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Tubarões ameaçados de extinção
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Tubarões, as vítimas
não os predadores
s tubarões e as raias
descendem de uma
mesma espécie de
animal e são cerca de 510 espécies
de tubarões, existem em todos os
mares e oceanos, são comuns em
profundidades até 2000 metros e
geralmente não existem em água
doce. A expectativa de vida de um
tubarão varia de acordo com a
espécie mas a maioria vive entre 20
a 30 anos, sendo que alguns
chegam a atingir os 100 anos.
Os tubarões são
importantíssimos para o
ecossistema marinho. Eles têm uma
função de limpeza dos mares já que
também se alimentam de peixes
feridos, doentes e até de animais
mortos contribuindo assim para a
manutenção da salubridade dos
oceanos. Sendo na sua maioria
animais predadores ajudam a
controlar o número de animais das
espécies das quais se alimentam.
Os tubarões carnívoros incluem na
sua alimentação carpas, sardinhas,
trutas, atuns, linguados, cavalas,
enguias, baleias, lulas, polvos,
tartarugas, crustáceos, aves e
mamíferos marinhos como focas,
golfinhos e leões-marinhos.
Algumas espécies de tubarões
como o tubarão frade, o tubarão
peregrino e o tubarão baleia
alimentam-se de plâncton.
Imagem 1 – Tubarões martelo, retirada
do documentário Racing Extinction
Caçar tubarões, para quê?
Estima-se que cerca de 100
milhões de tubarões são mortos
todos os anos, principalmente para
se comercializarem, determinadas
partes deste animal. Isto é deveras
preocupante pois muitas espécies
de tubarão estão em vias de
extinção (estima-se que cerca de
90% dos espécimes de tubarão já
desapareceram), entre as espécies
ameaçadas estão os tubarões
martelo, representados na Imagem
1; os tubarões brancos; os tubarões
frade; os tubarões azuis e os
tubarões baleia. Ainda existem
outras espécies ameaçadas,
contudo estas são as mais
significativas.
Este perigo de extinção é
agravado pelo facto de a maior
parte das espécies de tubarão ter
uma maturação tardia e levarem
muito tempo a reproduzir-se.
O maior interesse para quem
caça tubarões são as barbatanas
que são muito apreciadas pelos
chineses, para fazer sopa, que é
considerada um produto de luxo nas
comunidades deste país. Mas
muitas pessoas afirmam que esta
sopa nem sequer tem gosto contudo
é muito procurada por ser um
produto de luxo e conferir “status”
às elites asiáticas emergentes.
O
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Imagem 2 – Secagem das barbatanas
de tubarão, em Hong Kong, retirada do
documentário Racing Extinction.
Apesar de as barbatanas
serem o mais atrativo nos tubarões,
(Imagem 2 e a Imagem 3),
chegando a custar o dobro ou o
triplo da carcaça, outras partes
deste animal são também utilizadas
para todo o tipo de mercados. Na
indústria petrolífera é utilizada a
gordura do tubarão; a pele do
animal serve para fazer materiais
como lixas, ferramentas, carteiras e
cintos; os dentes tornam-se, muitas
vezes, em bijuterias; as mandíbulas
são guardadas, normalmente, como
recordação; a cartilagem serve de
matéria-prima para cápsulas,
supostamente, milagrosas e o óleo
do fígado é utilizado para
cosméticos.
Imagem 3 – Comércio de barbatanas
de tubarão, Antony Dickson/AFP
Claramente, nenhuma destas
indústrias tem tanto impacto como a
indústria da culinária, principalmente
em relação à sopa de tubarão,
representada na Imagem 4, devido
à quantidade de tubarões que são
caçados para este fim. A situação é
complicada pois, mesmo sendo
considerada alimento de luxo, a
sopa de tubarão tem um nível de
consumo elevadíssimo sendo um
negócio vantajoso para muitos
restaurantes e, por conseguinte,
para a economia asiática.
Imagem 4 – A “luxuosa” sopa de
tubarão. Fotografia de Cedric Seow,
WikiMedia Commons
A Prática do Finning
Entende-se por Finning a
remoção através do corte das
barbatanas de tubarão e posterior
aproveitamento das mesmas para
confeção de pratos culinários. Esta
prática é extremamente cruel, pois é
efetuado com o animal ainda vivo,
descartando depois a carcaça para
o mar.
A prática do finning é muito
apreciada por diversos fatores, um
deles é o facto de a barbatana de
tubarão ser extremamente mais
cara que o resto. Um outro fator que
tem contribuído para esta prática é
o espaço limitado de
acondicionamento nos barcos.
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Entre as espécies de
tubarões mais afetadas encontram-
se, normalmente, o tubarão azul
que representa mais de metade das
capturas, juntamente com algumas
espécies de tubarão martelo. Isto
porque, nem todas as barbatanas
de tubarão podem ser utilizadas
pelo motivo de algumas possuírem
maior quantidade de fibra
cartilaginosa. Na Imagem 5 está a
descrição das barbatanas que são
retiradas dos tubarões para serem
comercializadas.
Contudo, desde de 2015,
muitos países como os EUA; a
África do Sul; o Reino Unido; o
Omã: a Costa Rica; Cuba: a
Colômbia; a Nova Zelândia; as
Honduras; o Canadá; a Austrália; o
México; as Bahamas; a Argentina e
em geral, alguns países da U.E.
proibiram esta prática.
Imagem 5 – Descrição das barbatanas
retiradas do tubarão na prática do
finning, imagem retirada da Wikipedia
Evolução da caça aos tubarões
A caça aos tubarões é já uma
prática antiga, visto que na China a
sopa de tubarão é apreciada desde
a Dinastia Ming (1368 – 1644). Nos
anos de 1985 a 1998, a importação
de barbatanas aumentou no
comércio mundial em cerca de
214%. Isto porque o consumo da
famosa sopa aumentou
exponencialmente em Hong Kong.
A sopa de barbatanas de
tubarão tem sido muito apreciada
nestes anos todos e tem sido até
considerada um produto luxuoso.
Contudo, na última década, a venda
deste produto caiu 25% no mercado
mundial e o consumo deste
alimento sofreu uma quebra de
cerca 50% a 70%.
A luta pela proibição da
venda desta sopa tem sido enorme
e muito demorada; grupos
ambientalistas têm tentado
consciencializar a população
através de publicidades com
famosos (caso da WildAid
juntamente como o ex-jogador de
basquete, Yao Ming) e até com
documentários/filmes, como o caso
de Racing Extiction.
Em 2003, na U. E., foi banida
a prática de caçar tubarões, contudo
a prática continuou a existir devido
às lacunas existentes na lei. Depois
desta medida fracassada em 2003 o
caso ficou esquecido. No entanto,
nestes últimos anos,
aproximadamente desde 2010, o
caso voltou a ser muito impactante
na imprensa mundial. Com isto,
começaram a ser feitas novas leis e
as instituições ligadas ao assunto,
como a CITES começaram a
intervir.
Em 2012, Macau ainda
importou cerca de 120 mil quilos de
barbatana, porém este número viria
a mudar nos anos a seguir.
Esta mudança deve-se,
principalmente, à CITES
(Convention on International Trade
in Endangered Species of Wild
Fauna and Flora, em português,
Convenção sobre o Comércio
Internacional de Espécies
Ameaçadas de Fauna e Flora) que
4. 4
ocorreu em 2013 e que colocou 5
espécies de tubarão na lista de
animais em vias de extinção
(atualmente nesta lista encontram-
se 8 espécies de tubarão), com 91
votos a favor e 39 votos contra dos
130 países que fazem parte desta
convenção.
Após este acontecimento
existiram mudanças nas leis da
maioria dos países. No Egipto; nas
Ilhas Marshall; nas Bahamas e em
alguns Estados dos EUA foi proibida
a venda de barbatanas de tubarão.
As companhias aéreas também se
uniram a esta causa e 26 delas
(incluindo a TAP) concordaram em
não transportar este tipo de
mercadorias.
Até na Ásia, onde a sopa de
barbatanas de tubarão é muito
apreciada, existiram algumas
mudanças. Começando pelas redes
hoteleiras, 5 delas comprometeram-
se a não servir a tão famosa sopa.
A nível da política também existiram
algumas mudanças, como por
exemplo, a sopa ser proibida em
eventos oficiais na China; em Hong
Kong e na Malásia.
Em 2013, Hong Kong
importou menos 35% de barbatanas
de tubarão e as reexportações para
a China caíram 90%, Claro que
estas mudanças “repentinas” não
são só pelas campanhas em vigor,
que já começaram a dar fruto, e as
pessoas estão mais
consciencializadas para este
problema. Em Beijing, Xangai,
Guangzhou e Chengdu, na China,
85% das pessoas afirmaram ter
parado com o consumo da sopa.
Outro motivo para a queda do
comércio das barbatanas de
tubarão é a pressão dos grupos
ambientalistas. No entanto, a crise
económica pela qual está a maior
parte do mundo a passar é também
um grande fator para a queda deste
comércio, assim como a proibição
do finning em pelo menos 100
países.
Independentemente das
razões que estão a fazer diminuir o
consumo de sopa de tubarão, o que
realmente está a ser provado é que
a pesca destes animais está em
queda, até porque passaram a
existir alternativas como o
ecoturismo como aconteceu na Isla
Mujeres, na Costa do México, onde
ex-pescadores de tubarões fazem
agora passeios turísticos com os
tubarões baleia. Também está a ser
provado que o comércio das
barbatanas de tubarão está em
declínio, como comprova
Guangzhou, o centro deste tipo
comércio, na China, onde as vendas
caíram cerca de 82% e os preços
das barbatanas caíram entre 42% a
57%.
Espera-se que nos próximos
anos a prática de finning e a pesca
de tubarão seja proibida nas águas
não só da U.E. mas em todo o
planeta. Em seu lugar, deverão ser
desenvolvidos programas de
ecoturismo e outros que se
enquadram no âmbito do
desenvolvimento sustentável. Ainda
estamos a tempo de evitar a
extinção destes animais que já
povoavam os nossos oceanos,
mesmo antes dos dinossauros, há
mais de 400 milhões de anos.
5. 5
Bibliografia:
Imagem 1 – Documentário Racing Extinction, Direção: Louie Psihoyos,
Produção: Fisher Stevens e Olivia Ahnemann, Janeiro 2015 (consultado a 18
de Dezembro, 2015)
Imagem 2 – www.goedenshark.blogspot.pt/2014/10/racing-extinction-and-
sharks.html?m=1 (consultado a 18 de Dezembro, 2015)
Imagem 3 – www.publico.pt/ecosfera/noticia/todos-os-anos-sao-mortos-mais-
de-100-milhoes-de-tubaroes-1586533 (consultado a 4 de Janeiro, 2016)
Imagem 4 – http://blogln.ning.com/profiles/blogs/sopa-de-barbatana-de-tubar-o
(consultado a 4 de Janeiro, 2016)
Imagem 5 – https://en.wikipedia.org/wiki/Shark_finning (consultado a 4 de
Janeiro, 2016)
Fontes:
Filme documentário Racing Extinction, Direção: Louie Psihoyos,
Produção: Fisher Stevens e Olivia Ahnemann, Janeiro 2015 (consultado
a 18 de Dezembro, 2015)
http://www.dn.pt/globo/interior/cerca-de-100-milhoes-de-tubaroes-sao-
mortos-por-ano-3084216.html (consultado a 27 de Novembro, 2015)
http://www.pewtrusts.org/~/media/post-launch-images/2014/shark-
alliance/assets/european_shark_guide_2010.pdf?la=en (consultado a 14
de Dezembro, 2015)
http://www.stopsharkfinning.net/ (consultado a 27 de Novembro, 2015)
https://cites.org/eng/news/pr/cites_shark_listings_capacity_building_effor
ts_endorsed_by_un_general_assembly_15122015 (consultado a 14 de
Dezembro, 2015)
http://nacoesunidas.org/novo-software-para-proteger-tubaroes-
ameacados-por-caca-ilegal-e-disponibilizado-por-agencia-da-onu/
(consultado a 23 de Novembro,2015)
http://voices.nationalgeographic.com/tag/shark-finning/ (consultado a 27
de Novembro, 2015)
http://expresso.sapo.pt/sociedade/2015-11-02-TAP-proibe-barbatanas-
de-tubarao-e-trofeus-de-caca-a-bordo- (consultado a 23 de Novembro,
2015)
http://www.nauzero.com/2014/12/o-maior-mercado-de-barbatana-de-
tubarao-do-mundo-esta-em-franco-declinio/ (consultado a 23 de
Novembro, 2015)
Trabalho realizado por:
Ana Catarina Caeiro
Patrícia Simões
Margarida Marques