O documento discute acidente vascular cerebral (AVC), definindo-o como perda súbita de função cerebral causada por obstrução ou ruptura de um vaso sanguíneo no cérebro. Detalha os tipos de AVC (isquêmico e hemorrágico), fatores de risco, sintomas, exames de diagnóstico e abordagem inicial para estabilizar o paciente. Também aborda traumatismo cranioencefálico (TCE), hematomas extradural e subdural decorrentes de TCE e seu tratamento.
2. Definição
• OMS – Acidente VascularCerebral define-se como:
• “Sinais e/ou sintomas de perda de função cerebral focal e, por
vezes, global, instalando-se rapidamente, com duração superior
a 24 horas ou levando à morte, e sem outra causa aparente que
a de origem vascular”.
3. Epidemiologia
Incidência anual:
2% população (países industrializados)
Custos econômicos e sociais
• Mortalidade
2ª causa de morte em Portugal
1/6 doentes morre no 1º mês após AVC
• Dependência
=>1/2 dos sobreviventes - dependência permanente
=>10 a 20% dos doentes com AIT vão ter um AVC
incapacitante nos 90 dias subsequentes
5. AVC isquêmico - Fisiopatologia
¢ Oclusão de vaso intracraneano provoca diminuição do fluxo
sanguíneo para a região cerebral que este vasculariza
¢ Diminuição do aporte de glicose aos neurônios (células com elevado
metabolismo e baixa reserva de glicogênio)
¢ ↑ radicais livres de O2 por diminuição produção de ATP mitocondrial
¢ A magnitude desta diminuição depende da existência ou não de
circulação colateral
ISQUEMIA
Febre
Glicemia > 200 mg/dl
6. AVC isquêmico vs AIT
¢Ambos são:
¢Episódios de disfunção neurológica focal de presumível etiologia
vascular isquêmica
¢Início súbito (abrupto) de sinais neurológicos com déficit máximo
após segundos ou minutos
AIT:
Duração dos sintomas < 24 horas (geralmente < 1 hora);
Sem evidência de enfarte isquémico agudo (exames imagem)
7. AVC isquêmico vs AIT
AVC isquêmico:
Déficit neurológico persistente (duração dos sintomas > 24 horas ou
provocando a morte)
Evidência de enfarte isquêmico agudo
AVC isquêmico minor:
Déficit neurológico persistente não incapacitante
9. AVC hemorrágico
Localização:
• Difusa – Intraventricular e Subaracnoideia
• Focal – Hemorragia intraparenquimatosa
• Hemorragia no espaço epidural e subdural surge por trauma.
Hemorragia profunda (GG base, subcortical)
Causa mais frequente:
• HTA (hematoma hipertensivo)
Hemorragia lobar (cortical)
Causa mais frequente:
• Jovem – Malformação Artério-Venosa (MAV) cerebral
• Idoso – Angiopatia amilóide cerebral
10. Abordagem inicial
• Objetivos na fase inicial incluem:
• Assegurar a estabilidade do doente
• Reverter rapidamente quaisquer condições que estejam a
contribuir para o mau estado do doente
• Tomar medidas para definir a base fisiopatológica dos
sintomas neurológicos do doente
• Pesquisar potenciais contra-indicações para a trombólise
em doentes comAVC isquémico agudo
11. Abordagem inicial
Assegurar a estabilidade do doente
Sinais vitais à pressão arterial, respiração e temperatura
¢ Pressão arterial
— Pressão arterial média (PAM) – normalmente elevada em
doentes comAVC agudo
— Geralmente um mecanismo de manutenção da perfusão
cerebral
— decisão de tratar: balanço entre o potencial risco de elevações
sucessivas na pressão arterial vs possível declínio na função
neurológica quando a pressão arterial é reduzida
12. Abordagem inicial
Assegurar a estabilidade do doente
• Respiração
• Doentes com PIC elevada devido a hemorragia ou isquémia –
podem apresentar drive respiratório diminuído ou obstrução
muscular das vias aéreas
• Doentes com ventilação adequada – monitorizar Sat. O2
• Intubação – restaurar ventilação, proteger via aérea, importante
na presença de vómitos
13. Abordagem inicial
Assegurar a estabilidade do doente
• Temperatura
• Febre pode piorar isquémia cerebral
• Diagnóstico diferencial: meningite, empiema subdural, abcessos,
endocardite infecciosa, pneumonia por aspiração e infecção
urinária
• Manter normotermia pelo menos nos 1os dias – antipiréticos
14. AVC isquêmico ou hemorrágico
Classificação OCSP
Exames:
— Tomografia Computorizada (TC)
¢altamente sensível no diagnóstico de hemorragia no AVC
agudo
— Imagiologia por Ressonância Magnética (IRM)
¢mais sensível que a TC no diagnóstico precoce de enfarte
cerebral
— Em doentes com isquemia que ainda não têm enfarte
cerebral, tanto a TC como a RM podem estar normais
Início em actividade
Cefaleia
Afundamento do estado de consciência
Deterioração progressiva
TA muito elevada na admissão
15.
16. Curso clínico
AVCs embólicos
• geralmente ocorrem repentinamente
• os défices neurológicos indicam perda focal de função
cerebral, que é máxima no início
• recuperação rápida favorece este diagnóstico
Trombose
• sintomas frequentemente flutuam, variando entre um estado
normal e anormal, ou progredindo gradualmente com alguns
períodos de melhoria
17. Curso clínico
Oclusão das artérias perfurantes
¢ sintomas geralmente desenvolvem-se durante um período de
horas ou no máximo alguns dias
— ao passo que a isquemia cerebral relacionada com
grandes artérias pode evoluir durante um período de
tempo mais longo
Hemorragia intracerebral
¢ não melhora durante o período inicial
¢ progride gradualmente durante minutos ou poucas horas
Hemorragia subaracnóidea por aneurisma
¢ desenvolve-se rapidamente
¢ disfunção cerebral focal é menos comum
18. Factores de risco
• Variáveis demográficas
• Idade
• Sexo
• Raça
• Diabetes
• HTA
• Anfetaminas
• Cocaína
• Doença cardíaca (patologia valvular, anterior enfarte agudo
do miocárdio, fibrilhação auricular, endocardite)
• Período pós-parto
• Desordem da coagulação, prescrição de varfarina ou outro
anti-coagulante
22. Pressão Intracraniana
• Normal – 10mmHg.
• Volume total do conteúdo craniano – constante.
• Determinantes:
• Encéfalo
• Líquor Aumento de qualquer um
• Sangue
PIC
23. Mecanismos de Compensação
• Expulsão líquor dos ventrículos e das cisternas para o espaço
subaracnóideo
• Diminuição sangue contido no sistema venoso encefálico
27. Hematoma Extradural ou Epidural
• Localizados entre a dura-máter e a calota craniana
• Forma biconvexa ou de lente
• Mais frequente: temporal ou têmporo-parietal
• Comumente resultam de ruptura da artéria meníngea média
28. Hematoma extradural
• “intervalo lúcido” – “fala e morre”
• Tratamento cirúrgico:
• Sintomático
• DLM > 10mm
• Assintomáticos quando hematoma > 10mm
• Resultado: diretamente relacionado com estado neurológico do
paciente antes da intervenção
30. Hematoma subdural
• Mais frequentes
• 30% TCE graves
• Habitualmente recobrem toda a superfície do cérebro
• Unilateral – 80%
• Mais comum: fronto-têmporo-parietal
31. HSD
• Clínica:
• Alteração nível consciência
• Déficits localizados
• Anisocoria
• Posturas patológicas
• Grande efeito massa -> herniação: Tríade de Cushing (hipertensão,
bradicardia e bradipnéia)
32. Tratamento – Atendimento inicial
• A – vias aéreas com proteção da coluna cervical
• B – respiração e ventilação
• C – circulação com controle hemorragia
• D – estado neurológico
• E – exposição (despir paciente)