Este documento fornece informações sobre a saúde, nutrição, higiene, segurança, repouso e conforto de crianças entre 0-3 anos, incluindo regras básicas. Aborda tópicos como tipos de doenças comuns nesta faixa etária, formas de prevenção de contágio, sinais e sintomas de quando uma criança está doente e regras para o uso e administração de medicamentos.
2. SAÚDE DA CRIANÇA
Noção de Saúde
Tipos de Doenças
Formas e Prevenção de Contágio
Sinais e Sintomas da Criança Doente
Medicamentos: Regras de Utilização e Administração
4. “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas ausência de
doença” (OMS)
Direito social que deve ser assegurado sem distinção de raça, idade, religião,
ideologia política ou condição socioeconômica, a saúde é assim apresentada como
um valor coletivo, um bem de todos.
5. Creches e jardins de infância, e os seus profissionais devem zelar pela boa aplicação das regras de
deontologia profissional. Devem assegurar que as crianças tenham a possibilidade de fazer valer os
seus direitos e afirmar a sua primazia como pessoa.
Convicções culturais, filosóficas e religiosas deverão ser tidas em consideração, quer nos aspetos
terapêuticos, quer nos hábitos, alimentares, bem como algumas regras sociais referentes ao
relacionamento entre as pessoas e aos rituais de nascimento e morte.
7. Gastroenterite: irritação e inflamação do tubo digestivo, incluindo o estômago e o intestino. As causas mais comuns são agentes
virais, bactérias, parasitas e as intoxicações alimentares, as queixas mais comuns são a diarreia, dor abdominal,
cólicas, náuseas e vómitos.
Epilepsia: doença neurológica que envolve o sistema nervoso. Fala-se em epilepsia quando ocorrem, pelo menos, dois episódios de convulsões não
relacionados com a abstinência alcoólica, hipoglicémia, problemas cardíacos ou outros. Em alguns casos, basta um episódio de convulsão
para se fazer o diagnóstico da epilepsia, desde que exista um risco elevado de ocorrência de outro episódio. As crises têm tendência a repetir-se ao
longo do tempo sendo a frequência variável de doente para doente.
Meningite: é uma doença causada pela inflamação das meninges, que são as membranas que protegem o cérebro e a medula espinal. Essa
inflamação é habitualmente o resultado de uma infeção do líquido que se encontra em torno do cérebro e da medula espinal. Quando as
meninges estão inflamadas pode ocorrer lesão do cérebro ou da medula. A taxa de mortalidade inerente a esta infeção permanece elevada e as
sequelas permanentes, como surdez e alterações do desenvolvimento psicomotor, ocorrem em cerca de 25% dos sobreviventes.
8. Amigdalite: a dor de garganta é um sintoma frequente nos nossos dias. Poderá significar um processo inflamatório
das amígdalas ou da faringe. Se a inflamação afetar as amígdalas, estamos perante uma amigdalite; caso afete
a faringe, a inflamação será uma faringite aguda. A amigdalite é uma inflamação geralmente
aguda, mas que também pode ser crónica, das amígdalas palatinas por bactérias ou vírus.
Conjuntivite: inflamação da conjuntiva devido a uma reação alérgica ou à ação de um vírus ou bactéria.
Quando isto acontece, os vasos sanguíneos dos olhos tornam-se vermelhos, e surgem sintomas como
comichão, lacrimejo e secreção. Pode afetar os dois olhos em simultâneo e tornar-se incómodo dificultando
as atividades habituais das pessoas afetadas.
Otite: é provocada habitualmente pela entrada de água no ouvido ou em situações de infeção do canal auditivo externo,
associada a quadro clínico predominante e intenso de dor.
Bronquiolite: infeção aguda das vias aéreas inferiores, caracteriza-se por uma obstrução das vias aéreas de pequeno
calibre (bronquíolos), dificultando a entrada do ar nos pulmões.
9. Obesidade Infantil: é uma condição em que o excesso de gordura corporal afeta negativamente a saúde ou bem-estar de uma criança. A obesidade infantil é caracterizada pelo
excesso de peso entre bebés e crianças de até 12 anos de idade. A criança é identificada como obesa quando o seu peso corporal ultrapassa em 15%
o peso médio correspondente à sua idade
Escarlatina: doença infeciosa e contagiosa caracterizada por amigdalite, febre e manchas vermelhas no corpo característica da escarlatina. É mais comum em crianças até aos 10 anos mas
também pode atingir adolescentes e adultos. A maioria das crianças desenvolve anticorpos protetores contra a toxina, que previnem a recorrência da doença.
Asma: é uma doença inflamatória crónica dos brônquios que se inicia, habitualmente, na infância, mas que pode surgir em qualquer idade.
Rinite Alérgica: doença inflamatória crónica da mucosa nasal. Na origem está a exposição a determinados estímulos (alergénios), aos quais o sistema imunológico reage, ocorrendo inflamação.
Sabe-se que existe uma predisposição genética que influencia a presença desta condição médica.
Sinusite: inflamação dos seios perinasais habitualmente causada por uma infeção que pode ser originada por vírus, bactérias ou fungos. É uma doença muito comum que interfere
de modo significativo na qualidade de vida e no desempenho profissional e social das pessoas afetadas.
10. Dermatite atópica: é uma doença inflamatória crónica da pele, com início habitual
durante a infância. De um modo geral, a dermatite atópica afeta
pessoas com história pessoal ou familiar de asma, rinite alérgica ou
dermatite atópica.
Dermatite das Fraldas: inflamação da pele da zona coberta pela fralda. Apresenta-se
como vermelhidão ou eritema que afeta as superfícies que entram em
contacto direto com a fralda e, por vezes, afeta também as pregas.
Infeções Urinárias: corresponde à presença de bactérias em qualquer parte do sistema
urinário (rins, ureteres e bexiga). Os principais sintomas são: ardor ou dor
ao urinar, ocorrência de micções frequentes e em pequena quantidade,
vontade urgente e frequente de urinar, urina com cheiro fétido, febre, dor
lombar e dificuldade em iniciar a micção.
Diabetes: é uma doença metabólica crónica, que se caracteriza pelo aumento dos
níveis de açúcar no sangue (glicémia). As crianças e adolescentes sofrem
11. Varicela:é uma infeção viral sendo das doenças mais comuns na infância e é muito
contagiosa. Esta infeção contrai-se através do contacto direto com a pele
infetada ou com partículas de saliva libertadas na tosse ou nos espirros de um doente.
A facilidade do contágio é acentuada pelo facto de uma pessoa poder infetar outra
ainda antes de os sintomas da varicela nela se manifestarem.
Sarampo: é uma das infeções virais mais contagiosas, transmitindo-se de pessoa a
pessoa, por via aérea através de gotículas ou aerossóis. Surgem minúsculas
manchas brancas na boca, nem sempre detetáveis. Ao fim de 3 a 5 dias, o
sarampo causa uma erupção na pele associada a comichão ligeira com aspeto de
superfícies irregulares, planas e vermelhas. No pico do sarampo, o paciente sente-
se muito prostrado, a erupção é extensa e a febre pode ultrapassar os 40º C.
Tosse convulsa: também denominada como tosse coqueluche, é uma doença infeciosa
aguda, que compromete o aparelho respiratório (traqueia e brônquios).
13. São impedidas de frequentar temporariamente o estabelecimento de infância, de acordo
com a legislação em vigor, as crianças atingidas por doenças transmissíveis tais como:
• Difteria • Rubéola
• Escarlatina • Sarampo
• Febre Tifoide e Paratifoide • Tinha
• Hepatite A • Tosse Convulsa
• Hepatite B • Tuberculose
• Impetigo • Varicela
• Meningite • Diarreia
• Parotidite Epidémica • Febre
• Poliomielite • Conjuntivite
• Estomatite Aftosa • Vómitos
• Pediculose (Piolhos e Lêndeas)
14. Quando se trata de doença infetocontagiosa, os
pais/encarregados de educação deverão
comunicar ao estabelecimento, a natureza da
doença a fim de poderem ser tomadas as medidas
necessárias.
Sempre que a criança adoecer por período
superior a cinco dias uteis, a mesma só poderá
ingressar mediante atestado médico comprovativo
de inexistência de qualquer perigo ou contágio.
Na situação de pediculose, a criança só poderá
regressar quando a cabeça estiver completamente
limpa de piolhos e lêndeas.
15. Sempre que a criança apresente sintomas de qualquer doença ou adoeça inesperadamente, será isolada
das outras crianças como forma de prevenção de contágio e os pais/encarregados de educação
avisados para que procedam à sua recolha logo que possível.
Em caso de surto epidémico , como medida profilática, as creches e jardins de infância, devem pedir a
colaboração da Autoridade de Saúde Local, e proceder de acordo com as suas orientações.
16. PARÂMETROS BÁSICOS PELOS QUAIS SE GUIAM AS
CRECHES E INFANTÁRIOS:
A febre avisa que o corpo está a enfrentar um vírus ou
uma bactéria. A partir dos 37 ou 37,5 graus, avisam-se
os pais para ir buscar a criança.
Se já estiver em casa com febre, é melhor não a levar à
escola. Os antipiréticos baixar-lhe-ão a febre, mas
passadas poucas horas os pais serão chamados para
irem buscar a criança.
Os vómitos e diarreias costumam ter a sua origem nos
vírus intestinais, muito contagiosos; assim, quando a
criança apresentar algum destes sintomas também não
deve ir à escola.
17. São motivo para ficar em casa todas as doenças
infeciosas ou contagiosas: conjuntivite, faringite,
amigdalite, gastroenterite, otite… E ainda outras
clássicas: varicela, rubéola, gripe, infeções
respiratórias.
As erupções cutâneas (com borbulhas ou manchas
na pele) costumam provir de uma doença
contagiosa ou de uma reação alérgica. Assim, a
menos que tenhamos a certeza que se trata de uma
reação alérgica, são motivo para não ir à creche.
Se a criança tiver piolhos deverá permanecer em
casa até ter terminado o tratamento e estarmos
certos de que já não os tem.
18. O motivo mais importante para deixar a criança em
casa é que esta necessita de dar descanso ao
organismo para enfrentar a doença. A criança que
demonstra não estar bem tem as defesas em baixo e
está mais propensa a apanhar qualquer infeção.
As crianças curam-se mais depressa em casa, com os
cuidados de um ser querido ou de uma pessoa que lhe
dedique toda a atenção. Quando são pequenos, o mais
relevante é a afetividade na recuperação. O benefício
evidente de estar atento de imediato aos sintomas é
que a criança recuperará mais cedo graças aos
cuidados dos pais.
19. Pode regressar à creche quando não tiver febre nem outros
sintomas.
As doenças contagiosas que requerem antibiótico normalmente
deixam de o ser após 48-72 horas de estar a tomar o
medicamento se a criança também deixou de apresentar
sintomas.
Mas nem tudo é uma questão de sintomas. Pode não ter sintomas
mas estar ainda débil e cansado. Quem sabe ficou fraco ao tomar
o antibiótico ou necessita de mais dias para recuperar totalmente.
É importante respeitar o processo de recuperação até ao final.
Pode ser recusada a entrada da criança se esta apresenta
sintomas evidentes de estar doente ou de doença contagiosa.
Não permitirão a sua entrada até ter alta médica.
20. Fatores de risco Medidas de controlo
Número de crianças por sala
Respeitar a legislação/normas que
referem o número máximo de crianças
por sala
Crianças cuidadas em conjunto
independente da faixa etária
Crianças separadas em grupos por
faixa etária.
Estado vacinal desatualizado
Normas e monitorização da vacinação
de crianças e funcionários
Uso de fraldas de pano Utilização de fraldas descartáveis
Fraldas usadas sem roupas sobre as
mesmas (maior contaminação
ambiental)
Utilização de roupas sobre as fraldas
21. Fatores de risco Medidas de controlo
Contaminação das mãos após
determinadas atividades (uso da
casa de banho, troca de fraldas,
assoar o nariz)
Rotina da lavagem das mãos, com
orientação para os momentos em
que a lavagem deve acontecer
Contato com sangue e secreções Uso de precauções padrão
Troca de fraldas e manuseio de
alimentos realizados pela mesma
pessoa
Funcionários não acumulam funções
de trocar fraldas e preparar e
manipular alimentos
Fatores de risco Medidas de controlo
Contaminação da superfície onde ocorre
a troca de fraldas
Área de troca independente é
desinfetada após cada uso, com
encaminhamento adequado das fraldas
usadas
Contaminação ambiental Rotina de limpeza de superfícies
Contaminação de brinquedos Rotina de limpeza de brinquedos
23. SINAL SIMTOMA
São os relatos, as queixas,
aquilo que o paciente diz ao
médico. É uma queixa
subjetiva, o que a pessoa está
a sentir ou sentiu.
É uma manifestação clínica
que outra pessoa percebe,
principalmente profissionais
de saúde. Assim, as
manifestações são visíveis,
sentidas ou ouvidas por
outras pessoas e, por isso,
não são exclusivamente
sentidas e verificadas pelo
paciente.
24. Sinais da Criança Doente
• Febre
• Temperatura baixa
• Diarreia
• Vómitos
• Falta de Ar
• Irritação Cutânea
• Alteração do estado normal da pele (manchas, feridas,
pápulas, bolhas…)
• Dificuldade respiratória (ruídos respiratórios, pieira,
farfalheira…)
• Alterações da cor de pele (palidez, cianose,
vermelhidão…)
• Retenção Urinária
• Alteração do aspeto dos olhos (vermelhos, secreções
abundantes, lacrimejo…)
• Dor à mobilização
• Convulsão
• Tosse
• Secreções nasais abundantes
• Entre Outros…
Sintomas da Criança Doente
• Queixas das crianças
• Alteração do Estado Geral
• Falta de Apetite
• Choro persistente e inconsolável
• Moleza
• Entre outros…
26. A administração de medicação à criança no estabelecimento
só será dada quando acompanhada de fotocópia de receita
ou guia de tratamento que comprove a absoluta e
imprescindível necessidade da mesma durante a permanecia
da criança no estabelecimento.
Em casos pontuais poderá dar-se medicação sem receita,
mediante assinatura pelos pais/encarregados de educação
de um termo de responsabilidade.
A medicação só será administrada quando devidamente
identificada com o nome completo da criança, sala,
dosagem, horário e duração do tratamento.
A instituição não se responsabiliza pela realização de
aerossóis, aspirações nasais ou nebulizações, podendo
recusar, previamente a administração de qualquer
medicamento que interfira no normal decorrer das rotinas ou
que de algum modo possa por em risco a saúde das
restantes crianças.
27. FEBRE DORES
Analgésicos: são todos os medicamentos capazes de reduzir ou
aliviar a dor.
Antipiréticos: são todos os medicamentos capazes de reduzir a febre.
ANTIPIRÉTICOS
ANALGÉSICOS
28. O Paracetamol é o medicamento mais utilizado em todo o mundo em pediatria.
São bastante seguros e eficazes, mas têm indicações específicas e podem
acarretar alguns perigos.
O Paracetamol oral ou retal é utilizado em situações de febre ou dores ligeiras a
moderadas tais como síndromes gripais, reações dolorosas a vacinas, dores de
cabeça, dores de dentes, de ouvidos, traumáticas, musculares ou articulares. No
entanto, não deve ser dado a bebés antes dos três meses de vida sem antes
consultar o médico, pois nos bebés é muito importante investigar de imediato a
causa de qualquer febre.
A dose recomendada em cada toma deverá ser de 15 mg por cada Kg de peso da
criança.
Assim, por exemplo, uma criança com 15 quilos deverá tomar (15 mg x 10 Kg =
500 mg) de cada vez.
As doses podem ser tomadas 6/6h ou de 8/8h (três a quatro vezes por dia)
consoante a gravidade da situação.
PARACETAMOL
30. Este medicamento não deve ser dado se a criança
manifestou anteriormente qualquer alergia ao
paracetamol.
Pode ser tomado com bebidas ou alimentos.
Após a abertura do frasco de xarope, o
medicamento pode ser utilizado por um período de
12 meses, desde que conservado num local seco
e fresco.
O maior perigo associado ao paracetamol é a
utilização de doses excessivas, que podem
provocar uma intoxicação.
Esta situação é muito grave pois pode provocar
lesões no fígado que podem ser fatais.
31. O ibuprofeno pode ser utilizado nas situações em que
possam existir febre ou dores ligeiras a moderadas.
Em relação ao paracetamol é geralmente mais potente e
os dois podem ser utilizados em conjunto, ou de forma
alternada, nas situações mais graves.
É muito frequente o médico aconselhar a utilização
alternada destes dois medicamentos, de forma a que a
criança possa tomar um deles cada quatro horas.
Não deve ser dado a crianças com menos de seis
meses sem antes consultar o médico.
A dose recomendada em cada dia deverá ser de 20 mg
por cada quilo de peso da criança.
Assim, uma criança de 12 Kg poderá tomar (20 mg x 12
Kg =) 240 mg num dia.
IBUPROFENO
33. As doses podem ser tomadas cada 6h/6h ou 8/8h (três a
quatro vezes por dia).
Este medicamento não deve ser dado se a criança
manifestou anteriormente alergia ao Ibuprofeno.
Deve ser evitado em crianças com varicela pois
aumenta o risco de surgirem algumas complicações.
Deve também ser evitado, se possível, em crianças com
asma, rinite, urticária ou tendência alérgica pois
aumenta o risco de desencadear ou agravar uma crise.
O Ibuprofeno deve ser tomado de preferência depois
das refeições.
Após a abertura do frasco de xarope, o medicamento
pode ser utilizado por um período de 12 meses, desde
que conservado num local seco e fresco.