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3.0 Manifestações sistêmicas:
Geralmente, a doença renal crônica é assintomática em fase inicial, até que atinja o seu estado
avançado. (BASTOS, KIRSZTAJN,2011). No entanto, o paciente renal crônico pode apresentar
manifestações nessa fase como: Hipertensão arterial, proteinúria (elevação da uréia ou
creatinina sérrica), síndrome nefrótica e síndrome nefrítica recorrente, hematúria macroscópica
(Luke,2001).
3.1 Efeitos dos Eletrólitos, Fluidos e Hormônios:
A insuficiência renal atinge o órgão responsável por a maior parte da excreção de íons. Qualquer
tipo de doença que afete os rins e que prejudique de alguma forma a taxa de filtração glomerular
irá repercutir diretamente sobre essa excreção, gerando, logicamente, o acúmulo desses íons
que por sua vez poderá influenciar vários dos sistemas orgânicos.
A sobrecarga de sódio se manifesta como edema ou hipertensão volume dependente. Enquanto
que a hipermagnesia pode suprir a contração muscular e levar a um colapso ventilatório. Uma
hipercalemia secundária à redução na excreção de potássio pode ser uma ameaça de vida, pois
ela aumenta excitabilidade neuromuscular e pode resultar em entupimento do coração, arritmia
ventricular e parada cardíaca.
Hipocalcemia e hiperfosfatia são comuns em insuficiência renal crônica devido ao decréscimo
da excreção urinária de fosfato e a uma diminuição na absorção intestinal de cálcio, resultado
de uma inabilidade dos rins para sintetizar a forma ativa da vitamina D. O quadro de
hipocalcemia conduz a uma resposta compensatória da glândula paratireoide através da
liberação de seu hormônio (PTH), o que pode gerar um hiperparatireoidismo secundário.
Pacientes com hiperparatireoidismo severo sofrem de calcificação dos vasos sanguíneos,
tecidos moles, ao redor das articulações, tendões, rins e cartilagens costais.
3.2 Efeitos hematológicos:
Muitos dos portadores de nefropatias crônicas ou em estágio final apresentam um quadro de
anemia normocrômica e normocótica, sendo que sua etiologia multifatorial, resultando de
um decréscimo na produção de células vermelhas do sangue, uma menor meia-vida das células
produzidas e a perda de sangue por gastrointerites crônicas, além da estimada perda de 2 litros
de sangue por ano nos tubos de diálise.
Em adição, muitos desses pacientes têm aumento da fragilidade capilar, uma redução na
contagem e adesividade plaquetária o que leva a um tempo de sangramento e coagulação
maior.
3.3 Efeitos cardiovasculares
Arritmias cardíacas, falência cardíaca congestiva e hipertensão pulmonar, ambas como
resultado da retenção de sal e hipervolemia, bem como pericardites urêmicas, assim como existe
a possibilidade de hipertensão arterial, que é a doença mais comum em paciente com DRC
terminal.
3.4 Efeitos sobre a hemostasia:
São comuns complicações como hematomas, prologando o sangramento nasal,
gastrointenstinal, gengival entre outros. Episódios de sangramento intenso podem estar
relacionados com: (1) coagulopatia específica causada por um defeito na função plaquetária,
onde a agregação plaquetária fica comprometida por mudanças no fator III e VIII da cascata de
coagulação; (2) Uso de heparina na diálise e (3) anormalidades no tromboxano e prostaciclina.
3.5 Efeitos sobre o SNC
Dormência dos pés e dedos, fraqueza e atrofia dos músculos, apatia, irritabilidade,
perda da memória, depressão com diminuição da habilidade de concentração,
ansiedade ou até mesmo anormalidades no modo de andar.
3.6 Efeitos dermatológicos:
Palidez, equimoses, depósitos de cálcio, escoriações, pruridos e mucosa seca causada pela
desidratação. Em casos avançados, pode haver queimadura pelo acumulo de pó de uréia
na pele.
3.7 Efeitos imunológicos
O aumento da susceptibilidade à infecção também pode ocorrer, pelo decréscimo de
granulócitos e diminuição dos fagócitos e células killer.
4.0 Manifestações Orais em Pacientes com Insuficiência Renal
Apesar das manifestações orais que acometem pacientes com insuficiência renal não serem
específicas ou definitivas no diagnóstico da DRC, elas são secundárias da mesma.
4.1 Palidez da mucosa oral
O achado oral mais comum é a palidez da mucosa secundária a um quadro de anemia
comumente visto nos nefropatas submetidos ao tratamento de hemodiálise. (ZICCARDI et al,
1992)
4.2 Estomatite
A estomatite urêmica é um achado clínico frequente em casos avançados da doença,
sendo que a mesma pode se apresentar em duas formas distintas, estando correlacionada
com um nível elevado de uréia nitrogenada no sangue e que desaparece quando esse nível
retorna ao valor normal ou é menor do que 150mg/100ml. A forma eritematopultácea
caracteriza-se por uma mucosa avermelhada, ardente, ressecada, sem pseudomembrana.
A forma ulcerativa é caracterizada pela franca ulceração com vermelhidão e uma
cobertura pultácea.
4.3 Candidíase
A DRC geralmente está associada a imunodeficiência em pacientes em estágios
avançados. Assim, por esse motivo, é comum a descoberta de infecções por cândida em
cerca de 37% dos pacientes nefropatas e relaciona-se com estado sistêmico avançado.
(RAY, 1989)
4.4 Xerostomia
Devido à restrita ingestão de líquidos pelo decréscimo no débito urinário, a xerostomia
(boca seca) é uma manifestação oral comum e importante entre esses pacientes e, em
casos mais graves, uma saliva artificial pode ser indicada.
4.5 Halitose
Os primeiros sintomas são gosto ruim, hálito com odor de amônia e uma sensação de
língua aumentada mesmo antes do início da terapia de diálise, sendo que esses sintomas
são devidos a alta concentração de uréia na saliva, a qual é metabolizada resultando em
amônia.
4.6 Alterações esqueléticas
A oesteodistrofia renal descreve lesões ósseas a pacientes com falência renal e
hemodiálise crônica. É resultado de uma perturbação dos íons Ca2+ e fósforo, deficiente
ativação da vitamina D e aumento da ação da glândula paratireoide. Isso gera: perda da
lâmina dura, desmineralização do osso e radiolucidez localizada. (CLARK,1987)
4.7 Alterações dentárias
-Hipoplasia de esmalte: é comum em pacientes que começaram a doença na juventude,
durante a odontogênese. Sua localização na dentição permanente depende de quando
iniciou a doença.
-Calcificação da polpa e estreitamento da Câmara pulpar: O primeiro acontece
somada a calcificação metastática de tecidos moles. O segundo, é frequente em paciente
imunossuprimidos.
Cárie: baixa taxa está relacionada com efeito anticariogênico de inibição de lactobacilos
e neutralização do ácido da placa pelos altos níveis de uréia salivar.
Cálculo dentário: pacientes em hemodiálise apresentam maior índice. Relacionado a
equilíbrio sérrico alterando íons de cálcio e fosfato, embora o alto nível de ureia ou
proteína possa também estar envolvido.
Erosão dentária: Associada a pacientes com regurgitação, resultantes da náusea
associada com a sessão de diálise.
Piores condições de saúde bucal em pessoas com DRC podem contribuir para o aumento
da morbidade e mortalidade quando associadas às manifestações sistêmicas da doença,
como inflamação, infecções, perdas energético-proteicas, complicações ateroscleróticas
e hematológicas (AKAR et al., 2011)

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Manifestações sistêmicas e orais

  • 1. 3.0 Manifestações sistêmicas: Geralmente, a doença renal crônica é assintomática em fase inicial, até que atinja o seu estado avançado. (BASTOS, KIRSZTAJN,2011). No entanto, o paciente renal crônico pode apresentar manifestações nessa fase como: Hipertensão arterial, proteinúria (elevação da uréia ou creatinina sérrica), síndrome nefrótica e síndrome nefrítica recorrente, hematúria macroscópica (Luke,2001). 3.1 Efeitos dos Eletrólitos, Fluidos e Hormônios: A insuficiência renal atinge o órgão responsável por a maior parte da excreção de íons. Qualquer tipo de doença que afete os rins e que prejudique de alguma forma a taxa de filtração glomerular irá repercutir diretamente sobre essa excreção, gerando, logicamente, o acúmulo desses íons que por sua vez poderá influenciar vários dos sistemas orgânicos. A sobrecarga de sódio se manifesta como edema ou hipertensão volume dependente. Enquanto que a hipermagnesia pode suprir a contração muscular e levar a um colapso ventilatório. Uma hipercalemia secundária à redução na excreção de potássio pode ser uma ameaça de vida, pois ela aumenta excitabilidade neuromuscular e pode resultar em entupimento do coração, arritmia ventricular e parada cardíaca. Hipocalcemia e hiperfosfatia são comuns em insuficiência renal crônica devido ao decréscimo da excreção urinária de fosfato e a uma diminuição na absorção intestinal de cálcio, resultado de uma inabilidade dos rins para sintetizar a forma ativa da vitamina D. O quadro de hipocalcemia conduz a uma resposta compensatória da glândula paratireoide através da liberação de seu hormônio (PTH), o que pode gerar um hiperparatireoidismo secundário. Pacientes com hiperparatireoidismo severo sofrem de calcificação dos vasos sanguíneos, tecidos moles, ao redor das articulações, tendões, rins e cartilagens costais. 3.2 Efeitos hematológicos: Muitos dos portadores de nefropatias crônicas ou em estágio final apresentam um quadro de anemia normocrômica e normocótica, sendo que sua etiologia multifatorial, resultando de um decréscimo na produção de células vermelhas do sangue, uma menor meia-vida das células produzidas e a perda de sangue por gastrointerites crônicas, além da estimada perda de 2 litros de sangue por ano nos tubos de diálise. Em adição, muitos desses pacientes têm aumento da fragilidade capilar, uma redução na contagem e adesividade plaquetária o que leva a um tempo de sangramento e coagulação maior. 3.3 Efeitos cardiovasculares Arritmias cardíacas, falência cardíaca congestiva e hipertensão pulmonar, ambas como resultado da retenção de sal e hipervolemia, bem como pericardites urêmicas, assim como existe a possibilidade de hipertensão arterial, que é a doença mais comum em paciente com DRC terminal. 3.4 Efeitos sobre a hemostasia: São comuns complicações como hematomas, prologando o sangramento nasal, gastrointenstinal, gengival entre outros. Episódios de sangramento intenso podem estar relacionados com: (1) coagulopatia específica causada por um defeito na função plaquetária, onde a agregação plaquetária fica comprometida por mudanças no fator III e VIII da cascata de coagulação; (2) Uso de heparina na diálise e (3) anormalidades no tromboxano e prostaciclina. 3.5 Efeitos sobre o SNC
  • 2. Dormência dos pés e dedos, fraqueza e atrofia dos músculos, apatia, irritabilidade, perda da memória, depressão com diminuição da habilidade de concentração, ansiedade ou até mesmo anormalidades no modo de andar. 3.6 Efeitos dermatológicos: Palidez, equimoses, depósitos de cálcio, escoriações, pruridos e mucosa seca causada pela desidratação. Em casos avançados, pode haver queimadura pelo acumulo de pó de uréia na pele. 3.7 Efeitos imunológicos O aumento da susceptibilidade à infecção também pode ocorrer, pelo decréscimo de granulócitos e diminuição dos fagócitos e células killer. 4.0 Manifestações Orais em Pacientes com Insuficiência Renal Apesar das manifestações orais que acometem pacientes com insuficiência renal não serem específicas ou definitivas no diagnóstico da DRC, elas são secundárias da mesma. 4.1 Palidez da mucosa oral O achado oral mais comum é a palidez da mucosa secundária a um quadro de anemia comumente visto nos nefropatas submetidos ao tratamento de hemodiálise. (ZICCARDI et al, 1992) 4.2 Estomatite A estomatite urêmica é um achado clínico frequente em casos avançados da doença, sendo que a mesma pode se apresentar em duas formas distintas, estando correlacionada com um nível elevado de uréia nitrogenada no sangue e que desaparece quando esse nível retorna ao valor normal ou é menor do que 150mg/100ml. A forma eritematopultácea caracteriza-se por uma mucosa avermelhada, ardente, ressecada, sem pseudomembrana. A forma ulcerativa é caracterizada pela franca ulceração com vermelhidão e uma cobertura pultácea. 4.3 Candidíase A DRC geralmente está associada a imunodeficiência em pacientes em estágios avançados. Assim, por esse motivo, é comum a descoberta de infecções por cândida em cerca de 37% dos pacientes nefropatas e relaciona-se com estado sistêmico avançado. (RAY, 1989) 4.4 Xerostomia Devido à restrita ingestão de líquidos pelo decréscimo no débito urinário, a xerostomia (boca seca) é uma manifestação oral comum e importante entre esses pacientes e, em casos mais graves, uma saliva artificial pode ser indicada. 4.5 Halitose Os primeiros sintomas são gosto ruim, hálito com odor de amônia e uma sensação de língua aumentada mesmo antes do início da terapia de diálise, sendo que esses sintomas são devidos a alta concentração de uréia na saliva, a qual é metabolizada resultando em amônia. 4.6 Alterações esqueléticas
  • 3. A oesteodistrofia renal descreve lesões ósseas a pacientes com falência renal e hemodiálise crônica. É resultado de uma perturbação dos íons Ca2+ e fósforo, deficiente ativação da vitamina D e aumento da ação da glândula paratireoide. Isso gera: perda da lâmina dura, desmineralização do osso e radiolucidez localizada. (CLARK,1987) 4.7 Alterações dentárias -Hipoplasia de esmalte: é comum em pacientes que começaram a doença na juventude, durante a odontogênese. Sua localização na dentição permanente depende de quando iniciou a doença. -Calcificação da polpa e estreitamento da Câmara pulpar: O primeiro acontece somada a calcificação metastática de tecidos moles. O segundo, é frequente em paciente imunossuprimidos. Cárie: baixa taxa está relacionada com efeito anticariogênico de inibição de lactobacilos e neutralização do ácido da placa pelos altos níveis de uréia salivar. Cálculo dentário: pacientes em hemodiálise apresentam maior índice. Relacionado a equilíbrio sérrico alterando íons de cálcio e fosfato, embora o alto nível de ureia ou proteína possa também estar envolvido. Erosão dentária: Associada a pacientes com regurgitação, resultantes da náusea associada com a sessão de diálise. Piores condições de saúde bucal em pessoas com DRC podem contribuir para o aumento da morbidade e mortalidade quando associadas às manifestações sistêmicas da doença, como inflamação, infecções, perdas energético-proteicas, complicações ateroscleróticas e hematológicas (AKAR et al., 2011)