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Grupos Balint
ESTADO DE MATO GROSSO
SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE MEDICINA
Medicina UNEMAT – 2018/1
Doscentes:
Prof. Drª. Leila V. Gattass
Prof. Drª. Catarina Dalbem
Acadêmicos:
Robson
Mateus
Vinícius
Origem do grupo Balint
1950 – Contexto da saúde na Inglaterra.
Michael Balint - médico e psicanalista húngaro (1896-1970) - criou, em
Londres, grupos pertencentes ao recém-lançado Sistema Nacional de Saúde
inglês, voltados a ouvir os médicos para tentar trabalhar com eles a
possibilidade de um melhor atendimento.
Formação de grupos de médicos – os “seminários” para discussões de casos
clínicos angustiantes e difíceis de serem conduzidos.
Criação da teoria sobre a relação entre o médico e a pessoa atendida a partir
das semelhanças nas atitudes e nas angústias dos médicos.
1957 - Livro “Médico, Seu Paciente e a Doença”.
Fundamentos da teoria de Balint
O médico como droga.
Organização da doença.
Oferta da doença.
Conluio do anonimato.
Função apostólica.
Livro “Médico, Seu Paciente e a Doença”.
Compreensão do processo
saúde/doença.
Hoje contempla a equipe
multidisciplinar.
O médico como droga
Compõe a base da teoria da relação médico-pessoa descrita por Michael
Balint, justificando a importância do ensino- aprendizagem da relação com a
pessoa.
 Refere-se ao efeito do profissional sobre o paciente quanto às suas
expectativas e sua relação de confiança.
 “É um medicamento sem manual/bula”
Por isso, pessoas atendidas por profissionais diferentes de uma mesma equipe
multiprofissional fazem relações transferenciais diversas com cada pessoa com a
qual interage (toda a equipe tem efeito “droga”)
 Representa a capacidade de interferir de forma inconsciente no curso do
tratamento, levando a melhora ou piora da saúde.
O profissional tem um "efeito droga" intrínseco à sua atuação, portanto precisa
aprender a usá-lo adequadamente.
“Ao prescrever medicamentos, o médico também prescreve a si mesmo
em doses que muitas vezes desconhece”.
O médico como droga
O médico como droga
O médico como droga
Consultório 1
Consultório 2
O médico como droga
Organização da doença
A doença origina-se de um complexo de relações genéticas e psicossociais.
Exemplo de doenças crônicas como diabetes e hipertensão.
 Organização no cotidiano – algo bom, relacionado a otimização,
planejamento, sistematização do processo de trabalho (específico de cada
profissão).
 “Organização da doença” para Balint - algo ruim, leva a pessoa ao
adoecimento, pode se configurar em algo difícil de ser modificado
(reorganizado), por vezes, ocasionando até a morte.
Refere-se ao trabalho psíquico do paciente em organizar a própria doença
e também contempla a atuação do médico em ajudá-lo nesse processo
É quase uma consequência da organização da doença e representa a ação
de queixar-se, motivo inicial da procura pelo médico.
Relacionada à necessidade de oferecer a doença, como processo criativo, a
alguém que possa compreendê-la e ajudar a organizá-la.
Comumente não representa ainda um conteúdo organizado a ser apresentado
aos profissionais da saúde, o que dificulta a anamnese e pode irritar o médico
(desgaste na relação interpessoal).
Por vezes, compõe-se de informações imprecisas e desconexas,
aparentemente sem relação com doenças físicas.
Oferta da doença
Conluio do anonimato
Significado de conluio - cumplicidade para prejudicar terceiro, trama,
combinação, ajuste maléfico.
 Representa a teoria de mais fácil compreensão por estar muito presente na
sociedade, ou seja, é a falta de responsabilização profissional pelo atendimento
e acompanhamento do paciente.
De acordo com Balint, é uma consequência de fatores como: a insegurança do
médico (limitação do conhecimento), a insegurança da pessoa (confiança no
profissional) e a permanência da relação professor-aluno.
Exemplos: pessoas que têm médico para o coração, para os pulmões, para
sua pele, e não médicos para si (visão integral).
Diferencia-se da visão de regulação no SUS (referência/ contrarreferência).
Ex: portador de doença mental,
hemofílico, paciente com IRC.
Conluio do anonimato
Ao Ao!!
Função apostólica
Compreende a categoria balintiana mais controversa e a que promove nos
profissionais de saúde um grande mal-estar.
Refere-se à função do médico como conselheiro ou educador, no sentido de
levar ao paciente os conhecimentos necessários para que os procedimentos
terapêuticos sejam por ele cumpridos.
É a tentativa em “converter” a pessoa para aquilo em que o profissional
acredita.
Segundo Balint, todo médico tem uma vaga, mas quase inabalável ideia sobre
o modo como deve se comportar a pessoa quando está doente.
Função apostólica
O uso inadequado dessa função normalmente condiz com a consideração do
senso comum do médico, ou seja, a partir do que eles, profissionais, acham ou
acreditam ser o melhor. Exemplo: mulher hipertensa com marido alcoólatra;
tentativa de conversão para a mesma fé religiosa; classificar a ação da pessoa
como um ato de “rebeldia”.
 A valorização da fé e da espiritualidade como
ferramentas para melhoria da saúde independe da
concordância religiosa entre médico e paciente.
Normatização dos Grupos Balint (1970)
Caraterísticas essenciais do Grupo Balint Caraterísticas desejáveis do Grupo Balint
Objetivos do Grupo Balint
Apreender competências profissionais que permitam que os membros desses
grupos estejam capacitados para o enfrentamento dos problemas da rotina
médica e também para as pesquisas nessa área.
Luta contra as certezas supostamente científicas, a submissão do médico ao
consenso médico e da pessoa à ideologia do médico.
Melhorar a relação profissional/paciente como ferramenta para as ações em
saúde.
Definido por Balint como um grupo de formação e de pesquisa.
Como são feitos os Grupos Balint
Organização em círculo.
Escolha livre de um caso (“quem se voluntaria a relatar um caso?”)
Relato resumido do caso, baseado apenas em lembranças, sem nenhuma
anotação prévia.
Espaço para perguntas e resposta do relator.
Relator silencia e apenas ouve a discussão do grupo.
Reflexão em grupo sobre o caso e sobre a relação entre o profissional (relator)
e a pessoa (caso relatado), procurando compreender os mecanismos
psicodinâmicos que perpassaram a relação interpessoal.
Durante a discussão, o líder procura apontar aos membros do grupo as
categorias balintianas perceptíveis no relato do caso (função terapêutica do
médico, organização e oferta da doença pelo paciente, falta de
responsabilização e a “função apostólica” ocorrida no caso).
Com o fim da discussão, o relator avalia o que foi discutido e diz se o grupo o
ajudou ou não.
Encerra-se o grupo que normalmente tem duração de 90 minutos a 2 horas.
Como são feitos os Grupos Balint
Benefícios do grupo Balint
(com foco na relação médico-paciente)
 Permite a melhor abordagem da pessoa e de seu processo de
adoecimento.
 Garante proteção do profissional, satisfação da equipe e, por vezes,
proteção das doenças do trabalho (Síndrome de Burnout).
 Viabiliza a formação de uma relação terapêutica e benéfica para
ambas as partes envolvidas – “não é apenas uma questão estabelecer
amizade com o paciente ou com a equipe.
Síndrome de Burnout
É um quadro psicológico caracterizado pela tríade:
Exaustão emocional, despersonalização (distanciamento emocional e
frieza) e diminuição da realização pessoal.
Resulta da exposição aguda ou crônica a agentes estressores de caráter
interpessoal no trabalho, seja com os membros da equipe de saúde ou com a
própria pessoa.
Síndrome de Burnout
 Manifesta-se com sintomas orgânicos e psíquicos, como cansaço, falta de
forças para enfrentar as exigências laborais e sensação de estar sendo exigido
além de seus limites emocionais.
 Fatores associados: relação com a pessoa doente e seu contexto sociocultural
e familiar, contato com situações de morte iminente ou propriamente dita,
convivência com outros profissionais no ambiente de trabalho.
Considerações sobre o Grupo Balint
 O líder é responsável por organizar a discussão e não permitir que seja colocadas
questões pessoais do profissional relator em evidência (“não se trata de terapia em
grupo”).
O grupo NÃO objetiva dar conselhos ou mesmo determinar condutas ao relator do
caso, mas sim compreender os aspectos psicodinâmicos da relação médico-pessoa
dentro da lógica de pensamento balintiano.
É ferramenta desenvolvida com médicos e enfermeiros da atenção primária à saúde
em vários países da Europa e nos Estados Unidos, chegando a fazer parte da formação
desses profissionais.
Segundo pesquisas, os profissionais treinados em Grupos Balint regulares
desenvolvem a capacidade de terem insights (clareza súbita, iluminação) de forma
conjunta com as pessoas que atendem, o que agiliza o entendimento da pessoa e de
seu processo de adoecimento.
Permite identificar sinais de aviso, tanto por parte do paciente quanto do médico
na relação interpessoal, que, reconhecidos a tempo, servirão para gerar reflexões
e melhorar a ação médica e a relação médico-paciente.
Possibilita a aquisição de autoconhecimento sobre a própria reação emocional. A
medida que o grupo se conhece, vai ganhando segurança e confiança, tornando-
se mais fácil admitir ter feito coisas estúpidas e expressar pensamentos e
sentimentos mais pessoais
Capacita para a identificação de sinais de aviso importantes para o atendimento
médico como: Ansiedade, irritabilidade, preocupação quanto à duração da
consulta, distanciamento e altivez (arrogância, superioridade), zanga, uso
exagerado do modelo biomédico (saúde como ausência de doença),
comportamento apostólico.
Considerações sobre o Grupo Balint
A discussão sobre o os sentimentos dos médicos no grupo Balint permite
revelar as defesas utilizadas durante a consulta e proporciona ao médico uma
melhor forma de lidar com as responsabilidades e, também, de se sentir mais
preparado perante casos semelhantes em outras situações.
 Pode ser usado como estratégia na gestão compartilhada na saúde pública,
conforme consta no novo Caderno HumanizaSUS (centrado na relação
interpessoal).
 Qualifica o profissional para um equilíbrio quanto ao grau de envolvimento
com o paciente.
• Envolvimento exagerado – Síndrome de burnout ou Síndrome do
esgotamento profissional.
• Envolvimento pequeno – não há vínculo com a pessoa (sem efetividade no
atendimento).
Considerações sobre o Grupo Balint
Na atenção primária à saúde, a discussão dos casos atendidos pelas
equipes em conjunto durante um grupo Balint permite a circulação de
emoções, dúvidas, questionamentos, decisões, responsabilidades,
dentre tantas outras possibilidades, o que ajuda o grupo a reconhecer-se
enquanto uma equipe e assumir de forma democrática seu trabalho,
desenvolvendo uma verdadeira gestão compartilhada.
Grupos Balint na ESF
Referências
BRANDT, Juan Adolfo. Grupos Balint: suas especificidades e seus potenciais para uma clínica das
relações do trabalho. Revista da SPAGESP - Sociedade de Psicoterapias Analíticas Grupais do
Estado de São Paulo, 2009, pg. 48-55.
GUSSO, Gustavo; LOPES, José Mauro Ceratti (Org.). Tratado de Medicina de Família e
Comunidade: Princípios, formação e prática. Porto Alegre: Artmed Editora Ltda, 2012. 845 p.

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  • 1. Grupos Balint ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE MEDICINA Medicina UNEMAT – 2018/1 Doscentes: Prof. Drª. Leila V. Gattass Prof. Drª. Catarina Dalbem Acadêmicos: Robson Mateus Vinícius
  • 2. Origem do grupo Balint 1950 – Contexto da saúde na Inglaterra. Michael Balint - médico e psicanalista húngaro (1896-1970) - criou, em Londres, grupos pertencentes ao recém-lançado Sistema Nacional de Saúde inglês, voltados a ouvir os médicos para tentar trabalhar com eles a possibilidade de um melhor atendimento. Formação de grupos de médicos – os “seminários” para discussões de casos clínicos angustiantes e difíceis de serem conduzidos. Criação da teoria sobre a relação entre o médico e a pessoa atendida a partir das semelhanças nas atitudes e nas angústias dos médicos. 1957 - Livro “Médico, Seu Paciente e a Doença”.
  • 3. Fundamentos da teoria de Balint O médico como droga. Organização da doença. Oferta da doença. Conluio do anonimato. Função apostólica. Livro “Médico, Seu Paciente e a Doença”. Compreensão do processo saúde/doença. Hoje contempla a equipe multidisciplinar.
  • 4. O médico como droga Compõe a base da teoria da relação médico-pessoa descrita por Michael Balint, justificando a importância do ensino- aprendizagem da relação com a pessoa.  Refere-se ao efeito do profissional sobre o paciente quanto às suas expectativas e sua relação de confiança.  “É um medicamento sem manual/bula” Por isso, pessoas atendidas por profissionais diferentes de uma mesma equipe multiprofissional fazem relações transferenciais diversas com cada pessoa com a qual interage (toda a equipe tem efeito “droga”)
  • 5.  Representa a capacidade de interferir de forma inconsciente no curso do tratamento, levando a melhora ou piora da saúde. O profissional tem um "efeito droga" intrínseco à sua atuação, portanto precisa aprender a usá-lo adequadamente. “Ao prescrever medicamentos, o médico também prescreve a si mesmo em doses que muitas vezes desconhece”. O médico como droga
  • 7. O médico como droga Consultório 1 Consultório 2
  • 9. Organização da doença A doença origina-se de um complexo de relações genéticas e psicossociais. Exemplo de doenças crônicas como diabetes e hipertensão.  Organização no cotidiano – algo bom, relacionado a otimização, planejamento, sistematização do processo de trabalho (específico de cada profissão).  “Organização da doença” para Balint - algo ruim, leva a pessoa ao adoecimento, pode se configurar em algo difícil de ser modificado (reorganizado), por vezes, ocasionando até a morte. Refere-se ao trabalho psíquico do paciente em organizar a própria doença e também contempla a atuação do médico em ajudá-lo nesse processo
  • 10. É quase uma consequência da organização da doença e representa a ação de queixar-se, motivo inicial da procura pelo médico. Relacionada à necessidade de oferecer a doença, como processo criativo, a alguém que possa compreendê-la e ajudar a organizá-la. Comumente não representa ainda um conteúdo organizado a ser apresentado aos profissionais da saúde, o que dificulta a anamnese e pode irritar o médico (desgaste na relação interpessoal). Por vezes, compõe-se de informações imprecisas e desconexas, aparentemente sem relação com doenças físicas. Oferta da doença
  • 11. Conluio do anonimato Significado de conluio - cumplicidade para prejudicar terceiro, trama, combinação, ajuste maléfico.  Representa a teoria de mais fácil compreensão por estar muito presente na sociedade, ou seja, é a falta de responsabilização profissional pelo atendimento e acompanhamento do paciente. De acordo com Balint, é uma consequência de fatores como: a insegurança do médico (limitação do conhecimento), a insegurança da pessoa (confiança no profissional) e a permanência da relação professor-aluno.
  • 12. Exemplos: pessoas que têm médico para o coração, para os pulmões, para sua pele, e não médicos para si (visão integral). Diferencia-se da visão de regulação no SUS (referência/ contrarreferência). Ex: portador de doença mental, hemofílico, paciente com IRC. Conluio do anonimato Ao Ao!!
  • 13. Função apostólica Compreende a categoria balintiana mais controversa e a que promove nos profissionais de saúde um grande mal-estar. Refere-se à função do médico como conselheiro ou educador, no sentido de levar ao paciente os conhecimentos necessários para que os procedimentos terapêuticos sejam por ele cumpridos. É a tentativa em “converter” a pessoa para aquilo em que o profissional acredita. Segundo Balint, todo médico tem uma vaga, mas quase inabalável ideia sobre o modo como deve se comportar a pessoa quando está doente.
  • 14. Função apostólica O uso inadequado dessa função normalmente condiz com a consideração do senso comum do médico, ou seja, a partir do que eles, profissionais, acham ou acreditam ser o melhor. Exemplo: mulher hipertensa com marido alcoólatra; tentativa de conversão para a mesma fé religiosa; classificar a ação da pessoa como um ato de “rebeldia”.  A valorização da fé e da espiritualidade como ferramentas para melhoria da saúde independe da concordância religiosa entre médico e paciente.
  • 15. Normatização dos Grupos Balint (1970) Caraterísticas essenciais do Grupo Balint Caraterísticas desejáveis do Grupo Balint
  • 16. Objetivos do Grupo Balint Apreender competências profissionais que permitam que os membros desses grupos estejam capacitados para o enfrentamento dos problemas da rotina médica e também para as pesquisas nessa área. Luta contra as certezas supostamente científicas, a submissão do médico ao consenso médico e da pessoa à ideologia do médico. Melhorar a relação profissional/paciente como ferramenta para as ações em saúde. Definido por Balint como um grupo de formação e de pesquisa.
  • 17. Como são feitos os Grupos Balint Organização em círculo. Escolha livre de um caso (“quem se voluntaria a relatar um caso?”) Relato resumido do caso, baseado apenas em lembranças, sem nenhuma anotação prévia. Espaço para perguntas e resposta do relator. Relator silencia e apenas ouve a discussão do grupo. Reflexão em grupo sobre o caso e sobre a relação entre o profissional (relator) e a pessoa (caso relatado), procurando compreender os mecanismos psicodinâmicos que perpassaram a relação interpessoal.
  • 18. Durante a discussão, o líder procura apontar aos membros do grupo as categorias balintianas perceptíveis no relato do caso (função terapêutica do médico, organização e oferta da doença pelo paciente, falta de responsabilização e a “função apostólica” ocorrida no caso). Com o fim da discussão, o relator avalia o que foi discutido e diz se o grupo o ajudou ou não. Encerra-se o grupo que normalmente tem duração de 90 minutos a 2 horas. Como são feitos os Grupos Balint
  • 19. Benefícios do grupo Balint (com foco na relação médico-paciente)  Permite a melhor abordagem da pessoa e de seu processo de adoecimento.  Garante proteção do profissional, satisfação da equipe e, por vezes, proteção das doenças do trabalho (Síndrome de Burnout).  Viabiliza a formação de uma relação terapêutica e benéfica para ambas as partes envolvidas – “não é apenas uma questão estabelecer amizade com o paciente ou com a equipe.
  • 20. Síndrome de Burnout É um quadro psicológico caracterizado pela tríade: Exaustão emocional, despersonalização (distanciamento emocional e frieza) e diminuição da realização pessoal. Resulta da exposição aguda ou crônica a agentes estressores de caráter interpessoal no trabalho, seja com os membros da equipe de saúde ou com a própria pessoa.
  • 21. Síndrome de Burnout  Manifesta-se com sintomas orgânicos e psíquicos, como cansaço, falta de forças para enfrentar as exigências laborais e sensação de estar sendo exigido além de seus limites emocionais.  Fatores associados: relação com a pessoa doente e seu contexto sociocultural e familiar, contato com situações de morte iminente ou propriamente dita, convivência com outros profissionais no ambiente de trabalho.
  • 22. Considerações sobre o Grupo Balint  O líder é responsável por organizar a discussão e não permitir que seja colocadas questões pessoais do profissional relator em evidência (“não se trata de terapia em grupo”). O grupo NÃO objetiva dar conselhos ou mesmo determinar condutas ao relator do caso, mas sim compreender os aspectos psicodinâmicos da relação médico-pessoa dentro da lógica de pensamento balintiano. É ferramenta desenvolvida com médicos e enfermeiros da atenção primária à saúde em vários países da Europa e nos Estados Unidos, chegando a fazer parte da formação desses profissionais. Segundo pesquisas, os profissionais treinados em Grupos Balint regulares desenvolvem a capacidade de terem insights (clareza súbita, iluminação) de forma conjunta com as pessoas que atendem, o que agiliza o entendimento da pessoa e de seu processo de adoecimento.
  • 23. Permite identificar sinais de aviso, tanto por parte do paciente quanto do médico na relação interpessoal, que, reconhecidos a tempo, servirão para gerar reflexões e melhorar a ação médica e a relação médico-paciente. Possibilita a aquisição de autoconhecimento sobre a própria reação emocional. A medida que o grupo se conhece, vai ganhando segurança e confiança, tornando- se mais fácil admitir ter feito coisas estúpidas e expressar pensamentos e sentimentos mais pessoais Capacita para a identificação de sinais de aviso importantes para o atendimento médico como: Ansiedade, irritabilidade, preocupação quanto à duração da consulta, distanciamento e altivez (arrogância, superioridade), zanga, uso exagerado do modelo biomédico (saúde como ausência de doença), comportamento apostólico. Considerações sobre o Grupo Balint
  • 24. A discussão sobre o os sentimentos dos médicos no grupo Balint permite revelar as defesas utilizadas durante a consulta e proporciona ao médico uma melhor forma de lidar com as responsabilidades e, também, de se sentir mais preparado perante casos semelhantes em outras situações.  Pode ser usado como estratégia na gestão compartilhada na saúde pública, conforme consta no novo Caderno HumanizaSUS (centrado na relação interpessoal).  Qualifica o profissional para um equilíbrio quanto ao grau de envolvimento com o paciente. • Envolvimento exagerado – Síndrome de burnout ou Síndrome do esgotamento profissional. • Envolvimento pequeno – não há vínculo com a pessoa (sem efetividade no atendimento). Considerações sobre o Grupo Balint
  • 25. Na atenção primária à saúde, a discussão dos casos atendidos pelas equipes em conjunto durante um grupo Balint permite a circulação de emoções, dúvidas, questionamentos, decisões, responsabilidades, dentre tantas outras possibilidades, o que ajuda o grupo a reconhecer-se enquanto uma equipe e assumir de forma democrática seu trabalho, desenvolvendo uma verdadeira gestão compartilhada. Grupos Balint na ESF
  • 26. Referências BRANDT, Juan Adolfo. Grupos Balint: suas especificidades e seus potenciais para uma clínica das relações do trabalho. Revista da SPAGESP - Sociedade de Psicoterapias Analíticas Grupais do Estado de São Paulo, 2009, pg. 48-55. GUSSO, Gustavo; LOPES, José Mauro Ceratti (Org.). Tratado de Medicina de Família e Comunidade: Princípios, formação e prática. Porto Alegre: Artmed Editora Ltda, 2012. 845 p.

Notas do Editor

  1. Em 1950, na Inglaterra, os médicos viviam dias conturbado, insatisfeitos com o “novo” sistema de saúde e com os problemas de atendimento a uma população castigada pela guerra, pela dor, pelo sofrimento e pela pobreza resultante da devastação bélica na Europa da década de 1940. Ainda na década de 1950, Balint já percebia a influência psicossocial do processo de adoecimento das pessoas (“exemplo da pessoa que muda para cidades grandes, deixando sua família e raízes, e ficando muito sozinho, praticamente sem a quem recorrer em caso de consolo, orientação, conselho, queixando-se muitas vezes ao médico”). Dessa forma, Balint reuniu os médicos em grupos, os "seminários", e discutiu com eles casos clínicos considerados angustiantes e difíceis de serem conduzidos. Nas discussões, Balint percebeu semelhanças nas atitudes e nas angústias dos médicos. Como psicanalista, analisava os casos à semelhança dos grupos de supervisão no processo de formação em psicanálise da escola húngara. Assim, ele foi tecendo sua teoria sobre a relação entre o médico e a pessoa atendida, o que resultou em um livro lançado em 1957: O Médico, Seu Paciente e a Doença. Psicanálise é um ramo clínico teórico que se ocupa em explicar o funcionamento da mente humana, ajudando a tratar distúrbios mentais e neuroses. O objeto de estudo da psicanálise concentra-se na relação entre os desejos inconscientes e os comportamentos e sentimentos vividos pelas pessoas. A Psicanálise não é uma Profissão Regulamentada no Brasil, o que quer dizer, entre outras coisas, que não existe nenhum Curso de Graduação Superior em Psicanálise autorizado ou mesmo reconhecido pelo MEC. Por outro lado, quando o Ministério do Trabalho e Emprego reconheceu a ocupação de Psicanalista no Brasil, conforme CBO n.º 2515-50 não fez nenhuma exigência quanto à necessidade de Curso Superior para que estes profissionais pudessem desempenhar esta atividade. O que há é um consenso geral entre as Sociedades Psicanalíticas, que, visando manter elevado o padrão intelectual de seus cursos, normatizaram que apenas seriam aceitos como alunos, pleiteantes com Graduação Superior em qualquer área do saber, todavia, não há nenhuma Lei que faça esta exigência ou mesmo defina este pré-requisito
  2. A teoria de Balint centra-se basicamente na relação entre o médico e a pessoa atendida, como defendido no livro “O Médico, Seu Paciente e a Doença”. Apesar de existirem muitas teorias que ajudem a pensar a relação clínica, a teoria Balint é a única até os dias atuais que se debruça sobre a relação médico-pessoa. Essa teoria, voltada primordialmente para os médicos de família e comunidade, atualmente está sendo ampliada no sentido de contemplar a equipe multiprofissional envolvida com a atenção primária à saúde da população. As categorias "organização" e "oferta da doença" são intrinsecamente ligadas e apontam para a compreensão que Balint tinha do processo saúde/doença. Conluio do anonimato – seria como a “omissão de responsabilidade”
  3. As características do médico durante o atendimento desempenham função terapêutica. Significa que o médico, ao prescrever medicamentos e medidas higienodietéticas para a pessoa que atende, também prescreve a si mesmo em doses que muitas vezes desconhece, deixando que ocorra uma resposta que pode ser terapêutica ou não. Logo, o modo de abordagem, a linguagem utilizada, o modo de se vestir e o exemplo do médico também compõe parte fundamental da relação médico-paciente e, por conseguinte, do tratamento do paciente. Para Balint, o adoecer era entendido como um processo psíquico de organização da doença a partir de situações vividas e não elaboradas adequadamente. Daí a importância que Balint dá ao processo ensino-aprendizagem da relação com a pessoa, pois se o profissional tem um "efeito droga" intrínseco à sua atuação, precisa aprender a usá-lo adequadamente. Não existe nenhum tipo de manual indicando a dosagem em que o médico deve prescrever a si mesmo, ou mesmo sua posologia, doses de cura e manutenção, possíveis riscos deste tipo de medicação, sobre as diversas condições alérgicas observadas em pessoas diferentes, as quais devem ser cuidadosamente observadas ou sobre os efeitos secundários indesejáveis da substancia. É possível que a pessoa tenha uma transferência negativa com o médico, por exemplo, em virtude de lhe remontar experiências desagradáveis em momentos anteriores da vida e, por isso, desenvolver uma resistência, deixando ou "esquecendo" de tomar o medicamento prescrito, mas desenvolver uma transferência positiva com a enfermeira da equipe, retomando o tratamento após se consultar com ela.
  4. Significa que o médico, ao prescrever medicamentos e medidas higienodietéticas para a pessoa que atende, também prescreve a si mesmo em doses que muitas vezes desconhece, deixando que ocorra uma resposta que pode ser terapêutica ou não. Para Balint, o adoecer era entendido como um processo psíquico de organização da doença a partir de situações vividas e não elaboradas adequadamente. Daí a importância que Balint dá ao processo ensino-aprendizagem da relação com a pessoa, pois se o profissional tem um "efeito droga" intrínseco à sua atuação, precisa aprender a usá-lo adequadamente. A função "droga" ou a capacidade de interferir de forma inconsciente no curso do tratamento faz com que as pessoas tenham uma boa adesão ao tratamento e uma melhora importante em seu processo de saúde/doença, ou, ao contrário, pode levar à piora, com desistência e abandono da terapêutica, aumentando a demanda em setores de urgência ou mesmo mantendo as grandes filas no atendimento primário. Tais movimentos transferenciais estão muito ligados a vivências passadas que podem ser retomadas inconscientemente, gerando maior ou menor empatia entre os envolvidos no encontro clínico. Não existe nenhum tipo de manual indicando a dosagem em que o médico deve prescrever a si mesmo, ou mesmo sua posologia, doses de cura e manutenção, possíveis riscos deste tipo de medicação, sobre as diversas condições alérgicas observadas em pessoas diferentes, as quais devem ser cuidadosamente observadas ou sobre os efeitos secundários indesejáveis da substancia. É possível que a pessoa tenha uma transferência negativa com o médico, por exemplo, em virtude de lhe remontar experiências desagradáveis em momentos anteriores da vida e, por isso, desenvolver uma resistência, deixando ou "esquecendo" de tomar o medicamento prescrito, mas desenvolver uma transferência positiva com a enfermeira da equipe, retomando o tratamento após se consultar com ela. “Ao prescrever medicamentos, o médico também prescreve a si mesmo em doses que muitas vezes desconhece”. Dai a IMPORTANCIA DA ATIVIDADE EM GRUPO. Para que, por meio do olhar do outro, cada profissional perceba como e que é vc aos olhos do outro.
  5. Médico cheirando a cigarro ou a álcool que orienta a parar de fumar ou beber. Ou mesmo que, fora do ambiente de trabalho, é conhecido pelo descontrole com essas drogas lícitas, porém, prejudiciais.
  6. Em qual dos ambientes o profissional confere maior credibilidade? A organização no ambiente de trabalho é fundamental.
  7. Contato visual, toque, sorriso, proximidade– elementos de empatia e que por intermédio da boa relação médico-paciente, favorecem o tratamento e resultado da atuação médica.
  8. Organização da doença = somatização da doença (transformação de afecções psíquicas em orgânicas). A complexidade das doenças demonstra a importância da correta organização de todo o processo de saúde e doença do paciente. Mais facilmente compreendida quando pensado em pessoas diabéticas e hipertensas, pois, dada a múltipla interferência psicológica dessas doenças, percebe-se o quanto fatores psicológicos “organizam” a doença em parceria com fatores orgânicos. Casos de abalo emocional, como perdas na família (falecimento do marido), adoecimento de um familiar, preocupações financeiras, desentendimento familiar, são desencadeantes de descontrole glicêmico e pressórico. Geralmente aquelas que apresentam diabetes tipo 2 relatam uma existência dura e "amarga", com perdas bastante difíceis de serem elaboradas. Inúmeras senhoras relatam terem se tornado diabéticas após enterrarem o marido depois de anos de união estável. Já as pessoas hipertensas têm em comum o fato de serem "hiper (muito) tensos" com os acontecimentos da vida. O homem, por mais que seja geneticamente predisposto a uma patologia, não adoecerá sem que possa organizar sobre o seu substrato genético os determinantes psicossociais envolvidos em sua experiência de vida. “Organização” – “criação” – “somatizar (transformar afecções psíquicas em orgânicas)”
  9. A "oferta da doença" é quase uma consequência da organização do adoecimento. De acordo com Balint, a pessoa procura o médico para "queixar-se". Exemplo do idoso que procura a UBS e, quando perguntado sobre o motivo da consulta, inicia um discurso com respostas imprecisas e desconexas, parecendo não ter correlação com doença física, como falar que ficou viúvo, que os filhos se mudaram recentemente e queixas difusas como dores em todo corpo, inapetência, fraqueza (queixas inespecíficas). As informações podem ter relação com um sofrimento continuo e mantido por anos.
  10. Insegurança do médico ao reconhecer seus limites de conhecimento e habilidades. Insegurança da pessoa não creditando ao profissional o seu saber. Geralmente, os médicos mais inseguros são os que mantêm, ao longo dos anos, a relação professor-aluno, não sendo capazes de relacionarem-se com seus antigos professores como atuais colegas de profissão, mas, sim, vendo-os sempre na condição de detentores do conhecimento e do poder.
  11. Os especialistas que recebem a pessoa também não assumem a responsabilidade sobre o tratamento, ficando restritos a dar um parecer sobre um provável "órgão danificado". Assim, o usuário fica a mercê de muitas consultas, com médicos variados, fazendo inúmeros exames (às vezes até mesmo repetitivos), em uma via crucis sem resolução, o que onera o erário, irrita as pessoas e aumenta as filas no SUS. A ESF pretende acabar com esse conluio, propiciando às pessoas um médico que possa cuidar não só de forma integral e integrada da pessoa, mas também de sua família. A diferença entre conluio do anonimato e regulação no SUS (referência/contrarreferência). Quando um médico de família e comunidade solicita uma referência a outro especialista, ele espera receber a contrarreferência explicando o que a pessoa tem e de que forma ele (que é o responsável pela pessoa) deve proceder diante do problema. Cabe ao outro especialista dar o parecer, orientar o colega que solicitou a referência e acompanhar, junto com o médico de família e comunidade, o caso da pessoa. Essa situação é diferente do conluio do anonimato, visto que, neste, ninguém se responsabiliza pela pessoa. Os princípios da ESF visão combater o conluio do anonimato.
  12. Esse vago conhecimento é baseado no conhecimento médico adquirido com as ciências da saúde, anatomia, fisiologia e fisiopatologia por exemplo, ou seja, por meio do “conhecimento revelado” do que as pessoas deviam e não deviam esperar e suportar, o médico converte à sua fé todos os incrédulos e ignorantes. Assim, é comum ver-se médicos dando conselhos às pessoas baseados no senso comum, naquilo que eles, profissionais, acham ou acreditam ser o melhor. Exemplo da mulher hipertensa, cujo marido é alcoólatra e médica toma como conduta aconselhar a mulher a largar o marido pois a separação seria o melhor para então controlar sua hipertensão arterial. O grupo questionou se a pessoa queria de fato se separar, se estava pronta para tal atitude e, sobretudo, se havia alguma evidência científica de que ex-esposas de homens alcoolistas teriam melhora de seus níveis pressóricos. Foi discutido, inclusive, que mulheres casadas com alcoolistas tendem, se não trabalharem seus conteúdos inconscientes, a reorganizarem suas vidas com outros homens alcoolistas, fato esse conhecido como codependência e que precisa ser abordado no tratamento da dependência do álcool. Com isso, o grupo evidenciou a possibilidade de a médica estar realizando uma função apostólica Consideração da ação da pessoa como um ato de “rebeldia”. Exemplo: paciente hipertenso que, em sua primeira consilta, é orientado quanto aos hábito relacionados com a manutenção da hipertensão arterial mas que, na próxima consulta nada mudou. Por vezes, a equipe multiprofissional, em vez de escutar a pessoa procurando o porquê do seu comportamento, sentindo raiva da pessoa, toma sua atitude como um desafio ao seu conhecimento e ao seu poder e reage de forma a dificultar (inconscientemente) a marcação de nova consulta.
  13. Exemplo da mulher hipertensa, cujo marido é alcoólatra e médica toma como conduta aconselhar a mulher a largar o marido pois a separação seria o melhor para então controlar sua hipertensão arterial. O grupo questionou se a pessoa queria de fato se separar, se estava pronta para tal atitude e, sobretudo, se havia alguma evidência científica de que ex-esposas de homens alcoolistas teriam melhora de seus níveis pressóricos. Foi discutido, inclusive, que mulheres casadas com alcoolistas tendem, se não trabalharem seus conteúdos inconscientes, a reorganizarem suas vidas com outros homens alcoolistas, fato esse conhecido como codependência e que precisa ser abordado no tratamento da dependência do álcool. Com isso, o grupo evidenciou a possibilidade de a médica estar realizando uma função apostólica Pesquisas têm mostrado a importância da fé e da espiritualidade no desenvolvimento da melhora e mesmo da cura das pessoas. Mas nada foi comprovado a respeito da necessidade de a pessoa adotar a religião do profissional que lhe atende. Consideração da ação da pessoa como um ato de “rebeldia”. Exemplo: paciente hipertenso que, em sua primeira consilta, é orientado quanto aos hábito relacionados com a manutenção da hipertensão arterial mas que, na próxima consulta nada mudou. Por vezes, a equipe multiprofissional, em vez de escutar a pessoa procurando o porquê do seu comportamento, sentindo raiva da pessoa, toma sua atitude como um desafio ao seu conhecimento e ao seu poder e reage de forma a dificultar (inconscientemente) a marcação de nova consulta.
  14. 1970 – apesar do falecimento de Michael Balint, sua esposa, Enid Balint, continuou desenvolvendo os grupos, assim como outros profissionais o fizeram. Normatização dos grupos Balint pela “Sociedade Balint Inglesa”: características essenciais e características desejáveis.
  15. O falecimento de Michael Balint, em 1970, não encerrou a prática dos grupos Balint e nem fez com que sua teoria ficasse esquecida. Sua esposa, Enid Balint, continuou desenvolvendo os grupos, assim como outros profissionais o fizeram. Ele propôs que os membros dos grupos Balint fossem capacitados para o enfrentamento dos problemas da rotina médica e também para as pesquisas nessa área, ou seja, o grupo Balint luta contra as certezas supostamente científicas.
  16. Os participantes sentam-se em círculos, e o líder (coordenador) pergunta ao grupo "quem tem um caso". O membro do grupo que tiver um caso para relatar anuncia-se ao grupo. Após o relato do caso, que deve ser resumido, calcado apenas em lembranças, sem se basear em nenhuma anotação prévia, o líder abre espaço para perguntas ao relator. Após responder sucintamente as perguntas, o relator silencia e apenas ouve a discussão do grupo. Nesse momento, o grupo inicia uma reflexão sobre o caso e sobre a relação entre o profissional relator e a pessoa (do caso relatado), procurando compreender os mecanismos psicodinâmicos que perpassaram a relação interpessoal. Durante a discussão, o líder procura apontar aos membros do grupo as categorias balintianas perceptíveis no relato do caso. Assim, os membros do grupo vão se habituando a pensarem na perspectiva balintiana, compreendendo o desenvolvimento da organização e da oferta da doença pela pessoa, a função terapêutica do médico e a possível função apostólica ocorrida no caso, e mesmo o conluio do anonimato, caso tenha havido.
  17. Após responder sucintamente as perguntas, o relator silencia e apenas ouve a discussão do grupo. Nesse momento, o grupo inicia uma reflexão sobre o caso e sobre a relação entre o profissional relator e a pessoa (do caso relatado), procurando compreender os mecanismos psicodinâmicos que perpassaram a relação interpessoal. Durante a discussão, o líder procura apontar aos membros do grupo as categorias balintianas perceptíveis no relato do caso. Os participantes devem relatar casos clínicos sem recorrer a nenhuma anotação, em associação livre de palavras, trazendo ao grupo a necessária riqueza de detalhes para esclarecer a situação, contexto, doença, transferência manifestada pelo paciente, envolvimento dos familiares e participações dos outros profissionais especialistas eventualmente consultados. Assim, os membros do grupo vão se habituando a pensarem na perspectiva balintiana, compreendendo o desenvolvimento da organização e da oferta da doença pela pessoa, a função terapêutica do médico e a possível função apostólica ocorrida no caso, e mesmo o conluio do anonimato, caso tenha havido. Após a discussão do grupo, o líder abre espaço para o relator voltar a falar. Ele avalia o que foi discutido e diz se o grupo o ajudou ou não. Encerra-se, assim, o grupo, que, normalmente, tem uma duração de 90 minutos a 2 horas.
  18. Representa a essência do atendimento médico. É essencial no atendimento médico por permitir a melhor abordagem da pessoa e de seu processo de adoecimento, bem como para a proteção do profissional (medicina defensiva) e, por que não dizer, para a satisfação da equipe, o que, em última análise, é um elemento protetor na prevenção das doenças do trabalho, como, por exemplo, a síndrome de burnout. Assim como a tomada de decisão terapêutica deve ser embasada na Medicina Baseada em Evidências, procurando-se pensar o diagnóstico dentro das doenças mais prevalentes com ênfase nos determinantes de saúde, assim também a relação profissional-pessoa deve ser pensada sobre bases epistemológicas sólidas, no sentido de se construir uma relação terapêutica e benéfica para ambas as partes envolvidas
  19. A despersonalização revela-se no distanciamento emocional e frieza em relação ao trabalho ou às pessoas, enquanto a diminuição da realização pessoal caracteriza-se pela frustração do profissional, que se sente incompetente, fracassado, irritado e sem perspectivas para o futuro. Burnet – combustível; out – esgotado.
  20. A despersonalização revela-se no distanciamento emocional e frieza em relação ao trabalho ou às pessoas, enquanto a diminuição da realização pessoal caracteriza-se pela frustração do profissional, que se sente incompetente, fracassado, irritado e sem perspectivas para o futuro. Burnet – combustível; out – esgotado. Com os grupos Balint, o profissional aprende sobre si mesmo e com os demais integrantes do grupo sobre métodos de se “proteger” psicologicamente diante dos problemas da profissão, sem, no entanto, se distarciar demais do paciente e da relacionamento necessário ao atendimento.
  21. Após responder sucintamente as perguntas, o relator silencia e apenas ouve a discussão do grupo. Nesse momento, o grupo inicia uma reflexão sobre o caso e sobre a relação entre o profissional relator e a pessoa (do caso relatado), procurando compreender os mecanismos psicodinâmicos que perpassaram a relação interpessoal. Durante a discussão, o líder procura apontar aos membros do grupo as categorias balintianas perceptíveis no relato do caso. Assim, os membros do grupo vão se habituando a pensarem na perspectiva balintiana, compreendendo o desenvolvimento da organização e da oferta da doença pela pessoa, a função terapêutica do médico e a possível função apostólica ocorrida no caso, e mesmo o conluio do anonimato, caso tenha havido. Após a discussão do grupo, o líder abre espaço para o relator voltar a falar. Ele avalia o que foi discutido e diz se o grupo o ajudou ou não. Encerra-se, assim, o grupo, que, normalmente, tem uma duração de 90 minutos a 2 horas. Durante a discussão do caso, cabe ao líder do grupo não permitir que sejam colocadas questões pessoais do profissional relator em evidência. Afinal, Michael Balint sempre chamou a atenção ao fato de que não se trata de terapia de grupo, embora se saiba que o grupo Balint é terapêutico para com seus membros
  22. Os médicos ingleses, assim como no Brasil, reclamavam do pouco tempo que tinham para consutas, cerca de 6 minutos, que dificultava a relação médico paciente. Assim, diante do benefício evidenciado nessa pesquisa quanto a redução do tempo para atendimento quando considerado o médico que faz parte de grupos Balint, há o título “seis minutos para o doente.” O médico passa a ter um “feeling” (pressentimento), um tato diferenciado. O profissional mais fechado pode ter na verdade esconder pouco conhecimento. A pessoa zangada pode estar O grupo Balint proporciona a escuta interpares dos casos problemáticos de cada um, que passam a ser encarados sob oito ou nove pontos de vista diferentes.
  23. Essa é uma discussão fundamental, pois os profissionais precisam encontrar o equilíbrio para não se envolverem muito profundamente com as pessoas - desenvolvendo a síndrome de burnout ou síndrome do esgotamento profissional - e nem tampouco manterem uma distância tão segura para si próprios que não permita um vínculo com a pessoa, com consequente incapacidade de ajudá-la, tornando-se profissionais insatisfeitos. O Caderno HumanizaSUS centra-se na relação interpessoal