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DIAIRESIOLOGIA
A DOUTRINA DAS DIVERSIDADES
DONS, MINISTÉRIOS E OPERAÇÕES
“A SUA UNÇÃO VOS ENSINA A RESPEITO DE TODAS AS COISAS”
(1 Jo 2.27)
“A sabedoria é a coisa principal; adquire, pois, a sabedoria; sim
com tudo o que possuis adquire o conhecimento” (Pv 4.7)
MINISTMINISTÉÉRIO GOELRIO GOEL
Pr. A. Carlos G. BentesPr. A. Carlos G. Bentes
DOUTOR EM TEOLOGIADOUTOR EM TEOLOGIA
PhD em Teologia SistemPhD em Teologia Sistemááticatica
American Pontifical Catholic University (EUA)
‫ל‬ ֵ‫א‬ֹ‫ג‬ ‫ל‬ ֵ‫א‬ֹ‫ג‬
A. Carlos G. Bentes Página 2 24/11/2020
ÍNDICE
CONTEÚDO
INTRODUÇÃO 4
I. DIVERSIDADE DE DONS 8
IDEIAS ERRONEAS ACERCA DOS DONS 9
O FALAR EM LÍNGUAS NA HISTÓRIA 27
Cessacionismo e o Falar em línguas 30
II. DIVERSIDADE DE MINISTÉRIOS. 46
O NASCIMENTO DOS MINISTÉRIOS NA IGREJA 46
ESTRUTURA ECLESIÁSTICA 47
GOVERNO NA IGREJA LOCAL 47
III. DIVERSIDADES DE OPERAÇÕES 66
IV. DIVERSIDADES DE MEMBROS 68
BIBLIOGRAFIA 74
BIOGRAFIA DO AUTOR 76
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D I A I R E S I O L O G I A
OPERAÇÕES
DONS
MINISTERIAIS
OPERAÇÕES
DONS
MINISTERIAIS
DONS
ESPIRITUAIS
A. Carlos G. Bentes Página 4 24/11/2020
INTRODUÇÃO
DIAIRESIOLOGIA
A DOUTRINA DAS DIVERSIDADES
DIAIRÉÇEIS KHARISMÁTŌN
DIAIRÉÇEIS DIAKONIŌN
DIAIRÉÇEIS ENERGUĒMATŌN
1Co 12.4-11: Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. 5 E há
diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. 6 E há diversidade de operações,
mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. 7 Mas a manifestação do Espírito é dada a
cada um, para o que for útil. 8 Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a
outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; 9 E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; a
outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; 10 a outro a operação de milagres; a outro a
profecia; a outro o dom de discernir espíritos; a outro a variedade de línguas; e a outro a
interpretação de línguas. 11 Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas,
repartindo particularmente a cada um como quer.
A palavra Diairesiologia ainda não existe nos nossos dicionários da língua
Portuguesa. Como a língua é viva tivemos a liberdade de criar esta palavra para melhor
definir o nosso estudo. Diairesiologia é a junção de diairéçis (διαιρέσεις), cuja tradução é
diversidade, com logia (λόγια) cuja tradução é discurso, expressão, linguagem; estudo,
ciência. Portanto diairesiologia é o estudo das diversidades.
Robert Charles Sproul nos dá uma boa definição da palavra diversidade:
Um dos problemas mais complicados encontrados pelo pensador antigo (que continua
complicado até hoje) era o da unidade e da diversidade, ou “do uno e do múltiplo”.
Era a questão de encontrar sentido no meio das diversas manifestações da realidade:
como todas as coisas se encaixam de modo que faz sentido?
Hoje em dia, quase sempre falamos do universo sem pensar muito. O termo universo
é meio híbrido, em que as palavras unidade e diversidade (o uno e o múltiplo)
misturam-se para formar uma palavra única. As instituições de ensino superior são
geralmente chamadas “universidades”, porque ali se estudam os diversos elementos
do universo. 1
A unidade dos dons espirituais está na Pessoa do Espírito Santo, pois os dons, que são
diversos, pertencem a ele, e a diversidade está nos membros do Corpo (Igreja) de Cristo.
Nós os membros deste Corpo somos os canais por onde a Manifestação (fanerosis -
φανέρωσις) flui. A corrente elétrica flui através dos fios, flui através do filamento ou dos
gases de uma lâmpada e então acontece uma manifestação – a luz. Da mesma maneira,
1 SPROUL, R. C. Filosofia Para Iniciantes. São Paulo: Editora Vida Nova, 2002, p. 16.
A. Carlos G. Bentes Página 5 24/11/2020
também, a energia divina flui através de nós, os membros, e acontece a manifestação – os
dons espirituais, os ministérios e as operações.
“Soberanamente o Espírito Santo distribui dons à sua Igreja. A Igreja é um corpo de
membros dotados por Deus, que funciona dentro do arcabouço da unidade e da
diversidade”.2
Fp 2.13: “Porque Deus é o que opera (energiza) em vós tanto o querer como o efetuar
(energizar), segundo a sua boa vontade”.
1Co 12.7: “Mas a manifestação (fanerosis - φανέρωσις) do Espírito é dada a cada um,
para o que for útil”.
"Em 1Co 12.4-6, três apelativos: Espírito, Senhor e Deus se defrontam entre si. A
esses três nomes correspondem três princípios que regem divinamente, de maneira
diferente, os carismas cristãos. Estes mesmos podem denominar-se diversamente, segundo
suas relações com os três princípios: carismas enquanto manifestações do Espírito,
ministérios enquanto inspirados pelo Senhor, operações se pensarmos que é Deus quem age
nestes dons; mas, tudo é carisma e tudo é dom do Espírito e de Deus pelo Senhor (cf. 2Co
13.13; Ef 4.5)".3
A Trindade e a Doutrina das Diversidades:
1ª) DIVERSIDADE DE DONS. Mas o Espírito é o mesmo (1Co 12.4);
2ª) DIVERSIDADE DE MINISTÉRIOS. Mas o Senhor é o mesmo (1Co 12.5);
3ª) DIVERSIDADE DE OPERAÇÕES. Mas é o mesmo Deus que opera tudo
em todos. (1Co 12.6);
4ª) DIVERSIDADE DE MEMBROS: 1Co 12.13: “Agora, porém, há muitos
membros, mas um só corpo” (Leia: 1Co 12.12-27).
Cada diversidade está relacionada com cada Pessoa da Trindade:
Existe ainda uma quarta diversidade – a diversidade de membros. Esta está
relacionada simultaneamente com as três Pessoas da Trindade.
Mas o Senhor [Kurios] é o mesmo (1Co 12.5).
Kurios (também às vezes soletrados kyrios ou Kurios, κύριος do grego) é uma palavra
grega que pode ser aplicada a Deus, senhor, mestre, ou responsável. Na Grécia antiga, uma
mulher não podia entrar em um contrato de si mesma e arranjos foram feitos por seu tutor
2
SPROUL, R. C. Ministério do Espírito Santo. 1ª ed. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1997, p. 157.
3
CEFAUX, CERFAUX, Lucien. CRISTO NA TEOLOGIA DE PAULO. São Paulo: Academia Cristã, 2012, p. 368.
A. Carlos G. Bentes Página 6 24/11/2020
ou Kurios. Para uma mulher solteira o Kuriosseria seu pai, e se estivesse morto, os irmãos
um tio ou parente seriam Kurios.
Em alguns casos, ao ler a Bíblia hebraica dos judeus seria substituir Adonai (meu
Senhor) para o Tetragrammaton (a representação por escrito do Nome de Deus), e eles
também podem ter substituído Kurios quando a leitura para um público grego (como na
Septuaginta tradução). Orígenes refere-se a ambas as práticas em seu comentário sobre
Salmos (2.2). A prática deveu-se ao desejo de não usar o nome de Deus. Exemplos disso
podem ser vistos em Philo. Em A Guerra Judaica (7.10.1) Josefo observou que os judeus de
língua grega se recusaram a chamar de Kurios o imperador. Para eles palavra kurios era
reservada para Deus.4
Kurios
Os eventos históricos da Tanakh (Velho Testamento) se encerram com o livro de
Neemias, por volta do ano de 440 a.C. O último livro da Tanakh a ser escrito e editado foi
Crônicas. Em 1 Crônicas 3, há uma lista genealógica que vai até umas10 gerações depois
de Zorobabel, que daria uma data de aproximadamente 350 a.C. Em 333 a.C., Alexandre o
Grande conquistou o Oriente Médio e impôs a cultura e a língua grega sobre o povo da
região.
Entre 280 e 130 a.C., rabinos eruditos que falavam grego traduziram a Tanakh para
o grego, produzindo assim o que passou a ser conhecido como a Septuaginta. Tornou-se a
versão mais confiável da Tanakh, e é aquela que foi citada pelos autores do Novo
Testamento. Na Terra Santa, desenvolveu-seuma tensão dinâmica entre a cultura grega
internacional e a cultura local hebraico-aramaica. Essa tensão ora cooperava para o bem,
ora para o mal.
A revolta dos macabeus começou em 166 a.C., e a dinastia hasmoneana na Judeia
permaneceu até a conquista da região pelos romanos liderados pelo general Pompeu, em 63
a.C. Quando Yeshua nasceu, a Terra Santa era governada por Herodes (um idumeu grego
que se converteu ao judaísmo), que foi designado pelas autoridades do império romano.
O apóstolo Paulo (Saulo) foi treinado tanto em estudos judaicos quanto em gregos.
Sua mudança de nome de Saulo para Paulo pode refletir a comissão divina de levar o
evangelho do mundo hebraico para a comunidade grega internacional. O texto mais
confiável da Bíblia é a Tanakh (Antigo Testamento) em hebraico e a Nova Aliança (ou
Novo Testamento) em grego.
A tensão entre o hebraico e o grego continuou nos primeiros anos da comunidade da
fé. Na manhã do dia de Pentecostes, os 120 discípulos que falavam hebraico pregaram o
evangelho a uma multidão de 3 mil pessoas, a maioria de origem internacional (Atos 2.9-
4 http://en.wikipedia.org/wiki/Kurio.
A. Carlos G. Bentes Página 7 24/11/2020
11). O número de discípulos cresceu, tanto entre as pessoas de língua hebraica quanto entre
as de língua grega.
“Ora, naqueles dias, multiplicando-se o número dos discípulos, houve murmuração
dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas deles estavam sendo esquecidas na
distribuição diária” (Atos 6.1).
O choque entre os dois grupos culturais causou problemas na comunicação, nas
finanças e na administração. Uma comissão foi escolhida dentre as pessoas de língua grega
(helenistas) para garantir que a logística fosse administrada corretamente (Atos 6.5). As
questões relacionadas a identidade continuaram com o desenvolvimento da igreja
internacional (eclésia). A ordem era para pregar o evangelho primeiro para o judeu, depois
para o grego (Romanos 1.16; 2.10); ao mesmo tempo, judeus e gregos têm a mesma posição
diante de Deus (Gálatas 3.28).
Experimentamos tensões semelhantes no Corpo do Messias em Israel hoje, pois nossa
língua oficial é hebraico, embora a população de novos imigrantes que não falam hebraico
e de visitantes internacionais seja maior do que o núcleo que fala hebraico.
Há um equilíbrio perfeito entre os aspectos internacionais e universais da fé e os
aspectos da fé relacionados às alianças com Israel.
Na mesma época, aproximadamente, em que a Tanakh estava sendo traduzida para o
grego, o povo judeu deixou de pronunciar o nome de YHVH (Iaweh). No fim, a pronúncia
foi esquecida e proibida. No lugar de YHVH, o termo “Adonai” começou a ser usada, que
é o plural da palavra “senhor”. Na Septuaginta, o nome YHVH foi traduzido como
“Kurios”, que também significa “senhor” em grego.
Portanto, aproximadamente no mesmo período da História, o nome YHVH deixou de
ser usado e foi substituído pelo nome Adonai no hebraico e Kurios no grego. No tempo de
Yeshua, não se usava mais YHVH, somente Adonai e Kurios. Todas as citações de YHVH
na Septuaginta e na Nova Aliança traduzem YHVH como Kurios. Kurios é o mesmo que
Adonai e YHVH.
Por isso, é impressionante observar que, na Nova Aliança, Yeshua é chamado de
Kurios. Isso é muito mais do que chamá-lo de “Senhor”. Significa chamá-lo Adonai. É uma
declaração ousada e inconfundível de sua divindade. Yeshua é Kurios-Adonai. Essa
declaração de fé chocava tanto as pessoas de língua hebraica quanto as de língua grega.
Chamar Yeshua de Senhor-Kurios-Adonai é uma explosão nuclear na história da fé,
da religião e da revelação.
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I. DIVERSIDADE DE DONS
“Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo”.
DIAIREÇEIS KHARISMATON - διαιρέσεις δὲ χαρισµάτων.
As classificações dos Dons:
1. Naturais - Vocações natas (talentos): São aquelas características que dão a cada
ser humano uma personalidade sem igual.
2. Espirituais - capacitações que o Espírito Santo nos dá para as realizações daquilo
que for útil, para proveito comum (1Co 12.7).
3. Ministeriais (diakonion) - a pessoa toda como Dom de Deus dado à Igreja, ao
Corpo; não dado à denominação, mas ao Corpo (Ef 4.11; 1Co 12.27,28).
DONS ESPIRITUAIS - O significado de Carismata (Kharismata - χαρίσµατα).
No Novo Testamento há uma palavra especial para dons espirituais - Carismata, de
onde deriva o adjetivo “Carismático”. Caris (χάρις), é a palavra que significa - Graça. No
grego clássico foi usada com o significado de “lindo”, “belo”, “encanto” e por extensão
“favor”, “bondade” e “gratidão” como resposta a uma dádiva.
Quando os escritores do Novo Testamento adotaram o termo CARIS, empregaram-
no para descrever o amor espontâneo, gracioso e imerecido de Deus operando em Cristo
Jesus. Caris ou Graça significa em primeiro lugar, o amor gratuito e perdoador de Deus em
Cristo para com os pecadores; e em segundo lugar, a operação desse amor na vida dos
Cristãos.
CARISMA ou Kharisma (χάρισµα), um substantivo singular derivado de CARIS,
significa literalmente “Dom de Graça”. Representa todos os dons espirituais possuídos e
manifestados pelos crentes em vários graus e formas. Significado este que está longe do
usado popularmente para expressar fascinação, atração ou magnetismo pessoal de
personagens de vida política ou cinematográfica.
"O carisma é função do membro (membro ou órgão) do corpo. O carisma é a
contribuição que o membro individual dá ao todo, sua função no corpo como um todo. O
corpo funciona carismaticamente". A “diversidade de carismas” (1Co 12.4) é,
alternativamente expressa, a “diversidade de atos de serviço (diakonia)” (1Co 12.5), é, em
outras palavras, a “diversidade de atividades (energema)” (1Co 12.6). Aqui se expressa o
caráter do carisma no sentido de em benefício dos outros (serviço) e possibilitado por poder
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divino. Carisma também é “a manifestação (phanerosis) do Espírito para o bem comum”
(12.7).5
Karismata (χαρίσματα) é a forma plural de Karisma (χάρισμα), cujo significado é
“Dons de Graça”.
Kharisma e Karismata ocorrem 17 vezes no Novo Testamento: 16 vezes nas cartas
paulinas e uma vez em 1Pe 4.10 (Rm 1.11; 5,15,16; 6.23; 11.29; 12.6; 1Co 1.7; 7.7;
12.4,9,28,30,31; 2Co 1.11; 1Tm 4.14; 2Tm 1.6; 1Pe 4.10).
IDEIAS ERRONEAS ACERCA DOS DONS
Alguns têm sido levados a crer que os dons do Espírito não são para nós hoje em dia.
Citam o texto de 1Coríntios 13.8 e dizem que “havendo línguas, cessarão”. Contudo, o
mesmo versículo diz que a ciência “desaparecerá”. Acaso isto já aconteceu? Uma leitura
cuidadosa do contexto deixa claro que estas operações imperfeitas cessarão quando vier o
que é perfeito. Isto será por ocasião da vinda de Cristo. Os dons foram dados por Cristo à
sua igreja - capacitações espirituais para uma guerra espiritual - e seria loucura ignorá-los
ou ir à batalha sem eles.
Muitas pessoas têm ideia errônea acerca da natureza desses dons. Alguns há que
acreditam que Deus dá a uma pessoa um ou mais desses dons e eles se tornam sua
propriedade exclusiva para ela proceder como lhe aprouver. Acreditam que essa pessoa
pode chamá-los à operação em qualquer tempo que quiser. Primeiro, notemos que 1Co 12.1
a palavra dons está escrita em itálico. Isto significa que ela foi colocada pelos tradutores e
não consta do texto original. Uma tradução mais literal seria: “A respeito dos espirituais,
não quero, irmãos, que sejais ignorantes”. O versículo 7 diz: “Mas a manifestação do
Espírito é dada a cada um, para o que for útil” (RC). Outra versão diz: “A cada um, porém,
é dada a manifestação do Espírito para o proveito comum” (RA).
São os Dons Irretratáveis(Rm 11.29)?
Romanos 11.29: “Pois os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis”.
Primeiramente, o contexto de Romanos 11 se refere a Israel.
John MacArthur, em sua Bíblia de Estudo, acercado contexto do capítulo 11, diz que
“Nessa seção, Paulo responde à pergunta que, logicamente, surgiu de 10.19-21: “Deus
está colocando Israel de lado de modo permanente por ter rejeitado a Cristo?”. O que está
em questão é se é possível confiar que Deus manterá a sua promessa incondicional a essa
nação (cf. Jr 33.19-26)”.
Na mesma linha, Donald C. Stamps, na Bíblia de Estudo Pentecostal, argumenta
acerca do versículo 29: “Estas palavras se referem aos privilégios de Israel mencionados em
5
DUNN, James. A Teologia do Apóstolo Paulo. São Paulo: Editora Paulus, 2003, p. 626.
A. Carlos G. Bentes Página 10 24/11/2020
9.4,5 e 11.26. O contexto desta passagem tem a ver com Israel e os propósitos de Deus
para aquela nação e não aos dons espirituais ou à vocação ministerial relacionados com a
obra do Espírito Santo na igreja (cf. 12.6-8; 1Co 12). A chamada ministerial, o ingresso no
ministério e permanência nele, tudo deve ser feito segundo as qualificações do caráter
pessoal e dos antecedentes espirituais do indivíduo”.
Corroborando o argumento de Stamps, temos em 1Tm 3.1-9, por exemplo, requisitos
exigidos daqueles que aspiram ao pastorado e diaconato. Se há uma lista de requisitos para
que se assuma o cargo, entende-se que caso o pastor (ou diácono), após sua ascendência ao
ministério, deixe de cumprir os requisitos que foram necessários à sua consagração, deverá
também ser retirado de sua posição ministerial voltando a ser simples membro da igreja à
qual pertence.
Em segundo lugar, a tradução do texto não foi feliz ao colocar o adjetivo
“irrevogáveis” na passagem de Romanos 11.29 visto que a palavra utilizada no original
grego é ametamélētos (ἀμεταμέλητος) que significa “que não está arrependido de”,
mostrando claramente um equívoco no sentido do texto. Deus não se arrepender acerca da
concessão de um dom não deve ser entendido como sinônimo de que Deus não pode retirar
esse dom.
DONS GERAIS
1. Dom da justificação (Rm 5.15,16)
2. Dom da Vida Eterna (Rm 6.23)
3. Dom (?) (Rm 1.11; 1Tm 4.14; 2 Tm 1.6)
4. Dons Irretratáveis (Rm 11.29)
5. Dom do Celibato (1Co 7.7) “O dom de celibato é aquela capacidade especial que
Deus dá a certos membros do Corpo de Cristo para permanecerem solteiros e apreciarem a
sua condição; para continuarem solteiros e não sofrerem tentações sexuais insuportáveis”
(Peter Wagner).
6. Dom da Intercessão (2Co 1.11): “É a capacidade especial que dá a certos
membros do Corpo de Cristo para orar extensos períodos de tempos sobre bases regulares,
recebendo respostas frequentes e específicas para as suas orações, em grau muito maior do
que aquilo que se espera do crente comum” (Peter Wagner).
2Co 1.11: “Contando também com a ajuda das vossas orações por nós, para que, pelo
favor (dom) que nos foi concedido pela intercessão de muitos; da mesma forma, por muitos,
sejam oferecidas ações de graças a nosso favor” (King James).
7. Dom do Martírio (1Co 13.3) “O dom do martírio é aquela capacidade especial
que Deus dá a certos membros do Corpo de Cristo para suportarem sofrimentos e até a
própria morte pela fé, ao mesmo tempo em que exibem coerentemente uma atitude jubilosa
e vitoriosa, que redunda na glória de Deus” (Peter Wagner).
A. Carlos G. Bentes Página 11 24/11/2020
8. Dom de Hospitalidade (1Pe 4.9,10) “O dom de hospitalidade é aquela capacidade
especial que Deus dá a certos membros do Corpo de Cristo para franquearem suas casas e
acolherem calorosamente àqueles que precisam de alimento e abrigo.” (Peter Wagner)
9. Dom de Exorcismo: “É aquela capacidade especial que Deus dá a certos membros
do Corpo de Cristo, para que expulsem demônios e espíritos malignos” (Peter Wagner).
Ex:.At 16.16-18.
Dr. Peter Wagner catalogou 27 dons espirituais, mas nos prenderemos apenas a estes
de Rm 12.6-7 e 1Co 12.8-10. (Leia: Descubra Seus Dons Espirituais - Dr. Peter Wagner).
DONS CONGREGACIONAIS OU MANIFESTAÇÕES
ROMANOS 12.6-8
1. Profecia
2. Serviço
3. Ensino
4. Exortação
5. Contribuição
6. Governo
7. Exercício de Misericórdia
1CORÍNTIOS 12.8-10
1. Palavra da Sabedoria
2. Palavra do Conhecimento
3. Fé
4. Dons de Curar
5. Operações de Milagres
6. Profecia
7. Discernimento de espíritos
8. Variedades de línguas
9. Interpretação de línguas
1. PROFECIA (Rm 12.6; 1Co 14.3; 12.10) – PROFĒTEIA (προφητεία). Significa
falar aos homens para a Edificação, Exortação e Consolação;
Definição: É a capacidade dada por Deus para profetizar uma mensagem de Deus em
língua conhecida, que você recebeu diretamente do Espírito Santo para aquela situação
específica. O exercício do dom inclui tanto enunciação como prenúncios.
2. SERVIÇO – DIAKONIA (διακονία). Geralmente o termo significa o cuidado das
necessidades físicas (At 6.1,2; 1Pe 4.11; Lc 22.24-27; Mt 20.27,28) - “O dom do serviço é
aquela capacidade especial que Deus dá a certos membros do Corpo de Cristo para que
identifiquem necessidades não-satisfeitas envolvidas em alguma tarefa ligada à obra de
Deus e para usarem os recursos disponíveis para satisfazerem a essas necessidades e
ajudarem a cumprir os alvos desejados” (Peter Wagner).
A. Carlos G. Bentes Página 12 24/11/2020
3. ENSINO – DIDASKŌ (διdάσκω). Este dom tem por finalidade instruir e
consolidar outros na Verdade do Evangelho. “O dom do ensino é aquela capacidade especial
que Deus dá a certos membros do Corpo de Cristo para comunicarem informações
relevantes para a saúde e o ministério do Corpo e seus membros, de tal modo que outros
crentes possam aprender” (Peter Wagner).
4. EXORTAÇÃO – PARAKALÉŌ (παρακαλέω). O Termo grego (παρακαλῶν -
parakalōn) deriva de outro, PARAKLETOS, que significa “ir em socorro de alguém” em
qualquer necessidade que apareça. Encorajamento ou conforto é aplicação deste dom. “O
dom da exortação é aquela capacidade especial que Deus dá a certos membros do Corpo de
Cristo para ministrarem palavras de consolo, encorajamento e conselho a outros membros
do Corpo de Cristo, de tal maneira que se sintam ajudados e curados” (Peter Wagner).
5. CONTRIBUIÇÃO – METADIDUS (μεταδιδοὺς). Metadidōmi (μεταδίdωμι)
significa dar, compartilhar com alguém (2Co 9.7). “É aquela capacidade especial que Deus
dá a certos membros do Corpo de Cristo para que contribuam com seus recursos materiais
para a obra de Deus, com liberalidade e bom ânimo” (Peter Wagner).
6. LIDERANÇA. PRESIDIR - PROÏSTÁMENOS (προϊστάµενος). Proístemi
(προϊστημι) significa estar em primeiro lugar, presidir, governar, tomar o comando ou
diretiva de qualquer grupo. Dr. Peter Wagner faz diferença entre este dom (Rm 12.8) e o
outro citado em 1Co 12.28. Sua definição do dom de liderança é: O Dom de Liderança é
aquela capacidade especial que Deus dá a certos membros do Corpo de Cristo para
estabelecer alvos harmônicos com o propósito de Deus para o futuro, transmitindo esses
alvos a outros de tal modo que, voluntária e harmoniosamente, operem juntos para
concretizar aqueles alvos para a glória de Deus. Já a definição de Peter Wagner do Dom da
Administração é a seguinte: “É aquela capacidade especial que Deus dá a alguns membros
do Corpo de Cristo, capacitando-os a entender claramente os alvos imediatos e a longo prazo
de alguma unidade particular do Corpo de Cristo, a fim de traçar e executar planos eficazes
para a concretização daqueles alvos”. Para Peter Wagner, pastores como o Dr. David
Yonggi possuem o Dom da Liderança, e outros pastores locais podem não possuir este dom,
todavia podem possuir o Dom da Administração e serem bem sucedidos em suas igrejas
menores. A palavra usada em 1Co 12.28 é KYBERNĒRSEIS (κυβερνήσεις) de kybérnēsis
(κυβέρνησις) que significa a ação de pilotar um navio. E a palavra usada em Rm 12.8 –
proístemi (προϊστημι) significa chefiar, presidir e governar.
Em Rm 12.8 ho proïstamenos poderia significar “o líder, o chefe” (NRSV, REB),
“liderança” (NIV). Assim a maioria. Mas o verbo ocorre com muita frequência no sentido
de “ser preocupado com, cuidar de, dar ajuda” (cf. lTm 3.5; Tt 3.8,14), e entre duas outras
palavras (μεταδιδοὺς, ἐλεῶν) que denotam formas de dar ajuda, Paulo provavelmente tinha
A. Carlos G. Bentes Página 13 24/11/2020
em mente o último sentido - três palavras juntas abrangendo o ‘serviço social’ das igrejas
primitivas.6
7. MISERICÓRDIA, COMPAIXÃO - ELEÕN (ἐλεῶν - ἐλεάω) (Lc 7.13; Mc
6.34). O que tem este dom sente alegria, tem empatia, se compadece da dor do próximo, é
misericordioso para com os irmãos, ajuda quem não tem condições de ajudar-se a si mesmo.
O dom de misericórdia move as ações sociais mais sublimes. Fazer ação social apenas em
nome de modas político-ideológicas não alcança sucesso que tal missão atinge quando é o
resultado da ação do Espírito Santo movendo o coração humano em compaixão e
misericórdia.
AS MANIFESTAÇÕES (1Co 12.8-10) - OS DONS DE REVELAÇÃO
8. A PALAVRA DA SABEDORIA. LOGOS SOFIA - λόγος σοφίας (1Co 12.8).
Primeira Definição: É uma comunicação não adquirida e sobrenatural de um
fragmento da Sabedoria Total e Absoluta de Deus, para satisfazer uma necessidade
específica, responder a um desafio determinado ou utilizar uma porção específica de
conhecimento.
Segunda Definição: É a aplicação sobrenatural do Conhecimento. É saber o que fazer
com o conhecimento natural ou sobrenatural que Deus lhe deu.
Terceira Definição: É a capacidade de raciocinar e de planejar com o uso do
conhecimento e da experiência já adquiridos.
Tipos Diferentes de Sabedoria:
1. Sabedoria Natural Humana;
2. Sabedoria Sobrenatural deste mundo decaído (Gn 3.6; Dn 2.27,28);
3. Sabedoria Intelectual Verdadeira. Esta sabedoria vem pelo temor ao Senhor e à
Palavra de Deus. Exemplo: Os livros de Provérbios e a Sabedoria de Salomão;
4. O dom da Palavra da Sabedoria.
Sobre o Dom da Palavra da Sabedoria, as pessoas, às vezes chamam este dom de “O
Dom da Sabedoria”. Isto não é correto, devemos dar a ele o nome que a Bíblia lhe dá; de
outra forma, ficaremos confusos. Este Texto Bíblico não está falando a respeito da sabedoria
no sentido geral. Está falando exatamente naquilo que diz - A Palavra da Sabedoria.
Deus possui toda a Sabedoria e todo o conhecimento. Ele sabe tudo, mas nunca revela
a ninguém tudo quanto sabe. Ele simplesmente lhes dá uma Palavra daquilo que Ele sabe.
Uma palavra é uma parte fragmentária da frase. E assim acontece com a Sabedoria. Não é
6 DUNN, James. A Teologia do Apóstolo Paulo. São Paulo: Editora Paulus, 2003, p. 627.
A. Carlos G. Bentes Página 14 24/11/2020
Dom da Sabedoria, é o Dom da Palavra da Sabedoria que Deus revela ao homem - apenas
a Palavra, ou a parte, que Ele quer que o homem saiba.
De acordo com a Rev. Caio Fábio D'Araujo Filho este dom se manifesta em três
circunstâncias específicas:
1) Diante de situações de dificuldades. Em Lc 21.14,15, Jesus diz que quando os
discípulos se encontrassem em apuros na presença de autoridades, Ele lhes daria sabedoria,
à qual ninguém poderia resistir. Foi o caso de Estevão, em At 6.8-10, que falava com tanta
sabedoria que ninguém podia opor-lhe resistência.
2) Em questões de divisões dentro da Igreja. 1Co 6.5 diz que o sábio no meio da
irmandade é aquele que tem uma palavra pacificadora, apazigua ânimos, reaproxima
irmãos, acalma situações, encontra sempre um modo de reconciliação para cada coisa.
3) Manifesta-se antes de tudo nas atitudes. É o que diz Tiago no capítulo 3 verso l3
à 18.
Dick Iverson diz que este Dom manifesta-se das seguintes maneiras:
1) Pelo Espírito no nosso interior, ou poderíamos dizer, por intuição espiritual:
ouvir, com os ouvidos espirituais a voz do Espírito (Rm 8.16);
a) At 16.6-8. Aqui o Espírito proibiu que Paulo fosse a Bitínia.
b) 1Rs 3.16-28. Salomão, lidando com as duas prostitutas, é um exemplo
perfeito da aplicação deste dom.
c) 2Sm 12.1-14. Aqui vemos que o profeta Natã não somente tinha
conhecimento sobrenatural, mas também sabedoria e direção sobrenaturais na aplicação
deste conhecimento.
d) At 8.20-23. Pedro viu o coração de Simão como um livro aberto, e pelas
palavras do conhecimento e da sabedoria, lidou com ele.
2) Como aplicação bíblica revelada, isto seria uma “palavra vivificada do Senhor”
para uma situação específica. A palavra específica dada por Deus quando o pregador está
pregando realmente atinge o alvo.
a) At 1.15-23. Enquanto Pedro e o resto dos 120 estavam em oração, Deus abriu
o seu entendimento quanto ao que deveria ser feito. Ele o fez, vivificando uma passagem
bíblica a Pedro. Ele usou o Salmo 109, onde Davi estava fazendo uma oração imprecatória
contra os seus inimigos.
b) At 2.14-36. A palavra da Sabedoria estava também envolvida aqui, na
revelação da passagem do Velho Testamento a Pedro (Jl 2.28,29).
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c) At 15.13-18. Aqui Tiago recebeu sabedoria e revelação em relação a uma
passagem do Velho Testamento (Am 9.11,12), o que ajudou a trazer a solução a um
problema muito delicado e difícil na Igreja primitiva.
3) Através de uma voz audível ou de um anjo: 1Rs 19.12-18; At 8.26-29; At 9.10-
17; At 27.21-24;
4) Através de Sonhos, Visões ou Arrebatamento de Sentidos: At 18.9,10; 16.9,10;
22.17-21; At 10.1-6.
De acordo com Kenneth E. Hagin A Palavra da Sabedoria pode também vir através
do dom vocal da profecia, ou das línguas e da interpretação.
Kenneth Hagin diferentemente de Caio Fábio e Dick Iverson faz uma separação entre
a Sabedoria narrada por Tiago (Tg 1.5; 3.13-17) e o Dom da Palavra da Sabedoria. Diz
Kenneth:” A sabedoria à qual Tiago se refere é a sabedoria para lidar sabiamente com as
questões da vida - a sabedoria está à disposição de qualquer um que pedir. Deus realmente
outorga sabedoria, mas esta não é a manifestação sobrenatural da Palavra da Sabedoria.
Escrevendo aos crentes, Tiago disse que se Algum de vós tem falta de sabedoria, peça
a Deus, que a TODOS dá liberalmente e não censura, e ser-lhe-á dada. Paulo, porém, disse
(1Co 12.8): A um é dada a palavra da Sabedoria - a um; não a Todos, mas a UM. Isso dá a
entender que nem todos terão essas manifestações dos dons espirituais do Espírito Santo.
Paulo termina, dizendo que as manifestações do Espírito Santo são dadas somente segundo
o Espírito quer.
Exemplos Bíblicos do dom da Palavra da Sabedoria:
1) José (Gn 41)
2) Jaaziel (2Cr 20.12-23)
3) Natã (2Sm 12.1-14)
4) Paulo (At 23.6-10)
5) Jesus (Lc 4.3-14; 7.22; Jo 4.9-26; Mt 22.15,41-46)
6) Estevão (At 6.8-10)
9. A PALAVRA DO CONHECIMENTO - logos gnōseōs (1Co 12.8)
λόγος γνώσεως = Logos Gnõseõs
1ª)Definição: É a capacidade dada por Deus, por revelação, de receber fatos e
informações que são humanamente impossíveis de se conhecer.
2ª)Definição: É a revelação sobrenatural dos fatos passados presentes ou futuros que
não foram aprendidos mediante esforço da mente natural.
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3ª)Definição: É a revelação sobrenatural de algum fato que existe na mente de Deus,
mas que o homem, devido às suas limitações, não pode conhecer, a não ser pela intervenção
poderosa do Espírito Santo.
4ª)Definição: É uma revelação que vem como relâmpago à mente humana, apesar de
estar totalmente fora do alcance daquilo que o homem poderia ter sabido ou imaginado,
dentro das suas próprias limitações.
Este Dom não é o conhecimento que vem através da habilidade natural, observação,
estudo, educação ou experiência. O Dom da Palavra do Conhecimento vem do Espírito
Santo. Todo outro conhecimento vem ou passa primeiro pela mente faculdade da alma.
Todavia a Palavra do Conhecimento vem do Espírito Santo ao nosso espírito humano, Deus
comunica-se conosco por meio de nosso espírito, não através de nossa alma (Rm 8.16).
Quatro Tipos de Conhecimento:
1. Conhecimento Humano Natural que certamente está aumentando (Dn 12.4). Por
importante que este conhecimento seja, muitas vezes cria tanto orgulho que algumas pessoas
são impedidas de entrar no Conhecimento do Senhor (1Co 2.14; 8.1).
2. O Conhecimento Sobrenatural deste mundo decaído. É a tentativa da mente natural
de conseguir informação por meios sobrenaturais que não mediante o Espírito Santo. Inclui
o oculto, o psíquico e as investigações “metafísicas” que Satanás está usando para enganar
um número crescente de pessoas hoje.
3. O Conhecimento Intelectual Verdadeiro - É o que vem pelo conhecimento pessoal
de Deus mediante Jesus Cristo (Jo 17.3; Fp 3.10; 1Pe 3.18), a Plenitude do Espírito Santo,
e o estudo da Palavra de Deus, que traz o conhecimento da vontade de Deus e de seus modos,
para os quais não há substituto (Sl 103.7; Ex 33.13; Is 11.9; Hc 2.14).
4. O Dom - A Palavra do Conhecimento - É a revelação sobrenatural pelo Espírito
Santo de certos fatos existentes na mente de Deus.
O Dom A Palavra do Conhecimento é manifestado: através de visões e de uma
revelação interior (At 9.10-12; 10.9-20; Jo 4).
Também podemos adicionar: com que propósito este dom é usado? Pode ser o
conhecimento dos pensamentos dos corações. Ex: Lc 5.22; 6.8; 7.36-50; Mt 3.7-12; 1Rs
21.17-20; Jo 11.11-14; At 11.27-30; 9.10-18; 10.1-9; 1Rs 6.9; 2Rs 5.20-27; At 5.1-10.
Exemplos Bíblicos da Palavra do Conhecimento:
1) Samuel: 1Sm 3.1,11-14; 9.15-20; 10.21-23; 13.14
2) Natã: 2Sm 12.7-13
3) Elias: 1Rs 19.2-4,14,18
4) Eliseu: 2Rs 5.25,26; 6.8-23; 8.7-15
5) Daniel: Dn 2.19-45
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6) Pedro: Mt 16.16-18; At 5.1-11; 10.9-23
7) Ananias: At 9.10-12,17
8) Ágabo: At 11.27-30; 21.10,11
9) Jesus: Jo 11.11-14; 4.17,18; 1.48; 13.38; 6.61
10) José: Gn 40.5-19; 41.1-36
11) Paulo: At 16.16-18; 20.29-31; 27.23,24
Lembrete: o fato de que algo seja revelado não significa, que ele deva ser proferido
imediatamente, ou até mesmo mais tarde. Uma palavra de conhecimento, muitas vezes, vem
inesperadamente, e tem frequentemente, o propósito de nos levar à oração com relação ao
que Deus nos mostra. Ela pode envolver uma necessidade na vida de um parente, de algum
crente, ou de uma igreja local.
“A Palavra do Conhecimento” pode ser recebida através de uma revelação silenciosa
e a pessoa que recebeu esta manifestação deve pedir a Deus que lhe mostre o que fazer com
ela.
A palavra do conhecimento também pode ser usada para revelar doenças ou possessão
demoníaca (At 16.16-18).
10. O Dom do Discernimento de Espíritos.
É a capacidade dada por Deus por revelação, de reconhecer que espíritos estão por
detrás de diferentes manifestações ou atividades (At 16.16-18). Na dimensão espiritual há
espíritos divinos tanto quanto espíritos malignos.
Tipos de Discernimentos:
1. Discernimento Natural;
2. Discernimento Intelectual Verdadeiro (1Co 2.15,16);
3. Discernimento Sobrenatural Falso;
4. O Dom do Discernimento de espíritos.
As manifestações espirituais podem ter três fontes:
1) Natural - oriunda do Psiquê do homem.
2) Diabólica - oriunda de espíritos malignos.
3) Divina - oriunda do Espírito Santo.
É com o Dom de Discernir que podemos saber a origem das manifestações.
OS DONS DE PODER
1) Fé;
2) Operações de Milagres;
3) Dons de Curar.
Estes dons se operam na esfera física. São dons ativos que produzem sinais e
maravilhas (At 4.29,30; Hb 2.4; Mc 16.20).
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11. O DOM DA FÉ. É o maior dos três dons de poder. É um dom do Espírito para
o crente, para que este possa realizar milagres. Quando se opera o Dom da Fé, é a Fé
concedida por Deus que funciona através dos homens (At 3.16).
Definição: Fé é o equipamento espiritual e sobrenatural do crente, para lhe conceder
o poder sobrenatural de confiar em Deus nas ocasiões em que só um milagre glorioso
poderia alterar a situação; confiar quando tudo está aparentemente perdido; confiar quando
não há a mínima esperança de uma solução.
Existem dois tipos de Fé:
1ª) Natural- Oriunda da alma, da psiquê, do intelecto.
2ª) Sobrenatural- Oriunda do Espírito Santo e pelo poder da Palavra de Deus.
TIPOS DE FÉ SOBRENATURAL:
1ª) Fé Salvadora. Esta é aquela resposta de Fé inicial a Deus, a qual nos introduz
no reino de Deus. Ela é a habilitação de Deus a uma pessoa para que esta o Aceite e creia
Nele (Jo 1.12; Gl 2.8,9; At 16.31; Rm 10.8-17; 12.3; Hb 11.1,6). O veículo de Deus para
nos salvar foi a Graça; nosso veículo em aceitá-la é a Fé ou uma resposta de receptividade
à sua Graça.
2ª) Fé como Fruto do Espírito Santo. Esta é a Fé gradativa, cada vez que
crescemos na Graça e no Conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, a Fé como qualquer
árvore cresce (Gl 5.22).
3ª) O Dom da Fé. É a habilidade dada por Deus de se crer Nele para o impossível
numa determinada situação. Ele não é tanto a Fé geral que crê em Deus para suprir as nossas
necessidades, etc, mas ele vai um passo além, onde “simplesmente sabemos” que uma
determinada coisa é a vontade de Deus e que vai acontecer.
Caio Fábio define este dom dizendo: É a possibilidade de discernir os propósitos de
Deus para o futuro, mesmo que as coisas se desencadeiem em condições desfavoráveis no
presente. Os que possuem tal dom são responsáveis por ver além da nuvem (1Co 12.9; Mc
11.22,23). Exemplos: Mt 8.1-3; 11.11-14,23-43; Jo 9.1-7; Mc 1.31; At 3.1-7; 5.1-10; 16.16-
18; 20.7-12; 27.21-25; 1Rs 17.1,14; 2Rs 1.10-14; 2.23-24; 3.16-20; 6.18; Nm 27.18; Dt
34.9; Js 10.12-14; At 13.8-11; 14.8-10.
Kenneth E. Hagin dá seis manifestações para o Dom da Fé:
1ª) O Dom da fé para Bênçãos Sobrenaturais. Os patriarcas impunham as mãos sobre
os filhos e ordenavam bênçãos sobre os filhos e muitas vezes estas bênçãos se realizavam
anos depois. Vemos isto nas vidas de Abrão, de Isaque, e de José.
2ª) O Dom da Fé para a Proteção Pessoal (Dn 6.16,17,19-23).
3ª) O Dom da Fé para Sustento Sobrenatural ( 1Rs 17.2-6).
4ª) O Dom da Fé para Ressuscitar os Mortos. Segundo relata Albert Hibbert o grande
evangelista Smith Wigglesworth ressuscitou 14 pessoas durante o seu ministério. Para a
ressurreição de mortos os três dons de poder entram em ação. O Dom da Fé, o dom
Operações de Milagres e os Dons de Curar.
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5ª) O Dom da Fé para a Expulsão de Demônios (Mc 16.17). Na operação deste dom
para expulsão de demônios muitas vezes outros dons entram em ação como os dons de
Discernir os espíritos e a Palavra do Conhecimento. (At 16.16-18).
6ª) O Dom da Fé para ministrar o Espírito Santo (Gl 3.5). Esse dom da Fé entra em
operação na imposição das mãos para as pessoas receberem o Batismo no Espírito Santo
(At 9.17,18; 8.15-19; 19.6).
12. OPERAÇÕES DE MILAGRES (Energēmata Dynameōn). (SINAIS)
Energēmata dynámeōn = ἐνεργήµατα δυνάµεων.
O milagre é intervenção sobrenatural na função normal da natureza; a suspensão
temporária da ordem habitual; a interrupção do sistema natural observado pelos homens.
“O milagre é um acontecimento que não parece ser parte nem resultado de nenhuma
lei ou agências naturais, e é muitas vezes atribuído a uma fonte sobre natural ou divina”.7
“Quando se realiza um milagre, as leis da natureza não são violadas, mas substituídas
num ponto especial por uma manifestação mais elevada da vontade de Deus. As forças da
natureza não são aniquiladas ou suspensas, mas contrabalançadas num determinado ponto
por uma força superior aos poderes da natureza” (L. Berkhof).8
A palavra “dynamis” (δύναµις) aparece 119 vezes no Novo Testamento. Esta palavra
em 1Co 12.10 - Dynamis é traduzida milagre, todavia nos outros textos é traduzida por
milagre, obra poderosa, poder, força, poderoso, virtude e de diversas formas em outras
versões. Energēmata (ἐνεργήµατα) plural de enérgēma (ἐνέργηµα) vem de energuéō –
energizar (ἐνεργέω) que dá origem a palavra energia em Português.
O Novo Testamento emprega três palavras gregas diferentes para expressar
“milagres”:
1. Téras (τέρας). Que significa prodígio, presságio ou maravilhas;
2. Dynamis (δύναµις). Que significa poder miraculoso;
3. Sēmeion (σηµεῖον). Que significa milagres, símbolo, sinal ou maravilha.
O apóstolo João empregou de forma consistente a palavra sēmeion para descrever as
obras de Cristo. Este emprego encarece o valor de “sinal” dos milagres. O sinal não é
importante em si mesmo, mas para o que ele ressalta ou indica. Dessa forma, os milagres
de Cristo foram importantes por aquilo para o qual apontavam.9
João selecionou somente sete milagres de um número muito maior e os registrou
tendo em vista um propósito definido: “Jesus, na verdade, operou na presença de seus
discípulos ainda muitos outros sinais que não estão escritos neste livro; estes, porém, estão
escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais
7 JETER, Huhg. Pelas Suas Pisaduras. Editora Vida, 1980, p.70.
8 Ibid.
9 JETER, Huhg. Pelas Suas Pisaduras. Editora Vida, 1980, p. 72.
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vida em seu nome”. Portanto, uma das principais finalidades dum milagre é levar as pessoas
a crerem que Jesus Cristo é o filho de Deus, o Salvador do mundo, de modo que crendo
possam ter a vida eterna por intermédio dele.10
Nicodemos disse a Jesus: “sabemos que és Mestre, vindo de Deus; pois ninguém pode
fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele” (Jo 3.2).
Pedro no seu sermão no dia de Pentecostes disse: “Varões israelitas, escutai estas
palavras: A Jesus, o nazareno, varão aprovado por Deus entre vós com milagres, prodígios
e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis” (At 2.22).
Jesus citou suas obras miraculosas como prova de sua missão messiânica aos
mensageiros de João Batista: “Ora, quando João no cárcere ouviu falar das obras do Cristo,
mandou pelos seus discípulos perguntar-lhe: És tu aquele que havia de vir, ou havemos de
esperar outro? Respondeu-lhes Jesus: Ide contar a João as coisas que ouvis e vedes: os cegos
vêem, e os coxos andam; os leprosos são purificados, e os surdos ouvem; os mortos são
ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho” (Mt 11.2-5).
Os discípulos do Senhor receberam a Grande Comissão de levar o Evangelho ao
mundo todo. Foi-lhes dito que sinais maravilhosos acompanhariam aqueles que cressem:
“E estes sinais acompanharão aos que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão
novas línguas; pegarão em serpentes; e se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará
dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e estes serão curados. Ora, o Senhor, depois
de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus. Eles, pois, saindo,
pregaram por toda parte, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os
sinais que os acompanhavam” (Mc 16.17-20). Na carta aos Hebreus, lemos: “testificando
Deus juntamente com eles, por sinais e prodígios, e por múltiplos milagres e dons do
Espírito Santo, distribuídos segundo a sua vontade” (Hb 2.4). 11
Cremos que a Grande Comissão é ainda obrigação dos cristãos atuais. Se a ordem está
em vigor, o poder para cumprir a ordem ainda deve estar disponível. O Espírito Santo foi
enviado para estar conosco sempre. Por certo seus dons de poder serão sempre concedidos
aos que sinceramente confiam nele para obter essas capacitações divinas. Os dons do
Espírito são desejáveis para um ministério efetivo aos enfermos. 12
Os milagres internos: Ef 1.17-19; 3.16-20; Fp 3.10; Cl 1.11.
Os milagres externos: At 1.8;3.12; 4.7; 4.33; 6.8; 8.10; Mc 16.17-20; João 14.12-20.
Alguns Milagres do Velho Testamento:
1. A divisão do mar vermelho (Ex 14.21-31).
10 Ibid. p. 72.
11 Ibid. p.73.
12 Ibid. p.73.
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2. A parada do Sol e da Lua (Js 10.12-14).
3. A farinha e o óleo não esgotaram ( 1Rs 17.8-16).
4. A descida de fogo no monte Carmelo ( 1Rs 18.17-39).
5. O regresso de 10 graus no relógio do sol (2Rs 20.8-11).
6. A divisão das águas do rio Jordão (2Rs 2.9-14).
Alguns Milagres do Novo Testamento:
1. A transformação da água em vinho (Jo 2.1-11)
2. Andando sobre as águas (Mt 14.25-33).
3. Alimentando a multidão (Mc 6.38-44; Mt 15.19-39).
4. Acalmando a Tempestade (Mc 6.45-52).
5. Pescando aonde não havia peixe (Jo 21.5-12).
6. Pedro encontrando dinheiro na boca do peixe (Mt 17.27).
7. A libertação dos apóstolos e outros (At 12.1-17; 16.25-40; 5.17-25).
8. A transladação de Felipe de Gaza a Azoto (At 8.39-40). Azoto fica 32 Km ao
norte de Gaza.
9. A cegueira temporária de Elimas (At 13.8-12).
10. Paulo picado pela cobra nada sofreu (At 28.3-6).
Os milagres devem acompanhar a pregação do Evangelho (Mc 16.15-20; 1Co 2.1-5).
A Operação de Milagres é usada para demonstrar o Poder e a Grandeza de Deus. A
palavra grega, segundo o dicionário significa “explosões de onipotência”. Dynamis é
energia ou poder de Deus. Paulo pregou não somente em palavra, mas em Poder (dynamis)
- (1Ts 1.5). Não podemos ser bem sucedidos se Deus não cooperar conosco com sinais e
prodígios. Devemos orar pedindo poder para pregarmos a Palavra com intrepidez e que o
Senhor coopere conosco estendendo a Sua mão para fazer curas, sinais e prodígios por
intermédio do Nome de Jesus (At 4.29,30).
MILAGRES NECESSÁRIOS HOJE 13
O poder sobrenatural de Deus manifesto nas curas miraculosas dos enfermos é de
grande necessidade no mundo céptico de nossos dias. Há muitos “Nicodemos” hoje que
necessitam ser convencidos por tais demonstrações do poder do Deus vivo. Todavia, está
em ordem uma palavra de advertência àqueles que buscam ser usados por Deus dessa forma.
Deveríamos tomar todo cuidado para evitar o aspecto “mágico” na busca do “miraculoso”.
Deus executa muitos milagres que não são “espetaculares”. Deveríamos lembrar-nos
sempre de que a prova de um verdadeiro milagre de Deus é: “Que benefício este milagre
traz?” Um milagre (semeion) deveria sempre apontar para o operador do milagre, Jesus
Cristo, e não para aquele que simplesmente serve de instrumento nas mãos de Deus.
13 JETER, Huhg. Pelas Suas Pisaduras. Editora Vida, 1980, p.74.
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O fato de haver tantos milhões de sofredores ao nosso redor, que necessitam de
experimentar a cura que só Cristo pode dar, constitui grande motivação para buscar os dons
de curas e de milagres. Não obstante, é muito fácil aos nossos corações enganar-nos
pensando que nossos motivos são puros, quando existe grande porcentagem de egoísmo em
nossos pensamentos mais íntimos. Desejamos publicidade, fama, multidões e talvez mesmo
a recompensa financeira que tal ministério provavelmente possa trazer. Um orador pode
atrair centenas de pessoas, enquanto um “operador de milagres” atrairia milhares. E difícil
manter a vitória sobre o êxito. A intoxicação causada pela multidão pode resultar em sério
dano espiritual. Devemos estar seguros de que possuímos os motivos certos - compaixão
pelos enfermos no corpo e na alma, e um sincero desejo de ver que nosso maravilhoso
Salvador receba toda a glória que tão ricamente ele merece.
13. DONS DE CURAR - KHARISMATA IAMATON (Mt 10.1,8; Mc 16.16-18;
Mt 8.3). KHARÍSMATA IAMÁTŌN (χαρίσµατα ἰαµάτων).
Definição: O Dom de Curar é a habilidade dada por Deus de Se transmitir a cura ao
corpo físico em ocasiões específicas. Ele é acompanhado por uma medida de dom da Fé,
muitas vezes pelo dom do conhecimento. Ele envolve a transmissão desta Fé à pessoa que
necessita da cura, o que a levanta do campo da dúvida e incredulidade, e faz com que as
pessoas se apropriem da cura. Deus energiza o crente e então há a manifestação do Espírito
Santo para a cura. A Fé pode ser do doente, do parente ou amigo do doente ou do próprio
crente que ora (Lc 5.17-20). O propósito dos dons de curar é libertar os enfermos e destruir
as obras do Diabo no corpo humano (At 10.38).
DONS DE CURAS E DE OPERAÇAO DE MILAGRES
Um estudo da doutrina da cura divina não estaria completo sem um exame cuidadoso
dos dons do Espírito Santo, especialmente os de curas e de milagres. Paulo escreveu à igreja
de Corinto: “A respeito dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes”
(1Coríntios 12.1). Infelizmente, muitos dos filhos de Deus hoje parecem estar muito
desinformados quando se trata de dons espirituais. E. S. Williams, referindo-se ao propósito
dos dons espirituais, diz: “São capacitações espirituais com o propósito de edificar a igreja
de Deus. Também são concedidos como sinais para a confirmação da Verdade ao mundo”.
“Eles, pois, saindo, pregaram por toda parte, cooperando com eles o Senhor, e
confirmando a palavra com os sinais que os acompanhavam” (Mc 16.20).
Há milagres de muitos tipos diferentes registrados na Bíblia. Houve os tipos de
milagres onde não havia cura, tais como a separação das águas do mar vermelho e as do rio
Jordão, a descida de fogo do céu para consumir o sacrifício sobre o altar no monte Carmelo,
a provisão de água da rocha e o maná vindo do céu. Houve também muitos milagres de cura
realizados pelo Senhor Jesus e por seus seguidores.
Muitas curas parecem ser miraculosas. Qual a diferença, se houver alguma, entre os
dons de curar e o dom de operações de milagres? Já observamos que alguns milagres nada
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têm que ver com a cura física. Há os crêem que os milagres devem ser instantâneos embora
a cura (mesmo a divina) pudesse tomar tempo para sua completação.
Há três ministérios associados com a cura física:
1. Evangelista: Ef 4.11; At 8.4-8;
2. Operadores de Milagres: 1Co 12.28;
3. Dons de Curar: 1Co 12.28.
Há três dons do Espírito associados com a cura física:
1. Os dons de curar;
2. Operações de Milagres;
3. Fé.
OS DIFERENTES NÍVEIS DE CURA:
1. Instantânea: Mt 8.3 “E Jesus, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Eu Quero,
fica limpo! E imediatamente ele ficou limpo da lepra”.
2. Paulatina: A cura de um cego em Betsaida: Mc 8.22-26.
3. A Ceia Do Senhor: Aquele que participa dignamente da Ceia do Senhor muitas
vezes recebe curas físicas (1Co 11.25-32).
4. A Imposição de Mãos (Mc 16.16-18; At 19.11; Mc 6.5; At 5.12; 14.3).
5. Através da Palavra Falada (Sl 107.20; Lc 7.1-10; Jo 4.43-53; 5.1-9).
6. Os trajes de Jesus; A sombra de Pedro (Mc 6.56; Mt 9.20-22; At 5.15,16).
7. Os lenços e Aventais de Paulo (At 19.11,12).
Que tipo de curas o Senhor Realizou?
1. Cegueira: Mt 12.22; 15.30; 21.14; Mc 10.46-52; Lc 7.21;
2. Surdez: Mc 9.25-27; Mt 11.5;
3. Possessão demoníaca: Mt 4.24; 8.16,28-34; 9.32,33; 12.22; 15.22-28; 17.18; Mc
1.32-34,39; 7.26-30; 16.9; Lc 4.41; 8.2; 26.36; 9.42; 11.14; 13.32;
4. Hidropisia: Lc 14.2-4;
5. Mudez: Mt 12.22; 15.30; Mc 9.17-27;
6. Orelha restaurada: Lc 22.51;
7. Febre: Mt 8.14,15;
8. Hemorragia: Mc 5.25,29; Lc 8.43-48;
9. Corcunda: Lc 13.11-13;
10. Incapacitado: Jo 5.5-9;
11. Coxeadura: Mt 15.30; 21.14;
12. Lepra: Mt 8.2,3; Lc 5.12,13; 17.12-14;
13. Lunático: Mt 4.24;
14. Aleijados: Mt 15.30,31;
15. Paralisia: Mt 4.24; 8.5-13; 9.2-7; Lc 5.18-25; Mc 2.3-12;
16. Espírito de enfermidade: Lc 13.11-13;
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17. Doença mortal: Lc 7.2-10;
18. Espíritos imundos: Mc 1.23-26; 5.2-15; 7.25-30; Lc 4.33-36; 6.18; 8.26-35; 9.42;
19. Mão ressequida: Mt 12.10-13.
Além dos casos individuais de cura mencionados, também está registrado que o
Senhor curou:
1. Muitos: Mc 1.34; 3.10; Lc 7.21;
2. Doenças diversas: Mt 4.24: Mc 1.34; Lc 4.40;
3. Multidões: Mt 12.15; 19.2; Lc 5.15; 6.17-19;
4. Todos os que estavam enfermos: Mt 8.16; 12.15; 14.14; Lc 4.40; 6.19; 9.11.
Por que Jesus Curou?
1. Para mostrar compaixão: Mt 14.14; 20.34; Mc 1.40,41; 5.19; 9.22; Lc 7.13;
2. Para cumprir profecias: Mt 8.17; Is 53.4;
3. Para provar que fora enviado de Deus: At 2.22; Jo 5.36;
4. Para capacitar os curados a servir: Mt 8.14,15;
5. Para comunicar Vida Abundante: Jo 14.6;
6. Para destruir as obras do diabo: 1 Jo 3.8; At 10.38;
7. Para manifestar as obras de Deus: Jo 9.3; Mt 9.8; 15.31; Mc 2.12; Lc 5.26; 7.16.
Como foi que Jesus Cristo Curou?
Um estudo cuidadoso das Escrituras leva muitos a crer que Cristo não curou por seu
próprio poder, como o divino Filho de Deus, mas mediante o poder do Espírito Santo. Ele
curou porque foi ungido pelo Espírito (Is 61.1,2; Lc 4.18-20; Jo 5.19; At 10.38).
1. Imposição de mãos: Mc 5.23; 6.5; 8.23; Lc 4.40; 13.13;
2. Curou por sua Palavra: Mt 8.8; Lc 4.32,36; 7.7 (Logos);
3. Repreendeu a enfermidade ou o espírito que a causava: Mt 17.18; Mc 1.25; 9.25;
Lc 4.35,39; 9.42;
4. Pessoas foram curadas por tocarem nele ou em suas vestes; tendo fé: Mt 9.21;
14.36; Mc 3.10; 5.28; 6.56; 8.22; 10.13; Lc 6.19;
5. Em algumas ocasiões Jesus disse aos que buscavam a cura: “A tua fé te salvou”:
Mt 9.2,22,29; 15.28; Mc 2.5; 5.34; 10.52; Lc 5.20; 7.50; 8.48; 18.42;
6. Com lodo e saliva: Jo 9.6-15.
AS DOENÇAS SÃO RESULTADO DA QUEDA: At 10.38; Lc 13.16.
A primazia de Satanás no setor das doenças remonta à queda do homem no Jardim
do Éden (Gn 2.17; Rm 5.12). A influência física é na realidade produzida pela doença
espiritual. Quando a alma do homem se torna corrompida pelo pecado, o seu corpo torna-
se sujeito às doenças e enfermidades como consequência. A doença era parte da maldição
da lei (Dt 28.58-61).
A CURA DIVINA ESTÁ INCLUÍDA NA EXPIAÇÃO DE JESUS
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A cura física e espiritual estavam incluídas na obra redentora de Cristo, isto é
salientado tanto no Velho Testamento como no Novo Testamento (Sl 105.37; 103.2,3; Is
53.4,5; 1Pe 2.24; Ex 15.25,26; Mt 8.16,17; 3 Jo 2).
A cura definitiva só acontecerá na ressurreição dos justos, no arrebatamento da Igreja.
Nós teremos a cura eterna, por enquanto podemos emitir um vale e recebermos uma cura
temporal.
O maior milagre de Jesus foi a ressurreição de Lázaro, porém este morreu de novo.
A redenção é realizada em três tempos:
1. A Redenção Passada: Aconteceu no Novo Nascimento;
2. A Redenção Presente: Acontece todos os dias, é a redenção da alma; a santificação
(2Co 3.18);
3. A Redenção Futura: Acontecerá no arrebatamento da Igreja, quando receberemos
um novo corpo – sōma pneumatikon: o corpo espiritual.
OS DONS VERBAIS
PROFECIA (PROFETÉIA - προφητεία).
A palavra hebraica “Naba” significa fluir. Ela está definitivamente relacionada à
expressão “fonte” ou “nascente de água”, de maneira que a declaração profética possa
ser descrita como um jorrar. outra palavra para profecia é “deixar cair”, palavra
geralmente associada com chuva o orvalho. É um pronunciamento sobrenatural num
idioma conhecido. A profecia é o mais importante dos dons verbais (1Co 14.5). A palavra
hebraica que é traduzida “profetizar” significa “sair fluindo” e transmite o pensamento de
“borbulhar como uma fonte, gotejar, jorrar”. A palavra grega - profeteia significa “falar em
prol de alguém”. Significa falar em nome de Deus, ou ser Seu porta voz (Ex 7.1). A profecia
é a própria voz de Cristo falando a Igreja. Assim como oramos por alguém e é Deus quem
cura, assim também quando alguém inspirado, movido pelo Espírito Santo profetiza, não é
o elemento humano quem está falando pelo seu intelecto, mas é o Espírito Santo
fornecendo-lhes as palavras.
O DOM DA PROFECIA É PARA TODOS (1Co 14.1-5,39).
O DOM DA PROFECIA É DIFERENTE DA PREGAÇÃO. Muitas versões bíblicas
traduzem do grego para o nosso vernáculo estas duas palavras: KĒRÚSSŌ (κηρύσσω) e
PROFĒTEÚŌ (προφητεύω), com o mesmo sentido, todavia Kērússō é pregar e profēteúō é
profetizar. Não há nenhuma justificativa para se traduzir a palavra profecia como “pregar,
ensinar ou exortar”, isto seria roubar a unção sobrenatural desta manifestação. A Bíblia não
confunde nem altera o uso destas duas palavras. A unção para pregar é diferente da unção
para profetizar (1Tm 4.1; Hb 3.7; At 21.11; Lc 1.67). A pregação pode conter a profecia,
mas ela não é profecia em si mesma. A profecia nunca deve tornar-se um substituto da
pregação ou do ensino.
A PROFECIA NA DISPENSAÇÃO NEOTESTAMENTÁRIA
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Cerca de 30 vezes o Novo Testamento refere-se ao Dom da Profecia. Pedro confirma
que esta manifestação é para os nossos dias (At 2.16-18; Jl 2.28). Paulo também confirma
nas suas epístolas (1Co 12; 13.8-13; Rm 12.3-8). A profecia estará conosco até que venha
o que é perfeito (1Co 13.9,10). Não extingais o Espírito; não desprezeis as profecias (1Ts
5.19-20).
AS PROFECIAS BÍBLICAS SÃO DIFERENTES DO DOM DE PROFECIA
As profecias bíblicas estão em um nível mais elevado da manifestação do Dom de
Profecia. As Profecias da Bíblia nunca serão igualadas ou ultrapassadas (Dt 4.2; Pv 30.5,6;
Ap 22.18,19). As Profecias Bíblicas tornaram-se a Sua Palavra escrita e autoritária para toda
a era da Igreja (1Pe 1.21; Ef 2.20).
Em toda a história eclesiástica dois erros têm sido praticados com relação ao Dom de
Profecia, por um lado exaltamos esta manifestação a ponto de infabilidade e, por outro lado
desprezamo-la. Não devemos dar-lhe autoridade excessiva, nem focalizá-la em demasia;
nem tão pouco reduzi-la ao nível do poder humano. A manifestação deste dom deve ser
julgada à luz da Bíblia.
NOTA: Profetéia - Profecia encontra-se 19 vezes no Novo Testamento. Profēteúō -
Profetizar encontra-se 28 vezes no N.T. Profētēs (προφήτης) - Profeta encontra-se no N.T.
144 vezes.
OS ELEMENTOS OU PROPÓSITOS DO DOM DE PROFECIA (1Co 14.3)
1) EDIFICAÇÃO – OIKODOMĒ (οἰκοδοµή). Esta é uma palavra usada em
arquitetura e descreve uma construção de uma casa (οἶκος - oikos = casa). Este é o meio
que Deus proporcionou pelo qual devemos “edificar” ou construir a Igreja. Jesus disse:
“Edificarei (oikodomēsō - οἰκοδοµήσω futuro de oikodoméō - οἰκοδοµέω) a minha Igreja”
(Mt 16.18). É vital que edifiquemos com materiais de qualidade (dons e ministérios) ao
invés de madeira, feno, e palha (1Co 3.10-15). Há duas maneiras de se construir ou edificar
a Igreja, primeiro pelo acréscimo de novos materiais (novos membros) e pelo fortalecimento
daquilo que já existe (1Co 14.24,25). Destruir, confundir, e repulsar são o oposto da obra
do Espírito Santo na manifestação do Dom de Profecia. Edificar os santos na Fé santíssima
(Jd 20) é construir um santo templo no Senhor (Ef 2.21,22). Fortalecer os santos, aumentar-
lhes a Fé e desenvolver-lhes o caráter cristão são os objetivos do Espírito Santo através da
manifestação deste dom.
2) EXORTAÇÃO – PARÁKLĒSIS (παράκλησις). O dicionário grego diz que
exortar significa: “incitar, encorajar, aconselhar e prevenir veementemente”. A exortação é
uma faceta tão distinta do dom da profecia que também é chamado de “Dom” (Rm 12.8).
Exortar (parakaléō - παρακαλέω) significa segundo o texto grego, “chamar para mais perto
de Deus”. Paulo disse a Timóteo: “Aplica-te à leitura, à exortação, e ao ensino (1Tm 4.13).
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3) CONSOLAÇÃO – PARAMUTHÍA (παραµυθία). Jesus nos deu um dos mais
importantes nomes do Espírito Santo: O Consolador, O Parakletos - παράκλητος (Jo
14.16,26). Sendo este seu próprio nome, não surpreende que um dos seus dons tenha como
objetivo a consolação dos Santos (1Co 14.31). Vine, um erudito em grego diz que
PARAMUTHÍA - Consolação significa: “primariamente, um falar íntimo com qualquer
pessoa”, portanto, ela denota consolação, conforto, com um grau maior de ternura que “
PARÁKLĒSIS”.
4) SENTENCIAR E CONVENCER (1Co 14.24,25).
5) INSTRUÇÃO E APRENDIZAGEM (1Co 14.31).
O DOM DE VARIEDADES DE LÍNGUAS E INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS
O FALAR EM LÍNGUAS NA HISTÓRIA
Para os discípulos, era evidência de estarem completamente controlados pelo poder
do Espírito prometido por Cristo. Quando a pessoa fala uma língua que nunca aprendeu,
pode ter a certeza de que algum poder sobrenatural assumiu o controle sobre ela. Alguns
argumentaram que a manifestação do falar em línguas limitou-se à época dos apóstolos.
Aconteceu para ajudá-los a estabelecer o Cristianismo, uma novidade naquela época. Não
existe, no entanto, limites à continuidade dessa manifestação no Novo Testamento.
Mesmo no quarto século depois de Cristo, Agostinho, o notável teólogo do
Cristianismo, escreveu: “Ainda fazemos como fizeram os apóstolos, quando impuseram as
mãos sobre os samaritanos, invocando sobre eles o Espírito mediante a imposição das mãos.
Espera-se por parte dos convertidos que falem em novas línguas”. Ireneu (115-202 d.C.),
notável líder da Igreja, era discípulo de Policarpo, que por sua vez foi discípulo do apóstolo
João. Ireneu escreveu: “Temos em nossas igrejas muitos irmãos que possuem dons
espirituais e que, por meio do Espírito, falam toda sorte de línguas”.
A Enciclopédia Britânica declara que a glossolalia (o falar em línguas) “ocorreu em
reavivamentos cristãos durante todas as eras: por exemplo, entre os frades mendicantes do
século XIII, entre os jansenistas e os primeiros quaquers, entre os convertidos de Wesley e
Whitefield, entre os protestantes perseguidos de Cevennes, e entre os irvingistas”. Podemos
multiplicar as referências, demonstrando que o falar em línguas, por meios sobrenaturais,
tem ocorrido em toda a história da Igreja. (Nota: O falar em línguas nem sempre é em língua
conhecida. Ver 1Co 14.2).
AS LÍNGUAS ESTRANHAS NA HISTÓRIA14
14
http://www.igrejadafeapostolica.com/as-lnguas-estranhas-na-historia
A. Carlos G. Bentes Página 28 24/11/2020
A promessa do revestimento de poder é para os crentes de todas épocas: Porque a
promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos
quantos Deus nosso Senhor chamar (At 2.39). Depois de recebê-la, o cristão tem um
impulso extraordinário para testemunhar poderosamente a obra de salvação — o sacrifício
de Jesus — em toda a Terra! (At 1.8). Como exemplo, nos anos seguintes:
Tertuliano e Irineu (pastores que viveram no segundo século d.C.) declararam que
os membros de suas igrejas falavam em novas línguas.
João Crisóstomo (347-407) — bispo de Constantinopla, escreveu que o Batismo no
Espírito Santo era acompanhado por este mesmo sinal sobrenatural: falar em línguas! Três
membros de sua igreja falaram, pelo Espírito, em persa, em latim e em hindu.
Agostinho (354-430) — bispo de Hipona, no Norte da África, afirmou que as novas
línguas estavam em evidencia nos seus dias.
Valdenses e Albigenses (1140-1280 d.C.). Isso no Sul da Europa, em plena Idade
Tenebrosa — a Era Medieval. Eles eram dissidentes da Igreja Romana, seguidores dos
princípios bíblicos da salvação e da vida cristã em geral. Os historiadores afirmam que entre
eles havia manifestações espirituais em línguas estranhas, segundo o Novo Testamento.
Martinho Lutero (1483-1546). Falava em línguas e profetizava, conforme o
depoimento histórico do Dr. Jack Deer, eminente professor e historiador batista, do
Seminário Teológico de Dallas. Esta informação também é encontrada nas obras: “História
da Igreja Alemã”, de Souer (Vol. 3, p. 406), e “Pentecostes para Todos”, de Emílio Conde,
p. 88.
Os Anabatistas (1521-1550): Na Alemanha, entre os anabatistas (grupo de crentes
que pretendia o retorno ao Cristianismo primitivo, advogava reforma sociais, separação da
Igreja do Estado e contestava a validade do batismo infantil; conseguintemente, rebatizava
seus seguidores quando adultos e possuidores de plena razão), houve manifestação de
línguas estranhas e outorgamento dos dons.
Os Huguenotes (1560-1650). Eram, na França, protestantes dissidentes quanto à
forma de governo da época, respeitante à liberdade religiosa. O historiador A. A. Boddy
assim escreveu: “Durante a perseguição aos huguenotes, a partir de 1685, havia entre eles
os que falavam em línguas, transbordantes de fervor espiritual”.
Os Quakers (1647-1650) e os Shakers (1774-1771). Cristãos organizados em
diferentes grupos, no Nordeste da América do Norte, região da Nova Inglaterra, cujos
integrantes eram considerados de fanáticos, rígidos, santarrões, extravagantes, os quais
foram nomeados “amigos” (os Quakers) e “tremedores” (os Shakers), de fato, recebiam
poder do Espírito Santo, falavam línguas estranhas e eram portadores de inúmeros dons
espirituais.
A. Carlos G. Bentes Página 29 24/11/2020
Movimento Pietista. Surgido em 1666, apregoava uma vida santificada —
combatendo a hipocrisia de ministros, a embriaguez, a imoralidade, a carnalidade, as
controvérsias teológicas. Na cerimônia do partir do pão, eles entravam em êxtase — estado
de máxima intensidade emocional, em que a alma parece desligar-se do corpo, perdendo o
contato com o mundo sensível: adentrando às dimensões celestiais, daí, falavam línguas de
maneira retumbante.
Os Camisardes. Em 1686, crentes que se refugiaram nas montanhas de Cevanes —
França, devido às perseguições religiosas, os chamados Camisardes (quer dizer, calvinistas
das cavernas, pois eram seguidores da linha teológica de João Calvino), declaravam
firmemente ser inspirados pelo Espírito de Deus; por isso, houve abundante graça entre eles,
a saber: Em 1700, falavam línguas estranhas; em 1701, o grupo tinha cerca de 200 profetas;
em 1702, existiam 8 mil porta-vozes do Senhor, isto é, possuidores do dom de profecia, que
profetizaram muitas iminências de fatos desagradáveis para a Europa. De igual modo,
crianças de 3 e 4 anos já pregavam a conversão genuína e o arrependimento em bom francês;
os próprios infantes, de 4 a 14 anos, se reuniam em vilarejos e cidades fazendo círculos, nos
quais falavam línguas, cantavam, oravam, revelavam, apregoavam as Escrituras e
exortavam. Entre 1730 e 1733, já eram surpreendidos em êxtase espiritual, no qual não só
falavam e interpretavam línguas, mas também entendiam, sobrenaturalmente, quaisquer
idiomas dos locais onde eram enviados a pregar.
Os Moravianos. Estes são descendentes espirituais de John Huss (morto queimado
por causa da doutrina verdadeira), e eram conhecidos como Irmãos Morávios. Tal grupo
compreendia cerca de 300 pessoas. Em 16 de julho de 1727, o Espírito Divino irrompeu
neles, deste modo, ocorreu operação de maravilhas e todos choraram sem cessar. Fizeram,
então, um pacto de se reunirem mais vezes em Hutberg, a fito de orarem e sentirem a mesma
graça. No dia 13 de agosto, aconteceu o chamado Pentecoste dos Moravianos. Um dos
historiadores descreveu: “Vimos a mão do Senhor e as suas maravilhas, e todos estiveram
sob a nuvem de nossos pais, e fomos batizados no Espírito Santo.” Através desse fervor
espiritual, o Espírito Santo os enviou como testemunhas de Cristo em todo o mundo! As
missões moravianas foram frutos do poder pentecostal! O historiador Dr. Werneck disse:
“Esta pequena igreja, em vinte anos, trouxe à existência mais missões evangélicas do que
qualquer outro grupo evangélico o fez em dois séculos”.
Metodistas Primitivos. Líder: John Wesley (1703-1791), inglês. O historiador Philip
Schaff, na obra “História da Igreja”, edição de 1882, relata que esses metodistas pugnavam
por uma vida santa, e muitos tinham dons espirituais e falavam em línguas. O movimento
avivalista metodista começou em 1739, em Londres. Foi no Metodismo que teve a maior
expressão e vulto o “Movimento da Santidade”, na América do Norte, entre determinadas
igrejas tradicionais, após o século XIX, do qual, quase um século depois, surgiu o atual
Movimento Pentecostal.
Os Irvingitas. Líder: Edward Irving (1822-1834), presbiteriano, da Igreja Escocesa
de Londres. Irving testemunhou, entre outros fatos, que, em 1831, uma irmã solteira falou
em línguas no culto de oração.
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D.L. Moody (1837-1899), poderoso evangelista e avivalista norte-americano. Acerca
de sua marcante cruzada evangelística de Londres, em 1873, escreveu Robert Boyd:
“Moody pregou à tarde no auditório da Associação Cristã de Moços, em Suderland. Em
pleno culto houve manifestação de línguas estranhas e profecia. O fogo espiritual dominava
o ambiente”.
A Rua Azusa. Em 9 de abril de 1906, em Los Angeles, Califórnia, Estados Unidos,
algo alavancou o crescimento do Evangelho na América. Na Rua Azusa, 312, o Pr. William
Joseph Seymor e mais sete irmãos de sua igreja, depois de incessantemente buscarem o
Batismo no Espírito Santo, foram batizados por Jesus e falaram “noutras línguas”. Foi o
estopim para que, nesse antigo armazém, houvesse um grande avivamento nas reuniões:
batismos no Espírito, recebimento de dons espirituais, impulsão missionária, milagres,
curas, cânticos espirituais, variedade de línguas e interpretação de línguas, fervorosas
orações, etc. Os cultos iniciavam às 6h e acabavam à meia-noite! Isso mobilizou a impressa,
os mundos secular e religioso, os quais, surpreendidos, iam conhecer o fogo pentecostal!
Por consequência, essa chama de poder incinerou as América do Norte, Central e do Sul.
Há inúmeros exemplos em vários pontos do globo terrestre que, ao longo da história,
o Espírito Santo foi derramado sobre todos aqueles que perseverantemente O buscaram!
A mundialmente conhecida e respeitada “Encyclopedia Britannica” declara: “A
glossolalia [o falar noutras línguas] esteve em evidência em todos os avivamentos da
história da Igreja” (Vol. 22, p. 282, ano 1944).
CESSACIONISMO E O FALAR EM LÍNGUAS 15
Os cessacionistas alegam que querem proteger as doutrinas da suficiência e
completude da Escritura. Creio que essa poderia ser uma das razões deles considerarem
necessário afirmar o cessacionismo. Contudo, creio que essa não é a única razão. Há
motivos ocultos por detrás dessa doutrina, tal como a incredulidade, e o medo que a
incredulidade seja exposta caso eles se aventurem e afundem como Pedro, quando o Senhor
o chamou para andar sobre a água. Teólogos versados não gostam de ser embaraçados.
Alguns deles crucificariam antes a Cristo com suas próprias canetas, apenas para calá-lo,
do que admitir que lutam com a incredulidade. Em todo caso, tem sido mostrado que a
continuação das manifestações sobrenaturais do Espírito não compromete a suficiência e
completude da Escritura.
A afirmação da soberania de Deus significa isto: se Deus quiser fazer uma pessoa
falar num idioma que ela nunca aprendeu, ele pode e fará. É simples assim. Se ele faz isso
ou não é uma coisa, mas não deveria haver dúvida que é possível, mesmo hoje.
15
http://www.vincentcheung.com/2009/03/09/cessationism-and-rebellion/.
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Todavia, devemos reconhecer que a questão não é resolvida afirmando-se a mera
doutrina da soberania de Deus, visto que ela tem a ver com como ele usa essa soberania
com relação aos dons espirituais, e o que ele revelou na Escritura sobre isso. Também,
quando diz respeito aos dons espirituais, estamos nos referindo a um modo particular da
manifestação do poder de Deus, a saber, por meio de instrumentos humanos como dons
espirituais. Assim, é reconhecido que o assunto é complexo, embora permaneça que o
fundamento para a discussão deve ser a soberania de Deus, que ele pode e fará tudo o que
deseja. E em conexão com os dons espirituais, eu direi novamente que, embora haja muitos
versículos na Escritura nos ordenando a usar os dons espirituais, não existe nenhuma
evidência bíblica, ou qualquer outro tipo, que sequer venha a sugerir que esses tenham
cessado.
Deixe-me aplicar primeiro meu argumento simples contra o cessacionismo ao caso
do falar em línguas. Paulo escreve: “Não proíbam o falar em línguas” (1Coríntios 14.39,
NVI). Mas se todos os dons espirituais cessaram, então as línguas cessaram. E se as línguas
cessaram, então todas as alegações de falar em línguas hoje são falsas. Se todas as alegações
de falar em línguas hoje são falsas, estão DEVEMOS proibir o falar em línguas. Em outras
palavras, se o cessacionismo é correto, então estamos obrigados a fazer exatamente o oposto
do que Paulo ordena nesse versículo sobre a base que a situação mudou, de forma que a
mesma preocupação apostólica requereria que proibíssemos todo o falar em línguas.
Contudo, transformar “NÃO proíbam o falar em línguas” em “SEMPRE proíbam o
falar em línguas” requereria um argumento bíblico que fosse igualmente explícito, ou se
este deve vir por dedução ou inferência, que seja um raciocínio perfeito, infalível, sem
qualquer possibilidade de erro ou lugar para crítica. De outra forma, ninguém tem
autoridade para dizer que o falar em línguas cessou, e ainda menos para proibir o falar em
línguas.
Jesus diz: “Todo aquele que desobedecer a um desses mandamentos, ainda que dos
menores, e ensinar os outros a fazerem o mesmo, será chamado menor no Reino dos céus;
mas todo aquele que praticar e ensinar estes mandamentos será chamado grande no Reino
dos céus” (Mateus 5.19). Deus me ordena: “Não matarás”. Se você deseja promover uma
doutrina que requeira de mim (Vicent Cheung) mudar isso para, “sempre matarás”, então
antes de eu ir para a matança, irei demandar que você produza um mandamento bíblico
direto que substitua o primeiro, ou um argumento bíblico apoiando o novo mandamento ou
obrigação que seja claro e perfeito, sem qualquer possibilidade de erro ou lugar para crítica.
Se eu percebo sequer a mínima falha ou fraqueza, irei permanecer com o que é claro e direto,
isto é, “não matarás”.
Da mesma forma, se ensino “não proíbam o falar em línguas” e você ensina “sempre
proíbam o falar em línguas” (ou uma doutrina que leve a isso), então um de nós deve estar
errado. Para me mostrar que sou eu quem está em erro, eu demandaria que você produza
A. Carlos G. Bentes Página 32 24/11/2020
um argumento bíblico que seja tão claro, forte, perfeito e infalível como aquele que diz,
“não proíbam o falar em línguas”.
Francamente, contra essa consideração, eu teria muito receio de ensinar o
cessacionismo. E eu me pergunto como podemos justificar a decisão de permitir alguém
permanecer no ministério, quando esta pessoa continua ensinando o cessacionismo após
ouvir este simples argumento. Se ele não pode respondê-lo – se não pode produzir um
argumento infalível para o cessacionismo – mas continua a ensinar a doutrina, isso pode
significar apenas que ele conscientemente promove rebelião contra o Senhor. Que direito
temos, então, de nos refrear de removê-lo do ministério? Eu tenho autoridade para proteger
tal pessoa da disciplina da igreja? Mas eu não sou mais forte que o Senhor. Nessas
circunstâncias, o cessacionismo não é uma doutrina sobre a qual argumentar, mas um
pecado do qual se arrepender. Os cristãos deveriam não somente evitar o cessacionismo,
mas deveriam temer afirmá-lo, pois equivale a um desafio direto e deliberado aos
mandamentos de Deus.
Você pode dizer: “Tudo bem dizer que não devemos proibir falar em línguas, mas
devemos proibir a falsificação”. Como isso é relevante neste ponto? Se na tentativa de se
opor à falsificação, você se opõe a todas as alegações de falar em línguas como uma questão
de princípio, então você volta a desafiar o mandamento de Paulo novamente. Se você admite
que não devemos proibir falar em línguas, mas devemos julgar cada caso por seu próprio
mérito, eu concordaria contigo, mas então você não mais seria um cessacionista.
Agora que mencionamos a possibilidade da falsificação, a discussão finalmente chega
à natureza das línguas. Atos 2 nos diz que o Espírito Santo capacitou os discípulos a falar
em idiomas que eles nunca aprenderam. Esses eram idiomas humanos conhecidos e
reconhecidos pelos estrangeiros que estavam presentes. Algumas vezes é suposto que foi
um milagre de audição, mas os estrangeiros ouviram os discípulos falar em seus próprios
idiomas porque os discípulos estavam FALANDO no idiomas deles. A Escritura declara
que eles falaram o que o Espírito lhes deu. Ela não diz que o Espírito alterou a audição da
audiência. O falar em línguas em 1Coríntios 12-14 é o mesmo tipo de manifestação que
aquela em Atos 2. Não há razão para pensar de outra forma.
Visto que as expressões consistiam de idiomas humanos, como demonstrado em Atos
2 e também indicado em 1Coríntios 13.1, há certas características que deveríamos esperar.
Um idioma humano inclui um vocabulário substancial, ou palavras, que formam sentenças.
Em linguagem ordinária, sentenças são marcadas por pausas e inflexões, que
frequentemente determinam o significado preciso dessas sentenças. Por exemplo, uma
inflexão poderia mudar o que seria entendido como uma declaração de fato numa pergunta.
Dessa forma, “você irá à igreja hoje”, muda para “você irá à igreja hoje?”. Uma inflexão
poderia também tornar uma declaração ordinária numa exclamação, ou mesmo numa
acusação. Há muitas outras coisas que podemos mencionar sobre as características dos
A. Carlos G. Bentes Página 33 24/11/2020
idiomas humanos, mas o ponto é que elas exibem traços e padrões complexos que são
discerníveis.
Recentemente, ouvi um sermão sobre a abordagem bíblica ao crescimento da igreja
por John MacArthur. Ele insistiu que os métodos de crescimento de igreja que são baseados
em teorias de negócio e marketing são perversos e destrutivos. Antes, ele propôs que os
cristãos deveriam retornar a Atos dos Apóstolos, visto que ali o método modelado pelos
primeiros discípulos é apresentado. Ele não se referia a algum modelo do Novo Testamento
num sentido geral, mas foi inflexível que devemos seguir O LIVRO DE ATOS.
Então, no curso do sermão, ele ofereceu cinco princípios que tinha derivado: A igreja
primitiva tinha 1) Uma mensagem transcendente, 2) Uma congregação regenerada, 3) Uma
perseverança resoluta, 4) Uma pureza evidente, e 5) Uma liderança qualificada. Contudo,
qualquer expositor honesto deveria ter adicionado, 6) Um ministério de falar em línguas,
curar coxos, ressuscitar mortos, expelir demônios, destruir mentirosos, romper prisões,
sacudir casas, amaldiçoar feiticeiros, ter visões, predizer o futuro e realizar milagres. Todas
essas coisas são registradas no Livro de Atos, não são?
Sem dúvida, eu não esperava que MacArthur se embaraçasse com a verdade. Sabendo
que ele é um cessacionista extremo, esperava uma menção desse item antes de rejeitá-lo,
mas nada foi dito. Ele nem mesmo o mencionou. Mas eu pensei que deveríamos retornar ao
padrão no Livro de Atos. Qual Livro de Atos ele estava lendo? Esse é o campeão da
pregação expositiva que tantos cristãos adoram? Mas eu pensei que a pregação expositiva
compeliria o pregador a abordar tópicos com os quais ele não se sente confortável, e
apresentar o que ele poderia achar difícil de aceitar. O que aconteceu com isso?
Eu vou lhe dizer qual é o padrão no Livro de Atos – é o padrão de não permitir que a
desonestidade e o preconceito obscureçam os ensinos claros da palavra de Deus. Se nos
forçássemos a ser caridosos sem justificação, poderíamos dizer que MacArthur evitou a
questão para economizar tempo de mencionar algo no qual ele não crê. Mas ele violou, no
mínimo superficialmente, seu próprio padrão de pregar a Palavra de Deus como ela está
escrita. É muito difícil, se não impossível, excusar alguém de mencionar os milagres quando
ele mesmo, com tanto zelo e indignação, repreende a igreja por falhar em seguir o padrão
no Livro de Atos.
Jesus disse que receberíamos poder quando o Espírito Santo viesse sobre nós. Assim,
onde está o poder? Você que não acredita na continuação dos dons sobrenaturais: Você diz
que tem o Espírito, que todos os crentes têm o Espírito, mas onde está o poder? Seu hipócrita
– você finge ter isso redefinindo o conceito. E você que crê na continuação dos dons
sobrenaturais: Você alega ter o Espírito, mas onde está o poder? Seu hipócrita – você insulta
o Espírito implementando um padrão baixo, de forma que as falsidades e os excessos são
numerados juntamente com o que é genuíno, se é que há manifestações de fato genuínas
entre vocês. Quando Elias desafiou os falsos profetas, ele não tornou isso fácil para si
A. Carlos G. Bentes Página 34 24/11/2020
mesmo ou para o Senhor. Ele não derramou gasolina nos sacrifícios, mas derramou muita
água. Ele era da opinião que se Deus não fizesse isso, então que não fosse feito, mas se Deus
fizesse, então que não houvesse dúvida que foi um milagre do Senhor, e não dos esquemas
e artimanhas dos homens.
Vocês dizem que têm o Espírito, mas quando os discípulos foram cheios com o
Espírito no Livro de Atos, houve tamanhas manifestações de poder que fizeram os
incrédulos tremer. Onde está o poder? É verdade que uma demonstração de poder divino
nem sempre equivale a milagres, mas existe alguma manifestação de poder entre vocês?
Qualquer uma que seja? Onde está a autoridade divina em sua pregação? Onde está a
sabedoria divina em seu conselho? Onde está a ousadia divina em suas ações? Você tem
seus métodos expositivos, seus diplomas de seminário, seus ensaios de ordenação, e os
livros deste ou daquele teólogo em sua biblioteca. Mas você não tem o poder.
O poder é a herança de todo cristão, e o equipamento necessário de todo ministro do
evangelho. Deus não nos deu um espírito de fraqueza, mas um espírito de poder – poder
para perceber, crer, declarar, suportar e poder para confrontar e destruir o cinismo e a
incredulidade.
Limitar-nos-emos, primeiramente, aos dons de línguas e interpretação de línguas na
congregação pública; em seguida, passaremos a considerar o assunto de falar-se em línguas
de uma forma geral.
O que é dom ministerial de variedade de línguas? O dom ministerial de línguas é a
habilidade dada por Deus a alguém para que haja comunicação numa língua desconhecida,
e para que seja interpretada na assembléia a fim de que todos possam compreendê-la.
“... a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação de línguas...” (1Co 12.10;
Veja também 1Co 14.5).
Novamente, esta é uma “manifestação do Espírito” (1Co 12.7), e não uma habilidade
humana. Isto não têm absolutamente nada a ver com habilidades linguísticas naturais,
eloquência em discursos, ou uma nova maneira Santificada de falar-se.
Ainda que o Espírito possa estar envolvido nestas características estão todas à parte
do assunto em consideração. O dom de línguas é uma manifestação ou expressão
sobrenatural do Espírito Santo; através dos órgãos vocais de uma Pessoa. Ele é uma
manifestação direta da esfera dos milagres.
Isto é diferente de línguas que são usadas na vida particular do crente?
Sim! A Bíblia, claramente, revela três categorias gerais quanto ao falar-se em línguas.
Embora a Bíblia não seja escrita na forma de um livro de teologia sistemática, com tudo
bem dividido e esquematizado, à medida em que a estudamos aprendemos por observação
e experiência, certas categorias claramente emergem.
Ainda que a Bíblia, em si não nos dê resumos sistematizados, estes são descobertos
através de uma síntese de todos os ensinamentos da bíblia num dado assunto. Isto é parte
do “manejar-se bem” (dividir, analisar) a Palavra de Verdade (2 Tm 2.15).
Estas três categorias gerais de línguas podem ser, claramente, vistas nas Escrituras:
A. Carlos G. Bentes Página 35 24/11/2020
1. Línguas que são faladas no momento em que recebemos o Batismo no Espírito
(At 2.4; 10.45-47; 19.6).
2. Línguas para uma comunhão Pessoal com Deus numa maneira contínua. (1Co
14.1-4,15; Jd 20; Rm 8.26,27; Ef 6.18).
3. Línguas que são dadas na assembléia para uma comunicação ao Corpo e para
serem um sinal ao incrédulo (1Co 12.10; 14.5; 14.21,22).
Foi a confusão destas três categorias de línguas que o Senhor procurou corrigir na
Igreja de Corinto. Aparentemente, alguns falavam em línguas demasiadamente nas
reuniões, sem que interpretações fossem dadas.
Isto produzia confusão e abusos. Portanto, o Senhor, através de Paulo, classificou-as
para eles. Além disso, deveríamos entender que há três maneiras gerais em que a Bíblia usa
a palavra “dom” ou “graça”.
1) O “dom” de Deus da Salvação através de Cristo (Rm 5.15-18; 2Co 9.15), o qual
incluí;
2) O “dom” do Espírito Santo (At 2.38; 8.20; 10.45) o qual incluí;
3) Os “dons” do Espírito Santo (2Co 12.1,4,9,28; 14.1; Hb 2.4).
Em nenhum lugar o batismo no Espírito é chamado de “dom de línguas”. Ao invés,
ele é o “dom do Espírito” (o qual inclui línguas). Todo crente que é cheio do Espírito deve
falar em línguas, mas nem todos necessariamente têm o dom de línguas como uma
manifestação espiritual no ministério do Corpo.
Paulo ensina que 99% das línguas é para um uso particular e pessoal na oração, louvor
e auto-edificação. Todavia, há aqueles a quem o Espírito move para que levantem as suas
vozes em línguas na assembléia, para que sejam, em seguida, interpretadas, a fim de
abençoarem ao povo.
O dom de línguas é para a edificação da Igreja, e não do indivíduo que exercita.
O falar-se em línguas como parte do Dom do Espírito Santo, deve continuar em nossas
vidas privadas para uma edificação individual, e não da Igreja.
Quais são os propósitos de línguas e interpretação na assembléia?
1) Para serem um “sinal” ao incrédulo. (1Co 14.21-22).
2) Para expressarem edificação, exortação e conforto ao crente (1Co 14.3-5).
Línguas com interpretação são equivalentes a profecias.
3) Para levantarem a congregação ao louvor e à oração (1Co 14.13-16). Nesta
passagem, Paulo encoraja ao que fala em línguas a orar pela interpretação. O contexto
imediato que se segue é o orar e falar em línguas. A dedução é que a oração e o louvor no
Espírito poderiam ser interpretadas e ser edificantes ao Corpo. Se uma igreja tem mais
línguas e interpretações que profecias, isto é uma indicação que ela não cresceu além de um
nível elementar de fé (1Co 14.5-13), ou que há incrédulos que, regulamente a frequentam e
que necessitam deste sinal (14.21-22).
De que maneiras as línguas são um “sinal” aos incrédulos?
A. Carlos G. Bentes Página 36 24/11/2020
1) Pela evidência do sobrenatural; ao verem as pessoas falando em línguas que elas
nunca aprenderam, (At 2.6-8; 1Co 14.21-22).
2) Pela sensação do sobrenatural; elas carregam a atmosfera com a sensação da
presença de Deus. Isto é sentido até mesmo pelos incrédulos.
3) Pelo testemunho do ouvir-se uma língua estrangeira que eles possam conhecer,
Deus lhes dá um sinal, falando com eles em suas línguas maternas (ou uma outra língua que
eles aprenderam).
Este foi o grande sinal durante o Pentecostes. Eles ouviram as pessoas falando,
sobrenaturalmente, em suas próprias línguas maternas. Este sinal proporcionou a salvação
de três mil judeus que foram obedientes.
Ainda que as línguas sejam um sinal, os incrédulos nem sempre as aceitam como tal,
especialmente se forem praticadas sem a ordem devida (todos falando ao mesmo tempo -
1Co 14.23). Eles dirão: “estais loucos”. Na verdade muitos cépticos e críticos respondem
desta maneira, até mesmo quando as línguas são praticadas no modo apropriado. Muitos
hoje igualam as línguas a uma tagarelice incoerente que é falada num estado de loucura
emocional ou psicológica. Isto é, exatamente, o que um grupo de pessoas orgulhosas disse
no dia de Pentecoste (At 2.13). Isto é exatamente, o que Deus disse que os homens diriam.
Todos devem ter o “dom” [ministerial] de variedade de línguas?
Não! 1Co 12.28-30 mostra, claramente, que nem todos são usados desta maneira. O
texto de 1Co 12.28-30 é correlato ao de Ef 4.1 que fala acerca dos dons ministeriais. Há
uma distinção entre os dons e os ministérios. Existe o dom de variedade de línguas (1Co
12.10) e existe o ministério de variedades de línguas (1Co 12.28). Ainda que todos possam
dar um passo de fé, ocasionalmente, e falar em diversas línguas, não é bíblico o ensinar-se
que todos devem ter qualquer um dos dons ministeriais do Espírito. Esta era uma das
principais ênfases de Paulo em seus ensinamentos sobre os dons e ministérios do Corpo
(Rm 12.3-8; 1Co 12.4-31).
1Co 12. 28-30: E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo
lugar profetas, em terceiro mestres, depois operadores de milagres, depois dons de
curar, socorros, governos, variedades de línguas. Porventura são todos apóstolos? são
todos profetas? são todos mestres? são todos operadores de milagres? Todos têm dons de
curar? falam todos em línguas? interpretam todos?
Quantas mensagens em línguas e interpretações estão em ordem numa reunião?
A resposta a esta questão é dada, muito simples e brevemente, por Paulo em 1Co
14.27-28. Duas ou três mensagens são, geralmente, suficientes para que recebamos, com
clareza o teor completo daquilo que o Senhor esteja falando.
Algumas Assembleias têm, virtualmente, proibido línguas nas Assembleias, por
várias razões (permitindo, somente que sejam praticadas no “salão dos fundos” depois do
culto). Contudo, a Bíblia não nos ordena que as silenciemos nas atividades da assembléia,
e sim, que as regulemos. Temos, na verdade, a admoestação direta: “... Não proibais falar
línguas” (1Co 14.39-40).
A. Carlos G. Bentes Página 37 24/11/2020
O que é o dom de interpretação de línguas?
O dom de interpretação é a habilidade sobrenatural e espontânea de interpretar-se
uma comunicação dada em línguas na língua que é compreendida pelas pessoas presentes.
Novamente, isto não tem, absolutamente nada a ver com um conhecimento natural de
línguas, mas procede diretamente, do Espírito Santo (1Co 12.10). Observa-se que em 1Co
14.13 diz: “ore para que possa interpretar”, e não “estude línguas”. Além disso, 1Co 14.2
mostra que quando alguém fala em línguas, “ninguém entende”. Portanto, deve haver uma
revelação sobrenatural, assim como a mensagem em línguas foi sobrenatural. A
interpretação deveria ser dada como uma resposta imediata à mensagem em línguas.
A interpretação é o mesmo que tradução?
Não! Interpretar significa explicar, expor, elucidar ou expandir. Traduzir significa
converter de uma língua para outra. Na verdade, o grau de tradução em si pode variar
segundo o dom de interpretação em particular. Também deveríamos lembrar que mesmo o
traduzir-se de uma língua para outra, geralmente, deixa uma grande discrepância entre a
extensão da mensagem e o número de palavras necessárias para dizerem a mesma coisa.
Observe Dn 5.25-28 que a interpretação de “Mene, Mene, Tequel, Ufarsim” foi,
aproximadamente, nove vezes maior que mensagem original.
Uma outra razão pela qual as mensagens podem ser bem mais curtas que suas
interpretações é que a situação envolve, na verdade, línguas seguidas por uma profecia; ou
talvez uma oração em línguas seguida por uma resposta do Senhor através de uma profecia.
Deveríamos também mencionar que uma mensagem em línguas pode ser na verdade,
uma oração, adoração, como também uma exortação. Frequentemente, alguém pronuncia
em voz alta uma oração inspirada pelo Espírito a qual Deus quer que seja feita em tal
momento. A interpretação então informa ao povo aquilo que foi orado e os levanta à oração
em conjunto, como também aviva a sua fé. Em outras ocasiões, o Senhor pode desejar que
o Seu povo O louve e O adore e Ele pode mover alguém a começar a falar em línguas.
Quando há interpretação, esta levanta ao povo ao louvor e à adoração. Se uma interpretação
genuína estiver acontecendo, então algumas das mensagens em línguas serão,
indubitavelmente, interpretadas como orações e louvor como também exortações.
As possíveis explanações do fato de que algumas mensagens em línguas são seguidas
por profecias, ao invés de interpretações são: possivelmente, a mensagem em línguas estava
fora de ordem e isto inspirou outra pessoa a profetizar; alguém interrompeu e profetizou
antes que uma interpretação pudesse ser dada; porque não havia nenhum intérprete presente,
ou a pessoa com a interpretação não quis dá-la, então alguém com o dom de profecias
moveu-se nesta área. Com relação a esta última razão possível, não é claro a alguns que há
uma diferença entre o dom de profecias e o dom de interpretação. Eles, portanto, podem
tentar interpretar mensagens em línguas, simplesmente porque eles profetizam. Há,
contudo, uma diferença definida e esta tem que ser respeitada.
A. Carlos G. Bentes Página 38 24/11/2020
Que mensagens são interpretadas?
Se uma interpretação é necessária ou não depende da situação e da categoria das
línguas que estão sendo faladas. Nunca houve nenhuma interpretação quando as pessoas
falaram em línguas ao receberem o Espírito Santo (At 2.4-6; 10.45-47; 19.6). A Bíblia
também indica que, quando as línguas são usadas para a oração ou adoração pessoal, elas
não são interpretadas (1Co 14.2,14-18; Rm 8.26-27).
As únicas línguas que Paulo disse que necessitam de interpretação são as faladas na
igreja com o propósito de comunicarem aos homens.
Geralmente, isto é evidente em si mesmo. Uma pessoa, durante o minguamento da
adoração, ou durante a oração e espera em Deus em silêncio, distintamente levanta a sua
voz por pouco tempo, falando numa língua que é desconhecida aos presentes. Esta é a
categoria entre a “variedade (tipos) de línguas” que necessita ser interpretada.
Quem deve interpretar as línguas na assembléia?
Basicamente, alguém que tenha recebido este dom deveria fazer a interpretação. Pode
ser outra pessoa, além daquela que esteja dando a mensagem em línguas (1Co 14.27), ou
pode ser a própria pessoa que falou a mensagem em línguas (1Co 14.5-13). Paulo parecia
indicar em 1Co 14.27, que, em qualquer reunião está de acordo com a ordem que uma pessoa
faça as interpretações. Uma versão traduz esta passagem assim: “Que o mesmo intérprete
explique a palavra a todos”. Parece que esta é uma tradução fiel do propósito deste versículo
no original.
Provavelmente, uma maior ênfase necessita ser colocada no dom de interpretação de
línguas. Parece que esta tem sido uma área de entendimento negligenciado no passado. Na
verdade, nem todos ou qualquer um deveria tentar exercitá-lo. As tentativas de interpretação
por aqueles que não receberam, especificamente, este dom são, provavelmente, a causa de
não haver um maior número de interpretações puras.
Além disso, é significativo que aqueles que dão mensagens em línguas compreendam
que sua responsabilidade não termina com o seu simples falar abertamente em línguas se
não houver ninguém com o dom de interpretação presente. A responsabilidade, então, recai
sobre eles. Eles devem interpretar suas próprias palavras; caso contrário estarão fora de
ordem (1Co 14.5,13-28). Se alguém, portanto, não está definitivamente ciente de que
alguém com o dom de interpretação esteja presente, este não deve mover-se em línguas a
não ser que esteja disposto a interpretar também, caso ninguém mais o faça.
Como saberei se devo dar uma mensagem em línguas ou fazer uma
interpretação?
A sensibilidade às inspirações internas do Espírito é uma área em que todos devemos
aprender. Ela está mais na esfera subjetiva, nenhuma lista de regras pode ser produzida a
A. Carlos G. Bentes Página 39 24/11/2020
fim de informar a outros como isto é feito. Certos princípios, contudo, podem ser
mencionados e podem ser úteis.
Um dos princípios é que compreendamos que Jesus não julgava nem rejeitava a Seus
discípulos por cometerem erros ao tentarem fazer a Sua vontade. O terror às consequências
de um erro pequeno e sem importância pode fazer com que uma pessoa evite o seu
envolvimento permanentemente. Deus tem paciência conosco quando os nossos corações
estão puros e estamos sinceramente, procurando fazer a Sua vontade. Assim também o
Senhor zela por nós ao tropeçarmos ou cambalearmos enquanto aprendemos a andar nos
dons espirituais.
Outro princípio é que sua voz e inspirações internas são suaves. É possível que não
as percebamos se supormos que elas sejam impressões ou impulsos humanos.
Frequentemente, o Senhor move-Se fortemente e com grande clareza e certeza no
principiante. Porém, isto pode diminuir à medida em que ele aprende mais sobre a fé e a ter
uma maior sensibilidade ao Espírito Santo.
O FALAR EM LÍNGUAS E OBSERVAÇÕES GERAIS
O que significa “falar em línguas?”.
A palavra “línguas” (At 2.3; 1Co 12.10; 13.1) é a palavra grega (γλῶσσα) “glossa” e
significa uma linguagem ou idioma. Ela não é “tagarelice incoerente”, e sim linguagens.
Observe que a palavra é usada na forma plural o que mostra que um único crente é capaz
de, não somente falar uma língua, mas também fala em línguas. Que o falar em línguas
sempre se refere a línguas terrenas e conhecidas não pode ser presumido. Na verdade, Paulo
usa a mesma palavra referindo-se a línguas angelicais (1Co 13.1). Ele Também diz que,
quando alguém fala em línguas “ninguém o entende” (1Co 14.2).
1Co 14.26 diz “... um tem salmo, outro doutrina, este traz revelação, aquele outra
língua...”; cada pessoa tem uma diferente. Aplicando-se isto ao Corpo de crentes, em sua
totalidade ao redor do mundo, seria muito mais que suficiente para esgotar as línguas
terrenas conhecidas.
O repertório de línguas de Deus é, certamente, maior que o do homem e inclui muitas
que são celestiais ou desconhecidas ao homem. Ainda que as línguas sejam idiomas
verdadeiros e devam ser um “sinal aos incrédulos”, as Escrituras não indicam que, afim de
que elas sejam um sinal ou que sejam faladas na assembléia, alguém que entenda o idioma
que está sendo expresso no exercício deste dom deva estar presente. A única vez na Bíblia
em que isto aconteceu está em Atos 2. Paulo esclarece em 1Co 14 que as línguas teriam que
ser sobrenaturalmente, interpretadas a fim de que fossem compreendidas na assembléia.
Seguindo-se a analogia da profecia de Isaías citada em Paulo (Is 28.10-12; 1Co 14.21),
deveríamos observar que a “língua” seria “uma outra”, ou uma língua estranha a Israel. Isto
se referia ao julgamento que viria das nações inimigas. Já que eles não ouviriam a Deus
falando-lhes através dos profetas, Ele viria a falar-lhes através dos exércitos estrangeiros. O
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Diversidades Espirituais

  • 1. DIAIRESIOLOGIA A DOUTRINA DAS DIVERSIDADES DONS, MINISTÉRIOS E OPERAÇÕES “A SUA UNÇÃO VOS ENSINA A RESPEITO DE TODAS AS COISAS” (1 Jo 2.27) “A sabedoria é a coisa principal; adquire, pois, a sabedoria; sim com tudo o que possuis adquire o conhecimento” (Pv 4.7) MINISTMINISTÉÉRIO GOELRIO GOEL Pr. A. Carlos G. BentesPr. A. Carlos G. Bentes DOUTOR EM TEOLOGIADOUTOR EM TEOLOGIA PhD em Teologia SistemPhD em Teologia Sistemááticatica American Pontifical Catholic University (EUA) ‫ל‬ ֵ‫א‬ֹ‫ג‬ ‫ל‬ ֵ‫א‬ֹ‫ג‬
  • 2. A. Carlos G. Bentes Página 2 24/11/2020 ÍNDICE CONTEÚDO INTRODUÇÃO 4 I. DIVERSIDADE DE DONS 8 IDEIAS ERRONEAS ACERCA DOS DONS 9 O FALAR EM LÍNGUAS NA HISTÓRIA 27 Cessacionismo e o Falar em línguas 30 II. DIVERSIDADE DE MINISTÉRIOS. 46 O NASCIMENTO DOS MINISTÉRIOS NA IGREJA 46 ESTRUTURA ECLESIÁSTICA 47 GOVERNO NA IGREJA LOCAL 47 III. DIVERSIDADES DE OPERAÇÕES 66 IV. DIVERSIDADES DE MEMBROS 68 BIBLIOGRAFIA 74 BIOGRAFIA DO AUTOR 76
  • 3. A. Carlos G. Bentes Página 3 24/11/2020 D I A I R E S I O L O G I A OPERAÇÕES DONS MINISTERIAIS OPERAÇÕES DONS MINISTERIAIS DONS ESPIRITUAIS
  • 4. A. Carlos G. Bentes Página 4 24/11/2020 INTRODUÇÃO DIAIRESIOLOGIA A DOUTRINA DAS DIVERSIDADES DIAIRÉÇEIS KHARISMÁTŌN DIAIRÉÇEIS DIAKONIŌN DIAIRÉÇEIS ENERGUĒMATŌN 1Co 12.4-11: Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. 5 E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. 6 E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. 7 Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil. 8 Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; 9 E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; 10 a outro a operação de milagres; a outro a profecia; a outro o dom de discernir espíritos; a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação de línguas. 11 Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer. A palavra Diairesiologia ainda não existe nos nossos dicionários da língua Portuguesa. Como a língua é viva tivemos a liberdade de criar esta palavra para melhor definir o nosso estudo. Diairesiologia é a junção de diairéçis (διαιρέσεις), cuja tradução é diversidade, com logia (λόγια) cuja tradução é discurso, expressão, linguagem; estudo, ciência. Portanto diairesiologia é o estudo das diversidades. Robert Charles Sproul nos dá uma boa definição da palavra diversidade: Um dos problemas mais complicados encontrados pelo pensador antigo (que continua complicado até hoje) era o da unidade e da diversidade, ou “do uno e do múltiplo”. Era a questão de encontrar sentido no meio das diversas manifestações da realidade: como todas as coisas se encaixam de modo que faz sentido? Hoje em dia, quase sempre falamos do universo sem pensar muito. O termo universo é meio híbrido, em que as palavras unidade e diversidade (o uno e o múltiplo) misturam-se para formar uma palavra única. As instituições de ensino superior são geralmente chamadas “universidades”, porque ali se estudam os diversos elementos do universo. 1 A unidade dos dons espirituais está na Pessoa do Espírito Santo, pois os dons, que são diversos, pertencem a ele, e a diversidade está nos membros do Corpo (Igreja) de Cristo. Nós os membros deste Corpo somos os canais por onde a Manifestação (fanerosis - φανέρωσις) flui. A corrente elétrica flui através dos fios, flui através do filamento ou dos gases de uma lâmpada e então acontece uma manifestação – a luz. Da mesma maneira, 1 SPROUL, R. C. Filosofia Para Iniciantes. São Paulo: Editora Vida Nova, 2002, p. 16.
  • 5. A. Carlos G. Bentes Página 5 24/11/2020 também, a energia divina flui através de nós, os membros, e acontece a manifestação – os dons espirituais, os ministérios e as operações. “Soberanamente o Espírito Santo distribui dons à sua Igreja. A Igreja é um corpo de membros dotados por Deus, que funciona dentro do arcabouço da unidade e da diversidade”.2 Fp 2.13: “Porque Deus é o que opera (energiza) em vós tanto o querer como o efetuar (energizar), segundo a sua boa vontade”. 1Co 12.7: “Mas a manifestação (fanerosis - φανέρωσις) do Espírito é dada a cada um, para o que for útil”. "Em 1Co 12.4-6, três apelativos: Espírito, Senhor e Deus se defrontam entre si. A esses três nomes correspondem três princípios que regem divinamente, de maneira diferente, os carismas cristãos. Estes mesmos podem denominar-se diversamente, segundo suas relações com os três princípios: carismas enquanto manifestações do Espírito, ministérios enquanto inspirados pelo Senhor, operações se pensarmos que é Deus quem age nestes dons; mas, tudo é carisma e tudo é dom do Espírito e de Deus pelo Senhor (cf. 2Co 13.13; Ef 4.5)".3 A Trindade e a Doutrina das Diversidades: 1ª) DIVERSIDADE DE DONS. Mas o Espírito é o mesmo (1Co 12.4); 2ª) DIVERSIDADE DE MINISTÉRIOS. Mas o Senhor é o mesmo (1Co 12.5); 3ª) DIVERSIDADE DE OPERAÇÕES. Mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. (1Co 12.6); 4ª) DIVERSIDADE DE MEMBROS: 1Co 12.13: “Agora, porém, há muitos membros, mas um só corpo” (Leia: 1Co 12.12-27). Cada diversidade está relacionada com cada Pessoa da Trindade: Existe ainda uma quarta diversidade – a diversidade de membros. Esta está relacionada simultaneamente com as três Pessoas da Trindade. Mas o Senhor [Kurios] é o mesmo (1Co 12.5). Kurios (também às vezes soletrados kyrios ou Kurios, κύριος do grego) é uma palavra grega que pode ser aplicada a Deus, senhor, mestre, ou responsável. Na Grécia antiga, uma mulher não podia entrar em um contrato de si mesma e arranjos foram feitos por seu tutor 2 SPROUL, R. C. Ministério do Espírito Santo. 1ª ed. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1997, p. 157. 3 CEFAUX, CERFAUX, Lucien. CRISTO NA TEOLOGIA DE PAULO. São Paulo: Academia Cristã, 2012, p. 368.
  • 6. A. Carlos G. Bentes Página 6 24/11/2020 ou Kurios. Para uma mulher solteira o Kuriosseria seu pai, e se estivesse morto, os irmãos um tio ou parente seriam Kurios. Em alguns casos, ao ler a Bíblia hebraica dos judeus seria substituir Adonai (meu Senhor) para o Tetragrammaton (a representação por escrito do Nome de Deus), e eles também podem ter substituído Kurios quando a leitura para um público grego (como na Septuaginta tradução). Orígenes refere-se a ambas as práticas em seu comentário sobre Salmos (2.2). A prática deveu-se ao desejo de não usar o nome de Deus. Exemplos disso podem ser vistos em Philo. Em A Guerra Judaica (7.10.1) Josefo observou que os judeus de língua grega se recusaram a chamar de Kurios o imperador. Para eles palavra kurios era reservada para Deus.4 Kurios Os eventos históricos da Tanakh (Velho Testamento) se encerram com o livro de Neemias, por volta do ano de 440 a.C. O último livro da Tanakh a ser escrito e editado foi Crônicas. Em 1 Crônicas 3, há uma lista genealógica que vai até umas10 gerações depois de Zorobabel, que daria uma data de aproximadamente 350 a.C. Em 333 a.C., Alexandre o Grande conquistou o Oriente Médio e impôs a cultura e a língua grega sobre o povo da região. Entre 280 e 130 a.C., rabinos eruditos que falavam grego traduziram a Tanakh para o grego, produzindo assim o que passou a ser conhecido como a Septuaginta. Tornou-se a versão mais confiável da Tanakh, e é aquela que foi citada pelos autores do Novo Testamento. Na Terra Santa, desenvolveu-seuma tensão dinâmica entre a cultura grega internacional e a cultura local hebraico-aramaica. Essa tensão ora cooperava para o bem, ora para o mal. A revolta dos macabeus começou em 166 a.C., e a dinastia hasmoneana na Judeia permaneceu até a conquista da região pelos romanos liderados pelo general Pompeu, em 63 a.C. Quando Yeshua nasceu, a Terra Santa era governada por Herodes (um idumeu grego que se converteu ao judaísmo), que foi designado pelas autoridades do império romano. O apóstolo Paulo (Saulo) foi treinado tanto em estudos judaicos quanto em gregos. Sua mudança de nome de Saulo para Paulo pode refletir a comissão divina de levar o evangelho do mundo hebraico para a comunidade grega internacional. O texto mais confiável da Bíblia é a Tanakh (Antigo Testamento) em hebraico e a Nova Aliança (ou Novo Testamento) em grego. A tensão entre o hebraico e o grego continuou nos primeiros anos da comunidade da fé. Na manhã do dia de Pentecostes, os 120 discípulos que falavam hebraico pregaram o evangelho a uma multidão de 3 mil pessoas, a maioria de origem internacional (Atos 2.9- 4 http://en.wikipedia.org/wiki/Kurio.
  • 7. A. Carlos G. Bentes Página 7 24/11/2020 11). O número de discípulos cresceu, tanto entre as pessoas de língua hebraica quanto entre as de língua grega. “Ora, naqueles dias, multiplicando-se o número dos discípulos, houve murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas deles estavam sendo esquecidas na distribuição diária” (Atos 6.1). O choque entre os dois grupos culturais causou problemas na comunicação, nas finanças e na administração. Uma comissão foi escolhida dentre as pessoas de língua grega (helenistas) para garantir que a logística fosse administrada corretamente (Atos 6.5). As questões relacionadas a identidade continuaram com o desenvolvimento da igreja internacional (eclésia). A ordem era para pregar o evangelho primeiro para o judeu, depois para o grego (Romanos 1.16; 2.10); ao mesmo tempo, judeus e gregos têm a mesma posição diante de Deus (Gálatas 3.28). Experimentamos tensões semelhantes no Corpo do Messias em Israel hoje, pois nossa língua oficial é hebraico, embora a população de novos imigrantes que não falam hebraico e de visitantes internacionais seja maior do que o núcleo que fala hebraico. Há um equilíbrio perfeito entre os aspectos internacionais e universais da fé e os aspectos da fé relacionados às alianças com Israel. Na mesma época, aproximadamente, em que a Tanakh estava sendo traduzida para o grego, o povo judeu deixou de pronunciar o nome de YHVH (Iaweh). No fim, a pronúncia foi esquecida e proibida. No lugar de YHVH, o termo “Adonai” começou a ser usada, que é o plural da palavra “senhor”. Na Septuaginta, o nome YHVH foi traduzido como “Kurios”, que também significa “senhor” em grego. Portanto, aproximadamente no mesmo período da História, o nome YHVH deixou de ser usado e foi substituído pelo nome Adonai no hebraico e Kurios no grego. No tempo de Yeshua, não se usava mais YHVH, somente Adonai e Kurios. Todas as citações de YHVH na Septuaginta e na Nova Aliança traduzem YHVH como Kurios. Kurios é o mesmo que Adonai e YHVH. Por isso, é impressionante observar que, na Nova Aliança, Yeshua é chamado de Kurios. Isso é muito mais do que chamá-lo de “Senhor”. Significa chamá-lo Adonai. É uma declaração ousada e inconfundível de sua divindade. Yeshua é Kurios-Adonai. Essa declaração de fé chocava tanto as pessoas de língua hebraica quanto as de língua grega. Chamar Yeshua de Senhor-Kurios-Adonai é uma explosão nuclear na história da fé, da religião e da revelação.
  • 8. A. Carlos G. Bentes Página 8 24/11/2020 I. DIVERSIDADE DE DONS “Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo”. DIAIREÇEIS KHARISMATON - διαιρέσεις δὲ χαρισµάτων. As classificações dos Dons: 1. Naturais - Vocações natas (talentos): São aquelas características que dão a cada ser humano uma personalidade sem igual. 2. Espirituais - capacitações que o Espírito Santo nos dá para as realizações daquilo que for útil, para proveito comum (1Co 12.7). 3. Ministeriais (diakonion) - a pessoa toda como Dom de Deus dado à Igreja, ao Corpo; não dado à denominação, mas ao Corpo (Ef 4.11; 1Co 12.27,28). DONS ESPIRITUAIS - O significado de Carismata (Kharismata - χαρίσµατα). No Novo Testamento há uma palavra especial para dons espirituais - Carismata, de onde deriva o adjetivo “Carismático”. Caris (χάρις), é a palavra que significa - Graça. No grego clássico foi usada com o significado de “lindo”, “belo”, “encanto” e por extensão “favor”, “bondade” e “gratidão” como resposta a uma dádiva. Quando os escritores do Novo Testamento adotaram o termo CARIS, empregaram- no para descrever o amor espontâneo, gracioso e imerecido de Deus operando em Cristo Jesus. Caris ou Graça significa em primeiro lugar, o amor gratuito e perdoador de Deus em Cristo para com os pecadores; e em segundo lugar, a operação desse amor na vida dos Cristãos. CARISMA ou Kharisma (χάρισµα), um substantivo singular derivado de CARIS, significa literalmente “Dom de Graça”. Representa todos os dons espirituais possuídos e manifestados pelos crentes em vários graus e formas. Significado este que está longe do usado popularmente para expressar fascinação, atração ou magnetismo pessoal de personagens de vida política ou cinematográfica. "O carisma é função do membro (membro ou órgão) do corpo. O carisma é a contribuição que o membro individual dá ao todo, sua função no corpo como um todo. O corpo funciona carismaticamente". A “diversidade de carismas” (1Co 12.4) é, alternativamente expressa, a “diversidade de atos de serviço (diakonia)” (1Co 12.5), é, em outras palavras, a “diversidade de atividades (energema)” (1Co 12.6). Aqui se expressa o caráter do carisma no sentido de em benefício dos outros (serviço) e possibilitado por poder
  • 9. A. Carlos G. Bentes Página 9 24/11/2020 divino. Carisma também é “a manifestação (phanerosis) do Espírito para o bem comum” (12.7).5 Karismata (χαρίσματα) é a forma plural de Karisma (χάρισμα), cujo significado é “Dons de Graça”. Kharisma e Karismata ocorrem 17 vezes no Novo Testamento: 16 vezes nas cartas paulinas e uma vez em 1Pe 4.10 (Rm 1.11; 5,15,16; 6.23; 11.29; 12.6; 1Co 1.7; 7.7; 12.4,9,28,30,31; 2Co 1.11; 1Tm 4.14; 2Tm 1.6; 1Pe 4.10). IDEIAS ERRONEAS ACERCA DOS DONS Alguns têm sido levados a crer que os dons do Espírito não são para nós hoje em dia. Citam o texto de 1Coríntios 13.8 e dizem que “havendo línguas, cessarão”. Contudo, o mesmo versículo diz que a ciência “desaparecerá”. Acaso isto já aconteceu? Uma leitura cuidadosa do contexto deixa claro que estas operações imperfeitas cessarão quando vier o que é perfeito. Isto será por ocasião da vinda de Cristo. Os dons foram dados por Cristo à sua igreja - capacitações espirituais para uma guerra espiritual - e seria loucura ignorá-los ou ir à batalha sem eles. Muitas pessoas têm ideia errônea acerca da natureza desses dons. Alguns há que acreditam que Deus dá a uma pessoa um ou mais desses dons e eles se tornam sua propriedade exclusiva para ela proceder como lhe aprouver. Acreditam que essa pessoa pode chamá-los à operação em qualquer tempo que quiser. Primeiro, notemos que 1Co 12.1 a palavra dons está escrita em itálico. Isto significa que ela foi colocada pelos tradutores e não consta do texto original. Uma tradução mais literal seria: “A respeito dos espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes”. O versículo 7 diz: “Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil” (RC). Outra versão diz: “A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito para o proveito comum” (RA). São os Dons Irretratáveis(Rm 11.29)? Romanos 11.29: “Pois os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis”. Primeiramente, o contexto de Romanos 11 se refere a Israel. John MacArthur, em sua Bíblia de Estudo, acercado contexto do capítulo 11, diz que “Nessa seção, Paulo responde à pergunta que, logicamente, surgiu de 10.19-21: “Deus está colocando Israel de lado de modo permanente por ter rejeitado a Cristo?”. O que está em questão é se é possível confiar que Deus manterá a sua promessa incondicional a essa nação (cf. Jr 33.19-26)”. Na mesma linha, Donald C. Stamps, na Bíblia de Estudo Pentecostal, argumenta acerca do versículo 29: “Estas palavras se referem aos privilégios de Israel mencionados em 5 DUNN, James. A Teologia do Apóstolo Paulo. São Paulo: Editora Paulus, 2003, p. 626.
  • 10. A. Carlos G. Bentes Página 10 24/11/2020 9.4,5 e 11.26. O contexto desta passagem tem a ver com Israel e os propósitos de Deus para aquela nação e não aos dons espirituais ou à vocação ministerial relacionados com a obra do Espírito Santo na igreja (cf. 12.6-8; 1Co 12). A chamada ministerial, o ingresso no ministério e permanência nele, tudo deve ser feito segundo as qualificações do caráter pessoal e dos antecedentes espirituais do indivíduo”. Corroborando o argumento de Stamps, temos em 1Tm 3.1-9, por exemplo, requisitos exigidos daqueles que aspiram ao pastorado e diaconato. Se há uma lista de requisitos para que se assuma o cargo, entende-se que caso o pastor (ou diácono), após sua ascendência ao ministério, deixe de cumprir os requisitos que foram necessários à sua consagração, deverá também ser retirado de sua posição ministerial voltando a ser simples membro da igreja à qual pertence. Em segundo lugar, a tradução do texto não foi feliz ao colocar o adjetivo “irrevogáveis” na passagem de Romanos 11.29 visto que a palavra utilizada no original grego é ametamélētos (ἀμεταμέλητος) que significa “que não está arrependido de”, mostrando claramente um equívoco no sentido do texto. Deus não se arrepender acerca da concessão de um dom não deve ser entendido como sinônimo de que Deus não pode retirar esse dom. DONS GERAIS 1. Dom da justificação (Rm 5.15,16) 2. Dom da Vida Eterna (Rm 6.23) 3. Dom (?) (Rm 1.11; 1Tm 4.14; 2 Tm 1.6) 4. Dons Irretratáveis (Rm 11.29) 5. Dom do Celibato (1Co 7.7) “O dom de celibato é aquela capacidade especial que Deus dá a certos membros do Corpo de Cristo para permanecerem solteiros e apreciarem a sua condição; para continuarem solteiros e não sofrerem tentações sexuais insuportáveis” (Peter Wagner). 6. Dom da Intercessão (2Co 1.11): “É a capacidade especial que dá a certos membros do Corpo de Cristo para orar extensos períodos de tempos sobre bases regulares, recebendo respostas frequentes e específicas para as suas orações, em grau muito maior do que aquilo que se espera do crente comum” (Peter Wagner). 2Co 1.11: “Contando também com a ajuda das vossas orações por nós, para que, pelo favor (dom) que nos foi concedido pela intercessão de muitos; da mesma forma, por muitos, sejam oferecidas ações de graças a nosso favor” (King James). 7. Dom do Martírio (1Co 13.3) “O dom do martírio é aquela capacidade especial que Deus dá a certos membros do Corpo de Cristo para suportarem sofrimentos e até a própria morte pela fé, ao mesmo tempo em que exibem coerentemente uma atitude jubilosa e vitoriosa, que redunda na glória de Deus” (Peter Wagner).
  • 11. A. Carlos G. Bentes Página 11 24/11/2020 8. Dom de Hospitalidade (1Pe 4.9,10) “O dom de hospitalidade é aquela capacidade especial que Deus dá a certos membros do Corpo de Cristo para franquearem suas casas e acolherem calorosamente àqueles que precisam de alimento e abrigo.” (Peter Wagner) 9. Dom de Exorcismo: “É aquela capacidade especial que Deus dá a certos membros do Corpo de Cristo, para que expulsem demônios e espíritos malignos” (Peter Wagner). Ex:.At 16.16-18. Dr. Peter Wagner catalogou 27 dons espirituais, mas nos prenderemos apenas a estes de Rm 12.6-7 e 1Co 12.8-10. (Leia: Descubra Seus Dons Espirituais - Dr. Peter Wagner). DONS CONGREGACIONAIS OU MANIFESTAÇÕES ROMANOS 12.6-8 1. Profecia 2. Serviço 3. Ensino 4. Exortação 5. Contribuição 6. Governo 7. Exercício de Misericórdia 1CORÍNTIOS 12.8-10 1. Palavra da Sabedoria 2. Palavra do Conhecimento 3. Fé 4. Dons de Curar 5. Operações de Milagres 6. Profecia 7. Discernimento de espíritos 8. Variedades de línguas 9. Interpretação de línguas 1. PROFECIA (Rm 12.6; 1Co 14.3; 12.10) – PROFĒTEIA (προφητεία). Significa falar aos homens para a Edificação, Exortação e Consolação; Definição: É a capacidade dada por Deus para profetizar uma mensagem de Deus em língua conhecida, que você recebeu diretamente do Espírito Santo para aquela situação específica. O exercício do dom inclui tanto enunciação como prenúncios. 2. SERVIÇO – DIAKONIA (διακονία). Geralmente o termo significa o cuidado das necessidades físicas (At 6.1,2; 1Pe 4.11; Lc 22.24-27; Mt 20.27,28) - “O dom do serviço é aquela capacidade especial que Deus dá a certos membros do Corpo de Cristo para que identifiquem necessidades não-satisfeitas envolvidas em alguma tarefa ligada à obra de Deus e para usarem os recursos disponíveis para satisfazerem a essas necessidades e ajudarem a cumprir os alvos desejados” (Peter Wagner).
  • 12. A. Carlos G. Bentes Página 12 24/11/2020 3. ENSINO – DIDASKŌ (διdάσκω). Este dom tem por finalidade instruir e consolidar outros na Verdade do Evangelho. “O dom do ensino é aquela capacidade especial que Deus dá a certos membros do Corpo de Cristo para comunicarem informações relevantes para a saúde e o ministério do Corpo e seus membros, de tal modo que outros crentes possam aprender” (Peter Wagner). 4. EXORTAÇÃO – PARAKALÉŌ (παρακαλέω). O Termo grego (παρακαλῶν - parakalōn) deriva de outro, PARAKLETOS, que significa “ir em socorro de alguém” em qualquer necessidade que apareça. Encorajamento ou conforto é aplicação deste dom. “O dom da exortação é aquela capacidade especial que Deus dá a certos membros do Corpo de Cristo para ministrarem palavras de consolo, encorajamento e conselho a outros membros do Corpo de Cristo, de tal maneira que se sintam ajudados e curados” (Peter Wagner). 5. CONTRIBUIÇÃO – METADIDUS (μεταδιδοὺς). Metadidōmi (μεταδίdωμι) significa dar, compartilhar com alguém (2Co 9.7). “É aquela capacidade especial que Deus dá a certos membros do Corpo de Cristo para que contribuam com seus recursos materiais para a obra de Deus, com liberalidade e bom ânimo” (Peter Wagner). 6. LIDERANÇA. PRESIDIR - PROÏSTÁMENOS (προϊστάµενος). Proístemi (προϊστημι) significa estar em primeiro lugar, presidir, governar, tomar o comando ou diretiva de qualquer grupo. Dr. Peter Wagner faz diferença entre este dom (Rm 12.8) e o outro citado em 1Co 12.28. Sua definição do dom de liderança é: O Dom de Liderança é aquela capacidade especial que Deus dá a certos membros do Corpo de Cristo para estabelecer alvos harmônicos com o propósito de Deus para o futuro, transmitindo esses alvos a outros de tal modo que, voluntária e harmoniosamente, operem juntos para concretizar aqueles alvos para a glória de Deus. Já a definição de Peter Wagner do Dom da Administração é a seguinte: “É aquela capacidade especial que Deus dá a alguns membros do Corpo de Cristo, capacitando-os a entender claramente os alvos imediatos e a longo prazo de alguma unidade particular do Corpo de Cristo, a fim de traçar e executar planos eficazes para a concretização daqueles alvos”. Para Peter Wagner, pastores como o Dr. David Yonggi possuem o Dom da Liderança, e outros pastores locais podem não possuir este dom, todavia podem possuir o Dom da Administração e serem bem sucedidos em suas igrejas menores. A palavra usada em 1Co 12.28 é KYBERNĒRSEIS (κυβερνήσεις) de kybérnēsis (κυβέρνησις) que significa a ação de pilotar um navio. E a palavra usada em Rm 12.8 – proístemi (προϊστημι) significa chefiar, presidir e governar. Em Rm 12.8 ho proïstamenos poderia significar “o líder, o chefe” (NRSV, REB), “liderança” (NIV). Assim a maioria. Mas o verbo ocorre com muita frequência no sentido de “ser preocupado com, cuidar de, dar ajuda” (cf. lTm 3.5; Tt 3.8,14), e entre duas outras palavras (μεταδιδοὺς, ἐλεῶν) que denotam formas de dar ajuda, Paulo provavelmente tinha
  • 13. A. Carlos G. Bentes Página 13 24/11/2020 em mente o último sentido - três palavras juntas abrangendo o ‘serviço social’ das igrejas primitivas.6 7. MISERICÓRDIA, COMPAIXÃO - ELEÕN (ἐλεῶν - ἐλεάω) (Lc 7.13; Mc 6.34). O que tem este dom sente alegria, tem empatia, se compadece da dor do próximo, é misericordioso para com os irmãos, ajuda quem não tem condições de ajudar-se a si mesmo. O dom de misericórdia move as ações sociais mais sublimes. Fazer ação social apenas em nome de modas político-ideológicas não alcança sucesso que tal missão atinge quando é o resultado da ação do Espírito Santo movendo o coração humano em compaixão e misericórdia. AS MANIFESTAÇÕES (1Co 12.8-10) - OS DONS DE REVELAÇÃO 8. A PALAVRA DA SABEDORIA. LOGOS SOFIA - λόγος σοφίας (1Co 12.8). Primeira Definição: É uma comunicação não adquirida e sobrenatural de um fragmento da Sabedoria Total e Absoluta de Deus, para satisfazer uma necessidade específica, responder a um desafio determinado ou utilizar uma porção específica de conhecimento. Segunda Definição: É a aplicação sobrenatural do Conhecimento. É saber o que fazer com o conhecimento natural ou sobrenatural que Deus lhe deu. Terceira Definição: É a capacidade de raciocinar e de planejar com o uso do conhecimento e da experiência já adquiridos. Tipos Diferentes de Sabedoria: 1. Sabedoria Natural Humana; 2. Sabedoria Sobrenatural deste mundo decaído (Gn 3.6; Dn 2.27,28); 3. Sabedoria Intelectual Verdadeira. Esta sabedoria vem pelo temor ao Senhor e à Palavra de Deus. Exemplo: Os livros de Provérbios e a Sabedoria de Salomão; 4. O dom da Palavra da Sabedoria. Sobre o Dom da Palavra da Sabedoria, as pessoas, às vezes chamam este dom de “O Dom da Sabedoria”. Isto não é correto, devemos dar a ele o nome que a Bíblia lhe dá; de outra forma, ficaremos confusos. Este Texto Bíblico não está falando a respeito da sabedoria no sentido geral. Está falando exatamente naquilo que diz - A Palavra da Sabedoria. Deus possui toda a Sabedoria e todo o conhecimento. Ele sabe tudo, mas nunca revela a ninguém tudo quanto sabe. Ele simplesmente lhes dá uma Palavra daquilo que Ele sabe. Uma palavra é uma parte fragmentária da frase. E assim acontece com a Sabedoria. Não é 6 DUNN, James. A Teologia do Apóstolo Paulo. São Paulo: Editora Paulus, 2003, p. 627.
  • 14. A. Carlos G. Bentes Página 14 24/11/2020 Dom da Sabedoria, é o Dom da Palavra da Sabedoria que Deus revela ao homem - apenas a Palavra, ou a parte, que Ele quer que o homem saiba. De acordo com a Rev. Caio Fábio D'Araujo Filho este dom se manifesta em três circunstâncias específicas: 1) Diante de situações de dificuldades. Em Lc 21.14,15, Jesus diz que quando os discípulos se encontrassem em apuros na presença de autoridades, Ele lhes daria sabedoria, à qual ninguém poderia resistir. Foi o caso de Estevão, em At 6.8-10, que falava com tanta sabedoria que ninguém podia opor-lhe resistência. 2) Em questões de divisões dentro da Igreja. 1Co 6.5 diz que o sábio no meio da irmandade é aquele que tem uma palavra pacificadora, apazigua ânimos, reaproxima irmãos, acalma situações, encontra sempre um modo de reconciliação para cada coisa. 3) Manifesta-se antes de tudo nas atitudes. É o que diz Tiago no capítulo 3 verso l3 à 18. Dick Iverson diz que este Dom manifesta-se das seguintes maneiras: 1) Pelo Espírito no nosso interior, ou poderíamos dizer, por intuição espiritual: ouvir, com os ouvidos espirituais a voz do Espírito (Rm 8.16); a) At 16.6-8. Aqui o Espírito proibiu que Paulo fosse a Bitínia. b) 1Rs 3.16-28. Salomão, lidando com as duas prostitutas, é um exemplo perfeito da aplicação deste dom. c) 2Sm 12.1-14. Aqui vemos que o profeta Natã não somente tinha conhecimento sobrenatural, mas também sabedoria e direção sobrenaturais na aplicação deste conhecimento. d) At 8.20-23. Pedro viu o coração de Simão como um livro aberto, e pelas palavras do conhecimento e da sabedoria, lidou com ele. 2) Como aplicação bíblica revelada, isto seria uma “palavra vivificada do Senhor” para uma situação específica. A palavra específica dada por Deus quando o pregador está pregando realmente atinge o alvo. a) At 1.15-23. Enquanto Pedro e o resto dos 120 estavam em oração, Deus abriu o seu entendimento quanto ao que deveria ser feito. Ele o fez, vivificando uma passagem bíblica a Pedro. Ele usou o Salmo 109, onde Davi estava fazendo uma oração imprecatória contra os seus inimigos. b) At 2.14-36. A palavra da Sabedoria estava também envolvida aqui, na revelação da passagem do Velho Testamento a Pedro (Jl 2.28,29).
  • 15. A. Carlos G. Bentes Página 15 24/11/2020 c) At 15.13-18. Aqui Tiago recebeu sabedoria e revelação em relação a uma passagem do Velho Testamento (Am 9.11,12), o que ajudou a trazer a solução a um problema muito delicado e difícil na Igreja primitiva. 3) Através de uma voz audível ou de um anjo: 1Rs 19.12-18; At 8.26-29; At 9.10- 17; At 27.21-24; 4) Através de Sonhos, Visões ou Arrebatamento de Sentidos: At 18.9,10; 16.9,10; 22.17-21; At 10.1-6. De acordo com Kenneth E. Hagin A Palavra da Sabedoria pode também vir através do dom vocal da profecia, ou das línguas e da interpretação. Kenneth Hagin diferentemente de Caio Fábio e Dick Iverson faz uma separação entre a Sabedoria narrada por Tiago (Tg 1.5; 3.13-17) e o Dom da Palavra da Sabedoria. Diz Kenneth:” A sabedoria à qual Tiago se refere é a sabedoria para lidar sabiamente com as questões da vida - a sabedoria está à disposição de qualquer um que pedir. Deus realmente outorga sabedoria, mas esta não é a manifestação sobrenatural da Palavra da Sabedoria. Escrevendo aos crentes, Tiago disse que se Algum de vós tem falta de sabedoria, peça a Deus, que a TODOS dá liberalmente e não censura, e ser-lhe-á dada. Paulo, porém, disse (1Co 12.8): A um é dada a palavra da Sabedoria - a um; não a Todos, mas a UM. Isso dá a entender que nem todos terão essas manifestações dos dons espirituais do Espírito Santo. Paulo termina, dizendo que as manifestações do Espírito Santo são dadas somente segundo o Espírito quer. Exemplos Bíblicos do dom da Palavra da Sabedoria: 1) José (Gn 41) 2) Jaaziel (2Cr 20.12-23) 3) Natã (2Sm 12.1-14) 4) Paulo (At 23.6-10) 5) Jesus (Lc 4.3-14; 7.22; Jo 4.9-26; Mt 22.15,41-46) 6) Estevão (At 6.8-10) 9. A PALAVRA DO CONHECIMENTO - logos gnōseōs (1Co 12.8) λόγος γνώσεως = Logos Gnõseõs 1ª)Definição: É a capacidade dada por Deus, por revelação, de receber fatos e informações que são humanamente impossíveis de se conhecer. 2ª)Definição: É a revelação sobrenatural dos fatos passados presentes ou futuros que não foram aprendidos mediante esforço da mente natural.
  • 16. A. Carlos G. Bentes Página 16 24/11/2020 3ª)Definição: É a revelação sobrenatural de algum fato que existe na mente de Deus, mas que o homem, devido às suas limitações, não pode conhecer, a não ser pela intervenção poderosa do Espírito Santo. 4ª)Definição: É uma revelação que vem como relâmpago à mente humana, apesar de estar totalmente fora do alcance daquilo que o homem poderia ter sabido ou imaginado, dentro das suas próprias limitações. Este Dom não é o conhecimento que vem através da habilidade natural, observação, estudo, educação ou experiência. O Dom da Palavra do Conhecimento vem do Espírito Santo. Todo outro conhecimento vem ou passa primeiro pela mente faculdade da alma. Todavia a Palavra do Conhecimento vem do Espírito Santo ao nosso espírito humano, Deus comunica-se conosco por meio de nosso espírito, não através de nossa alma (Rm 8.16). Quatro Tipos de Conhecimento: 1. Conhecimento Humano Natural que certamente está aumentando (Dn 12.4). Por importante que este conhecimento seja, muitas vezes cria tanto orgulho que algumas pessoas são impedidas de entrar no Conhecimento do Senhor (1Co 2.14; 8.1). 2. O Conhecimento Sobrenatural deste mundo decaído. É a tentativa da mente natural de conseguir informação por meios sobrenaturais que não mediante o Espírito Santo. Inclui o oculto, o psíquico e as investigações “metafísicas” que Satanás está usando para enganar um número crescente de pessoas hoje. 3. O Conhecimento Intelectual Verdadeiro - É o que vem pelo conhecimento pessoal de Deus mediante Jesus Cristo (Jo 17.3; Fp 3.10; 1Pe 3.18), a Plenitude do Espírito Santo, e o estudo da Palavra de Deus, que traz o conhecimento da vontade de Deus e de seus modos, para os quais não há substituto (Sl 103.7; Ex 33.13; Is 11.9; Hc 2.14). 4. O Dom - A Palavra do Conhecimento - É a revelação sobrenatural pelo Espírito Santo de certos fatos existentes na mente de Deus. O Dom A Palavra do Conhecimento é manifestado: através de visões e de uma revelação interior (At 9.10-12; 10.9-20; Jo 4). Também podemos adicionar: com que propósito este dom é usado? Pode ser o conhecimento dos pensamentos dos corações. Ex: Lc 5.22; 6.8; 7.36-50; Mt 3.7-12; 1Rs 21.17-20; Jo 11.11-14; At 11.27-30; 9.10-18; 10.1-9; 1Rs 6.9; 2Rs 5.20-27; At 5.1-10. Exemplos Bíblicos da Palavra do Conhecimento: 1) Samuel: 1Sm 3.1,11-14; 9.15-20; 10.21-23; 13.14 2) Natã: 2Sm 12.7-13 3) Elias: 1Rs 19.2-4,14,18 4) Eliseu: 2Rs 5.25,26; 6.8-23; 8.7-15 5) Daniel: Dn 2.19-45
  • 17. A. Carlos G. Bentes Página 17 24/11/2020 6) Pedro: Mt 16.16-18; At 5.1-11; 10.9-23 7) Ananias: At 9.10-12,17 8) Ágabo: At 11.27-30; 21.10,11 9) Jesus: Jo 11.11-14; 4.17,18; 1.48; 13.38; 6.61 10) José: Gn 40.5-19; 41.1-36 11) Paulo: At 16.16-18; 20.29-31; 27.23,24 Lembrete: o fato de que algo seja revelado não significa, que ele deva ser proferido imediatamente, ou até mesmo mais tarde. Uma palavra de conhecimento, muitas vezes, vem inesperadamente, e tem frequentemente, o propósito de nos levar à oração com relação ao que Deus nos mostra. Ela pode envolver uma necessidade na vida de um parente, de algum crente, ou de uma igreja local. “A Palavra do Conhecimento” pode ser recebida através de uma revelação silenciosa e a pessoa que recebeu esta manifestação deve pedir a Deus que lhe mostre o que fazer com ela. A palavra do conhecimento também pode ser usada para revelar doenças ou possessão demoníaca (At 16.16-18). 10. O Dom do Discernimento de Espíritos. É a capacidade dada por Deus por revelação, de reconhecer que espíritos estão por detrás de diferentes manifestações ou atividades (At 16.16-18). Na dimensão espiritual há espíritos divinos tanto quanto espíritos malignos. Tipos de Discernimentos: 1. Discernimento Natural; 2. Discernimento Intelectual Verdadeiro (1Co 2.15,16); 3. Discernimento Sobrenatural Falso; 4. O Dom do Discernimento de espíritos. As manifestações espirituais podem ter três fontes: 1) Natural - oriunda do Psiquê do homem. 2) Diabólica - oriunda de espíritos malignos. 3) Divina - oriunda do Espírito Santo. É com o Dom de Discernir que podemos saber a origem das manifestações. OS DONS DE PODER 1) Fé; 2) Operações de Milagres; 3) Dons de Curar. Estes dons se operam na esfera física. São dons ativos que produzem sinais e maravilhas (At 4.29,30; Hb 2.4; Mc 16.20).
  • 18. A. Carlos G. Bentes Página 18 24/11/2020 11. O DOM DA FÉ. É o maior dos três dons de poder. É um dom do Espírito para o crente, para que este possa realizar milagres. Quando se opera o Dom da Fé, é a Fé concedida por Deus que funciona através dos homens (At 3.16). Definição: Fé é o equipamento espiritual e sobrenatural do crente, para lhe conceder o poder sobrenatural de confiar em Deus nas ocasiões em que só um milagre glorioso poderia alterar a situação; confiar quando tudo está aparentemente perdido; confiar quando não há a mínima esperança de uma solução. Existem dois tipos de Fé: 1ª) Natural- Oriunda da alma, da psiquê, do intelecto. 2ª) Sobrenatural- Oriunda do Espírito Santo e pelo poder da Palavra de Deus. TIPOS DE FÉ SOBRENATURAL: 1ª) Fé Salvadora. Esta é aquela resposta de Fé inicial a Deus, a qual nos introduz no reino de Deus. Ela é a habilitação de Deus a uma pessoa para que esta o Aceite e creia Nele (Jo 1.12; Gl 2.8,9; At 16.31; Rm 10.8-17; 12.3; Hb 11.1,6). O veículo de Deus para nos salvar foi a Graça; nosso veículo em aceitá-la é a Fé ou uma resposta de receptividade à sua Graça. 2ª) Fé como Fruto do Espírito Santo. Esta é a Fé gradativa, cada vez que crescemos na Graça e no Conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, a Fé como qualquer árvore cresce (Gl 5.22). 3ª) O Dom da Fé. É a habilidade dada por Deus de se crer Nele para o impossível numa determinada situação. Ele não é tanto a Fé geral que crê em Deus para suprir as nossas necessidades, etc, mas ele vai um passo além, onde “simplesmente sabemos” que uma determinada coisa é a vontade de Deus e que vai acontecer. Caio Fábio define este dom dizendo: É a possibilidade de discernir os propósitos de Deus para o futuro, mesmo que as coisas se desencadeiem em condições desfavoráveis no presente. Os que possuem tal dom são responsáveis por ver além da nuvem (1Co 12.9; Mc 11.22,23). Exemplos: Mt 8.1-3; 11.11-14,23-43; Jo 9.1-7; Mc 1.31; At 3.1-7; 5.1-10; 16.16- 18; 20.7-12; 27.21-25; 1Rs 17.1,14; 2Rs 1.10-14; 2.23-24; 3.16-20; 6.18; Nm 27.18; Dt 34.9; Js 10.12-14; At 13.8-11; 14.8-10. Kenneth E. Hagin dá seis manifestações para o Dom da Fé: 1ª) O Dom da fé para Bênçãos Sobrenaturais. Os patriarcas impunham as mãos sobre os filhos e ordenavam bênçãos sobre os filhos e muitas vezes estas bênçãos se realizavam anos depois. Vemos isto nas vidas de Abrão, de Isaque, e de José. 2ª) O Dom da Fé para a Proteção Pessoal (Dn 6.16,17,19-23). 3ª) O Dom da Fé para Sustento Sobrenatural ( 1Rs 17.2-6). 4ª) O Dom da Fé para Ressuscitar os Mortos. Segundo relata Albert Hibbert o grande evangelista Smith Wigglesworth ressuscitou 14 pessoas durante o seu ministério. Para a ressurreição de mortos os três dons de poder entram em ação. O Dom da Fé, o dom Operações de Milagres e os Dons de Curar.
  • 19. A. Carlos G. Bentes Página 19 24/11/2020 5ª) O Dom da Fé para a Expulsão de Demônios (Mc 16.17). Na operação deste dom para expulsão de demônios muitas vezes outros dons entram em ação como os dons de Discernir os espíritos e a Palavra do Conhecimento. (At 16.16-18). 6ª) O Dom da Fé para ministrar o Espírito Santo (Gl 3.5). Esse dom da Fé entra em operação na imposição das mãos para as pessoas receberem o Batismo no Espírito Santo (At 9.17,18; 8.15-19; 19.6). 12. OPERAÇÕES DE MILAGRES (Energēmata Dynameōn). (SINAIS) Energēmata dynámeōn = ἐνεργήµατα δυνάµεων. O milagre é intervenção sobrenatural na função normal da natureza; a suspensão temporária da ordem habitual; a interrupção do sistema natural observado pelos homens. “O milagre é um acontecimento que não parece ser parte nem resultado de nenhuma lei ou agências naturais, e é muitas vezes atribuído a uma fonte sobre natural ou divina”.7 “Quando se realiza um milagre, as leis da natureza não são violadas, mas substituídas num ponto especial por uma manifestação mais elevada da vontade de Deus. As forças da natureza não são aniquiladas ou suspensas, mas contrabalançadas num determinado ponto por uma força superior aos poderes da natureza” (L. Berkhof).8 A palavra “dynamis” (δύναµις) aparece 119 vezes no Novo Testamento. Esta palavra em 1Co 12.10 - Dynamis é traduzida milagre, todavia nos outros textos é traduzida por milagre, obra poderosa, poder, força, poderoso, virtude e de diversas formas em outras versões. Energēmata (ἐνεργήµατα) plural de enérgēma (ἐνέργηµα) vem de energuéō – energizar (ἐνεργέω) que dá origem a palavra energia em Português. O Novo Testamento emprega três palavras gregas diferentes para expressar “milagres”: 1. Téras (τέρας). Que significa prodígio, presságio ou maravilhas; 2. Dynamis (δύναµις). Que significa poder miraculoso; 3. Sēmeion (σηµεῖον). Que significa milagres, símbolo, sinal ou maravilha. O apóstolo João empregou de forma consistente a palavra sēmeion para descrever as obras de Cristo. Este emprego encarece o valor de “sinal” dos milagres. O sinal não é importante em si mesmo, mas para o que ele ressalta ou indica. Dessa forma, os milagres de Cristo foram importantes por aquilo para o qual apontavam.9 João selecionou somente sete milagres de um número muito maior e os registrou tendo em vista um propósito definido: “Jesus, na verdade, operou na presença de seus discípulos ainda muitos outros sinais que não estão escritos neste livro; estes, porém, estão escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais 7 JETER, Huhg. Pelas Suas Pisaduras. Editora Vida, 1980, p.70. 8 Ibid. 9 JETER, Huhg. Pelas Suas Pisaduras. Editora Vida, 1980, p. 72.
  • 20. A. Carlos G. Bentes Página 20 24/11/2020 vida em seu nome”. Portanto, uma das principais finalidades dum milagre é levar as pessoas a crerem que Jesus Cristo é o filho de Deus, o Salvador do mundo, de modo que crendo possam ter a vida eterna por intermédio dele.10 Nicodemos disse a Jesus: “sabemos que és Mestre, vindo de Deus; pois ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele” (Jo 3.2). Pedro no seu sermão no dia de Pentecostes disse: “Varões israelitas, escutai estas palavras: A Jesus, o nazareno, varão aprovado por Deus entre vós com milagres, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis” (At 2.22). Jesus citou suas obras miraculosas como prova de sua missão messiânica aos mensageiros de João Batista: “Ora, quando João no cárcere ouviu falar das obras do Cristo, mandou pelos seus discípulos perguntar-lhe: És tu aquele que havia de vir, ou havemos de esperar outro? Respondeu-lhes Jesus: Ide contar a João as coisas que ouvis e vedes: os cegos vêem, e os coxos andam; os leprosos são purificados, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho” (Mt 11.2-5). Os discípulos do Senhor receberam a Grande Comissão de levar o Evangelho ao mundo todo. Foi-lhes dito que sinais maravilhosos acompanhariam aqueles que cressem: “E estes sinais acompanharão aos que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e estes serão curados. Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus. Eles, pois, saindo, pregaram por toda parte, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que os acompanhavam” (Mc 16.17-20). Na carta aos Hebreus, lemos: “testificando Deus juntamente com eles, por sinais e prodígios, e por múltiplos milagres e dons do Espírito Santo, distribuídos segundo a sua vontade” (Hb 2.4). 11 Cremos que a Grande Comissão é ainda obrigação dos cristãos atuais. Se a ordem está em vigor, o poder para cumprir a ordem ainda deve estar disponível. O Espírito Santo foi enviado para estar conosco sempre. Por certo seus dons de poder serão sempre concedidos aos que sinceramente confiam nele para obter essas capacitações divinas. Os dons do Espírito são desejáveis para um ministério efetivo aos enfermos. 12 Os milagres internos: Ef 1.17-19; 3.16-20; Fp 3.10; Cl 1.11. Os milagres externos: At 1.8;3.12; 4.7; 4.33; 6.8; 8.10; Mc 16.17-20; João 14.12-20. Alguns Milagres do Velho Testamento: 1. A divisão do mar vermelho (Ex 14.21-31). 10 Ibid. p. 72. 11 Ibid. p.73. 12 Ibid. p.73.
  • 21. A. Carlos G. Bentes Página 21 24/11/2020 2. A parada do Sol e da Lua (Js 10.12-14). 3. A farinha e o óleo não esgotaram ( 1Rs 17.8-16). 4. A descida de fogo no monte Carmelo ( 1Rs 18.17-39). 5. O regresso de 10 graus no relógio do sol (2Rs 20.8-11). 6. A divisão das águas do rio Jordão (2Rs 2.9-14). Alguns Milagres do Novo Testamento: 1. A transformação da água em vinho (Jo 2.1-11) 2. Andando sobre as águas (Mt 14.25-33). 3. Alimentando a multidão (Mc 6.38-44; Mt 15.19-39). 4. Acalmando a Tempestade (Mc 6.45-52). 5. Pescando aonde não havia peixe (Jo 21.5-12). 6. Pedro encontrando dinheiro na boca do peixe (Mt 17.27). 7. A libertação dos apóstolos e outros (At 12.1-17; 16.25-40; 5.17-25). 8. A transladação de Felipe de Gaza a Azoto (At 8.39-40). Azoto fica 32 Km ao norte de Gaza. 9. A cegueira temporária de Elimas (At 13.8-12). 10. Paulo picado pela cobra nada sofreu (At 28.3-6). Os milagres devem acompanhar a pregação do Evangelho (Mc 16.15-20; 1Co 2.1-5). A Operação de Milagres é usada para demonstrar o Poder e a Grandeza de Deus. A palavra grega, segundo o dicionário significa “explosões de onipotência”. Dynamis é energia ou poder de Deus. Paulo pregou não somente em palavra, mas em Poder (dynamis) - (1Ts 1.5). Não podemos ser bem sucedidos se Deus não cooperar conosco com sinais e prodígios. Devemos orar pedindo poder para pregarmos a Palavra com intrepidez e que o Senhor coopere conosco estendendo a Sua mão para fazer curas, sinais e prodígios por intermédio do Nome de Jesus (At 4.29,30). MILAGRES NECESSÁRIOS HOJE 13 O poder sobrenatural de Deus manifesto nas curas miraculosas dos enfermos é de grande necessidade no mundo céptico de nossos dias. Há muitos “Nicodemos” hoje que necessitam ser convencidos por tais demonstrações do poder do Deus vivo. Todavia, está em ordem uma palavra de advertência àqueles que buscam ser usados por Deus dessa forma. Deveríamos tomar todo cuidado para evitar o aspecto “mágico” na busca do “miraculoso”. Deus executa muitos milagres que não são “espetaculares”. Deveríamos lembrar-nos sempre de que a prova de um verdadeiro milagre de Deus é: “Que benefício este milagre traz?” Um milagre (semeion) deveria sempre apontar para o operador do milagre, Jesus Cristo, e não para aquele que simplesmente serve de instrumento nas mãos de Deus. 13 JETER, Huhg. Pelas Suas Pisaduras. Editora Vida, 1980, p.74.
  • 22. A. Carlos G. Bentes Página 22 24/11/2020 O fato de haver tantos milhões de sofredores ao nosso redor, que necessitam de experimentar a cura que só Cristo pode dar, constitui grande motivação para buscar os dons de curas e de milagres. Não obstante, é muito fácil aos nossos corações enganar-nos pensando que nossos motivos são puros, quando existe grande porcentagem de egoísmo em nossos pensamentos mais íntimos. Desejamos publicidade, fama, multidões e talvez mesmo a recompensa financeira que tal ministério provavelmente possa trazer. Um orador pode atrair centenas de pessoas, enquanto um “operador de milagres” atrairia milhares. E difícil manter a vitória sobre o êxito. A intoxicação causada pela multidão pode resultar em sério dano espiritual. Devemos estar seguros de que possuímos os motivos certos - compaixão pelos enfermos no corpo e na alma, e um sincero desejo de ver que nosso maravilhoso Salvador receba toda a glória que tão ricamente ele merece. 13. DONS DE CURAR - KHARISMATA IAMATON (Mt 10.1,8; Mc 16.16-18; Mt 8.3). KHARÍSMATA IAMÁTŌN (χαρίσµατα ἰαµάτων). Definição: O Dom de Curar é a habilidade dada por Deus de Se transmitir a cura ao corpo físico em ocasiões específicas. Ele é acompanhado por uma medida de dom da Fé, muitas vezes pelo dom do conhecimento. Ele envolve a transmissão desta Fé à pessoa que necessita da cura, o que a levanta do campo da dúvida e incredulidade, e faz com que as pessoas se apropriem da cura. Deus energiza o crente e então há a manifestação do Espírito Santo para a cura. A Fé pode ser do doente, do parente ou amigo do doente ou do próprio crente que ora (Lc 5.17-20). O propósito dos dons de curar é libertar os enfermos e destruir as obras do Diabo no corpo humano (At 10.38). DONS DE CURAS E DE OPERAÇAO DE MILAGRES Um estudo da doutrina da cura divina não estaria completo sem um exame cuidadoso dos dons do Espírito Santo, especialmente os de curas e de milagres. Paulo escreveu à igreja de Corinto: “A respeito dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes” (1Coríntios 12.1). Infelizmente, muitos dos filhos de Deus hoje parecem estar muito desinformados quando se trata de dons espirituais. E. S. Williams, referindo-se ao propósito dos dons espirituais, diz: “São capacitações espirituais com o propósito de edificar a igreja de Deus. Também são concedidos como sinais para a confirmação da Verdade ao mundo”. “Eles, pois, saindo, pregaram por toda parte, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que os acompanhavam” (Mc 16.20). Há milagres de muitos tipos diferentes registrados na Bíblia. Houve os tipos de milagres onde não havia cura, tais como a separação das águas do mar vermelho e as do rio Jordão, a descida de fogo do céu para consumir o sacrifício sobre o altar no monte Carmelo, a provisão de água da rocha e o maná vindo do céu. Houve também muitos milagres de cura realizados pelo Senhor Jesus e por seus seguidores. Muitas curas parecem ser miraculosas. Qual a diferença, se houver alguma, entre os dons de curar e o dom de operações de milagres? Já observamos que alguns milagres nada
  • 23. A. Carlos G. Bentes Página 23 24/11/2020 têm que ver com a cura física. Há os crêem que os milagres devem ser instantâneos embora a cura (mesmo a divina) pudesse tomar tempo para sua completação. Há três ministérios associados com a cura física: 1. Evangelista: Ef 4.11; At 8.4-8; 2. Operadores de Milagres: 1Co 12.28; 3. Dons de Curar: 1Co 12.28. Há três dons do Espírito associados com a cura física: 1. Os dons de curar; 2. Operações de Milagres; 3. Fé. OS DIFERENTES NÍVEIS DE CURA: 1. Instantânea: Mt 8.3 “E Jesus, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Eu Quero, fica limpo! E imediatamente ele ficou limpo da lepra”. 2. Paulatina: A cura de um cego em Betsaida: Mc 8.22-26. 3. A Ceia Do Senhor: Aquele que participa dignamente da Ceia do Senhor muitas vezes recebe curas físicas (1Co 11.25-32). 4. A Imposição de Mãos (Mc 16.16-18; At 19.11; Mc 6.5; At 5.12; 14.3). 5. Através da Palavra Falada (Sl 107.20; Lc 7.1-10; Jo 4.43-53; 5.1-9). 6. Os trajes de Jesus; A sombra de Pedro (Mc 6.56; Mt 9.20-22; At 5.15,16). 7. Os lenços e Aventais de Paulo (At 19.11,12). Que tipo de curas o Senhor Realizou? 1. Cegueira: Mt 12.22; 15.30; 21.14; Mc 10.46-52; Lc 7.21; 2. Surdez: Mc 9.25-27; Mt 11.5; 3. Possessão demoníaca: Mt 4.24; 8.16,28-34; 9.32,33; 12.22; 15.22-28; 17.18; Mc 1.32-34,39; 7.26-30; 16.9; Lc 4.41; 8.2; 26.36; 9.42; 11.14; 13.32; 4. Hidropisia: Lc 14.2-4; 5. Mudez: Mt 12.22; 15.30; Mc 9.17-27; 6. Orelha restaurada: Lc 22.51; 7. Febre: Mt 8.14,15; 8. Hemorragia: Mc 5.25,29; Lc 8.43-48; 9. Corcunda: Lc 13.11-13; 10. Incapacitado: Jo 5.5-9; 11. Coxeadura: Mt 15.30; 21.14; 12. Lepra: Mt 8.2,3; Lc 5.12,13; 17.12-14; 13. Lunático: Mt 4.24; 14. Aleijados: Mt 15.30,31; 15. Paralisia: Mt 4.24; 8.5-13; 9.2-7; Lc 5.18-25; Mc 2.3-12; 16. Espírito de enfermidade: Lc 13.11-13;
  • 24. A. Carlos G. Bentes Página 24 24/11/2020 17. Doença mortal: Lc 7.2-10; 18. Espíritos imundos: Mc 1.23-26; 5.2-15; 7.25-30; Lc 4.33-36; 6.18; 8.26-35; 9.42; 19. Mão ressequida: Mt 12.10-13. Além dos casos individuais de cura mencionados, também está registrado que o Senhor curou: 1. Muitos: Mc 1.34; 3.10; Lc 7.21; 2. Doenças diversas: Mt 4.24: Mc 1.34; Lc 4.40; 3. Multidões: Mt 12.15; 19.2; Lc 5.15; 6.17-19; 4. Todos os que estavam enfermos: Mt 8.16; 12.15; 14.14; Lc 4.40; 6.19; 9.11. Por que Jesus Curou? 1. Para mostrar compaixão: Mt 14.14; 20.34; Mc 1.40,41; 5.19; 9.22; Lc 7.13; 2. Para cumprir profecias: Mt 8.17; Is 53.4; 3. Para provar que fora enviado de Deus: At 2.22; Jo 5.36; 4. Para capacitar os curados a servir: Mt 8.14,15; 5. Para comunicar Vida Abundante: Jo 14.6; 6. Para destruir as obras do diabo: 1 Jo 3.8; At 10.38; 7. Para manifestar as obras de Deus: Jo 9.3; Mt 9.8; 15.31; Mc 2.12; Lc 5.26; 7.16. Como foi que Jesus Cristo Curou? Um estudo cuidadoso das Escrituras leva muitos a crer que Cristo não curou por seu próprio poder, como o divino Filho de Deus, mas mediante o poder do Espírito Santo. Ele curou porque foi ungido pelo Espírito (Is 61.1,2; Lc 4.18-20; Jo 5.19; At 10.38). 1. Imposição de mãos: Mc 5.23; 6.5; 8.23; Lc 4.40; 13.13; 2. Curou por sua Palavra: Mt 8.8; Lc 4.32,36; 7.7 (Logos); 3. Repreendeu a enfermidade ou o espírito que a causava: Mt 17.18; Mc 1.25; 9.25; Lc 4.35,39; 9.42; 4. Pessoas foram curadas por tocarem nele ou em suas vestes; tendo fé: Mt 9.21; 14.36; Mc 3.10; 5.28; 6.56; 8.22; 10.13; Lc 6.19; 5. Em algumas ocasiões Jesus disse aos que buscavam a cura: “A tua fé te salvou”: Mt 9.2,22,29; 15.28; Mc 2.5; 5.34; 10.52; Lc 5.20; 7.50; 8.48; 18.42; 6. Com lodo e saliva: Jo 9.6-15. AS DOENÇAS SÃO RESULTADO DA QUEDA: At 10.38; Lc 13.16. A primazia de Satanás no setor das doenças remonta à queda do homem no Jardim do Éden (Gn 2.17; Rm 5.12). A influência física é na realidade produzida pela doença espiritual. Quando a alma do homem se torna corrompida pelo pecado, o seu corpo torna- se sujeito às doenças e enfermidades como consequência. A doença era parte da maldição da lei (Dt 28.58-61). A CURA DIVINA ESTÁ INCLUÍDA NA EXPIAÇÃO DE JESUS
  • 25. A. Carlos G. Bentes Página 25 24/11/2020 A cura física e espiritual estavam incluídas na obra redentora de Cristo, isto é salientado tanto no Velho Testamento como no Novo Testamento (Sl 105.37; 103.2,3; Is 53.4,5; 1Pe 2.24; Ex 15.25,26; Mt 8.16,17; 3 Jo 2). A cura definitiva só acontecerá na ressurreição dos justos, no arrebatamento da Igreja. Nós teremos a cura eterna, por enquanto podemos emitir um vale e recebermos uma cura temporal. O maior milagre de Jesus foi a ressurreição de Lázaro, porém este morreu de novo. A redenção é realizada em três tempos: 1. A Redenção Passada: Aconteceu no Novo Nascimento; 2. A Redenção Presente: Acontece todos os dias, é a redenção da alma; a santificação (2Co 3.18); 3. A Redenção Futura: Acontecerá no arrebatamento da Igreja, quando receberemos um novo corpo – sōma pneumatikon: o corpo espiritual. OS DONS VERBAIS PROFECIA (PROFETÉIA - προφητεία). A palavra hebraica “Naba” significa fluir. Ela está definitivamente relacionada à expressão “fonte” ou “nascente de água”, de maneira que a declaração profética possa ser descrita como um jorrar. outra palavra para profecia é “deixar cair”, palavra geralmente associada com chuva o orvalho. É um pronunciamento sobrenatural num idioma conhecido. A profecia é o mais importante dos dons verbais (1Co 14.5). A palavra hebraica que é traduzida “profetizar” significa “sair fluindo” e transmite o pensamento de “borbulhar como uma fonte, gotejar, jorrar”. A palavra grega - profeteia significa “falar em prol de alguém”. Significa falar em nome de Deus, ou ser Seu porta voz (Ex 7.1). A profecia é a própria voz de Cristo falando a Igreja. Assim como oramos por alguém e é Deus quem cura, assim também quando alguém inspirado, movido pelo Espírito Santo profetiza, não é o elemento humano quem está falando pelo seu intelecto, mas é o Espírito Santo fornecendo-lhes as palavras. O DOM DA PROFECIA É PARA TODOS (1Co 14.1-5,39). O DOM DA PROFECIA É DIFERENTE DA PREGAÇÃO. Muitas versões bíblicas traduzem do grego para o nosso vernáculo estas duas palavras: KĒRÚSSŌ (κηρύσσω) e PROFĒTEÚŌ (προφητεύω), com o mesmo sentido, todavia Kērússō é pregar e profēteúō é profetizar. Não há nenhuma justificativa para se traduzir a palavra profecia como “pregar, ensinar ou exortar”, isto seria roubar a unção sobrenatural desta manifestação. A Bíblia não confunde nem altera o uso destas duas palavras. A unção para pregar é diferente da unção para profetizar (1Tm 4.1; Hb 3.7; At 21.11; Lc 1.67). A pregação pode conter a profecia, mas ela não é profecia em si mesma. A profecia nunca deve tornar-se um substituto da pregação ou do ensino. A PROFECIA NA DISPENSAÇÃO NEOTESTAMENTÁRIA
  • 26. A. Carlos G. Bentes Página 26 24/11/2020 Cerca de 30 vezes o Novo Testamento refere-se ao Dom da Profecia. Pedro confirma que esta manifestação é para os nossos dias (At 2.16-18; Jl 2.28). Paulo também confirma nas suas epístolas (1Co 12; 13.8-13; Rm 12.3-8). A profecia estará conosco até que venha o que é perfeito (1Co 13.9,10). Não extingais o Espírito; não desprezeis as profecias (1Ts 5.19-20). AS PROFECIAS BÍBLICAS SÃO DIFERENTES DO DOM DE PROFECIA As profecias bíblicas estão em um nível mais elevado da manifestação do Dom de Profecia. As Profecias da Bíblia nunca serão igualadas ou ultrapassadas (Dt 4.2; Pv 30.5,6; Ap 22.18,19). As Profecias Bíblicas tornaram-se a Sua Palavra escrita e autoritária para toda a era da Igreja (1Pe 1.21; Ef 2.20). Em toda a história eclesiástica dois erros têm sido praticados com relação ao Dom de Profecia, por um lado exaltamos esta manifestação a ponto de infabilidade e, por outro lado desprezamo-la. Não devemos dar-lhe autoridade excessiva, nem focalizá-la em demasia; nem tão pouco reduzi-la ao nível do poder humano. A manifestação deste dom deve ser julgada à luz da Bíblia. NOTA: Profetéia - Profecia encontra-se 19 vezes no Novo Testamento. Profēteúō - Profetizar encontra-se 28 vezes no N.T. Profētēs (προφήτης) - Profeta encontra-se no N.T. 144 vezes. OS ELEMENTOS OU PROPÓSITOS DO DOM DE PROFECIA (1Co 14.3) 1) EDIFICAÇÃO – OIKODOMĒ (οἰκοδοµή). Esta é uma palavra usada em arquitetura e descreve uma construção de uma casa (οἶκος - oikos = casa). Este é o meio que Deus proporcionou pelo qual devemos “edificar” ou construir a Igreja. Jesus disse: “Edificarei (oikodomēsō - οἰκοδοµήσω futuro de oikodoméō - οἰκοδοµέω) a minha Igreja” (Mt 16.18). É vital que edifiquemos com materiais de qualidade (dons e ministérios) ao invés de madeira, feno, e palha (1Co 3.10-15). Há duas maneiras de se construir ou edificar a Igreja, primeiro pelo acréscimo de novos materiais (novos membros) e pelo fortalecimento daquilo que já existe (1Co 14.24,25). Destruir, confundir, e repulsar são o oposto da obra do Espírito Santo na manifestação do Dom de Profecia. Edificar os santos na Fé santíssima (Jd 20) é construir um santo templo no Senhor (Ef 2.21,22). Fortalecer os santos, aumentar- lhes a Fé e desenvolver-lhes o caráter cristão são os objetivos do Espírito Santo através da manifestação deste dom. 2) EXORTAÇÃO – PARÁKLĒSIS (παράκλησις). O dicionário grego diz que exortar significa: “incitar, encorajar, aconselhar e prevenir veementemente”. A exortação é uma faceta tão distinta do dom da profecia que também é chamado de “Dom” (Rm 12.8). Exortar (parakaléō - παρακαλέω) significa segundo o texto grego, “chamar para mais perto de Deus”. Paulo disse a Timóteo: “Aplica-te à leitura, à exortação, e ao ensino (1Tm 4.13).
  • 27. A. Carlos G. Bentes Página 27 24/11/2020 3) CONSOLAÇÃO – PARAMUTHÍA (παραµυθία). Jesus nos deu um dos mais importantes nomes do Espírito Santo: O Consolador, O Parakletos - παράκλητος (Jo 14.16,26). Sendo este seu próprio nome, não surpreende que um dos seus dons tenha como objetivo a consolação dos Santos (1Co 14.31). Vine, um erudito em grego diz que PARAMUTHÍA - Consolação significa: “primariamente, um falar íntimo com qualquer pessoa”, portanto, ela denota consolação, conforto, com um grau maior de ternura que “ PARÁKLĒSIS”. 4) SENTENCIAR E CONVENCER (1Co 14.24,25). 5) INSTRUÇÃO E APRENDIZAGEM (1Co 14.31). O DOM DE VARIEDADES DE LÍNGUAS E INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS O FALAR EM LÍNGUAS NA HISTÓRIA Para os discípulos, era evidência de estarem completamente controlados pelo poder do Espírito prometido por Cristo. Quando a pessoa fala uma língua que nunca aprendeu, pode ter a certeza de que algum poder sobrenatural assumiu o controle sobre ela. Alguns argumentaram que a manifestação do falar em línguas limitou-se à época dos apóstolos. Aconteceu para ajudá-los a estabelecer o Cristianismo, uma novidade naquela época. Não existe, no entanto, limites à continuidade dessa manifestação no Novo Testamento. Mesmo no quarto século depois de Cristo, Agostinho, o notável teólogo do Cristianismo, escreveu: “Ainda fazemos como fizeram os apóstolos, quando impuseram as mãos sobre os samaritanos, invocando sobre eles o Espírito mediante a imposição das mãos. Espera-se por parte dos convertidos que falem em novas línguas”. Ireneu (115-202 d.C.), notável líder da Igreja, era discípulo de Policarpo, que por sua vez foi discípulo do apóstolo João. Ireneu escreveu: “Temos em nossas igrejas muitos irmãos que possuem dons espirituais e que, por meio do Espírito, falam toda sorte de línguas”. A Enciclopédia Britânica declara que a glossolalia (o falar em línguas) “ocorreu em reavivamentos cristãos durante todas as eras: por exemplo, entre os frades mendicantes do século XIII, entre os jansenistas e os primeiros quaquers, entre os convertidos de Wesley e Whitefield, entre os protestantes perseguidos de Cevennes, e entre os irvingistas”. Podemos multiplicar as referências, demonstrando que o falar em línguas, por meios sobrenaturais, tem ocorrido em toda a história da Igreja. (Nota: O falar em línguas nem sempre é em língua conhecida. Ver 1Co 14.2). AS LÍNGUAS ESTRANHAS NA HISTÓRIA14 14 http://www.igrejadafeapostolica.com/as-lnguas-estranhas-na-historia
  • 28. A. Carlos G. Bentes Página 28 24/11/2020 A promessa do revestimento de poder é para os crentes de todas épocas: Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar (At 2.39). Depois de recebê-la, o cristão tem um impulso extraordinário para testemunhar poderosamente a obra de salvação — o sacrifício de Jesus — em toda a Terra! (At 1.8). Como exemplo, nos anos seguintes: Tertuliano e Irineu (pastores que viveram no segundo século d.C.) declararam que os membros de suas igrejas falavam em novas línguas. João Crisóstomo (347-407) — bispo de Constantinopla, escreveu que o Batismo no Espírito Santo era acompanhado por este mesmo sinal sobrenatural: falar em línguas! Três membros de sua igreja falaram, pelo Espírito, em persa, em latim e em hindu. Agostinho (354-430) — bispo de Hipona, no Norte da África, afirmou que as novas línguas estavam em evidencia nos seus dias. Valdenses e Albigenses (1140-1280 d.C.). Isso no Sul da Europa, em plena Idade Tenebrosa — a Era Medieval. Eles eram dissidentes da Igreja Romana, seguidores dos princípios bíblicos da salvação e da vida cristã em geral. Os historiadores afirmam que entre eles havia manifestações espirituais em línguas estranhas, segundo o Novo Testamento. Martinho Lutero (1483-1546). Falava em línguas e profetizava, conforme o depoimento histórico do Dr. Jack Deer, eminente professor e historiador batista, do Seminário Teológico de Dallas. Esta informação também é encontrada nas obras: “História da Igreja Alemã”, de Souer (Vol. 3, p. 406), e “Pentecostes para Todos”, de Emílio Conde, p. 88. Os Anabatistas (1521-1550): Na Alemanha, entre os anabatistas (grupo de crentes que pretendia o retorno ao Cristianismo primitivo, advogava reforma sociais, separação da Igreja do Estado e contestava a validade do batismo infantil; conseguintemente, rebatizava seus seguidores quando adultos e possuidores de plena razão), houve manifestação de línguas estranhas e outorgamento dos dons. Os Huguenotes (1560-1650). Eram, na França, protestantes dissidentes quanto à forma de governo da época, respeitante à liberdade religiosa. O historiador A. A. Boddy assim escreveu: “Durante a perseguição aos huguenotes, a partir de 1685, havia entre eles os que falavam em línguas, transbordantes de fervor espiritual”. Os Quakers (1647-1650) e os Shakers (1774-1771). Cristãos organizados em diferentes grupos, no Nordeste da América do Norte, região da Nova Inglaterra, cujos integrantes eram considerados de fanáticos, rígidos, santarrões, extravagantes, os quais foram nomeados “amigos” (os Quakers) e “tremedores” (os Shakers), de fato, recebiam poder do Espírito Santo, falavam línguas estranhas e eram portadores de inúmeros dons espirituais.
  • 29. A. Carlos G. Bentes Página 29 24/11/2020 Movimento Pietista. Surgido em 1666, apregoava uma vida santificada — combatendo a hipocrisia de ministros, a embriaguez, a imoralidade, a carnalidade, as controvérsias teológicas. Na cerimônia do partir do pão, eles entravam em êxtase — estado de máxima intensidade emocional, em que a alma parece desligar-se do corpo, perdendo o contato com o mundo sensível: adentrando às dimensões celestiais, daí, falavam línguas de maneira retumbante. Os Camisardes. Em 1686, crentes que se refugiaram nas montanhas de Cevanes — França, devido às perseguições religiosas, os chamados Camisardes (quer dizer, calvinistas das cavernas, pois eram seguidores da linha teológica de João Calvino), declaravam firmemente ser inspirados pelo Espírito de Deus; por isso, houve abundante graça entre eles, a saber: Em 1700, falavam línguas estranhas; em 1701, o grupo tinha cerca de 200 profetas; em 1702, existiam 8 mil porta-vozes do Senhor, isto é, possuidores do dom de profecia, que profetizaram muitas iminências de fatos desagradáveis para a Europa. De igual modo, crianças de 3 e 4 anos já pregavam a conversão genuína e o arrependimento em bom francês; os próprios infantes, de 4 a 14 anos, se reuniam em vilarejos e cidades fazendo círculos, nos quais falavam línguas, cantavam, oravam, revelavam, apregoavam as Escrituras e exortavam. Entre 1730 e 1733, já eram surpreendidos em êxtase espiritual, no qual não só falavam e interpretavam línguas, mas também entendiam, sobrenaturalmente, quaisquer idiomas dos locais onde eram enviados a pregar. Os Moravianos. Estes são descendentes espirituais de John Huss (morto queimado por causa da doutrina verdadeira), e eram conhecidos como Irmãos Morávios. Tal grupo compreendia cerca de 300 pessoas. Em 16 de julho de 1727, o Espírito Divino irrompeu neles, deste modo, ocorreu operação de maravilhas e todos choraram sem cessar. Fizeram, então, um pacto de se reunirem mais vezes em Hutberg, a fito de orarem e sentirem a mesma graça. No dia 13 de agosto, aconteceu o chamado Pentecoste dos Moravianos. Um dos historiadores descreveu: “Vimos a mão do Senhor e as suas maravilhas, e todos estiveram sob a nuvem de nossos pais, e fomos batizados no Espírito Santo.” Através desse fervor espiritual, o Espírito Santo os enviou como testemunhas de Cristo em todo o mundo! As missões moravianas foram frutos do poder pentecostal! O historiador Dr. Werneck disse: “Esta pequena igreja, em vinte anos, trouxe à existência mais missões evangélicas do que qualquer outro grupo evangélico o fez em dois séculos”. Metodistas Primitivos. Líder: John Wesley (1703-1791), inglês. O historiador Philip Schaff, na obra “História da Igreja”, edição de 1882, relata que esses metodistas pugnavam por uma vida santa, e muitos tinham dons espirituais e falavam em línguas. O movimento avivalista metodista começou em 1739, em Londres. Foi no Metodismo que teve a maior expressão e vulto o “Movimento da Santidade”, na América do Norte, entre determinadas igrejas tradicionais, após o século XIX, do qual, quase um século depois, surgiu o atual Movimento Pentecostal. Os Irvingitas. Líder: Edward Irving (1822-1834), presbiteriano, da Igreja Escocesa de Londres. Irving testemunhou, entre outros fatos, que, em 1831, uma irmã solteira falou em línguas no culto de oração.
  • 30. A. Carlos G. Bentes Página 30 24/11/2020 D.L. Moody (1837-1899), poderoso evangelista e avivalista norte-americano. Acerca de sua marcante cruzada evangelística de Londres, em 1873, escreveu Robert Boyd: “Moody pregou à tarde no auditório da Associação Cristã de Moços, em Suderland. Em pleno culto houve manifestação de línguas estranhas e profecia. O fogo espiritual dominava o ambiente”. A Rua Azusa. Em 9 de abril de 1906, em Los Angeles, Califórnia, Estados Unidos, algo alavancou o crescimento do Evangelho na América. Na Rua Azusa, 312, o Pr. William Joseph Seymor e mais sete irmãos de sua igreja, depois de incessantemente buscarem o Batismo no Espírito Santo, foram batizados por Jesus e falaram “noutras línguas”. Foi o estopim para que, nesse antigo armazém, houvesse um grande avivamento nas reuniões: batismos no Espírito, recebimento de dons espirituais, impulsão missionária, milagres, curas, cânticos espirituais, variedade de línguas e interpretação de línguas, fervorosas orações, etc. Os cultos iniciavam às 6h e acabavam à meia-noite! Isso mobilizou a impressa, os mundos secular e religioso, os quais, surpreendidos, iam conhecer o fogo pentecostal! Por consequência, essa chama de poder incinerou as América do Norte, Central e do Sul. Há inúmeros exemplos em vários pontos do globo terrestre que, ao longo da história, o Espírito Santo foi derramado sobre todos aqueles que perseverantemente O buscaram! A mundialmente conhecida e respeitada “Encyclopedia Britannica” declara: “A glossolalia [o falar noutras línguas] esteve em evidência em todos os avivamentos da história da Igreja” (Vol. 22, p. 282, ano 1944). CESSACIONISMO E O FALAR EM LÍNGUAS 15 Os cessacionistas alegam que querem proteger as doutrinas da suficiência e completude da Escritura. Creio que essa poderia ser uma das razões deles considerarem necessário afirmar o cessacionismo. Contudo, creio que essa não é a única razão. Há motivos ocultos por detrás dessa doutrina, tal como a incredulidade, e o medo que a incredulidade seja exposta caso eles se aventurem e afundem como Pedro, quando o Senhor o chamou para andar sobre a água. Teólogos versados não gostam de ser embaraçados. Alguns deles crucificariam antes a Cristo com suas próprias canetas, apenas para calá-lo, do que admitir que lutam com a incredulidade. Em todo caso, tem sido mostrado que a continuação das manifestações sobrenaturais do Espírito não compromete a suficiência e completude da Escritura. A afirmação da soberania de Deus significa isto: se Deus quiser fazer uma pessoa falar num idioma que ela nunca aprendeu, ele pode e fará. É simples assim. Se ele faz isso ou não é uma coisa, mas não deveria haver dúvida que é possível, mesmo hoje. 15 http://www.vincentcheung.com/2009/03/09/cessationism-and-rebellion/.
  • 31. A. Carlos G. Bentes Página 31 24/11/2020 Todavia, devemos reconhecer que a questão não é resolvida afirmando-se a mera doutrina da soberania de Deus, visto que ela tem a ver com como ele usa essa soberania com relação aos dons espirituais, e o que ele revelou na Escritura sobre isso. Também, quando diz respeito aos dons espirituais, estamos nos referindo a um modo particular da manifestação do poder de Deus, a saber, por meio de instrumentos humanos como dons espirituais. Assim, é reconhecido que o assunto é complexo, embora permaneça que o fundamento para a discussão deve ser a soberania de Deus, que ele pode e fará tudo o que deseja. E em conexão com os dons espirituais, eu direi novamente que, embora haja muitos versículos na Escritura nos ordenando a usar os dons espirituais, não existe nenhuma evidência bíblica, ou qualquer outro tipo, que sequer venha a sugerir que esses tenham cessado. Deixe-me aplicar primeiro meu argumento simples contra o cessacionismo ao caso do falar em línguas. Paulo escreve: “Não proíbam o falar em línguas” (1Coríntios 14.39, NVI). Mas se todos os dons espirituais cessaram, então as línguas cessaram. E se as línguas cessaram, então todas as alegações de falar em línguas hoje são falsas. Se todas as alegações de falar em línguas hoje são falsas, estão DEVEMOS proibir o falar em línguas. Em outras palavras, se o cessacionismo é correto, então estamos obrigados a fazer exatamente o oposto do que Paulo ordena nesse versículo sobre a base que a situação mudou, de forma que a mesma preocupação apostólica requereria que proibíssemos todo o falar em línguas. Contudo, transformar “NÃO proíbam o falar em línguas” em “SEMPRE proíbam o falar em línguas” requereria um argumento bíblico que fosse igualmente explícito, ou se este deve vir por dedução ou inferência, que seja um raciocínio perfeito, infalível, sem qualquer possibilidade de erro ou lugar para crítica. De outra forma, ninguém tem autoridade para dizer que o falar em línguas cessou, e ainda menos para proibir o falar em línguas. Jesus diz: “Todo aquele que desobedecer a um desses mandamentos, ainda que dos menores, e ensinar os outros a fazerem o mesmo, será chamado menor no Reino dos céus; mas todo aquele que praticar e ensinar estes mandamentos será chamado grande no Reino dos céus” (Mateus 5.19). Deus me ordena: “Não matarás”. Se você deseja promover uma doutrina que requeira de mim (Vicent Cheung) mudar isso para, “sempre matarás”, então antes de eu ir para a matança, irei demandar que você produza um mandamento bíblico direto que substitua o primeiro, ou um argumento bíblico apoiando o novo mandamento ou obrigação que seja claro e perfeito, sem qualquer possibilidade de erro ou lugar para crítica. Se eu percebo sequer a mínima falha ou fraqueza, irei permanecer com o que é claro e direto, isto é, “não matarás”. Da mesma forma, se ensino “não proíbam o falar em línguas” e você ensina “sempre proíbam o falar em línguas” (ou uma doutrina que leve a isso), então um de nós deve estar errado. Para me mostrar que sou eu quem está em erro, eu demandaria que você produza
  • 32. A. Carlos G. Bentes Página 32 24/11/2020 um argumento bíblico que seja tão claro, forte, perfeito e infalível como aquele que diz, “não proíbam o falar em línguas”. Francamente, contra essa consideração, eu teria muito receio de ensinar o cessacionismo. E eu me pergunto como podemos justificar a decisão de permitir alguém permanecer no ministério, quando esta pessoa continua ensinando o cessacionismo após ouvir este simples argumento. Se ele não pode respondê-lo – se não pode produzir um argumento infalível para o cessacionismo – mas continua a ensinar a doutrina, isso pode significar apenas que ele conscientemente promove rebelião contra o Senhor. Que direito temos, então, de nos refrear de removê-lo do ministério? Eu tenho autoridade para proteger tal pessoa da disciplina da igreja? Mas eu não sou mais forte que o Senhor. Nessas circunstâncias, o cessacionismo não é uma doutrina sobre a qual argumentar, mas um pecado do qual se arrepender. Os cristãos deveriam não somente evitar o cessacionismo, mas deveriam temer afirmá-lo, pois equivale a um desafio direto e deliberado aos mandamentos de Deus. Você pode dizer: “Tudo bem dizer que não devemos proibir falar em línguas, mas devemos proibir a falsificação”. Como isso é relevante neste ponto? Se na tentativa de se opor à falsificação, você se opõe a todas as alegações de falar em línguas como uma questão de princípio, então você volta a desafiar o mandamento de Paulo novamente. Se você admite que não devemos proibir falar em línguas, mas devemos julgar cada caso por seu próprio mérito, eu concordaria contigo, mas então você não mais seria um cessacionista. Agora que mencionamos a possibilidade da falsificação, a discussão finalmente chega à natureza das línguas. Atos 2 nos diz que o Espírito Santo capacitou os discípulos a falar em idiomas que eles nunca aprenderam. Esses eram idiomas humanos conhecidos e reconhecidos pelos estrangeiros que estavam presentes. Algumas vezes é suposto que foi um milagre de audição, mas os estrangeiros ouviram os discípulos falar em seus próprios idiomas porque os discípulos estavam FALANDO no idiomas deles. A Escritura declara que eles falaram o que o Espírito lhes deu. Ela não diz que o Espírito alterou a audição da audiência. O falar em línguas em 1Coríntios 12-14 é o mesmo tipo de manifestação que aquela em Atos 2. Não há razão para pensar de outra forma. Visto que as expressões consistiam de idiomas humanos, como demonstrado em Atos 2 e também indicado em 1Coríntios 13.1, há certas características que deveríamos esperar. Um idioma humano inclui um vocabulário substancial, ou palavras, que formam sentenças. Em linguagem ordinária, sentenças são marcadas por pausas e inflexões, que frequentemente determinam o significado preciso dessas sentenças. Por exemplo, uma inflexão poderia mudar o que seria entendido como uma declaração de fato numa pergunta. Dessa forma, “você irá à igreja hoje”, muda para “você irá à igreja hoje?”. Uma inflexão poderia também tornar uma declaração ordinária numa exclamação, ou mesmo numa acusação. Há muitas outras coisas que podemos mencionar sobre as características dos
  • 33. A. Carlos G. Bentes Página 33 24/11/2020 idiomas humanos, mas o ponto é que elas exibem traços e padrões complexos que são discerníveis. Recentemente, ouvi um sermão sobre a abordagem bíblica ao crescimento da igreja por John MacArthur. Ele insistiu que os métodos de crescimento de igreja que são baseados em teorias de negócio e marketing são perversos e destrutivos. Antes, ele propôs que os cristãos deveriam retornar a Atos dos Apóstolos, visto que ali o método modelado pelos primeiros discípulos é apresentado. Ele não se referia a algum modelo do Novo Testamento num sentido geral, mas foi inflexível que devemos seguir O LIVRO DE ATOS. Então, no curso do sermão, ele ofereceu cinco princípios que tinha derivado: A igreja primitiva tinha 1) Uma mensagem transcendente, 2) Uma congregação regenerada, 3) Uma perseverança resoluta, 4) Uma pureza evidente, e 5) Uma liderança qualificada. Contudo, qualquer expositor honesto deveria ter adicionado, 6) Um ministério de falar em línguas, curar coxos, ressuscitar mortos, expelir demônios, destruir mentirosos, romper prisões, sacudir casas, amaldiçoar feiticeiros, ter visões, predizer o futuro e realizar milagres. Todas essas coisas são registradas no Livro de Atos, não são? Sem dúvida, eu não esperava que MacArthur se embaraçasse com a verdade. Sabendo que ele é um cessacionista extremo, esperava uma menção desse item antes de rejeitá-lo, mas nada foi dito. Ele nem mesmo o mencionou. Mas eu pensei que deveríamos retornar ao padrão no Livro de Atos. Qual Livro de Atos ele estava lendo? Esse é o campeão da pregação expositiva que tantos cristãos adoram? Mas eu pensei que a pregação expositiva compeliria o pregador a abordar tópicos com os quais ele não se sente confortável, e apresentar o que ele poderia achar difícil de aceitar. O que aconteceu com isso? Eu vou lhe dizer qual é o padrão no Livro de Atos – é o padrão de não permitir que a desonestidade e o preconceito obscureçam os ensinos claros da palavra de Deus. Se nos forçássemos a ser caridosos sem justificação, poderíamos dizer que MacArthur evitou a questão para economizar tempo de mencionar algo no qual ele não crê. Mas ele violou, no mínimo superficialmente, seu próprio padrão de pregar a Palavra de Deus como ela está escrita. É muito difícil, se não impossível, excusar alguém de mencionar os milagres quando ele mesmo, com tanto zelo e indignação, repreende a igreja por falhar em seguir o padrão no Livro de Atos. Jesus disse que receberíamos poder quando o Espírito Santo viesse sobre nós. Assim, onde está o poder? Você que não acredita na continuação dos dons sobrenaturais: Você diz que tem o Espírito, que todos os crentes têm o Espírito, mas onde está o poder? Seu hipócrita – você finge ter isso redefinindo o conceito. E você que crê na continuação dos dons sobrenaturais: Você alega ter o Espírito, mas onde está o poder? Seu hipócrita – você insulta o Espírito implementando um padrão baixo, de forma que as falsidades e os excessos são numerados juntamente com o que é genuíno, se é que há manifestações de fato genuínas entre vocês. Quando Elias desafiou os falsos profetas, ele não tornou isso fácil para si
  • 34. A. Carlos G. Bentes Página 34 24/11/2020 mesmo ou para o Senhor. Ele não derramou gasolina nos sacrifícios, mas derramou muita água. Ele era da opinião que se Deus não fizesse isso, então que não fosse feito, mas se Deus fizesse, então que não houvesse dúvida que foi um milagre do Senhor, e não dos esquemas e artimanhas dos homens. Vocês dizem que têm o Espírito, mas quando os discípulos foram cheios com o Espírito no Livro de Atos, houve tamanhas manifestações de poder que fizeram os incrédulos tremer. Onde está o poder? É verdade que uma demonstração de poder divino nem sempre equivale a milagres, mas existe alguma manifestação de poder entre vocês? Qualquer uma que seja? Onde está a autoridade divina em sua pregação? Onde está a sabedoria divina em seu conselho? Onde está a ousadia divina em suas ações? Você tem seus métodos expositivos, seus diplomas de seminário, seus ensaios de ordenação, e os livros deste ou daquele teólogo em sua biblioteca. Mas você não tem o poder. O poder é a herança de todo cristão, e o equipamento necessário de todo ministro do evangelho. Deus não nos deu um espírito de fraqueza, mas um espírito de poder – poder para perceber, crer, declarar, suportar e poder para confrontar e destruir o cinismo e a incredulidade. Limitar-nos-emos, primeiramente, aos dons de línguas e interpretação de línguas na congregação pública; em seguida, passaremos a considerar o assunto de falar-se em línguas de uma forma geral. O que é dom ministerial de variedade de línguas? O dom ministerial de línguas é a habilidade dada por Deus a alguém para que haja comunicação numa língua desconhecida, e para que seja interpretada na assembléia a fim de que todos possam compreendê-la. “... a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação de línguas...” (1Co 12.10; Veja também 1Co 14.5). Novamente, esta é uma “manifestação do Espírito” (1Co 12.7), e não uma habilidade humana. Isto não têm absolutamente nada a ver com habilidades linguísticas naturais, eloquência em discursos, ou uma nova maneira Santificada de falar-se. Ainda que o Espírito possa estar envolvido nestas características estão todas à parte do assunto em consideração. O dom de línguas é uma manifestação ou expressão sobrenatural do Espírito Santo; através dos órgãos vocais de uma Pessoa. Ele é uma manifestação direta da esfera dos milagres. Isto é diferente de línguas que são usadas na vida particular do crente? Sim! A Bíblia, claramente, revela três categorias gerais quanto ao falar-se em línguas. Embora a Bíblia não seja escrita na forma de um livro de teologia sistemática, com tudo bem dividido e esquematizado, à medida em que a estudamos aprendemos por observação e experiência, certas categorias claramente emergem. Ainda que a Bíblia, em si não nos dê resumos sistematizados, estes são descobertos através de uma síntese de todos os ensinamentos da bíblia num dado assunto. Isto é parte do “manejar-se bem” (dividir, analisar) a Palavra de Verdade (2 Tm 2.15). Estas três categorias gerais de línguas podem ser, claramente, vistas nas Escrituras:
  • 35. A. Carlos G. Bentes Página 35 24/11/2020 1. Línguas que são faladas no momento em que recebemos o Batismo no Espírito (At 2.4; 10.45-47; 19.6). 2. Línguas para uma comunhão Pessoal com Deus numa maneira contínua. (1Co 14.1-4,15; Jd 20; Rm 8.26,27; Ef 6.18). 3. Línguas que são dadas na assembléia para uma comunicação ao Corpo e para serem um sinal ao incrédulo (1Co 12.10; 14.5; 14.21,22). Foi a confusão destas três categorias de línguas que o Senhor procurou corrigir na Igreja de Corinto. Aparentemente, alguns falavam em línguas demasiadamente nas reuniões, sem que interpretações fossem dadas. Isto produzia confusão e abusos. Portanto, o Senhor, através de Paulo, classificou-as para eles. Além disso, deveríamos entender que há três maneiras gerais em que a Bíblia usa a palavra “dom” ou “graça”. 1) O “dom” de Deus da Salvação através de Cristo (Rm 5.15-18; 2Co 9.15), o qual incluí; 2) O “dom” do Espírito Santo (At 2.38; 8.20; 10.45) o qual incluí; 3) Os “dons” do Espírito Santo (2Co 12.1,4,9,28; 14.1; Hb 2.4). Em nenhum lugar o batismo no Espírito é chamado de “dom de línguas”. Ao invés, ele é o “dom do Espírito” (o qual inclui línguas). Todo crente que é cheio do Espírito deve falar em línguas, mas nem todos necessariamente têm o dom de línguas como uma manifestação espiritual no ministério do Corpo. Paulo ensina que 99% das línguas é para um uso particular e pessoal na oração, louvor e auto-edificação. Todavia, há aqueles a quem o Espírito move para que levantem as suas vozes em línguas na assembléia, para que sejam, em seguida, interpretadas, a fim de abençoarem ao povo. O dom de línguas é para a edificação da Igreja, e não do indivíduo que exercita. O falar-se em línguas como parte do Dom do Espírito Santo, deve continuar em nossas vidas privadas para uma edificação individual, e não da Igreja. Quais são os propósitos de línguas e interpretação na assembléia? 1) Para serem um “sinal” ao incrédulo. (1Co 14.21-22). 2) Para expressarem edificação, exortação e conforto ao crente (1Co 14.3-5). Línguas com interpretação são equivalentes a profecias. 3) Para levantarem a congregação ao louvor e à oração (1Co 14.13-16). Nesta passagem, Paulo encoraja ao que fala em línguas a orar pela interpretação. O contexto imediato que se segue é o orar e falar em línguas. A dedução é que a oração e o louvor no Espírito poderiam ser interpretadas e ser edificantes ao Corpo. Se uma igreja tem mais línguas e interpretações que profecias, isto é uma indicação que ela não cresceu além de um nível elementar de fé (1Co 14.5-13), ou que há incrédulos que, regulamente a frequentam e que necessitam deste sinal (14.21-22). De que maneiras as línguas são um “sinal” aos incrédulos?
  • 36. A. Carlos G. Bentes Página 36 24/11/2020 1) Pela evidência do sobrenatural; ao verem as pessoas falando em línguas que elas nunca aprenderam, (At 2.6-8; 1Co 14.21-22). 2) Pela sensação do sobrenatural; elas carregam a atmosfera com a sensação da presença de Deus. Isto é sentido até mesmo pelos incrédulos. 3) Pelo testemunho do ouvir-se uma língua estrangeira que eles possam conhecer, Deus lhes dá um sinal, falando com eles em suas línguas maternas (ou uma outra língua que eles aprenderam). Este foi o grande sinal durante o Pentecostes. Eles ouviram as pessoas falando, sobrenaturalmente, em suas próprias línguas maternas. Este sinal proporcionou a salvação de três mil judeus que foram obedientes. Ainda que as línguas sejam um sinal, os incrédulos nem sempre as aceitam como tal, especialmente se forem praticadas sem a ordem devida (todos falando ao mesmo tempo - 1Co 14.23). Eles dirão: “estais loucos”. Na verdade muitos cépticos e críticos respondem desta maneira, até mesmo quando as línguas são praticadas no modo apropriado. Muitos hoje igualam as línguas a uma tagarelice incoerente que é falada num estado de loucura emocional ou psicológica. Isto é, exatamente, o que um grupo de pessoas orgulhosas disse no dia de Pentecoste (At 2.13). Isto é exatamente, o que Deus disse que os homens diriam. Todos devem ter o “dom” [ministerial] de variedade de línguas? Não! 1Co 12.28-30 mostra, claramente, que nem todos são usados desta maneira. O texto de 1Co 12.28-30 é correlato ao de Ef 4.1 que fala acerca dos dons ministeriais. Há uma distinção entre os dons e os ministérios. Existe o dom de variedade de línguas (1Co 12.10) e existe o ministério de variedades de línguas (1Co 12.28). Ainda que todos possam dar um passo de fé, ocasionalmente, e falar em diversas línguas, não é bíblico o ensinar-se que todos devem ter qualquer um dos dons ministeriais do Espírito. Esta era uma das principais ênfases de Paulo em seus ensinamentos sobre os dons e ministérios do Corpo (Rm 12.3-8; 1Co 12.4-31). 1Co 12. 28-30: E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro mestres, depois operadores de milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas. Porventura são todos apóstolos? são todos profetas? são todos mestres? são todos operadores de milagres? Todos têm dons de curar? falam todos em línguas? interpretam todos? Quantas mensagens em línguas e interpretações estão em ordem numa reunião? A resposta a esta questão é dada, muito simples e brevemente, por Paulo em 1Co 14.27-28. Duas ou três mensagens são, geralmente, suficientes para que recebamos, com clareza o teor completo daquilo que o Senhor esteja falando. Algumas Assembleias têm, virtualmente, proibido línguas nas Assembleias, por várias razões (permitindo, somente que sejam praticadas no “salão dos fundos” depois do culto). Contudo, a Bíblia não nos ordena que as silenciemos nas atividades da assembléia, e sim, que as regulemos. Temos, na verdade, a admoestação direta: “... Não proibais falar línguas” (1Co 14.39-40).
  • 37. A. Carlos G. Bentes Página 37 24/11/2020 O que é o dom de interpretação de línguas? O dom de interpretação é a habilidade sobrenatural e espontânea de interpretar-se uma comunicação dada em línguas na língua que é compreendida pelas pessoas presentes. Novamente, isto não tem, absolutamente nada a ver com um conhecimento natural de línguas, mas procede diretamente, do Espírito Santo (1Co 12.10). Observa-se que em 1Co 14.13 diz: “ore para que possa interpretar”, e não “estude línguas”. Além disso, 1Co 14.2 mostra que quando alguém fala em línguas, “ninguém entende”. Portanto, deve haver uma revelação sobrenatural, assim como a mensagem em línguas foi sobrenatural. A interpretação deveria ser dada como uma resposta imediata à mensagem em línguas. A interpretação é o mesmo que tradução? Não! Interpretar significa explicar, expor, elucidar ou expandir. Traduzir significa converter de uma língua para outra. Na verdade, o grau de tradução em si pode variar segundo o dom de interpretação em particular. Também deveríamos lembrar que mesmo o traduzir-se de uma língua para outra, geralmente, deixa uma grande discrepância entre a extensão da mensagem e o número de palavras necessárias para dizerem a mesma coisa. Observe Dn 5.25-28 que a interpretação de “Mene, Mene, Tequel, Ufarsim” foi, aproximadamente, nove vezes maior que mensagem original. Uma outra razão pela qual as mensagens podem ser bem mais curtas que suas interpretações é que a situação envolve, na verdade, línguas seguidas por uma profecia; ou talvez uma oração em línguas seguida por uma resposta do Senhor através de uma profecia. Deveríamos também mencionar que uma mensagem em línguas pode ser na verdade, uma oração, adoração, como também uma exortação. Frequentemente, alguém pronuncia em voz alta uma oração inspirada pelo Espírito a qual Deus quer que seja feita em tal momento. A interpretação então informa ao povo aquilo que foi orado e os levanta à oração em conjunto, como também aviva a sua fé. Em outras ocasiões, o Senhor pode desejar que o Seu povo O louve e O adore e Ele pode mover alguém a começar a falar em línguas. Quando há interpretação, esta levanta ao povo ao louvor e à adoração. Se uma interpretação genuína estiver acontecendo, então algumas das mensagens em línguas serão, indubitavelmente, interpretadas como orações e louvor como também exortações. As possíveis explanações do fato de que algumas mensagens em línguas são seguidas por profecias, ao invés de interpretações são: possivelmente, a mensagem em línguas estava fora de ordem e isto inspirou outra pessoa a profetizar; alguém interrompeu e profetizou antes que uma interpretação pudesse ser dada; porque não havia nenhum intérprete presente, ou a pessoa com a interpretação não quis dá-la, então alguém com o dom de profecias moveu-se nesta área. Com relação a esta última razão possível, não é claro a alguns que há uma diferença entre o dom de profecias e o dom de interpretação. Eles, portanto, podem tentar interpretar mensagens em línguas, simplesmente porque eles profetizam. Há, contudo, uma diferença definida e esta tem que ser respeitada.
  • 38. A. Carlos G. Bentes Página 38 24/11/2020 Que mensagens são interpretadas? Se uma interpretação é necessária ou não depende da situação e da categoria das línguas que estão sendo faladas. Nunca houve nenhuma interpretação quando as pessoas falaram em línguas ao receberem o Espírito Santo (At 2.4-6; 10.45-47; 19.6). A Bíblia também indica que, quando as línguas são usadas para a oração ou adoração pessoal, elas não são interpretadas (1Co 14.2,14-18; Rm 8.26-27). As únicas línguas que Paulo disse que necessitam de interpretação são as faladas na igreja com o propósito de comunicarem aos homens. Geralmente, isto é evidente em si mesmo. Uma pessoa, durante o minguamento da adoração, ou durante a oração e espera em Deus em silêncio, distintamente levanta a sua voz por pouco tempo, falando numa língua que é desconhecida aos presentes. Esta é a categoria entre a “variedade (tipos) de línguas” que necessita ser interpretada. Quem deve interpretar as línguas na assembléia? Basicamente, alguém que tenha recebido este dom deveria fazer a interpretação. Pode ser outra pessoa, além daquela que esteja dando a mensagem em línguas (1Co 14.27), ou pode ser a própria pessoa que falou a mensagem em línguas (1Co 14.5-13). Paulo parecia indicar em 1Co 14.27, que, em qualquer reunião está de acordo com a ordem que uma pessoa faça as interpretações. Uma versão traduz esta passagem assim: “Que o mesmo intérprete explique a palavra a todos”. Parece que esta é uma tradução fiel do propósito deste versículo no original. Provavelmente, uma maior ênfase necessita ser colocada no dom de interpretação de línguas. Parece que esta tem sido uma área de entendimento negligenciado no passado. Na verdade, nem todos ou qualquer um deveria tentar exercitá-lo. As tentativas de interpretação por aqueles que não receberam, especificamente, este dom são, provavelmente, a causa de não haver um maior número de interpretações puras. Além disso, é significativo que aqueles que dão mensagens em línguas compreendam que sua responsabilidade não termina com o seu simples falar abertamente em línguas se não houver ninguém com o dom de interpretação presente. A responsabilidade, então, recai sobre eles. Eles devem interpretar suas próprias palavras; caso contrário estarão fora de ordem (1Co 14.5,13-28). Se alguém, portanto, não está definitivamente ciente de que alguém com o dom de interpretação esteja presente, este não deve mover-se em línguas a não ser que esteja disposto a interpretar também, caso ninguém mais o faça. Como saberei se devo dar uma mensagem em línguas ou fazer uma interpretação? A sensibilidade às inspirações internas do Espírito é uma área em que todos devemos aprender. Ela está mais na esfera subjetiva, nenhuma lista de regras pode ser produzida a
  • 39. A. Carlos G. Bentes Página 39 24/11/2020 fim de informar a outros como isto é feito. Certos princípios, contudo, podem ser mencionados e podem ser úteis. Um dos princípios é que compreendamos que Jesus não julgava nem rejeitava a Seus discípulos por cometerem erros ao tentarem fazer a Sua vontade. O terror às consequências de um erro pequeno e sem importância pode fazer com que uma pessoa evite o seu envolvimento permanentemente. Deus tem paciência conosco quando os nossos corações estão puros e estamos sinceramente, procurando fazer a Sua vontade. Assim também o Senhor zela por nós ao tropeçarmos ou cambalearmos enquanto aprendemos a andar nos dons espirituais. Outro princípio é que sua voz e inspirações internas são suaves. É possível que não as percebamos se supormos que elas sejam impressões ou impulsos humanos. Frequentemente, o Senhor move-Se fortemente e com grande clareza e certeza no principiante. Porém, isto pode diminuir à medida em que ele aprende mais sobre a fé e a ter uma maior sensibilidade ao Espírito Santo. O FALAR EM LÍNGUAS E OBSERVAÇÕES GERAIS O que significa “falar em línguas?”. A palavra “línguas” (At 2.3; 1Co 12.10; 13.1) é a palavra grega (γλῶσσα) “glossa” e significa uma linguagem ou idioma. Ela não é “tagarelice incoerente”, e sim linguagens. Observe que a palavra é usada na forma plural o que mostra que um único crente é capaz de, não somente falar uma língua, mas também fala em línguas. Que o falar em línguas sempre se refere a línguas terrenas e conhecidas não pode ser presumido. Na verdade, Paulo usa a mesma palavra referindo-se a línguas angelicais (1Co 13.1). Ele Também diz que, quando alguém fala em línguas “ninguém o entende” (1Co 14.2). 1Co 14.26 diz “... um tem salmo, outro doutrina, este traz revelação, aquele outra língua...”; cada pessoa tem uma diferente. Aplicando-se isto ao Corpo de crentes, em sua totalidade ao redor do mundo, seria muito mais que suficiente para esgotar as línguas terrenas conhecidas. O repertório de línguas de Deus é, certamente, maior que o do homem e inclui muitas que são celestiais ou desconhecidas ao homem. Ainda que as línguas sejam idiomas verdadeiros e devam ser um “sinal aos incrédulos”, as Escrituras não indicam que, afim de que elas sejam um sinal ou que sejam faladas na assembléia, alguém que entenda o idioma que está sendo expresso no exercício deste dom deva estar presente. A única vez na Bíblia em que isto aconteceu está em Atos 2. Paulo esclarece em 1Co 14 que as línguas teriam que ser sobrenaturalmente, interpretadas a fim de que fossem compreendidas na assembléia. Seguindo-se a analogia da profecia de Isaías citada em Paulo (Is 28.10-12; 1Co 14.21), deveríamos observar que a “língua” seria “uma outra”, ou uma língua estranha a Israel. Isto se referia ao julgamento que viria das nações inimigas. Já que eles não ouviriam a Deus falando-lhes através dos profetas, Ele viria a falar-lhes através dos exércitos estrangeiros. O