O documento discute os graves efeitos da poluição ambiental na saúde humana e no planeta. Ele destaca que a poluição do ar está levando à morte prematura de milhares de pessoas e à redução da capacidade pulmonar em crianças. Além disso, o aquecimento global está derretendo geleiras e ameaçando o abastecimento de água em cidades, bem como favorecendo a propagação de doenças. A poluição está claramente colocando em risco a vida no planeta.
4. Editorial
Estamos
José de Paiva Netto,
jornalista, radialista e
escritor, é Presidente
das Instituições da Boa
Vontade.
Notícias recentes, que relatam a
sistemática degradação ambiental,
promovida pela sociedade moderna,
e seus trágicos efeitos para a vida no
Planeta, despertaram-me a idéia de
trazer a Vocês, leitores atentos da revista
BOA VONTADE, um trecho de meu livro
Crônicas Entrevistas, publicado pela
Editora Elevação, em dezembro de
2000, ao qual acrescentei informações
atualizadas sobre o tema. No capítulo
denominado “Cuidado, estamos
respirando a morte”, apresento algumas
reflexões sobre causas e conseqüências
envolvidas nesses fatos.
Revista Boa Vontade
5. a morte
Viver no presente momento é administrar o perigo
U
m dia desses, alguém dizia que
“o aumento da gasolina”...
Pensei cá com os meus botões: Gasolina?! O que anda por
aí é tudo, menos o veterano derivado do
petróleo. Comparando a de antigamente
aos odores fétidos dos combustíveis de
hoje, chega a lembrar fragrâncias de
perfumaria.
Atualmente, em vastas regiões da
Terra, o simples ato de respirar corresponde à abreviação da vida. Sofrimentos
de origem alérgica e pulmonar crescem
em progressão geométrica. Hospitais e
consultórios de especialistas vivem lotados com as vítimas das mais diferentes
impurezas.
Abeirar-se do escapamento de um
veículo é suicídio, tal a adulteração de
combustível vigente por aí. Isso sem citar
os motores desregulados...
da qualidade do meio em que vivem. A
exposição constante aos poluentes, com
freqüência, é letal. A parca vai se instalando, pouco a pouco, em corpos e mais
corpos. Observem o estudo, apresentado
por Rafael Cariello, da Folha de S. Paulo,
direto de Nova York:
nismo que seus efeitos já aparecem na
população, consoante revela a pesquisa
de autoria de Ubiratan de Paula Santos,
do INCOR (Instituto do Coração) do
Hospital das Clínicas de São Paulo,
também publicada pelo mesmo jornal
no dia 2/4/2003:
“Segundo pesquisadores da Universidade da Califórnia do Sul,
autores de ‘Os efeitos da poluição do
ar no desenvolvimento do pulmão’
e que monitoraram 1.759 pessoas
dos 10 aos 18 anos, em 12 cidades, a
incidência de jovens com capacidade
pulmonar abaixo do normal entre as
que cresceram em ambiente poluído
é cinco vezes maior. ‘Déficits ligados
à poluição’, diz o texto, são “grande
fator de risco para complicações e
mortes na vida adulta”.
“Um estudo realizado com 50
marronzinhos — fiscais de trânsito
— na cidade de São Paulo, todos sem
relatos de doenças, mostrou que, em
períodos de maior poluição, eles tinham um aumento da pressão arterial
e alteração de mediadores químicos
(como fatores de coagulação) que podem levar a problemas circulatórios.
As mudanças estavam relacionadas
principalmente aos poluentes gerados
por automóveis”.
Cidades assassinadas
Eis que, dia a dia, de maneira implacável, a saúde de todos vai sendo minada.
A começar pela psíquica, porquanto as
mentes humanas vêm padecendo toda
espécie de pressões. Por isso, pouco
adiantará cercar-se de muros cada vez
mais altos, se de antemão a ameaça estiver dentro de casa.
Tal é a proporção dos riscos ao orga-
Quando Você se aproxima, por estrada ou via aérea, da capital bandeirante,
logo avista paisagem sitiada por oceano
de gases nocivos.
Crianças e idosos vivem lá... Merecem respeito! O desenvolvimento e a sobrevivência deles dependem diretamente
No Rio de Janeiro, a despeito do mar,
o envenenamento atmosférico avança,
sem falar na contaminação das praias... O
que surpreende é constituírem São Paulo
e Rio metrópoles altamente politizadas.
E o problema não se contém nas
fronteiras nacionais. De fato, acentua-se
ainda mais em outros grandes centros, a
exemplo do que publiquei na nova edição
de meu livro As Profecias sem mistério,
Revista Boa Vontade
Fotomontagem BV
respirando
6. Editorial
da Editora Elevação, no qual transcrevo
algumas recentes notícias que expõem a
gravidade da situação:
65 mil casos de bronquite crônica por
ano nessas cidades. (Deutsche Welle
— 24/3/2005)”.
Despoluir qualquer cidade deveria fazer parte do programa corajoso do político que realmente a amasse. Não
se pode esperar
“China admite que 360 milhões bebem água
poluída no país
— (...) O governo
admite também que mais de 70%
dos rios e lagos do país estão contaminados. (...) O governo enfrenta dificuldades para encontrar um equilíbrio
entre o acelerado desenvolvimento
econômico e o impacto ambiental.
(...) O total de pessoas ameaçadas pela
água que consomem representa um
terço da população das áreas rurais.
(BBC Brasil — 23/3/2005)”.
“Poluição do ar mata 310 mil
europeus por ano — (...) O país
europeu mais afetado é a Alemanha,
onde morrem anualmente 65.088
pessoas devido ao problema. Seguem-se a Itália, com 39.436 vítimas
mortais, e a França, com 36.868. (...)
A morte por poluição atmosférica não
é um problema novo nem restrito à
Europa ou à Alemanha. Em 1997,
a Organização Mundial de Saúde já
relacionou 700 mil mortes anuais à
poluição. Uma pesquisa publicada
pela revista Science em 2001 fez
a seguinte projeção para 2020: se
as cidades do México, Nova York,
Santiago e São Paulo baixassem em
10% sua emissão de gases poluentes,
seria possível evitar 64 mil mortes e
Revista Boa Vontade
que isso
apenas ocorra quando se tornar assunto lucrativo.
Ora, nada mais proveitoso do
que cuidar do cidadão, o Capital
de Deus.
As questões são múltiplas, mas esta
é das mais graves: estamos respirando
a morte. Encontramo-nos diante de um
tipo de progresso que, ao mesmo tempo,
espalha ruína. A nossa própria.
Comprova-se a precisão urgente de
ampliar em largo espectro a consciência
ecológica do Povo, antes que a queda
de sua qualidade de vida seja irreversível. Este tem sido o desafio de vários
idealistas.
Entretanto, a ganância ainda tem
sido maior que a Razão. O descuido no
preparo das comunidades, para que não
esterilizem o solo onde habitam, mostrase superior ao instinto de sobrevivência.
A água está acabando
A Tribuna da Imprensa, de 10 de
março de 2000, revelou a conclusão de
um novo estudo divulgado pelo instituto
independente Worldwatch, com sede nos
Estados Unidos, que diz:
“O gelo ártico perde uma área
equivalente à Holanda a cada ano, ou
cerca de 34.300 quilômetros quadrados.
(...) Como o gelo permanente funciona
também como um espelho, refletindo o
calor solar e mantendo a temperatura da
Terra relativamente fria, teme-se que o
atual derretimento multiplique os efeitos
devastadores do aquecimento global da
atmosfera. Antes da catástrofe, porém, o
gelo derretido já vem causando problemas
para cidades que dele dependem para seu
suprimento de água potável. Lima, no
Peru, é um exemplo dramático.
Cada um dos seus dez milhões de habitantes dispõe hoje de apenas três metros
cúbicos da água proveniente da geleira
de Quelccaya, quando, há dez anos, dali
eram tirados 30 metros cúbicos”.
Conseqüência do efeito estufa? Uns
afirmam que sim; outros, que não. A
verdade é que se trata do resultado da
insensatez de gente que “não enxerga
um palmo adiante do nariz”, como cantava na melodia popular de Noel Rosa
(1910-1937) , “Com que roupa” o poeta
Pedrinho Bevilacqua.
Há, ainda, graves resultados indiretos
do aquecimento demasiado da atmosfera
terrestre. O equilíbrio biológico natural
do Planeta está sendo afetado. Sua complexa e delicada harmonia apresenta séria
degradação. Além da extinção em massa
de diversas espécies da fauna e flora, sen-
7. síveis às alterações
ambientais bruscas, os efeitos do
fenômeno podem
originar epidemias
em latitudes que,
naturalmente, são
de clima quente e
outros problemas
orgânicos em todo o Globo, como
podemos observar nesta outra matéria
publicada pela BBC/Brasil:
“O aumento da temperatura cria
condições ‘propícias’ para o crescimento de casos de malária na Amazônia e de dengue nos centros urbanos,
afirmou à BBC Brasil o cientista
Diarmed Campbell, da Organização
Mundial de Saúde (OMS).
“‘Os países tropicais como o
Brasil são muito mais
conseqüências surgem
na forma de estresse,
que pode levar à ocorrência de infartos, e desidratação, como os 20
mil mortos registrados
no último verão europeu.
“Sinusite, bronquite
e asma são outros sintomas de que o
ar está muito poluído. Já nos países
pobres ou em desenvolvimento e
localizados principalmente na região tropical do Globo, a elevação
da temperatura provoca diarréia,
malária, intoxicação alimentar,
leishmaniose e desnutrição, além de
outras pragas.
“(...) O estudo publicado pela
OMS diz que o aumento da temperatura mundial pode favorecer a
propagação de doenças originadas na
água ou transmitidas por insetos”.
A poluição que chega antes
A infinidade de poluições que
vêm prejudicando a vida
vulneráveis às doenças do que os
países europeus’, disse Campbell.
“O alerta foi dado durante a
apresentação do relatório da OMS
sobre as mudanças climáticas e o
seu impacto na saúde do homem,
durante a Conferência sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas,
em Milão.
“Segundo a pesquisa, 2,4% dos
casos de diarréia e 2% das incidências de malária em todo o mundo são
conseqüências diretas do aumento de
temperatura no planeta.
“Nos países industrializados, as
de cada um deriva da falência
moral que, de uma forma ou de
outra, inferniza a todos.
Viver no presente momento é
administrar o perigo.
A jovem Geisa*1, maltratada e morta
na tragédia da Rua Jardim Botânico
(junho de 2000), começou a ser assassinada no dia em que o excluído Sandro*2
foi largado, menino, às feras da rua.
Mas ainda há tempo de acolhermos
a asserção de Antoine de Saint-Exupéry*3 (1900-1944), cujo centenário
(estávamos em 2000) está sendo agora
comemorado:
— É preciso construir estradas
entre os homens.
Realmente, porque cada vez menos nos encontramos nos caminhos
da existência como irmãos.
Longe da Fraternidade, não desfrutaremos a Paz.
_______________
*1 e 2
Geisa Firmo Gonçalves e Sandro do
Nascimento — Artesã e professora, de apenas
20 anos. No dia 12 de junho de 2000, Geisa voltava da favela da Rocinha, onde trabalhava com
crianças carentes, a caminho do Jardim Botânico,
quando seu ônibus foi seqüestrado por Sandro do
Nascimento, um jovem que havia, alguns anos
antes, sobrevivido a uma chacina acontecida na
Candelária. A professora foi feita de escudo humano e acabou baleada e morta durante a operação
de resgate realizada pela polícia.
*2
Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944)
— Nasceu em Lyon, França. Foi aviador de
profissão e escritor por devoção. Seu livro mais
conhecido O Pequeno Príncipe é um convite à
reflexão para que as pessoas se humanizem. Antoine foi oficialmente contra o governo nazista
e combativo membro
da Resistência Francesa.
Quando O Pequeno Príncipe
foi publicado em 1943, a França estava ocupada pelo exército
germânico. Faleceu quando seu avião
foi abatido por um piloto alemão da
Luftwaffe.
Revista Boa Vontade
Fotomontagem BV
Atualmente, em vastas
regiões da Terra, o
simples ato de respirar
corresponde à abreviação da vida. Sofrimentos de origem alérgica
e pulmonar crescem em
progressão geométrica.
8. Cartas
Rui Barbosa, o carvalho e a
couve.
Fotos: Ledilaine Santana
Ademir Reis
Gregório Simão
Os jornalistas Ademir Reis, Carlos Fernandes e Gregório Simão, de
Uberlândia/MG, teceram importantes
comentários a respeito desta publicação. A redação agradece as simpáticas
referências e transcreve, abaixo, essas
manifestações:
“Envio sinceros cumprimentos
pela revista BOA VONTADE. Tenho
lido regularmente todas as edições e
noto que, a cada uma delas, cresce o
número de informações sobre os feitos
da LBV no Brasil e a peregrinação
do grande cidadão Paiva Netto. Parabéns a todos”. (Ademir Reis, da revista
Dystak’s)
Ainda nos preparativos para a inauguração das novas instalações do Espaço Ecumênico da Religião de Deus
— a Religião do Amor Universal, em
Uberlândia, interior mineiro, o leitor
atento Marco Dametto informa que, ao
ser colocada a tradicional estampa de
Jesus na fachada do local, o trânsito da
Av. Marcos de Freitas Costa parou.
Os veículos que passavam pela
via movimentada diminuíram a velocidade para contemplar a inspiradora
imagem.
Revista Boa Vontade
“Ao ler a BOA
VONTADE tive
uma grata surpresa: o conteúdo é
claro e de fácil leitura, assim como o
trabalho realizado
pela LBV; só comCarlos Fernandes
plica quem não entende. Também fiquei conhecendo
a filosofia religiosa da LBV, que até
então desconhecia. Assim, recomendo
às pessoas que visitem e conheçam a
Legião da Boa Vontade”. (Gregório
José Simão, da Gazeta do Setor Oeste
e do Jornal Central Metropolitano)
“Adoro a BOA VONTADE, da
LBV. Eu leio tudo, de capa a capa. Tem
muita variedade e matérias especiais
que falam da Espiritualidade (Ecumênica). É uma maravilha de revista,
e uma Instituição séria que realmente
ajuda o próximo”. (Carlos Fernandes,
apresentador do programa Tarde Legal, da Rádio Globo Cultura AM)
Uberlândia inaugura novo
Espaço Ecumênico
Marco Dametto
Jornalistas mineiros enaltecem a rBV
Belo presente de aniversário o dirigente da LBV
concedeu a todos nós com
a realização do II Fórum
Internacional dos Soldadinhos de Deus da LBV no
Terceiro Milênio (Edição
de março da BOA VONTADE). Nada mais apropriada
do que a passagem escolhida: “A pesca
milagrosa”.
(...) Ao dar sempre destaque às
crianças, proporcionando-lhes a educação com a Espiritualidade, que
as direcionará ao entendimento,
mesmo na tenra idade, da cidadania
ecumênica — como ponto fundamental da vivência da Sociedade
Solidária — Paiva Netto vem dar
tratamento de importância ao que
é realmente importante para o
futuro de nossa sociedade. Rui
Barbosa, em sua dialética, veria aí qualificada a prioridade ao carvalho, sem, no
entanto, esquecer a couve. Nada melhor
para caracterizar a visão e o trabalho
dele, como verdadeiramente de Estadista, que não planta para uma geração,
mas para uma civilização. Não age para
colher o aplauso contemporâneo, mas
visa à construção dos alicerces de nova
civilização. As sociedades do porvir
agradecem-no pelo esforço no presente
ao formatar e implantar a Pedagogia de
Deus nas almas humanas. (Rosiel dos
Santos, Administrador de Empresas
— Salvador/BA)
“A Mulher no conSerto das
Nações”
Magnífico e muito oportuno, como
sempre, o artigo intitulado: “A Mulher
no conSerto das Nações”, do DiretorPresidente da LBV, José de Paiva Netto.
Triplo agradecimento: primeiro, pela
aula de português e de cultura geral;
segundo, pela real necessidade de a mulher de todas as idades rever seu papel
de mãe da Humanidade e fazer alguma
coisa para que tudo melhore no mundo,
a partir do conSerto de sua própria alma.
Terceiro, pelo alerta tão atual sobre a
importância da presença feminina no
mundo, ao afirmar: “(...) nenhum homem realiza nada de realmente valioso,
se não tiver, de uma forma ou de outra,
o apoio da Mulher (...)”.
Esta Mensagem é um alerta às
mulheres e aos homens também, particularmente aos profissionais da área
médica e aos que se dedicam a fazer
leis que dirigem os povos. Digo dirigir
sim, pois as Leis que verdadeiramente
os governam são as eternas, imutáveis e
irrevogáveis Leis de Deus. Ninguém escapa às conseqüências de seus atos, bons
ou maus. Recentemente foi publicada
a nota intitulada “Abortos ameaçam a
próxima geração na Índia”, no site www.
an.com.br: “Nova Délhi — O Fundo das
Nações Unidas para a Infância (Unicef)
e associações de mulheres e de médicos
advertiram em estudo recente que o número crescente de abortos praticados na
Índia quando o feto é do sexo feminino
está criando um grave desequilíbrio
demográfico.
“Na Índia existem 927 mulheres por
9. Paulo Paim
Senador
“Como todos
os brasileiros,
eu tenho uma
admiração especial pela LBV.
Paiva Netto é uma
unanimidade, um
respeito. Ele tem
pregado o Bem, o
Amor que constrói a filosofia de vida.
Sempre que posso, ouço sua pregação e
leio sua obra. Sem dúvida nenhuma, ele
tem trazido ao Brasil aquilo que é mais
necessário. A sua mensagem leva a Paz
e a Paz leva a Felicidade, que é o desejo
de todos nós. Que essa Instituição, Paiva
Netto, seja como o Sol: brilhe por muitos
e muitos tempos iluminando o Povo do
Brasil.”
Mão Santa
Senador
João Preda
Antonio Cruz — ABr
“Eu acompanho o trabalho da Legião
da Boa Vontade, liderada por Paiva
Netto. É um
trabalho belíssimo, um
exemplo a ser seguido. Conheci
lá em Glorinha/RS o Lar e Parque
Alziro Zarur, da LBV, um trabalho
feito para nossas crianças e adolescentes. (...) Se cada um fizer a
sua parte nós avançaremos muito.
Parabéns, Paiva Netto.”
Arquivo pessoal
De Brasília: congratulações parlamentares.
“Eu tenho
uma profunda
admiração pela
LBV. Eu, quando criança, ouvia muito Alziro
Zarur falar pelo
rádio. Acompanho o trabalho
de Paiva Netto, de toda a Legião da
Boa Vontade. Portanto, fiz com muita
honra e alegria aquela homenagem*,
a voz do povo tocantinense, dividindo
com os brasileiros a alegria de saber
que existe alguém que ainda acredita
na Boa Vontade, na Solidariedade, no
Amor ao próximo. E isso tudo são os
ensinamentos que aprendemos com a
Legião da Boa Vontade.”
Eduardo Siqueira Campos
Senador
_____________
* Eduardo Siqueira Campos refere-se à honraria concedida pelo Senado Federal no dia 21 de outubro de 2004 ao Templo da Boa Vontade,
na ocasião dos festejos do 15º aniversário do monumento da Paz.
mil homens, taxa que cai para 800 por
mil nos quatro Estados do norte menos
desenvolvidos: Uttar Pradesh, Rajastão,
Bihar e Hariana. Em um distrito deste
último, a taxa chega a 600 por mil. ‘Estas
taxas criarão problemas sociais e culturais
na próxima geração’, explicou o representante do Unicef na Índia, Alan Court,
em uma entrevista coletiva concedida em
Nova Délhi”. (...)
É por causa de fatos como estes que
percebemos a importância desta página
que Paiva Netto trouxe à reflexão, não
somente das Mulheres como também dos
Homens. (...) (Irani Maria, engenheira
química — São Paulo/SP)
Sou um leitor apaixonado da BOA
VONTADE. Leio, comento e divulgo a
revista onde estou, e no meu trabalho sempre que faço uma reunião. Mando todas
as edições para os professores dos meus
três filhos. E a matéria do Irmão Paiva, na
edição nº 199, “A Mulher no conSerto das
Nações” está show de bola. Aliás, ele é o
nosso professor, e é o professor que todos,
quando querem falar com propriedade,
param um pouquinho ou muito para
aprender. O Irmão Paiva é realmente o
professor desse Brasil. Agora mesmo
estou ouvindo a Rede Boa Vontade de
Rádio, que nunca desligo, e fico ligando
o que fala (...) e o que vou acrescentar
no meu trabalho, na escola, onde posso
inovar e enriquecer os meus serviços e comentários (...). (João da Rosa Barbosa —
Rio de Janeiro/RJ — via e-mail)
O Bom Samaritano
Quero agradecer pelo especial “A
ideologia do Bom Samaritano” (Editorial da revista BOA VONTADE, edição
197), do jornalista Paiva Netto, que
nos trouxe grandes ensinamentos e nos
mostrou como devemos agir para com o
nosso próximo, não importando sua raça,
condição social, pois todos somos iguais
perante Deus. Que Ele o ilumine sempre e
o recompense muito bem pelo que faz por
nós, abrindo nossa mente para as coisas
espirituais. Obrigado por tudo! (Leomar
Pereira Schwartzhaupt — Itati/RS)
Ação Jovem
A revista BOA VONTADE é de
excelente qualidade, principalmente
no que diz respeito ao conteúdo. O que
mais me chama a atenção é a seção
dedicada à Mocidade. Na edição de nº
199, a Ação Jovem LBV trouxe as várias etapas da comunicação do Bem: o
início da Operação Jesus, em 1995, um
resumo superinteressante dos debates da
juventude no Fórum Permanente Jesus
e a participação de jovens da LBV em
reuniões para elaboração de políticas
públicas para a juventude.
Aproveito para agradecer ao nosso
Líder, José de Paiva Netto, por proporcionar essa gama de atividades
que nos faz crescer moral, material
e espiritualmente. Obrigada! (Nádia
Preda — Brasília/DF)
Escreva para a revista BOA VONTADE
Av. Rudge, 938 • Bom Retiro• São
Paulo/SP — CEP 01134-000 — e-mail:
info@boavontade.com
Revista Boa Vontade
10. Ao Leitor
O que é preciso para ser atual?
Para tanto, necessário se faz ter a
mente aberta para o novo, autocrítica, vontade de criar e renovar
e, acima de tudo, acreditar que se
pode fazer sempre melhor.
Foi imbuída por esses ideais, de não se satisfazer com as
conquistas já alcançadas, que a
equipe desta revista trabalhou
com afinco na edição de nº 200
para torná-la um marco de crescimento, no trajeto de sucesso que
assinalou décadas de informação
solidária, educativa, cultural,
sempre pelo prisma da Espiritualidade Ecumênica.
Agora, a publicação, mantendo o dinamismo que sempre a
caracterizou, atualiza seu projeto gráfico. O novo formato que
apresenta mudança de tamanho
e diagramação tornam a leitura
ainda mais fácil e leve. A BOA
VONTADE brinda a edição nº
200 expondo um tema polêmico:
a poluição ambiental. Com base
nas recentes pesquisas que comprovam a queda da qualidade no ar
nos grandes centros urbanos, Paiva
Netto chama a atenção para os atos
humanos e suas conseqüências no
Meio Ambiente.
Para amenizar os problemas
relacionados à emissão de gases
tóxicos na atmosfera, foi firmado
um acordo com 141 nações, que
se comprometeram a reduzir em
5,2% a quantidade de gás carbônico emitida até 2014. O Desembargador do Tribunal de Justiça
do Estado do Rio Grande do Sul,
José Carlos Teixeira Giorgis,
comenta essa medida.
Também na reunião de pauta
desse número da revista, procuramos uma forma de homenagear
a Pátria Amada, pelos seus 505
anos completados no dia 22 de
abril. Por isso, trazemos uma
matéria especial sobre a história
do Brasil e uma das últimas
entrevistas concedidas pelo saudoso Orlando Villas Bôas, em
que fala sobre sua luta em defesa da comunidade indígena e a
relação entre o índio e o homem
branco.
Boa leitura!
Os editores
BOA VONTADE
ANO XXIII • Nº 200 • ABRIL de 2005
BOA VONTADE é uma publicação mensal das IBVs,
editada pela Editora Elevação.
Diretor responsável
Francisco de Assis Periotto
MTE/DRTE/RJ 19.916 JP
Redação
Editor: Gerdeilson Botelho
Subeditora: Débora Verdan
Reportagem fotográfica especial: Amicucci Gallo
Revisão
Adriane Schirmer
Neuza Alves
Walter Periotto
Colaboradores
Alvino Barros, Antonio Paulo
Espeleta, Daniel Rocha,
Elias Paulo, Helen Winkler,
Isabel Paes, Karen Reis
Ribeiro, Maria Aparecida
da Silva, Mônica Mendes,
Nilva Rio, Paulo Azor, Profa
Nádia Lauriti, Rita Silvestre,
Sílvia Bovino, Stella Souza,
Wanderly Albieri Baptista e
William Luz
Arte
Sumário
Projeto Gráfico: João Periotto
Capa: João Periotto e Alziro Braga
Produção
Edição nº 200
4 Editorial
8 Cartas
13 Coluna do Garotinho
14 Biosfera
17 Esporte
18 Ecumenismo
25 Notícias de Brasília
28 História
36 Solidariedade
39 Cultura
40 Atualidades
48 Melhor Idade
50 Ação Jovem LBV
52 Bolo com Pudim
53 Soldadinhos de Deus
54 Acontece
60 Acontece no Mundo
61 In memoriam
62 Pedagogia do Cidadão
Ecumênico
Endereço para correspondência:
Av. Rudge, 938 — Bom Retiro
CEP 01134-000 — São Paulo/SP
Tel.: (11) 3358-6868 — Caixa Postal
13.833-9 — CEP 01216-970
Internet: www.boavontade.com
E-mail: info@boavontade.com
Impressão: PROL Editora Gráfica
A revista BOA VONTADE não se responsabiliza
por conceitos emitidos em seus artigos assinados.
11. Sumário
Editorial
4
4 Editorial
História
28
Solidariedade
36
Melhor Idade
48
Acontece
54
Numa interessante análise sobre o
comportamento humano no Meio
Ambiente, Paiva Netto alerta: “Estamos respirando a morte”.
13 Esporte
José Carlos Araújo, o Garotinho, comenta o desempenho dos jogadores
titulares na seleção brasileira de
Futebol.
Esporte
13
17 Ginástica Olímpica
Crianças da LBV homenageiam Atletas de Ouro.
18 Ecumenismo
Ginástica Olímpica
17
Em uma das últimas entrevistas
concedidas por Orlando Villas Bôas,
o cacique da Paz, como também era
conhecido, fala sobre sua luta em
defesa da comunidade indígena e
a relação entre o índio e o homem
branco.
28 História
Brasil, da trajetória dos portugueses
pelo Oceano Atlântico até os dias
atuais.
36 Solidariedade
Ecumenismo
18
Balanço social da LBV divulga a
expressiva marca de 3,5 milhões
de atendimentos realizados pelos
programas socioeducacionais da
Instituição.
48 Melhor Idade
Idosos atendidos pela LBV em Uberlândia/MG fazem aula de natação.
54 Acontece
Personalidades visitam o conjunto
educacional da LBV e aplaudem a
prática da Pedagogia do Cidadão
Ecumênico.
12.
13. Coluna do Garotinho
A Seleção
Reprodução BV
José Carlos Araújo é locutor esportivo da
Rádio Globo do Rio de Janeiro/RJ
Parreira
Reprodução BV
Carlos Alberto
Zagallo
As eliminatórias para a Copa do
Mundo de 2006 têm dado motivos
para certos questionamentos quanto à
Seleção Brasileira. Raras são as partidas
em que o Brasil mostra o futebol pentacampeão. Ao contrário, deixa dúvidas
quanto ao nosso desempenho e possibilidades no Mundial da Alemanha, no
ano que vem.
Não se discute a qualidade do jogador brasileiro. Nenhum outro país tem
poder de renovação como o nosso. Aqui,
sai um e logo surge outro tão bom ou
melhor do que o substituído. Sempre
foi e certamente será assim.
Por isso mesmo, a seleção é cobrada
a cada jogo. Não basta vencer. Tem que
vencer e convencer, apresentando uma
qualidade digna de quem é o número um
do futebol mundial. E não é isso que o
Brasil vem mostrando nas eliminatórias,
com desempenho de baixo nível diante
de adversários muito inferiores.
Zagallo e Parreira podem começar
a pensar em substitutos para os laterais
Cafu e Roberto Carlos, que não mostram
mais o vigor físico que os caracterizaram. Fazem raras jogadas de linhas de
fundo e, quando vão ao ataque, desguarnecem a defesa. Pode ser indício de
que, na Copa da Alemanha, o Brasil vai
precisar de novos nomes para as alas.
Além deles, há outras posições nas
quais os titulares vêm se mantendo
apenas pela fama. Um exemplo é Ronaldinho, o Fenômeno. Não que tenha
desaprendido ou tenha chegado ao fim
de sua carreira, mas está devendo uma
boa atuação. É certo que Ronaldinho
tem vivido situações especiais, com
problemas extracampo, como o seu casamento e conseqüências, mas é preciso
voltar a ser o atacante de antes, porque
ninguém faz gol apenas com a fama.
A sorte é que, como já disse, o nosso
Reprodução BV
Reprodução BV197
repensada
País é uma inesgotável fonte de craques.
A má fase ou mesmo a proximidade do
fim de carreira de alguns titulares não assusta. Há substitutos à altura esperando
por uma oportunidade, se for o caso.
Por enquanto, para as eliminatórias,
o futebol mostrado pela Seleção Brasileira dá para o gasto. É suficiente para
a classificação. Mas é pouco para quem
tem pretensões maiores, no ano que
vem, na Alemanha, como a conquista da
Copa do Mundo pela sexta vez.
___________
Em tempo — Escrevo às vésperas do
Campeonato Brasileiro. Em todos os Estados, temos equipes consideradas pequenas
desbancando os tradicionais papões de
títulos. Isso ocorre no Rio de Janeiro, no
Paraná, no Rio Grande do Sul, em São Paulo
e outros locais.
Claro que a ascensão de clubes de menor expressão sempre é bem-vinda, porque
mostra a evolução deles. Mas fica no ar a
pergunta: seria evolução dos menores ou
decadência dos maiores?
Vale lembrar que o Campeonato Brasileiro mantém o sistema de rebaixamento.
Em 2004, o Grêmio experimentou o amargo
sabor de cair para a segunda divisão, como
já havia sucedido antes com o Palmeiras,
Botafogo e Fluminense.
Tomara que todos tratem de se reforçar,
para que os grandes clubes voltem a se destacar pelas belas exibições e não pela luta
para continuar na primeira divisão, como
vem acontecendo nos últimos tempos.
Revista Boa Vontade
13
14. Kyoto
e o direito ao
clima saudável
(por José Carlos Teixeira Giorgis , Desembargador do
Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul)
N
Arquivo pessoal
PhotoDisc
Biosfera
José Carlos Teixeira Giorgis
14 Revista Boa Vontade
enhuma geração é obrigada
a deixar um ambiente sadio
para a que sucedê-la, assim
como a atual não pode condenar a estirpe passada pela poluição que
hoje compromete a vida dos habitantes
do planeta.
Ou seja, ninguém deve responsabilizar quem jogou a primeira lata no
rio, como não cabe aos moradores no
futuro protestar pelo meio comprometido que legou, cabendo a cada
linhagem ou época resolver seus problemas, sem achar culpados ou se
preocupar
com sobrevivência da posteridade.
Não, não são afirmações próprias
do articulista, mas ouvidas de um especialista em economia ambiental, que
friamente as defendeu contra todos os
protestos, para sinalizar a ausência de
obrigações entre as sociedades humanas, deixando à calva que cada uma
solucione suas agruras. O protocolo de
Kyoto, que teve vigência a partir de 16
de fevereiro passado, é um movimento
contra a flagelação mundial decorrente
da emissão de gases tóxicos para a at-
15. mosfera, onde os 141 países signatários
se obrigam a reduzir em 5,2% a quantidade de gás carbônico emitido, e isso
até 2014, tomadas a relação de valores
de 1990, com o que se obterão níveis
toleráveis. Como se sabe, a radiação
solar age sobre os gases da atmosfera,
sendo a maior parte refletida de volta,
derivando a emissão do dióxido de
carbono da produção de derivados de
petróleo, transporte de combustíveis e
da indústria, que também expele óxido
de nitrogênio e metano.
A exagerada concentração de gases
poluentes potencializa o efeito estufa
e forma uma camada espessa que impede a dissipação do calor no espaço,
aumentando o nível de radiação das camadas mais baixas da atmosfera, o que
afeta a temperatura e degela as bancadas
antárticas que deságuam nos mares, aumentando seu nível e comprometendo a
agenda climática e a vida.
Em regra, há uma sintonia natural
entre a temperatura e as correntes oceânicas que funcionam como moduladores
de distribuição de calor pelos trópicos,
e que são impulsionadas pela formação
do gelo nos pólos, verdadeiro reostato
que pode se desligar caso persista o
aquecimento do planeta.
Os cientistas alinham efeitos trágicos
como a redução da floresta amazônica,
o aquecimento do Alasca, o frio na
Europa ocidental, aumento do buraco
de ozônio sobre o Ártico, o que trará o
degelo no Himalaia, chuvas e monções
intensas, vegetação num Saara agora
surpreendentemente úmido. No caso
brasileiro, onde há expressiva incineração de combustíveis fósseis e agressivas
queimadas, prevê-se a precipitação
de chuvas, aparecimento de ciclones,
desabrigo de populações costeiras pela
elevação dos mares, restrição da água e
de sua qualidade, aumento de doenças
(malária, dengue, cólera), perda da produtividade agrícola e correlata queda do
produto interno bruto.
Tais previsões se ancoram na revelação de satélites que flagraram mudanças
expressivas nas geleiras antárticas, ora
em lento processo de retração, e no fato
de que a emissão de gás carbônico para
a atmosfera subiu, entre 1990 e 1994,
de 979 bilhões de toneladas para 1.030
bilhões de toneladas, com aumentos
significativos das quantidades de óxido
de nitrogênio e de metano: em cada dia,
são despejadas 23 bilhões de toneladas
poluentes na atmosfera e a população
respira 700 toneladas por segundo.
Entidades alertam que a temperatura
média no mundo pode subir entre 1,4°C
a 5,8°C, limite catastrófico para o crescimento da massa aquática e alagamento
das costas, em vista da descongelação.
O Brasil, que responde por 3% dos gases-estufa, representa 1,5% do comprometimento mundial, já que os Estados
Unidos, que não assinaram o protocolo,
e a União Européia, que está longe da
meta traçada e discutem custos, somam,
respectivamente 25%
e 15% do total de emissão de gases
tóxicos no planeta. As organizações nãogovernamentais americanas, sem olhar
para seu quintal e para a China, ambos
responsáveis pela queima de mais de
50% do carvão mundial, criticam os países emergentes como o Brasil, que tem
mais de 60% da energia proveniente de
fontes limpas, como a água e a biomassa.
Embora os Estados Unidos não tenham
participado do foro sob o fundamento
risível de incertezas científicas sobre
o impacto das emissões no clima, suas
leis domésticas manifestam preocupação, como já acontece na Califórnia
e Nova York, que se prontificaram às
mudanças. E como se vive numa globalização, o fator financeiro não podia
deixar de estar presente, aqui através da
cota internacional de carbono. Como
acima sublinhado, os países signatários
do protocolo juraram reduzir os níveis
de carbono da atmosfera. Pois bem. A
nação que cumpre a meta, mesmo em
parte, adquire créditos monetários, que
são vendidos em bolsa para os países
industrializados que não consigam
atender os objetivos, e que têm assim
justificado seu fracasso. Os valores
sedutores destas cotas, que se calcula
movimentar cinco a quinze bilhões de
dólares, serão trocados pelo acesso às
tecnologias de ponta para uso de energia, e recursos para financiar a saúde
e a educação. O protocolo é um passo
para a consciência mundial em relação
ao clima saudável, mas seu sucesso
depende do ingresso e da atuação dos
países e indústrias, que na busca do
lucro sacrificam a sobrevivência
da pessoa humana.
Revista Boa Vontade
15
16.
17. Esporte
Brasileiros de ouro
(por Rosana Serri)
O
Vinícius Ramão
muito carinho. Quero parabenizar a Legião da
Boa Vontade por esse
importante trabalho,
pois, com certeza,
as crianças são o
futuro do nosso
País”, afirmou.
2
3
Daniel Trevisan
1
Daniel Trevisan
desempenho das
ginastas brasileiras nas
edições da
Copa do Mundo de
Ginástica Olímpica
— em particular os
triunfos obtidos
na etapa realizada recentemente
em São Paulo/SP
— foi o motivo
que levou um grupo de crianças atendidas pela Legião da
Boa Vontade na capital
paranaense ao treino da
seleção brasileira feminina, no dia 14 de abril.
Após os exercícios, acompanhados pela garotada, as ginastas
foram surpreendidas pelas crianças
que as homenagearam entregando
cartões, confeccionados por elas
próprias, e flores, como agradecimento pela forma brilhante com
que elas vêm marcando a história
da Ginástica Olímpica brasileira.
A ginasta Daiane dos Santos, que,
na etapa de São Paulo da Copa do
Mundo de Ginástica, conquistou o
ouro com o incentivo das palmas da
torcida brasileira, desta vez recebeu
o carinho e atenção especial dos
alunos da LBV.
Em entrevista à Rede Boa Vontade de Comunicação, Daiane
demonstrou muita admiração pela
obra que a LBV realiza. “Acho
muito belo o trabalho que a Legião
da Boa Vontade faz cuidando dessas
crianças, já que, infelizmente, não
é toda família que tem renda para
sustentá-las. A gente sabe quanto
é difícil dar um bom estudo a elas,
que, acima de tudo, precisam de
1. Alunos da LBV homenageiam as ginastas da Seleção Brasileira, em Curitiba/PR.
2 e 3. Ginastas durante a etapa brasileira
da Copa do Mundo, em São Paulo/SP.
Pódio de São
Paulo
A etapa brasileira da Copa do Mundo de Ginástica teve
uma participação mais
que especial: a da torcida, que, nos três dias de
competições (8 a 10 de abril),
compareceu em peso ao ginásio
do Ibirapuera, uma prova de que o
esporte tem se expandido cada vez
mais no País.
O resultado dessa vibração pôde
ser visto no pódio: nas competições
de sábado, a jovem ginasta Laís
Souza garantiu a prata no salto sobre o cavalo; Camila Comin ficou
com o bronze nas barras assimétricas e Mosiah Rodrigues faturou a
medalha de bronze no cavalo com
alça.
Nas finais de domingo, mais
dois triunfos: o de Mosiah com a
prata na barra fixa e o ouro com a
Daiane dos Santos, no exercício de
solo, apresentação esta que ficou
marcada pela interrupção na música
Brasileirinho, de autoria do saudoso Waldir Azevedo (1923-1980),
que complementa a coreografia da
ginasta. Mas isso não atrapalhou o
desempenho de Daiane, que finalizou sua participação acompanhada
pelas palmas do público.
Revista Boa Vontade
17
19. Uma das últimas
entrevistas de
Orlando Villas
Bôas: uma vida de
amor e respeito
aos índios.
Arquivo da Família Villas Bôas
que da PAZ
Orlando Villas Bôas (in memoriam)
(por Leila Marco)
M
uito distante das nossas fronteiras chegaram
as histórias dos irmãos
Cláudio (1916-1998),
Leonardo (1918-1961), Álvaro
(1923-1995) e Orlando Villas Bôas
(1914-2002). E não é por menos: o
grupo liderado por Orlando passou
a escrever a saga heróica da família
em 1943, com a adesão à Expedição
Roncador-Xingu, lançada (em 1937)
pelo então Presidente Getúlio Vargas
(1883-1954), com o propósito de desbravar o Centro-Oeste do País.
O grande cacique branco, como
ficou também conhecido, percorreu
com o seu grupo três mil quilômetros
de sertão, no norte do Mato Grosso e
sul do Pará, entrando em contato com
povos indígenas desconhecidos, compondo cartas geográficas da região,
abrindo vias, diminuindo as distân-
cias para alcançar a Amazônia.
Durante a Segunda Guerra Mundial, numa época em que o mundo
brigava por espaços territoriais, a
nação brasileira enfrentou o desafio
de conhecer e ocupar o Brasil Central de forma diferenciada. Os Villas
Bôas surpreenderam positivamente
ao aplicarem princípios opostos
aos dos primeiros desbravadores de
nossa terra que quase exterminaram
Revista Boa Vontade
19
20. Noel Villas Bôas
Ecumenismo
Arquivo da Família Villas Bôas
O sertanista Orlando em visita à Aldeia Kamayurá, em 1998.
Na aldeia Yawalapiti, Orlando aparece ao
lado dos filhos Orlando (em pé) e Noel
(no colo) e índios da tribo (1982).
(...) esse índio mostrou uma
moça e deu a entender que
gostava dela. Eu falei: “Vá
para o rio, que vou mandála buscar água para mim
e você rouba a moça da
tribo e desce o rio que eu
e o Cláudio levamos você e
ela”. (...) Esse casal teve um
filho, eu mandei fazer um
ranchinho perto do nosso e
eles passaram a viver quase
juntos com a gente.
20 Revista Boa Vontade
as tribos litorâneas, quatro séculos
antes. Ao encontrar os índios com
seus hábitos originais e uma ética de
vida bem diferente, se encantaram
com eles e passaram a trabalhar com
imensa garra a fim de preservar sua
cultura, fazendo a pacificação deles
sem derramamento de sangue, dando
um caráter humanitário à política indigenista brasileira.
Nos momentos mais difíceis, ante
as contingências, lembrava a seus
comandados a máxima do Marechal
Cândido Mariano da Silva Rondon
(1865-1958): “Morrer se for preciso,
matar nunca”. Neste campo, Orlando
deu uma grande contribuição ao País
quando criou — com o apoio de seus
irmãos, do antropólogo Darcy Ribeiro (1922-1997) e do sanitarista Noel
Nutels (1913-1973) —, em 1961, o
Parque Nacional do Xingu (com mais
de 2,8 milhões de hectares, área equivalente à França e Inglaterra juntas),
no qual vivem cerca de 4 mil índios,
de 13 nações. Pela defesa dos direitos
desses povos, foi indicado ao Prêmio
Nobel da Paz em 1971 e 1975.
Mesmo com sua volta a São Paulo,
em 1984, em mais de meio século nas
matas, não se afastou do ideal de preservar a cultura indígena, e dessa maneira
lutou até os últimos dias de sua vida.
“Não se mede a
grandeza de um
País unicamente
pelo nível de renda
per capita nem pelo
PIB. Mas, sobretudo,
pela capacidade de
preservar suas raízes,
de conter a variedade
dentro da unidade, de
atender com justiça os
diferentes grupos que
o constituem.”
Orlando Villas Bôas
(em discurso proferido em 1972)
Bem a propósito da comemoração
do Dia do Índio, em 19 de abril, a
revista BOA VONTADE traz uma das
últimas entrevistas concedidas pelo
sertanista Orlando Villas Bôas, antes
de seu falecimento em 2002, aos 88
anos. O bate-papo ocorreu durante
uma das edições do programa Ecumenismo, da Rede Mundial de Televisão,
apresentado pelo jornalista Paulo
Alziro Schnor. Trata-se de verdadeira aula de história e, acima de tudo,
um roteiro de ação para a sociedade
brasileira no relacionamento com as
nações indígenas.
Em tempo: Duas boas notícias,
recebidas pouco antes do fechamento
desta matéria, de dona Marina, esposa
do saudoso Orlando por mais de 40
anos, mostram que este espírito pacifista e de respeito humano tem feito
escola e perdura apesar de o Brasil
ser ainda um País de pouca memória;
a Assembléia Estadual de São Paulo
realizou nos dias 25, 27 e 28 deste
mês a Semana Orlando Villas Bôas,
e já existe um projeto de lei aprovado
que prevê a criação de um Memorial
em sua homenagem.
BOA VONTADE — Por que
o senhor começou essa trajetória,
interessou-se por esse tema, ao qual
21. BV — Como foram esses primeiros contatos...
Orlando — O primeiro contato não
foi com o índio, e sim com as populações sertanejas do Brasil central, que
eram chamados homens sem leis, que
vinham para tentar a sorte no garimpo,
um local tumultuado, terrível. Era
difícil de noite ou de manhã chegar
sem que não houvesse dois ou três
jogados no meio da rua; um povo sem
a menor visão, mas era o que tínhamos
para o trabalho braçal. E levamos 14
homens desses e, todas as noites, nós
os púnhamos sentados, fazia-se um
fogo e conversávamos com eles, e
descobrimos que eram indivíduos fabulosos, fantásticos, formidáveis. (...)
Na conversa, enfiávamos na cabeça
deles que estávamos invadindo a terra
do índio, e que ele tinha o direito de
nos expulsar de lá e nós não tínhamos
absolutamente o direito de nos opor a
isso. A nossa expedição era paramilitar.
Cada trabalhador desses levava um
mosquetão do exército com 50 tiros. O
primeiro contato mesmo com o índio
foi muito bom, foi com os Xavantes.
Eram muitos e a região larga. Levamos
11 meses atravessando a região da Serra
do Roncador e nesse percurso tivemos
19 surpresas dos índios, mas felizmente
Noel Villas Bôas
dedicou toda sua existência?
Orlando — Pode-se dizer que
foi uma fuga da cidade grande. Nós
temos uma formação de interior
(nasceu em Botucatu/SP), morávamos em São Paulo, mas quando os
meus pais faleceram, resolvemos ir
para o interior do Brasil. O índio não
era a nossa conjectura, embora não
desconhecêssemos o assunto, mas
participamos de uma expedição que
tinha por objetivo avançar pelo país
desconhecido.
O Rio Araguaia, naquela época,
era chamado pelos intelectuais de a
divisa civilizatória, e a nossa expedição teria de cortar tudo isso e foi
uma surpresa para nós encontrar as
nações indígenas que achamos, não
foram poucas, falando muitas línguas
diferentes.
O som das flautas durante a Cerimônia dos Mortos, o Kuarup.
O Rio Araguaia,
naquela época,
era chamado pelos
intelectuais de a divisa
civilizatória, e a nossa
expedição teria de
cortar tudo isso e foi
uma surpresa para nós
encontrar as nações
indígenas (...).
nem um dos trabalhadores foi machucado e nem um índio recebeu tiro.
BV — O Parque do Xingu é um
capítulo especial da nossa História,
gostaria que falasse dessa grande
aventura!
Orlando — O Xingu estava exatamente na área do Brasil Central,
que nossa expedição teria de passar
para atingir o Rio Tapajós, e
o caminho do Rio Araguaia
ao Rio Tapajós não era menos
de 2 mil quilômetros. Teríamos
de transpor toda a região da Serra do
Roncador, cortada pelo Rio Xingu, a
Floresta Amazônica e chegar ao Rio
Tapajós, num trecho altamente hostil
que era só descida e subida. A gente
atravessava um córrego, quando queria voltar, se desse uma chuvinha, ele
já estava com 10 metros de altura e
nós conseguimos. (...) O Brasil Central foi um local de refúgio dos índios
de leste-oeste, norte-sul, em função
da invasão européia, claro!
No Xingu temos os Tupis, imigrados da Bahia; os Aruakes, que vieram
da divisa setentrional; tínhamos
índios de 18 nações falando nove
línguas diferentes. Claro que no processo de acomodação na mesma área,
eles entraram em conflito.
BV — Em função de serem empurrados para o interior, começaram
a ter conflitos...
Revista Boa Vontade
21
22. Ecumenismo
Orlando — Por isso nós começamos a fazer a fração de tribo por
tribo. Fomos hostilizados por eles.
Não foi fácil, mas conseguimos.
Primeiro foram os índios Kalapalos; depois os Cuicurus, Matipus,
Suyas, Haipatsi, Nawguá, falando
um dialeto só; em seguida os Tupis,
Kamayurás, Awetis, com a língua
tupi-guarani. Posteriormente, outras
línguas diferentes foram encontradas e até um índio, cujo idioma não
tem semelhança com nenhum outro
vivo no mundo, que desafia todo
especialista. (...) Uma ocasião, o
Embaixador japonês me chamou em
Brasília e disse: “Villas Bôas, quero
mandar para o Xingu um lingüísta e
desejo o seu consentimento”. Respondi: “Pois não, pode mandar”. E
o Embaixador mandou o japonês
mais frágil que conheci na vida.
Tinha 1,55m, dois palmos de peito e
quatro dedos de largura. Passados 20
dias ele foi embora. Quando voltei a
Brasília, o Embaixador mandou me
chamar e disse: “(...) Esse cidadão
que foi para lá é o maior especialista
de línguas asiáticas que o mundo
conhece. É um gênio. (...) Ele ouviu
uma língua que não tem contato com
nenhuma outra asiática, nenhuma
viva no mundo, que é Trumai”. (...)
O mosaico lingüístico do Brasil
Central é considerado pela Unesco
o mais belo e puro da América.
BV — O senhor alcançou um
verdadeiro milagre de pacificação,
que foi conseguir que pessoas de
tribos diferentes se casassem.
Orlando — Sim, hoje o maior
líder do Xingu chama-se Aritana.
Quando fizemos contato com os
Cuicurus apareceu um índio de uns
15, 16 anos e deu a entender que
queria continuar a viagem
conosco e nós passamos numa aldeia Kamayurá. Aí esse índio
mostrou uma moça
e deu a entender
que gostava dela.
Eu falei: “Vá para
22 Revista Boa Vontade
“Um índio que
encontrei em uma
de minhas andanças
pelo Brasil, contoume uma bela história,
em que os espíritos
dos indígenas mortos
vão para a ‘aldeia
das estrelas’ e que lá
existe uma sabedoria
espiritual superior.
Esta sabedoria é a que
ilumina nossa Legião
da Boa Vontade!.”
o rio, que vou mandá-la buscar água
para mim e você rouba a moça da
tribo e desce o rio que eu e o Cláudio levamos você e ela”. Ele fez
direitinho.
Uns quinze dias depois, o pai dela
e cinco índios foram lá para buscar a
filha. Ao que afirmei: “Não!”. Dei a
entender que haviam casado, e que
iríamos dar muita coisa ao genro e
este ia repassar para ele. O pai riu,
agradeceu e foi embora... Esse casal teve um filho, eu mandei fazer
um ranchinho perto do nosso e eles
passaram a viver quase juntos com a
gente. O garoto cresceu, hoje tem 48
anos, chama-se Aritana... E é o nome
do avô. Na linhagem civilizada, a figura principal da família é o homem.
Entre o índio, é a da mãe. O primeiro
menino que nasce num casal é o avô
materno que está voltando e todos
vêem naquela criança as mesmas
prerrogativas que tinha o avô. É fabuloso o respeito que o pequeno
tem com o grande, e esse
respeito passa também
para a natureza.
BV — Como a
criança indígena é educada?
Orlando — Os índios nos deram
uma lição de comportamento. Para
eles, o velho é o dono da história; o
índio é o dono da aldeia; a criança,
a dona do mundo. Nós convivemos
com povos indígenas 49 anos, nunca vimos uma mãe puxar a orelha
do caçulinha, o pai dar um croque
na cabeça do filho (...), uma mãe,
um pai, dizer “não” para a criança.
Nunca vimos dois índios discutirem, em 49 anos, 18 aldeias, índios
falando nove línguas diferentes.
Isso é fantástico! Hoje não se anda
nas ruas das cidades sem encontrar
pelo menos meia dúzia brigando, e
você convive com gente que chama
de selvagem e que, na realidade,
ensina como se comportar em sociedade.
Quando se quer saber alguma
coisa, pergunta-se para o velho;
quer fazer algo na aldeia, fala-se
com o dono da casa, quando você
quer ver uma criança, ela estende
seus bracinhos e você a carrega.
BV — E as comemorações dos
500 anos do Brasil?
Orlando — Houve pouca consideração com os índios, não só
na história, mas também na comemoração dos 500 anos. Segundo
notícias, diziam que tínhamos cinco
milhões de índios. Cabral chegou, os
indígenas nos deram um continente
de presente e pagaram o tributo de
quase um milhão de índios mortos
por século. Hoje nós temos apenas
430 mil nativos.
BV — Para finalizar o nosso
bate-papo, na sua opinião, os índios
devem viver isoladamente sem o
contato do branco? Ou o senhor acha
que isso é uma utopia?
Orlando — Nós defendemos
a política de Rondon. O índio só
sobrevive vivendo sob a sua própria
cultura. Hoje já transita pelo Congresso um processo de integração
do índio à sociedade nacional. Esse
é o primeiro passo que se dá para a
extinção do indígena no Brasil.
23. Arquivo Família Villas Bôas
Noel Villas Bôas
Arquivo Família Villas Bôas
Na década de 1960, o casal Marina e
Orlando em sua casa no Xingu.
O carinho dos índios Kamayurá com o sertanista (1998)
Na foto histórica, os irmãos Villas Bôas:
Leonardo, Orlando e Cláudio nos idos de
1950.
Orlando Villas Bôas foi homenageado, em 1999, na categoria Solidariedade, com a Comenda da Ordem
do Mérito da Fraternidade Ecumênica,
do ParlaMundi da LBV (SGAS 75/76
– Brasília/DF). A premiação, instituída
pelo Diretor-Presidente da Legião da
Boa Vontade, José de Paiva Netto,
tem por objetivo saudar expoentes da
Fraternidade Ecumênica nas diversas
áreas de atuação do Ser Humano.
Naquela ocasião, emocionado com
a lembrança de seu nome, o ilustre
brasileiro afirmara: “Fiquei muito
sensibilizado em receber a láurea da
Solidariedade.
“Sinto-me muito orgulhoso e
sensibilizado, porque conheço bem a
LBV. Fiquei altamente impressionado
com o que vi ao visitá-la na capital
paulista, principalmente no aspecto do
atendimento à criança. Trata-se de uma
Obra que dá uma lição fantástica de humanidade e de patriotismo com relação à
nossa infância. A Fraternidade é a tônica
do dia-a-dia dos índios, povo com quem
convivi por quarenta e tantos anos”.
Orlando recordou-se ainda: “Um
índio que encontrei, em uma de minhas
andanças pelo Brasil, contou-me uma
bela história, em que os espíritos dos
indígenas mortos vão para a ‘aldeia das
estrelas’ e que lá existe uma sabedoria
espiritual superior. Esta sabedoria é
a que ilumina nossa Legião da Boa
Vontade!”.
Fernando Franco
Prêmio e revelação
Orlando recebe a Comenda da Ordem do
Mérito da Fraternidade Ecumênica, do
ParlaMundi da LBV, em 1999.
Revista Boa Vontade
23
24. Tribos indígenas são homenageadas no
Templo da LBV
João Preda
(por João Areis Preda)
Índios de sete aldeias foram homenageados no Templo da LBV
Boas notícias — Índios das tribos
Pataxó, Baré, Kariri-Xocó, Fulniô,
Guajajara, Xavante e Tapuia foram
homenageados, na tarde de 19 abril,
pela banda Combatentes do Cristo, no
Templo da Boa Vontade (TBV) — A
Pirâmide dos Espíritos Luminosos
(SGAS 915, lotes 75/76, tel. (61)
245-1070), com a música Guerreiros
de Jesus.
O pajé (líder espiritual da tribo),
Santxiê Tapuya, fez seu ritual de
bênção no TBV, durante uma oração
pela Paz entre as etnias e agradeceu
ao Presidente das Instituições da Boa
Vontade, José de Paiva Netto, pela
riqueza espiritual que encontrou
na Legião da Boa Vontade. Em
seguida, homens, representando
os xavantes, dançaram para reunir
forças para a cura dos doentes e
afastar más influências.
Na Hora do Ângelus, às 18
horas, eles participaram de um
momento especial no TBV, com a
cerimônia de Imposição de Mãos,
na qual receberam as bênçãos divinas.
Mídia dá ampla cobertura
A exposição de objetos indígenas na Galeria de Arte do TBV foi destaque na
1ª edição do Bom Dia DF, da TV Globo, na reportagem de Camila Guimarães.
Na mesma oportunidade, uma
exposição de objetos da cultura
indígena, das sete tribos citadas acima, movimentou a Galeria de Arte
do TBV, desde às 6 horas, atraindo
a atenção de inúmeros visitantes
durante todo o dia.
O fato ganhou destaque na pri-
24 Revista Boa Vontade
meira edição do Bom Dia DF (TV
Globo), ancorado pela jornalista
Liliane Cardoso. A reportagem
ao vivo de Camila Guimarães
apresentou alguns dos artefatos
da mostra, além de informar o
telespectador sobre programação
do Templo da Paz.
João Preda
Noel Villas Bôas
Ecumenismo
Desnutrição leva
crianças indígenas
à morte
A passagem do seu dia, em
abril (19), não trouxe para os
índios muitos motivos para comemorar. No fim deste mês, haviam
sido registradas as mortes de
21 crianças por desnutrição no
Estado de Mato Grosso do Sul,
principalmente no distrito de
Dourados. E em meados de março
passado, a Fundação Nacional
de Saúde (Funasa) divulgou que
entre 2.336 indígenas menores de
cinco anos, examinados em tribos
do MS, 124 estavam desnutridos e
343 em risco nutricional (abaixo
do peso normal para a idade).
O grupo atendido pertence à
etnia guarani-caiuá e representa
31,8% do total de menores, nesta
faixa etária, dessa nação. Alguns
parlamentares, que analisam o
caso, acreditam que a escassez
de terras para a agricultura e pecuária de subsistência e a falta de
água tratada nestes locais, pioram
a situação.
Temendo que o problema se
agrave, 500 índios, de diversas
tribos, pediram no Dia Nacional
do Índio o apoio do governo federal para o problema da saúde
pública nas aldeias. Em encontro
com o Presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, no Palácio do Planalto, 70 caciques apresentaram a
ele uma pauta de reivindicações
neste sentido. Lula afirmou que
cumprirá todos os compromissos
assumidos com as populações
indígenas e, em comemoração
à data, homologou cinco novas
áreas de reserva, nos Estados
amazonenses de Roraima, Tocantins, Maranhão, Amazonas e Pará,
num total de 224.881 hectares.
[L.S.M]
25. Ricardo Stuckert/PR
Notícias de Brasília
Palavra
de
Abuja/Nigéria — Presidente Lula cumprimenta o Presidente da Nigéria,
Olosegum Obasanjo, na chegada ao país.
Brasil e África
O
firmam parcerias
Brasil assinou acordos diversificados com cinco países africanos visitados pelo Presidente
da República, Luiz Inácio Lula
da Silva, entre 10 e 15 abril. Segundo o
Ministro das Relações Exteriores, Celso
Amorim, em algumas nações a ênfase
maior é comercial; em outras, cultural
ou política — dependendo do potencial
de cada uma. “Procuramos ter uma
relação equilibrada, sem discriminar
países grandes e pequenos”, declarou o
Chanceler. Os países visitados por Lula
foram República de Camarões, Nigéria,
Gana, Guiné-Bissau e Senegal.
O Ministro lembrou que, no discurso
de posse, Lula colocou a África como
prioridade de política externa. Com esta
viagem, o Presidente do Brasil visitou
14 países africanos desde o início de
seu mandato.
Ao fazer uma análise sobre sua viagem às nações africanas, Lula salientou,
em seu programa quinzenal de rádio
Café com o Presidente, o objetivo de
intensificar as relações políticas, comerciais e culturais com o continente. Ele
acredita que, depois de ter dedicado os
dois primeiros anos de seu mandato ao
fortalecimento das relações com países
da América do Sul, chegou a hora de o
Brasil resgatar a dívida histórica que tem
com o povo africano.
“O papel do Brasil é ser solidário,
porque eu acho que é uma dívida que
temos, histórica, com a África. O Brasil
pode ajudá-los porque nós temos história junto deles. Temos mais tecnologia,
somos mais ricos, temos mais indústria,
mais conhecimento científico. Portanto,
podemos ajudar muito mais”, ressaltou.
Lula disse que vai cobrar dos países
desenvolvidos mais atenção sobre a
África quando for participar, em julho
deste ano, de reunião do G-8 na Escócia.
“Acho que será um bom momento de
discutirmos com os países sobre qual
política de desenvolvimento nós poderemos ter para ajudar a África. Um país
sozinho não pode, mas muitos países juntos podem ajudar. Essa é a melhor forma
de combater a pobreza”, destacou.
O Presidente disse que o Brasil pode
oferecer à África parcerias para o combate à aids, assim como exportar tecnologia
e mão-de-obra ao continente africano. “A
Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) pode contribuir de
forma extraordinária com a agricultura
africana, já que temos uma agricultura
competitiva como a de qualquer país do
mundo. Na questão da educação, o País
pode ajudar as nações africanas. Pode
formar enfermeiros, médicos, aumentar
o número de bolsas de estudo. Especialistas nossos podem viajar mais para a
África. Podemos ajudar a combater a
aids. O Brasil pode convencer outros
países a ajudá-los”, afirmou. [R.O.]
Fonte: Agência Brasil
A realização
do 30º Congresso Internacional do Jovem
da Boa Vontade de Deus já
mobiliza Minas
Gerais e seus
habitantes mais Senador Hélio Costa
ilustres. O tema do encontro: “O Jovem
na Política de Deus” expressa a vontade
dessa gente moça de colaborar para que
a sociedade civil participe de forma
efetiva da política, recordando que ela
não se restringe aos poderes públicos.
O debate sobre o assunto se baseará
no pensamento do Diretor-Presidente
da Legião da Boa Vontade, José de
Paiva Netto: “Política de Deus, a ética
do Espírito no cotidiano”, ou seja, em
ações responsáveis que respeitem o
Ser Humano e, acima de tudo, a sua
parte eterna.
A respeito da iniciativa, que reunirá
milhares de pessoas de todas as idades, porque “jovem na LBV é aquele
que não perdeu o ideal”, o Senador
mineiro Hélio Costa, conhecido por
seu engajamento na luta em benefício
de seu Estado natal, considerou: “Em
primeiro lugar quero cumprimentar a
Rede Mundial de Televisão e a Rádio
Boa Vontade (RBV) pelo trabalho
que prestam. E cumprimento a Rede
Mundial pela sua liderança espiritual,
que é Paiva Netto, que faz um serviço maravilhoso no Brasil inteiro em
favor dos que não têm privilégios.
Então, vejo esse Congresso com
muito carinho. Todos os jovens que
estão me ouvindo que forem a Uberlândia, vão ser recebidos com o maior
carinho. É uma cidade maravilhosa,
um povo bom, generoso, capaz e
competente; que faz Uberlândia ser
admirada no mundo inteiro. (...) Estarei lá se Deus quiser!”.
[L.S.M.]
Revista Boa Vontade
25
Arquivo pessoal
Senador
26. Arquivo BV
Notícias de Brasília
Brasília
Capital
da Esperança
Brasilienses comemoram 45 anos da cidade no Templo da LBV
A
(por Rodrigo Oliveira)
semana entre 18 e 22 de abril
é marcada por ser uma época
de comemoração. Além dos
festejos de lembrança a Tiradentes, no dia 21 deste ano os brasilienses saudaram os 45 anos da Capital
da Esperança. A cidade, que nasceu
como capital, teve seu projeto iniciado
a partir de 1956 quando o
então Presidente Juscelino
Kubitscheck (1902-1976)
criou a Novacap e deu a
essa empresa a incumbência de planejar e construir
a nova cidade. A tarefa foi
cumprida com êxito por
30 mil operários que
edificaram Brasília
em 41 meses.
De lá para cá, as belas construções
tornaram-se uma característica no visual
da capital brasileira. Uma, em especial,
chama a atenção de visitantes de todas
as partes do mundo: o Templo da Boa
Vontade, inaugurado em 21 de outubro
de 1989. Por iniciativa do Diretor-Presidente da LBV, José de Paiva Netto, o
TBV, como também é conhecido, tornou-se parada obrigatória dos turistas na
cidade, já que atualmente é considerado
pela Setur (Secretaria de Turismo do
Distrito Federal), o local mais visitado de Brasília, recebendo mais de
um milhão de visitantes por ano.
Foi sob as sete faces desse
Templo da Paz que ocorreu uma
das mais bonitas homenagens à
capital brasileira. Na quinta-feira
A obra e seu criador. O Presidente Juscelino
Kubitscheck (1902-1976), que transferiu a capital
do País, do Rio de Janeiro para Brasília, edificando
a cidade no tempo recorde de 41 meses, aparece na
foto diante do Congresso Nacional.
26 Revista Boa Vontade
(21), além da reunião de meditação na
Sala Egípcia, os brasilienses puderam
prestigiar um encontro com diversas
representações religiosas, um evento
organizado pela Legião da Boa Vontade
e pela URI (sigla em inglês de Iniciativa
das Religiões Unidas).
Na opinião do Coronel-Aviador
Weber Luiz Kümmel, o TBV é um local da cura. “Aqui foram feitas muitas
preces em meu
nome. Por todo
esse poder, essa
orientação que
me foi dada, tenho um agradecimento muito
grande a fazer
à Legião da
27. Nilton Preda
Conjunto Ecumênico da LBV. À direita, o Templo da Boa Vontade; ao centro, a sede administrativa; à esquerda,
o Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica (ParlaMundi). Visitado por mais de 15 milhões de turistas e
peregrinos, é o líder de visitação do Distrito Federal, segundo a Secretaria de Turismo do Distrito Federal (Setur).
Fotos: Márcio Paraíba
nidade aos jovens, as
tade. (...) Todas
crianças que não têm
as vezes que eu
a mesma oportunidavim aqui saí muito
de, a mesma chance
bem energizado”.
de muitos, de poder
Para Ricardo, seu
ter um futuro, uma
parceiro no esporesperança, uma fé. (...)
te, “se você vier
“Fico muito feliz que te- aqui, você vai ter
Acho que você ten“A LBV é uma obra
Famosos no TBV
nham um local maravi- muitas coisas para muito especial, prin- do um lugar especial,
Na mesma data, diversas lhoso como esse, onde visitar e conhecer cipalmente a ajuda à como o TBV, é muito
a gente pode fazer
personalidades estiveram
o que é a LBV, sociedade, aos neces- bom. Vou querer voltar
no Parlamento Mundial da várias atividades e que o que representa sitados e aos órfãos. aqui com mais tempo
É um trabalho fantás- para poder refletir, penFraternidade Ecumênica da seja dedicado para vá- para o Brasil”.
rios fins. (...) O dinheiro
LBV, a exemplo de Emanuel
E s t e p o n t o tico, exemplar para o sar na vida”.
O jogador de vôlei
Brasil.”
e Ricardo, dupla medalha na LBV é também bem também foi resempregado”.
Emerson Fittipaldi Giovane Gávio, bicamde ouro nas Olimpíadas de
saltado pelo biGiovane Gávio campeão mundial
peão olímpico, também
Atenas. Em entrevista conmanifestou seu apoio
cedida à Rede Boa Vontade
de Fórmula I e campeão
de Comunicação, os atletas destacaram mundial de Fórmula Indy Emerson ao monumento da Paz. “Fico muito feliz
o trabalho ecumênico do Templo da Paz. Fittipaldi. Para ele, “a LBV é uma obra que tenham um local maravilhoso como
Emanuel disse que já esteve no conjunto muito especial, principalmente a ajuda à esse, onde a gente pode fazer várias atiarquitetônico outras vezes para sentir sociedade, aos necessitados e aos órfãos. vidades e que seja dedicado para vários
“a energia e essa Paz que todo mundo É um trabalho fantástico, exemplar para fins. (...) O dinheiro na LBV é também
comenta sobre o Templo da Boa Von- o Brasil. É um trabalho que dá oportu- bem empregado”.
Boa Vontade. Também é
importante agradecer a um
amigo especial que sempre
me atendeu com toda a
orientação e todo o respeito,
o Dr. Paiva Netto”.
Weber Luiz Kümmel
Acelino Popó Freitas
Emanuel e Ricardo (D)
O Comendador Regino Barros (D) é entrevistado pelo repórter Robert, do programa Vips e Famosos, da Rede TV Sul.
Revista Boa Vontade
27
29. Daniel Trevisan
“Topamos aves, a que chamam ‘fura-buchas’, e, neste
dia, a horas de véspera, tivemos vista de terras mais baixas,
ao sul dele, e de terra chã, com muitos arvoredos, ao qual
o monte alto o capitão pôs o nome de Monte Pascoal e à
terra, Terra de Vera Cruz.”
Pero Vaz de Caminha
Painel “Rotas marítimas e outros
descobrimentos” (680 x 277 cm), de autoria do
artista plástico Gesiel Cagnoni Luz.
D
ia 8 de março de 1500. A
frota de Pedro Álvares Cabral
(Belmonte, 1467 ou 1468
— Santarém ? 1520) está de
partida para as Índias. No porto do
Tejo, em Lisboa, além do próprio rei
D. Manuel I, o Venturoso (Alcochete,
1469 — Lisboa, 1521), estão presentes
as mais importantes figuras da Corte.
Depois da missa, há a entrega de um
estandarte real ao capitão-mor das
13 naus, com 1.500 homens, a maior
armada a enfrentar mar alto até aquela
data. Na esquadra, alguns experientes
navegadores, como Bartolomeu Dias
(Algarve, 1450 — faleceu em 1500,
num naufrágio, ao largo do Cabo da
Boa Esperança), que já havia dobrado
o Cabo das Tormentas, e Nicolau Coelho (data de nascimento desconhecida,
faleceu em janeiro de 1504, também
num naufrágio), religiosos, como frei
Henrique de Coimbra, além de funcionários de diversas categorias, entre eles
por Mário de Moraes
o escrivão Pero Vaz de Caminha (Porto ?
1450 — Calicute ? 1500). Sem esquecer
o cientista João (Faras, dito mestre),
bacharel em artes e medicina, físico e
cirurgião da Corte de D. Manuel. Mestre
João foi o autor da carta em que relata as
observações astronômicas realizadas em
terras brasileiras, no dia da chegada de
Cabral ao nosso País. A carta, escrita em
espanhol, é datada de 1º de maio de 1500
e foi muito importante para a elucidação
da polêmica sobre se o Brasil foi ou não
Revista Boa Vontade
29
30. 30 Revista Boa Vontade
Bahia
Amazonas
Reprodução BV
Reprodução BV
Reprodução BV
Daniel Trevisan
Reprodução BV
São Paulo
Rio de Janeiro
31. descoberto casualmente.
Num certo trecho das suas anotações, mestre João escreve: “Se tivermos
de guinar, que seja para a banda do
sudoeste e tanto que neles der o Vento
escasso, devem ir na Volta do Mar até
meterem o Cabo da Boa Esperança”. A
“volta do mar” ficou conhecida, mais
tarde, como “volta do Brasil”.
Do pouco que se sabe sobre o itinerário da esquadra, ficou registrado que
ela, no dia 14 de março, passou entre
as Ilhas Canárias, e, no dia 23, a nau de
Vasco de Ataíde se desgarrou, próxima
à Ilha de São Nicolau. Cabral seguiu o
conselho de mestre João e, na manhã do
dia 22 de abril de 1500, uma quarta-feira,
avistaram terra. Assim descreveu Pero
Vaz de Caminha o feliz acontecimento:
“Topamos aves, aqui chamam ‘furabuchas’, e, neste dia, a horas de véspera,
tivemos vista de terras mais baixas, ao
sul dele, e de terra chã, com muitos arvoredos, ao qual o monte alto o capitão
pôs o nome de Monte Pascoal e à terra,
Terra de Vera Cruz”.
Após o desembarque, o contato amigável com os índios, a surpresa de lado
a lado e a troca de presentes. Embora,
através de sinais, os silvícolas tenham
dado a entender que, naquela terra, havia
muito ouro e prata, os navegadores não
lhes deram crédito. Isso fica comprovado na Carta que Caminha enviou a
D. Manuel, comentando que o lugar
poderia apenas servir de escala “para
esta navegação caleante”, sugerindo que
o rei “salve esta gente (os índios) para
acrescentar à nossa fé”.
Dez dias depois, Cabral prosseguiu
viagem, dividindo a frota em dois grupos. Um, sob o comando de Gaspar de
Lemos (séculos XV e XVI), voltou a
Lisboa para levar a notícia do descobrimento ao rei; outro seguiu, com Cabral
no comando, rumo às Índias. O soberano
português não gostou do nome de Vera
Cruz e, a partir de 1510, trocou-o por
Brasil, devido à abundância da madeira
de tingir, palavra de raiz germânica
derivada de brasa, “porque é vermelha
como fogo”.
Surgiu a primeira polêmica envolvendo o nosso País. Onde, afinal, Cabral
Noel Villas Bôas
História
De início, a Coroa
portuguesa não deu
importância à descoberta de Cabral, preferindo concentrar-se
no comércio com as
Índias (...)
desembarcou? Em 1922, com a publicação do livro História da Colonização
Portuguesa no Brasil, do português
Carlos Malheiro, os historiadores concordaram que o desembarque pioneiro
ocorreu na Ilha da Coroa Vermelha,
que fica no município de Santa Cruz
Cabrália, no extremo sul da Bahia, e
não na vizinha cidade de Porto Seguro.
Para não haver discussão, resolveu-se
que Santa Cruz Cabrália ficaria com as
honras da descoberta, mas que Porto
Seguro a comemoraria.
Pouco interesse pelo Brasil
De início, a Coroa portuguesa não
deu importância à descoberta de Cabral,
preferindo concentrar-se no comércio
com as Índias, onde havia civilizações
adiantadas, que produziam diversos
gêneros procurados na Europa. Do
nosso País, economicamente, eles só se
interessaram pela extração do pau-brasil,
a tal ponto que a preciosa madeira pagou
os gastos da viagem do Descobrimento.
De 1501 a 1532, o ciclo econômico que
se abriu no Mundo Novo foi o do paubrasil. Mesmo assim, nem D. Manuel
nem os navegadores tinham idéia do
valor da terra descoberta. Tanto que ela
foi tachada, por muitos anos, como possessão secundária. Só algum tempo mais
tarde, com o interesse de outras nações
pelas riquezas do nosso País, é que o
governo português resolveu implantar
uma colonização definitiva no Brasil,
baseada principalmente na cultura de
cana e na produção de açúcar.
No primeiro século, os colonizadores
portugueses conheciam apenas a faixa
litorânea, onde se concentravam algumas vilas e cidades, como São Vicente
(1532), Porto Seguro (1535), Igaraçu
e Santa Cruz (1536), Olinda (1537),
Santos (1545), Salvador (1549), Espírito Santo e Vitória (1551), São Paulo,
incluindo Santo André (1554), Itanhaém
(1561), Rio de Janeiro (1565), Filipéia
(1585), São Cristóvão (1590), Natal
(1599) e Cananéia (1600). A maior
parte dessas cidades surgiu devido às
expedições militares contra os índios,
que tentaram impedir o avanço dos invasores. Alguns corsários, de outros países,
estabeleceram-se na costa brasileira
e aliaram-se aos silvícolas, em busca,
principalmente, do pau-brasil.
Em 1555, 600 franceses, comandados por Nicolas Durand de Villegaignon
(Provins c., 1510 — Beauvais, 1575),
Revista Boa Vontade
31
32. História
fixaram-se no Rio de Janeiro com o
objetivo de fundar uma colônia, a França
Antártica, mas acabaram expulsos, em
1567.
Era preciso, no entanto, ganhar o
interior do País. Por isso, o governo
português determinou a realização de
entradas e bandeiras, expedições armadas destinadas a pesquisar a existência
de metais e pedras preciosas. Elas saíram
principalmente de São Paulo, abrindo
muitos e importantes caminhos para
dentro do Brasil. No final do Século
XVII, os bandeirantes encontraram
as primeiras jazidas de ouro, pedras
preciosas e semipreciosas, em Minas
Gerais, Goiás e Mato Grosso. Isso permitiu que surgissem diversos núcleos de
povoamento permanentes. A pecuária
também ajudou na colonização do interior do nosso País. Já no final do século
XVII, a criação de gado estendia-se
desde as margens, do rio São Francisco,
na Bahia, até o Parnaíba, no Piauí. Na
mesma época, consolidou-se o domínio
português na costa leste-oeste, com a
expulsão dos estrangeiros, que ali se
haviam estabelecido.
A expansão territorial do Brasil, no
período colonial, fixou as linhas gerais
que o nosso país tem hoje, aumentando
sua área, até então de 2.500.000 km²
— segundo o Tratado de Tordesilhas —,
para mais de 8.000.000 km². O primeiro
sistema administrativo implantado na
Colônia foi o das capitanias hereditárias,
D. João III (Lisboa, 1502 — id. 1557)
dividindo o território brasileiro em 15
faixas, atribuídas a 13 donatários. Com
isso, o governo português garantia a
posse da terra, com custo mínimo para
o Tesouro real. A maioria das capitanias,
no entanto, fracassou. O sistema de
administração foi, então, centralizado,
formando o Governo-Geral do Brasil,
instalado em 1549. Com a chegada
do primeiro governador-geral, Tomé
de Sousa (Lisboa, 1502 — id. 1579),
foi fundada a cidade de Salvador e
nela erguida a sede da administração
colonial.
As capitanias, porém, duraram até
o governo do Marquês de Pombal (Lisboa, 1699 — Quinta do Pombal, 1782).
32 Revista Boa Vontade
O sistema foi extinto em 1777, a Coroa
adquirindo as capitanias ainda existentes. Em 1640, o cargo de governadorgeral foi substituído pelo de vice-rei,
o primeiro deles sendo o Marquês de
Montalvão (Século XVII), que o ocupou
de 1640 a 1641. Em 1763, a capital do
País mudou-se de Salvador para o Rio
de Janeiro.
Aqui é forçoso abrir um parêntese
para falar em Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. O patrono cívico da
nação brasileira nasceu em Pombal, São
João del Rei, Minas Gerais, em 1746, e
No final do Século XVII,
os bandeirantes encontraram as primeiras jazidas
de ouro, pedras preciosas
e semipreciosas, em Minas Gerais, Goiás e Mato
Grosso. Isso permitiu que
surgissem diversos núcleos
de povoamento permanentes.
foi morto na cidade do Rio de Janeiro, no
dia 21 de abril de 1792. Apontado como
chefe da Conjuração Mineira, inclusive
por alguns dos seus companheiros, que
o traíram, Tiradentes assumiu a responsabilidade pelo movimento de oposição
à Coroa e foi condenado à forca.
D. João foge para o Brasil
Devido à invasão de Portugal pelas
tropas napoleônicas, o príncipe regente
D. João determinou que a Corte portuguesa fosse transferida para o nosso
País. Primeiro, ele passou pela Bahia,
onde, em 28 de janeiro de 1808, assinou Carta-Régia, abrindo “os portos do
Brasil ao comércio de todas as nações
amigas”. Em maio do mesmo ano, a
Corte instalou-se no Rio de Janeiro.
D. João viveu em nosso País de 1808
a 1821. Além da abertura dos portos, o
monarca português criou a Impressão
Régia (1808), que publicou o primeiro
jornal brasileiro; declarou guerra à Fran-
ça e anexou à Guiana Francesa; assinou
tratados de comércio com a Inglaterra
(1810) — que por muito tempo impediram o estabelecimento de indústrias no
Brasil —; elevou o nosso País a Reino
Unido ao de Portugal e Algarves (1815);
assistiu à morte da rainha e ascensão
do regente ao trono, como D. João VI
(Lisboa, 1767 — id. 1826); às lutas para
a anexação da Banda Oriental, efetivada
em 1821, com a criação da Província
Cisplatina; à Revolução Pernambucana
de 1817 e à vinda da Missão Artística
Francesa, da qual faziam parte Debret
(Paris, 1768 — id. 1848), Montigny
(Paris, 1776 — Rio de Janeiro, 1850) e
Taunay (Paris, 1768 — Rio de Janeiro,
1824), responsável pelo primeiro Salão
Nacional de Belas-Artes.
Em abril de 1821, a Revolução
Constitucionalista do Porto, em Portugal, iniciada um ano antes, obrigou D.
João VI a voltar para seu país, deixando
seu filho Pedro no Brasil, como príncipe regente. Deixava, também, nosso
País à beira da falência, com os cofres
esvaziados.
Portugal passou, então, a adotar
uma política das mais austeras e
injustas no Brasil, fazendo com que
crescesse cada vez mais o movimento
separatista, principalmente a partir de
9 de janeiro de 1822, o Dia do Fico.
Nessa data, D. Pedro (primeiro imperador do Brasil e 27o rei de Portugal,
com o título de Pedro IV, nasceu
no Palácio de Queluz, Portugal, em
1798, e faleceu no mesmo local, em
1834), atendendo aos apelos das forças
políticas favoráveis à Independência,
desobedeceu à ordem de voltar para
Portugal. Numa viagem de Santos
para São Paulo, indignado com novas
ordens recebidas de Lisboa, o príncipe,
que se encontrava às margens do riacho lpiranga, dirigiu-se à tropa que o
acompanhava e declarou proclamada
a Independência do Brasil. Era 7 de
Setembro de 1822.
No dia 12 de outubro do mesmo
ano, D. Pedro I foi aclamado Imperador
Constitucional e Defensor Perpétuo do
Brasil, e, em 1o de dezembro, realizou-se
a cerimônia de coroação e sagração.
34. O Primeiro Reinado durou de 1822 a
1831. Após diversos e importantes acontecimentos políticos, muitos contrários
à presença de D. Pedro I entre nós, no
dia 7 de abril de 1831, depois de grande
manifestação popular, ocorrida no dia
anterior, no Rio de Janeiro, o imperador
abdicou do trono brasileiro em favor do
seu filho de 5 anos, Pedro de Alcântara
(Rio de Janeiro, 1825 — Paris, 1891).
Ficou acertado que D. Pedro II
reinaria sob regime regencial até completar 18 anos de idade. Essa data, no
entanto, foi antecipada. Em 1840 foi
proclamada, pelo Poder Legislativo, a
maioridade do jovem imperador. Esse
segundo reinado durou de 1840 a 1889.
Em sua primeira fase (1840-1855) é
digna de registro a atuação de Luís Alves de Lima e Silva, Duque de Caxias
(Vila do Porto da Estrela, RJ, 1803
— Barão de Juparaná, RJ, 1880), que
impôs uma paz imperial severa (a pacificação), vencendo as revoluções que
estouraram ainda no período regencial
e também as Revoluções liberais de São
Paulo e Minas Gerais, em 1842. Foi no
reinado de D. Pedro II que aconteceu
a primeira vitória contra a escravidão
em nosso País, com a Lei Eusébio de
Queirós (4 de setembro de 1850), que
proibiu o tráfico negreiro, completada
pela Lei Nabuco de Araújo (1854), que
estabeleceu severas punições para os
contrabandistas de escravos.
Da segunda fase do reinado de D.
Pedro II, cabe destacar o crescimento
econômico do País, como o desenvolvimento da lavoura cafeeira e a fundação
de empresas industriais, bancos e companhias de navegação e de seguros.
Não deve ser esquecida a figura da
princesa imperial e regente do Brasil,
Isabel Cristina (Rio de Janeiro, 1846
— França, 1921), que assinou a Lei
nº 2040, de 28 de setembro de 1871,
declarando livres os filhos de mulher
escrava, nascidos a partir daquela
data (Lei conhecida como do Ventre Livre). Isso aconteceu durante a
sua Primeira Regência. Na terceira,
a princesa Isabel referendou a Lei
Áurea, de 13 de maio de 1888, que
aboliu a escravidão negra no País.
34 Revista Boa Vontade
Da Monarquia à República
Em 1889, aconteceu a Proclamação
da República. O movimento militar,
desencadeado no dia 15 de novembro
daquele ano, derrubou a Monarquia
quase sem resistência. O Marechal
Deodoro da Fonseca (atual Marechal
Deodoro, AL, 1827 — Rio de Janeiro,
1892) assumiu o poder com o título
de chefe do Governo Provisório. Um
ano depois, instalou-se o Congresso
Constituinte Republicano. E a primeira
Constituição republicana, cujo texto
teve Rui Barbosa (Salvador, 1849
— Petrópolis, 1923) como principal
autor, foi aprovada e promulgada em 24
de fevereiro de 1891, estabelecendo o
presidencialismo e o federalismo.
O que veio depois,
ainda está bem vivo na
memória da maioria dos
brasileiros: a Revolução de 30, que colocou
Getúlio Vargas no poder
e a implantação do
Estado Novo (...)
O Marechal Deodoro da Fonseca,
ao assumir o governo, em novembro
de 1889, estava idoso e bem doente.
Além disso, possuía forte grau de autoritarismo, adquirido na vida militar.
Não demorou muito, ele enfrentava a
dissensão que lavrava entre os republicanos civis e militares. No dia 3 de
novembro de 1891, Deodoro fechou o
Congresso, decretou o estado de sítio
e a censura à imprensa. Para piorar, o
País vivia péssima situação econômica.
No dia 23 daquele mesmo mês, o Marechal Floriano Peixoto (Maceió, 1839
— Divisa, hoje Floriano, RJ, 1895)
lançou um manifesto à Nação. Isso
levou Deodoro a renunciar, segundo
ele, “para evitar uma guerra civil iminente”. Floriano Peixoto, na qualidade
de Vice-Presidente, assumiu o governo,
prometendo a volta à legalidade, reivindicada pela oposição.
Primeira República, etc.
Em 1894, foi eleito Prudente de
Morais, o primeiro Presidente brasileiro a ser escolhido pelo voto direto.
Nos governos seguintes, de Campos
Sales, Rodrigues Alves e Afonso Pena,
a chamada Primeira República assistiu
a um período de progresso econômico.
Afonso Pena morreu antes de completar seu mandato, sendo substituído
pelo líder, Nilo Peçonha. Depois dele,
veio Hermes da Fonseca, que iniciou
seu governo em 1910, enfrentando
algumas revoltas. Em 1914, Venceslau
Braz assumiu a presidência do Brasil e,
em 1918, Rodrigues Alves foi reeleito,
mas morreu antes de tomar posse. O
País passou a ser governado por Delfim
Moreira, até que, em novas eleições, assumisse Epitácio Pessoa, que governou
de 1919 a 1922. Artur Bernardes foi o
próximo Presidente. Nesse período, devido a sérios acontecimentos políticos, o
Brasil viveu em estado de sítio. O último
Presidente da Primeira República foi
Washington Luís, que assumiu o cargo
em 1926, quando a situação do País era
extremamente grave.
O que veio depois, ainda está bem
vivo na memória da maioria dos brasileiros: a Revolução de 30, que colocou
Getúlio Vargas no poder e a implantação
do Estado Novo, que durou de 10 de
novembro de 1937 a 29 de outubro de
1945, quando Getúlio foi derrubado por
um golpe militar. Nesse mesmo ano, na
redemocratização do País, foi eleito o
General Eurico Gaspar Dutra. Em 1950,
Getúlio voltou ao poder pela força do
voto e, em 1954, pressionado por forte
oposição, ele se suicidou em 24 de
agosto do mesmo ano. Seguiram-se, na
presidência do Brasil, Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros — que renunciou e
permitiu que o vice, João Goulart, assumisse o posto —, os governos militares
de Castelo Branco, Costa e Silva, Médici
e Geisel, Tancredo Neves (que faleceu
antes de tomar posse, dando lugar a Sarney), Fernando Collor de Melo, Itamar
Franco, Fernando Henrique Cardoso e
Luiz Inácio Lula da Silva.
O futuro, a Deus pertence.
35.
36. Solidariedade
Crianças e Natureza,
João Preda
numa bela manhã
planaltina, brincam
felizes na Escola de
Educação Infantil, da
LBV, em Taguatinga/DF.
36 Revista Boa Vontade
37. Amicucci Gallo
LBV
Belo flagrante do premiado repórter fotográfico
Amicucci Gallo, na LBV do Rio de Janeiro/RJ.
O expressivo balanço social de 2004
Amicucci Gallo
Fotos: Arquivo BV
Q
Cenas diversas dos atendimentos prestados pela LBV em dezenas de cidades do Brasil e Exterior
uando olhamos para os desafios de nossa sociedade, como
Educação, saúde, trabalho,
alimentação, inclusão social,
entre outros, percebemos que o Povo
tem sempre pautado sua confiança pelo
esforço e pela ação das pessoas de Boa
Vontade.
Hoje, a LBV conta com um histórico de mais de meio século de serviços
prestados aos que se encontram em
situação de risco social em nosso País,
seja trabalhando em parceria com os
diversos setores (governos, empresas
socialmente responsáveis, organismos
internacionais, escolas, comunidades de
base e outras organizações do Terceiro
Setor), seja propiciando oportunidades
para que cidadãos de Boa Vontade possam colaborar para o desenvolvimento
sustentável de suas comunidades. Tudo
isso contribuiu para que a Obra se
tornasse a primeira instituição do Terceiro Setor genuinamente brasileira a
A LBV prestou, em 2004,
mais de 3,5 milhões
de atendimentos, por
meio de seus diversos
programas e projetos
socioeducativos,
desenvolvidos em dezenas
de cidades brasileiras,
contando sempre com
uma legião que ultrapassa
os 30 mil voluntários.
ser reconhecida em caráter oficial pela
Organização das Nações Unidas (ONU)
e ter status consultivo no Conselho
Econômico e Social dessa entidade
(Ecosoc), o que lhe confere o direito de
participar, com poder de voto, de suas
reuniões decisórias. É ainda mediadora
entre muitas ONGs do Brasil e esse
organismo internacional.
Fundada por Alziro Zarur, a LBV
completou 55 anos de existência em 1o
de janeiro de 2005. Uma de suas inovadoras iniciativas tem sido a difusão do
Ecumenismo Irrestrito, promovendo
a conciliação de todo o conhecimento
humano e espiritual, numa poderosa
força a serviço dos povos.
Sua expansão nacional e no Exterior
deve-se, sobretudo, ao dinamismo de
seu Diretor-Presidente, José de Paiva
Netto, que, com a ajuda da sociedade,
vem modernizando e consolidando a
Organização desde 1979, quando assumiu sua liderança, proporcionando-lhe
um crescimento da ordem de 150.000%
e transformando-a em uma das maiores
expressões mundiais de humanitarismo
e de Solidariedade social.
A LBV prestou, em 2004, mais de
3,5 milhões de atendimentos, por meio
de seus diversos programas e projetos
socioeducativos, desenvolvidos nas
principais cidades brasileiras, contando
Revista Boa Vontade
37
38. Solidariedade
João Preda
LBV: Criança — Futuro no Presente!
Refeições servidas
Oficina do Saber
Aulas de Moral Ecumênica
Alfabetização Digital
Brinquedoteca
Esporte é Vida
Oficina dos Arteiros
Espaço Cultural
Coral Ecumênico Infantil LBV
Prevenção da saúde bucal
Recreação
Ronda da Caridade, a Ronda da Cidadania
Refeições servidas
Grupo de Convivência da Terceira Idade
Capacitação profissional (informática)
Cursos diversos
Alfabetização e Educação Geral para Adultos
Oficinas de geração de renda
SOS Calamidades (famílias)
Atendimentos em mutirões
Atendimentos emergenciais
Cestas de alimentos
Palestras educativas
Plantão Social
Visitas domiciliares
Atendimento psicológico
Atendimento fonoaudiológico
Atendimento jurídico
Atendimento odontológico
Consultório odontológico na LBV
Odontoteca LBV (itinerante/comunitária)
Consultas médicas
Ambulatório
LBV: Jovem — Futuro no Presente!
Refeições servidas
Estudar e Aprender
SER Mulher
Cidadão-Bebê (curso para gestantes)
Enxoval para bebês
Grupo de Mães
Grupo de Mulheres
Educação Básica
Berçário e educação infantil (de 0 a 6 anos)
Ensino fundamental
Bolsas de estudo
Refeições servidas
Lar e Parque da LBV (regime residencial)
496.206
408.712
13.818
14.090
7.540
19.033
7.289
9.168
11.527
38
4.602
389
1.190.553
479.718
39.680
251.232
16.168
152.640
869
318
16.529
84.952
111.270
1.405
12.554
3.828
2.681
411
568
894
9.028
2.136
1.712
1.960
2.664
1.776
888
65.175
50.616
831
5.088
8.640
1.274.404
173.800
163.400
14.000
923.204
33.580
Refeições servidas
146.602
Refeições servidas
177.879
Lar da Terceira Idade (regime residencial)
Ala dos Estudantes (ParlaMundi da LBV)
41.245
75.600
3.503.908
38 Revista Boa Vontade
Arquivo BV
Em 2004:
Entrega de material escolar feita pela
LBV às crianças da rede escolar de
ensino público em Belém/PA
sempre com uma legião que ultrapassa os
30 mil voluntários.
Suas iniciativas são pautadas pela
Solidariedade e seguem ao encontro da
implementação dos oito Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio (ODMs),
estabelecidos pela ONU: “Erradicar a
extrema pobreza e a fome”, “Atingir o
ensino básico universal”, “Promover a
igualdade entre os sexos e a autonomia
das mulheres”, “Reduzir a mortalidade
infantil”, “Melhorar a saúde materna”,
“Combater o HIV/aids, a malária e
outras doenças”, “Garantir a sustentabilidade ambiental” e “Estabelecer uma
parceria mundial para o desenvolvimento”.
Mais do que oferecer o alimento
material, necessário para a sobrevivência
das pessoas, a Legião da Boa Vontade
trabalha para elevar-lhes a auto-estima,
a esperança, a dignidade, os valores, a
responsabilidade, o respeito, para que os
indivíduos tenham oportunidade de lutar
pelos seus direitos e de exercer melhor
sua cidadania, cooperando para uma estrutura social sólida e auto-sustentável.
Trazemos os números dos milhões
de atendimentos efetivados em toda a
rede social da Legião da Boa Vontade
em 2004, inseridos no balanço geral
da LBV, encerrado em 31 de dezembro, auditado pela conceituada Walter
Heuer Auditores Independentes e publicado no Diário Oficial do Estado de
São Paulo. [L.S.M.]
39. Cultura
Ivo Pitanguy e Ivan
Junqueira
Destaques dos
séculos XX e XXI, na ABL.
(por Simone Barreto)
João Havelange (D)
recebe o diploma das
mãos de Marcos Vilaça
Chico Anysio e o Dr.
José Roberto Marinho
Ivone Cassu, representando Roberto Carlos, e
Francisco Bilas.
Governador do Ceará,
Lúcio Alcântara.
Roberto Farias
S
Fotos: Jorge Alexandre
audar 21 brasiSantos e Zilda Arns.
leiros vivos que
Na ocasião, a Unise destacaram
versidade Federal do
no século XX
Ceará (UFCE) — ree que continuam venpresentada pelo Reitor
cedores neste período Academia Brasileira de Letras
René Barreira e pelo
que se inicia: com esse objetivo o Diretor Governador do Estado, Lúcio Alcântara
da PPE (promoções e eventos) e autor do — saudou o Dr. Roberto Marinho (in
projeto Destaque Século 20/21, Roberto memoriam) com o título de Doutor HoFarias, realizou no Teatro Raimundo noris Causa da UFCE. Seu filho, o Dr.
Magalhães Júnior, na Academia Brasi- José Roberto Marinho, Vice-Presidente
leira de Letras (ABL), em 14 de abril, das Organizações Globo, recebeu a hona entrega dos diplomas aos agraciados. raria em nome dele, relembrando as paPessoas de amplo reconhecimento nacio- lavras do laureado sobre o compromisso
nal pelas contribuições
que tinha para com
que proporcionam à
Entre os premiados: a sociedade: “Meu
sociedade nos diversos
pai sempre dizia
Abílio Diniz, Adib Jatene,
ramos do saber. É uma
que a vida é curAldemir Martins, Antonio
forma também, segunta e preciosa para
Carlos Magalhães, Antonio
do Roberto, de motivar
ser vivida apenas a
Ermírio de Moraes, Chico
os indivíduos de certa
nossa experiência
Anysio, Dom Paulo Evaristo
idade, “com mais de
pessoal”.
Arns, Emerson Fittipaldi,
50 anos”, para que eles
Os homenagecontinuem a transmitir Fernanda Montenegro, Hebe ados foram felicisuas experiências aos Camargo, Ivo Pitanguy, João tados pela LBV,
Havelange, José Sarney,
mais jovens.
entre eles o Dr.
Oscar Niemeyer, Você
Os nomes foram
João Havelange,
Cidadão/Cidadã, Paulo
escolhidos por meio
o cantor Roberto
Coelho, Pelé (“O Atleta do
de uma pesquisa, numa
Carlos (represenSéculo”), Renato Aragão,
consulta democrática
tado pela assessora
no site (www.roberto- Roberto Carlos, Sílvio Santos de imprensa Ivone
e Zilda Arns.
farias.com.br) do orgaCassu) e o humonizador e também por
rista Chico Anysio,
uma comissão de jurados, formadores que falou para a Rede Boa Vontade
de opinião pública. Entre os premiados, de Comunicação sobre a importância
Abílio Diniz, Adib Jatene, Aldemir do prêmio: “Ele é muito interessante
Martins, Antonio Carlos Magalhães, porque nos coloca junto com pessoas
Antonio Ermírio de Moraes, Chico num padrão muito especial, homens
Anysio, Dom Paulo Evaristo Arns, como João Havelange, Ivo Pitanguy,
Emerson Fittipaldi, Fernanda Monte- Oscar Niemeyer. É coisa absolutamente
negro, Hebe Camargo, Ivo Pitanguy, encantadora para quem recebe. Fiquei
João Havelange, José Sarney, Oscar muito feliz com isso”.
Niemeyer, Você Cidadão/Cidadã, Paulo
Chico foi parabenizado pela pasCoelho, Pelé (“O Atleta do Século”), sagem do seu aniversário no dia 12 de
Renato Aragão, Roberto Carlos, Sílvio abril.
Revista Boa Vontade
39
40. Atualidades
Em defesa
da dignidade
humana
O
Rosinha Garotinho
Dr. Marcelo Bustamante
Ana Miranda
Fernando William
40 Revista Boa Vontade
Prêmio valoriza Direitos Humanos
Fotos: Simone Barreto
Conselho Estatada pelo Dr. Marcelo
dual de DireiBustamante).
tos Humanos,
A escritora Laura
presidido pela
Austregésilo de AthayGovernadora Rosinha
de Sandroni e Cícero
Garotinho, integrado por
Sandroni, filha e gensecretários de Estado e
ro do ilustre Presidente
representantes de insda ABL, prestigiaram a
tituições da sociedade,
cerimônia. Cícero, que
lançou o Prêmio Estadu- Coronel Jorge Silva
é tesoureiro da Casa
al de Direitos Humanos
de Machado de Assis,
Austregésilo de Athayde
rememorou a atuação
(1898-1993), homenagem
do ilustre acadêmico na
ao sempre lembrado PreAssembléia das Nações
sidente da Academia BraUnidas e o valor de inssileira de Letras (ABL),
tituições como a Legião
que foi um dos redatores
da Boa Vontade nessa
da Declaração Universal
empreitada: “Austredos Direitos Humanos, em
gésilo de Athayde foi
1948, na ONU.
o redator brasileiro da
“O Plano Nacional
A solenidade de enDeclaração Universal
de Direitos Humanos
trega ocorreu no Dia Indos Direitos Humanos,
foi composto o ano
ternacional de Combate à
que foi assinada em Paris
passado, junto com
Discriminação Racial (em
em 10 de dezembro de
o grande apoio da
21 de março), no Salão No1948, numa Assembléia
LBV (...). Esse prêmio
bre do Palácio Guanabara.
Geral da ONU, na qual
só vem a estimular
Entre os agraciados: José
foi apresentado um doessas ações de Boa
Gomes Talarico, jornalista
cumento fundamental
Vontade (...)”.
e Presidente da Comissão
na defesa dos Direitos
César Bastos, da Central de
de Defesa da Liberdade de
Humanos de todo o
Cidadania da Secretaria de
Imprensa e dos Direitos
mundo. O fundamental
Estado de Justiça e Direitos
Humanos da ABI; Dom
disso tudo é a valorizado Cidadão do Rio de
Janeiro.
Mauro Morelli, então Bisção da vida, como um
po de Duque de Caxias;
dos primeiros artigos
Abdias do Nascimento,
desta Declaração fala
ex-Senador e líder do Movimento que todo Ser Humano tem direito à
Negro; o Grupo Tortura Nunca Mais vida. Todos os que trabalham por essa
(representado por Ana Miranda); Qui- valorização tem de ter o nosso respeito
lombo São José da Serra (na pessoa de e a Legião da Boa Vontade tem agido
Antonio Nascimento) e a Defensoria nesse sentido”.
Pública do Estado do Rio (represenVale dizer que o grande home-
41. O representante da LBV, Eliel Brum, os escritores Laura e Cícero Sandroni, filha e genro
do saudoso Austregésilo de Athayde.
Jornalista José Gomes Talarico recebe a
láurea da Governadora do Rio de Janeiro.
nageado Austregésilo foi o primeiro a intolerância: “O Plano Nacional
Presidente do Conselho de Honra para de Direitos Humanos foi composto
a construção do Parlamento Mundial o ano passado, junto com o grande
da Fraternidade Ecumênica da LBV. apoio da LBV (...). Esse prêmio só
Após seu falecimento, a presidência vem a estimular essas ações de Boa
honorífica foi assumida pelo inesque- Vontade. Reconheço no Irmão Paiva
cível jornalista Barbosa Lima Sobri- essa função de grande catalisador da
nho (1897-2000), Presidente da ABI, diversidade religiosa, que é um ser
iluminado. (...) A igualdade, a diverescritor e membro da ABL.
Para um dos laureados, o jornalis- sidade religiosa, que começou há 55
ta José Gomes Talarico, a Organiza- anos pela iniciativa de Zarur, hoje é
ção foi sempre uma fonte inspiradora feita por Paiva Netto com uma ampliem sua vida: “Muito obrigado pela tude cada vez maior, com ‘a unidade na
diversidade’. Mantendo
presença da Legião da
as diferenças de cada
Boa Vontade. Eu devo ditradição religiosa, a LBV
zer que muita coisa sobre
sempre procurou tratar
Direitos Humanos aprendi
de forma gentil, compaexatamente na LBV, com o
nheira e cidadã todos os
José de Paiva Netto, meu
credos”.
amigo. Por isso, mais uma
Por fim, o registro
vez enalteço a sua Obra,
da palavra do Dr. Celso
na qual me inspirei muito
Peçanha, ex-Governador
para praticar os atos da
do Estado do Rio de
defesa da liberdade e dos
“Sou muito amigo do Janeiro, que, na oporDireitos Humanos. Sem dúPaiva Netto, gosto
tunidade, afirmou: “Covida, a LBV é inigualável,
dele, já o saudei
nheço muito bem esse
não há nenhuma Instituição
na Câmara dos
trabalho que a Legião da
que seja tão grandiosa”.
Deputados. Ele é,
Boa Vontade desenvolve.
Outro amigo da Obra
efetivamente, uma voz Solidarizo-me com todos
que também prestigiou a
entrega dos prêmios foi digna, um homem de esses que ouvem a sua ráCésar Bastos, da Central de bem. Um abraço bem dio (Rede Boa Vontade de
Rádio), que está pregando
forte nele.”
Cidadania da Secretaria de
a liberdade e o direito de
Estado de Justiça e DireiDr. Celso Peçanha, extos do Cidadão do Rio de Governador do Estado do Rio pensar, de agir, de cada
de Janeiro um viver a sua vida digJaneiro. Ele recordou que
namente, e é assim que
a LBV fez parte do grupo
devemos fazer sempre. Sou muito
consultivo que elaborou a Cartilha
Diversidade Religiosa, lançada em amigo do Paiva Netto, gosto dele, já o
novembro de 2004, pela Secreta- saudei na Câmara dos Deputados. Ele
ria Especial de Direitos Humanos é, efetivamente, uma voz digna, um
(SEDH), com objetivo de incentivar homem de bem. Um abraço bem forte
[S.B.]
o diálogo inter-religioso e combater nele”, concluiu.
42. Atualidades
A luta continua
ABI completa 97 anos na defesa
da Liberdade de Imprensa
Fotos: Waldomiro Manoel
A
Maurício Azêdo
Daniel Trevisan
Joseti Marques
Geraldo Alckmin
Luiz Henrique da Silveira
42 Revista Boa Vontade
Casa do Jornalista festejou,
neste 7 de abril, seu 97o aniversário. A Associação Brasileira
de Imprensa (ABI), patrimônio
da arte de informar com imparcialidade,
justiça social e, acima de tudo, defendendo os interesses nacionais prossegue
cumprindo relevante papel na sociedade.
A cerimônia, realizada na sede da entidade no Rio de Janeiro/RJ, comemorou
também o Dia Nacional do Jornalista
e contou com a presença de diversos
representantes da classe, de políticos,
personalidades e o público em geral.
O ilustre Presidente da ABI, o jornalista Maurício Azêdo, fez um discurso
emocionado sobre os primeiros passos
da Organização, lembrando a figura de
seu idealizador, o jornalista catarinense
Gustavo Lacerda, e o momento histórico
deste nascimento. Agradeceu em sua
palavra as mensagens recebidas dos
“O fundador da LBV, o
jornalista e radialista Alziro
Zarur (1914-1979), foi um dos
mais eminentes membros da ABI
e sua trajetória de dedicação
ao bem comum e de dedicação
à Associação Brasileira de
Imprensa é continuada por esse
eminente companheiro, nosso
consórcio José de Paiva Netto,
a quem transmito o abraço
afetuoso do Corpo Social da
ABI, neste dia de gala para a
nossa entidade.”
Maurício Azêdo
Peças de Chiquinha Gonzaga estiveram
no repertório apresentado pela pianista
Maria Teresa Madeira, durante as comemorações dos 97 anos da ABI.
Governadores de São Paulo (Geraldo
Alckmin), de Santa Catarina (Luiz
Henrique da Silveira) e do Rio Grande
do Norte (Wilma Maria de Faria); e do
Diretor-Presidente da Legião da Boa
Vontade, o jornalista José de Paiva
Netto, entre outros relevantes nomes. Em
seguida, anunciou o recital da pianista
Maria Teresa Madeira, que brindou
os convidados, apresentando peças de
Chiquinha Gonzaga, Sinhô, Scott Joplin
e Ernesto Nazareth.
A Rede Boa Vontade de Rádio (Super Rádio Brasil AM 940 kHz) e a Rede
Mundial de Televisão fizeram a cobertura do acontecimento e entrevistaram,
para o quadro Personalidades, Maurício
Azêdo, que expôs aspectos de sua gestão: “As nossas prioridades centram-se
na ordenação administrativa da ABI, que