O documento descreve a grave situação económica de Portugal, com o investimento a cair drasticamente nos últimos anos, levando a aumentos acentuados no desemprego e reduções no PIB. Embora as dívidas continuem a subir, as medidas de austeridade impostas pelo Governo e Troika apenas agravam mais a recessão. Preocupa que não haja ainda uma solução à vista para quebrar este ciclo vicioso entre queda do investimento, crescimento do desemprego e agravamento da dívida pública.
2. Antes de ligar o computador espalhei sobre a secretária as projeções dos organismos
que mais me interessavam: Governo, Banco de Portugal, INE, Eurostat e Troika. A
imagem que delas sobressai está ligada a cortes. Vamos cortar em tudo: no consumo, no
investimento e no produto; no emprego, na educação e na saúde; nos salários, nos
subsídios e nas pensões. Lembrei-me do Eça: se V.Exas. nos cortam tudo, que poderemos
nós cortar a V.Exas?
O corte que mais me preocupa é o do investimento. Medido em percentagem do PIB,
este indicador representava 27% em 2000 e era dos mais altos da Zona euro. Depois foi
caindo, caindo, e em 2010 estava reduzido a 19%. A cumprirem-se as atuais projecções, o
percurso mantém-se e chegará aos 16% em 2012, um número arrepiante. Como o
investimento é o principal motor do crescimento económico, adivinha-se o abismo para
que nos estão a empurrar.
Acresce que ao investimento está associado o emprego, um fenómeno muito sensível e
que mexe com toda a gente. Nos últimos 10 anos terminados em 2010, a taxa de
desemprego subiu seis pontos para os 10,8% da população ativa. E para 2011-12 admite-se
a destruição de mais 100 mil postos de trabalho, o que elevará aquela taxa para os 13,2%.
Consultei registos até aos anos sessenta do século passado: não há memória de um
pesadelo assim.
3. O problema dos salários é diferente. Ainda que muito baixos em termos absolutos, não
se pode dizer o mesmo quando os comparamos com a produtividade, já que o seu peso no
PIB tem andado pelos 50%, dos mais elevados da Europa. Mas a crise da dívida alterou
tudo: as expectativas baixaram tanto que bem poderemos dar-nos por satisfeitos se
mantivermos os salários nominais, o que só por si significa uma perda equivalente à taxa
de inflação.
O cenário é desolador. E na sua origem está a necessidade imperiosa de travar as
dívidas. O problema é que as dívidas mantêm uma trajetória de subida que parece não ter
fim. Não se pense que isto é uma crítica ao Governo; ele não tinha alternativa. O que eu
critico são as três entidades que se propuseram "ajudar-nos" e escolheram como
instrumento a asfixia. Como economista, tenho extrema dificuldade em perceber como é
que se para uma recessão profunda promovendo uma recessão ainda maior.
Que modelo é este? A VERTIGEM
Cai a economia... (Variação, 2006=100) ...disparam as dívidas (Dívidas, % PIB)
4. O colapso do investimento, que em apenas seis anos caiu mais de 30%, arrastou consigo
centenas de milhar de postos de trabalho e elevou a taxa de desemprego para níveis
explosivos. Mas o investimento é também um dos principais motores da economia, o que
levou a que o PIB entrasse igualmente em colapso. E as dívidas não servem de desculpa, já
que ambas continuam a crescer. Estamos a regar o fogo com gasolina...
Noticia de: Diário Económico
Sexta-feira, 29 de Julho de 2011
Daniel Amaral, Economista
Gráficos de: Banco de Portugal
5. “Como o investimento é o principal motor do
crescimento económico, adivinha-se o abismo
para que nos estão a empurrar.”
“Mas o investimento é também um dos
principais motores da economia, o que levou a
que o PIB entrasse igualmente em colapso.”
6. Inovação na gestão/
Capacidade empresarial
Investimento físico
Aumento da
produtividade
Crescimento da
produção
Crescimento
económico
7. “… ao investimento está associado o emprego,
um fenómeno muito sensível e que mexe com
toda a gente.”
Investimento em
recursos humanos
Educação/Formação
Investigação e
Desenvolvimento
(I&D)
Novas formas de
gestão / capacidade
empresarial
Crescimento
económico
9. Conclusão
• A noticia é, na verdade, assustadora porque a diminuição do
investimento leva ao aumento do desemprego e à diminuição PIB pm,
o que agrava cada vez mais a recessão económica que o nosso país está
a atravessar. Por outro lado a divida pública aumenta, aumentando a
nossa dependência em relação ao Exterior.
• Somos levados a perguntar: Qual a solução?
• Gostamos de responder mas se nem os nossos Governantes a
encontram mais difícil para nós opinar.