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*Acadêmicas do Curso de Farmácia - 2017, 3º semestre, Bioquímica, UNIVERSIDADE FEDERAL DO
AMAPÁ - UNIFAP
EXTRAÇÃO DE AMIDO DO INHÂME E CARACTERIZAÇÃO
BIOQUMÌICA COM REATIVO DE BENEDICT E LUGOL
*SILVA, Aline Lorena Costa
Disciplina: Bioquímica
Profs.: Mr. Glauber Vilhena; Drª. Mayara Tânia
RESUMO
Os polissacarídeos são monossacarídeos ligados por ligações glicosídicas. Dentre estes, os de
maior relevância na natureza são: o glicogênio, a celulose e o amido. O amido, é produzido em
grande quantidade nas plantas e depositado no citoplasma das células, formando um
armazenamento do produto da fotossíntese, a glicose. Ele é constituído por dois outros
polissacarídeos: α-amilose de conformação helicoidal e amilopectina de estrutura ramificado.
Ele pode ser encontrado em diferentes concentrações em raízes, tubérculos, grãos, cereais e
legumes. Neste estudo, objetiva-se descrever a extração do amido do inhâme e relatar sua
caracterização bioquímica, através da reação qualitativa de identificação de açúcares redutores
utilizando o reagente de Benedict e a reação de identificação com o iodo. A reação de Benedict
apresentou-se positiva para glicose e erroneamente para o amido de inhâme e a reação de lugol
foi positiva apenas para os amidos. Conclui-se que a capacidade redutora de alguns açucares
deve-se ao grupamento - OH livre no carbono 1 e a complexação do reativo de iodo com um
polissacarídeo depende do seu arranjo espacial.
1-INTRODUÇÃO
O amido é um homopolissacarídeo
composto por cadeias de amilose e
amilopectinas. A amilose é formada por
monômeros de glicose unidos por ligações
glicosídicas (α1→4). A amilopectina é
formada por unidades de glicose (α1→6)
unidas a (α1→4), formando uma estrutura
ramificada. O amido pode ser obtido de
diversas fontes vegetais, como cereais,
raízes e tubérculos, e também de frutas e
legumes, no entanto, a extração em nível
comercial de amido se restringe aos cereais,
raízes e tubérculos. É o polissacarídeo de
reserva dos vegetais e está armazenado sob
a forma de grânulos, que apresentam um
certo grau de organização molecular, o que
confere aos mesmos um caráter
parcialmente cristalino, ou semicristalino
com graus de cristalinidade que variam de
20 a 45% (YOUNG, 2004).
O inhâme é uma fonte potencial para
alimentos fabricados em muitos países
tropicais e subtropicais devido ao seu alto
conteúdo de amido (HUANG et al., 2006).
Este polissacarídeo apresenta propriedades
específicas necessárias para dar
funcionalidade e atributos desejáveis a
alguns alimentos, a exemplo dos amidos
pré-gelatinizados que desempenham um
papel muito importante em alimentos
instantâneos e da influência que exerce
sobre sua textura (SINGH et al., 2003)
Por ser rico em carboidratos, o
inhame constitui uma grande fonte de
energia sendo recomendado nas dietas de
recém-nascidos, de pessoas idosas e
convalescentes, devido ao seu alto valor
energético e alta digestibilidade conferida
pelos pequenos grãos de amido. Uma forma
de obter este amido para consumo durante
longos períodos, inclusive nas entressafras
do inhame, é armazená-lo na sua forma em
pó, aplicando processos de extração,
secagem e trituração.
O objetivo deste trabalho foi realizar
a extração do amido de inhame e analisar a
presença desse carboidrato a base de testes
bioquímicos.
2-METODOLOGIA
2.1-MATERIAIS
Tubos de ensaios
Estante de tubo
Pipeta volumétrica
Peras
Vidro de relógio
2.2-EQUIPAMENTOS
Banho Maria
Balança volumétrica
2.3-REAGENTES
Reativo de Benedict
Reativo de iodo
Solução de amido
Solução de glicose
Solução de sacarose
Solução de HCl
Solução de NaOH
2.4-PROCEDIMENTOS
2.4.1- EXTRAÇÃO DE AMIDO DO
INHÂME
O primeiro passo foi a higienização.
Os tubérculos foram lavados com água
corrente, ainda com a casca, para uma
primeira eliminação de corpos estranho e,
principalmente, terra. Em seguida houve o
descascamento. Foi realizado de forma
manual e lavados novamente para
eliminação de resquícios de sujidades. Após
descascado, o inhame foi seccionado em
partes menores, para facilitar a trituração.
Triturou-se em liquidificador doméstico
(600W) e adicionou-se água no decorrer da
trituração até que se torne pastoso
homogeneizado. A massa obtida foi filtrada
em um pano. A suspensão de amido filtrada
foi decantada, inicialmente, por 17 horas em
ambiente refrigerado para evitar
interferências enzimáticas ou fermentativas
no processo.
Após tempo estimado, submeteu-se a
amostra a uma centrifugação, em
laboratório, por 8 minutos, para acelerar o
processo de decantação. Houve o descarte
do sobrenadante e finalmente a obtenção do
amido de inhame. Os testes bioquímicos
foram realizados e os resultados anotados.
2.4.2-CARACTERIZAÇÃO DE
AÇUCARES REDUTORES
Nomeou-se os tubos de ensaio como
A, B, C, D e E.
Tubo A: 1 ml de glicose 1% e 1 ml de
reativo de Benedict;
Tubo B: 1 ml de sacarose a 1% e 1 ml de
reativo de Benedict;
Tubo C: 1 ml de água destilada e 1 ml de
reativo de Benedict;
Tubo D: 1 ml de amido de milho a 1% e 1
ml de reativo de Benedict;
Tubo E: 1 ml de amido de inhame a 1% e 1
ml de reativo de Benedict.
Levou-se ao banho Maria por 5 minutos e
observou-se as colorações assumidas em
cada solução.
2.4.3-REAÇÃO DE LUGOL E GRAU DE
RAMIFICAÇAO DA MOLÉCULA DE
CARBOIDRATO
Nomeou-se os tubos de ensaio como
A, B e C e em cada um acrescentou-se:
Tubo A: 1 ml de amido de milho a 1% e 5
gotas de lugol
Tubo B: 1 ml de amido de inhame a 1% e 5
gotas de lugol
Tubo C: 1 ml de água destilada e 5 gotas de
lugol.
3- RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1- EXTRAÇÃO DE AMIDO
O amido é um polissacarídeo de alta
importância para a indústria alimentícia. Ele
é encontrado em raízes, tubérculos cereais,
grãos e legumes. O inhâme é um tubérculo
com fonte energética de grande potencial
devido seu alto conteúdo de amido. O
processo de extração do amido do inhâme
assemelha-se bastante com as extrações
realizadas com a maioria das amiláceas
(mandioca, batata e batata doce). Dessa
forma, ao final da filtragem, observou-se o
lento deposito do amido do inhâme no
fundo do recipiente (figura 1).
Fonte: Autor, 2018.
Para que se tenha um amido mais livre
de sujidades e mucilagem, recomenda-se
que se repitam várias sessões de suspensão
e decantação até que o produto apresente
cor e texturas características de amido, ou
seja, grânulos semicristalinos.
3.2- CARACTERIZAÇÃO DE
AÇUCARES REDUTORES (REAÇÃO
DE BENEDICT)
As reações com o reativo de Benedict
que resultaram em mudança de coloração
após o aquecimento foram: a solução de
glicose e a solução de amido do inhâme. As
que permaneceram com a mesma coloração
foram: solução de sacarose 1%, a solução de
amido de milho 1% e a água destilada
(figura 2).
Fonte: autor, 2018.
A coloração laranja assumida pela
solução de glicose ao interagir com o
reativo de Benedict indica que houve
redução do cobre (Cu2+ → Cu+). Isto ocorre
porque os açucares com potencial redutor
possuem grupos aldeídos ou cetonas livres
ou potencialmente livres, sofrendo
oxidação em solução alcalina de íons
metálicos como o cobre. Os íons cúpricos
(Cu2+) são reduzidos pela carbonila dos
carboidratos a íons cuprosos (Cu+)
formando o óxido cuproso, que tem cor
vermelho tijolo. No caso da glicose ela é
oxidada a ácido glicurônico, reduzindo íons
cúpricos a íons cuprosos (VOET, D.;
VOET, J., 2006). As reações abaixo
mostram o que ocorre com o Cu(OH)2 na
presença e na ausência de agentes redutores,
em meio alcalino e a quente.
Fonte: POZZOBON, 2017.
A sacarose não sofre oxidação porque
possui dois carbonos anoméricos
envolvidos na ligação glicosídica, isso
ocorre porque na formação desse
dissacarídeo a molécula de glicose e frutose
que o compõe, são unidas de tal forma que
seus grupos carbonílicos são quebrados,
anulando, assim, sua capacidade redutora.
Dessa maneira seu resultado sempre dará
negativo, a menos que, a sacarose seja
submetida a ebulição com ácido clorídrico
diluído, onde ela será quebrada em glicose
e frutose, que podem ser detectadas pelo
reativo (MARZZOCO; TORRES, 2009).
O amido sendo um açúcar deveria
apresentar uma coloração avermelhada na
presença do Benedict, porém, apesar de
possuir uma extremidade redutora, não é
capaz de formar o óxido de cobre I, por
tanto, é considerado um
homopolissacarídeo não-redutor e enquanto
não houver hidrólise não haverá reação, por
isso não houve alteração da cor ao adicionar
o reagente de Benedict (BORSOLARI et
al., 2009).
Em contra partida, o amido advindo
do inhâme apresentou uma coloração
levemente amarelada, tal fato pode ser
explicado por uma falha no processo de
extração do amido do tubérculo o que
resultou na presença de outros carboidratos
na amostra, como por exemplo a glicose, já
que a mesma é armazenada pela planta em
forma de amido para reduzir a pressão
osmótica intracelular. Outra explicação
cabível, seria a ocorrência de hidrólise do
amido, formando seus polissacaridios
amilose e amilopctina e subsequentemente,
a ocorrência de formação de unidades
menores, a glicose (COHEN et al., 2008).
A coloração apresentada no tubo com
água destilada já era esperada, já que nessa
amostra não deve conter nenhuma espécie
de carboidrato.
3.3- IDENTIFICAÇÃO DE
POLISSACARÍDEOS (REAÇÃO DE
LUGOL)
As soluções que resultaram em
mudança de coloração após a reação com
reativo de lugol foram: a solução de amido
de milho e a solução com amido extraído do
inhâme. O tubo que continha apenas a água
destilada permaneceu com a mesma cor do
reativo lugol, isso porque ela constitui o
grupo controle onde não deve haver
presença de carboidrados (figura 3).
Fonte: autor, 2018.
Ao misturarmos o amido com a
solução de iodo, uma cor azul-preteada foi
observada, tal fato ocorre pois, esse
halogênio forma um complexo com os
polissacarídeos, principalmente a α-
amilose. Na presença da amilose, as
moléculas de iodo são aprisionadas na
estrutura helicoidal desse polissacarídeo, se
ligando, assim, ao polímero do amido.
Comparando as duas amostra de amido,
verifica-se que a solução de amido de milho
assumiu uma maior intensidade de
coloração em relação a solução de amido de
inhame, neste contexto, podemos discorrer
que isso aconteceu devido a diferentes
concentrações de amilose e amilopectina
nas amostra. Dessa forma a que se
apresentou mais escurecida provavelmente
apresenta maior teor de amilose (SOUZA;
NEVES, 2018).
3.4- GRAU DE RAMIFICAÇÃO DA
MOLÉCULA DE CARBOIDRATO
Após a adição de lugol nas amostras
apenas a solução de amido apresentou
mudança de coloração, por motivos já
discorridos no teste anterior. A água
destilada e a solução de glicose
permaneceram com a cor do reagente de
iodo. Sendo está última incapaz de
complexar com o iodo (figura 4).
Fonte: autor, 2018.
A intensidade da reação com iodo
dar-se na seguinte ordem: amilose,
amilopectina, glicogênio.
O iodo se aloja dentro da cadeia de
polissacarídeo. Como a amilopectina não
apresenta estrutura helicoidal, devido à
presença das ramificações, a interação com
o iodo será menor, e a coloração será menos
intensa.
Porém, nem todos os polissacarídeos,
apesar de serem moléculas grandes, dão
complexo colorido com o iodo. Isso porque
é necessário que a molécula apresente uma
conformação que propicie o encaixe do
iodo.
Ao ser adicionado o hidróxido de
sódio (NaOH) na solução de amido e lugol,
verificou-se que a solução perdeu sua
coloração, ficando transparente. Ao ser
adicionado o ácido clorídrico na mesma,
observou-se um parcial retorno da
coloração (figura 5).
Fonte: autor, 2018.
O amido quando exposto ao ácido
sofreu hidrólise formando glicose. Esse
processo ocorre naturalmente na boca que
tem pH em torno de 4,5 e pela ação da
enzima amilase. A glicose é incapaz de se
ligar ao iodo dando reaçao negativa
(SOUZA; NEVES, 2018).
4- CONCLUSÃO
Conclui-se que, a capacidade que
alguns açucares apresentam de reduzir íons
metálicos em soluções alcalinas é um bom
método de identificação para esses
compostos, isso acontece pois, alguns
carboidratos possuem um grupamento - OH
(hidroxila) livre no carbono 1 de suas
moléculas atuando, assim, como bons
agentes redutores, enquanto outros não.
Acrescenta-se, que a complexação do iodo
com um polissacarídeo depende do seu
arranjo espacial, no caso do amido a
conformação helicoidal da amilose que o
constitui propicia o encaixe do iodo em sua
estrutura. Consequentemente quanto mais
favorável a essa complexação mais
escurecida de apresentara a solução após a
reação.
REFERÊNCIAS
BORSOLARI, C. D.; RODRIGO, D.;
PICCOLO, H. A.; PEREIRA, J. S.;
FURUKAWA, L. Extração e
Caracterização Bioquímica do Amido da
Batata. ABC: Santo André, 2009.
COHEN, R.; ORLAVA, Y.; KOVALEV,
M.; UNGAR, Y. Structural and Funcional
Propties of Amilose Complexes with
Genistein. Journal of Agricultural and
Food Chemistry: New York, 2008.
HUANG, C.; LIN, M.; WANG, C.R.
Changes in morphological, thermal and
pasting properties of yam (Dioscorea alata)
starch during growth. Carbohydrate
Polymers, v.64, p.524–531, 2006.
MARZZOCO, Anita; TORRES, Bayardo
Baptista. Bioquímica Básica, 2ªed. Rio de
Janeiro, 2009.
POZZOBON, Adriane. Biomedicina na
prática: da teoria à bancada. Univates:
Lajeado, 2017.
SINGH, N.; SINGH, J.; KAUR, L.;
SODHI, N.S.; GILL, B.S. Morphological,
thermal and rheological properties of
starches from different botanical sources.
Food Chemistry, v.81, n.2, p.219-231,
2003.
SOUZA, Karina A. F.D; NEVES, Valdir
A.: Reação com iodo. Disponível em:
www.fcfar.unesp.br/alimentos/bioquímica/
praticas_ch/teste_amido.htm. Acesso em:
08/05/2018.
VOET, Donald; VOET, Judith G.:
Bioquímica. 3ª Ed. Artmed: Porto Alegre,
2006.
YOUNG, H. Fractionation of starch. In:
WHISTLER, R. L.; BeMILLER, J. N.;
PASCHALL, E. F. (ed). Starch Chemistry
and Technology. 2. ed. Orlando: Academic
Press, 2004.
APÊNDICE
APÊNDICE A: resultados das colorações
obtidas nas reações com reativo de
Benedict, reativo de lugol e soluções de
hidróxido de sódio e ácido clorídrico:
COLORAÇÃO VISUALIZADA NAS SOLUÇÕES
Benedict Lugol
Sacarose Azul*
Glicose Amarelo Vermelho *
Amido de milho Azul* Azul escuro
Amido de inhâme Amarelo Azul escuro
Água destilada Azul* Vermelho*
*azul: indica que não houve mudança de coloração e
a solução permaneceu coma cor do reativo Benedict.
*vermelho: indica não houve mudança de coloração
e a solução permaneceu com a cor do reativo lugol.

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Relatorio 5 amido .

  • 1. *Acadêmicas do Curso de Farmácia - 2017, 3º semestre, Bioquímica, UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ - UNIFAP EXTRAÇÃO DE AMIDO DO INHÂME E CARACTERIZAÇÃO BIOQUMÌICA COM REATIVO DE BENEDICT E LUGOL *SILVA, Aline Lorena Costa Disciplina: Bioquímica Profs.: Mr. Glauber Vilhena; Drª. Mayara Tânia RESUMO Os polissacarídeos são monossacarídeos ligados por ligações glicosídicas. Dentre estes, os de maior relevância na natureza são: o glicogênio, a celulose e o amido. O amido, é produzido em grande quantidade nas plantas e depositado no citoplasma das células, formando um armazenamento do produto da fotossíntese, a glicose. Ele é constituído por dois outros polissacarídeos: α-amilose de conformação helicoidal e amilopectina de estrutura ramificado. Ele pode ser encontrado em diferentes concentrações em raízes, tubérculos, grãos, cereais e legumes. Neste estudo, objetiva-se descrever a extração do amido do inhâme e relatar sua caracterização bioquímica, através da reação qualitativa de identificação de açúcares redutores utilizando o reagente de Benedict e a reação de identificação com o iodo. A reação de Benedict apresentou-se positiva para glicose e erroneamente para o amido de inhâme e a reação de lugol foi positiva apenas para os amidos. Conclui-se que a capacidade redutora de alguns açucares deve-se ao grupamento - OH livre no carbono 1 e a complexação do reativo de iodo com um polissacarídeo depende do seu arranjo espacial. 1-INTRODUÇÃO O amido é um homopolissacarídeo composto por cadeias de amilose e amilopectinas. A amilose é formada por monômeros de glicose unidos por ligações glicosídicas (α1→4). A amilopectina é formada por unidades de glicose (α1→6) unidas a (α1→4), formando uma estrutura ramificada. O amido pode ser obtido de diversas fontes vegetais, como cereais, raízes e tubérculos, e também de frutas e legumes, no entanto, a extração em nível comercial de amido se restringe aos cereais, raízes e tubérculos. É o polissacarídeo de reserva dos vegetais e está armazenado sob a forma de grânulos, que apresentam um certo grau de organização molecular, o que confere aos mesmos um caráter parcialmente cristalino, ou semicristalino com graus de cristalinidade que variam de 20 a 45% (YOUNG, 2004). O inhâme é uma fonte potencial para alimentos fabricados em muitos países tropicais e subtropicais devido ao seu alto conteúdo de amido (HUANG et al., 2006). Este polissacarídeo apresenta propriedades específicas necessárias para dar funcionalidade e atributos desejáveis a alguns alimentos, a exemplo dos amidos pré-gelatinizados que desempenham um
  • 2. papel muito importante em alimentos instantâneos e da influência que exerce sobre sua textura (SINGH et al., 2003) Por ser rico em carboidratos, o inhame constitui uma grande fonte de energia sendo recomendado nas dietas de recém-nascidos, de pessoas idosas e convalescentes, devido ao seu alto valor energético e alta digestibilidade conferida pelos pequenos grãos de amido. Uma forma de obter este amido para consumo durante longos períodos, inclusive nas entressafras do inhame, é armazená-lo na sua forma em pó, aplicando processos de extração, secagem e trituração. O objetivo deste trabalho foi realizar a extração do amido de inhame e analisar a presença desse carboidrato a base de testes bioquímicos. 2-METODOLOGIA 2.1-MATERIAIS Tubos de ensaios Estante de tubo Pipeta volumétrica Peras Vidro de relógio 2.2-EQUIPAMENTOS Banho Maria Balança volumétrica 2.3-REAGENTES Reativo de Benedict Reativo de iodo Solução de amido Solução de glicose Solução de sacarose Solução de HCl Solução de NaOH 2.4-PROCEDIMENTOS 2.4.1- EXTRAÇÃO DE AMIDO DO INHÂME O primeiro passo foi a higienização. Os tubérculos foram lavados com água corrente, ainda com a casca, para uma primeira eliminação de corpos estranho e, principalmente, terra. Em seguida houve o descascamento. Foi realizado de forma manual e lavados novamente para eliminação de resquícios de sujidades. Após descascado, o inhame foi seccionado em partes menores, para facilitar a trituração. Triturou-se em liquidificador doméstico (600W) e adicionou-se água no decorrer da trituração até que se torne pastoso homogeneizado. A massa obtida foi filtrada em um pano. A suspensão de amido filtrada foi decantada, inicialmente, por 17 horas em ambiente refrigerado para evitar interferências enzimáticas ou fermentativas no processo. Após tempo estimado, submeteu-se a amostra a uma centrifugação, em laboratório, por 8 minutos, para acelerar o processo de decantação. Houve o descarte do sobrenadante e finalmente a obtenção do amido de inhame. Os testes bioquímicos foram realizados e os resultados anotados.
  • 3. 2.4.2-CARACTERIZAÇÃO DE AÇUCARES REDUTORES Nomeou-se os tubos de ensaio como A, B, C, D e E. Tubo A: 1 ml de glicose 1% e 1 ml de reativo de Benedict; Tubo B: 1 ml de sacarose a 1% e 1 ml de reativo de Benedict; Tubo C: 1 ml de água destilada e 1 ml de reativo de Benedict; Tubo D: 1 ml de amido de milho a 1% e 1 ml de reativo de Benedict; Tubo E: 1 ml de amido de inhame a 1% e 1 ml de reativo de Benedict. Levou-se ao banho Maria por 5 minutos e observou-se as colorações assumidas em cada solução. 2.4.3-REAÇÃO DE LUGOL E GRAU DE RAMIFICAÇAO DA MOLÉCULA DE CARBOIDRATO Nomeou-se os tubos de ensaio como A, B e C e em cada um acrescentou-se: Tubo A: 1 ml de amido de milho a 1% e 5 gotas de lugol Tubo B: 1 ml de amido de inhame a 1% e 5 gotas de lugol Tubo C: 1 ml de água destilada e 5 gotas de lugol. 3- RESULTADOS E DISCUSSÕES 3.1- EXTRAÇÃO DE AMIDO O amido é um polissacarídeo de alta importância para a indústria alimentícia. Ele é encontrado em raízes, tubérculos cereais, grãos e legumes. O inhâme é um tubérculo com fonte energética de grande potencial devido seu alto conteúdo de amido. O processo de extração do amido do inhâme assemelha-se bastante com as extrações realizadas com a maioria das amiláceas (mandioca, batata e batata doce). Dessa forma, ao final da filtragem, observou-se o lento deposito do amido do inhâme no fundo do recipiente (figura 1). Fonte: Autor, 2018. Para que se tenha um amido mais livre de sujidades e mucilagem, recomenda-se que se repitam várias sessões de suspensão e decantação até que o produto apresente cor e texturas características de amido, ou seja, grânulos semicristalinos. 3.2- CARACTERIZAÇÃO DE AÇUCARES REDUTORES (REAÇÃO DE BENEDICT) As reações com o reativo de Benedict que resultaram em mudança de coloração
  • 4. após o aquecimento foram: a solução de glicose e a solução de amido do inhâme. As que permaneceram com a mesma coloração foram: solução de sacarose 1%, a solução de amido de milho 1% e a água destilada (figura 2). Fonte: autor, 2018. A coloração laranja assumida pela solução de glicose ao interagir com o reativo de Benedict indica que houve redução do cobre (Cu2+ → Cu+). Isto ocorre porque os açucares com potencial redutor possuem grupos aldeídos ou cetonas livres ou potencialmente livres, sofrendo oxidação em solução alcalina de íons metálicos como o cobre. Os íons cúpricos (Cu2+) são reduzidos pela carbonila dos carboidratos a íons cuprosos (Cu+) formando o óxido cuproso, que tem cor vermelho tijolo. No caso da glicose ela é oxidada a ácido glicurônico, reduzindo íons cúpricos a íons cuprosos (VOET, D.; VOET, J., 2006). As reações abaixo mostram o que ocorre com o Cu(OH)2 na presença e na ausência de agentes redutores, em meio alcalino e a quente. Fonte: POZZOBON, 2017. A sacarose não sofre oxidação porque possui dois carbonos anoméricos envolvidos na ligação glicosídica, isso ocorre porque na formação desse dissacarídeo a molécula de glicose e frutose que o compõe, são unidas de tal forma que seus grupos carbonílicos são quebrados, anulando, assim, sua capacidade redutora. Dessa maneira seu resultado sempre dará negativo, a menos que, a sacarose seja submetida a ebulição com ácido clorídrico diluído, onde ela será quebrada em glicose e frutose, que podem ser detectadas pelo reativo (MARZZOCO; TORRES, 2009). O amido sendo um açúcar deveria apresentar uma coloração avermelhada na presença do Benedict, porém, apesar de possuir uma extremidade redutora, não é capaz de formar o óxido de cobre I, por tanto, é considerado um homopolissacarídeo não-redutor e enquanto não houver hidrólise não haverá reação, por isso não houve alteração da cor ao adicionar
  • 5. o reagente de Benedict (BORSOLARI et al., 2009). Em contra partida, o amido advindo do inhâme apresentou uma coloração levemente amarelada, tal fato pode ser explicado por uma falha no processo de extração do amido do tubérculo o que resultou na presença de outros carboidratos na amostra, como por exemplo a glicose, já que a mesma é armazenada pela planta em forma de amido para reduzir a pressão osmótica intracelular. Outra explicação cabível, seria a ocorrência de hidrólise do amido, formando seus polissacaridios amilose e amilopctina e subsequentemente, a ocorrência de formação de unidades menores, a glicose (COHEN et al., 2008). A coloração apresentada no tubo com água destilada já era esperada, já que nessa amostra não deve conter nenhuma espécie de carboidrato. 3.3- IDENTIFICAÇÃO DE POLISSACARÍDEOS (REAÇÃO DE LUGOL) As soluções que resultaram em mudança de coloração após a reação com reativo de lugol foram: a solução de amido de milho e a solução com amido extraído do inhâme. O tubo que continha apenas a água destilada permaneceu com a mesma cor do reativo lugol, isso porque ela constitui o grupo controle onde não deve haver presença de carboidrados (figura 3). Fonte: autor, 2018. Ao misturarmos o amido com a solução de iodo, uma cor azul-preteada foi observada, tal fato ocorre pois, esse halogênio forma um complexo com os polissacarídeos, principalmente a α- amilose. Na presença da amilose, as moléculas de iodo são aprisionadas na estrutura helicoidal desse polissacarídeo, se ligando, assim, ao polímero do amido. Comparando as duas amostra de amido, verifica-se que a solução de amido de milho assumiu uma maior intensidade de coloração em relação a solução de amido de inhame, neste contexto, podemos discorrer que isso aconteceu devido a diferentes concentrações de amilose e amilopectina nas amostra. Dessa forma a que se apresentou mais escurecida provavelmente apresenta maior teor de amilose (SOUZA; NEVES, 2018). 3.4- GRAU DE RAMIFICAÇÃO DA MOLÉCULA DE CARBOIDRATO
  • 6. Após a adição de lugol nas amostras apenas a solução de amido apresentou mudança de coloração, por motivos já discorridos no teste anterior. A água destilada e a solução de glicose permaneceram com a cor do reagente de iodo. Sendo está última incapaz de complexar com o iodo (figura 4). Fonte: autor, 2018. A intensidade da reação com iodo dar-se na seguinte ordem: amilose, amilopectina, glicogênio. O iodo se aloja dentro da cadeia de polissacarídeo. Como a amilopectina não apresenta estrutura helicoidal, devido à presença das ramificações, a interação com o iodo será menor, e a coloração será menos intensa. Porém, nem todos os polissacarídeos, apesar de serem moléculas grandes, dão complexo colorido com o iodo. Isso porque é necessário que a molécula apresente uma conformação que propicie o encaixe do iodo. Ao ser adicionado o hidróxido de sódio (NaOH) na solução de amido e lugol, verificou-se que a solução perdeu sua coloração, ficando transparente. Ao ser adicionado o ácido clorídrico na mesma, observou-se um parcial retorno da coloração (figura 5). Fonte: autor, 2018. O amido quando exposto ao ácido sofreu hidrólise formando glicose. Esse processo ocorre naturalmente na boca que tem pH em torno de 4,5 e pela ação da enzima amilase. A glicose é incapaz de se ligar ao iodo dando reaçao negativa (SOUZA; NEVES, 2018). 4- CONCLUSÃO Conclui-se que, a capacidade que alguns açucares apresentam de reduzir íons metálicos em soluções alcalinas é um bom método de identificação para esses compostos, isso acontece pois, alguns carboidratos possuem um grupamento - OH (hidroxila) livre no carbono 1 de suas moléculas atuando, assim, como bons agentes redutores, enquanto outros não.
  • 7. Acrescenta-se, que a complexação do iodo com um polissacarídeo depende do seu arranjo espacial, no caso do amido a conformação helicoidal da amilose que o constitui propicia o encaixe do iodo em sua estrutura. Consequentemente quanto mais favorável a essa complexação mais escurecida de apresentara a solução após a reação. REFERÊNCIAS BORSOLARI, C. D.; RODRIGO, D.; PICCOLO, H. A.; PEREIRA, J. S.; FURUKAWA, L. Extração e Caracterização Bioquímica do Amido da Batata. ABC: Santo André, 2009. COHEN, R.; ORLAVA, Y.; KOVALEV, M.; UNGAR, Y. Structural and Funcional Propties of Amilose Complexes with Genistein. Journal of Agricultural and Food Chemistry: New York, 2008. HUANG, C.; LIN, M.; WANG, C.R. Changes in morphological, thermal and pasting properties of yam (Dioscorea alata) starch during growth. Carbohydrate Polymers, v.64, p.524–531, 2006. MARZZOCO, Anita; TORRES, Bayardo Baptista. Bioquímica Básica, 2ªed. Rio de Janeiro, 2009. POZZOBON, Adriane. Biomedicina na prática: da teoria à bancada. Univates: Lajeado, 2017. SINGH, N.; SINGH, J.; KAUR, L.; SODHI, N.S.; GILL, B.S. Morphological, thermal and rheological properties of starches from different botanical sources. Food Chemistry, v.81, n.2, p.219-231, 2003. SOUZA, Karina A. F.D; NEVES, Valdir A.: Reação com iodo. Disponível em: www.fcfar.unesp.br/alimentos/bioquímica/ praticas_ch/teste_amido.htm. Acesso em: 08/05/2018. VOET, Donald; VOET, Judith G.: Bioquímica. 3ª Ed. Artmed: Porto Alegre, 2006. YOUNG, H. Fractionation of starch. In: WHISTLER, R. L.; BeMILLER, J. N.; PASCHALL, E. F. (ed). Starch Chemistry and Technology. 2. ed. Orlando: Academic Press, 2004. APÊNDICE APÊNDICE A: resultados das colorações obtidas nas reações com reativo de Benedict, reativo de lugol e soluções de hidróxido de sódio e ácido clorídrico: COLORAÇÃO VISUALIZADA NAS SOLUÇÕES Benedict Lugol Sacarose Azul* Glicose Amarelo Vermelho * Amido de milho Azul* Azul escuro Amido de inhâme Amarelo Azul escuro Água destilada Azul* Vermelho* *azul: indica que não houve mudança de coloração e a solução permaneceu coma cor do reativo Benedict. *vermelho: indica não houve mudança de coloração e a solução permaneceu com a cor do reativo lugol.