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Pr. A. Carlos G. BentesPr. A. Carlos G. Bentes
DOUTOR EM TEOLOGIADOUTOR EM TEOLOGIA
PhD em Teologia SistemPhD em Teologia Sistemááticatica
l ") oGl ") oG
TANATOLOGIA
HADESLOGIA
SHEOLOGIA
A DOUTRINA DO ESTADO INTERMEDIÁRIO
“A SUA UNÇÃO VOS ENSINA A RESPEITO DE TODAS AS COISAS” (1 Jo 2.27)
“A sabedoria é a coisa principal; adquire pois, a sabedoria; sim com tudo o que possuis
adquire o conhecimento” (Pv 4.7)
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
ÍNDICE
I.INTRODUÇÃO. O QUE É O INFERNO. ..................................................................................................4
O QUE É O INFERNO..............................................................................................................................6
Inferno.................................................................................................................................................9
“SHEOLOGIA – HADESLOGIA”..........................................................................................................15
II.SHEOL-HADES: O LUGAR DOS MORTOS............................................................................................17
1) Hades antes da ascensão de Cristo. No NT, hades indica a habitação dos mortos e é equivalente ao
Sheol, no AT. Acreditava-se que, na ocasião da morte, tanto os bons quanto os maus iam para o
Hades, embora no pensamento bíblico posterior considera-se que os bons estão num recinto superior
do hades, chamado paraíso (cf. Lc 16.19-31). A passagem em que a palavra ocorre deixa claro que o
Hades estava antigamente dividido em dois, as moradas dos salvos e a dos incrédulos,
respectivamente. A primeira era chamada “paraíso” e “seio de Abraão”. Ambas designações eram
talmúdicas, mas foram adotadas por Cristo em Lucas 16.22; 23.43. Os mortos abençoados estavam
com Abraão, eram conscientes e estavam “confortados” (Lc 16.25). O ladrão que acreditou estaria,
naquele dia, com Cristo no “paraíso”. Os incrédulos estavam separados dos salvos por um “grande
abismo” fixo (Lc 16.26). O representante dos incrédulos que agora estão no Hades é o homem rico de
Lucas 16.19-31. Ele estava vivo, consciente, exercendo todas as suas funções, memória etc, e em
agonia.......................................................................................................................................................18
2) Hades desde a ascensão de Cristo. Quanto aos mortos incrédulos, nenhuma mudança de lugar ou
condição é revelada nas Escrituras. No julgamento do grande trono branco, o Hades os entregará, eles
serão julgados e passarão para o lago do fogo (Ap 20.13,14). Mas houve uma mudança que afetou o
paraíso. Paulo foi “arrebatado ao paraíso” (2Co 12.1-4). O paraíso, então, agora está na presença
imediata de Deus. Acredita-se que Efésios 4.8-10 indique o tempo da mudança. “Quando ele subiu às
alturas, levou cativo o cativeiro”. Acrescenta-se imediatamente que antes Ele havia “descido até às
regiões inferiores da terra”, i.e., a parte do Hades chamada paraíso. Durante a atual era da igreja, os
salvos que morrem estão “ausentes do corpo e presentes com o Senhor”. Os mortos incrédulos no
Hades e os mortos salvos “com o Senhor” esperam a ressurreição (Jó 19.25; 1Co 15.52). (C. I. Scofield,
Reference Bible, p. 1098-9)......................................................................................................................18
III.SHEOL NO VELHO TESTAMENTO E A SUA LOCALIZAÇÃO.................................................................19
IV.DEPOIS DO SHEOL-HADES SEGUE-SE O GEENA ...............................................................................24
VI.AS CIDADES DE REFÚGIO - TIPO DO HADES (SHEOL).........................................................36
VII.PERSONAGENS QUE ESCAPARAM DO SHEOL-HADES......................................................................36
VIII.ALGUNS PERSONAGENS QUE PASSARAM POUCO TEMPO NO SHEOL-HADES................................38
2
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
REFERÊNCIAS BÍBLICAS.......................................................................................................................41
BIOGRAFIA DO AUTOR........................................................................................................................44
3
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
I. INTRODUÇÃO. O QUE É O INFERNO. 1
Inferno é um termo usado por diferentes religiões e mitologias, representando a
morada dos mortos ou um lugar de condenação. A palavra inferno não é encontrada nem
no Novo e nem no Velho Testamento. A origem do termo é latina: infernum, que significa
“as profundezas” ou o “mundo inferior”.
1. Inferno na mitologia grega
Na mitologia grega, as profundezas correspondiam ao reino de Hades, para onde iam
os mortos. Daí ser comum encontrar-se a referência de que Hades era Deus dos Infernos.
O uso do plural, infernos indica mais o caráter de submundo e mundo das profundezas do
que o caráter de lugar de condenação, em geral dado pelo singular, inferno.
2. Inferno no judaísmo
No judaísmo, o termo Gehinom (ou Gehena) designa a situação de purificação
necessária à alma para que possa entrar no Paraíso - denominado por Gan Eden. Nesse
sentido, o inferno na religião e mitologia judaica não é eterno, mas uma condição finita,
após a qual a alma está purificada. Outro termo designativo do mundo dos mortos é Sheol,
que apresenta essa característica de desolação, silêncio e purificação.
3. Inferno no budismo
De certo modo, todo o samsara é um inferno para o budismo, visto que em qualquer
reino do samsara2
existe sofrimento. Entretanto, em alguns reinos, o sofrimento é maior
correspondendo à noção de inferno como lugar ou situação de sofrimento. Por esse
motivo, muitas vezes expressam-se esses mundos de sofrimento maior como infernos.
Nenhum renascimento em um inferno é eterno, embora o tempo da mente nessas situações
possa ser contado em eras. Contam-se dezoito formas de infernos, sendo oito quentes, oito
frios e mais dois infernos que são, na verdade, duas subcategorias de infernos: os da
vizinhança dos infernos quentes e os infernos efêmeros. Além desses dezoito que
constituem o “Reino dos Infernos”, pelo sofrimento, o “Reino dos Fantasmas Famintos” é
comparável à noção de inferno, sendo constituído de estados de consciência de forte
privação - como fome ou sede - sem que haja possibilidade de saciar essa privação. A
meditação sobre os infernos deve gerar compaixão.
4. Inferno no islamismo
No Islã, o inferno é eterno, consistindo em sete portões pelos quais entram as várias
categorias de condenados, sejam eles muçulmanos injustos ou não muçulmanos.
5. Inferno no cristianismo
1
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
2
Samsara. [Sânscr., 'passagem por estados sucessivos'.] Substantivo masculino. Metempsicose.
4
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
Na tradição cristã o inferno corresponde a um dos chamados novíssimos: a morte, o
juízo final, o inferno e o paraíso. A ideia de que o inferno é um lugar de condenação
eterna, tal como se apresenta hoje, nem sempre foi consenso entre os cristãos. Nos
primeiros séculos do cristianismo, houve quem defendesse que a permanência da alma no
inferno era temporária. Por fim, prevaleceu entre os cristãos a concepção de que a
condenação era eterna.
Sheol (Hades)
Sheol é um termo hebraico presente na Bíblia que designa a “morada dos mortos”.
Inicialmente o conceito se referia a um lugar longe do olhar de Deus, de existência
sofrível, destino de todos os seres humanos, bons ou maus. Posteriormente o conceito
modificou-se para o lugar onde os maus receberiam o castigo merecido.
Hades
Na mitologia grega, Hades é o deus do mundo inferior, soberano dos mortos. O
nome Hades era usado para designar tanto o deus como os seus domínios.
O deus Hades
Hades era um deus de poucas palavras e seu nome inspirava tanto medo que as
pessoas procuravam não pronunciá-lo. Era também conhecido como “o Rico” - pois era
dono das riquezas do subsolo - e também como “o Hospitaleiro”, pois sempre havia lugar
para mais uma alma no seu reino. Casou-se com Perséfone, filha de Zeus e Deméter, após
um rapto bem sucedido.
Hades, o reino dos mortos
Hades era conhecido como o reino dos mortos ou simplesmente o submundo. Este
era um lugar onde imperava a tristeza. O barqueiro Caronte conduzia as almas dos mortos
através do rio de águas paradas Estige, até a entrada do reino de Hades, que era guardada
por Cérbero, um monstruoso cão de três cabeças que não deixava as almas saírem do reino
de Hades. Convém salientar que, segundo Homero, Hades era o nome do deus, dizendo-se
inicialmente que “as almas baixavam à casa de Hades”. Mais tarde a “casa de Hades”
passou ser simplesmente tratada com o mesmo nome do deus, passando a dizer-se que “as
almas desciam a Hades”.
5
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
O QUE É O INFERNO
1º) O inferno é um lugar preparado para o Diabo e seus anjos (Mt 25.41; 2Pe 2.4; Ap 20.1-
3, 10,14).
2º) O inferno é, também lugar de castigo eterno para os ímpios (Mt 5.22, 29,30; 10.28;
18.8,9; 23.15, 33 (geena); Mt 25.41, 46; 2Ts 1.9; Ap 19.20; 20.14,15; Dn 12.2).
Há duas palavras que precisam ser consideradas neste contexto, pois desempenham
importante papel no ensino da Bíblia sobre o assunto. As duas palavras são: “Sheol" e
“Hades”, sendo a primeira hebraica, e a segunda grega. As duas palavras tem a mesma
significação, isto e, referem-se ao mesmo lugar geral: a habitação das almas dos mortos.
Em algumas traduções essas palavras são traduzidas de diversas maneiras, tais como
“inferno”, “abismo” e “sepultura”, porem não são traduções corretas, pois cada um desses
vocábulos nossos tem seu próprio equivalente hebraico ou grego. Há versões que evitam o
erro não traduzindo, mas apenas transliterando as palavras “Sheol” e “Hades'’.
“No Antigo Testamento, todos aqueles que morriam, tanto justos como ímpios, são
referidos como tendo ido para o Sheol (Gn 37.35; Sl 9.17; 16.10). Na narrativa do rico e
Lazaro em Lucas 16, Jesus levanta a cortina e revela o fato de que no Sheol ou Hades
existem dois compartimentos. O primeiro, chamado de “seio de Abraão”, era a habitação
dos justos, e então era identificado com o Paraíso (Lc 23.43, comparado com Mt 12.40).
Por ocasião da ressurreição de Cristo essa parte do Hades (Paraíso) foi esvaziado de seus
ocupantes, que foram transferidos a destra de Deus (Ef 4.8-10 comparado com 2Co 12.2-
4; Sl 68.18). A nova habitação dos justos e atualmente chamado de Paraíso. E a esse lugar
da presença de Cristo que o crente vai por ocasião de sua partida deste mundo, e é ali que
o crente habita em comunhão consciente com Cristo, onde permanecerá também ate a
6
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
ressurreição dos justos (Fp 1.23,24; 2Co 5.6-8; 1s 4.14-17). A outra parte do Hades ou
Sheol, que era separada do Paraíso pelo grande abismo, e a habitação das almas dos
ímpios. É a prisão temporária onde os criminosos do universo são mantidos aprisionados
enquanto esperam o Julgamento do Grande Trono Branco”. 3
Um problema crônico que os tradutores bíblicos enfrentam é a tradução para a
palavra inferno a partir de palavras gregas e hebraicas. Isso porque a palavra inferno não
vem nem do hebraico do AT nem do grego do NT, mas vem do latim infernus, de séculos
posteriores. Essa palavra não existe originalmente na Bíblia, cabendo aos tradutores
“identificarem” o inferno em palavras gregas tendo por base as suas próprias convicções
teológicas. Algumas palavras que foram traduzidas por “inferno”
são Sheol, Hades, Tártaros e Geena, sem que o sentido real de algumas dessas palavras
fosse realmente o infernus que ficou popularmente conhecido como um local de tormento
e castigo.
O leitor simples, sem conhecimento das línguas originais, não tem como descobrir,
então, o que é e o que não é inferno, por traduzirem todas essas como “inferno” em
diferentes ocasiões, conquanto que tenham significados bem distintos entre si. O
significado de Sheol ou Hades difere do Tártaro, que por sua vez difere do Geena. É
necessário voltarmos aos originais se queremos descobrir qual delas é que está no original,
em cada citação distinta. Tendo em vista que, como vimos, os ímpios não se encontram
atualmente no inferno, então este é um lugar que está para ser inaugurado. Mas de todas as
palavras que vimos acima e que são traduzidas por “inferno” em nossas Bíblias, qual delas
seria realmente um local de punição futura aos condenados? É isso o que veremos agora.
Geena (γ ενναέ ) – A vista de tudo isso, o que seria então o “inferno” bíblico?
O geena. E esse lugar de tormento eterno ainda está para ser inaugurado. Quando Cristo
fala do “inferno”, no original é “geena” e se refere não a um inferno existente, mas ao
local de castigo que existirá após a ressurreição. Jesus perguntou aos fariseus: “Como
vocês escaparão da condenação ao inferno [geena]?” (cf. Mt 23.33). Também disse aos
fariseus que eles faziam discípulos para depois os tornarem “duas vezes mais filho do
inferno [geena] do que vós” (cf. Mt 23.15), e que “é melhor entrar na vida aleijado do que,
tendo os dois pés, ser lançado no inferno [geena]” (cf. Mc 9.45). Qualquer um que disser
“louco” ao ser irmão, “corre risco de ir para o fogo do inferno [geena]” (cf. Mt 5.22).
A passagem mais clara de que o verdadeiro inferno à luz da Bíblia (que é o geena)
não é um local só para espíritos incorpóreos, mas para onde vão, também, os corpos
físicos dos ímpios, é Mateus 5.29, onde Cristo diz que, “se o teu olho direito te
escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus
membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno [geena]”. Mas o que era esse
geena, de que Cristo tanto falava? Geena era o nome dado ao Vale de Hinon, que se
localizava ao sul de Jerusalém. Era um verdadeiro “lixão público”, local onde se deixavam
3
BANCROFT, E. H. TEOLOGIA ELEMENTAR. SÃO PAULO: IMPRENSA BATISTA REGULAR, p. 366.
7
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
os resíduos, bem como toda a sorte de cadáveres de animais e malfeitores, e imundícies de
todas as espécies, recolhidas da cidade.
Neste local, era aceso um “fogo que nunca se apagava”, pelo fato de que estava
constantemente aceso, tendo em vista que suportava todos os tipos de lixo e carniça que
eram ali despejados. Os dejetos que não eram rapidamente consumidos pela ação do fogo
eram consumidos pela devastação dos vermes que ali se achavam – um cenário muito
típico de um verdadeiro lixão público – que devoravam as entranhas dos cadáveres dos
impenitentes que lá eram lançados, em um espetáculo realmente aterrador.
Por isso mesmo, o fogo não podia ser apagado, para a preservação da saúde do povo
que viva naquelas redondezas. Este quadro histórico do “Vale de Hinon” ou “Geena”
também é o quadro espiritual do fim dos pecadores que, de acordo com a Bíblia, serão ali
lançados. Este é exatamente o mesmo quadro também relatado por Isaías, no último
capítulo de seu livro:
“E sairão, e verão os cadáveres dos homens que prevaricaram contra mim; porque
o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e serão um horror a toda a
carne” (cf. Isaías 66.24).
Ap 20.5: "Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se
completassem.
Ap 20.11-15: 11. E vi um grande trono branco e o que estava assentado sobre ele,
de cuja presença fugiram a terra e o céu; e não foi achado lugar para eles. 12. E vi os
mortos, grandes e pequenos, em pé diante do trono; e abriram-se uns livros; e abriu-se
outro livro, que é o da vida; e os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas
nos livros, segundo as suas obras. 13. O mar entregou os mortos que nele havia; e a morte
e o hades entregaram os mortos que neles havia; e foram julgados, cada um segundo as
suas obras. 14. E a morte e o Hades foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda
morte, o lago de fogo. 15. E todo aquele que não foi achado inscrito no livro da vida, foi
lançado no lago de fogo.
Todos ressuscitarão, tanto justos como ímpios. Todos, possuindo corpo, alma e
espírito, irão para o Céu ou Inferno (Geena).
Dn 12.2: E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida
eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno.
Jo 5.28,29: Não vos admireis disso, porque vem a hora em que todos os que estão
nos sepulcros ouvirão a sua voz e sairão: 29. os que tiverem feito o bem, para a
ressurreição da vida, e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo.
Is 34.8-10: 8 Porque será o Dia da Vingança do SENHOR [Grande Tribulação],
Ano de Retribuições [Milênio] pela luta de Sião. 9. E os ribeiros de Edom transformar-se-
ão em pez, e o seu solo em enxofre, e a sua terra tornar-se-á em pez ardente. 10. Nem de
noite nem de dia se apagará; para sempre a sua fumaça subirá; de geração em geração será
assolada; pelos séculos dos séculos ninguém passará por ela [Geena]. (Cf. Ap 14.9-11).
Ano Aceitável do Senhor O Dia da Vingança Milênio Reino Eterno
8
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
Graça Grande Tribulação Reino de Israel Reino de Deus
Inferno4
É adequado para discutir a doutrina do inferno em conexão com a doutrina do juízo
final. Poderia definir o inferno como segue: O inferno é um lugar de punição eterna para
os ímpios. A Escritura ensina que existem várias passagens em um lugar como aquele. No
final da parábola do dinheiro, o Senhor diz: “Para jogar fora o servo inútil, nas trevas, ali
haverá choro e ranger de dentes” (Mateus 25.30). Esta é uma das várias indicações de que
haverá consciência do castigo após o juízo final. Da mesma forma, no julgamento, dirá o
Rei para alguns, “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o
diabo e seus anjos” (Mt 25.41), Jesus diz que aqueles estão condenados “irem para o
castigo eterno mas os justos para a vida eterna “(Mateus 25.46). Neste opúsculo, o paralelo
entre “vida eterna” e “castigo eterno” indica que ambos os estados não têm fim.
Ano Aceitável do Senhor O Dia da Vingança Milênio Reino Eterno
Graça Grande Tribulação Reino de Israel Castigo Eterno x Vida Eterna
Jesus se refere ao inferno como um lugar “onde o fogo não se apaga” (Marcos 9.43 -
γ εννανέ ), e diz que o inferno (geena) é um lugar onde “o seu verme não morre e o fogo
não se apaga” (Marcos 9.48). A história de Lázaro e o homem rico também indica uma
consciência horrível de castigo, apesar que esta referência é relativa ao Hades:
Acontece que o mendigo morreu e os anjos o levaram para o seio de Abraão era. O homem rico
também morreu e foi sepultado. No Hades, em meio a tormentos, ergueu os olhos e viu ao longe
Abraão e Lázaro ao seu lado. Então, ele levantou a voz e chamou de “Pai Abraão, tem piedade de
mim e manda Lázaro que molhe a ponta do dedo na água e refresque a minha língua, porque estou
atormentado nesta fogo”. (Lucas 16.22-24).
Em seguida, pede a Abraão para enviar Lázaro à casa de seu pai, “para avisar os
meus cinco irmãos e para que não venham também para este lugar de tormento” (Lucas
16.28).
Quando nos voltamos para Apocalipse descrições de castigo eterno são também
muito explícito:
Se alguém adorar a besta e a sua imagem, e saiu na testa ou na mão a marca da besta beberá do
vinho da ira de Deus, que, no cálice da sua ira é derramada sem mistura. Será atormentado com
fogo e enxofre diante dos santos anjos e do Cordeiro. A fumaça do seu tormento sobe para todo o
sempre. Não há dia de descanso nem de noite os que adoram a besta e a sua imagem, e para quem
recebe o sinal do seu nome. (Apocalipse 14.9-11).
Esta passagem confirma claramente a ideia de um castigo eterno e consciente dos
incrédulos.
4
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. 1ª ed. São Paulo: Editora Vida Nova, 1999, p. 982-986.
9
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
No que diz respeito ao julgamento da ímpia cidade de Babilônia, uma grande
multidão no céu, exclama: “Aleluia! Sua fumaça sobe pelos séculos dos séculos”. Após a
derrota da rebelião final de Satanás diz: “O diabo, que os enganava, foi lançado no lago de
fogo e enxofre onde já se encontram não só a besta como também o falso profeta. “Eles
serão atormentados dia e noite pelos séculos dos séculos” (Ap 20.10). Esta passagem
também é significativa em conexão com Mateus 24.41, em que os incrédulos são enviados
para “o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos.” Estes versos deveriam tornar-
nos conscientes da magnitude da santidade e justiça de Deus que chama esse tipo de
punição.
Mesmo alguns teólogos evangélicos recentemente negam a ideia de que haverá um
castigo eterno e consciente dos incrédulos. Antes a Igreja Adventista do Sétimo Dia tinha
negado, e várias pessoas ao longo da história da igreja. Aqueles que negam a punição
eterna, muitas vezes invocam o “niilismo” um ensinamento que os ímpios sofrem o
castigo da ira de Deus por um tempo, e depois Deus “aniquilará” a fim de que não existam
mais. Muitos que acreditam no aniquilacionismo também argumentam que o julgamento
final e castigo do pecado é real, mas argumentam que os pecadores após terem sofrido ao
longo de um período de tempo, enfrentando a ira de Deus por seus pecados, no final
deixariam de existir. A pena será, portanto, “consciente” mas não “eterno”.
Os argumentos propostos em favor do aniquilacionismo são: (1) as referências
bíblicas à destruição dos ímpios, que, alguns dizem que implica que deixam de existir
depois de serem destruídos (Fp 3.19, 1Ts 5.3; 2Ts 1.9; 2Pe 3.7, (2) a aparente incoerência
entre a punição eterna e do amor de Deus, (3) a aparente injustiça que encerra a
desproporção entre os pecados cometidos durante um tempo e um pecado que é eterno e
(4) o fato de que a presença contínua de criaturas más no universo de Deus para sempre
estragaria a perfeição de um universo que Deus criou para refletir a sua glória.
Em resposta, deve-se dizer que as passagens que falam de destruição (como Fp
3.19, 1Ts 5.3. 2Ts 1.9 e 2 Pe 3.7) não implicam a cessação da existência, para o termo que
nestas passagens é usado para “destruir” não necessariamente a cessação da existência ou
aniquilação, mas são simplesmente maneiras de se referir aos efeitos nocivos e destrutivos
da decisão final sobre os incrédulos.
Com relação ao argumento do amor de Deus, a mesma dificuldade de conciliar o
amor de Deus com o castigo eterno parece estar presente para conciliar o amor de Deus
com a ideia de castigo divino em geral, e, inversamente, (como a Escritura
abundantemente testemunha) é consistente que Deus pune o ímpio para um determinado
período de tempo após o julgamento, então não parece haver nenhuma razão, seria
inconsistente para Deus infringir a mesma punição por um período ilimitado.
Este tipo de raciocínio pode levar algumas pessoas a adotarem aniquilacionismo
outro, aquele em que não há qualquer sofrimento consciente, mesmo que por um curto
período de tempo, e a única punição é que os incrédulos deixam de existir depois que
morrem. Mas, em resposta, alguém poderia perguntar se este tipo de aniquilação imediata
pode ser chamado de uma punição, pois não haveria a consciência da dor. Na verdade, a
10
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
garantia de que haveria uma cessação da existência parece muitas pessoas, especialmente
aquelas que sofrem e estão com problemas nesta vida, uma alternativa, de alguma forma
desejável. E se não houve punição dos descrentes em tudo, até mesmo pessoas como
Hitler e Stalin não teria de enfrentar qualquer coisa, e não haveria justiça final no universo.
Então, as pessoas teriam fortes incentivos para serem tão mal quanto possível nesta vida.
O argumento de que o castigo eterno é injusto (porque há um desequilíbrio
temporário entre um pecado e um castigo eterno) erroneamente assume que sabemos a
extensão do dano causado quando os pecadores se rebelam contra Deus. David Kingdon
observa que “o pecado contra o Criador é absolutamente terrível para um ponto além da
nossa capacidade imaginativa corrompida pelo pecado de conceber ... Quem teria a
ousadia de sugerir a Deus o que deveria ser a punição?”. Ele também responde a essa
objeção, sugerindo que os incrédulos no inferno poderão continuar pecando e recebendo
castigo por seus pecados, mas nunca se arrependendo, e observe que os pontos de
Apocalipse 22.11 desta maneira: “Continue o injusto a praticar injustiça; continue o
imundo na imundícia”.
Além disso, neste momento, um argumento baseado na justiça de Deus pode ser
interposto contra aniquilacionismo. Será que a punição breve aniquilacionista realmente
paga os pecados do incrédulo e satisfaz a justiça de Deus? Se você não pagar, então você
não ter satisfeito a justiça de Deus e os incrédulos não devem ser destruídos. Mas se você
pagar, você deve permitir que o incrédulo ir para o céu, e não deve ser destruído. Em
ambos os casos, o niilismo não é necessário nem adequado.
Em relação ao quarto argumento, enquanto restos mal sem punição se confunde a
justiça de Deus no universo, devemos reconhecer também que, quando Deus pune o mal e
triunfa sobre ela, vai conquistar a glória de sua retidão, justiça e poder sobre toda a
oposição (Rm 9.17,22-24).A profundidade e a riqueza da misericórdia de Deus deve ser
divulgado, como todos os pecadores redimidos reconhecer que eles também merecem
punição divina e ter evitado somente pela graça de Deus através de Jesus Cristo (cf. Rm
9.23-24).
Mas depois de tudo isso dito, devemos admitir que a solução final da profundidade
deste problema está além de nossa compreensão, e permanece escondido nos conselhos de
Deus. Se não fosse pelas passagens bíblicas citadas acima, que tão claramente confirmar
um castigo eterno e consciente, aniquilacionismo pode parecer uma opção atraente.
Embora você possa ir contra a aniquilacionismo com argumentos teológicos, é a clareza e
a força dessas passagens que finalmente nos convence de que o niilismo é incorreta e que
a Escritura realmente ensina punição eterna dos ímpios.
O que devemos pensar desta doutrina? É difícil, e deve ser difícil, para nós a pensar
nessa doutrina hoje. Se os nossos corações nunca foram tocados por profunda tristeza
quando vemos essa doutrina, então a nossa sensibilidade espiritual e emocional tem
deficiências graves. Quando Paulo pensa na perda de seus companheiros judeus, diz:
“tenho grande tristeza e constante angústia em meu coração”. (Rm 9.2). Isto é consistente
com o que Deus diz de sua própria tristeza na morte do ímpio: “Diga-lhes: Juro pela minha
11
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
vida, palavra do Soberano, o Senhor, que não tenho prazer na morte dos ímpios, antes
tenho prazer em que eles se desviem dos seus caminhos e vivam. Voltem! Voltem-se dos
seus maus caminhos! Por que o seu povo haveria de morrer, ó nação de Israel?” (Ezequiel
33.11). E a agonia de Jesus é evidente quando ele clama: “Jerusalém, Jerusalém, que
matas os profetas e apedrejas aqueles enviados a você. Quantas vezes quis eu reunir os
teus filhos como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, mas vós não o
quisestes! Bem, sua casa vai ser abandonada”. (Mt 23.37-38, cf. Lucas 19.41-42).
A razão é difícil para nós pensar na doutrina do inferno é porque Deus colocou em
nossos corações uma parte de seu amor pelas pessoas criadas à sua imagem, até mesmo o
seu amor pelos pecadores que se rebelaram contra ele. Todo o tempo que estamos nesta
vida, e cada vez que vemos e pensar nos outros que precisam ouvir o evangelho e confiar
em Cristo para sua salvação, nos fará uma grande angústia e agonia de espírito para pensar
em punição eterna. Mas também temos de perceber que tudo o que Deus em Sua sabedoria
ordenou e ensinou nas Escrituras é certo.Portanto, devemos ter cuidado para não odiar
essa doutrina ou se rebelar contra isso, mas devemos olhar para o ponto, na medida em
que somos capazes, nós reconhecemos que o castigo eterno é bom e justo, porque em Deus
não há absolutamente nenhuma injustiça.
Isso pode nos ajudar a entender que se Deus não executar uma punição eterna,
então, aparentemente, não estaria satisfeito Sua justiça e sua glória não seria promovida da
maneira que ele considera sábio. E talvez possa nos ajudar a entender que a partir da
perspectiva do mundo por vir há um reconhecimento muito maior da necessidade e da
justiça do castigo eterno. João ouviu os crentes martirizados clamarem no céu: “Até
quando, ó Soberano, santo e verdadeiro, esperarás para julgar os habitantes da terra e
vingar o nosso sangue?” (Ap 6.10). Por outro lado, a destruição final da Babilônia, o
barulho enorme de uma grande multidão no céu louvando a Deus com gritos de justiça de
seu julgamento quando ele finalmente ver a natureza odiosa do mal como ele realmente é:
“Aleluia! A salvação, a glória e o poder pertencem ao nosso Deus, pois verdadeiros e justos
são os seus juízos. Ele condenou a grande prostituta que corrompia a terra com a sua
prostituição. Ele cobrou dela o sangue dos seus servos”. E mais uma vez a multidão
exclamou: “Aleluia! A fumaça que dela vem, sobe para todo o sempre” (Ap 19.1-3).
Assim que isso aconteceu, “os vinte e quatro anciãos e os quatro seres viventes
prostraram-se e adoraram a Deus que se assenta no trono, dizendo: “Amém, Aleluia! ” (Ap
19.4). Não podemos dizer que essa grande multidão de criaturas redimidas e os seres
viventes no céu tenham pronunciado um erro moral em louvar a Deus por executar justiça
sobre o mal, pois eles todos, os quais estão livres do pecado e seu julgamento moral é
agradável a Deus.
No entanto, na época atual, devemos-nos aproximar de tal celebração da justiça de
Deus na punição do mal. Quando meditamos sobre a punição eterna dada a Satanás e seus
demônios. Mas agora eles estão completamente dedicados ao mal e fora do alcance da
redenção. Logo, não podemos ansiar pela salvação deles do mesmo modo pelo qual
12
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
ansiamos pela salvação de toda a humanidade. Devemos crer que o castigo eterno é
verdadeiro e justo; contudo devemos também desejar que até mesmo aquelas pessoas que
severamente perseguem a igreja devem vir à fé em Cristo e, assim, escaparem da
condenação eterna.
Sob esse tópico devemos considerar o destino futuro das duas classes, os Justos e
os Ímpios — aquele destino que tem seu início após esta presente vida terrena e depois do
encerramento desta atual ordem mundana.
I. O Céu em sua Relação com o Destino Futuro dos Justos. 5
Segundo certas crenças tradicionais, supõe-se que existam sete céus, mas as
próprias Escrituras se referem apenas a três: o céu atmosférico (At 14.17); o céu estelar
(Gn 1.14), e o terceiro céu (2Co 12.2; Dt 10.14).
Haverá novos céus e nova terra. “São indiscutíveis as possibilidades de serem
dissolvidos os céus, de se desfazerem abrasados os elementos e de vir a existir um novo
céu e uma nova terra (2 Pe 3.10-13). Em que sentido serão novos? Não significa que serão
novamente trazidos a existência, mas renovados, assim indicando existência prévia.
Através das Escrituras é ensinada a reconstituição do mundo material, mediante a qual este
passará da escravidão e da corrupção para a liberdade da glória dos filhos de Deus. E a
sede final da Cidade de Deus e estabelecida não como um céu remoto, diáfano no espaço,
mas antes, aquele novo mundo que é o mesmo mundo antigo. Há algumas notáveis
ausências nessa nova Cidade: não haverá pecado, nem Satanás, nem tristeza, nem
maldição, nem corrupção, nem mortalidade. Invertam-se as misérias terrenas e ter-se-á
alguma ideia das alegrias do Céu. As primeiras cousas passaram.” — Kemp. Haverá uma
regeneração holística (Mt 19.28; At 3.21).
Após o término da regeneração do céu e da terra atuais no fim do milênio, João
declarará: e vi um novo céu e uma nova terra (Is 65.17; 66.22; 2 Pe 3.13; Ap 21.1). Por
meio de um ato regenerador, Deus faz surgir um novo céu e uma nova terra. Como Deus
criou os céus e a terra atuais para serem o cenário da sua demonstração teocrática, assim
também criará o novo céu e a nova terra para serem o cenário do reino teocrático eterno. A
Regeneração consiste do processo de restaurar, ao seu estado original, algo que sofreu um
processo de Degeneração.
A Nova Criação6
Diversas são as passagens das Escrituras que nos chamam a atenção para eles (Ap
21.1,2; Is 65.17; 66.22; 2 Pe 3.10-13). São chamados novos, mas isto não quer dizer que
sejam “novos” no sentido absoluto da palavra, pois a Terra permanecerá para sempre (Ec
1.4; S1 104.5; 119.90; J1 3.20; Is 60.21; Am 9.15; Mt 5.5; Gn 9.12-16; Is 45.17,18;
35.1,2,7,10). Nas passagens que falam que a Terra e os céus passarão (Mt 5.18,24,34,35;
5
BANCROFT, E. H. TEOLOGIA ELEMENTAR. SÃO PAULO: IMPRENSA BATISTA REGULAR, p. 366.
6
THIESSEN, H. C. Palestras em Teologia Sistemática. 1ª ed. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1987,
p. 373.
13
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
Mc 13.30,31; Lc 16.17,21,23; 2Pe 3.10; Ap 21.1), a palavra original nunca é uma que
indique o término da existência, mas, sim, parerkhomai - παρέρχομαι, um verbo de
significado muito amplo e geral, tal como “ir ou vir” a uma pessoa, um lugar, ou a um
ponto; “passar”, como uma pessoa por um banho, ou um navio pelo mar, passar de um
lugar ou condição para outro, chegar a passar através de, ir para de um a outro de,
apresentar-se como quando se quer falar ou servir. Quanto ao tempo, significa ir até o
passado, como um acontecimento, ou um estado de coisas que já aconteceu antes, dando
lugar a outros eventos e a outro estado de coisas. A idéia principal é a de transição, não de
aniquilação.
Nem o céu nem a Terra serão aniquilados. Durante o Milênio, eles serão
“regenerados” (Mt 19.28) e no Estado Eterno - Reino Eterno, serão “santificados” (2 Pe
3.10-13).
“Esta Terra que tem sido consagrada pela ‘presença do Filho de Deus’, onde foi
feito o sacrifício mais custoso que jamais houve, no Calvário, a fim de redimir uma raça
perdida, e para a qual Deus tem reservado um grande futuro, é um lugar por demais
sagrado para ser extinta ou deixada de existir, porquanto é o planeta mais querido na
mente de Deus, dentre toda a Sua vastíssima criação” (Clarence H. Larkin).
As Escrituras indicam determinada parte do universo, chamada dc céu, como a
futura habitação dos crentes. As Escrituras ensinam que o céu é um lugar.
1Ts 4.17; Sl 23.6; 1Pe 1.3-5; Hb 12.22; 11.10,16.
Em algumas das passagens acima, bem como em Ap 21 e 22, o futuro lar do crente é
descrito como uma cidade. O Dr. Bonar refere-se a essa cidade como “bem construída,
bem iluminada, bem servida de água, bem aprovisionada, bem guardada e bem
governada”.
Entre os habitantes da Cidade Celeste estará em lugar de destaque, a Igreja; de fato,
o título que será dado a essa Cidade Santa é “a noiva, a esposa do Cordeiro”.
Provavelmente haverá outros dentre os redimidos lá, especialmente os santos do Antigo
Testamento. Isso fica subentendido pelos nomes das Doze Tribos de Israel, incorporados
nas portas da cidade (Ap 21.22).
Quatro descrições são feitas de seus habitantes: “vencedores”, identificados com os
crentes regenerados em 1Jo 5.4,5; “filhos de Deus”, aqueles que tem sido feitos tais pela
Sua graça regeneradora, mediante a fé em Cristo Jesus; “servos”, que o são mediante sua
consagração; e “obedientes”, aqueles que cumprem Seus mandamentos, não para obterem
a salvação, mas como prova de a possuírem.
Há também seres angelicais, entre os quais encontramos os querubins e os serafins,
além dos anjos propriamente ditos (Ap 5.14; Is 6.1,2; Mt 22.30). Naturalmente que, em
posição proeminente entre os habitantes do Céu, encontramos Deus, sobre Seu trono, e o
Cordeiro.
II. O Inferno em Sua Relação com o Destino Futuro dos ímpios. 7
7
BANCROFT, E. H. TEOLOGIA ELEMENTAR. SÃO PAULO: IMPRENSA BATISTA REGULAR, p. 369.
14
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
Conforme usado aqui, o termo “inferno” significa a habitação e a condição final dos
pecadores. Essa é uma questão a respeito da qual tanto a ciência como a filosofia se
mantém necessariamente em silêncio, ao mesmo tempo que somente a revelação tem
permissão de falar como tendo autoridade.
A palavra grega traduzida “inferno”, que descreve essa habitação, é “Geena” — “o
nome dado ao vale de Hinom, ao sul de Jerusalém, onde era lançado e queimado o lixo da
cidade. A qualquer momento, de dia ou de noite, via-se o fogo com sua fumaça subindo
nesse vale. Jesus faz dele o símbolo do inferno, ‘onde não lhes morre o verme, nem o fogo
se apaga’.” — Dixon.
Assim como o céu é um lugar, tendo sua localização definida, assim também é o
inferno. Isso e visto pelo fato que é representado como possuidor de habitantes. E ainda
demonstrado em razão do fato que os seus habitantes possuem não apenas almas, mas
também corpos. Também se pode inferir pela descrição da presente habitação dos ímpios,
no Hades, como “lugar” (Lc 16.28), pois e desse local que hão de ser transferidos para o
outro lugar chamado “Geena”. Pode-se ainda afirmar que todos os termos descritivos que
são usados a respeito do inferno denotam localidade.
É lugar de associações profanas. Ap 21.8: Quanto, porém, aos covardes, aos
incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idolatras e a
todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a
saber, a segunda morte (Ap 22.15).
É lugar de aprisionamento e morte. Ap 20.14: Então a morte e o Hades foram
lançados para dentro do lago do fogo. Esta e a segunda morte, o lago do fogo (Mt 5.24,25;
Ap 20.15).
É Lugar de tristeza e desespero. Lc 13.28: Ali haverá choro e ranger de dentes,
quando virdes, no reino de Deus, Abraão, Isaque, Jacó e todos os profetas, mas vós
lançados fora (Mt 25.30; 22.13; 24.51).
É Lugar de infortúnio e tormento conscientes. Ap 20.10: O diabo, o sedutor deles,
foi lançado para dentro do lago do fogo e enxofre, onde também se encontram não só a
besta como o falso profeta; e serão atormentados de dia e de noite pelos séculos dos
séculos.
Existe um outro lugar para onde vão os ímpios hoje. É sobre este lugar que
adentraremos agora: O Sheol - O estado intermediário.
“SHEOLOGIA – HADESLOGIA”
A ciência, por crer na indestrutibilidade da matéria e na conservação da energia, não
pode dizer que a crença cristã é irracional, e a filosofia, com seu reconhecimento das
desigualdades da vida, não pode muito bem evitar postular uma vida depois da morte. Esta
possibilidade e necessidade são convertidas em certeza na Bíblia. O Velho Testamento
ensina que há uma vida depois da morte. Mostra que todos os homens vão ao SHEOL
15
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
(HADES no N.T.). Os ímpios, é claro, vão para lá (Sl 9.17; 31.17; 49.14; Is 5.14). Lemos
que Coré e Abirão desceram vivos ao SHEOL (Nm 16.33). Mas os justos também vão
(iam) para lá (Jó 3.11-19; 14.13; 17.16; Sl 6.5; 16.10; 88.3). Jacó esperava descer a seu
filho José no Sheol (Gn 37.35; 42.38; 44.29-31). A ideia de ir para o Sheol está presente
também na frase que ouvimos sempre e “foi reunido ao seu povo” (Gn 25.8,17; 35.29;
49.33; Nm 20.24; 27.13; Dt 32.50; Jz 2.10).
Também o Novo Testamento mostra que tanto os maus como os justos desciam ao
HADES ( δηᾅ ς) antes da Ressurreição de Cristo. Lemos que o rico desceu ao Hades, e ele
e Lázaro estavam tão próximos que dava para conversarem um com o outro naquela região
(Lc 16.19-31). O próprio Jesus desceu ao Hades (At 2.27-31). Cristo tem agora as chaves
da Morte e do Hades (Ap 1.18); e algum dia, esses dois devolverão os mortos que neles há
(Ap 20.13, 14).
Se, portanto, as Escrituras ensinam que há uma existência depois da morte, é uma
existência consciente? O Velho Testamento não é explícito quanto a este ponto. Ser
reunido a seu povo, ir ter com o filho de alguém, etc., dão entender esse tipo de existência,
apesar de não declararem isso especificamente. O texto Ec 9.5,6,10 parece negar que seja
uma existência consciente, pois declara que “não há obra, nem projetos, nem
conhecimento, nem sabedoria alguma”. Mas precisamos nos lembrar que este livro é
escrito do ponto de vista do homem natural (psíquico). Somente a Revelação Divina pode
nos falar da verdadeira natureza da vida após morte. Isaías 14.9-11,15-17 ensina
definitivamente que é uma existência consciente. E o que é sugerido no V. T., é ensinado
claramente no Novo Testamento. Jesus o ensinou em Mt 22.31,32. O rico e Lázaro
estavam conscientes no HADES. Podiam pensar, conversar, lembrar, sentir e ter cuidados
(Lc 16.19-31). Jesus dá entender a mesma coisa quando fala ao ladrão arrependido,
dizendo que naquele mesmo dia ele estaria com Cristo no Paraíso (Lc 23.40-43).
Incidentemente, o Novo Testamento indica que havia dois compartimentos no HADES-
SHEOL: um para os maus e um para os bons. O que era reservado aos justos era chamado
de PARAÍSO. Não é mencionado o nome do que era reservado aos maus, mas é descrito
como sendo um LUGAR DE TORMENTO. Assim, fica claro que o termo dormir, quando
usado a respeito da morte, se aplica somente ao corpo (Mt 27.52; Jo 11.11-31: 1Co 15.30,
51; 1Ts 4.14; 5.10; At 7.59,60). Não existe o sono da alma, como é ensinado pelos
Adventistas do Sétimo Dia.
Depois da ressurreição de Cristo, parece ter tido uma mudança. Daquela época em
diante, mostra-se que os crentes vão à presença de Cristo quando morrem. Assim Paulo
deixa a entender: 2Co 5.6-9; Fp 1.23; 2Co 12.2-4. Vemos também as almas do que tinham
sido (irão) mortos debaixo do altar e conscientes (Ap 6.9-11). Elas vão para o PARAÍSO,
mas agora o PARAÍSO é lá em cima (2Co 12.2-4). Quando Cristo ressurgiu, levou com
Ele não apenas as primícias (Mt 27.52,53), mas também as almas de todos os justos que
estavam no HADES (Ef 4.8; Sl 68.18). Daí em diante, todos os crentes vão à presença de
Cristo quando morrem, enquanto os não crentes continuam a ir para o Hades, como nos
tempos do Velho Testamento. Daí a Palavra Deus afirmar: " Pois também eu te digo que tu
16
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do hades não
prevalecerão contra ela" (Mt 16.18). O Hades não prevalece sobre a Igreja porque a Igreja
hoje não desce ao Hades, mas sobe para o Paraíso.
II. SHEOL-HADES: O LUGAR DOS MORTOS
O Sheol, no Velho Testamento, é o lugar para onde vão os mortos.
1. Geralmente, entretanto, ele é citado como equivalente à sepultura, onde cessam
todas as atividades humanas; o fim para o qual toda a vida humana se dirige (Gn 42.38; Jó
14.13; Sl 88.3; 1Rs 2.6, 9).
2. Ao homem “debaixo do sol”, ao homem natural, que necessariamente julga pelas
aparências, o Sheol parece nada mais que a sepultura - o fim e a cessação total, não só das
atividades da vida, mas também da própria vida (Ec 9.5,10). Mas as Escrituras revelam o
SHEOL como um lugar de tristeza (2Sm 22.6; Sl 18.5; 116.3), para o qual os perversos
vão (Sl 9.17), e onde eles ficam totalmente conscientes (Is 14.9-16; Ez 32.21). Compare Jn
2.2; o que o ventre do grande peixe foi para Jonas, o Sheol é para aqueles que se
encontram lá.
A palavra grega HADES ( δηᾅ ς) como o seu equivalente hebraico, SHEOL () é usada
de duas maneiras.
1ª) Para indicar a condição dos que não são salvos entre a morte e o julgamento final
diante do Trono Branco (Ap 20.11-15). Lucas 16.23,24 mostra que os perdidos no Hades
estão conscientes, possuem pleno poder de suas faculdades, memória, etc., e estão em
tormentos. Isto continuará até o julgamento final dos perdidos (2Pe 2.9), quando todos os
que não são salvos, e o próprio Hades, serão lançados no LAGO DE FOGO (Ap 20.13-
15).
Apocalipse 20.13-15: "13. O mar entregou os mortos que nele havia; e a morte e o
hades entregaram os mortos que neles havia; e foram julgados, cada um segundo as suas
obras. 14. E a morte e o hades foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte, o
lago de fogo. 15. E todo aquele que não foi achado inscrito no livro da vida, foi lançado no
lago de fogo".
2ª) Para indicar, de um modo geral, a condição de todas as almas que partiram, no
período compreendido entre a morte e a ressurreição. Este uso se encontra ocasionalmente
no Velho Testamento, mas raramente no Novo Testamento (Gn 37.35; 42.38; 44.29, 31).
Não há possibilidade de mudança de um estado para outro depois da morte, pois Lc 16.23
mostra que, quando o homem perdido viu no Hades Abraão e Lázaro, eles estavam ao
“longe”, e o versículo 26 declara que entre os dois lugares há um Grande Abismo, de
modo que nenhum pode passar de um para o outro.
17
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
“Antony Hoekema sugere que o sentido de inferno (sheol), significando punição
deve ser excluído visto que todos os homens descem (desciam) ao sheol no Antigo
Testamento”.8
“O significado de Hades na literatura neotestamentária não é o mesmo de Sheol; ao
que tudo indica houve uma evolução do ensino e agora hades/sheol passam a significar o
lugar de punição das almas ímpias dos mortos”.
Scofield representa muitos que diferenciam a morada dos indivíduos salvos e
mortos antes e depois da ressurreição de Cristo. Ele diz:
1) Hades antes da ascensão de Cristo. No NT, hades indica a habitação dos
mortos e é equivalente ao Sheol, no AT. Acreditava-se que, na ocasião da morte, tanto os
bons quanto os maus iam para o Hades, embora no pensamento bíblico posterior
considera-se que os bons estão num recinto superior do hades, chamado paraíso (cf. Lc
16.19-31). A passagem em que a palavra ocorre deixa claro que o Hades estava
antigamente dividido em dois, as moradas dos salvos e a dos incrédulos, respectivamente.
A primeira era chamada “paraíso” e “seio de Abraão”. Ambas designações eram
talmúdicas, mas foram adotadas por Cristo em Lucas 16.22; 23.43. Os mortos abençoados
estavam com Abraão, eram conscientes e estavam “confortados” (Lc 16.25). O ladrão que
acreditou estaria, naquele dia, com Cristo no “paraíso”. Os incrédulos estavam separados
dos salvos por um “grande abismo” fixo (Lc 16.26). O representante dos incrédulos que
agora estão no Hades é o homem rico de Lucas 16.19-31. Ele estava vivo, consciente,
exercendo todas as suas funções, memória etc, e em agonia.
2) Hades desde a ascensão de Cristo. Quanto aos mortos incrédulos, nenhuma
mudança de lugar ou condição é revelada nas Escrituras. No julgamento do grande trono
branco, o Hades os entregará, eles serão julgados e passarão para o lago do fogo (Ap
20.13,14). Mas houve uma mudança que afetou o paraíso. Paulo foi “arrebatado ao
paraíso” (2Co 12.1-4). O paraíso, então, agora está na presença imediata de Deus.
Acredita-se que Efésios 4.8-10 indique o tempo da mudança. “Quando ele subiu às alturas,
levou cativo o cativeiro”. Acrescenta-se imediatamente que antes Ele havia “descido até às
regiões inferiores da terra”, i.e., a parte do Hades chamada paraíso. Durante a atual era da
igreja, os salvos que morrem estão “ausentes do corpo e presentes com o Senhor”. Os
mortos incrédulos no Hades e os mortos salvos “com o Senhor” esperam a ressurreição (Jó
19.25; 1Co 15.52). (C. I. SCOFIELD, Reference Bible, p. 1098-9).
Alguns intérpretes pensam que Efésios 4.8-10 indica que a mudança de lugar dos
crentes que morreram ocorreu na Ressurreição de Cristo. É sabido que todos os salvos vão
imediatamente à presença de Cristo (2Co 5.8; Fp 1.23). Jesus disse ao ladrão penitente:
Hoje estarás comigo no Paraíso (Lc 23.43). Paulo foi arrebatado ao Paraíso “ (2Co 12.2-
4). O Paraíso é um lugar de grande alegria e bem-aventurança, mas esta bem-aventurança
não será completa até que o espírito e a alma sejam reunidos ao corpo glorificado na
8
ATEMBO, Jerome Bita. Escatologia Bíblica: As transformações recentes no campo da teologia no
século XXI. Belo Horizonte, 2013, p. 104.
18
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
ressurreição dos justos (1Co 15.51-54; 1Ts 4.16, 17). Embora ambos, Hades e Sheol sejam
as vezes traduzidos para sepultura ou morte (Gn 37.35; 1Co 15.55), jamais indicam um
lugar de sepultamento, mas antes, o estado da alma depois da morte.
III. SHEOL NO VELHO TESTAMENTO E A SUA LOCALIZAÇÃO
1ª)A sua localização: Nm 16.30-33; Gn 37.35; 44.29-31; Jó 17.16; 21.13; Salmo
30.3; 55.15; Pv 15.24; Is 5.14; 7.11; 14.15; Ez 31.15-17; 32.17-21; Mt 11.23; Lc 10.15;
16.23. Em todos estes textos se diz que os mortos desciam ao Sheol, logo a localização
desta região é o interior da terra, em Números 16.30-33 vemos claramente que a terra se
abriu e que aqueles elementos desceram ao Sheol. O Evangelista Mateus (Mt 12.40) cita
as palavras de Jesus dizendo: “Como Jonas esteve três dias e três noites no ventre do
grande peixe, assim estará o Filho do Homem três dias e três noites no seio da terra (no
grego: Kardia tēs gēs - καρδ τ ς γ ςίᾳ ῆ ῆ (que literalmente quer dizer: no coração da terra)
Devemos lembrar também que em At 2.27-31 afirma que Jesus esteve no Hades.
2ª)SHEOL-HADES: O Lugar dos mortos. A palavra Sheol, em hebraico, é usada
no VT mais de 60 vezes, na LXX (o VT em grego) a palavra hades ocorre mais de 100
vezes, na maioria das vezes para traduzir o termo hebraico Sheol. Para benefício dos
19
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
estudantes, apresentamos uma lista de algumas das passagens em que o vocábulo
“SHEOL” é empregado, segundo a sua tradução na Edição Revista e Atualizada, da
Sociedade Bíblica do Brasil. Geralmente, na margem, encontra-se a nota esclarecendo que,
em hebraico, a palavra é Sheol ou Seol. O estudante deve comparar estas referências com
outras versões. A Bíblia de Jerusalém (Edições Paulinas) e a Edição Versão Revisada da
Tradução de João Ferreira de Almeida transliteram os vocábulos Sheol e Hades de acordo
com os originais.
O vocábulo Sheol é traduzido como inferno na edição Revista e Atualizada no
Brasil, nas seguintes passagens; Dt 32.22; Sl 9.17; 116.3; Pv 5.5; 9.18; 15.24; 23.14;
27.20. Nas seguintes é traduzido como “sepultura”: Gn 37.35; Sl 49.14; Pv 7.27; 30.16; Is
57.9; Ez 32.27. Eis aqui outras traduções: “Abismo”- Nm 16.30; Jó 11.8; 26.6; Sl 139.8;
Pv 15.11; Is 14.15; Am 9.2; Jn 2.2; “Cova” - Is 5.14; Sl 55.15; Ez 31.14; “Sepulcro” - Hc
2.5; “A Morte” - Jó 17.16; Sl 16.10; 86.13; Is 28.15, 18; “Além” - Pv 15.11; Ec 9.10;
“Infernais” - 2 Sm 22.6; e “As profundezas da Terra” - Ez 32.18. Estes exemplos bastam
para que se veja que não é fácil determinar o que quer dizer a palavra hebraica SHEOL.
Como outras palavras desta espécie, é possível usá-la em sentido figurado ou literal. Vê-se
também que pode referir-se ao corpo, à alma, ou simplesmente à própria pessoa ou ser.
Uma definição que abranda todas as acepções da palavra, precisa ser feita em termos
genéricos, e a mais comum é: “LUGAR OU REGIÃO DOS MORTOS”. Os tradutores da
Bíblia fizeram um esforço para dar-lhe o significado que, em cada caso, se enquadrava
com o contexto.
Não há dúvida de que muitas vezes “Sheol” significa o lugar de castigo ou de
sofrimento dos maus, e fica bem traduzir como INFERNO (Dt 32.22; Sl 9.17; Pv 15.24;
23.14). Por isso algumas destas passagens advertem os justos, para que evitem ir para lá.
Em diversos casos é verdade que “Sheol” foi traduzido para “Inferno” quando
deveria ter sido traduzido para “sepultura” (1Rs 2.6,9; Jó 7.9; 17.16). Entretanto, noutros
casos o contexto e a maneira com que a palavra Sheol foi usada na sentença, indica
claramente que se refere à um lugar de castigo e não simplesmente à sepultura. Vamos
examinar algumas dessas passagens: Salomão adverte contra as mulheres adúlteras,
dizendo: “Sua casa é o caminho para o inferno” (Sheol) - (Pv 7.27) e “Os seus convidados
estão nas profundezas do inferno” - Sheol (Pv 9.18). Quando usou a palavra SHEOL
evidentemente falava de algum lugar diferente da sepultura, porque todos os homens, bons
e maus, têm de descer à sepultura. Ele estava admoestando homens imorais, dizendo que
seriam punidos no Inferno por causa dos seus pecados e não que morreriam e seriam
sepultados.
Salomão nos adverte: “Tu a fustigará (a criança) com a vara e livrarás a sua alma do
Inferno - Sheol” (Pv 23.14). Está muito claro que Salomão aqui se referia a algo além da
sepultura, porque por mais que um filho rebelde seja fustigado, morrerá e descerá a
sepultura, e por mais que se fustigue uma pessoa, ela não poderá ser retirada da sepultura,
mas o castigo sábio de um pai amoroso pode ser o meio usado por Deus para manter o
filho cabeçudo afastado do Inferno. Evidente que antes da Ressurreição de Cristo tanto
20
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
justos como injustos iam ao Sheol, mas os fiéis desciam ao Seio de Abraão (Paraíso) e os
perdidos ao Lugar dos Tormentos, os justos foram traslados para o 3º Céu (Ef 4.8.10) onde
está hoje o Paraíso (2Co 12.2-4).
O vocábulo equivalente na língua grega é a palavra “Hades”. Na Versão dos
Setenta, que é o Velho Testamento em grego, traduz-se “Sheol” com a palavra “Hades”
(mais de 100 vezes na Septuaginta). Também em At 2.27 emprega-se o vocábulo Hades
para traduzir o Salmo 16.10, onde a palavra usada em hebraico é Sheol. Várias versões
usam a mesma palavra grega “Hades” ao invés de traduzi-la.
A palavra Hades encontra-se 10 vezes no Novo Testamento: Mt 11.23; 16.18; Lc
10.15; 16.23; At 2.27, 31; Ap 1.18; 6.8; 20.13, 14. O NT localiza também o Hades (a
semelhança do VT) como estando dentro da terra (numa outra dimensão), de tal forma que
há uma descida para chegar a ele (Mt 11.23; Lc 10.15; confira Mt 12.40 Kardia tes ges =
καρδ τ ς γ ςίᾳ ῆ ῆ = o Coração da Terra). Paulo em Ef 4.9 nos diz: “Ora, isto, Ele subiu, que
é, senão que também desceu à partes mais baixas da terra? “(τ δ ν βη τ στιν εὸ ὲ Ἀ έ ί ἐ ἰ µ τιὴ ὅ
κα κατ βη ε ς τ κατ τεραὶ έ ἰ ὰ ώ [µ ρηέ ] τ ς γ ςῆ ῆ ;) = também desceu até as inferiores regiões
da terra?
O Hades também é visto como uma prisão (1Pe 3.19; Ap 20.1-3, 7). Como uma
cidade, tem portões (Mt 16.18; Jó 17.16: “Acaso descerá comigo até os ferrolhos do
Sheol? Descansaremos juntos no pó?”), e está trancada com uma CHAVE que Cristo tem
na sua mão (Ap 1.18). Na ocasião da ressurreição, o HADES devolverá os seus mortos
(Ap 20.13). Desta forma, não é um lugar ou estado eterno, mas, sim apenas temporário.
A Versão Revisada traduz quase que 100% o vocábulo Hades, já a Edição Revista é
Atualizada no Brasil traduz a palavra grega Hades 7 vezes por inferno, 2 vezes por morte e
uma vez por além. Será que a palavra Hades deveria ter sido traduzida para sepultura em
todos os casos? Achamos que não. Quando Jesus advertiu a cidade de Cafarnaum dizendo
que desceria ao Inferno (Hades) e que seria mais castigada do que a cidade de Sodoma (Mt
11.23, 24), Ele estava falando de um lugar que não era a SEPULTURA, porque o apóstolo
Judas disse que as cidades de Sodoma e Gomorra sofriam punição no Fogo Eterno (Jd 7).
Quando Jesus disse que um certo homem rico morreu e foi sepultado e foi ao Hades e
que levantou os olhos estando em tormentos, evidentemente Ele falava de um lugar além
da SEPULTURA, porque na sepultura não há tormentos (Lc 16.19-31). Pessoas que estão
na sepultura não podem levantar os olhos, nem se lembrar das coisas que aconteceram
antes delas morrerem. Os homens tentam contornar esta história dizendo que foi uma
parábola, mas a Bíblia não diz que foi uma parábola. Em Lucas como sempre, “Jesus
propôs uma parábola...”, ele escreveu: “Disse Jesus: Ora, havia certo homem rico...”,
mostrando que Jesus tinha em mente certo homem rico.
O gráfico apresentado a seguir ajuda na compreensão da perspectiva “científica” dos
hebreus referente ao formato do universo, refletido especialmente em passagens como
Gênesis 1-11 e de Jó 38-41, na qual Deus faz perguntas a respeito da criação do universo
que Jó não consegue responder.
21
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
Os elementos comuns entre os hebreus e os outros povos são diferenciados em seus
termos representativos e especialmente na sua explicação religiosa. É importante lembrar
que mesmo quando o conceito hebraico reflete certas noções tidas em comum com os
outros povos, a ênfase das narrativas hebraicas é a de oferecer uma crítica nos pontos em
que divergem deles pela revelação de Deus.
Este gráfico do conceito hebraico da estrutura do universo limita-se a uma fração
mínima da cosmologia científica atual. Pode-se ver como a Bíblia utiliza certa
terminologia que se refere ao conceito cosmológico de seus autores9
. Pode-se ver no
gráfico o título de “firmamento” (ou “expansão”) para o círculo dos céus que separa as
águas acima do firmamento da zona que se denomina hoje por atmosfera. Estes termos
ajudavam o povo a falar do mundo ao seu redor, mesmo que o seu conceito específico
tenha sérios problemas em face da ciência atual.
Cosmologia Hebraica 10
Entender a cosmologia hebraica é de ajuda para compreender as implicações das
narrativas que utilizam a terminologia do mesmo conceito. Quando o autor bíblico refere-
se às janelas do céu, é bom saber que faz referência ao seu conceito de como a água acima
do firmamento chega até a terra em forma de chuva.
9
Gênesis 1.2,6-8,16-17, 7.11; Êxodo 20.4.
10
Escatologia e o Apocalipse Pr. Chrístopher B. Harbin Edição: 12-09-2002 ©Copyright 2002 Página 6.
http://www.rocksbc.org.
22
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
A cosmologia é uma área da ciência que influi muito em vários aspectos da
comunicação humana, pois muitos dos seus conceitos alteram a forma de conceber o que
acontece em volta do indivíduo e a sua sociedade. A cosmologia hebraica aparece até no
livro de Apocalipse, onde o “‘abismo sem fundo’ está vinculado a ideias concernentes à
forma do mundo. A terra era concebida como um disco plano que flutuava em cima da
água. O abismo refere-se às profundezas imensuráveis debaixo da terra, para os quais
pensava-se existir uma fenda capaz de ser selada”. Até o Novo Testamento, portanto, sente
a influência desta cosmologia.
23
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
IV. DEPOIS DO SHEOL-HADES SEGUE-SE O GEENA
Mt 5.22, 29, 30; 10.28; 18.9; 23.15, 33; Mc 9.43, 45, 47; Lc 12.5; Tg 3.6 (γ εννα).έ
“Geena (do hebraico , transl. Geh Ben-Hinom, literalmente "Vale do Filho de
Hinom") é um vale em torno da Cidade Antiga de Jerusalém, e que veio a tornar-se um
depósito onde o lixo era incinerado. 11
Atualmente é conhecido como Uádi er-Rababi”.
Esta é uma palavra nova introduzida pelo Senhor Jesus. É traduzida nove vezes
como inferno e como fogo do inferno três vezes. Pertence quase que exclusivamente ao
vocabulário do nosso Salvador, sendo encontrada apenas uma vez (Tiago 3.6), sem ter
sido usada por Ele. Geena é o lugar do castigo eterno e a única palavra que a traduziria
corretamente é inferno. Não é túmulo, o lugar dos corpos mortos; não é hades, o lugar das
almas separadas dos corpos. É o lugar tanto para o corpo quanto para a alma e espírito dos
ímpios após a ressurreição e julgamento. O hades é temporário; a morte física também. “E
a morte (thanatos) e o hades foram lançados no lago de fogo”. Apocalipse 20.14. O geena
(inferno) é eterno. “tendo duas mãos, ires para o inferno (geena), para o fogo que não se
apaga”. Marcos 9.43.
As Testemunhas de Jeová (Iavé) (TJ) dizem que todas as passagens onde a palavra
“Inferno” foi traduzida da palavra grega GEENA (γ ενναέ ), significa destruição ou
extinção eterna. Mas a verdade é que qualquer professor respeitável de grego pode dizer,
que não há absolutamente nenhuma evidência no N.T. de que GEENA significa
aniquilamento, mas antes, há muitos lugares onde está claramente indicado que significa
miséria eterna.
Qualquer pessoa que leia as referências indicadas junto à palavra “Geena” verá que
não existe a ideia de ANIQUILAÇÃO. Nos 12 versículos anteriores a palavra em
português é uma tradução da palavra grega “Geena” = γ ενναέ ; Em 2 Pe 2.4 nossa palavra
“inferno” é uma tradução da palavra grega “tártaro” (ταρταρ σαςώ ). Todas as demais
referências do Novo Testamento com a tradução de “inferno “são oriundas da palavra
grega “hades”.
Isaías 34-8: 8. Pois o Senhor tem um Dia de Vingança, um Ano de Retribuições pela
causa de Sião. 9. E os ribeiros de Edom transformar-se-ão em pez, e o seu solo em
enxofre, e a sua terra tornar-se-á em pez ardente. 10. Nem de noite nem de dia se apagará;
para sempre a sua fumaça subirá; de geração em geração será assolada; pelos séculos dos
séculos ninguém passará por ela.
O meu querido amigo Pr. Aldery Nelson cita Is 34.8-10 para afirmar que o GEENA
estará nos ribeiros de EDOM que se transformará em PEZ, cujo solo também será
transformado em ENXOFRE, e cuja a terra transformar-se-á em PEZ ARDENTE. o
versículo 10 afirma que nem de dia nem de noite SE APAGARÁ este FOGO; para sempre
(isto é, eternamente) a sua fumaça subirá; de geração em geração (eternamente) será
assolada. Será que também o Geena será localizado no Planeta Terra (em outra
dimensão)?
11
https://pt.wikipedia.org/wiki/Geena. Dia 12 de novembro de 2016.
24
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
Dentro do estudo da Escatologia, na corrente Pré Milenista Dispensacionalista
observamos o uso da linguagem profética sobre o período da Graça, sobre a Grande
Tribulação seguido do Milênio. Vejam a linguagem do Velho Testamento:
Isaías 34.8-10: 8. Pois o Senhor tem um Dia de Vingança, um Ano de
Retribuições pela causa de Sião. 9. E os ribeiros de Edom transformar-se-ão em pez, e o
seu solo em enxofre, e a sua terra tornar-se-á em pez ardente. 10. Nem de noite nem de dia
se apagará; para sempre a sua fumaça subirá; de geração em geração será assolada; pelos
séculos dos séculos ninguém passará por ela.
Is 61.1,2: "O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu
para pregar boas-novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a
proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos; 2. a apregoar o Ano
Aceitável do Senhor e o Dia da Vingança do nosso Deus; a consolar todos os tristes".
O período da Graça é chamado pelos profetas de O Ano Aceitável do Senhor. Este
período é o intervalo entre as 69 semanas e a última semana de Daniel. Vindo depois deste
período a Grande Tribulação (Dn 12.1; Mt 24.15-22,29) chamado pelos profetas de O Dia
da Vingança [ ] (Is 61.1,2; 63.1-4; 34.8). A Grande Tribulação é a última semana de
Daniel, um período de 7 anos – é a vingança do Go’el.
Depois do Dia da Vingança vem O Ano dos Redimidos [ ], O Ano de Retribuições [
] que é o Milênio, período este chamado por Mateus de Regeneração (Mt 19.28).
Percebam em Isaías 34.8-10 que depois do Dia de Vingança (Grande Tribulação)
vem O Ano dos Redimidos (Milênio). E finalmente vem em seguida os ribeiros de
Edom que transformar-se-ão em pez, e o seu solo em enxofre, e a sua terra tornar-se-á em
pez ardente. E Nem de noite nem de dia se apagará; para sempre a sua fumaça subirá; de
geração em geração será assolada; pelos séculos dos séculos ninguém passará por ela.
Percebam que esta é a descrição do Geena.
Os TJ declaram que GEENA não se refere ao Inferno, mas ao Vale de Hinom. Esse
fica ao Sul e Oeste dos muros de Jerusalém. Era usado como CREMATÓRIO ou
INCENERADOR, onde os israelitas descarregavam o lixo e também os corpos de animais
mortos e criminosos para serem destruídos pelo fogo. Entretanto, nenhuma criatura viva
era jogada ali, pois era contra a lei judia. O fogo era sempre mantido acesso para aumentar
a sua intensidade os judeus acrescentavam enxofre. Acontece que o GEENA ou Vale de
Hinom, tornou-se um símbolo, não do tormento eterno, mas da condição da condenação
eterna. Suas chamas simbolizam a DESTRUIÇÃO completa e eterna, para a qual estão
destinados todos os inimigos declarados de Deus e do seu reino e no qual não haverá
reconstituição ou Ressurreição” (Seja Deus verdadeiro - edição de 1º de abril de 1952).
Vamos estudar algumas destas referências para vermos se esta interpretação dos TJ
é o que Jesus pretendia dizer quando usou a palavra Geena. Jesus disse que se chamarmos
nosso irmão de “tolo”, estaremos sujeitos ao fogo do Inferno-Geena (Mt 5.22). Seria tolice
dizer que Ele advertia os homens de que seriam queimados no monte de lixo fora da
cidade, pois não há nenhum registro de alguém que tenha sido queimado assim.
25
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
O Senhor Jesus Cristo ensinou que devemos temer mais a Deus do que aos homens,
porque os homens podem matar o nosso corpo, mas só Deus pode lançar ao Inferno
(Geena). Se Jesus se referia ao lugar crematório fora da cidade de Jerusalém em Mt 10.28
e em Lc 12.5. Ele não estaria nos ensinando a temer a Deus, porque os homens têm o
poder de jogar uma pessoa no incinerador, mas só Deus pode lançar ao “Inferno” (Geena),
não só o corpo, mas também a alma.
Para enfatizar o terror do Inferno, Jesus ensinou que se o olho no faz tropeçar,
devemos arrancá-lo para não sermos lançados no Inferno-Geena (Mt 18.9), que se uma
mão ou pé nos faz tropeçar, devemos cortá-los para não sermos lançados no Inferno-
Geena (Mc 9.45-48).
Jesus repreendeu os fariseus chamando-os de serpentes e raças de víboras e
perguntou-lhes como escapariam da condenação do Inferno = Geena (Mt 23.33). Se o
Geena não é nada mais do que um lugar de incinerar o lixo fora da cidade, como pode
estar ligado à condenação?
Para sermos coerentes em nosso pensamento, se cremos que o céu é um lugar literal,
temos também de crer que o inferno é um lugar literal (Cf. Dt 32.33; Sl 86.13; 139.8; Is
14.15; Ez 31.16, 17).
Repetidas vezes na Bíblia, o inferno relaciona-se com o fogo. Jesus o chamou de ou
“Fogo do Inferno” = geenan tou pyros [τ ν γ ενναν το πυρ ςὴ έ ῦ ό ] (Mt 5.22; 18.9). Ele falou
dele chamando-o de “Fornalha de Fogo” = Kaminon tou pyros = (κ µινον το πυρ ςά ῦ ό ) (Mt
13.42, 50). O inferno (Hades) será lançado no Lago de Fogo (limene tou pyros = (λ µνηνί
το πυρ ςῦ ὸ ) que é a condenação eterna e final (Ap 19.20; 20.10, 14, 15); Ap 21.8 = ( ν τἐ ῇ
λ µν τ καιοµ ν πυρ κα θεί ῃ ῇ έ ῃ ὶ ὶ ίῳ) en te limene te Kaiomene pyri kai theio = no lago
ardente de fogo e enxofre). Friso: Ap 20.10; Is 34.8-10.
A palavra empregada para a morada dos mortos é Geena, usada doze vezes no Novo
Testamento (Mt 5.22,29,30; 10.28; 18.9; 23.15,33; Mc 9.43,45,47; Lc 12.5; Tg 3.6). Em
cada caso, ela é usada como termo geográfico e tem em vista o estado final dos incrédulos.
O julgamento é sugerido e esse é o lugar e o estado resultante. Vos escreve:
No Novo Testamento [...] ela designa o lugar de punição eterna dos incrédulos,
geralmente ligada ao julgamento final. É associada ao fogo como a fonte da tormenta.
Corpo e alma são lançados ali. Isso não deve ser explicado com base no princípio de que o
Novo Testamento fala metaforicamente do estado após a morte em termos corporais; ela
sugere a ressurreição.
Em várias versões Geena é traduzida por “inferno” [...] O fato de “o vale de Hinom”
ter-se tornado a designação técnica para o lugar da punição final ocorreu por dois motivos.
Em primeiro lugar, o vale foi o local da adoração idólatra a Moloque, a quem crianças
eram imoladas pelo fogo (2Cr 28.3; 33.6). Em segundo lugar, por causa dessas práticas, o
local foi profanado pelo rei Josias (2Rs 23.10), e por isso ficou associado na profecia ao
julgamento que viria sobre o povo (Jr 7.32). Também o fato de que o lixo da cidade era
deixado ali pode ter ajudado a criar o nome que era sinônimo da máxima impureza.
26
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
(Geerhardus Vos, Gehenna, International standard Bible encyclopedia, n, p. 1183).
Assim, Geena teria em vista a retribuição no lago do fogo como destino dos
incrédulos.
Em Mateus 25.41 o Senhor disse aos incrédulos: “Apartai-vos de mim, malditos,
para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos”. A palavra “preparado”
literalmente é “tendo sido preparado”, sugerindo que o lago de fogo já existia e espera
seus residentes. Essa é a tese de C. T. Schwarze, então da Universidade de Nova Iorque,
de que um lugar tal como um lago de fogo é conhecido pela ciência hoje. Ele escreve:
A palavra lago deve conotar certa quantidade de matéria em forma líquida. Logo, se
a Escritura é verdadeira, esse fogo eterno está no estado líquido.
[...] uma prova simples das partes das Escrituras que temos discutido está na
existência do fenômeno singular dos céus conhecido como estrelas anãs brancas! [...] a
anã é estrela que, por causa de alguns fatores que aconteceram com ela (não claramente
definidos no momento), deveria ser aproximadamente maior cinco mil vezes ou mais do
que realmente é! A título de ilustração, se aplicássemos essa ideia a um planeta como a
Terra, você deveria imaginá-la encolhida até atingir um diâmetro de seiscentos
quilômetros [...] em vez dos onze mil quilômetros de diâmetro que ela realmente tem.
Essa enorme densidade... tem muito que ver com nosso assunto [...]
A maioria das pessoas sabe que o sol, nossa estrela mais próxima, é bem quente [..,]
há um consenso de que a temperatura dentro ou perto do centro das estrelas está entre
vinte e cinco milhões e trinta milhões de graus! [...] nessas temperaturas, muito pode
acontecer, como a explosão de átomos, o que ajuda a explicar o fenômeno da anã branca
[...]
[...] uma temperatura de trinta milhões de graus poderia explodir átomos [...]
Isso levaria os átomos a perder seus elétrons a despeito de a atração entre núcleos e
elétrons ser um octilhão [...] de vezes maior que a atração da gravidade. As partes
separadas poderiam então ser compactadas, especialmente sob tamanha pressão [...] Com a
atividade constante de raios x, as paredes dos átomos não poderiam ser reformadas; logo,
densidades enormes, tais como as encontradas nas anãs, podem ser alcançadas. Agora,
observe, por favor, a temperaturas tão altas, toda a matéria estaria sob a forma de gás [...]
numa anã branca a pressão é tão grande que os gases ficam comprimidos até atingir a
consistência de um líquido, apesar de ainda reagirem às características de gás [...]
... Antes de tal estrela poder resfriar-se e gradualmente escurecer, ela teria de
expandir-se às proporções normais. Isto é, teria de atingir mais de cinco mil vezes seu
tamanho atual. Aqui está a dificuldade. Tal expansão causaria enorme calor, que, por sua
vez, manteria a estrela totalmente comprimida, e então, pelo que astrônomos e físicos
sabem, as estrelas anãs não podem resfriar-se! [...] A anã branca, em todo caso, jamais se
extingue.
27
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
[...] permita-me fazer um resumo para demonstrar que a Bíblia, a Palavra de Deus, é
cientificamente precisa. Vemos, primeiro, um fogo eterno que não se pode extinguir. Por
ser de consistência líquida, ele é, em segundo lugar, um lago de fogo. Em terceiro lugar,
ele não pode ser extinguido, pois qualquer material que se extinguisse, tal como a água,
teria seus átomos imediatamente despidos de elétrons e seria compactado com o resto. Em
quarto lugar, já que os astrônomos têm estudado, e ainda estão estudando, esse estranho
fenômeno, é evidente que o lago de fogo já foi preparado e agora está pronto. Apesar de
não podermos dizer que Deus realmente usará esses lagos de fogo para cumprir Sua
Palavra, a resposta aos céticos está nos céus, onde existem lagos de fogo...(C. T.
SCHWARZE, The Bible and science on the everlasting fire, Bíbliotheca Sacra, 95:105-12,
Jan. 1938)
O corpo ressurrecto dos incrédulos, evidentemente, será de tal caráter que se
revelará indestrutível mesmo em meio a tal lago de fogo.
A história do homem no Hades mostra que este é um lugar de consciência (Lc 16.23,
24). É um lugar de sofrimento (Jd 7). Um lugar de dor (Sl 116.3). É um lugar de tormentos
(Lc 16.24,25,28).
O Hades-Sheol é um lugar de lembranças. Abraão disse ao homem rico que se
lembrasse das boas coisas que desfrutou enquanto vivia na terra. O homem rico lembrou-
se de seus irmãos que estavam na terra. O pecador se lembrará das orações e rogos de seus
pais piedosos. Ele se lembrará de ter ouvido sermões evangelísticos. Ele lembrará de todas
as vezes que rejeitou a Cristo.
Além de ser um lugar de recordações. O Hades é um lugar de remorso. A alma do
pecador ficará cheia do mais profundo remorso por cada pecado cometido. No Hades ele
tomará consciência da tolice que fez em vender a sua alma por “guisado de lentilhas”. Ele
se encherá de remorso por ter desdenhado do Amor de Deus e por ter rejeitado o
Evangelho do Nosso Senhor Jesus Cristo.
O Hades-Sheol e o Geena não são um lugar de aniquilamento. Para provar que o
Hades será destruído, os TJ citam que “A Morte e o Hades foram lançados para dentro do
Lago de Fogo”. Esta é a 2ª Morte (Ap 20.14). Mas eles têm de prever o claro ensinamento
de muitas outras passagens para chegarem a esta conclusão. Se tenho na mão um pedaço
de pau queimando e eu o lanço em uma fogueira, ambos continuarão queimando juntos. A
Bíblia ensina claramente que o Fogo do Inferno (Geena) é eterno (Ap 19.20; 20.10; Mt
25.41, 46; Mc 9.44, 46, 48). Em Ap 19.20 vemos a Besta (o Anticristo) e o falso Profeta
serem lançados vivos no LAGO DE FOGO. Após 1000 anos, o Diabo também será
lançado no LAGO DE FOGO, e diz a Bíblia: “onde estão a Besta e o falso Profeta”. A
Palavra de Deus não diz que o Anticristo e o Falso Profeta foram aniquilados, mas que
após 1.000 anos ainda estão no LAGO DE FOGO. E finaliza a Palavra de Deus afirmando:
“e de dia e de noite serão ATORMENTADOS pelos séculos dos séculos (isto é
eternamente)”.
As seguintes provas são apresentadas por Karl Sabiers, como evidências de que nem
SHEOL nem HADES jamais se referem a sepulcro:
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Antônio Carlos Gonçalves Bentes
1) Tanto o hebraico como o grego têm outras palavras que significa “sepulcro” ou
“túmulo”: “QUEBER” (), SHAHAT () e “MNEMEION” (µνηµε ονῖ ). Leia: Mt 23.29;
27.52; Mc 5.2; 6.29; 15.45,46; 16.2, 3, 5, 8; Lc 11.44; 24.2, 9, 12; Jo 11.17, 31, 38; 20.1-4,
6, 8, 11: At 13.29. Queber significa túmulo e sempre é usada em conexão ao corpo. É
traduzida túmulo ou seu equivalente em cada lugar. Nunca é usada em conexão com a
alma.
2) A palavra Sheol nunca é usada no plural, enquanto que Queber é muitas vezes:
Ex. 14.11; 2 Rs 23.6; 2 Sm 3.32; 21.14; 2 Cr 16.14; e Mnemeion: Mt 27.52, 53; Lc 11.44.
Queber ocorre no plural 27 vezes; sheol nunca aparece no plural. O sepultamento de cem
corpos num cemitério significa cem túmulos, mas a entrada de cem almas no sheol não
significaria cem sheóis, mas o estado único de alma separada do corpo.
3) Nunca lemos que uma pessoa tivesse um Sheol, mas sim que tinha um sepulcro:
Gn 50.5; I Rs 13.30. Queber se refere ao túmulo de um indivíduo. Por exemplo: “em meu
sepulcro” (queber) em Gênesis 50.5, “queber) de Abner” em 2 Samuel 3.32; “suas
sepulturas” em Jeremias 8.1; etc.
4) Nunca se diz que o corpo está no Sheol, nem que o espírito ou a alma estão no
sepulcro. Sheol é a palavra no Velho Testamento para o estado invisível, e é o lugar de
espíritos que já se foram. Nunca significa túmulo, embora em algumas versões a traduzam
de maneira errada algumas vezes.
5) Nunca se fala de fazer um Sheol para um morto, nem de preparar um Sheol,
como um sepulcro: Is 53.9.
6) No Juízo Final, as duas coisas: a Morte ou sepulcro, e o Hades, entregarão os
seus mortos; isto é, o lugar dos cadáveres e o lugar onde (estão) as almas estiverem
morando.
7) A mesma distinção entre Hades e a Morte ou Sepulcro se faz em Ap 1.18, onde
se diz que Cristo tem as chaves de ambos.
8) Em At 2.27 (Sl 16.10 = ) está escrito que alma de Cristo não foi deixada no
Hades, nem o Seu corpo viu a corrupção (no túmulo, subtende-se).
9) Quando os filhos de Jacó venderam José para ser escravo no Egito, enganaram ao
seu pai, trazendo-lhe a sua túnica manchada de sangue de uma fera. Expressou o seu
lamento com estas palavras: “Chorando, descerei ao meu filho até ao SHEOL. Sendo que
cria que seu filho fora devorado por uma fera, como é possível que se encontraria com ele
na sepultura? Isto prova que o SHEOL é o lugar das almas, e Jacó com razão esperava
encontrar ali a alma de seu filho (Gn 37.31-35).
10) Em Gn 49.33 está escrito que Jacó expirou e foi reunido ao seu povo. Morreu no
Egito; durante 40 dias o seu corpo foi embalsamado, e durante outros 30 dias, foi chorado
no país. Então, José obteve permissão de Faraó; fizeram uma peregrinação a Canaã;
lamentaram-no outra vez por sete dias, para depois sepultá-lo na Caverna Macpela, que era
a sepultura dos seus pais. A conclusão é, por certo que SHEOL ou HADES quer dizer
lugar das almas desencarnadas, e não outra coisa.
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Antônio Carlos Gonçalves Bentes
Quanto ao PARAÍSO ou SEIO DE ABRAÃO, ou compartimento de paz no
SHEOL ou HADES há passagens que nos dão razão para crer que Jesus foi até lá quando
foi crucificado (At 2.27-31). Ele prometeu ao ladrão penitente crucificado que o
encontraria ali naquele mesmo dia (Lc 23.43). Mas a Alma de Cristo não permaneceu ali
(At 2.27). Cremos que, segundo Ef 4.8-10, o Senhor não só ressuscitou, mas também
levou consigo as almas redimidas que antes estavam naquela parte do Sheol-Hades, que se
chama o PARAÍSO ou SEIO DE ABRAÃO. Por isso é que o apóstolo Paulo, quando foi
arrebatado até o TERCEIRO CÉU, verificou que este correspondia ao PARAÍSO (2 Co
12.2-4). E nos revela que o Paraíso não está mais embaixo, para que alguém desça até lá,
mas acima, de forma que é necessário SUBIR até ele. Uma tradução de Ef 4.8 diz: “Ele
levou a multidão de cativos”. No grego: δι λ γει, ναβ ς ε ς ψος χµαλ τευσενὸ έ Ἀ ὰ ἰ ὕ ᾐ ώ
α χµαλωσ ανἰ ί = dio legei, Anabas eis hupsos ekmaloteuçen aikmaloçian. “Por isso diz:
tendo subido às alturas levou cativo o cativeiro”. Também Paulo fala da morte como
“partir” e estar com Cristo (Fp 1.23), e “estar ausentes do corpo e presentes com o Senhor”
(2 Co 5.8, 9). Como Cristo SUBIU e está ao lado do Pai “Acima de todos os céus” (Ef
4.10; Cl 3.1), e aqueles que dormem no Senhor estão com Ele no Paraíso também, então
necessariamente o Paraíso está no Céu (3º), onde está Jesus Cristo. Os santos do Antigo
Testamento foram guardados no Sheol-Hades até a Ressurreição do Senhor, porque os
seus pecados foram cobertos (Sl 32.1); contudo, uma vez sacrificado o REDENTOR, os
pecados foram removidos (Hb 10.4; 9.26) e eles logo puderam entrar na presença de Deus.
Por isto o cristão hoje também entra logo em seguida à sua morte, na sua morada, onde
viverá com seu Salvador.
O outro compartimento (Lugar de Tormentos), ou região do Sheol-Hades não
sofreu modificação alguma, nem sofrerá, até o juízo final (Ap 20). As almas dos perdidos
continuam indo para lá, onde ficam até o juízo final que também é o chamado O JUÍZO
DO TRONO BRANCO. Nesse juízo não há menor índice de uma 2ª oportunidade para
crer e ser salvo. Até o Juízo Final as almas perdidas estarão sofrendo no Lugar de
Tormentos no Hades (Sheol), e até ao Arrebatamento, os salvos estarão no Paraíso.
30
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
V. A DIVISÃO DO SHEOL HADES
1. O LUGAR DE TORMENTOS (Lc 16.19-23). É o lugar onde os perdidos estão no
Sheol aguardando o juízo final, no final do Milênio, é um lugar de sofrimento
antecipado, pois o definitivo será o LAGO DE FOGO (GEENA) ETERNO (Ap 20.13-
15).
2. ABISMO: ABYSSOS ( βυσσοςἄ ); Abadon ().
Lc 8.31; 16.26; Ap 9.1,2, 11; Jd 6; Jó 26.6; Pv 15.11; 27.20; Is 14.15; Ap 20-1.3; Rm
10.7. Este lugar que divide o SHEOL é morada prisão de demônios (Jd 6) e os que
estão fora não desejam ir para lá (Lc 8.31). Existe um anjo que tem as chaves do
abismo, ele abrirá o Poço do Abismo e dali subirá uma fumaça e desta sairão,
gafanhotos, isto é, demônios, que agirão durante a grande Tribulação (Ap 9.1-11;20.1-
3). Ali o Diabo ficará preso por mil anos e depois sairá para logo ser lançado no Lago
de Fogo (Ap 20.10).
Is 14.12-15: Como você caiu dos céus, ó estrela da manhã, filho da alvorada! Como
foi atirado à terra, você, que derrubava as nações! Você, que dizia no seu coração:
“Subirei aos céus; erguerei o meu trono acima das estrelas de Deus; eu me assentarei
no monte da assembléia, no ponto mais elevado do monte santo. Subirei mais alto que
31
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
as mais altas nuvens; serei como o Altíssimo”. 15 Mas às profundezas do Sheol você
será levado, irá ao fundo do abismo!.
32
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
Esboço do livro Glorioso Retorno de LAHAYE, Tim & ICE, Thomas. 1ª ed. São Paulo:
Abba Press Editora Ltda, 2004.
O grande dragão é a antiga serpente chamada Diabo ou Satanás, que engana o
mundo todo.
Ap 12.9: O grande dragão foi lançado fora. Ele é a antiga serpente chamada Diabo
ou Satanás, que engana o mundo todo. Ele e os seus anjos foram lançados à terra (na
metade da Grande Tribulação).
Ap 20.1-3: lançou-o no Abismo (no final da Grande Tribulação), fechou-o e pôs um
selo sobre ele, para assim impedi-lo de enganar as nações, até que terminassem os mil
anos. Depois disso, é necessário que ele seja solto por um pouco de tempo.
Ap 20.7-10: Quando terminarem os mil anos (no fim do Milênio), Satanás será solto
da sua prisão e sairá para enganar as nações que estão nos quatro cantos da terra, Gogue e
Magogue, a fim de reuni-las para a batalha. Seu número é como a areia do mar. As nações
marcharam por toda a superfície da terra e cercaram o acampamento dos santos, a cidade
amada; mas um fogo desceu do céu e as devorou. O Diabo, que as enganava, foi lançado
33
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
no lago de fogo que arde com enxofre, onde já haviam sido lançados a besta e o falso
profeta. Eles serão atormentados dia e noite, para todo o sempre.
Ez 31.15-18: “Assim diz o Soberano, o SENHOR: No dia em que ele foi baixado ao
Sheol, fiz o abismo encher-se de pranto por ele; estanquei os seus riachos, e a sua
fartura de água foi retida. Por causa dele vesti o Líbano de trevas, e todas as árvores do
campo secaram-se completamente. 16 Fiz as nações tremerem ao som da sua queda,
quando o fiz descer ao Sheol () junto com os que descem à cova ( - bor). Então todas as
árvores do Éden, as mais belas e melhores do Líbano, todas as árvores bem regadas,
consolavam-se embaixo da terra. 17 Todos os que viviam à sombra dele, seus aliados
entre as nações, também haviam descido com ele ao Sheol, juntando-se aos que foram
mortos à espada. 18 “Qual das árvores do Éden pode comparar-se com você em
esplendor e majestade? No entanto, você também será derrubado e irá para baixo da
terra, junto com as árvores do Éden; você jazerá entre os incircuncisos, com os que
foram mortos à espada. “Eis aí o faraó e todo o seu grande povo. Palavra do Soberano,
o SENHOR”.
Lúcifer na sua queda segue a seguinte trajetória:
1º) É lançado do Éden de Deus para as Regiões Celestes (Ez 31.8-18;28.11-19; Ef
6.12)
2º) Hoje ainda está nas Regiões celestes.
3º) Depois será lançado na Terra na metade da Grande Tribulação (Ap 12.7-12; Ez
32.1-10; 29.1-8; O Dragão será vencido (Jó 41).
4º) No final da Grande Tribulação será preso no ABISMO dentro do Sheol por mil
anos;
5º) Será solto após o milênio e sairá a enganar as nações rebeldes, e fogo do céu
descerá sobre estas nações (Ap 20.7-9).
6º) E finalmente o Diabo será lança do no Lago de Fogo (Ap 20.10).
Evidentemente há mistérios que só a eternidade esclarecerá, pois apesar do Diabo
ocupar um lugar de cada vez na trajetória de sua queda, a Bíblia diz que Satanás pode se
apresentar diante de Deus juntamente com os anjos do Senhor (Jó 1.6-12) e que no
momento ele nos acusa diante do Senhor (Ap 12.10-12). O Pr. Aldery Nelson diz que
aquela reunião onde o Diabo compareceu não era o 3º Céu, mas sim o 2º Céu, isto é, nas
Regiões Celestes.
Jesus na sua morte física esteve no Hades-Sheol (At 2.24-31) e Paulo em Rm 10.7
dá entender que Ele (Jesus) esteve no Abismo (cf. Jn 2.2,5, 6; Mt 12.40; 1 Pe 1.10, 11; Ef
4.9)
3. PARAÍSO OU SEIO DE ABRAÃO. (παρ δεισοςά = paradeiços). Aparece 47 vezes na
Septuaginta e somente três vezes no Novo Testamento (Lc 16.26; 2 Co 12.2-4; Ef 4.8-
10; 2 Co 5.8; Fp 1.23; Ap 7.9, 15, Sl 49.15). Antes da Ressurreição de Cristo todos os
mortos desciam no Sheol-Hades (Lc 16.26; 23.43). Depois da Ressurreição do Senhor
34
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
o Paraíso foi trasladado para o 3º Céu (Ef 4.8-10: 2Co 12.2-4); Paulo quando foi
arrebatado até o 3º Céu esteve no Paraíso. Qualquer crente que morre passa a se reunir
com Cristo (Fp 1.23; 2 Co 5.8) - ainda que despido, isto é, sem o corpo (2 Co 5.1-4) -
ou está na Jerusalém Celestial (Hb 12.22), ou debaixo do altar no Céu (Ap 6.9) como
os mártires, ou diante do trono de Deus (Ap 7.9; 14.3).
4. Tártaro. Tartarōsas [ταρταρ σαςώ ] é usada apenas em 2 Pedro 2.4 em relação ao
julgamento dos anjos caídos. Ela parece referir-se especificamente à morada eterna dos
anjos caídos.
2 Pedro 2.4: “Porque se Deus não poupou a anjos quando pecaram, mas lançou-os
no inferno [tártaro - ταρταρ σαςώ ], e os entregou aos abismos da escuridão, reservando-os
para o juízo”.
Tartaros [...] não é Sheol nem Hades [...] aonde todos os homens vão quando
morrem. Nem é onde os ímpios são consumidos e destruídos, que é Geena [...] Não é a
morada dos homens em nenhuma condição. E usada apenas aqui em relação aos “anjos, os
que não guardaram o seu estado original” (v. Jd 6). Ela denota o limite ou a margem desse
mundo material.12
A extremidade desse “ar” inferior — do qual Satanás é “o príncipe” (Ef 2.2) e que
as Escrituras descrevem como o habitat dos “principados das trevas desse mundo” e
“espíritos malignos nas regiões celestiais”. “Tartaros não é apenas o limite dessa criação
material, mas é chamado assim por sua frieza.” (BULLINGER, Op. cit., p. 370.).
Outro conceito da palavra TÁRTARO nos diz que este é parecido com o do
HADES, não é só no idioma grego e também na cultural grega seu significado, quer
dizer o mais profundo do mundo inferior ou seria onde os deuses
estariam aprisionados enquanto os humanos ficavam no HADES. O TÁRTARO é o fundo
do HADES, ou seja, o TÁRTARO é uma sessão do HADES, os dois estão relacionados!
O Dicionário Grego do Novo Testamento de Strong diz que “Tártaro” é “o abismo
mais profundo do Hades” (exemplo - Apocalipse 20.3) e que a palavra significa
“encarcerar (aprisionar) em tormento eterno”.
A. T. Robertson define: “A habitação tenebrosa e sombria dos mortos ímpios, como
o Gehenna dos judeus”.
O Dicionário de Fausset define: “O profundo ou abismo ou poço do abismo”.
12
PENTECOST, Jr., Dwight. Manual de Escatologia. 1ª ed. São Paulo: Editora Vida, 1994, p. 690
35
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
VI. AS CIDADES DE REFÚGIO - TIPO DO HADES (SHEOL)
Nm 35.9-25
1. Os culpados de homicídio involuntário iam para as cidades de refúgio;
2. O Vingador de Sangue não poderia tocar nos culpados escondidos nas cidades de
refúgio;
3. Os culpados não poderiam sair das cidades de refúgio até a morte do Sumo
Sacerdote, que foi ungido com óleo sagrado.
4. Assim também os mortos iam para o Sheol e Satanás tinha as chaves da Morte (Hb
2.14, 15;7.15-28) e do Sheol (Hades).
5. Os culpados escondidos nas cidades de refúgio só poderiam sair de lá quando
morresse o Sumo Sacerdote; assim também as almas dos justos só poderiam sair do Sheol-
Hades quando morresse o Sumo Sacerdote Jesus Cristo, e isto aconteceu lá no Calvário. E
quando Cristo desceu até o Sheol (At 2.27-31) arrancou das mãos do Diabo as chaves da
morte e do Hades (Hb 2.14, 15; Mt 28.18; Ap 1.18). Agora os justos não precisam ficar no
cativeiro no Sheol (Sl 49.15; 30.3; 86.13). Cristo na sua Ressurreição levou cativo o
cativeiro (Ef 4.8; Sl 68.18). Por isto AS PORTAS DO HADES NÃO PREVALECERÃO
CONTRA A IGREJA (Mt 16.18).
VII. PERSONAGENS QUE ESCAPARAM DO SHEOL-HADES
1. Enoque (Gn 5.24; Hb 11.5). Este como tipo da Igreja composta de salvos vivos,
foi arrebatado, transformado e não desceu ao Sheol.
2. Elias (2 Rs 2.1-11). Também não morreu, foi arrebatado ao Céu.
3. Moisés (Dt 34.1-6; Jd 9). Moisés apareceu no Monte da Transfiguração foi
reconhecido pelos discípulos. Isto se deu antes da ressurreição de Cristo, quando ninguém
poderia ter saído do Sheol-Hades. Moisés apareceu com o corpo glorificado, todavia a
Bíblia nos diz que morreu e foi sepultado. Cremos que o nosso irmão Moisés passou
pouco tempo morto, e logo ressuscitou, pois não deu tempo dele chegar ao Sheol. Mas
mesmo que ele tivesse estado lá, Deus é poderoso para tirá-lo de lá. O Diabo foi procurar o
corpo de Moisés, porque (Jd 9) ele não havia chegado lá. É certo que Moisés não é as
primícias dos que dormem, mas ele era a semelhança de Cristo (Dt 18.15), o Profeta que
havia de vir. Seu aparecimento na Transfiguração deixa-nos duas opções: 1ª Ele morreu e
ressuscitou; 2ª Ele foi trasladado. Fica o mistério, todavia podemos afirmar que ele não
esteve no Sheol, ou se esteve, demorou pouco tempo. Moisés durante a sua vida já gozava
de algumas características especiais no seu corpo físico: “Não se lhe escureceu a vista” e
“Nem lhe fugiu o vigor” (Dt 34.7).
Na Bíblia TEB temos o seguinte comentário sobre o livro de Judas: “O ambiente de
Judas se manifesta em estreita conexão com os círculos que, a partir do século II A.C.,
virou a elaboração da literatura apocalíptica e transmitiu obras como o livro de Enoque, a
Assunção de Moisés, os testamentos dos Doze Patriarcas. O Autor cita textualmente uma
36
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
passagem do livro de Enoque (V.V. 14,15) e utiliza tanto a própria Assunção de Moisés,
como um documento parecido (v.9)”.
O escriba de Moisés relatou que Deus o sepultou na terra de Moabe, mas que nunca
se soube onde! Depois vemos o Diabo e o Arcanjo Miguel disputando o seu corpo. O
Diabo não tinha diante de si um corpo, mas tinha um problema sério. O Diabo queria saber
onde Moisés estava sepultado! O Arcanjo lhe repreendeu. O Diabo queria saber do corpo,
pois ele era detentor das chaves da Morte e do Hades-Sheol, percebeu que Moisés havia
morrido mas que ele não havia aparecido lá, alguma coisa havia acontecido. Deus o tomou
para si. Depois o Diabo ficou sabendo do seu destino, pois ficou sabendo da
Transfiguração.
Adam Clarke (1760 ou 1762-1832), um teólogo britânico e erudito bíblico
Metodista também defende que: Para Moisés aparecer no monte da transfiguração teria
que ter ressuscitado.
Como citamos anteriormente: Enoque, Elias e Moisés não podem fazer dupla para
serem as duas testemunhas durante a Grande Tribulação, pois Enoque e Elias não
provaram a morte e foram transformados para entrarem no terceiro céu. Eles teriam que
ser retransformados em corpos humanos para morrerem. E nosso irmão Moisés morreu e
teria que morrer novamente. Caso tenha ressuscitado como está escrito no livro de Enoque
teria também que ser retransformado para morrer. Todas estas opções nos parecem
absurdas.
37
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
VIII. ALGUNS PERSONAGENS QUE PASSARAM POUCO TEMPO NO SHEOL-
HADES
1. SIMEÃO: Lc 2.25-30:
“Ora, havia em Jerusalém um homem cujo nome era Simeão; e este homem, justo e
temente a Deus, esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele. E lhe
fora revelado pelo Espírito Santo que ele não morreria antes de ver o Cristo do Senhor.
Assim pelo Espírito foi ao templo; e quando os pais trouxeram o menino Jesus, para
fazerem por ele segundo o costume da lei, Simeão o tomou em seus braços, e louvou a
Deus, e disse: Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, segundo a tua palavra; pois os
meus olhos já viram a tua salvação, a qual tu preparaste ante a face de todos os povos; luz
para revelação aos gentios, e para glória do teu povo Israel”.
2. JOÃO BATISTA: Mc 6.14-19;
3. LADRÃO DA CRUZ: Lc 23.42,43;
4. JESUS: At 2.27-31; Sl 16.10.
Sl 16.10: Pois não deixarás a minha alma no Sheol, nem permitirás que o teu Santo
veja corrupção. Este é um salmo de Davi e Pedro nos afirma (At 2.27-35) que Davi
morreu e foi sepultado e que sua sepultura estava com eles até aquela data. Logo Davi
falava de Jesus.
At 2.27-35: "27. pois não deixarás a minha alma no hades, nem permitirás que o teu
Santo veja a corrupção; 28. fizeste-me conhecer os caminhos da vida; encher-me-ás de
alegria na tua presença. 29. Irmãos, seja-me permitido dizer-vos livremente acerca do
patriarca Davi, que ele morreu e foi sepultado, e entre nós está até hoje a sua sepultura. 30.
Sendo, pois, ele profeta, e sabendo que Deus lhe havia prometido com juramento que faria
sentar sobre o seu trono um dos seus descendentes - 31. prevendo isto, Davi falou da
ressurreição de Cristo, que a sua alma não foi deixada no hades, nem a sua carne viu a
corrupção. 32. Ora, a este Jesus, Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas.
33. De sorte que, exaltado pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa do
Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis. 34. Porque Davi não subiu aos
céus, mas ele próprio declara: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita,
35. até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés". Este texto explicitamente
afirma que Cristo não seria deixado no Hades, e que a sua carne não veria a corrupção.
Mt 12.40: "Pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre do grande peixe,
assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio (coração) da terra". Este texto
traça um comparativo entre o profeta Jonas, que foi engolido por um peixe enorme, e
Cristo, que ficou três dias e três noites no Hades no coração da terra.
Depois da Ressurreição do Senhor o Paraíso foi trasladado para o 3º Céu. Qualquer
crente que morre passa a se reunir com Cristo (Fp 1.23; 2Co 5.8) - ainda que despido, isto
é, sem o corpo (2Co 5.1-4) - ou está na Jerusalém Celestial (Hb 12.22), ou debaixo do altar
no Céu (Ap 6.9) como os mártires, ou diante do trono de Deus (Ap 7.9; 14.3).
38
Antônio Carlos Gonçalves Bentes
Mt 16.18: "Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a
minha igreja, e as portas do Hades não prevalecerão contra ela".
As portas do Hades não prevalece contra a Igreja porque qualquer filho de Deus que
morre sobe ao Paraíso que está no terceiro Céu.
Na ressurreição dos mortos, no arrebatamento, os santos que estão no Paraíso
descerão do terceiro Céu para receberem os seus corpos glorificados, pois o corpo natural
é semente do corpo espiritual e está aqui na terra.
1 Tessalonicenses 4.13-18: "13. Não queremos, porém, irmãos, que sejais
ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais como os outros que
não têm esperança. 14. Porque, se cremos que Jesus morreu e ressurgiu, assim também aos
que dormem, Deus, mediante Jesus, os tornará a trazer juntamente com ele. 15. Dizemo-
vos, pois, isto pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do
Senhor, de modo algum precederemos os que já dormem. 16. Porque o Senhor mesmo
descerá do céu com grande brado, à voz do arcanjo, ao som da trombeta de Deus, e os que
morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. 17. Depois nós, os que ficarmos vivos,
seremos arrebatados juntamente com eles, nas nuvens, ao encontro do Senhor nos ares, e
assim estaremos para sempre com o Senhor. 18. Portanto, consolai-vos uns aos outros com
estas palavras".
1Co 15.51-57: "51. Eis aqui vos digo um mistério: Nem todos dormiremos mas
todos seremos transformados, 52. num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da
última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos serão ressuscitados incorruptíveis, e
nós seremos transformados. 53. Porque é necessário que isto que é corruptível se revista
da incorruptibilidade e que isto que é mortal se revista da imortalidade. 54. Mas, quando
isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da
imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrito: Tragada foi a morte na vitória.
55. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? 56. O aguilhão
da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei".
“A Igreja não descerá ao SHEOL-HADES” (Mt 16.18; Nm 35.9-35; 2 Co 5.8; Fp
1.23; Ap 7.9, 15).
A descida de Cristo ao Hades foi quase universalmente afirmada pelos pais da
igreja, incluindo Policarpo, Justino Mártir, Orígenes, Hermas, Irineu, Cipriano, Tertuliano,
Hipólito, Clemente de Alexandria e Agostinho. As referências patrísticas mais antigas à
descida ocorrem nas epístolas de Inácio, datadas do começo do século II.
Jesus desceu ao Hades para libertar os santos do Antigo Testamento
Ef 4.8-10: "8. Por isso foi dito: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, e deu dons
aos homens. 9. Ora, isto - ele subiu - que é, senão que também desceu às partes mais
baixas da terra? 10. Aquele que desceu é também o mesmo que subiu muito acima de
todos os céus, para cumprir todas as coisas".
Nesta interpretação Jesus teria ido ao Hades pregar o Evangelho e libertar aos santos
do Antigo Testamento. Esses homens piedosos supostamente estariam esperando a
consumação da redenção por Jesus para serem levados ao paraíso.
39
O que é Sheol-Hades
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O que é Sheol-Hades

  • 1. MINISTMINISTÉÉRIO GOELRIO GOEL Pr. A. Carlos G. BentesPr. A. Carlos G. Bentes DOUTOR EM TEOLOGIADOUTOR EM TEOLOGIA PhD em Teologia SistemPhD em Teologia Sistemááticatica l ") oGl ") oG TANATOLOGIA HADESLOGIA SHEOLOGIA A DOUTRINA DO ESTADO INTERMEDIÁRIO “A SUA UNÇÃO VOS ENSINA A RESPEITO DE TODAS AS COISAS” (1 Jo 2.27) “A sabedoria é a coisa principal; adquire pois, a sabedoria; sim com tudo o que possuis adquire o conhecimento” (Pv 4.7)
  • 2. Antônio Carlos Gonçalves Bentes ÍNDICE I.INTRODUÇÃO. O QUE É O INFERNO. ..................................................................................................4 O QUE É O INFERNO..............................................................................................................................6 Inferno.................................................................................................................................................9 “SHEOLOGIA – HADESLOGIA”..........................................................................................................15 II.SHEOL-HADES: O LUGAR DOS MORTOS............................................................................................17 1) Hades antes da ascensão de Cristo. No NT, hades indica a habitação dos mortos e é equivalente ao Sheol, no AT. Acreditava-se que, na ocasião da morte, tanto os bons quanto os maus iam para o Hades, embora no pensamento bíblico posterior considera-se que os bons estão num recinto superior do hades, chamado paraíso (cf. Lc 16.19-31). A passagem em que a palavra ocorre deixa claro que o Hades estava antigamente dividido em dois, as moradas dos salvos e a dos incrédulos, respectivamente. A primeira era chamada “paraíso” e “seio de Abraão”. Ambas designações eram talmúdicas, mas foram adotadas por Cristo em Lucas 16.22; 23.43. Os mortos abençoados estavam com Abraão, eram conscientes e estavam “confortados” (Lc 16.25). O ladrão que acreditou estaria, naquele dia, com Cristo no “paraíso”. Os incrédulos estavam separados dos salvos por um “grande abismo” fixo (Lc 16.26). O representante dos incrédulos que agora estão no Hades é o homem rico de Lucas 16.19-31. Ele estava vivo, consciente, exercendo todas as suas funções, memória etc, e em agonia.......................................................................................................................................................18 2) Hades desde a ascensão de Cristo. Quanto aos mortos incrédulos, nenhuma mudança de lugar ou condição é revelada nas Escrituras. No julgamento do grande trono branco, o Hades os entregará, eles serão julgados e passarão para o lago do fogo (Ap 20.13,14). Mas houve uma mudança que afetou o paraíso. Paulo foi “arrebatado ao paraíso” (2Co 12.1-4). O paraíso, então, agora está na presença imediata de Deus. Acredita-se que Efésios 4.8-10 indique o tempo da mudança. “Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro”. Acrescenta-se imediatamente que antes Ele havia “descido até às regiões inferiores da terra”, i.e., a parte do Hades chamada paraíso. Durante a atual era da igreja, os salvos que morrem estão “ausentes do corpo e presentes com o Senhor”. Os mortos incrédulos no Hades e os mortos salvos “com o Senhor” esperam a ressurreição (Jó 19.25; 1Co 15.52). (C. I. Scofield, Reference Bible, p. 1098-9)......................................................................................................................18 III.SHEOL NO VELHO TESTAMENTO E A SUA LOCALIZAÇÃO.................................................................19 IV.DEPOIS DO SHEOL-HADES SEGUE-SE O GEENA ...............................................................................24 VI.AS CIDADES DE REFÚGIO - TIPO DO HADES (SHEOL).........................................................36 VII.PERSONAGENS QUE ESCAPARAM DO SHEOL-HADES......................................................................36 VIII.ALGUNS PERSONAGENS QUE PASSARAM POUCO TEMPO NO SHEOL-HADES................................38 2
  • 3. Antônio Carlos Gonçalves Bentes REFERÊNCIAS BÍBLICAS.......................................................................................................................41 BIOGRAFIA DO AUTOR........................................................................................................................44 3
  • 4. Antônio Carlos Gonçalves Bentes I. INTRODUÇÃO. O QUE É O INFERNO. 1 Inferno é um termo usado por diferentes religiões e mitologias, representando a morada dos mortos ou um lugar de condenação. A palavra inferno não é encontrada nem no Novo e nem no Velho Testamento. A origem do termo é latina: infernum, que significa “as profundezas” ou o “mundo inferior”. 1. Inferno na mitologia grega Na mitologia grega, as profundezas correspondiam ao reino de Hades, para onde iam os mortos. Daí ser comum encontrar-se a referência de que Hades era Deus dos Infernos. O uso do plural, infernos indica mais o caráter de submundo e mundo das profundezas do que o caráter de lugar de condenação, em geral dado pelo singular, inferno. 2. Inferno no judaísmo No judaísmo, o termo Gehinom (ou Gehena) designa a situação de purificação necessária à alma para que possa entrar no Paraíso - denominado por Gan Eden. Nesse sentido, o inferno na religião e mitologia judaica não é eterno, mas uma condição finita, após a qual a alma está purificada. Outro termo designativo do mundo dos mortos é Sheol, que apresenta essa característica de desolação, silêncio e purificação. 3. Inferno no budismo De certo modo, todo o samsara é um inferno para o budismo, visto que em qualquer reino do samsara2 existe sofrimento. Entretanto, em alguns reinos, o sofrimento é maior correspondendo à noção de inferno como lugar ou situação de sofrimento. Por esse motivo, muitas vezes expressam-se esses mundos de sofrimento maior como infernos. Nenhum renascimento em um inferno é eterno, embora o tempo da mente nessas situações possa ser contado em eras. Contam-se dezoito formas de infernos, sendo oito quentes, oito frios e mais dois infernos que são, na verdade, duas subcategorias de infernos: os da vizinhança dos infernos quentes e os infernos efêmeros. Além desses dezoito que constituem o “Reino dos Infernos”, pelo sofrimento, o “Reino dos Fantasmas Famintos” é comparável à noção de inferno, sendo constituído de estados de consciência de forte privação - como fome ou sede - sem que haja possibilidade de saciar essa privação. A meditação sobre os infernos deve gerar compaixão. 4. Inferno no islamismo No Islã, o inferno é eterno, consistindo em sete portões pelos quais entram as várias categorias de condenados, sejam eles muçulmanos injustos ou não muçulmanos. 5. Inferno no cristianismo 1 Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. 2 Samsara. [Sânscr., 'passagem por estados sucessivos'.] Substantivo masculino. Metempsicose. 4
  • 5. Antônio Carlos Gonçalves Bentes Na tradição cristã o inferno corresponde a um dos chamados novíssimos: a morte, o juízo final, o inferno e o paraíso. A ideia de que o inferno é um lugar de condenação eterna, tal como se apresenta hoje, nem sempre foi consenso entre os cristãos. Nos primeiros séculos do cristianismo, houve quem defendesse que a permanência da alma no inferno era temporária. Por fim, prevaleceu entre os cristãos a concepção de que a condenação era eterna. Sheol (Hades) Sheol é um termo hebraico presente na Bíblia que designa a “morada dos mortos”. Inicialmente o conceito se referia a um lugar longe do olhar de Deus, de existência sofrível, destino de todos os seres humanos, bons ou maus. Posteriormente o conceito modificou-se para o lugar onde os maus receberiam o castigo merecido. Hades Na mitologia grega, Hades é o deus do mundo inferior, soberano dos mortos. O nome Hades era usado para designar tanto o deus como os seus domínios. O deus Hades Hades era um deus de poucas palavras e seu nome inspirava tanto medo que as pessoas procuravam não pronunciá-lo. Era também conhecido como “o Rico” - pois era dono das riquezas do subsolo - e também como “o Hospitaleiro”, pois sempre havia lugar para mais uma alma no seu reino. Casou-se com Perséfone, filha de Zeus e Deméter, após um rapto bem sucedido. Hades, o reino dos mortos Hades era conhecido como o reino dos mortos ou simplesmente o submundo. Este era um lugar onde imperava a tristeza. O barqueiro Caronte conduzia as almas dos mortos através do rio de águas paradas Estige, até a entrada do reino de Hades, que era guardada por Cérbero, um monstruoso cão de três cabeças que não deixava as almas saírem do reino de Hades. Convém salientar que, segundo Homero, Hades era o nome do deus, dizendo-se inicialmente que “as almas baixavam à casa de Hades”. Mais tarde a “casa de Hades” passou ser simplesmente tratada com o mesmo nome do deus, passando a dizer-se que “as almas desciam a Hades”. 5
  • 6. Antônio Carlos Gonçalves Bentes O QUE É O INFERNO 1º) O inferno é um lugar preparado para o Diabo e seus anjos (Mt 25.41; 2Pe 2.4; Ap 20.1- 3, 10,14). 2º) O inferno é, também lugar de castigo eterno para os ímpios (Mt 5.22, 29,30; 10.28; 18.8,9; 23.15, 33 (geena); Mt 25.41, 46; 2Ts 1.9; Ap 19.20; 20.14,15; Dn 12.2). Há duas palavras que precisam ser consideradas neste contexto, pois desempenham importante papel no ensino da Bíblia sobre o assunto. As duas palavras são: “Sheol" e “Hades”, sendo a primeira hebraica, e a segunda grega. As duas palavras tem a mesma significação, isto e, referem-se ao mesmo lugar geral: a habitação das almas dos mortos. Em algumas traduções essas palavras são traduzidas de diversas maneiras, tais como “inferno”, “abismo” e “sepultura”, porem não são traduções corretas, pois cada um desses vocábulos nossos tem seu próprio equivalente hebraico ou grego. Há versões que evitam o erro não traduzindo, mas apenas transliterando as palavras “Sheol” e “Hades'’. “No Antigo Testamento, todos aqueles que morriam, tanto justos como ímpios, são referidos como tendo ido para o Sheol (Gn 37.35; Sl 9.17; 16.10). Na narrativa do rico e Lazaro em Lucas 16, Jesus levanta a cortina e revela o fato de que no Sheol ou Hades existem dois compartimentos. O primeiro, chamado de “seio de Abraão”, era a habitação dos justos, e então era identificado com o Paraíso (Lc 23.43, comparado com Mt 12.40). Por ocasião da ressurreição de Cristo essa parte do Hades (Paraíso) foi esvaziado de seus ocupantes, que foram transferidos a destra de Deus (Ef 4.8-10 comparado com 2Co 12.2- 4; Sl 68.18). A nova habitação dos justos e atualmente chamado de Paraíso. E a esse lugar da presença de Cristo que o crente vai por ocasião de sua partida deste mundo, e é ali que o crente habita em comunhão consciente com Cristo, onde permanecerá também ate a 6
  • 7. Antônio Carlos Gonçalves Bentes ressurreição dos justos (Fp 1.23,24; 2Co 5.6-8; 1s 4.14-17). A outra parte do Hades ou Sheol, que era separada do Paraíso pelo grande abismo, e a habitação das almas dos ímpios. É a prisão temporária onde os criminosos do universo são mantidos aprisionados enquanto esperam o Julgamento do Grande Trono Branco”. 3 Um problema crônico que os tradutores bíblicos enfrentam é a tradução para a palavra inferno a partir de palavras gregas e hebraicas. Isso porque a palavra inferno não vem nem do hebraico do AT nem do grego do NT, mas vem do latim infernus, de séculos posteriores. Essa palavra não existe originalmente na Bíblia, cabendo aos tradutores “identificarem” o inferno em palavras gregas tendo por base as suas próprias convicções teológicas. Algumas palavras que foram traduzidas por “inferno” são Sheol, Hades, Tártaros e Geena, sem que o sentido real de algumas dessas palavras fosse realmente o infernus que ficou popularmente conhecido como um local de tormento e castigo. O leitor simples, sem conhecimento das línguas originais, não tem como descobrir, então, o que é e o que não é inferno, por traduzirem todas essas como “inferno” em diferentes ocasiões, conquanto que tenham significados bem distintos entre si. O significado de Sheol ou Hades difere do Tártaro, que por sua vez difere do Geena. É necessário voltarmos aos originais se queremos descobrir qual delas é que está no original, em cada citação distinta. Tendo em vista que, como vimos, os ímpios não se encontram atualmente no inferno, então este é um lugar que está para ser inaugurado. Mas de todas as palavras que vimos acima e que são traduzidas por “inferno” em nossas Bíblias, qual delas seria realmente um local de punição futura aos condenados? É isso o que veremos agora. Geena (γ ενναέ ) – A vista de tudo isso, o que seria então o “inferno” bíblico? O geena. E esse lugar de tormento eterno ainda está para ser inaugurado. Quando Cristo fala do “inferno”, no original é “geena” e se refere não a um inferno existente, mas ao local de castigo que existirá após a ressurreição. Jesus perguntou aos fariseus: “Como vocês escaparão da condenação ao inferno [geena]?” (cf. Mt 23.33). Também disse aos fariseus que eles faziam discípulos para depois os tornarem “duas vezes mais filho do inferno [geena] do que vós” (cf. Mt 23.15), e que “é melhor entrar na vida aleijado do que, tendo os dois pés, ser lançado no inferno [geena]” (cf. Mc 9.45). Qualquer um que disser “louco” ao ser irmão, “corre risco de ir para o fogo do inferno [geena]” (cf. Mt 5.22). A passagem mais clara de que o verdadeiro inferno à luz da Bíblia (que é o geena) não é um local só para espíritos incorpóreos, mas para onde vão, também, os corpos físicos dos ímpios, é Mateus 5.29, onde Cristo diz que, “se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno [geena]”. Mas o que era esse geena, de que Cristo tanto falava? Geena era o nome dado ao Vale de Hinon, que se localizava ao sul de Jerusalém. Era um verdadeiro “lixão público”, local onde se deixavam 3 BANCROFT, E. H. TEOLOGIA ELEMENTAR. SÃO PAULO: IMPRENSA BATISTA REGULAR, p. 366. 7
  • 8. Antônio Carlos Gonçalves Bentes os resíduos, bem como toda a sorte de cadáveres de animais e malfeitores, e imundícies de todas as espécies, recolhidas da cidade. Neste local, era aceso um “fogo que nunca se apagava”, pelo fato de que estava constantemente aceso, tendo em vista que suportava todos os tipos de lixo e carniça que eram ali despejados. Os dejetos que não eram rapidamente consumidos pela ação do fogo eram consumidos pela devastação dos vermes que ali se achavam – um cenário muito típico de um verdadeiro lixão público – que devoravam as entranhas dos cadáveres dos impenitentes que lá eram lançados, em um espetáculo realmente aterrador. Por isso mesmo, o fogo não podia ser apagado, para a preservação da saúde do povo que viva naquelas redondezas. Este quadro histórico do “Vale de Hinon” ou “Geena” também é o quadro espiritual do fim dos pecadores que, de acordo com a Bíblia, serão ali lançados. Este é exatamente o mesmo quadro também relatado por Isaías, no último capítulo de seu livro: “E sairão, e verão os cadáveres dos homens que prevaricaram contra mim; porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e serão um horror a toda a carne” (cf. Isaías 66.24). Ap 20.5: "Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se completassem. Ap 20.11-15: 11. E vi um grande trono branco e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiram a terra e o céu; e não foi achado lugar para eles. 12. E vi os mortos, grandes e pequenos, em pé diante do trono; e abriram-se uns livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida; e os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. 13. O mar entregou os mortos que nele havia; e a morte e o hades entregaram os mortos que neles havia; e foram julgados, cada um segundo as suas obras. 14. E a morte e o Hades foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo. 15. E todo aquele que não foi achado inscrito no livro da vida, foi lançado no lago de fogo. Todos ressuscitarão, tanto justos como ímpios. Todos, possuindo corpo, alma e espírito, irão para o Céu ou Inferno (Geena). Dn 12.2: E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno. Jo 5.28,29: Não vos admireis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz e sairão: 29. os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida, e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo. Is 34.8-10: 8 Porque será o Dia da Vingança do SENHOR [Grande Tribulação], Ano de Retribuições [Milênio] pela luta de Sião. 9. E os ribeiros de Edom transformar-se- ão em pez, e o seu solo em enxofre, e a sua terra tornar-se-á em pez ardente. 10. Nem de noite nem de dia se apagará; para sempre a sua fumaça subirá; de geração em geração será assolada; pelos séculos dos séculos ninguém passará por ela [Geena]. (Cf. Ap 14.9-11). Ano Aceitável do Senhor O Dia da Vingança Milênio Reino Eterno 8
  • 9. Antônio Carlos Gonçalves Bentes Graça Grande Tribulação Reino de Israel Reino de Deus Inferno4 É adequado para discutir a doutrina do inferno em conexão com a doutrina do juízo final. Poderia definir o inferno como segue: O inferno é um lugar de punição eterna para os ímpios. A Escritura ensina que existem várias passagens em um lugar como aquele. No final da parábola do dinheiro, o Senhor diz: “Para jogar fora o servo inútil, nas trevas, ali haverá choro e ranger de dentes” (Mateus 25.30). Esta é uma das várias indicações de que haverá consciência do castigo após o juízo final. Da mesma forma, no julgamento, dirá o Rei para alguns, “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mt 25.41), Jesus diz que aqueles estão condenados “irem para o castigo eterno mas os justos para a vida eterna “(Mateus 25.46). Neste opúsculo, o paralelo entre “vida eterna” e “castigo eterno” indica que ambos os estados não têm fim. Ano Aceitável do Senhor O Dia da Vingança Milênio Reino Eterno Graça Grande Tribulação Reino de Israel Castigo Eterno x Vida Eterna Jesus se refere ao inferno como um lugar “onde o fogo não se apaga” (Marcos 9.43 - γ εννανέ ), e diz que o inferno (geena) é um lugar onde “o seu verme não morre e o fogo não se apaga” (Marcos 9.48). A história de Lázaro e o homem rico também indica uma consciência horrível de castigo, apesar que esta referência é relativa ao Hades: Acontece que o mendigo morreu e os anjos o levaram para o seio de Abraão era. O homem rico também morreu e foi sepultado. No Hades, em meio a tormentos, ergueu os olhos e viu ao longe Abraão e Lázaro ao seu lado. Então, ele levantou a voz e chamou de “Pai Abraão, tem piedade de mim e manda Lázaro que molhe a ponta do dedo na água e refresque a minha língua, porque estou atormentado nesta fogo”. (Lucas 16.22-24). Em seguida, pede a Abraão para enviar Lázaro à casa de seu pai, “para avisar os meus cinco irmãos e para que não venham também para este lugar de tormento” (Lucas 16.28). Quando nos voltamos para Apocalipse descrições de castigo eterno são também muito explícito: Se alguém adorar a besta e a sua imagem, e saiu na testa ou na mão a marca da besta beberá do vinho da ira de Deus, que, no cálice da sua ira é derramada sem mistura. Será atormentado com fogo e enxofre diante dos santos anjos e do Cordeiro. A fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre. Não há dia de descanso nem de noite os que adoram a besta e a sua imagem, e para quem recebe o sinal do seu nome. (Apocalipse 14.9-11). Esta passagem confirma claramente a ideia de um castigo eterno e consciente dos incrédulos. 4 GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. 1ª ed. São Paulo: Editora Vida Nova, 1999, p. 982-986. 9
  • 10. Antônio Carlos Gonçalves Bentes No que diz respeito ao julgamento da ímpia cidade de Babilônia, uma grande multidão no céu, exclama: “Aleluia! Sua fumaça sobe pelos séculos dos séculos”. Após a derrota da rebelião final de Satanás diz: “O diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre onde já se encontram não só a besta como também o falso profeta. “Eles serão atormentados dia e noite pelos séculos dos séculos” (Ap 20.10). Esta passagem também é significativa em conexão com Mateus 24.41, em que os incrédulos são enviados para “o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos.” Estes versos deveriam tornar- nos conscientes da magnitude da santidade e justiça de Deus que chama esse tipo de punição. Mesmo alguns teólogos evangélicos recentemente negam a ideia de que haverá um castigo eterno e consciente dos incrédulos. Antes a Igreja Adventista do Sétimo Dia tinha negado, e várias pessoas ao longo da história da igreja. Aqueles que negam a punição eterna, muitas vezes invocam o “niilismo” um ensinamento que os ímpios sofrem o castigo da ira de Deus por um tempo, e depois Deus “aniquilará” a fim de que não existam mais. Muitos que acreditam no aniquilacionismo também argumentam que o julgamento final e castigo do pecado é real, mas argumentam que os pecadores após terem sofrido ao longo de um período de tempo, enfrentando a ira de Deus por seus pecados, no final deixariam de existir. A pena será, portanto, “consciente” mas não “eterno”. Os argumentos propostos em favor do aniquilacionismo são: (1) as referências bíblicas à destruição dos ímpios, que, alguns dizem que implica que deixam de existir depois de serem destruídos (Fp 3.19, 1Ts 5.3; 2Ts 1.9; 2Pe 3.7, (2) a aparente incoerência entre a punição eterna e do amor de Deus, (3) a aparente injustiça que encerra a desproporção entre os pecados cometidos durante um tempo e um pecado que é eterno e (4) o fato de que a presença contínua de criaturas más no universo de Deus para sempre estragaria a perfeição de um universo que Deus criou para refletir a sua glória. Em resposta, deve-se dizer que as passagens que falam de destruição (como Fp 3.19, 1Ts 5.3. 2Ts 1.9 e 2 Pe 3.7) não implicam a cessação da existência, para o termo que nestas passagens é usado para “destruir” não necessariamente a cessação da existência ou aniquilação, mas são simplesmente maneiras de se referir aos efeitos nocivos e destrutivos da decisão final sobre os incrédulos. Com relação ao argumento do amor de Deus, a mesma dificuldade de conciliar o amor de Deus com o castigo eterno parece estar presente para conciliar o amor de Deus com a ideia de castigo divino em geral, e, inversamente, (como a Escritura abundantemente testemunha) é consistente que Deus pune o ímpio para um determinado período de tempo após o julgamento, então não parece haver nenhuma razão, seria inconsistente para Deus infringir a mesma punição por um período ilimitado. Este tipo de raciocínio pode levar algumas pessoas a adotarem aniquilacionismo outro, aquele em que não há qualquer sofrimento consciente, mesmo que por um curto período de tempo, e a única punição é que os incrédulos deixam de existir depois que morrem. Mas, em resposta, alguém poderia perguntar se este tipo de aniquilação imediata pode ser chamado de uma punição, pois não haveria a consciência da dor. Na verdade, a 10
  • 11. Antônio Carlos Gonçalves Bentes garantia de que haveria uma cessação da existência parece muitas pessoas, especialmente aquelas que sofrem e estão com problemas nesta vida, uma alternativa, de alguma forma desejável. E se não houve punição dos descrentes em tudo, até mesmo pessoas como Hitler e Stalin não teria de enfrentar qualquer coisa, e não haveria justiça final no universo. Então, as pessoas teriam fortes incentivos para serem tão mal quanto possível nesta vida. O argumento de que o castigo eterno é injusto (porque há um desequilíbrio temporário entre um pecado e um castigo eterno) erroneamente assume que sabemos a extensão do dano causado quando os pecadores se rebelam contra Deus. David Kingdon observa que “o pecado contra o Criador é absolutamente terrível para um ponto além da nossa capacidade imaginativa corrompida pelo pecado de conceber ... Quem teria a ousadia de sugerir a Deus o que deveria ser a punição?”. Ele também responde a essa objeção, sugerindo que os incrédulos no inferno poderão continuar pecando e recebendo castigo por seus pecados, mas nunca se arrependendo, e observe que os pontos de Apocalipse 22.11 desta maneira: “Continue o injusto a praticar injustiça; continue o imundo na imundícia”. Além disso, neste momento, um argumento baseado na justiça de Deus pode ser interposto contra aniquilacionismo. Será que a punição breve aniquilacionista realmente paga os pecados do incrédulo e satisfaz a justiça de Deus? Se você não pagar, então você não ter satisfeito a justiça de Deus e os incrédulos não devem ser destruídos. Mas se você pagar, você deve permitir que o incrédulo ir para o céu, e não deve ser destruído. Em ambos os casos, o niilismo não é necessário nem adequado. Em relação ao quarto argumento, enquanto restos mal sem punição se confunde a justiça de Deus no universo, devemos reconhecer também que, quando Deus pune o mal e triunfa sobre ela, vai conquistar a glória de sua retidão, justiça e poder sobre toda a oposição (Rm 9.17,22-24).A profundidade e a riqueza da misericórdia de Deus deve ser divulgado, como todos os pecadores redimidos reconhecer que eles também merecem punição divina e ter evitado somente pela graça de Deus através de Jesus Cristo (cf. Rm 9.23-24). Mas depois de tudo isso dito, devemos admitir que a solução final da profundidade deste problema está além de nossa compreensão, e permanece escondido nos conselhos de Deus. Se não fosse pelas passagens bíblicas citadas acima, que tão claramente confirmar um castigo eterno e consciente, aniquilacionismo pode parecer uma opção atraente. Embora você possa ir contra a aniquilacionismo com argumentos teológicos, é a clareza e a força dessas passagens que finalmente nos convence de que o niilismo é incorreta e que a Escritura realmente ensina punição eterna dos ímpios. O que devemos pensar desta doutrina? É difícil, e deve ser difícil, para nós a pensar nessa doutrina hoje. Se os nossos corações nunca foram tocados por profunda tristeza quando vemos essa doutrina, então a nossa sensibilidade espiritual e emocional tem deficiências graves. Quando Paulo pensa na perda de seus companheiros judeus, diz: “tenho grande tristeza e constante angústia em meu coração”. (Rm 9.2). Isto é consistente com o que Deus diz de sua própria tristeza na morte do ímpio: “Diga-lhes: Juro pela minha 11
  • 12. Antônio Carlos Gonçalves Bentes vida, palavra do Soberano, o Senhor, que não tenho prazer na morte dos ímpios, antes tenho prazer em que eles se desviem dos seus caminhos e vivam. Voltem! Voltem-se dos seus maus caminhos! Por que o seu povo haveria de morrer, ó nação de Israel?” (Ezequiel 33.11). E a agonia de Jesus é evidente quando ele clama: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas aqueles enviados a você. Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, mas vós não o quisestes! Bem, sua casa vai ser abandonada”. (Mt 23.37-38, cf. Lucas 19.41-42). A razão é difícil para nós pensar na doutrina do inferno é porque Deus colocou em nossos corações uma parte de seu amor pelas pessoas criadas à sua imagem, até mesmo o seu amor pelos pecadores que se rebelaram contra ele. Todo o tempo que estamos nesta vida, e cada vez que vemos e pensar nos outros que precisam ouvir o evangelho e confiar em Cristo para sua salvação, nos fará uma grande angústia e agonia de espírito para pensar em punição eterna. Mas também temos de perceber que tudo o que Deus em Sua sabedoria ordenou e ensinou nas Escrituras é certo.Portanto, devemos ter cuidado para não odiar essa doutrina ou se rebelar contra isso, mas devemos olhar para o ponto, na medida em que somos capazes, nós reconhecemos que o castigo eterno é bom e justo, porque em Deus não há absolutamente nenhuma injustiça. Isso pode nos ajudar a entender que se Deus não executar uma punição eterna, então, aparentemente, não estaria satisfeito Sua justiça e sua glória não seria promovida da maneira que ele considera sábio. E talvez possa nos ajudar a entender que a partir da perspectiva do mundo por vir há um reconhecimento muito maior da necessidade e da justiça do castigo eterno. João ouviu os crentes martirizados clamarem no céu: “Até quando, ó Soberano, santo e verdadeiro, esperarás para julgar os habitantes da terra e vingar o nosso sangue?” (Ap 6.10). Por outro lado, a destruição final da Babilônia, o barulho enorme de uma grande multidão no céu louvando a Deus com gritos de justiça de seu julgamento quando ele finalmente ver a natureza odiosa do mal como ele realmente é: “Aleluia! A salvação, a glória e o poder pertencem ao nosso Deus, pois verdadeiros e justos são os seus juízos. Ele condenou a grande prostituta que corrompia a terra com a sua prostituição. Ele cobrou dela o sangue dos seus servos”. E mais uma vez a multidão exclamou: “Aleluia! A fumaça que dela vem, sobe para todo o sempre” (Ap 19.1-3). Assim que isso aconteceu, “os vinte e quatro anciãos e os quatro seres viventes prostraram-se e adoraram a Deus que se assenta no trono, dizendo: “Amém, Aleluia! ” (Ap 19.4). Não podemos dizer que essa grande multidão de criaturas redimidas e os seres viventes no céu tenham pronunciado um erro moral em louvar a Deus por executar justiça sobre o mal, pois eles todos, os quais estão livres do pecado e seu julgamento moral é agradável a Deus. No entanto, na época atual, devemos-nos aproximar de tal celebração da justiça de Deus na punição do mal. Quando meditamos sobre a punição eterna dada a Satanás e seus demônios. Mas agora eles estão completamente dedicados ao mal e fora do alcance da redenção. Logo, não podemos ansiar pela salvação deles do mesmo modo pelo qual 12
  • 13. Antônio Carlos Gonçalves Bentes ansiamos pela salvação de toda a humanidade. Devemos crer que o castigo eterno é verdadeiro e justo; contudo devemos também desejar que até mesmo aquelas pessoas que severamente perseguem a igreja devem vir à fé em Cristo e, assim, escaparem da condenação eterna. Sob esse tópico devemos considerar o destino futuro das duas classes, os Justos e os Ímpios — aquele destino que tem seu início após esta presente vida terrena e depois do encerramento desta atual ordem mundana. I. O Céu em sua Relação com o Destino Futuro dos Justos. 5 Segundo certas crenças tradicionais, supõe-se que existam sete céus, mas as próprias Escrituras se referem apenas a três: o céu atmosférico (At 14.17); o céu estelar (Gn 1.14), e o terceiro céu (2Co 12.2; Dt 10.14). Haverá novos céus e nova terra. “São indiscutíveis as possibilidades de serem dissolvidos os céus, de se desfazerem abrasados os elementos e de vir a existir um novo céu e uma nova terra (2 Pe 3.10-13). Em que sentido serão novos? Não significa que serão novamente trazidos a existência, mas renovados, assim indicando existência prévia. Através das Escrituras é ensinada a reconstituição do mundo material, mediante a qual este passará da escravidão e da corrupção para a liberdade da glória dos filhos de Deus. E a sede final da Cidade de Deus e estabelecida não como um céu remoto, diáfano no espaço, mas antes, aquele novo mundo que é o mesmo mundo antigo. Há algumas notáveis ausências nessa nova Cidade: não haverá pecado, nem Satanás, nem tristeza, nem maldição, nem corrupção, nem mortalidade. Invertam-se as misérias terrenas e ter-se-á alguma ideia das alegrias do Céu. As primeiras cousas passaram.” — Kemp. Haverá uma regeneração holística (Mt 19.28; At 3.21). Após o término da regeneração do céu e da terra atuais no fim do milênio, João declarará: e vi um novo céu e uma nova terra (Is 65.17; 66.22; 2 Pe 3.13; Ap 21.1). Por meio de um ato regenerador, Deus faz surgir um novo céu e uma nova terra. Como Deus criou os céus e a terra atuais para serem o cenário da sua demonstração teocrática, assim também criará o novo céu e a nova terra para serem o cenário do reino teocrático eterno. A Regeneração consiste do processo de restaurar, ao seu estado original, algo que sofreu um processo de Degeneração. A Nova Criação6 Diversas são as passagens das Escrituras que nos chamam a atenção para eles (Ap 21.1,2; Is 65.17; 66.22; 2 Pe 3.10-13). São chamados novos, mas isto não quer dizer que sejam “novos” no sentido absoluto da palavra, pois a Terra permanecerá para sempre (Ec 1.4; S1 104.5; 119.90; J1 3.20; Is 60.21; Am 9.15; Mt 5.5; Gn 9.12-16; Is 45.17,18; 35.1,2,7,10). Nas passagens que falam que a Terra e os céus passarão (Mt 5.18,24,34,35; 5 BANCROFT, E. H. TEOLOGIA ELEMENTAR. SÃO PAULO: IMPRENSA BATISTA REGULAR, p. 366. 6 THIESSEN, H. C. Palestras em Teologia Sistemática. 1ª ed. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1987, p. 373. 13
  • 14. Antônio Carlos Gonçalves Bentes Mc 13.30,31; Lc 16.17,21,23; 2Pe 3.10; Ap 21.1), a palavra original nunca é uma que indique o término da existência, mas, sim, parerkhomai - παρέρχομαι, um verbo de significado muito amplo e geral, tal como “ir ou vir” a uma pessoa, um lugar, ou a um ponto; “passar”, como uma pessoa por um banho, ou um navio pelo mar, passar de um lugar ou condição para outro, chegar a passar através de, ir para de um a outro de, apresentar-se como quando se quer falar ou servir. Quanto ao tempo, significa ir até o passado, como um acontecimento, ou um estado de coisas que já aconteceu antes, dando lugar a outros eventos e a outro estado de coisas. A idéia principal é a de transição, não de aniquilação. Nem o céu nem a Terra serão aniquilados. Durante o Milênio, eles serão “regenerados” (Mt 19.28) e no Estado Eterno - Reino Eterno, serão “santificados” (2 Pe 3.10-13). “Esta Terra que tem sido consagrada pela ‘presença do Filho de Deus’, onde foi feito o sacrifício mais custoso que jamais houve, no Calvário, a fim de redimir uma raça perdida, e para a qual Deus tem reservado um grande futuro, é um lugar por demais sagrado para ser extinta ou deixada de existir, porquanto é o planeta mais querido na mente de Deus, dentre toda a Sua vastíssima criação” (Clarence H. Larkin). As Escrituras indicam determinada parte do universo, chamada dc céu, como a futura habitação dos crentes. As Escrituras ensinam que o céu é um lugar. 1Ts 4.17; Sl 23.6; 1Pe 1.3-5; Hb 12.22; 11.10,16. Em algumas das passagens acima, bem como em Ap 21 e 22, o futuro lar do crente é descrito como uma cidade. O Dr. Bonar refere-se a essa cidade como “bem construída, bem iluminada, bem servida de água, bem aprovisionada, bem guardada e bem governada”. Entre os habitantes da Cidade Celeste estará em lugar de destaque, a Igreja; de fato, o título que será dado a essa Cidade Santa é “a noiva, a esposa do Cordeiro”. Provavelmente haverá outros dentre os redimidos lá, especialmente os santos do Antigo Testamento. Isso fica subentendido pelos nomes das Doze Tribos de Israel, incorporados nas portas da cidade (Ap 21.22). Quatro descrições são feitas de seus habitantes: “vencedores”, identificados com os crentes regenerados em 1Jo 5.4,5; “filhos de Deus”, aqueles que tem sido feitos tais pela Sua graça regeneradora, mediante a fé em Cristo Jesus; “servos”, que o são mediante sua consagração; e “obedientes”, aqueles que cumprem Seus mandamentos, não para obterem a salvação, mas como prova de a possuírem. Há também seres angelicais, entre os quais encontramos os querubins e os serafins, além dos anjos propriamente ditos (Ap 5.14; Is 6.1,2; Mt 22.30). Naturalmente que, em posição proeminente entre os habitantes do Céu, encontramos Deus, sobre Seu trono, e o Cordeiro. II. O Inferno em Sua Relação com o Destino Futuro dos ímpios. 7 7 BANCROFT, E. H. TEOLOGIA ELEMENTAR. SÃO PAULO: IMPRENSA BATISTA REGULAR, p. 369. 14
  • 15. Antônio Carlos Gonçalves Bentes Conforme usado aqui, o termo “inferno” significa a habitação e a condição final dos pecadores. Essa é uma questão a respeito da qual tanto a ciência como a filosofia se mantém necessariamente em silêncio, ao mesmo tempo que somente a revelação tem permissão de falar como tendo autoridade. A palavra grega traduzida “inferno”, que descreve essa habitação, é “Geena” — “o nome dado ao vale de Hinom, ao sul de Jerusalém, onde era lançado e queimado o lixo da cidade. A qualquer momento, de dia ou de noite, via-se o fogo com sua fumaça subindo nesse vale. Jesus faz dele o símbolo do inferno, ‘onde não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga’.” — Dixon. Assim como o céu é um lugar, tendo sua localização definida, assim também é o inferno. Isso e visto pelo fato que é representado como possuidor de habitantes. E ainda demonstrado em razão do fato que os seus habitantes possuem não apenas almas, mas também corpos. Também se pode inferir pela descrição da presente habitação dos ímpios, no Hades, como “lugar” (Lc 16.28), pois e desse local que hão de ser transferidos para o outro lugar chamado “Geena”. Pode-se ainda afirmar que todos os termos descritivos que são usados a respeito do inferno denotam localidade. É lugar de associações profanas. Ap 21.8: Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idolatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte (Ap 22.15). É lugar de aprisionamento e morte. Ap 20.14: Então a morte e o Hades foram lançados para dentro do lago do fogo. Esta e a segunda morte, o lago do fogo (Mt 5.24,25; Ap 20.15). É Lugar de tristeza e desespero. Lc 13.28: Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes, no reino de Deus, Abraão, Isaque, Jacó e todos os profetas, mas vós lançados fora (Mt 25.30; 22.13; 24.51). É Lugar de infortúnio e tormento conscientes. Ap 20.10: O diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago do fogo e enxofre, onde também se encontram não só a besta como o falso profeta; e serão atormentados de dia e de noite pelos séculos dos séculos. Existe um outro lugar para onde vão os ímpios hoje. É sobre este lugar que adentraremos agora: O Sheol - O estado intermediário. “SHEOLOGIA – HADESLOGIA” A ciência, por crer na indestrutibilidade da matéria e na conservação da energia, não pode dizer que a crença cristã é irracional, e a filosofia, com seu reconhecimento das desigualdades da vida, não pode muito bem evitar postular uma vida depois da morte. Esta possibilidade e necessidade são convertidas em certeza na Bíblia. O Velho Testamento ensina que há uma vida depois da morte. Mostra que todos os homens vão ao SHEOL 15
  • 16. Antônio Carlos Gonçalves Bentes (HADES no N.T.). Os ímpios, é claro, vão para lá (Sl 9.17; 31.17; 49.14; Is 5.14). Lemos que Coré e Abirão desceram vivos ao SHEOL (Nm 16.33). Mas os justos também vão (iam) para lá (Jó 3.11-19; 14.13; 17.16; Sl 6.5; 16.10; 88.3). Jacó esperava descer a seu filho José no Sheol (Gn 37.35; 42.38; 44.29-31). A ideia de ir para o Sheol está presente também na frase que ouvimos sempre e “foi reunido ao seu povo” (Gn 25.8,17; 35.29; 49.33; Nm 20.24; 27.13; Dt 32.50; Jz 2.10). Também o Novo Testamento mostra que tanto os maus como os justos desciam ao HADES ( δηᾅ ς) antes da Ressurreição de Cristo. Lemos que o rico desceu ao Hades, e ele e Lázaro estavam tão próximos que dava para conversarem um com o outro naquela região (Lc 16.19-31). O próprio Jesus desceu ao Hades (At 2.27-31). Cristo tem agora as chaves da Morte e do Hades (Ap 1.18); e algum dia, esses dois devolverão os mortos que neles há (Ap 20.13, 14). Se, portanto, as Escrituras ensinam que há uma existência depois da morte, é uma existência consciente? O Velho Testamento não é explícito quanto a este ponto. Ser reunido a seu povo, ir ter com o filho de alguém, etc., dão entender esse tipo de existência, apesar de não declararem isso especificamente. O texto Ec 9.5,6,10 parece negar que seja uma existência consciente, pois declara que “não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma”. Mas precisamos nos lembrar que este livro é escrito do ponto de vista do homem natural (psíquico). Somente a Revelação Divina pode nos falar da verdadeira natureza da vida após morte. Isaías 14.9-11,15-17 ensina definitivamente que é uma existência consciente. E o que é sugerido no V. T., é ensinado claramente no Novo Testamento. Jesus o ensinou em Mt 22.31,32. O rico e Lázaro estavam conscientes no HADES. Podiam pensar, conversar, lembrar, sentir e ter cuidados (Lc 16.19-31). Jesus dá entender a mesma coisa quando fala ao ladrão arrependido, dizendo que naquele mesmo dia ele estaria com Cristo no Paraíso (Lc 23.40-43). Incidentemente, o Novo Testamento indica que havia dois compartimentos no HADES- SHEOL: um para os maus e um para os bons. O que era reservado aos justos era chamado de PARAÍSO. Não é mencionado o nome do que era reservado aos maus, mas é descrito como sendo um LUGAR DE TORMENTO. Assim, fica claro que o termo dormir, quando usado a respeito da morte, se aplica somente ao corpo (Mt 27.52; Jo 11.11-31: 1Co 15.30, 51; 1Ts 4.14; 5.10; At 7.59,60). Não existe o sono da alma, como é ensinado pelos Adventistas do Sétimo Dia. Depois da ressurreição de Cristo, parece ter tido uma mudança. Daquela época em diante, mostra-se que os crentes vão à presença de Cristo quando morrem. Assim Paulo deixa a entender: 2Co 5.6-9; Fp 1.23; 2Co 12.2-4. Vemos também as almas do que tinham sido (irão) mortos debaixo do altar e conscientes (Ap 6.9-11). Elas vão para o PARAÍSO, mas agora o PARAÍSO é lá em cima (2Co 12.2-4). Quando Cristo ressurgiu, levou com Ele não apenas as primícias (Mt 27.52,53), mas também as almas de todos os justos que estavam no HADES (Ef 4.8; Sl 68.18). Daí em diante, todos os crentes vão à presença de Cristo quando morrem, enquanto os não crentes continuam a ir para o Hades, como nos tempos do Velho Testamento. Daí a Palavra Deus afirmar: " Pois também eu te digo que tu 16
  • 17. Antônio Carlos Gonçalves Bentes és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do hades não prevalecerão contra ela" (Mt 16.18). O Hades não prevalece sobre a Igreja porque a Igreja hoje não desce ao Hades, mas sobe para o Paraíso. II. SHEOL-HADES: O LUGAR DOS MORTOS O Sheol, no Velho Testamento, é o lugar para onde vão os mortos. 1. Geralmente, entretanto, ele é citado como equivalente à sepultura, onde cessam todas as atividades humanas; o fim para o qual toda a vida humana se dirige (Gn 42.38; Jó 14.13; Sl 88.3; 1Rs 2.6, 9). 2. Ao homem “debaixo do sol”, ao homem natural, que necessariamente julga pelas aparências, o Sheol parece nada mais que a sepultura - o fim e a cessação total, não só das atividades da vida, mas também da própria vida (Ec 9.5,10). Mas as Escrituras revelam o SHEOL como um lugar de tristeza (2Sm 22.6; Sl 18.5; 116.3), para o qual os perversos vão (Sl 9.17), e onde eles ficam totalmente conscientes (Is 14.9-16; Ez 32.21). Compare Jn 2.2; o que o ventre do grande peixe foi para Jonas, o Sheol é para aqueles que se encontram lá. A palavra grega HADES ( δηᾅ ς) como o seu equivalente hebraico, SHEOL () é usada de duas maneiras. 1ª) Para indicar a condição dos que não são salvos entre a morte e o julgamento final diante do Trono Branco (Ap 20.11-15). Lucas 16.23,24 mostra que os perdidos no Hades estão conscientes, possuem pleno poder de suas faculdades, memória, etc., e estão em tormentos. Isto continuará até o julgamento final dos perdidos (2Pe 2.9), quando todos os que não são salvos, e o próprio Hades, serão lançados no LAGO DE FOGO (Ap 20.13- 15). Apocalipse 20.13-15: "13. O mar entregou os mortos que nele havia; e a morte e o hades entregaram os mortos que neles havia; e foram julgados, cada um segundo as suas obras. 14. E a morte e o hades foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo. 15. E todo aquele que não foi achado inscrito no livro da vida, foi lançado no lago de fogo". 2ª) Para indicar, de um modo geral, a condição de todas as almas que partiram, no período compreendido entre a morte e a ressurreição. Este uso se encontra ocasionalmente no Velho Testamento, mas raramente no Novo Testamento (Gn 37.35; 42.38; 44.29, 31). Não há possibilidade de mudança de um estado para outro depois da morte, pois Lc 16.23 mostra que, quando o homem perdido viu no Hades Abraão e Lázaro, eles estavam ao “longe”, e o versículo 26 declara que entre os dois lugares há um Grande Abismo, de modo que nenhum pode passar de um para o outro. 17
  • 18. Antônio Carlos Gonçalves Bentes “Antony Hoekema sugere que o sentido de inferno (sheol), significando punição deve ser excluído visto que todos os homens descem (desciam) ao sheol no Antigo Testamento”.8 “O significado de Hades na literatura neotestamentária não é o mesmo de Sheol; ao que tudo indica houve uma evolução do ensino e agora hades/sheol passam a significar o lugar de punição das almas ímpias dos mortos”. Scofield representa muitos que diferenciam a morada dos indivíduos salvos e mortos antes e depois da ressurreição de Cristo. Ele diz: 1) Hades antes da ascensão de Cristo. No NT, hades indica a habitação dos mortos e é equivalente ao Sheol, no AT. Acreditava-se que, na ocasião da morte, tanto os bons quanto os maus iam para o Hades, embora no pensamento bíblico posterior considera-se que os bons estão num recinto superior do hades, chamado paraíso (cf. Lc 16.19-31). A passagem em que a palavra ocorre deixa claro que o Hades estava antigamente dividido em dois, as moradas dos salvos e a dos incrédulos, respectivamente. A primeira era chamada “paraíso” e “seio de Abraão”. Ambas designações eram talmúdicas, mas foram adotadas por Cristo em Lucas 16.22; 23.43. Os mortos abençoados estavam com Abraão, eram conscientes e estavam “confortados” (Lc 16.25). O ladrão que acreditou estaria, naquele dia, com Cristo no “paraíso”. Os incrédulos estavam separados dos salvos por um “grande abismo” fixo (Lc 16.26). O representante dos incrédulos que agora estão no Hades é o homem rico de Lucas 16.19-31. Ele estava vivo, consciente, exercendo todas as suas funções, memória etc, e em agonia. 2) Hades desde a ascensão de Cristo. Quanto aos mortos incrédulos, nenhuma mudança de lugar ou condição é revelada nas Escrituras. No julgamento do grande trono branco, o Hades os entregará, eles serão julgados e passarão para o lago do fogo (Ap 20.13,14). Mas houve uma mudança que afetou o paraíso. Paulo foi “arrebatado ao paraíso” (2Co 12.1-4). O paraíso, então, agora está na presença imediata de Deus. Acredita-se que Efésios 4.8-10 indique o tempo da mudança. “Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro”. Acrescenta-se imediatamente que antes Ele havia “descido até às regiões inferiores da terra”, i.e., a parte do Hades chamada paraíso. Durante a atual era da igreja, os salvos que morrem estão “ausentes do corpo e presentes com o Senhor”. Os mortos incrédulos no Hades e os mortos salvos “com o Senhor” esperam a ressurreição (Jó 19.25; 1Co 15.52). (C. I. SCOFIELD, Reference Bible, p. 1098-9). Alguns intérpretes pensam que Efésios 4.8-10 indica que a mudança de lugar dos crentes que morreram ocorreu na Ressurreição de Cristo. É sabido que todos os salvos vão imediatamente à presença de Cristo (2Co 5.8; Fp 1.23). Jesus disse ao ladrão penitente: Hoje estarás comigo no Paraíso (Lc 23.43). Paulo foi arrebatado ao Paraíso “ (2Co 12.2- 4). O Paraíso é um lugar de grande alegria e bem-aventurança, mas esta bem-aventurança não será completa até que o espírito e a alma sejam reunidos ao corpo glorificado na 8 ATEMBO, Jerome Bita. Escatologia Bíblica: As transformações recentes no campo da teologia no século XXI. Belo Horizonte, 2013, p. 104. 18
  • 19. Antônio Carlos Gonçalves Bentes ressurreição dos justos (1Co 15.51-54; 1Ts 4.16, 17). Embora ambos, Hades e Sheol sejam as vezes traduzidos para sepultura ou morte (Gn 37.35; 1Co 15.55), jamais indicam um lugar de sepultamento, mas antes, o estado da alma depois da morte. III. SHEOL NO VELHO TESTAMENTO E A SUA LOCALIZAÇÃO 1ª)A sua localização: Nm 16.30-33; Gn 37.35; 44.29-31; Jó 17.16; 21.13; Salmo 30.3; 55.15; Pv 15.24; Is 5.14; 7.11; 14.15; Ez 31.15-17; 32.17-21; Mt 11.23; Lc 10.15; 16.23. Em todos estes textos se diz que os mortos desciam ao Sheol, logo a localização desta região é o interior da terra, em Números 16.30-33 vemos claramente que a terra se abriu e que aqueles elementos desceram ao Sheol. O Evangelista Mateus (Mt 12.40) cita as palavras de Jesus dizendo: “Como Jonas esteve três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim estará o Filho do Homem três dias e três noites no seio da terra (no grego: Kardia tēs gēs - καρδ τ ς γ ςίᾳ ῆ ῆ (que literalmente quer dizer: no coração da terra) Devemos lembrar também que em At 2.27-31 afirma que Jesus esteve no Hades. 2ª)SHEOL-HADES: O Lugar dos mortos. A palavra Sheol, em hebraico, é usada no VT mais de 60 vezes, na LXX (o VT em grego) a palavra hades ocorre mais de 100 vezes, na maioria das vezes para traduzir o termo hebraico Sheol. Para benefício dos 19
  • 20. Antônio Carlos Gonçalves Bentes estudantes, apresentamos uma lista de algumas das passagens em que o vocábulo “SHEOL” é empregado, segundo a sua tradução na Edição Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil. Geralmente, na margem, encontra-se a nota esclarecendo que, em hebraico, a palavra é Sheol ou Seol. O estudante deve comparar estas referências com outras versões. A Bíblia de Jerusalém (Edições Paulinas) e a Edição Versão Revisada da Tradução de João Ferreira de Almeida transliteram os vocábulos Sheol e Hades de acordo com os originais. O vocábulo Sheol é traduzido como inferno na edição Revista e Atualizada no Brasil, nas seguintes passagens; Dt 32.22; Sl 9.17; 116.3; Pv 5.5; 9.18; 15.24; 23.14; 27.20. Nas seguintes é traduzido como “sepultura”: Gn 37.35; Sl 49.14; Pv 7.27; 30.16; Is 57.9; Ez 32.27. Eis aqui outras traduções: “Abismo”- Nm 16.30; Jó 11.8; 26.6; Sl 139.8; Pv 15.11; Is 14.15; Am 9.2; Jn 2.2; “Cova” - Is 5.14; Sl 55.15; Ez 31.14; “Sepulcro” - Hc 2.5; “A Morte” - Jó 17.16; Sl 16.10; 86.13; Is 28.15, 18; “Além” - Pv 15.11; Ec 9.10; “Infernais” - 2 Sm 22.6; e “As profundezas da Terra” - Ez 32.18. Estes exemplos bastam para que se veja que não é fácil determinar o que quer dizer a palavra hebraica SHEOL. Como outras palavras desta espécie, é possível usá-la em sentido figurado ou literal. Vê-se também que pode referir-se ao corpo, à alma, ou simplesmente à própria pessoa ou ser. Uma definição que abranda todas as acepções da palavra, precisa ser feita em termos genéricos, e a mais comum é: “LUGAR OU REGIÃO DOS MORTOS”. Os tradutores da Bíblia fizeram um esforço para dar-lhe o significado que, em cada caso, se enquadrava com o contexto. Não há dúvida de que muitas vezes “Sheol” significa o lugar de castigo ou de sofrimento dos maus, e fica bem traduzir como INFERNO (Dt 32.22; Sl 9.17; Pv 15.24; 23.14). Por isso algumas destas passagens advertem os justos, para que evitem ir para lá. Em diversos casos é verdade que “Sheol” foi traduzido para “Inferno” quando deveria ter sido traduzido para “sepultura” (1Rs 2.6,9; Jó 7.9; 17.16). Entretanto, noutros casos o contexto e a maneira com que a palavra Sheol foi usada na sentença, indica claramente que se refere à um lugar de castigo e não simplesmente à sepultura. Vamos examinar algumas dessas passagens: Salomão adverte contra as mulheres adúlteras, dizendo: “Sua casa é o caminho para o inferno” (Sheol) - (Pv 7.27) e “Os seus convidados estão nas profundezas do inferno” - Sheol (Pv 9.18). Quando usou a palavra SHEOL evidentemente falava de algum lugar diferente da sepultura, porque todos os homens, bons e maus, têm de descer à sepultura. Ele estava admoestando homens imorais, dizendo que seriam punidos no Inferno por causa dos seus pecados e não que morreriam e seriam sepultados. Salomão nos adverte: “Tu a fustigará (a criança) com a vara e livrarás a sua alma do Inferno - Sheol” (Pv 23.14). Está muito claro que Salomão aqui se referia a algo além da sepultura, porque por mais que um filho rebelde seja fustigado, morrerá e descerá a sepultura, e por mais que se fustigue uma pessoa, ela não poderá ser retirada da sepultura, mas o castigo sábio de um pai amoroso pode ser o meio usado por Deus para manter o filho cabeçudo afastado do Inferno. Evidente que antes da Ressurreição de Cristo tanto 20
  • 21. Antônio Carlos Gonçalves Bentes justos como injustos iam ao Sheol, mas os fiéis desciam ao Seio de Abraão (Paraíso) e os perdidos ao Lugar dos Tormentos, os justos foram traslados para o 3º Céu (Ef 4.8.10) onde está hoje o Paraíso (2Co 12.2-4). O vocábulo equivalente na língua grega é a palavra “Hades”. Na Versão dos Setenta, que é o Velho Testamento em grego, traduz-se “Sheol” com a palavra “Hades” (mais de 100 vezes na Septuaginta). Também em At 2.27 emprega-se o vocábulo Hades para traduzir o Salmo 16.10, onde a palavra usada em hebraico é Sheol. Várias versões usam a mesma palavra grega “Hades” ao invés de traduzi-la. A palavra Hades encontra-se 10 vezes no Novo Testamento: Mt 11.23; 16.18; Lc 10.15; 16.23; At 2.27, 31; Ap 1.18; 6.8; 20.13, 14. O NT localiza também o Hades (a semelhança do VT) como estando dentro da terra (numa outra dimensão), de tal forma que há uma descida para chegar a ele (Mt 11.23; Lc 10.15; confira Mt 12.40 Kardia tes ges = καρδ τ ς γ ςίᾳ ῆ ῆ = o Coração da Terra). Paulo em Ef 4.9 nos diz: “Ora, isto, Ele subiu, que é, senão que também desceu à partes mais baixas da terra? “(τ δ ν βη τ στιν εὸ ὲ Ἀ έ ί ἐ ἰ µ τιὴ ὅ κα κατ βη ε ς τ κατ τεραὶ έ ἰ ὰ ώ [µ ρηέ ] τ ς γ ςῆ ῆ ;) = também desceu até as inferiores regiões da terra? O Hades também é visto como uma prisão (1Pe 3.19; Ap 20.1-3, 7). Como uma cidade, tem portões (Mt 16.18; Jó 17.16: “Acaso descerá comigo até os ferrolhos do Sheol? Descansaremos juntos no pó?”), e está trancada com uma CHAVE que Cristo tem na sua mão (Ap 1.18). Na ocasião da ressurreição, o HADES devolverá os seus mortos (Ap 20.13). Desta forma, não é um lugar ou estado eterno, mas, sim apenas temporário. A Versão Revisada traduz quase que 100% o vocábulo Hades, já a Edição Revista é Atualizada no Brasil traduz a palavra grega Hades 7 vezes por inferno, 2 vezes por morte e uma vez por além. Será que a palavra Hades deveria ter sido traduzida para sepultura em todos os casos? Achamos que não. Quando Jesus advertiu a cidade de Cafarnaum dizendo que desceria ao Inferno (Hades) e que seria mais castigada do que a cidade de Sodoma (Mt 11.23, 24), Ele estava falando de um lugar que não era a SEPULTURA, porque o apóstolo Judas disse que as cidades de Sodoma e Gomorra sofriam punição no Fogo Eterno (Jd 7). Quando Jesus disse que um certo homem rico morreu e foi sepultado e foi ao Hades e que levantou os olhos estando em tormentos, evidentemente Ele falava de um lugar além da SEPULTURA, porque na sepultura não há tormentos (Lc 16.19-31). Pessoas que estão na sepultura não podem levantar os olhos, nem se lembrar das coisas que aconteceram antes delas morrerem. Os homens tentam contornar esta história dizendo que foi uma parábola, mas a Bíblia não diz que foi uma parábola. Em Lucas como sempre, “Jesus propôs uma parábola...”, ele escreveu: “Disse Jesus: Ora, havia certo homem rico...”, mostrando que Jesus tinha em mente certo homem rico. O gráfico apresentado a seguir ajuda na compreensão da perspectiva “científica” dos hebreus referente ao formato do universo, refletido especialmente em passagens como Gênesis 1-11 e de Jó 38-41, na qual Deus faz perguntas a respeito da criação do universo que Jó não consegue responder. 21
  • 22. Antônio Carlos Gonçalves Bentes Os elementos comuns entre os hebreus e os outros povos são diferenciados em seus termos representativos e especialmente na sua explicação religiosa. É importante lembrar que mesmo quando o conceito hebraico reflete certas noções tidas em comum com os outros povos, a ênfase das narrativas hebraicas é a de oferecer uma crítica nos pontos em que divergem deles pela revelação de Deus. Este gráfico do conceito hebraico da estrutura do universo limita-se a uma fração mínima da cosmologia científica atual. Pode-se ver como a Bíblia utiliza certa terminologia que se refere ao conceito cosmológico de seus autores9 . Pode-se ver no gráfico o título de “firmamento” (ou “expansão”) para o círculo dos céus que separa as águas acima do firmamento da zona que se denomina hoje por atmosfera. Estes termos ajudavam o povo a falar do mundo ao seu redor, mesmo que o seu conceito específico tenha sérios problemas em face da ciência atual. Cosmologia Hebraica 10 Entender a cosmologia hebraica é de ajuda para compreender as implicações das narrativas que utilizam a terminologia do mesmo conceito. Quando o autor bíblico refere- se às janelas do céu, é bom saber que faz referência ao seu conceito de como a água acima do firmamento chega até a terra em forma de chuva. 9 Gênesis 1.2,6-8,16-17, 7.11; Êxodo 20.4. 10 Escatologia e o Apocalipse Pr. Chrístopher B. Harbin Edição: 12-09-2002 ©Copyright 2002 Página 6. http://www.rocksbc.org. 22
  • 23. Antônio Carlos Gonçalves Bentes A cosmologia é uma área da ciência que influi muito em vários aspectos da comunicação humana, pois muitos dos seus conceitos alteram a forma de conceber o que acontece em volta do indivíduo e a sua sociedade. A cosmologia hebraica aparece até no livro de Apocalipse, onde o “‘abismo sem fundo’ está vinculado a ideias concernentes à forma do mundo. A terra era concebida como um disco plano que flutuava em cima da água. O abismo refere-se às profundezas imensuráveis debaixo da terra, para os quais pensava-se existir uma fenda capaz de ser selada”. Até o Novo Testamento, portanto, sente a influência desta cosmologia. 23
  • 24. Antônio Carlos Gonçalves Bentes IV. DEPOIS DO SHEOL-HADES SEGUE-SE O GEENA Mt 5.22, 29, 30; 10.28; 18.9; 23.15, 33; Mc 9.43, 45, 47; Lc 12.5; Tg 3.6 (γ εννα).έ “Geena (do hebraico , transl. Geh Ben-Hinom, literalmente "Vale do Filho de Hinom") é um vale em torno da Cidade Antiga de Jerusalém, e que veio a tornar-se um depósito onde o lixo era incinerado. 11 Atualmente é conhecido como Uádi er-Rababi”. Esta é uma palavra nova introduzida pelo Senhor Jesus. É traduzida nove vezes como inferno e como fogo do inferno três vezes. Pertence quase que exclusivamente ao vocabulário do nosso Salvador, sendo encontrada apenas uma vez (Tiago 3.6), sem ter sido usada por Ele. Geena é o lugar do castigo eterno e a única palavra que a traduziria corretamente é inferno. Não é túmulo, o lugar dos corpos mortos; não é hades, o lugar das almas separadas dos corpos. É o lugar tanto para o corpo quanto para a alma e espírito dos ímpios após a ressurreição e julgamento. O hades é temporário; a morte física também. “E a morte (thanatos) e o hades foram lançados no lago de fogo”. Apocalipse 20.14. O geena (inferno) é eterno. “tendo duas mãos, ires para o inferno (geena), para o fogo que não se apaga”. Marcos 9.43. As Testemunhas de Jeová (Iavé) (TJ) dizem que todas as passagens onde a palavra “Inferno” foi traduzida da palavra grega GEENA (γ ενναέ ), significa destruição ou extinção eterna. Mas a verdade é que qualquer professor respeitável de grego pode dizer, que não há absolutamente nenhuma evidência no N.T. de que GEENA significa aniquilamento, mas antes, há muitos lugares onde está claramente indicado que significa miséria eterna. Qualquer pessoa que leia as referências indicadas junto à palavra “Geena” verá que não existe a ideia de ANIQUILAÇÃO. Nos 12 versículos anteriores a palavra em português é uma tradução da palavra grega “Geena” = γ ενναέ ; Em 2 Pe 2.4 nossa palavra “inferno” é uma tradução da palavra grega “tártaro” (ταρταρ σαςώ ). Todas as demais referências do Novo Testamento com a tradução de “inferno “são oriundas da palavra grega “hades”. Isaías 34-8: 8. Pois o Senhor tem um Dia de Vingança, um Ano de Retribuições pela causa de Sião. 9. E os ribeiros de Edom transformar-se-ão em pez, e o seu solo em enxofre, e a sua terra tornar-se-á em pez ardente. 10. Nem de noite nem de dia se apagará; para sempre a sua fumaça subirá; de geração em geração será assolada; pelos séculos dos séculos ninguém passará por ela. O meu querido amigo Pr. Aldery Nelson cita Is 34.8-10 para afirmar que o GEENA estará nos ribeiros de EDOM que se transformará em PEZ, cujo solo também será transformado em ENXOFRE, e cuja a terra transformar-se-á em PEZ ARDENTE. o versículo 10 afirma que nem de dia nem de noite SE APAGARÁ este FOGO; para sempre (isto é, eternamente) a sua fumaça subirá; de geração em geração (eternamente) será assolada. Será que também o Geena será localizado no Planeta Terra (em outra dimensão)? 11 https://pt.wikipedia.org/wiki/Geena. Dia 12 de novembro de 2016. 24
  • 25. Antônio Carlos Gonçalves Bentes Dentro do estudo da Escatologia, na corrente Pré Milenista Dispensacionalista observamos o uso da linguagem profética sobre o período da Graça, sobre a Grande Tribulação seguido do Milênio. Vejam a linguagem do Velho Testamento: Isaías 34.8-10: 8. Pois o Senhor tem um Dia de Vingança, um Ano de Retribuições pela causa de Sião. 9. E os ribeiros de Edom transformar-se-ão em pez, e o seu solo em enxofre, e a sua terra tornar-se-á em pez ardente. 10. Nem de noite nem de dia se apagará; para sempre a sua fumaça subirá; de geração em geração será assolada; pelos séculos dos séculos ninguém passará por ela. Is 61.1,2: "O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos; 2. a apregoar o Ano Aceitável do Senhor e o Dia da Vingança do nosso Deus; a consolar todos os tristes". O período da Graça é chamado pelos profetas de O Ano Aceitável do Senhor. Este período é o intervalo entre as 69 semanas e a última semana de Daniel. Vindo depois deste período a Grande Tribulação (Dn 12.1; Mt 24.15-22,29) chamado pelos profetas de O Dia da Vingança [ ] (Is 61.1,2; 63.1-4; 34.8). A Grande Tribulação é a última semana de Daniel, um período de 7 anos – é a vingança do Go’el. Depois do Dia da Vingança vem O Ano dos Redimidos [ ], O Ano de Retribuições [ ] que é o Milênio, período este chamado por Mateus de Regeneração (Mt 19.28). Percebam em Isaías 34.8-10 que depois do Dia de Vingança (Grande Tribulação) vem O Ano dos Redimidos (Milênio). E finalmente vem em seguida os ribeiros de Edom que transformar-se-ão em pez, e o seu solo em enxofre, e a sua terra tornar-se-á em pez ardente. E Nem de noite nem de dia se apagará; para sempre a sua fumaça subirá; de geração em geração será assolada; pelos séculos dos séculos ninguém passará por ela. Percebam que esta é a descrição do Geena. Os TJ declaram que GEENA não se refere ao Inferno, mas ao Vale de Hinom. Esse fica ao Sul e Oeste dos muros de Jerusalém. Era usado como CREMATÓRIO ou INCENERADOR, onde os israelitas descarregavam o lixo e também os corpos de animais mortos e criminosos para serem destruídos pelo fogo. Entretanto, nenhuma criatura viva era jogada ali, pois era contra a lei judia. O fogo era sempre mantido acesso para aumentar a sua intensidade os judeus acrescentavam enxofre. Acontece que o GEENA ou Vale de Hinom, tornou-se um símbolo, não do tormento eterno, mas da condição da condenação eterna. Suas chamas simbolizam a DESTRUIÇÃO completa e eterna, para a qual estão destinados todos os inimigos declarados de Deus e do seu reino e no qual não haverá reconstituição ou Ressurreição” (Seja Deus verdadeiro - edição de 1º de abril de 1952). Vamos estudar algumas destas referências para vermos se esta interpretação dos TJ é o que Jesus pretendia dizer quando usou a palavra Geena. Jesus disse que se chamarmos nosso irmão de “tolo”, estaremos sujeitos ao fogo do Inferno-Geena (Mt 5.22). Seria tolice dizer que Ele advertia os homens de que seriam queimados no monte de lixo fora da cidade, pois não há nenhum registro de alguém que tenha sido queimado assim. 25
  • 26. Antônio Carlos Gonçalves Bentes O Senhor Jesus Cristo ensinou que devemos temer mais a Deus do que aos homens, porque os homens podem matar o nosso corpo, mas só Deus pode lançar ao Inferno (Geena). Se Jesus se referia ao lugar crematório fora da cidade de Jerusalém em Mt 10.28 e em Lc 12.5. Ele não estaria nos ensinando a temer a Deus, porque os homens têm o poder de jogar uma pessoa no incinerador, mas só Deus pode lançar ao “Inferno” (Geena), não só o corpo, mas também a alma. Para enfatizar o terror do Inferno, Jesus ensinou que se o olho no faz tropeçar, devemos arrancá-lo para não sermos lançados no Inferno-Geena (Mt 18.9), que se uma mão ou pé nos faz tropeçar, devemos cortá-los para não sermos lançados no Inferno- Geena (Mc 9.45-48). Jesus repreendeu os fariseus chamando-os de serpentes e raças de víboras e perguntou-lhes como escapariam da condenação do Inferno = Geena (Mt 23.33). Se o Geena não é nada mais do que um lugar de incinerar o lixo fora da cidade, como pode estar ligado à condenação? Para sermos coerentes em nosso pensamento, se cremos que o céu é um lugar literal, temos também de crer que o inferno é um lugar literal (Cf. Dt 32.33; Sl 86.13; 139.8; Is 14.15; Ez 31.16, 17). Repetidas vezes na Bíblia, o inferno relaciona-se com o fogo. Jesus o chamou de ou “Fogo do Inferno” = geenan tou pyros [τ ν γ ενναν το πυρ ςὴ έ ῦ ό ] (Mt 5.22; 18.9). Ele falou dele chamando-o de “Fornalha de Fogo” = Kaminon tou pyros = (κ µινον το πυρ ςά ῦ ό ) (Mt 13.42, 50). O inferno (Hades) será lançado no Lago de Fogo (limene tou pyros = (λ µνηνί το πυρ ςῦ ὸ ) que é a condenação eterna e final (Ap 19.20; 20.10, 14, 15); Ap 21.8 = ( ν τἐ ῇ λ µν τ καιοµ ν πυρ κα θεί ῃ ῇ έ ῃ ὶ ὶ ίῳ) en te limene te Kaiomene pyri kai theio = no lago ardente de fogo e enxofre). Friso: Ap 20.10; Is 34.8-10. A palavra empregada para a morada dos mortos é Geena, usada doze vezes no Novo Testamento (Mt 5.22,29,30; 10.28; 18.9; 23.15,33; Mc 9.43,45,47; Lc 12.5; Tg 3.6). Em cada caso, ela é usada como termo geográfico e tem em vista o estado final dos incrédulos. O julgamento é sugerido e esse é o lugar e o estado resultante. Vos escreve: No Novo Testamento [...] ela designa o lugar de punição eterna dos incrédulos, geralmente ligada ao julgamento final. É associada ao fogo como a fonte da tormenta. Corpo e alma são lançados ali. Isso não deve ser explicado com base no princípio de que o Novo Testamento fala metaforicamente do estado após a morte em termos corporais; ela sugere a ressurreição. Em várias versões Geena é traduzida por “inferno” [...] O fato de “o vale de Hinom” ter-se tornado a designação técnica para o lugar da punição final ocorreu por dois motivos. Em primeiro lugar, o vale foi o local da adoração idólatra a Moloque, a quem crianças eram imoladas pelo fogo (2Cr 28.3; 33.6). Em segundo lugar, por causa dessas práticas, o local foi profanado pelo rei Josias (2Rs 23.10), e por isso ficou associado na profecia ao julgamento que viria sobre o povo (Jr 7.32). Também o fato de que o lixo da cidade era deixado ali pode ter ajudado a criar o nome que era sinônimo da máxima impureza. 26
  • 27. Antônio Carlos Gonçalves Bentes (Geerhardus Vos, Gehenna, International standard Bible encyclopedia, n, p. 1183). Assim, Geena teria em vista a retribuição no lago do fogo como destino dos incrédulos. Em Mateus 25.41 o Senhor disse aos incrédulos: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos”. A palavra “preparado” literalmente é “tendo sido preparado”, sugerindo que o lago de fogo já existia e espera seus residentes. Essa é a tese de C. T. Schwarze, então da Universidade de Nova Iorque, de que um lugar tal como um lago de fogo é conhecido pela ciência hoje. Ele escreve: A palavra lago deve conotar certa quantidade de matéria em forma líquida. Logo, se a Escritura é verdadeira, esse fogo eterno está no estado líquido. [...] uma prova simples das partes das Escrituras que temos discutido está na existência do fenômeno singular dos céus conhecido como estrelas anãs brancas! [...] a anã é estrela que, por causa de alguns fatores que aconteceram com ela (não claramente definidos no momento), deveria ser aproximadamente maior cinco mil vezes ou mais do que realmente é! A título de ilustração, se aplicássemos essa ideia a um planeta como a Terra, você deveria imaginá-la encolhida até atingir um diâmetro de seiscentos quilômetros [...] em vez dos onze mil quilômetros de diâmetro que ela realmente tem. Essa enorme densidade... tem muito que ver com nosso assunto [...] A maioria das pessoas sabe que o sol, nossa estrela mais próxima, é bem quente [..,] há um consenso de que a temperatura dentro ou perto do centro das estrelas está entre vinte e cinco milhões e trinta milhões de graus! [...] nessas temperaturas, muito pode acontecer, como a explosão de átomos, o que ajuda a explicar o fenômeno da anã branca [...] [...] uma temperatura de trinta milhões de graus poderia explodir átomos [...] Isso levaria os átomos a perder seus elétrons a despeito de a atração entre núcleos e elétrons ser um octilhão [...] de vezes maior que a atração da gravidade. As partes separadas poderiam então ser compactadas, especialmente sob tamanha pressão [...] Com a atividade constante de raios x, as paredes dos átomos não poderiam ser reformadas; logo, densidades enormes, tais como as encontradas nas anãs, podem ser alcançadas. Agora, observe, por favor, a temperaturas tão altas, toda a matéria estaria sob a forma de gás [...] numa anã branca a pressão é tão grande que os gases ficam comprimidos até atingir a consistência de um líquido, apesar de ainda reagirem às características de gás [...] ... Antes de tal estrela poder resfriar-se e gradualmente escurecer, ela teria de expandir-se às proporções normais. Isto é, teria de atingir mais de cinco mil vezes seu tamanho atual. Aqui está a dificuldade. Tal expansão causaria enorme calor, que, por sua vez, manteria a estrela totalmente comprimida, e então, pelo que astrônomos e físicos sabem, as estrelas anãs não podem resfriar-se! [...] A anã branca, em todo caso, jamais se extingue. 27
  • 28. Antônio Carlos Gonçalves Bentes [...] permita-me fazer um resumo para demonstrar que a Bíblia, a Palavra de Deus, é cientificamente precisa. Vemos, primeiro, um fogo eterno que não se pode extinguir. Por ser de consistência líquida, ele é, em segundo lugar, um lago de fogo. Em terceiro lugar, ele não pode ser extinguido, pois qualquer material que se extinguisse, tal como a água, teria seus átomos imediatamente despidos de elétrons e seria compactado com o resto. Em quarto lugar, já que os astrônomos têm estudado, e ainda estão estudando, esse estranho fenômeno, é evidente que o lago de fogo já foi preparado e agora está pronto. Apesar de não podermos dizer que Deus realmente usará esses lagos de fogo para cumprir Sua Palavra, a resposta aos céticos está nos céus, onde existem lagos de fogo...(C. T. SCHWARZE, The Bible and science on the everlasting fire, Bíbliotheca Sacra, 95:105-12, Jan. 1938) O corpo ressurrecto dos incrédulos, evidentemente, será de tal caráter que se revelará indestrutível mesmo em meio a tal lago de fogo. A história do homem no Hades mostra que este é um lugar de consciência (Lc 16.23, 24). É um lugar de sofrimento (Jd 7). Um lugar de dor (Sl 116.3). É um lugar de tormentos (Lc 16.24,25,28). O Hades-Sheol é um lugar de lembranças. Abraão disse ao homem rico que se lembrasse das boas coisas que desfrutou enquanto vivia na terra. O homem rico lembrou- se de seus irmãos que estavam na terra. O pecador se lembrará das orações e rogos de seus pais piedosos. Ele se lembrará de ter ouvido sermões evangelísticos. Ele lembrará de todas as vezes que rejeitou a Cristo. Além de ser um lugar de recordações. O Hades é um lugar de remorso. A alma do pecador ficará cheia do mais profundo remorso por cada pecado cometido. No Hades ele tomará consciência da tolice que fez em vender a sua alma por “guisado de lentilhas”. Ele se encherá de remorso por ter desdenhado do Amor de Deus e por ter rejeitado o Evangelho do Nosso Senhor Jesus Cristo. O Hades-Sheol e o Geena não são um lugar de aniquilamento. Para provar que o Hades será destruído, os TJ citam que “A Morte e o Hades foram lançados para dentro do Lago de Fogo”. Esta é a 2ª Morte (Ap 20.14). Mas eles têm de prever o claro ensinamento de muitas outras passagens para chegarem a esta conclusão. Se tenho na mão um pedaço de pau queimando e eu o lanço em uma fogueira, ambos continuarão queimando juntos. A Bíblia ensina claramente que o Fogo do Inferno (Geena) é eterno (Ap 19.20; 20.10; Mt 25.41, 46; Mc 9.44, 46, 48). Em Ap 19.20 vemos a Besta (o Anticristo) e o falso Profeta serem lançados vivos no LAGO DE FOGO. Após 1000 anos, o Diabo também será lançado no LAGO DE FOGO, e diz a Bíblia: “onde estão a Besta e o falso Profeta”. A Palavra de Deus não diz que o Anticristo e o Falso Profeta foram aniquilados, mas que após 1.000 anos ainda estão no LAGO DE FOGO. E finaliza a Palavra de Deus afirmando: “e de dia e de noite serão ATORMENTADOS pelos séculos dos séculos (isto é eternamente)”. As seguintes provas são apresentadas por Karl Sabiers, como evidências de que nem SHEOL nem HADES jamais se referem a sepulcro: 28
  • 29. Antônio Carlos Gonçalves Bentes 1) Tanto o hebraico como o grego têm outras palavras que significa “sepulcro” ou “túmulo”: “QUEBER” (), SHAHAT () e “MNEMEION” (µνηµε ονῖ ). Leia: Mt 23.29; 27.52; Mc 5.2; 6.29; 15.45,46; 16.2, 3, 5, 8; Lc 11.44; 24.2, 9, 12; Jo 11.17, 31, 38; 20.1-4, 6, 8, 11: At 13.29. Queber significa túmulo e sempre é usada em conexão ao corpo. É traduzida túmulo ou seu equivalente em cada lugar. Nunca é usada em conexão com a alma. 2) A palavra Sheol nunca é usada no plural, enquanto que Queber é muitas vezes: Ex. 14.11; 2 Rs 23.6; 2 Sm 3.32; 21.14; 2 Cr 16.14; e Mnemeion: Mt 27.52, 53; Lc 11.44. Queber ocorre no plural 27 vezes; sheol nunca aparece no plural. O sepultamento de cem corpos num cemitério significa cem túmulos, mas a entrada de cem almas no sheol não significaria cem sheóis, mas o estado único de alma separada do corpo. 3) Nunca lemos que uma pessoa tivesse um Sheol, mas sim que tinha um sepulcro: Gn 50.5; I Rs 13.30. Queber se refere ao túmulo de um indivíduo. Por exemplo: “em meu sepulcro” (queber) em Gênesis 50.5, “queber) de Abner” em 2 Samuel 3.32; “suas sepulturas” em Jeremias 8.1; etc. 4) Nunca se diz que o corpo está no Sheol, nem que o espírito ou a alma estão no sepulcro. Sheol é a palavra no Velho Testamento para o estado invisível, e é o lugar de espíritos que já se foram. Nunca significa túmulo, embora em algumas versões a traduzam de maneira errada algumas vezes. 5) Nunca se fala de fazer um Sheol para um morto, nem de preparar um Sheol, como um sepulcro: Is 53.9. 6) No Juízo Final, as duas coisas: a Morte ou sepulcro, e o Hades, entregarão os seus mortos; isto é, o lugar dos cadáveres e o lugar onde (estão) as almas estiverem morando. 7) A mesma distinção entre Hades e a Morte ou Sepulcro se faz em Ap 1.18, onde se diz que Cristo tem as chaves de ambos. 8) Em At 2.27 (Sl 16.10 = ) está escrito que alma de Cristo não foi deixada no Hades, nem o Seu corpo viu a corrupção (no túmulo, subtende-se). 9) Quando os filhos de Jacó venderam José para ser escravo no Egito, enganaram ao seu pai, trazendo-lhe a sua túnica manchada de sangue de uma fera. Expressou o seu lamento com estas palavras: “Chorando, descerei ao meu filho até ao SHEOL. Sendo que cria que seu filho fora devorado por uma fera, como é possível que se encontraria com ele na sepultura? Isto prova que o SHEOL é o lugar das almas, e Jacó com razão esperava encontrar ali a alma de seu filho (Gn 37.31-35). 10) Em Gn 49.33 está escrito que Jacó expirou e foi reunido ao seu povo. Morreu no Egito; durante 40 dias o seu corpo foi embalsamado, e durante outros 30 dias, foi chorado no país. Então, José obteve permissão de Faraó; fizeram uma peregrinação a Canaã; lamentaram-no outra vez por sete dias, para depois sepultá-lo na Caverna Macpela, que era a sepultura dos seus pais. A conclusão é, por certo que SHEOL ou HADES quer dizer lugar das almas desencarnadas, e não outra coisa. 29
  • 30. Antônio Carlos Gonçalves Bentes Quanto ao PARAÍSO ou SEIO DE ABRAÃO, ou compartimento de paz no SHEOL ou HADES há passagens que nos dão razão para crer que Jesus foi até lá quando foi crucificado (At 2.27-31). Ele prometeu ao ladrão penitente crucificado que o encontraria ali naquele mesmo dia (Lc 23.43). Mas a Alma de Cristo não permaneceu ali (At 2.27). Cremos que, segundo Ef 4.8-10, o Senhor não só ressuscitou, mas também levou consigo as almas redimidas que antes estavam naquela parte do Sheol-Hades, que se chama o PARAÍSO ou SEIO DE ABRAÃO. Por isso é que o apóstolo Paulo, quando foi arrebatado até o TERCEIRO CÉU, verificou que este correspondia ao PARAÍSO (2 Co 12.2-4). E nos revela que o Paraíso não está mais embaixo, para que alguém desça até lá, mas acima, de forma que é necessário SUBIR até ele. Uma tradução de Ef 4.8 diz: “Ele levou a multidão de cativos”. No grego: δι λ γει, ναβ ς ε ς ψος χµαλ τευσενὸ έ Ἀ ὰ ἰ ὕ ᾐ ώ α χµαλωσ ανἰ ί = dio legei, Anabas eis hupsos ekmaloteuçen aikmaloçian. “Por isso diz: tendo subido às alturas levou cativo o cativeiro”. Também Paulo fala da morte como “partir” e estar com Cristo (Fp 1.23), e “estar ausentes do corpo e presentes com o Senhor” (2 Co 5.8, 9). Como Cristo SUBIU e está ao lado do Pai “Acima de todos os céus” (Ef 4.10; Cl 3.1), e aqueles que dormem no Senhor estão com Ele no Paraíso também, então necessariamente o Paraíso está no Céu (3º), onde está Jesus Cristo. Os santos do Antigo Testamento foram guardados no Sheol-Hades até a Ressurreição do Senhor, porque os seus pecados foram cobertos (Sl 32.1); contudo, uma vez sacrificado o REDENTOR, os pecados foram removidos (Hb 10.4; 9.26) e eles logo puderam entrar na presença de Deus. Por isto o cristão hoje também entra logo em seguida à sua morte, na sua morada, onde viverá com seu Salvador. O outro compartimento (Lugar de Tormentos), ou região do Sheol-Hades não sofreu modificação alguma, nem sofrerá, até o juízo final (Ap 20). As almas dos perdidos continuam indo para lá, onde ficam até o juízo final que também é o chamado O JUÍZO DO TRONO BRANCO. Nesse juízo não há menor índice de uma 2ª oportunidade para crer e ser salvo. Até o Juízo Final as almas perdidas estarão sofrendo no Lugar de Tormentos no Hades (Sheol), e até ao Arrebatamento, os salvos estarão no Paraíso. 30
  • 31. Antônio Carlos Gonçalves Bentes V. A DIVISÃO DO SHEOL HADES 1. O LUGAR DE TORMENTOS (Lc 16.19-23). É o lugar onde os perdidos estão no Sheol aguardando o juízo final, no final do Milênio, é um lugar de sofrimento antecipado, pois o definitivo será o LAGO DE FOGO (GEENA) ETERNO (Ap 20.13- 15). 2. ABISMO: ABYSSOS ( βυσσοςἄ ); Abadon (). Lc 8.31; 16.26; Ap 9.1,2, 11; Jd 6; Jó 26.6; Pv 15.11; 27.20; Is 14.15; Ap 20-1.3; Rm 10.7. Este lugar que divide o SHEOL é morada prisão de demônios (Jd 6) e os que estão fora não desejam ir para lá (Lc 8.31). Existe um anjo que tem as chaves do abismo, ele abrirá o Poço do Abismo e dali subirá uma fumaça e desta sairão, gafanhotos, isto é, demônios, que agirão durante a grande Tribulação (Ap 9.1-11;20.1- 3). Ali o Diabo ficará preso por mil anos e depois sairá para logo ser lançado no Lago de Fogo (Ap 20.10). Is 14.12-15: Como você caiu dos céus, ó estrela da manhã, filho da alvorada! Como foi atirado à terra, você, que derrubava as nações! Você, que dizia no seu coração: “Subirei aos céus; erguerei o meu trono acima das estrelas de Deus; eu me assentarei no monte da assembléia, no ponto mais elevado do monte santo. Subirei mais alto que 31
  • 32. Antônio Carlos Gonçalves Bentes as mais altas nuvens; serei como o Altíssimo”. 15 Mas às profundezas do Sheol você será levado, irá ao fundo do abismo!. 32
  • 33. Antônio Carlos Gonçalves Bentes Esboço do livro Glorioso Retorno de LAHAYE, Tim & ICE, Thomas. 1ª ed. São Paulo: Abba Press Editora Ltda, 2004. O grande dragão é a antiga serpente chamada Diabo ou Satanás, que engana o mundo todo. Ap 12.9: O grande dragão foi lançado fora. Ele é a antiga serpente chamada Diabo ou Satanás, que engana o mundo todo. Ele e os seus anjos foram lançados à terra (na metade da Grande Tribulação). Ap 20.1-3: lançou-o no Abismo (no final da Grande Tribulação), fechou-o e pôs um selo sobre ele, para assim impedi-lo de enganar as nações, até que terminassem os mil anos. Depois disso, é necessário que ele seja solto por um pouco de tempo. Ap 20.7-10: Quando terminarem os mil anos (no fim do Milênio), Satanás será solto da sua prisão e sairá para enganar as nações que estão nos quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, a fim de reuni-las para a batalha. Seu número é como a areia do mar. As nações marcharam por toda a superfície da terra e cercaram o acampamento dos santos, a cidade amada; mas um fogo desceu do céu e as devorou. O Diabo, que as enganava, foi lançado 33
  • 34. Antônio Carlos Gonçalves Bentes no lago de fogo que arde com enxofre, onde já haviam sido lançados a besta e o falso profeta. Eles serão atormentados dia e noite, para todo o sempre. Ez 31.15-18: “Assim diz o Soberano, o SENHOR: No dia em que ele foi baixado ao Sheol, fiz o abismo encher-se de pranto por ele; estanquei os seus riachos, e a sua fartura de água foi retida. Por causa dele vesti o Líbano de trevas, e todas as árvores do campo secaram-se completamente. 16 Fiz as nações tremerem ao som da sua queda, quando o fiz descer ao Sheol () junto com os que descem à cova ( - bor). Então todas as árvores do Éden, as mais belas e melhores do Líbano, todas as árvores bem regadas, consolavam-se embaixo da terra. 17 Todos os que viviam à sombra dele, seus aliados entre as nações, também haviam descido com ele ao Sheol, juntando-se aos que foram mortos à espada. 18 “Qual das árvores do Éden pode comparar-se com você em esplendor e majestade? No entanto, você também será derrubado e irá para baixo da terra, junto com as árvores do Éden; você jazerá entre os incircuncisos, com os que foram mortos à espada. “Eis aí o faraó e todo o seu grande povo. Palavra do Soberano, o SENHOR”. Lúcifer na sua queda segue a seguinte trajetória: 1º) É lançado do Éden de Deus para as Regiões Celestes (Ez 31.8-18;28.11-19; Ef 6.12) 2º) Hoje ainda está nas Regiões celestes. 3º) Depois será lançado na Terra na metade da Grande Tribulação (Ap 12.7-12; Ez 32.1-10; 29.1-8; O Dragão será vencido (Jó 41). 4º) No final da Grande Tribulação será preso no ABISMO dentro do Sheol por mil anos; 5º) Será solto após o milênio e sairá a enganar as nações rebeldes, e fogo do céu descerá sobre estas nações (Ap 20.7-9). 6º) E finalmente o Diabo será lança do no Lago de Fogo (Ap 20.10). Evidentemente há mistérios que só a eternidade esclarecerá, pois apesar do Diabo ocupar um lugar de cada vez na trajetória de sua queda, a Bíblia diz que Satanás pode se apresentar diante de Deus juntamente com os anjos do Senhor (Jó 1.6-12) e que no momento ele nos acusa diante do Senhor (Ap 12.10-12). O Pr. Aldery Nelson diz que aquela reunião onde o Diabo compareceu não era o 3º Céu, mas sim o 2º Céu, isto é, nas Regiões Celestes. Jesus na sua morte física esteve no Hades-Sheol (At 2.24-31) e Paulo em Rm 10.7 dá entender que Ele (Jesus) esteve no Abismo (cf. Jn 2.2,5, 6; Mt 12.40; 1 Pe 1.10, 11; Ef 4.9) 3. PARAÍSO OU SEIO DE ABRAÃO. (παρ δεισοςά = paradeiços). Aparece 47 vezes na Septuaginta e somente três vezes no Novo Testamento (Lc 16.26; 2 Co 12.2-4; Ef 4.8- 10; 2 Co 5.8; Fp 1.23; Ap 7.9, 15, Sl 49.15). Antes da Ressurreição de Cristo todos os mortos desciam no Sheol-Hades (Lc 16.26; 23.43). Depois da Ressurreição do Senhor 34
  • 35. Antônio Carlos Gonçalves Bentes o Paraíso foi trasladado para o 3º Céu (Ef 4.8-10: 2Co 12.2-4); Paulo quando foi arrebatado até o 3º Céu esteve no Paraíso. Qualquer crente que morre passa a se reunir com Cristo (Fp 1.23; 2 Co 5.8) - ainda que despido, isto é, sem o corpo (2 Co 5.1-4) - ou está na Jerusalém Celestial (Hb 12.22), ou debaixo do altar no Céu (Ap 6.9) como os mártires, ou diante do trono de Deus (Ap 7.9; 14.3). 4. Tártaro. Tartarōsas [ταρταρ σαςώ ] é usada apenas em 2 Pedro 2.4 em relação ao julgamento dos anjos caídos. Ela parece referir-se especificamente à morada eterna dos anjos caídos. 2 Pedro 2.4: “Porque se Deus não poupou a anjos quando pecaram, mas lançou-os no inferno [tártaro - ταρταρ σαςώ ], e os entregou aos abismos da escuridão, reservando-os para o juízo”. Tartaros [...] não é Sheol nem Hades [...] aonde todos os homens vão quando morrem. Nem é onde os ímpios são consumidos e destruídos, que é Geena [...] Não é a morada dos homens em nenhuma condição. E usada apenas aqui em relação aos “anjos, os que não guardaram o seu estado original” (v. Jd 6). Ela denota o limite ou a margem desse mundo material.12 A extremidade desse “ar” inferior — do qual Satanás é “o príncipe” (Ef 2.2) e que as Escrituras descrevem como o habitat dos “principados das trevas desse mundo” e “espíritos malignos nas regiões celestiais”. “Tartaros não é apenas o limite dessa criação material, mas é chamado assim por sua frieza.” (BULLINGER, Op. cit., p. 370.). Outro conceito da palavra TÁRTARO nos diz que este é parecido com o do HADES, não é só no idioma grego e também na cultural grega seu significado, quer dizer o mais profundo do mundo inferior ou seria onde os deuses estariam aprisionados enquanto os humanos ficavam no HADES. O TÁRTARO é o fundo do HADES, ou seja, o TÁRTARO é uma sessão do HADES, os dois estão relacionados! O Dicionário Grego do Novo Testamento de Strong diz que “Tártaro” é “o abismo mais profundo do Hades” (exemplo - Apocalipse 20.3) e que a palavra significa “encarcerar (aprisionar) em tormento eterno”. A. T. Robertson define: “A habitação tenebrosa e sombria dos mortos ímpios, como o Gehenna dos judeus”. O Dicionário de Fausset define: “O profundo ou abismo ou poço do abismo”. 12 PENTECOST, Jr., Dwight. Manual de Escatologia. 1ª ed. São Paulo: Editora Vida, 1994, p. 690 35
  • 36. Antônio Carlos Gonçalves Bentes VI. AS CIDADES DE REFÚGIO - TIPO DO HADES (SHEOL) Nm 35.9-25 1. Os culpados de homicídio involuntário iam para as cidades de refúgio; 2. O Vingador de Sangue não poderia tocar nos culpados escondidos nas cidades de refúgio; 3. Os culpados não poderiam sair das cidades de refúgio até a morte do Sumo Sacerdote, que foi ungido com óleo sagrado. 4. Assim também os mortos iam para o Sheol e Satanás tinha as chaves da Morte (Hb 2.14, 15;7.15-28) e do Sheol (Hades). 5. Os culpados escondidos nas cidades de refúgio só poderiam sair de lá quando morresse o Sumo Sacerdote; assim também as almas dos justos só poderiam sair do Sheol- Hades quando morresse o Sumo Sacerdote Jesus Cristo, e isto aconteceu lá no Calvário. E quando Cristo desceu até o Sheol (At 2.27-31) arrancou das mãos do Diabo as chaves da morte e do Hades (Hb 2.14, 15; Mt 28.18; Ap 1.18). Agora os justos não precisam ficar no cativeiro no Sheol (Sl 49.15; 30.3; 86.13). Cristo na sua Ressurreição levou cativo o cativeiro (Ef 4.8; Sl 68.18). Por isto AS PORTAS DO HADES NÃO PREVALECERÃO CONTRA A IGREJA (Mt 16.18). VII. PERSONAGENS QUE ESCAPARAM DO SHEOL-HADES 1. Enoque (Gn 5.24; Hb 11.5). Este como tipo da Igreja composta de salvos vivos, foi arrebatado, transformado e não desceu ao Sheol. 2. Elias (2 Rs 2.1-11). Também não morreu, foi arrebatado ao Céu. 3. Moisés (Dt 34.1-6; Jd 9). Moisés apareceu no Monte da Transfiguração foi reconhecido pelos discípulos. Isto se deu antes da ressurreição de Cristo, quando ninguém poderia ter saído do Sheol-Hades. Moisés apareceu com o corpo glorificado, todavia a Bíblia nos diz que morreu e foi sepultado. Cremos que o nosso irmão Moisés passou pouco tempo morto, e logo ressuscitou, pois não deu tempo dele chegar ao Sheol. Mas mesmo que ele tivesse estado lá, Deus é poderoso para tirá-lo de lá. O Diabo foi procurar o corpo de Moisés, porque (Jd 9) ele não havia chegado lá. É certo que Moisés não é as primícias dos que dormem, mas ele era a semelhança de Cristo (Dt 18.15), o Profeta que havia de vir. Seu aparecimento na Transfiguração deixa-nos duas opções: 1ª Ele morreu e ressuscitou; 2ª Ele foi trasladado. Fica o mistério, todavia podemos afirmar que ele não esteve no Sheol, ou se esteve, demorou pouco tempo. Moisés durante a sua vida já gozava de algumas características especiais no seu corpo físico: “Não se lhe escureceu a vista” e “Nem lhe fugiu o vigor” (Dt 34.7). Na Bíblia TEB temos o seguinte comentário sobre o livro de Judas: “O ambiente de Judas se manifesta em estreita conexão com os círculos que, a partir do século II A.C., virou a elaboração da literatura apocalíptica e transmitiu obras como o livro de Enoque, a Assunção de Moisés, os testamentos dos Doze Patriarcas. O Autor cita textualmente uma 36
  • 37. Antônio Carlos Gonçalves Bentes passagem do livro de Enoque (V.V. 14,15) e utiliza tanto a própria Assunção de Moisés, como um documento parecido (v.9)”. O escriba de Moisés relatou que Deus o sepultou na terra de Moabe, mas que nunca se soube onde! Depois vemos o Diabo e o Arcanjo Miguel disputando o seu corpo. O Diabo não tinha diante de si um corpo, mas tinha um problema sério. O Diabo queria saber onde Moisés estava sepultado! O Arcanjo lhe repreendeu. O Diabo queria saber do corpo, pois ele era detentor das chaves da Morte e do Hades-Sheol, percebeu que Moisés havia morrido mas que ele não havia aparecido lá, alguma coisa havia acontecido. Deus o tomou para si. Depois o Diabo ficou sabendo do seu destino, pois ficou sabendo da Transfiguração. Adam Clarke (1760 ou 1762-1832), um teólogo britânico e erudito bíblico Metodista também defende que: Para Moisés aparecer no monte da transfiguração teria que ter ressuscitado. Como citamos anteriormente: Enoque, Elias e Moisés não podem fazer dupla para serem as duas testemunhas durante a Grande Tribulação, pois Enoque e Elias não provaram a morte e foram transformados para entrarem no terceiro céu. Eles teriam que ser retransformados em corpos humanos para morrerem. E nosso irmão Moisés morreu e teria que morrer novamente. Caso tenha ressuscitado como está escrito no livro de Enoque teria também que ser retransformado para morrer. Todas estas opções nos parecem absurdas. 37
  • 38. Antônio Carlos Gonçalves Bentes VIII. ALGUNS PERSONAGENS QUE PASSARAM POUCO TEMPO NO SHEOL- HADES 1. SIMEÃO: Lc 2.25-30: “Ora, havia em Jerusalém um homem cujo nome era Simeão; e este homem, justo e temente a Deus, esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele. E lhe fora revelado pelo Espírito Santo que ele não morreria antes de ver o Cristo do Senhor. Assim pelo Espírito foi ao templo; e quando os pais trouxeram o menino Jesus, para fazerem por ele segundo o costume da lei, Simeão o tomou em seus braços, e louvou a Deus, e disse: Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, segundo a tua palavra; pois os meus olhos já viram a tua salvação, a qual tu preparaste ante a face de todos os povos; luz para revelação aos gentios, e para glória do teu povo Israel”. 2. JOÃO BATISTA: Mc 6.14-19; 3. LADRÃO DA CRUZ: Lc 23.42,43; 4. JESUS: At 2.27-31; Sl 16.10. Sl 16.10: Pois não deixarás a minha alma no Sheol, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção. Este é um salmo de Davi e Pedro nos afirma (At 2.27-35) que Davi morreu e foi sepultado e que sua sepultura estava com eles até aquela data. Logo Davi falava de Jesus. At 2.27-35: "27. pois não deixarás a minha alma no hades, nem permitirás que o teu Santo veja a corrupção; 28. fizeste-me conhecer os caminhos da vida; encher-me-ás de alegria na tua presença. 29. Irmãos, seja-me permitido dizer-vos livremente acerca do patriarca Davi, que ele morreu e foi sepultado, e entre nós está até hoje a sua sepultura. 30. Sendo, pois, ele profeta, e sabendo que Deus lhe havia prometido com juramento que faria sentar sobre o seu trono um dos seus descendentes - 31. prevendo isto, Davi falou da ressurreição de Cristo, que a sua alma não foi deixada no hades, nem a sua carne viu a corrupção. 32. Ora, a este Jesus, Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas. 33. De sorte que, exaltado pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis. 34. Porque Davi não subiu aos céus, mas ele próprio declara: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, 35. até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés". Este texto explicitamente afirma que Cristo não seria deixado no Hades, e que a sua carne não veria a corrupção. Mt 12.40: "Pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio (coração) da terra". Este texto traça um comparativo entre o profeta Jonas, que foi engolido por um peixe enorme, e Cristo, que ficou três dias e três noites no Hades no coração da terra. Depois da Ressurreição do Senhor o Paraíso foi trasladado para o 3º Céu. Qualquer crente que morre passa a se reunir com Cristo (Fp 1.23; 2Co 5.8) - ainda que despido, isto é, sem o corpo (2Co 5.1-4) - ou está na Jerusalém Celestial (Hb 12.22), ou debaixo do altar no Céu (Ap 6.9) como os mártires, ou diante do trono de Deus (Ap 7.9; 14.3). 38
  • 39. Antônio Carlos Gonçalves Bentes Mt 16.18: "Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do Hades não prevalecerão contra ela". As portas do Hades não prevalece contra a Igreja porque qualquer filho de Deus que morre sobe ao Paraíso que está no terceiro Céu. Na ressurreição dos mortos, no arrebatamento, os santos que estão no Paraíso descerão do terceiro Céu para receberem os seus corpos glorificados, pois o corpo natural é semente do corpo espiritual e está aqui na terra. 1 Tessalonicenses 4.13-18: "13. Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais como os outros que não têm esperança. 14. Porque, se cremos que Jesus morreu e ressurgiu, assim também aos que dormem, Deus, mediante Jesus, os tornará a trazer juntamente com ele. 15. Dizemo- vos, pois, isto pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que já dormem. 16. Porque o Senhor mesmo descerá do céu com grande brado, à voz do arcanjo, ao som da trombeta de Deus, e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. 17. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles, nas nuvens, ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor. 18. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras". 1Co 15.51-57: "51. Eis aqui vos digo um mistério: Nem todos dormiremos mas todos seremos transformados, 52. num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos serão ressuscitados incorruptíveis, e nós seremos transformados. 53. Porque é necessário que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade e que isto que é mortal se revista da imortalidade. 54. Mas, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrito: Tragada foi a morte na vitória. 55. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? 56. O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei". “A Igreja não descerá ao SHEOL-HADES” (Mt 16.18; Nm 35.9-35; 2 Co 5.8; Fp 1.23; Ap 7.9, 15). A descida de Cristo ao Hades foi quase universalmente afirmada pelos pais da igreja, incluindo Policarpo, Justino Mártir, Orígenes, Hermas, Irineu, Cipriano, Tertuliano, Hipólito, Clemente de Alexandria e Agostinho. As referências patrísticas mais antigas à descida ocorrem nas epístolas de Inácio, datadas do começo do século II. Jesus desceu ao Hades para libertar os santos do Antigo Testamento Ef 4.8-10: "8. Por isso foi dito: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, e deu dons aos homens. 9. Ora, isto - ele subiu - que é, senão que também desceu às partes mais baixas da terra? 10. Aquele que desceu é também o mesmo que subiu muito acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas". Nesta interpretação Jesus teria ido ao Hades pregar o Evangelho e libertar aos santos do Antigo Testamento. Esses homens piedosos supostamente estariam esperando a consumação da redenção por Jesus para serem levados ao paraíso. 39