Contos populares russos: A panqueca que enganou animais
1. AECP | Biblioteca Escolar 10 minutos a ler… Contos de fadas e contos tradicionais de todo o mundo
CONTO POPULAR RUSSO
2. AECP | Biblioteca Escolar 10 minutos a ler… Contos de fadas e contos tradicionais de todo o mundo
Numa modesta choupana, viviam um velho e uma velha. Um dia, o
velho disse:
— Mulher, apetece-me comer uma panqueca doce. Por que não me
fazes uma?
— E como é que ta posso fazer se não tenho farinha? — perguntou-
lhe a velha.
— Limpa a masseira e verás que consegues um punhado de farinha.
A velha acedeu. Limpou a masseira e recolheu dois punhados de
farinha. Misturou-os com água e açúcar e fez uma panqueca que pôs a
fritar em manteiga.
Quando ficou pronta, a velhinha pô-la no parapeito da janela para
arrefecer mais depressa. De repente, um sopro de vento levantou a
panqueca, que começou a rebolar pela rua. Como uma roda a descer,
assim corria a panqueca. E deste modo rodou até encontrar uma lebre.
— Que panqueca apetitosa! Vou-te comer! — disse a lebre com água
na boca.
Em resposta, a panqueca começou a cantar:
Da masseira me tiraram.
e em manteiga me fritaram.
Amassada com água e farinha,
pelas mãos da velhinha,
fui posta a arrefecer
para o avô me comer.
Se dos velhinhos fugi,
eu também fujo de ti, lebre!
Dizendo isto, a panqueca foi-se embora, deixando a lebre a ver navios.
Ainda não tinha andado muito, quando encontrou o lobo.
— Que panqueca douradinha! Vou-te comer! — disse o lobo,
esfomeado.
Mas de novo a panqueca cantou:
3. AECP | Biblioteca Escolar 10 minutos a ler… Contos de fadas e contos tradicionais de todo o mundo
Da masseira me tiraram
e em manteiga me fritaram.
Amassada com água e farinha,
pelas mãos da velhinha,
fui posta a arrefecer
para o avô me comer.
Se dos velhinhos fugi,
se da lebre me salvei,
eu também fujo de ti, lobo!
Dizendo isto, a panqueca foi-se embora, deixando o lobo com um
nariz de metro e meio.
Rola que rola a panqueca, contente por enganar todos com a sua
cançoneta. Foi então que apareceu um urso.
— Que panqueca deliciosa! Vou-te comer! — disse o urso.
A panqueca não se assustou nada e cantou:
Da masseira me tiraram.
e em manteiga me fritaram.
Amassada com água e farinha,
pelas mãos da velhinha,
fui posta a arrefecer
para o avô me comer.
Se dos velhinhos fugi,
se da lebre me salvei,
se do lobo escapei,
Eu também fujo de ti, urso!
E, sem acrescentar mais nada, a panqueca continuou a rebolar,
4. AECP | Biblioteca Escolar 10 minutos a ler… Contos de fadas e contos tradicionais de todo o mundo
deixando o urso de boca aberta.
Rebola que rebola, a panqueca viu a soberba e ruiva raposa vir ao
seu encontro.
— Bom dia, panqueca — disse a raposa.
A panqueca não se assustou e começou a cantar:
Da masseira me tiraram.
e em manteiga me fritaram.
Amassada com água e farinha,
pelas mãos da velhinha,
fui posta a arrefecer
para o avô me comer.
Se dos velhinhos fugi,
se da lebre me salvei,
se do lobo escapei,
se o urso enganei,
eu também fujo de ti, raposa!
— Céus, que linda cançoneta! — exclamou a raposa enquanto os
seus olhos lhe começavam a brilhar. — Vem, bela panqueca, senta-te no
meu focinho e canta-me outra vez.
Vaidosa, a panqueca obedeceu e cantou novamente a sua
cançoneta.
— É realmente encantadora! — continuou a raposa. — Peço-te,
graciosa panqueca, canta-me só mais uma vez, aqui, na minha língua.
A panqueca, pateta, saltou para a língua da raposa e logo:
«Mnham!», a raposa a comeu. E como era doce a panqueca!