam botas e bolsas de
  • 5. 5 marca por toda 25 de Março, da Grande São Paulo, com europeus ou africanos que vendiam os seus conterrâneos, quer no litoral quer no interior, onde quase só se aventuravam os negreiros autóctones. Muitas vezes eram colonos americanos a comprar diretamente em África a sua mão-de-obra servil, sem intermediários europeus. Os escravos africanos eram, de fato, a mola principal desta rede comercial de capital importância para a economia europeia, pelos lucros que rendiam aos países negreiros, e também para o sistema de produção das colónias mineiras e de plantação das Américas, seu destino Atlântico. Nesta segunda junção de vértices do comércio triangular (África Américas), muitos dos escravos morriam a bordo dos navios, onde se amontoavam em condições infra humanas. Chegados às Américas, eram vendidos aos donos de minas e de plantações em troca dos seus produtos: açúcar, tabaco, moedas de ouro e prata (ou em barra, e até mesmo em forma de letras de crédito de praças financeiras como Londres, Bordéus, Amsterdam, Nantes, Antuérpia). Completava-se o triângulo comercial com a compra por parte da Europa desses produtos americanos, embora para o continente americano se exportassem diretamente as manufaturas e se fizessem reexportações de artigos adquiridos na Ásia. Só as colónias europeias nas Índias Ocidentais e as famílias possuidoras de minas, plantações ou empresas comerciais tinham poder económico para adquirir essas manufaturas do Velho Mundo, pagando com os rendimentos que lhes davam as suas produções ou negócios, mesmo com os elevados gastos que comportava a compra de mão- de-obra africana.
  • 6. 6 Conclusão Depois de ter feito uma pesquisa deste trabalho com o tema acima mencionado, cheguei à conclusão que a escravidão foi uma instituição presente na maior parte do mundo. Na África, ela surgiu antes mesmo da era dos descobrimentos marítimos dos europeus. Desde a antiguidade clássica, escravos negros eram vendidos para os mercados da Europa e da Ásia através do Deserto do Saara, do Mar Vermelho e do Oceano Índico. Eles eram vendidos entre os egípcios, os romanos e os muçulmanos, mas há notícias de escravos negros vendidos em mercados ainda mais distantes, como a Pérsia e a China, onde eram recebidos como mercadorias exóticas. Na própria África, os africanos serviam como escravos em diversas funções, desde simples trabalhadores até comandantes ou altos funcionários de Estado. Portanto, tanto a escravidão como o comércio africano de escravos precederam à chegada dos europeus e à abertura do comércio marítimo com o Novo Mundo.
  • 7. 7 Bibliografia  KI-ZERBO, Joseph. História da África Negra, 3 edições, ed. Universitária, 1999.  SILVA, Alberto da Costa. A Enxada e a Lança: A África antes dos Portugueses, 2 edições, ed. Nova Fronteira, 1996.  MONTEIRO e ROCHA, Fernando Amaro ao século XIX. O testemunho dos manuscritos, impérios subsaharianos, pp 15–50.  SALVADOR, José Gonçalves - Os Magnatas do Tráfico Negreiro, Ed. Pioneira/Edusp - 1981, SP.