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ACERTANDO O PASSO [GOVERNANÇA CORPORATIVA]
A 
quela empresa que nasceu do sonho
dos pais ou dos avós de repente cresceu,
ganhou várias diretorias, passou a atuar
em diferentes áreas e até em outras re-
giões. Foi preciso também se envolver em temas
que até então não fazia parte da gestão, como sus-
tentabilidade e responsabilidade social. As “cabe-
ças pensantes”agora não são mais só pais e filhos,
mas genros, noras, netos e executivos.
Na medida em que crescem as Organiza-
ções, a tomada de decisão passa mesmo a ser
mais complexa e os desafios aumentam na mes-
ma proporção. Aquele planejamento estratégico
que antes ocorria de forma rápida entre os fun-
dadores, agora ganha novos desafios, porque
atende também a novos sócios e as exigências
legais obrigam a dar satisfação a outros stakehol-
ders. Nesse ambiente, é natural que surjam con-
TEORIA, PRÁTICA
e resultado
ALÉM DA TRANSPARÊNCIA NA GESTÃO, GOVERNANÇA CORPORATIVA TRAZ RESULTADOS
DE IMAGEM POSITIVA PERANTE O MERCADO, COLABORADORES E CLIENTES; MELHORA O
FATURAMENTO E FACILITA A CAPTAÇÃO DE RECURSOS
Adenilson Fonseca
A satisfação do
consumidor é um
dos resultados
que processos
operacionais
organizados,
que incluam
boa governança,
conseguem produzir
18
ACERTANDO O PASSO [GOVERNANÇA CORPORATIVA]
flitos de ideias e interesses e práticas de gestão
que podem comprometer o planejamento da
companhia.
Se isso estiver ocorrendo na empresa, está
identificado o momento de implantação de um
trabalho de Governança Corporativa, o que, aliás,
já poderia ter sido feito há mais tempo. Entre
as principais razões externas e internas que de-
mandam mais fortemente a implementação da
Governança estão mudanças no ambiente de ne-
gócios; inovações; realinhamentos estratégicos;
mudanças societárias; proteção patrimonial; or-
ganização dos interesses familiares e redesenhos
organizacionais.
MENTALIDADE
O atendimento a esses desafios, no entanto,
nem sempre é tarefa fácil. Mudar aquela mentali-
dade de que“sempre fiz assim e deu certo”requer
muitas negociações e argumentos técnicos.
“Considerando que aproximadamente
90% das empresas brasileiras são familiares e que,
portanto, a propriedade é concentrada nos fun-
dadores, o assunto ainda é discutido de maneira
bastante tímida. A transferência de poder e a des-
centralização da tomada de decisões ainda são
um tabu em muitos casos, o que desacelera a im-
plantação da Governança”, justifica Luciano Castro,
sócio da CLR Consultoria, escritório especializado
no assunto.
Porém, disse ele, o tema vem ganhando a
atenção dos proprietários, tanto pela chegada da
segunda geração para assumir os negócios, quan-
to em função de mercado, da concorrência e da
transformação digital. “Esses são momentos críti-
cos no ciclo de vida das organizações, que fazem
com que a Governança Corporativa ganhe força
gradativamente”, aponta.
MATURIDADE
A boa notícia é que, se não for possível um
trabalho por completo no primeiro momento, ele
pode ser desenvolvido por partes, experimentan-
do os resultados e seguindo as etapas. “O que
muitas vezes acontece é que nem toda Organiza-
ção está madura o suficiente para aplicar em to-
das as áreas as boas práticas da governança. Nesse
sentido, o melhor caminho é fazer por etapas, con-
A gestão de
estoques é um
dos desafios da
governança
20
ACERTANDO O PASSO [GOVERNANÇA CORPORATIVA]
siderando o que a empresa quer, do que ela preci-
sa e de que ela dá conta. Isso implica em processos
adequados e as pessoas certas nos lugares certos,
de forma a favorecer a consolidação da Governan-
ça”, explica Castro.
Ao longo dos 28 anos de atuação da CLR, o
sócio observa que um dos principais desafios de
implantar a Governança é mudar a estrutura de
comando e os processos que funcionam desde
a fundação do negócio. “Estamos falando de um
grande processo de mudança que, portanto, gera
resistências e precisa ser adequadamente geren-
ciado. Isso exige o desenvolvimento de compe-
tências ‘não técnicas’, além do abandono de algu-
mas ‘certezas’ para permitir que negócio e família
sigam crescendo em harmonia”.
CONJUNTO
Segundo ele, a Governança Corporativa
surgiu para criar um conjunto eficiente de meca-
nismos, tanto de incentivos quanto de monitora-
mento, a fim de assegurar que o comportamento
dos administradores esteja sempre alinhado com
os interesses da empresa e dos acionistas. Assim,
disse, a Governança Corporativa contribui para,
entre outros aspectos, superar conflitos entre pro-
prietários e administradores, que recebem dos
acionistas o poder de decisão sobre a empresa nos
termos da lei e que, por sua vez, podem divergir
quanto aos melhores caminhos para os negócios.
As práticas de Governança Corporativa
buscam assegurar os princípios de transparência,
equidade, prestação de contas e responsabilida-
de corporativa e trazer benefícios como geração
de valor, melhoria do desempenho, acesso a ca-
pital a custos mais baixos, além da contribuição
para a perenidade do negócio. No ramo super-
mercadista, o movimento de consolidação e as
novas tecnologias vêm aumentando a implan-
tação da Governança. Os diretores começam a
entender que as boas práticas geram valor para
o negócio. Ainda assim, o movimento é mais
conservador. “A implantação da Governança no
setor supermercadista muitas vezes é reduzida
ao Conselho de Administração. De fato, esse é o
principal órgão da estrutura de Governança, mas
22
ACERTANDO O PASSO [GOVERNANÇA CORPORATIVA]
o processo vai muito além de constituir o Conse-
lho”, detalha Castro.
CONSELHO DE FAMÍLIA
O perfil societário das empresas do setor,
normalmente compostas por membros familiares,
é mais um dificultador, já que a Governança inclui
separar o que é da família daquilo que é do ne-
gócio e, ainda, do que é da propriedade, ou seja,
o que diz respeito aos acionistas. “Assim, a Gover-
nança Corporativa na prática refere-se à separação
dessas questões, o que inclui desde a definição de
papéis e responsabilidades de acionistas, gestores
e membros da família, até a criação, por exemplo,
do Conselho de Família”, disse o sócio da CLR.
Muitos supermercadistas, segundo Castro,
ainda não estão fazendo essa separação e, com isso,
podem comprometer a efetividade da Governança,
uma vez que ela envolve as práticas e os relaciona-
mentos entre proprietários, Conselho de Adminis-
tração, Diretoria e órgãos de controle. E não há um
perfil de empresas que precisam menos ou mais;
o modelo se aplica a todos os tipos e portes e sua
evolução acompanha o ciclo de vida da Organiza-
ção. Assim, alerta Castro, o cuidado que é preciso ter
é em relação à maturidade do negócio, para saber
com que velocidade e em qual nível de complexi-
dade a Governança Corporativa será implementada
para garantir bases ao processo.
RENA
Em 2013, os proprietários acionistas do Su-
permercado Rena, com sede em Itaúna, decidiram
adotar e desenvolver as melhores práticas de go-
vernança.  Foi reestruturada a diretoria executiva,
criados os conselhos de Administração, com dois
conselheiros independentes, o de Acionistas e o
de Família. Além disso, a empresa possui um setor
de compliance (conformidade) jurídico, passa por
uma auditoria externa e procura cumprir os princí-
pios da boa governança.
“Com isto, o Rena melhorou significativa-
mente sua gestão, possui indicadores acima do
mercado, fortaleceu sua reputação e desde 2013,
apesar do momento recessivo pelo qual o País
passa, abriu seis lojas e triplicou seu faturamento”,
aponta o diretor-presidente, Alexandre Maromba,
que é conselheiro de Administração certificado
pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporati-
va (IBCG).
Ele lembra que as empresas do tipo socie-
tário Sociedade Anônima (S.A.), de capital aberto,
que queiram negociar ações na Bolsa de Valores,
obrigatoriamente deverão seguir as recomenda-
ções de melhores práticas do IBGC. Porém, disse
Maromba, todos os tipos de empresas, inclusive as
pequenas, que busquem obter melhoria de ges-
tão, preservar e otimizar seu valor e longevidade
no mercado,“podem e devem”adotar as boas prá-
ticas e os princípios da Governança Corporativa.
“Principalmente as empresas familiares, que no
nosso ramo supermercadista é a maioria, pois as
técnicas de governança ajudam a administrar con-
flitos de interesse de uma forma efetiva”, lembra.
Outra motivação para que as empresas bus-
quem a adoção de princípios da Governança Cor-
porativa é a boa imagem que passa ao mercado.
Este aspecto reforça a confiança e facilita o acesso
a recursos financeiros e não financeiros. Nesse pro-
cesso de implantação das práticas de governança,
segundo Maromba, é fundamental que os proprie-
tários, cotistas ou acionistas e a diretoria queiram e
entendam a sua importância.
Para Maromba, um profissional externo pode
"Outramotivaçãoparaque
asempresasbusquemaadoção
deprincípiosdegovernança
corporativaéaboaimagemque
passaaomercado"
24
ACERTANDO O PASSO [GOVERNANÇA CORPORATIVA]
ajudar muito, mas é essencial que os sócios e dire-
tores estudem sobre Governança Corporativa. “Há
várias escolas de negócios que tratam do assunto, e
o próprio IBGC fornece cursos e treinamentos. Para
iniciar, outra sugestão válida é a criação de um Con-
selho de Administração, formado por alguns con-
selheiros independentes externos, profissionais de
mercado habilitados para a função, que a princípio
poderá ser um Conselho Consultivo”, sugere.
SALES
Há cerca de cinco anos, a rede Sales, sedia-
da em Barbacena, contratou uma consultoria com
o intuito inicial de implantar uma cultura de KPI
(indicadores de resultado) junto aos gestores. Esse
era o primeiro passo para introduzir o conceito
de Governança Corporativa. Na época, a empre-
sa já passava de 50 anos de fundação e sempre
teve gestão familiar. Com o objetivo de acelerar o
crescimento, os sócios decidiriam que era preciso
profissionalizar a empresa, com executivos contra-
tados, para melhorar os resultados e investir em
futuras unidades.
As ações surtiram efeito, trouxeram bons re-
sultados e hoje o Grupo tem todos os indicadores
em mãos, com cada profissional respondendo por
suas funções claramente definidas, com metas tra-
çadas e medidas com riqueza de aprofundamento,
segundo o diretor-presidente, Epifânio Parreiras,
executivo com grande experiência no meio su-
permercadista e contratado para conduzir as mu-
danças na empresa. “Os resultados vêm evoluindo
bastante, mesmo em tempos de crise como estes
vividos atualmente. Prova disso é a volta do cresci-
mento da rede, com a inauguração de mais uma
unidade agora no fim de 2018”, mostra Parreiras.
Nessa trajetória de mudança na gestão, o
passo a passo foi a contração de uma consultoria
para estruturação; criação dos conselhos de Sócios
e de Administração, este incluindo conselheiros
independentes; implantação da cultura de Gover-
nança Corporativa, por meio de consultoria; e a se-
leção e contratação de um executivo externo para
assumir a empresa.
Com a chegada do executivo, foi realizado
um “assessment” (avaliação) de toda a Liderança
26
ACERTANDO O PASSO [GOVERNANÇA CORPORATIVA]
para identificação dos potenciais líderes em cada
área, com a elaboração de Plano de Desenvolvi-
mento Individual (PDI).
Parreiras avalia que a Governança Corpora-
tiva, com as mudanças advindas dela, se trata de
processo de contínuo aprendizado e requer o en-
volvimento de toda a direção da empresa. Mesmo
assim, na opinião de Parreiras, depois de atingir
certo patamar de faturamento e complexidade de
operação, a Governança Corporativa é um cami-
nho sem volta para as empresas.
“Hoje no Sales temos uma equipe de dire-
ção sólida e com a capacidade desenvolvida para
administrar e operar diariamente a empresa em
um formato extremamente profissional de gover-
nança corporativa”, assegura.
CONCEITO
Para o Instituto Brasileiro de Governança
Corporativa (IBGC), a Governança Corporativa “é
o sistema pelo qual as empresas e demais or-
ganizações são dirigidas, monitoradas e incen-
tivadas, envolvendo os relacionamentos entre
sócios, Conselho de Administração, Diretoria, ór-
gãos de fiscalização e controle e demais partes
interessadas”. 
Ainda segundo o IBGC, as boas práticas de
Governança Corporativa convertem princípios
básicos em recomendações objetivas, alinhan-
do interesses com a finalidade de preservar e
otimizar o valor econômico de longo prazo da
Organização, facilitando seu acesso a recursos e
contribuindo para a qualidade da gestão da Or-
ganização, sua longevidade e o bem comum. 
Alexandre Maromba, do Supermercado
Rena, esclarece bem o termo e suas vantagens
para as empresas. Ele explica que a palavra “Go-
vernança”tem o mesmo significado de: comando,
chefia, administração.“Corporativa”significa: asso-
ciação, companhia, sociedade, ou organização em-
presarial.“Logo, todos nós, gestores, que estamos
à frente de uma empresa, em uma interpretação
literal, de uma forma ou outra já atuamos com
Governança Corporativa”.
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• luciano.castro@clr.com.br / : 31 3269-5900

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Governança Corporativa para Supermercado

  • 1. 16 ACERTANDO O PASSO [GOVERNANÇA CORPORATIVA] A  quela empresa que nasceu do sonho dos pais ou dos avós de repente cresceu, ganhou várias diretorias, passou a atuar em diferentes áreas e até em outras re- giões. Foi preciso também se envolver em temas que até então não fazia parte da gestão, como sus- tentabilidade e responsabilidade social. As “cabe- ças pensantes”agora não são mais só pais e filhos, mas genros, noras, netos e executivos. Na medida em que crescem as Organiza- ções, a tomada de decisão passa mesmo a ser mais complexa e os desafios aumentam na mes- ma proporção. Aquele planejamento estratégico que antes ocorria de forma rápida entre os fun- dadores, agora ganha novos desafios, porque atende também a novos sócios e as exigências legais obrigam a dar satisfação a outros stakehol- ders. Nesse ambiente, é natural que surjam con- TEORIA, PRÁTICA e resultado ALÉM DA TRANSPARÊNCIA NA GESTÃO, GOVERNANÇA CORPORATIVA TRAZ RESULTADOS DE IMAGEM POSITIVA PERANTE O MERCADO, COLABORADORES E CLIENTES; MELHORA O FATURAMENTO E FACILITA A CAPTAÇÃO DE RECURSOS Adenilson Fonseca A satisfação do consumidor é um dos resultados que processos operacionais organizados, que incluam boa governança, conseguem produzir
  • 2. 18 ACERTANDO O PASSO [GOVERNANÇA CORPORATIVA] flitos de ideias e interesses e práticas de gestão que podem comprometer o planejamento da companhia. Se isso estiver ocorrendo na empresa, está identificado o momento de implantação de um trabalho de Governança Corporativa, o que, aliás, já poderia ter sido feito há mais tempo. Entre as principais razões externas e internas que de- mandam mais fortemente a implementação da Governança estão mudanças no ambiente de ne- gócios; inovações; realinhamentos estratégicos; mudanças societárias; proteção patrimonial; or- ganização dos interesses familiares e redesenhos organizacionais. MENTALIDADE O atendimento a esses desafios, no entanto, nem sempre é tarefa fácil. Mudar aquela mentali- dade de que“sempre fiz assim e deu certo”requer muitas negociações e argumentos técnicos. “Considerando que aproximadamente 90% das empresas brasileiras são familiares e que, portanto, a propriedade é concentrada nos fun- dadores, o assunto ainda é discutido de maneira bastante tímida. A transferência de poder e a des- centralização da tomada de decisões ainda são um tabu em muitos casos, o que desacelera a im- plantação da Governança”, justifica Luciano Castro, sócio da CLR Consultoria, escritório especializado no assunto. Porém, disse ele, o tema vem ganhando a atenção dos proprietários, tanto pela chegada da segunda geração para assumir os negócios, quan- to em função de mercado, da concorrência e da transformação digital. “Esses são momentos críti- cos no ciclo de vida das organizações, que fazem com que a Governança Corporativa ganhe força gradativamente”, aponta. MATURIDADE A boa notícia é que, se não for possível um trabalho por completo no primeiro momento, ele pode ser desenvolvido por partes, experimentan- do os resultados e seguindo as etapas. “O que muitas vezes acontece é que nem toda Organiza- ção está madura o suficiente para aplicar em to- das as áreas as boas práticas da governança. Nesse sentido, o melhor caminho é fazer por etapas, con- A gestão de estoques é um dos desafios da governança
  • 3. 20 ACERTANDO O PASSO [GOVERNANÇA CORPORATIVA] siderando o que a empresa quer, do que ela preci- sa e de que ela dá conta. Isso implica em processos adequados e as pessoas certas nos lugares certos, de forma a favorecer a consolidação da Governan- ça”, explica Castro. Ao longo dos 28 anos de atuação da CLR, o sócio observa que um dos principais desafios de implantar a Governança é mudar a estrutura de comando e os processos que funcionam desde a fundação do negócio. “Estamos falando de um grande processo de mudança que, portanto, gera resistências e precisa ser adequadamente geren- ciado. Isso exige o desenvolvimento de compe- tências ‘não técnicas’, além do abandono de algu- mas ‘certezas’ para permitir que negócio e família sigam crescendo em harmonia”. CONJUNTO Segundo ele, a Governança Corporativa surgiu para criar um conjunto eficiente de meca- nismos, tanto de incentivos quanto de monitora- mento, a fim de assegurar que o comportamento dos administradores esteja sempre alinhado com os interesses da empresa e dos acionistas. Assim, disse, a Governança Corporativa contribui para, entre outros aspectos, superar conflitos entre pro- prietários e administradores, que recebem dos acionistas o poder de decisão sobre a empresa nos termos da lei e que, por sua vez, podem divergir quanto aos melhores caminhos para os negócios. As práticas de Governança Corporativa buscam assegurar os princípios de transparência, equidade, prestação de contas e responsabilida- de corporativa e trazer benefícios como geração de valor, melhoria do desempenho, acesso a ca- pital a custos mais baixos, além da contribuição para a perenidade do negócio. No ramo super- mercadista, o movimento de consolidação e as novas tecnologias vêm aumentando a implan- tação da Governança. Os diretores começam a entender que as boas práticas geram valor para o negócio. Ainda assim, o movimento é mais conservador. “A implantação da Governança no setor supermercadista muitas vezes é reduzida ao Conselho de Administração. De fato, esse é o principal órgão da estrutura de Governança, mas
  • 4. 22 ACERTANDO O PASSO [GOVERNANÇA CORPORATIVA] o processo vai muito além de constituir o Conse- lho”, detalha Castro. CONSELHO DE FAMÍLIA O perfil societário das empresas do setor, normalmente compostas por membros familiares, é mais um dificultador, já que a Governança inclui separar o que é da família daquilo que é do ne- gócio e, ainda, do que é da propriedade, ou seja, o que diz respeito aos acionistas. “Assim, a Gover- nança Corporativa na prática refere-se à separação dessas questões, o que inclui desde a definição de papéis e responsabilidades de acionistas, gestores e membros da família, até a criação, por exemplo, do Conselho de Família”, disse o sócio da CLR. Muitos supermercadistas, segundo Castro, ainda não estão fazendo essa separação e, com isso, podem comprometer a efetividade da Governança, uma vez que ela envolve as práticas e os relaciona- mentos entre proprietários, Conselho de Adminis- tração, Diretoria e órgãos de controle. E não há um perfil de empresas que precisam menos ou mais; o modelo se aplica a todos os tipos e portes e sua evolução acompanha o ciclo de vida da Organiza- ção. Assim, alerta Castro, o cuidado que é preciso ter é em relação à maturidade do negócio, para saber com que velocidade e em qual nível de complexi- dade a Governança Corporativa será implementada para garantir bases ao processo. RENA Em 2013, os proprietários acionistas do Su- permercado Rena, com sede em Itaúna, decidiram adotar e desenvolver as melhores práticas de go- vernança.  Foi reestruturada a diretoria executiva, criados os conselhos de Administração, com dois conselheiros independentes, o de Acionistas e o de Família. Além disso, a empresa possui um setor de compliance (conformidade) jurídico, passa por uma auditoria externa e procura cumprir os princí- pios da boa governança. “Com isto, o Rena melhorou significativa- mente sua gestão, possui indicadores acima do mercado, fortaleceu sua reputação e desde 2013, apesar do momento recessivo pelo qual o País passa, abriu seis lojas e triplicou seu faturamento”, aponta o diretor-presidente, Alexandre Maromba, que é conselheiro de Administração certificado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporati- va (IBCG). Ele lembra que as empresas do tipo socie- tário Sociedade Anônima (S.A.), de capital aberto, que queiram negociar ações na Bolsa de Valores, obrigatoriamente deverão seguir as recomenda- ções de melhores práticas do IBGC. Porém, disse Maromba, todos os tipos de empresas, inclusive as pequenas, que busquem obter melhoria de ges- tão, preservar e otimizar seu valor e longevidade no mercado,“podem e devem”adotar as boas prá- ticas e os princípios da Governança Corporativa. “Principalmente as empresas familiares, que no nosso ramo supermercadista é a maioria, pois as técnicas de governança ajudam a administrar con- flitos de interesse de uma forma efetiva”, lembra. Outra motivação para que as empresas bus- quem a adoção de princípios da Governança Cor- porativa é a boa imagem que passa ao mercado. Este aspecto reforça a confiança e facilita o acesso a recursos financeiros e não financeiros. Nesse pro- cesso de implantação das práticas de governança, segundo Maromba, é fundamental que os proprie- tários, cotistas ou acionistas e a diretoria queiram e entendam a sua importância. Para Maromba, um profissional externo pode "Outramotivaçãoparaque asempresasbusquemaadoção deprincípiosdegovernança corporativaéaboaimagemque passaaomercado"
  • 5. 24 ACERTANDO O PASSO [GOVERNANÇA CORPORATIVA] ajudar muito, mas é essencial que os sócios e dire- tores estudem sobre Governança Corporativa. “Há várias escolas de negócios que tratam do assunto, e o próprio IBGC fornece cursos e treinamentos. Para iniciar, outra sugestão válida é a criação de um Con- selho de Administração, formado por alguns con- selheiros independentes externos, profissionais de mercado habilitados para a função, que a princípio poderá ser um Conselho Consultivo”, sugere. SALES Há cerca de cinco anos, a rede Sales, sedia- da em Barbacena, contratou uma consultoria com o intuito inicial de implantar uma cultura de KPI (indicadores de resultado) junto aos gestores. Esse era o primeiro passo para introduzir o conceito de Governança Corporativa. Na época, a empre- sa já passava de 50 anos de fundação e sempre teve gestão familiar. Com o objetivo de acelerar o crescimento, os sócios decidiriam que era preciso profissionalizar a empresa, com executivos contra- tados, para melhorar os resultados e investir em futuras unidades. As ações surtiram efeito, trouxeram bons re- sultados e hoje o Grupo tem todos os indicadores em mãos, com cada profissional respondendo por suas funções claramente definidas, com metas tra- çadas e medidas com riqueza de aprofundamento, segundo o diretor-presidente, Epifânio Parreiras, executivo com grande experiência no meio su- permercadista e contratado para conduzir as mu- danças na empresa. “Os resultados vêm evoluindo bastante, mesmo em tempos de crise como estes vividos atualmente. Prova disso é a volta do cresci- mento da rede, com a inauguração de mais uma unidade agora no fim de 2018”, mostra Parreiras. Nessa trajetória de mudança na gestão, o passo a passo foi a contração de uma consultoria para estruturação; criação dos conselhos de Sócios e de Administração, este incluindo conselheiros independentes; implantação da cultura de Gover- nança Corporativa, por meio de consultoria; e a se- leção e contratação de um executivo externo para assumir a empresa. Com a chegada do executivo, foi realizado um “assessment” (avaliação) de toda a Liderança
  • 6. 26 ACERTANDO O PASSO [GOVERNANÇA CORPORATIVA] para identificação dos potenciais líderes em cada área, com a elaboração de Plano de Desenvolvi- mento Individual (PDI). Parreiras avalia que a Governança Corpora- tiva, com as mudanças advindas dela, se trata de processo de contínuo aprendizado e requer o en- volvimento de toda a direção da empresa. Mesmo assim, na opinião de Parreiras, depois de atingir certo patamar de faturamento e complexidade de operação, a Governança Corporativa é um cami- nho sem volta para as empresas. “Hoje no Sales temos uma equipe de dire- ção sólida e com a capacidade desenvolvida para administrar e operar diariamente a empresa em um formato extremamente profissional de gover- nança corporativa”, assegura. CONCEITO Para o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), a Governança Corporativa “é o sistema pelo qual as empresas e demais or- ganizações são dirigidas, monitoradas e incen- tivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, Conselho de Administração, Diretoria, ór- gãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas”.  Ainda segundo o IBGC, as boas práticas de Governança Corporativa convertem princípios básicos em recomendações objetivas, alinhan- do interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor econômico de longo prazo da Organização, facilitando seu acesso a recursos e contribuindo para a qualidade da gestão da Or- ganização, sua longevidade e o bem comum.  Alexandre Maromba, do Supermercado Rena, esclarece bem o termo e suas vantagens para as empresas. Ele explica que a palavra “Go- vernança”tem o mesmo significado de: comando, chefia, administração.“Corporativa”significa: asso- ciação, companhia, sociedade, ou organização em- presarial.“Logo, todos nós, gestores, que estamos à frente de uma empresa, em uma interpretação literal, de uma forma ou outra já atuamos com Governança Corporativa”. PARA SABER MAIS • luciano.castro@clr.com.br / : 31 3269-5900