O romance retrata conversas entre Gonzaga de Sá, um crítico funcionário público, e seu amigo Augusto Machado, onde criticam a sociedade e o governo da época, especialmente a aristocracia, o preconceito e a burocracia ineficiente. Apesar do título, pouco se fala da vida ou morte de Gonzaga de Sá, e sim das reflexões do autor sobre os absurdos da época por meio da ficção.
2. Nasceu dia 13 de maio de 1881, em Laranjeiras.Mas viveu
parte de sua vida em Todos os Santos(RJ);
Estudou na Escola Politécnica;
Foi amanuense da Secretaria da Guerra;
Em pouco tempo de vida produziu 17 obras;
Faleceu em 1922,minado pelo alcoolismo e após sofrer três
internamentos psiquiátricos;
3. Esta é, em resumo, uma das teorias de Gonzaga de Sá,
personagem principal deste romance que é
considerado pela crítica o mais bem escrito por Lima
Barreto.
O romance não tem um enredo preciso, sendo
marcado pelo aspecto filosófico. O conflito não passa
pela ascensão social ou profissional, mas pelo conflito
interior: como situar um homem de espírito num
meio social inconseqüente?
Augusto Machado, o narrador, personagem íntima de
Gonzaga, faz a biografia do amigo, cuja morte aparece
nas primeiras do trabalho.
4. Faz uma alternância entre lembranças e suas próprias
reflexões.
Gonzaga era um bacharel em Letras que não se tornou
doutor, pois queria fugir das solenidades do título.
Trabalhou como funcionário público e assim teve mais
tempo para estudar, assim mantendo-se atualizado.
Muito pessimista, frio e calculista, manteve-se longe do
casamento e próximo dos humildes, dos explorados.
Ao longo da vida, Gonzaga torna-se cada vez mais
desacreditado na humanidade, nas transformações, até
que começa a ver na morte sua única saída:
5. " A morte tem sido útil e será sempre. Não é só a sabedoria
que é uma meditação sobre ela – toda civilização resultou da
morte."
Gonzaga, sempre muito crítico, atacava a sociedade
sobretudo a aristocracia, representada pela gente de
Petrópolis e de Botafogo; denunciando o preconceito racial,
na idolatria do Doutor. Fazia, ainda, uma crítica ao Barão do
Rio Branco pelo uso do dinheiro público em obras que não
atendiam aos interesses e necessidades da população que
pagava os impostos. Enfim, uma sátira à ineficiência do
serviço público.
6. O sofrimento de Gonzaga diante do mundo vem da
consciência que a educação recebida o fez adquirir:
"Longe de me confortar, a educação que recebi só me
exacerba, só fabrica desejos que me fazem desgraçado,
dando-me ódios e talvez despeitos! Por que me deram?
Para eu ficar na vida sem amor, sem parentes e,
porventura, sem amigos? Ah! Se eu pudesse apagá-la do
cérebro! Varreria uma por uma todas as noções, as
teorias, as sentenças, as leis que me fizeram absorver; e
ficaria sem a tentação danada da analogia, sem o veneno
da análise."
7. Augusto Machado, ao contrário de Gonzaga que era uma
figura associada à morte e à decadência, está preso à vida.
Oposto ao amigo que sempre se isolou durante a vida de
funcionário público e silenciou-se em sua sabedoria,
Augusto Machado quer manter contato com as outras
pessoas. Procura estabelecer comunicação com os outros
mesmo através do livro que escreve e com isso tenta
também vivificar o amigo, agora morto. A historia é toda
tecida através de um dialogo entre o personagem e um
interlocutor, em passeios pelo Rio de Janeiro, satirizando a
burocracia e o pedantismo.
8. O livro foi editado por Monteiro Lobato, em 1919, pouco
antes da morte do autor, em meio a toda sorte de
dificuldades. Lima Barreto não teve suas obras
reconhecidas pela critica enquanto viveu. Sensibilidade a
flor da pele, deixava transparecer nesse livro, como em
outros, seu inconformismo com a indiferença dos
contemporâneos e com sua condição social.
A Academia Brasileira de Letras, que havia impedido sua
entrada em 1919, premiou Vida e Morte de M. J. G. de As
com menção honrosa no ano seguinte.
9. Manuel Joaquim Gonzaga de Sá:
“Um velho alto, já todo grisalho, mas avançado em idade,
todo seco, com um longo pescoço de arvore, um grande
gogó...”
Machado e Alcmena:
“-Mas tudo isso do que vale? Vem a morte...
-De fato, mas enquanto se vive a gente deve procurar as
coisas bonitas,os teatros...”
Tia Escolástica:
Tia de Gonzaga de Sá, ela quem o criou.
10. Dona Gabriela:
“Uma velha senhora de cor veio nos receber.Gonzaga de Sá
falava nela.Dona Gabriela tinha um vago parentesco com a
mulher de seu compadre; era viúva e mãe de quatro filhos.”
Romualdo:
Pai de Aleixo Manuel, viúvo, ficou doente e morreu, era
muito amigo de Gonzaga.
11. Psicológico:
“Por uma tarde clara e de quinta feira...” (pág.44)
Cronológico:
Barão do Rio Branco.(1876-1889)
O espetáculo do teatro Lírico (1906)
12. A história se passa no Rio de Janeiro, relata sobre as
pessoas de Petrópolis ou o pessoal dos subúrbios.O
cenário é utilizado para dar destaque a repartição
publica.
13. A narração é em primeira pessoa,pois Machado narra a
história de Gonzaga de Sá,ou seja, ele é um personagem
narrador.
14. O autor procura usar uma linguagem mais próxima da
época,incorporando a linguagem do texto jornalístico.
O autor faz o uso de figuras de linguagem:
Sinestesia:
“Os seus grandes olhos, macios e lentos, nas órbitas de uma
curvatura regular e suave, estavam vermelhos.”
15. Personificação:
“[...] seu cabelo dourados faziam estremecer os ares , as casas
as almas da cidade. As próprias pedras do cais sentiam-se,
tornavam-se macias a seus pés e a mica do granito
procurava ter faiscações de diamantes.”
Comparação:
“eu não compreendo,..., que um homem –um animal dotado
de senso crítico, capaz de colher analogias- levanta-se às
quatro horas da madrugada, para vir trabalhar no Arsenal
de Marinha, enquanto o ministro dorme até as onze e ainda
por cima vem de carro...”
16. Ironia :
“se a dor da rima e do metro aumentam a beleza da
poesia, a escassez do espaço dá um grande realce aos
artigos das pequenas revistas.”
17. O autor retrata a realidade da época e crítica a
sociedade e o governo, através da ficção.
18. A marginalização dos personagens;
“Ao me dizer Gonzaga de Sá que ignorava completamente
tão transcendente departamento da vida,que não tinha as
menores noções de conhecimento tão útil a filosofia das
paixões...”
A retratação dos personagens da época;
“Foi então que me arrependi de ter mal julgado o meu
excelente e arguto amigo.”
Linguagem Formal;
“Ponto de contato sobremodo honroso para ambos...”
19. CONCLUSÃO
O título desta obra é enganador: pouco se vê da vida ou da
morte de Manuel Joaquim Gonzaga de Sá. O que se vê são
conversas entre o sexagenário Gonzaga de Sá e seu jovem
amigo Augusto Machado, onde o que transpira é uma
conversa do autor consigo próprio, denunciando sempre os
absurdos: burocrata da Secretaria de Cultos, Gonzaga de Sá
critica sempre a mania estúpida de aristocracia (logo ele, que
descendente de Salvador de Sá) e a burocracia ineficiente,
arcaica, mesquinha e inútil. Existem ainda mais umas pitadas
dos temas eternos de Lima Barreto: uma crítica ao
preconceito, ao governo, a sociedade; a tudo, enfim, que de
podre afligia então e aflige hoje a humanidade .