[1] O documento discute várias patologias neonatais, incluindo a síndrome do desconforto respiratório do recém-nascido, icterícia neonatal e convulsões neonatais. [2] A síndrome do desconforto respiratório é uma das principais causas de insuficiência respiratória e mortalidade em recém-nascidos pré-termos, enquanto a icterícia neonatal pode se tornar tóxica e levar a complicações neurológicas graves. [3] As convulsões neonatais ref
1. Patologias Neonatais – Introdução
Síndrome do Desconforto Respiratório do Recém
Nascido ou Doença de Membrana Hialina
2. Cont.
• A doença pulmonar de membranas hialinas (DPMH)
é uma das causas mais frequentes de insuficiência
respiratória do RN, devido a deficiência de
surfatante.
• A DPMH constitui um dos problemas mais comuns
de um serviço de neonatologia e uma das principais
causas de mortalidade
entre RN pré-termo, ocorrendo de 0,5 a 1,0% em
todos os nascimentos.
3. Cont.
• A síndrome do desconforto respiratório do recém-
nascido (SDR) ou doença de membrana hialina
(DMH) acomete principalmente os recém-nascidos
pré-termo, sendo incomum após 38 semanas de
gestação. A doença pode atingir até 50% dos RN
com idade gestacional entre 28 e 30 semanas.
4. SDR
• É mais frequente em RN Prematuros
• Incidência é inversamente proporcional a idade
gestacional e ao peso ao nascer
60 -80% 28 Semanas
15-30% 32-36 Semanas
5 % 37 Semana
Raro Termo
5. Factores de Risco
• Prematuridade
• Anóxia perinatal
• História materna de hemorragias
• Diabetes materno;
• Segundo gemelar;
• RN anterior afectado;
• Parto cesárea;
• Hipotermia
• Assistência pré-natal deficiente
6. Quadro clínico
• Depende da IG e maturidade
do RN
Inicio nas primeiras horas de
vida
Taquipneia, Gemido
expiratório
Adejo nasal
Tiragem intercostal e
subcostal
Retracção esternal xifóidea
Cianose, apneias
7. Quadro clínico (Cont.)
• Insuficiência respiratória nas primeiras horas de vida;
• Dispnéia;
• Aumento progressivo da frequência respiratória; retração
esternal importante;
• Tiragem intercostal;
• Cianose central;
• Gemido expiratório;
• Crises de apnéia;
• Palidez;
• Hipotermia;
• Edema e oligúria;
• Hipotensão, hipotonia e hipoatividade.
9. Tratamento
• Estabilização inicial na sala de partos
• Monitorizar os sinais vitais
• Se hipotensão administrar cristalóides ou colóides -
10ml/kg Ev 30 minutos
10. Tratamento
Restrição de líquidos
• 60ml/kg nas 1ªs 48h, Dext a 10%
• Dias subsequentes 100-150ml/kg/d
• Sódio no 3º dia (S.Fis. 20ml/kg/d)
• Potássio no 3º dia (1-2meq/kg/d)
• Antibioterapia (Penicilina ou Ampicilina + Aminoglicosidio)
• Oxigenoterapia
11. Taquipneia Transitória do Recém-
Nascido
• A taquipneia transitória do recém-nascido (TTRN) é
uma doença respiratória neonatal de curso
autolimitado e de boa evolução,
acometendo principalmente recém-nascidos a
termo ou próximos ao termo
12. Quadro clínico
• Taquipneia, retração subcostal e tiragem intercostal
• Episódios de cianose
• Desconforto respiratório inicia-se nas primeiras
melhorando a partir de 24 a 48h
• Insuficiência respiratória
13. Cont.
• O que a distingue da SDR/DMH é que ocorre em
RN de termo e os quadros são normalmente
menos graves.
• O tratamento da doença é basicamente de suporte,
com uso de oxigênio inalatório e cuidados gerais.
14. Cuidados Gerais nas patologias respiratórias
• Aquecimento; monitoração da FC e FR; controles
laboratoriais; fornecimento de líquidos e calorias;
alimentação enteral ou parenteral, se for preciso;
controle rigoroso de peso; correção do equilíbrio
acidobásico;
• Prevenção de infecções; oxigenoterapia,
• Avaliar os sinais vitais continuamente de acordo com
a gravidade do RN;
• Administrção hídrica e de electrólitos conforme a
prescrição.
15. Cont.
• Mudança de posição do RN a cada três horas;
cuidados com os dispositivos do RN; alimentação
conforme as necessidades.
• Verificar a cada 3 horas se o cateter ou a sonda não
estão bloqueados com secreção, ou se estão
correctamente posicionados e se todas as conexões
estão bem fixadas.
• Avaliar a temperatura se TC ≥ 39oC administrar
paracetamol oral 10-15mg/kg.
17. Icterícia neonatal
• A icterícia neonatal é uma manifestação que pode ser
fisiológica ou patológica que ocorre em recém-nascidos
em consequência do aumento de bilirrubina indirecta
(hiperbilirrubinemia) na corrente sanguínea.
• A icterícia é caracterizada pela coloração amarelada da
pele e das escleróticas (parte branca dos olhos).
19. Factores de Risco
• Filho de mãe diábetica;
• Prematuridade;
• Equimose cutanea;
• Cefalo-hematoma;
• Indução do trabalho de parto com ocitocina;
• Atraso na eliminação do mecónio;
20. Fisiopatologia
• A bilirrubina é produzida em resultado da degradação da
hemoglobina, presente nos glóbulos vermelhos, processo que
ocorre normalmente e faz parte do ciclo de vida natural
destas células.
• O sangue do recém-nascido (RN) tem uma quantidade
elevada de hemoglobina, de forma a garantir a sua
sobrevivência e correto desenvolvimento no meio
intrauterino, relativamente pobre em oxigénio. Após o
nascimento, este excesso de hemoglobina é degradado pelo
corpo em quantidades elevadas de bilirrubina.
21. Fisiopatologia
• A bilirrubina assim produzida é levada pelo sangue
até ao fígado onde é conjugada com outros
compostos, tornando-se inofensiva e permitindo a
sua excreção pelas fezes.
• Os RN estão particularmente expostos à acumulação
da bilirrubina por terem uma produção aumentada
(pela destruição do excesso de glóbulos vermelhos) e
uma depuração diminuída (por imaturidade
temporária do fígado).
22. Tipos de Icterícia
Icterícia fisiológica
• Resulta dos processos decorrentes da adaptação do
RN ao meio extrauterino;
• Ocorre em 60% dos RN de termo e 80% dos RN pré-
termo;
• Aparece apartir de 48 a 36 horas de vida e se
prolonga até 7dias.
23. Tipos de Icterícia
Icterícia patologica
• Manifesta-se nas primeiras 24 horas de vida;
• Pode ser causada por sepsis, infecção urinária,
cefalohematoma gigante, atresia biliar, infecções
congenitas e a mais importante que é a
incompatibilidade sanguínea ABO ou Rh.
24. Complicações
• A bilirrubina não conjugada pode tornar-se
tóxica a partir de determinados valores
penetrando na barreira hematoencefálica
ainda imatura e depositando-se nas células
nervosas causando lesões.
• Esse depósito ocorre preferencialmente nos
chamados núcleos da base dando origem a um
quadro neurológico conhecido como
Kernicterus.
• O Kernicterus manifesta-se com a mudança de
actividade, hipotonia, choro alto, sucção fraca,
fontanela abaulada, convulsões e ausência de
reflexos levando a morte ou a sequelas graves
(deficiências auditivas, paralisia cerebral).
25. Diagnóstico
• Bilirrubina total e fraccionada;
• Hemoglobina, Plasmódio;
• Grupo sanguineo da mãe e do RN;
• Hemograma;
• Considera-se bilirrubina não conjugada quando os
valores estão acima de 15mg/dl.
26. Tratamento
• Tratar os factores causais;
• Fornecer liquidos e dextrose adicional;
• Fototerapia ;
27. Fototerapia
• Na maioria dos casos o tratamento indicado é a
fototerapia. Deve ser feita com luz branca ou azul de
preferência florescente;
• A lâmpada deve estar a uma distância mínima de 80cm;
• Os olhos e os genitais devem estar protegidos;
• A luz solar pode ser util onde não tem condições.
28.
29. Cuidados Gerais durante a Fototerapia
• Posicionar o aparelho a cerca de 80cm do RN;
• O recém-nascido deve ser exposto à fototerapia somente
com fralda para que maior superfície corporal seja atingida
pela luz;
• Proteger os olhos e a genitalia do RN pois a luz da
fototerapia pode provocar danos a retina e gônodas;
• Manter limpa a superfície de acrílico da incubadora e a
proteção do dispositivo da fototerapia;
• Verificar se todas as lâmpadas estão acesas;
• Utilizar aparelhos equipados com 7 ou 8 lâmpadas;
• Substituir duas lâmpadas fluorescentes brancas por
lâmpadas azuis (posicione-as no centro do aparelho);
30. Cuidados Gerais durante a Fototerapia
• Sempre que possível, manter a nutrição enteral e
enquanto estiver a amamentar retirar a protecção
ocular;
• Controlar a temperatura do RN durante a fototerapia;
• Controlar o número das evacuações;
• Monitorização da diurese;
• Atenção ao peso;
• Monitorizar a temperatura do RN;
• Cuidados com a pele;
• Mudança de posição de 2/2h;
• Manter o RN hidratado.
31. • Limpeza frequente do berço;
• Retirada do RN da fototerapia para a amamentação,
mesmo que a prescrição seja contínua;
• Fototerapia pode ser intermitente ou continua de
acordo com a prescrição médica;
• Retirada do RN da fototerapia 15’ antes do banho, para
que seu corpo não sinta a diferença da temperatura.
31
Cont.
32. Complicações do tratamento
• Síndrome do bebé bronzeado
• Lesão dos fotoreceptores da retina
• Perdas líquidas
• Distúrbios GI
34. O que são convulsões ?
Quais os outros nomes ?
35. Definição:
• Expressão clínica de uma descarga neuronal
paroxística e excessiva do SNC
• Representam sinais de disfunção do SNC
Convulsões Neonatais
36. • São disfunções neurológicas observadas com maior
frequência em crianças e podem ocorrer com uma grande
variedade de condiões envolvendo o SNC.
• Uma função importante durante uma convulsão é observá-la e
descrever seus aspectos. O técnico de saúde deve anotar o
horário de início da convulsões e marcar a duração da
convulsão. Isto é particularmente importante se a crianca
tornar-se cianotica.
36
Convulsões Neonatais
37. Convulsões Neonatais
• São emergências neurológicas, refletem uma lesão
no cérebro imaturo, pois as convulsões representam
uma disfunção do SNC e caracterizam-se por uma
alteração súbita das funções neurológicas.
38. Caracteristicas:
• Diferentes de crianças maiores e dos adultos, porque
maturação neuronal ainda é incompleta
• Convulsões generalizadas não ocorre durante o 1º mês
de vida
• Nos RN podem interferir com função cardiorespiratoria
e provocar alterações no desenvolvimento do SNC
• Díficeis de diagnosticar
Convulsões Neonatais
39. 1. CONVULSÕES SUBTIS
- Desvio horizontal dos olhos
- Postura anormal tónica de um membro
- Pestanejar repetitivo das pálpebras
- Abertura exagerada das fendas palpebrais
- Olhar fixo
- Sucção despropositada
- Apneias
- Movimento de pedalar ou natação
- Movimentos clónicos do queixo
- “Grito cerebral”repetitivo
CONVULSÕES NEONATAIS
40. 2. Convulsões tónicas
3. Convulsões clónicas multifocais
4. Convulsões focais
5. Convulsões mioclónicas
OUTRAS FORMAS DE CONVULSÕES
41. Quadro Clínico:
• Imaturidade estrutural e funcional do cérebro
• Expressão clínica das convulsões
Convulsões Neonatais
42. Tipo de convulsões Idade
gestacional
Clínica
Subtis
(65% )
Termo e pré
termo
Desvio conjugado dos olhos (RN
termo) pestanejar repetitivo (Pré
Termo).Mov mastigação; salivação
excessiva; Epis. Apneia;Mov.
Pedalagem;Mov de boxe;Mov lingua
Clónicas Termo Focais; contracções rítmicas grupos
musculares membros e face
Multifocais; Mtos grupos musculares
envolvidos e simultâneamente
Tónicas Pré Termo Postura rigida das extremidades ou do
tronco, desvio conjugado dos olhos
Mioclónicas Movimentos bruscos das extremidades
ou de todo corpo envolvendo varios
músculos distais
Quadro Clínico
43. Aspectos clinicos Tremores Convulsões
Mov. Oculares anormais 0 +
Desencadeado por
estimulo- sensiveis
+ 0
Mov. predominantes Bilateral e simétrico Mov. Assimétricos e
unilaterais (> desvio para
um dos lados)
Mov cessam com flexão
passiva
+ 0
Alterações autossómicas 0 +
Tremores x Convulsões
44. Causa Início RN Pré Termo RN Termo
ASFIXIA < 3d Mto freq. Mto freq.
HEMORRAGIA
CEREBRAL
H.
Intraventricular
H.
Subaracnoidea
Hematoma
subdural
/epidural
<3d
< 1d
Variável
Frequente Frequente ( asfixia)
Trauma de Parto
Malformações do
SNC
> 7d
Etiologia
45. Causa Início RN Pré Termo RN Termo
Metabólicas:
Hipoglicémia
Hipocalcémia
precoce
Hipocalcémia
tardia
Hipomagnesémia
Hiper/hiponatrémi
a
Dependência
piridoxina
Sind. Privação de
drogas
< 2d
< 2-3 d
< 3 d
Etiologia
46. Etiologia
Causa Início RN Pré Termo RN Termo
INFECIOSA:
Meningite
bacteriana
Malária congénita
Infeção bacteriana
tardia
Infeção
congénita;
HIV,sifilis,
rúbeola,
toxoplasmose
Encefalite viral
Diarreia
< 3d
< 3d
>3d
> 3d
>3d
Frequente
Frequente
Frequente
Frequente
Frequente
Frequente
Frequente
Frequente
47. • Depende da identificação da presença ou não de factores de risco e do
reconhecimento das manifestações clínicas.
a. Anamnese da gravidez e do parto.
• Abuso da drogas;
• Infecções;
• Desordens genéticas e metabólicas familiares;
• b. Época de início dos sintomas:
• Precoce: até 3º dia de vida
• Tardio: do 4º ao 10º dia de vida.
• c. Enfermidades associadas:
• d. Exame neurológico detalhado
Diagnóstico
48. e . Exames laboratoriais:
Desordens Metabólicas
• Glicémia
• Cálcio
• Magnésio
f. Infecção
g. EEG
Pode confirmar o diagnóstico de convulsões através da correlação entre
descargas elétricas paroxística com a manifestação clínica.
h. Ecografia cerebral: Hemorragia Endocraneana e Malformações
Diagnóstico
49. • O tratamento é urgente, dirigido a paragem de convulsões e ao
tratamento de factor causal
• Verificar permeabilidade das vias aéreas (se necessário aspirar),
a frequência cardiaca e respiratória
• Fenobarbital 10-20mg/kg Ev
• Diazepam 0.3-0.5 mg / kg, rectal ou EV
• Fazer dextrostix para excluir hipoglicémia
• Se, Hipoglicémia <40 mg/dl ou abaixo de 3mmol/dl
• soro glicosado a 10% - 2-5ml / kg em bolus EV.
• Seguido soro glicosado 10% - dose manutenção 50- 80ml/kg/
dia EV
Tratamento
50. • RN: P- 3kg
• Frasco: 10mg/2ml
Qual a dose de diazepam?
0,3mg/kg rectal
3x 0,3mg=0,9 ~1mg rectal
= 0,2 ml
Tratamento
51. • RN-3 kg
• Glicémia < 20 mg/dl
• Com convulsões subtis
• Como corrigir?
Bolus de Dext 10% EV
5ml/kg =5 x3= 15ml
15ml = 1/5 Dext 30%= 3ml
4/5 Dext 5% = 12ml
Tratamento
52. • Manutenção:50-80ml / kg EV
50mlx 3kg=150ml
150ml 1/5 Dext30% = 30ml
4/5 Dext 5% = 120 ml
Nº de gotas/min = Volume Total / 3 x nº horas
Nº de gotas/min = 150ml / 3 x 24 h = 2 gotas / min
em 24h
Tratamento
53. Fenobarbital:
Dose de indução:10 mg/ kg, EV , diluido em 10 ml de dextrose a
10%, repetir se necessário (controlar respiração e pressão
arterial)
Manutenção: 4 - 6 mg / kg / dia IM ou oral de 12/12 h.
• Se continuar com convulsões
• Associar :
Fenitoina:
Dose de indução: 20 mg/ kg, EV, diluir em soro fisiológico
Manutenção: 5 - 10mg / kg /dia, EV, de 8/8 horas
Tratamento
54. • Tratar situação de base - Sépsis, Meningite ,Maláris, Sifilis
• Controlar e manter o equilibrio Metabólico, Eletrolitico,
Hidrico e energético
Tratamento
55. Durante a convulsão:
Anotar o inicio do episódio convulsivo;
Aproximar-se calmamente, se a criança estiver de pé ou
sentada, ajudá-la a deitar;
Colocar almofada ou cobertor sob a cabeca da crianca. Se nao
houver roupa de cama disponivel;
colocar suas próprias mãos sob a cabeça da criança;
Remova qualquer objecto duro ou de risco da área;
Se houver vómitos, tente virar a criança para o lado.
Nunca: tentar conter a criança ou usar força; colocar algo na
boca, administrar alimentos ou líquidos.
55
Cuidados Gerais
56. Apos a convulsão:
Anotar o fim da convulsão
Verificar a respiração, posição da cabeça e da língua,
reposicionar a cabeça, se estiver hiperestendida, se não
respira reanimar e chamar o medico de urgência;
Manter a criança em decúbito lateral
Permanecer com a criança e tranquiliza-la ate que esteja
totalmente consciente;
Procurar identificar e determinar que factores ocorreram
antes do inicio da convulsão e quais podem ter sido os
factores deflagradores.
56
Cont.
58. • Nelson – Textbook of Pediatrics
• Care of the High Risk Neonate – Klaus and Fanaroff
• Basic newborn ressuscitation: A pratical guide – OMS
• Perinatal Education Program – PEP Newborn care – D.L.
Woods – Cape Town
• Manual de Reanimação Neonatal – Ronald Bloom e
Catherine Cropley (American Academy of Pediatrics) – 4
edição em português
• Consensos Nacionais em Neonatologia (2004, Sociedade
Portuguesa de Pediatria)
Bibliografia