Claude Henri de Saint-Simon (1760-1825) foi um filósofo e economista francês que desejava uma sociedade industrial organizada de forma hierárquica e governada por cientistas e especialistas. Sua filosofia influenciou muitos pensadores do século XIX e desenvolveu ideias precursoras do socialismo moderno.
1. TEORIA DE SAINT SIMON
Claude Henri Saint-Simon (1760-1825) pertencia a uma família aristocrata,
embora seus pais não fossem muito ricos. Mesmo assim, nasceu rodeado de confortos e
luxos. Assim, foi rapidamente introduzido nos altos meios sociais de Paris e da França,
o que o distanciou, durante certo tempo, de conhecer intelectuais notáveis na época,
como d'Alembert e Rousseau.
Durante sua brilhante carreira militar, Saint-Simon teve a oportunidade de
batalhar ao lado dos Americanos, na própria América, contra os Britânicos, na Batalha
de Yorktown. Sua estadia de dois meses no novo continente o influenciou
decisivamente, ajudando-lhe a descobrir sua maior afinidade pela ciência política do que
pelas armas. A experiência americana provocou-lhe o desejo de trabalhar pela
"evolução da civilização", que ele acreditava estar ocorrendo na América. Para Saint-
Simon, havia na América quatro condições para a evolução da sociedade, inexistentes
na Europa: “tolerância religiosa, ausência de privilégios sociais, noção de que poder
econômico e político não podem se confundir e aceitação universal de uma filosofia
baseada no pacifismo, na indústria e na economia frugal". O pensador francês
acreditava na existência de um regime muito mais liberal e democrático na América do
que na Europa.
O que Saint-Simon desejava, era um estado industrializado dirigido pela
ciência moderna, no qual a sociedade seria organizada para o trabalho produtivo pelos
homens mais capazes. O alvo da sociedade seria produzir as coisas úteis à vida. Suas
obras revolveram em torno da ideia de que sua época sofria de um individualismo
doentio e selvagem resultante de uma quebra da ordem e da hierarquia. Mas afirmava
que a época continha também as sementes de sua própria salvação, que deviam ser
buscadas no nível de crescimento da ciência e da tecnologia e na colaboração dos
industriais e dos técnicos que tinham começado já a construir uma ordem industrial
nova. A união do conhecimento científico e tecnológico à industrialização inauguraria o
governo dos peritos. A nova sociedade não poderia nunca ser igualitária, Saint-Simon
sustentava, porque os homens não foram dotados igualmente pela natureza. Saint-Simon
não era um "igualitário" estrito, um sentido em que parte de seus seguidores haveria de
radicalizar suas ideias.
Para Saint-Simon, a sociedade estava divida entre “ociosos” (comandantes,
livres de trabalho pesado ou braçal) e os “produtores” (homens encarregados dos demais
trabalhos, braçais) e necessitava de um governo de trabalhadores, isto é, de operários,
industriais, banqueiros e comerciantes. Ele aceitava a libre empresa e o lucro do
capitalismo, desde que estes concordassem em assumir certas responsabilidades sociais.
Apesar de que o contraste entre as classes trabalhadora e proprietária não é
enfatizado por Saint-Simon, a causa dos pobres é discutida e no seu trabalho mais
conhecido, Nouveau Christianisme (1825), e assume o caráter de uma religião. Antes da
publicação dessa obra, Saint-Simon não havia se preocupado com teologia, mas neste
trabalho, começando com uma crença em Deus, ele tenta desdobrar o Cristianismo em
seus elementos essenciais. Nele propõe o preceito de que a religião "deveria guiar a
comunidade no sentido do grande propósito de melhorar tão rapidamente quanto
possível as condições da classe mais pobre".
2. Segundo Saint-Simon:
O avanço da ciência determinava a mudança político-
social.
Lettres d’um habitant de Genève à ses contemporains,
em 1803
Cientistas tomem lugar dos padres
A sociedade como uma fabrica.
Reforma do cristianismo.
Homem procura sempre alterar o meio social.
Sociedade hierarquizada;
No topo diretores da produção, engenheiros, artistas e
cientistas;
Na de baixo trabalhadores que executam projetos dos que estão no topo
Ideais Industriais.
O crescimento das classes industriais.
Um novo governo com menos poder,e ação voltada as condições para o
exercício do trabalho.
Necessidade básica: liberdade
Desejos e prazeres vencem a preguiça
Uma nova estrutura para garantir maior segurança ao
trabalhador.
Se essa estrutura for corrompida,pode se tornar autoritária
e tirânica,sendo nociva à industria.
Industriais desejam ser governados o mínimo possível
Governo quer ampliar seu poder.
Para Saint Simon deve-se anular o governo
A CARTA OITAVA:
Simon faz sete afirmações sobre o governo e a industria.
Sintetiza a ciência política como "ciência da produção"
O novo cristianismo.
3. Filósofo francês Saint-Simon
No dia 19 de maio de 1825, morre em Paris Claude Henri de Rouvroy, economista e filósofo
francês mais conhecido como conde de Saint-Simon. Suas ideias influenciariam a maioria dos
filósofos do século XIX. Foi ele o pensador da sociedade industrial francesa que estava em vias de
substituir o antigo regime. Segundo o historiador André Piettra, ele foi “o último dos fidalgos e o
primeiro dos socialistas”.
Durante a Revolução Francesa, enriquece com a venda dos bens da Igreja. Em1798, com o
dinheiro ganho, instala-se num apartamento em frente à Escola Politécnica. Sob a influência de Jean
Burdin, frequenta o curso de física. Mais tarde, muda-se para as proximidades da Escola de
Medicina, onde cursa disciplinas de biologia e fisiologia.
Saint-Simon desejava, na realidade, dar um sentido comum à ciência e unificar os princípios
científicos. Em 1803, escreve a Carta de um habitante de Genebra aos seus contemporâneos – um
elogio à ciência, colocada quase como uma nova religião. Dono de saber eclético, imerso em seus
contatos com cientistas, mas, sobretudo, com ideólogos, elabora uma filosofia pregando o progresso
da humanidade pela indústria. Em 1817, publica A Indústria, que já levanta a questão da política
positiva. Nesse mesmo ano, Auguste Comte, recém-formado na Escola Politécnica, torna-se seu
secretário particular e o auxilia na redação de obras filosóficas e artigos de imprensa.
Herdeiro do Iluminismo e de Rousseau, Saint-Simon encontra-se entre os grandes utopistas do
século XIX. Autor de numerosas obras, entre as quais O Novo Cristianismo (1825), se apresenta
como o profeta de uma nova religião fundada na fraternidade e na fé em meio ao progresso e à
industrialização. O saintsimonismo iria exercer uma profunda influência sobre a elite francesa do
Segundo Império. Dessa filosofia partiriam o próprio Comte, fundador do positivismo, os banqueiros
Jacob e Isaac Pereire, organizadores do crédito na França, o politécnico Michel Chevalier, redator do
Tratado de Livre Mercado de 1860, e Prosper Enfantin, outro politécnico que convenceu Ferdinand
de Lesseps a construir o Canal de Suez.
Saint-Simon desenvolveu uma teoria de classes sociais em que opõe uma maioria explorada de
trabalhadores a uma minoria de exploradores, que são os ociosos, os proprietários rentistas e, de
modo geral, aqueles que não empreendem. Era favorável a um “Conselho de Luizes” constituído de
sábios, artistas, artesãos, donos de empresas capazes de privilegiar os fatos e o fundo em detrimento
dos princípios e da forma. De outra parte, entendia que governar não era uma particularidade e que a
política deveria se limitar a aspectos do sistema econômico.
A proximidade socialista de Saint-Simon notava-se pela tendência à organização e à
planificação, em especial no seu projeto de “melhoria geral do território da França” voltado a
enriquecer o país e a levar, em seguida, a uma melhoria das condições de vida de todos. Seu objetivo
era a elevação moral do proletariado graças a uma organização das riquezas pelos próprios
capitalistas. As concepções de Saint-Simon prenunciaram os temas fundamentais do socialismo
moderno.
4.
5. TEORIA SOCIOLÓGICA DE AUGUSTO COMT
Isidore-Auguste-Marie-François-Xavier Comte, nasceu em 19 de janeiro de 1798, em
Montpellier na França, e faleceu em 5 de setembro de 1857, em Paris. De uma família católica
e monarquista. Filósofo e auto-proclamado líder religioso, deu à ciência da Sociologia seu
nome e estabeleceu a nova disciplina em uma forma sistemática. Um de seus primeiros
empregos foi o de secretário do Conde Henri de Saint-Simon, o primeiro filósofo a ver
claramente a importância da organização econômica na sociedade moderna, e cujas idéias
Comte absorveu, sistematizou com um estilo pessoal e difundiu. Durante os anos 1830-1842,
quando escreveu sua obra prima, Curso de filosofia positiva, Comte continuou a viver
miseravelmente na margem do mundo acadêmico.
Depois de se afastar de Saint-Simon, a principal preocupação de Comte tornou-se a
elaboração de sua filosofia positiva. Embora seja considerado fundador da sociologia, não
desenvolveu nenhum método de estudo sociológico. Pensava que, assim como a natureza, a
sociedade também possuiria leis. Assim como as leis naturais trazem o equilíbrio para a
Natureza, as leis sociais também trariam equilíbrio para a sociedade. Para restabelecer a ordem
e a paz, para encontrar um estado de equilíbrio na sociedade capitalista que surgia, seria
necessário, segundo eles, conhecer as leis que regem os fenômenos sociais.
A sociologia seria a ciência que descobriria as leis da sociedade. Para Comte, a
sociedade moderna modificou o mundo feudal baseado na aliança entre o poder espiritual
(igreja) e o poder temporal (militar). A reorganização da sociedade moderna exigia a união
entre a ciência (novo poder espiritual) e os empresários (novo poder temporal) para o pleno
desenvolvimento e equilíbrio do mundo industrial nascente. Assim, o mundo dos conflitos
militares da sociedade medieval seria substituído pela união pacífica de todos na sociedade
industrial.
Lei dos três estados: a evolução da humanidade está condicionada pelo progresso do
conhecimento, que acontece em três fases:
• Estado teológico: Neste momento, explicam-se os fenômenos pelos deuses (fetichismo: o homemconfere
vida, ação e poder sobrenaturais aos seres inanimados e aos animais; politeísmo, monoteísmo).
• Estado metafísico (filosófico) – As causas divinas são substituídas por causas mais gerais, entidades
abstratas (idéias); o princípio da causalidade é atribuído às essências das coisas.
• Estado positivo (científico). O homem tenta compreender as relações entre coisas e acontecimentos
através da observação e experimentação científica.
A evolução do conhecimento é comparada à evolução do ser humano. Religião
(infância), Filosofia (adolescência), ciência (vida adulta). Para Comte, as ciências não
evoluíram todas ao mesmo tempo. Quando a humanidade chegou ao estado positivo foi
necessário que elas se desenvolvessem de acordo com a complexidade de seus objetos,
começando pelos mais simples até chegar aos mais complexos.