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Serviço de Cirurgia Plástica e Queimados da Santa Casa de Misericórdia de São Jose do Rio Preto
Regente : Valdemar Mano Sanches
Dr.Brunno Rosique
História da Cirurgia Plástica do Nariz
A história da cirurgia plástica é muito antiga, tão antiga como a própria historia da humanidade.
A palavra “plástica” vem do latim plasticus que deriva do grego plástikos. Plàstikos quer dizer moldar,
formar, plasmar e reparar.
A historia da cirurgia do nariz remonta aos primórdios da especialidade.
O papiro de Ebers (1.500 a C.) e o de Edwin Smith (2.200 aC) fazem referencias a operações plásticas de
nariz.
Galeno afirmava que de suas investigações e pesquisas se tinha convencido de que os egípcios possuíam
mais conhecimentos de cirurgia plástica do que poderia parecer à primeira vista.
Por outro lado, os livros sagrados dos hindus (Vedas Sagrado) de igual antiguidade faz-nos ver que este
povo se achava bem familiarizado com os transplantes em geral e com as rinoplastias em particular. O livro
Susruta (pai da cirurgia Hindu) datado de 2.000 a C, refere que uma certa casta hindu, se dedicava,
principalmente, à reconstrução nasal.
A Grécia compartilhou-as com a Ásia; daqui, esta arte passou para a Calábria e outras partes da Itália
onde, depois de um grande esplendor, feneceu.
Desse modo, o apêndice nasal constituiu, através da história , nos seus primórdios, a razão de ser dessa
cirurgia, em torno da qual se concretizaram e se cristalizaram todas as atenções e atividades inventivas.
O nariz, em certos países, era símbolo de ótimas qualidades de caráter, e de habilidade. Por isso mesmo,
os homens com os maiores narizes eram escolhidos para reis.
Entre os egípcios, gregos e romanos, era lei, em tempo de paz, a mutilação imposta aos transgressores
não só das leis vigentes como da própria honra conjugal. E, assim, prostitutas carregavam o estigma da sua
profissão; adúlteras, ladrões e assassinos pagavam caro o crime de suas ações. Conta-se, mesmo, que certos
maridos ciumentos e dotados de um sentimento de honorabilidade doentio, procuravam, preventivamente,
assegurar a inviolabilidade conjugal, destruindo todo o encanto de sua mulher, por meio da amputação do
nariz. O marido executava a “operação” com um facão de cortar bambu e a mulher era imobilizada pelos
amigos.
Segundo Labat, na Inglaterra, a própria rainha Isabel cujo nariz de proporções generosas se tornou
histórico, decretou que se cortassem as orelhas e os narizes de todos os que falassem mal da sua pessoa ou do
seu governo. Conta-se, também, que Carlos II da Inglaterra, indignado com um gracejo ferino e inoportuno
de Cowentry mandou que lhe cortassem o nariz.
Não se pode desconhecer por outro lado, que o próprio Hipócrates (V século aC) também tinha
preocupação de ordem plástica receitando pomadas e unguentos com finalidade puramente cosmética.
Referindo-se, também, Hipocrates ao problema das efélides, hirsutismo, hipertricose e calvície. No capitulo
das fraturas do nariz, Hipócrates recomendava sempre que possível à modelagem imediata a fim de “evitar
deformidades posteriores”.
Os aborígenes da Polinésia ou os cavaleiros errantes de épocas remotas tinham o hábito de levar e oferecer
às suas eleitas o nariz do adversário abatido como um verdadeiro presente régio.
E assim durante milhares de anos lutou o homem desordenadamente visando à correção dos defeitos dos
seus semelhantes, até que alguns anos antes do nascimento de Jesus Cristo, Aulus Cornelius Celsus (53 aC -
7 dC) marca época na historia da cirurgia plástica com os seus trabalhos sobre enxertos.
Celsus que pode ser chamado o pai da cirurgia plástica, nasceu em Roma no tempo de Augustus. Ele é o
espelho da escola de medicina de Alexandria. No seu livro “De Re medica”, escrito 30 anos DC,
encontramos uma segunda referencia histórica da especialidade, sendo este o documento médico mais antigo
depois dos manuscritos de Hipócrates. Aqui ele estuda diversos problemas de narizes, lábios e orelhas com
retalhos de pele retirados das adjacências.
Depois de Celsus segue-se Clauduis Galeno (130 DC - 210 DC), médico grego que passou a Roma,
refletindo a escola hipocratica, ressaltando o grande impulso e desenvolvimento que tinha alcançado esta
cirurgia, na vigência do esplendor do Império Romano.
Galeno foi o maior médico grego depois de Hipocrates. Nasceu em Pérgamo, Ásia Menor e viveu em
Alexandria. Deixou instruções precisas e claras de como empregar o linho, seda ou “slender-gut” nas
ligaduras hemostáticas. Com Galeno se iniciou, também, o chamado período de “desorientação
anatômica”como resultado das crenças religiosas do Cristianismo e do profundo respeito devotado aos
cadáveres.
Após a morte de Galeno, segue-se a decadência do Império Romano com a invasão bárbara que mergulhou
todo o velho mundo num estado verdadeiramente caótico. O que se conhecia de cirurgia plástica foi então
esquecido.
A prioridade do método italiano (Branca - 1442) é atribuída a Gasparo Taliacotius, Tagliacozzi, Tagliacus
ou Taliacotius (1545-1599) professor de Anatomia em Bolonha e cirurgião foi aluno e sucessor de Giuliu
Cesare Aranzio na Cadeira de Anatomia de Bolonha. Foi o primeiro a descrever minuciosamente e a realizar
com perícia admirável certas operações pertinentes aquele ramo da cirurgia que se conhece hoje por cirurgia
plástica.
Foi Tagliacozzi quem deu um cunho estritamente cientifico as rinoneoplastias com suas indicações,
contra-indicações e perigos e descrevendo a técnica com todos os seus tempos.
Os ataques dos teologistas da igreja romana insinuando que as operações plásticas interferiam com a obra
de Deus e seu sucesso deveria ser atribuído a intervenção do diabo, impediram até certo ponto a difusão dos
seus notáveis conhecimentos.Lançaram-lhe a pecha de impostor e desacreditaram-no. Mesmo depois da sua
morte, seus inimigos profanaram sua memória e o Santo Tribunal da Inquisição mandou queimar seus livros.
A revolta religiosa chegou a ponto de exigir a exumação do seu corpo nas terras sagradas da igreja de San
Giovanni Battista e a translação dos seus restos mortais para terras profanas.
Mais tarde entretanto, o caso foi discutido no Tribunal da Inquisição e no Fórum Arquiepsiscopal a pedido do
“Assunteria di Studio” por causa da pressão publica e do “Colegiado dos Doutores” interessados na própria
honra, bem como dos descendentes do finado injuriado. E assim, mais ou menos em Julho de 1600, depois
que as ações malévolas de certas pessoas invejosas da fama de Tagliacozzi, que era acusado de mágico,
foram descobertas e desmascaradas, seu corpo retornou a tumba primitiva cercado de todas solenidades
merecidas. Todas as acusações escritas contra ele foram destruídas e um veredito de absolvição total foi-lhe
conferido.
Na segunda metade do século XVIII (1788) a Universidade de Paris reprovava toda operação plástica.
Segundo Capparoni, entretanto, a proibição foi muito anterior, tendo durado até as últimas décadas do século
XVII.
Só em 1794 é que foi publicada na Inglaterra uma descrição da técnica da rinoplastia, tal qual havia sido
praticada na Índia em tempos imemoriais graças a uma companhia inglesa que na Índia estivera alguns anos
antes.
Foi pois, Carpue, cirurgião inglês, o primeiro a executar um transplante frontal na Europa (método indiano
de reconstrução nasal), ainda que Langenbeck afirme ter sido von Graefe quem introduziu o método hindu na
Europa.
O método de Tagliacozzi foi ressuscitadona Alemanha em 1816 por Karl Ferdinand von Graefe de Berlim
(1788- 1840).
Karl F. Graefe publicou em 1818 um trabalho intitulado “rhinoplastik”com 210 páginas e ilustrado com
vários tempos de uma rinoplastia total de modo a lembrar ou rememorizar Tagliacozzi.
Johann Friederich Dieffenbach (1792-1847) de Königsberg, pelos seus trabalhos e comunicações, deu
grande impulso a cirurgia plástica. Segundo Labat, Dieffenbach foi, na época, o maior restaurador de narizes
desde Tagliacozzi. Praticou o tratamento cirúrgico da columela desviada, do lábio leporino unilateral total e
do alongamento da columela nos casos de lábio leporino bilateral total.
A rinoneoplastia total era feita por Dieffenbach pelo método indiano.
Dieffenbach foi provavelmente o maior mestre de cirurgia plástica do século XIX e a edição de 1845 da
“Operative Chirurgie”contem para mais de 100 páginas sobre reconstrução nasal por meio de retalhos.
A introdução do uso de anestesia geral em 1847 ofereceu segurança e conforto na execução de muitas
operações.
Vinte anos mais tarde, com Pasteur (1822-1899) e Joseph Lister (1827-1912), surge a antissepsia e
assepsia cirúrgicas, contribuindo para a diminuição das infecções pós-operatorias.
Boe em 1891 apresentou a primeira descrição de uma remoção de giba nasal feita sob anestesia local e
com fotografias pré e pós operatórias.
Jacques Joseph em 1898, publicou um trabalho ilustrado com desenhos cujos resultados são considerados
notavelmente bons para a época.
Em 1904 Joseph publicava o trabalho “Remoção endonasal da giba”onde se referia pela primeira vez a
essa via de acesso, tendo já operado 43 casos nessa ocasião.
No século atual não se pode deixar de enaltecer a grande figura de Jacques Joseph. Assim como
Tagliacozzi sistematizou as operações rinoplasticas propriamente ditas.
Joseph pode ser considerado como pai da moderna rinoplastia assim como Tagliacozzi a foi das
rinoneoplastias. O seu livro Nasenplastik und Sonstige Gesichtsolastik, considerado clássico, tem o mérito de
ser conciso sem nada perder de clareza, precisão e cunho altamente cientifico. Dificilmente alguém poderá
suplanta-lo.
Muitos outros livros apareceram depois, tratando da cirurgia plástica do nariz, pelo que vimos, quando
dissemos que a história das rinoplastias é a própria historia da cirurgia plástica.

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História da Cirurgia Plástica do Nariz

  • 1. Serviço de Cirurgia Plástica e Queimados da Santa Casa de Misericórdia de São Jose do Rio Preto Regente : Valdemar Mano Sanches Dr.Brunno Rosique História da Cirurgia Plástica do Nariz A história da cirurgia plástica é muito antiga, tão antiga como a própria historia da humanidade. A palavra “plástica” vem do latim plasticus que deriva do grego plástikos. Plàstikos quer dizer moldar, formar, plasmar e reparar. A historia da cirurgia do nariz remonta aos primórdios da especialidade. O papiro de Ebers (1.500 a C.) e o de Edwin Smith (2.200 aC) fazem referencias a operações plásticas de nariz. Galeno afirmava que de suas investigações e pesquisas se tinha convencido de que os egípcios possuíam mais conhecimentos de cirurgia plástica do que poderia parecer à primeira vista. Por outro lado, os livros sagrados dos hindus (Vedas Sagrado) de igual antiguidade faz-nos ver que este povo se achava bem familiarizado com os transplantes em geral e com as rinoplastias em particular. O livro Susruta (pai da cirurgia Hindu) datado de 2.000 a C, refere que uma certa casta hindu, se dedicava, principalmente, à reconstrução nasal. A Grécia compartilhou-as com a Ásia; daqui, esta arte passou para a Calábria e outras partes da Itália onde, depois de um grande esplendor, feneceu. Desse modo, o apêndice nasal constituiu, através da história , nos seus primórdios, a razão de ser dessa cirurgia, em torno da qual se concretizaram e se cristalizaram todas as atenções e atividades inventivas. O nariz, em certos países, era símbolo de ótimas qualidades de caráter, e de habilidade. Por isso mesmo, os homens com os maiores narizes eram escolhidos para reis. Entre os egípcios, gregos e romanos, era lei, em tempo de paz, a mutilação imposta aos transgressores não só das leis vigentes como da própria honra conjugal. E, assim, prostitutas carregavam o estigma da sua profissão; adúlteras, ladrões e assassinos pagavam caro o crime de suas ações. Conta-se, mesmo, que certos maridos ciumentos e dotados de um sentimento de honorabilidade doentio, procuravam, preventivamente, assegurar a inviolabilidade conjugal, destruindo todo o encanto de sua mulher, por meio da amputação do nariz. O marido executava a “operação” com um facão de cortar bambu e a mulher era imobilizada pelos amigos. Segundo Labat, na Inglaterra, a própria rainha Isabel cujo nariz de proporções generosas se tornou histórico, decretou que se cortassem as orelhas e os narizes de todos os que falassem mal da sua pessoa ou do seu governo. Conta-se, também, que Carlos II da Inglaterra, indignado com um gracejo ferino e inoportuno de Cowentry mandou que lhe cortassem o nariz. Não se pode desconhecer por outro lado, que o próprio Hipócrates (V século aC) também tinha preocupação de ordem plástica receitando pomadas e unguentos com finalidade puramente cosmética. Referindo-se, também, Hipocrates ao problema das efélides, hirsutismo, hipertricose e calvície. No capitulo das fraturas do nariz, Hipócrates recomendava sempre que possível à modelagem imediata a fim de “evitar deformidades posteriores”.
  • 2. Os aborígenes da Polinésia ou os cavaleiros errantes de épocas remotas tinham o hábito de levar e oferecer às suas eleitas o nariz do adversário abatido como um verdadeiro presente régio. E assim durante milhares de anos lutou o homem desordenadamente visando à correção dos defeitos dos seus semelhantes, até que alguns anos antes do nascimento de Jesus Cristo, Aulus Cornelius Celsus (53 aC - 7 dC) marca época na historia da cirurgia plástica com os seus trabalhos sobre enxertos. Celsus que pode ser chamado o pai da cirurgia plástica, nasceu em Roma no tempo de Augustus. Ele é o espelho da escola de medicina de Alexandria. No seu livro “De Re medica”, escrito 30 anos DC, encontramos uma segunda referencia histórica da especialidade, sendo este o documento médico mais antigo depois dos manuscritos de Hipócrates. Aqui ele estuda diversos problemas de narizes, lábios e orelhas com retalhos de pele retirados das adjacências. Depois de Celsus segue-se Clauduis Galeno (130 DC - 210 DC), médico grego que passou a Roma, refletindo a escola hipocratica, ressaltando o grande impulso e desenvolvimento que tinha alcançado esta cirurgia, na vigência do esplendor do Império Romano. Galeno foi o maior médico grego depois de Hipocrates. Nasceu em Pérgamo, Ásia Menor e viveu em Alexandria. Deixou instruções precisas e claras de como empregar o linho, seda ou “slender-gut” nas ligaduras hemostáticas. Com Galeno se iniciou, também, o chamado período de “desorientação anatômica”como resultado das crenças religiosas do Cristianismo e do profundo respeito devotado aos cadáveres. Após a morte de Galeno, segue-se a decadência do Império Romano com a invasão bárbara que mergulhou todo o velho mundo num estado verdadeiramente caótico. O que se conhecia de cirurgia plástica foi então esquecido. A prioridade do método italiano (Branca - 1442) é atribuída a Gasparo Taliacotius, Tagliacozzi, Tagliacus ou Taliacotius (1545-1599) professor de Anatomia em Bolonha e cirurgião foi aluno e sucessor de Giuliu Cesare Aranzio na Cadeira de Anatomia de Bolonha. Foi o primeiro a descrever minuciosamente e a realizar com perícia admirável certas operações pertinentes aquele ramo da cirurgia que se conhece hoje por cirurgia plástica. Foi Tagliacozzi quem deu um cunho estritamente cientifico as rinoneoplastias com suas indicações, contra-indicações e perigos e descrevendo a técnica com todos os seus tempos. Os ataques dos teologistas da igreja romana insinuando que as operações plásticas interferiam com a obra de Deus e seu sucesso deveria ser atribuído a intervenção do diabo, impediram até certo ponto a difusão dos seus notáveis conhecimentos.Lançaram-lhe a pecha de impostor e desacreditaram-no. Mesmo depois da sua morte, seus inimigos profanaram sua memória e o Santo Tribunal da Inquisição mandou queimar seus livros. A revolta religiosa chegou a ponto de exigir a exumação do seu corpo nas terras sagradas da igreja de San Giovanni Battista e a translação dos seus restos mortais para terras profanas. Mais tarde entretanto, o caso foi discutido no Tribunal da Inquisição e no Fórum Arquiepsiscopal a pedido do “Assunteria di Studio” por causa da pressão publica e do “Colegiado dos Doutores” interessados na própria honra, bem como dos descendentes do finado injuriado. E assim, mais ou menos em Julho de 1600, depois que as ações malévolas de certas pessoas invejosas da fama de Tagliacozzi, que era acusado de mágico, foram descobertas e desmascaradas, seu corpo retornou a tumba primitiva cercado de todas solenidades merecidas. Todas as acusações escritas contra ele foram destruídas e um veredito de absolvição total foi-lhe conferido.
  • 3. Na segunda metade do século XVIII (1788) a Universidade de Paris reprovava toda operação plástica. Segundo Capparoni, entretanto, a proibição foi muito anterior, tendo durado até as últimas décadas do século XVII. Só em 1794 é que foi publicada na Inglaterra uma descrição da técnica da rinoplastia, tal qual havia sido praticada na Índia em tempos imemoriais graças a uma companhia inglesa que na Índia estivera alguns anos antes. Foi pois, Carpue, cirurgião inglês, o primeiro a executar um transplante frontal na Europa (método indiano de reconstrução nasal), ainda que Langenbeck afirme ter sido von Graefe quem introduziu o método hindu na Europa. O método de Tagliacozzi foi ressuscitadona Alemanha em 1816 por Karl Ferdinand von Graefe de Berlim (1788- 1840). Karl F. Graefe publicou em 1818 um trabalho intitulado “rhinoplastik”com 210 páginas e ilustrado com vários tempos de uma rinoplastia total de modo a lembrar ou rememorizar Tagliacozzi. Johann Friederich Dieffenbach (1792-1847) de Königsberg, pelos seus trabalhos e comunicações, deu grande impulso a cirurgia plástica. Segundo Labat, Dieffenbach foi, na época, o maior restaurador de narizes desde Tagliacozzi. Praticou o tratamento cirúrgico da columela desviada, do lábio leporino unilateral total e do alongamento da columela nos casos de lábio leporino bilateral total. A rinoneoplastia total era feita por Dieffenbach pelo método indiano. Dieffenbach foi provavelmente o maior mestre de cirurgia plástica do século XIX e a edição de 1845 da “Operative Chirurgie”contem para mais de 100 páginas sobre reconstrução nasal por meio de retalhos. A introdução do uso de anestesia geral em 1847 ofereceu segurança e conforto na execução de muitas operações. Vinte anos mais tarde, com Pasteur (1822-1899) e Joseph Lister (1827-1912), surge a antissepsia e assepsia cirúrgicas, contribuindo para a diminuição das infecções pós-operatorias. Boe em 1891 apresentou a primeira descrição de uma remoção de giba nasal feita sob anestesia local e com fotografias pré e pós operatórias. Jacques Joseph em 1898, publicou um trabalho ilustrado com desenhos cujos resultados são considerados notavelmente bons para a época. Em 1904 Joseph publicava o trabalho “Remoção endonasal da giba”onde se referia pela primeira vez a essa via de acesso, tendo já operado 43 casos nessa ocasião. No século atual não se pode deixar de enaltecer a grande figura de Jacques Joseph. Assim como Tagliacozzi sistematizou as operações rinoplasticas propriamente ditas. Joseph pode ser considerado como pai da moderna rinoplastia assim como Tagliacozzi a foi das rinoneoplastias. O seu livro Nasenplastik und Sonstige Gesichtsolastik, considerado clássico, tem o mérito de ser conciso sem nada perder de clareza, precisão e cunho altamente cientifico. Dificilmente alguém poderá suplanta-lo. Muitos outros livros apareceram depois, tratando da cirurgia plástica do nariz, pelo que vimos, quando dissemos que a história das rinoplastias é a própria historia da cirurgia plástica.