1. Pérgamo : uma Igreja tolerante
A CIDADE
Pérgamo ficava localizada a cerca de vinte e quatro quilômetros da costa do mar Egeu. Esta
cidade era o centro mais importante de culto ao imperador no Oriente, por causa do
grande templo dedicado a Roma e a Augusto, que havia sido erigido ali em 29 a.C.
Também havia templos dedicados a Zeus, Atena, Dionísio e Esculápio.A cidade não era tão
importante quanto Êfeso, em termos de comércio, mas religiosamente era digna de nota.
Visto que o templo dedicado “ao divino Augusto e à deusa Roma” levava toda a Asia à
adoração do imperador, esta, provavelmente, é a razão por que João falou da cidade
como o trono de Satanás. Todavia, muitos intérpretes têm tentado relacionar esta
expressão ao templo de Zeus, que ficava em uma colina, cerca de duzentos e cinqüenta
metros acima da cidade. O templo de Esculápio, deus da cura, era a sede de uma ordem
de sacerdotes médicos, cujo emblema era a serpente. Vinha gente de longe para esse
lugar de cura. Conta-se que pacientes dormiam no templo, para que as serpentes não
venenosas rastejassem sobre eles como parte do processo curativo. Pelo fato de João
igualar Satanás à serpente do Éden, algumas pessoas crêem que esta é a razão para se
chamar Pérgamo de trono de Satanás, mas existe uma explicação melhor.
“CRISTO.”
Cristo é identificado apenas pela característica única anteriormente mencionada (1:16)
como aquele que tema espada aguda de dois gumes. Visto que o procônsul romano
governava pelo poder da espada, alguns crêem que João estava expressando, com este
termo, o fato de Cristo realmente ter o poder da soberania. João estava estabelecendo
o contraste de um tipo de espada com outro. A vitória de Cristo, sobre os seus inimigos,
dependia de sua palavra.
CONHEÇO AS TUAS OBRAS ...
“Conheço onde você vive, onde está o trono de Satanás.”
Plenamente ciente da situação em Pérgamo, Jesus disse aos cristãos locais: “Conheço onde
vocês vivem.” Não foi a estranhos, a quem está de passagem ou a turistas que ele se
dirigiu (comparar IPe 1.1), mas a residentes permanentes que nasceram e cresceram em
Pérgamo e tinham suas raízes fincadas naquela cidade. Deus os chamara de seu
ambiente pagão para vir a ser seu povo. Jesus explica a expressão “onde está o trono de
Satanás” com as palavras “onde Satanás habita”. O verbo viver significa que sua habitação é
permanente, assim como os cristãos locais são habitantes permanentes, mas são duas forças
opositoras. .
Qual é o significado do trono de Satanás? Há pelo menos cinco
interpretações:
• Pérgamo era o centro da religião pagã.
• Para o viajante que vinha do oriente, a acrópole[Acrópole é o santuario ou a fortaleza das partes mais
elevadas das cidade gregas.] tinha o aspectode um trono.
• O altar de Zeus Sótêr tinha o formato de um trono.
• Asclépio Sótêr era identificado com a serpente.
• Pérgamo era o centro do culto ao imperador.
“reténs o meu nome”.
tu não te envergonhas do teu relacionamento comigo, mas considerasuma honra o meu
nome estar acrescentado ao teu, que,assim como a mulher carrega o nome do marido, assim
tu és chamado pelo meu nome; isso reténs firmemente,como tua honra e privilégio”.
2. “e não negaste a minha Fé”
não negaste as grandes doutrinas do evangelho, nem te desviaste da fé cristã, e por meio
disso tu foste conservado fiel”. Nossa fé terá grande influência sobre a nossa fidelidade.
Homens que negam a fé em Cristo podem se jactar muito de sua sinceridade, e de sua
fidelidade a Deus e da consciên-cia; mas poucas vezes se ouviu que os que abandonaram
a verdadeira fé retiveram a sua fidelidade; geralmente na rocha em que os homens fizeram
naufragar a sua fé fazem naufragar também a sua boa consciência. E aqui o nosso bendito
Senhor enaltece a fidelidade da sua igreja em contraste com as circunstâncias dos tempos
Antipas ,minha testemunha fiel
.Antipas...· Nada se sabe dc certo acerca desse personagem, exceto aquilo que poderia
ser depreendido do texto presente. Supomos que ele era Líder ou pastor da igreja dc
Pérgamo, tendo sido escolhido para o martírio, talvez como advertência aos demais
membros da «traiçoeira seita cristã». Simeào Metafrastcs contava uma história lendária
acerca de um certo Antipas, bispo de Pérgamo, o qual, nos tempos do imperador
Domiciano, foi fechado dentro de um boi de bronze, aquecido ao rubro. Seu corpo foi,
literalmente, cozido. Diz-se que ele terminou seus últimos momentos com louvor e
oração. Talvez essa lenda esteja baseada em fatos autênticos.
A REPROVAÇÃO
A condenação de Pérgamo foi que essa igreja estava sendo tolerante em demasia e havia
permitido que permanecessem nela algumas pessoas que esposavam o ensino nicolaíta.
Os efésios haviam sido elogiados por terem reconhecido e rejeitado o mesmo erro.
A palavra Balaão é introduzida da história contida no Velho Testamento, para mostrar o
erro da heresia nicolaíta . Balaão era o proverbial exemplo hebraico de falso mestre.
Balaão(Núm. 22-25) havia aconselhado Balaque acerca de como seduzir Israel. O resultado
foi que Israel cometeu idolatria com Baal e fornicação com as mulheres moabitas (Núm.
25:1-5). Os falsos mestres, os nicolaítas, em Pérgamo, estavam fazendo a mesma coisa.
Em Pérgamo, o resultado foi que os cristãos começaram a cometer um pecado que se
entende melhor comparando os com os pecados de Tiatira (2:20). Os pecados mencionados
são: comerem das coisas sacrificadas a ídolos e se prostituírem. É provável que um
pecado, e não dois, esteja sendo focalizado. Cometer fornicação, tanto no Velho quanto
em o Novo Testamento, significa imoralidade sexual tanto quanto infidelidade religiosa.
Idolatria e prostituição são sinônimos. A ofensa não era o fato de terem comido
acidentalmente a carne previamente oferecida em um templo pagão, e agora sendo
servida na mesa de um amigo. Comer essa carne nos rituais religiosos de um templo
pagão era a um só tempo idolatria e fornicação. Além disso, em muitos dos templos
pagãos, verdadeira imoralidade sexual era também praticada em conexão com as refeições
idólatras
Os nicolaítas ensinavam que o crente não precisa ser diferente. Quanto mais ele pecar maior
será a graça, diziam. Quanto mais ele se entregar aos apetites da carne, maior será a
oportunidade do perdão. Eles faziam apologia ao pecado. Eles defendiam que os crentes
precisam ser iguais aos pagãos. Eles deviam se conformar com o mundo. Por esta razão, o
texto nos diz que Cristo odeia a obra dos nicolaítas. Ele odeia o pecado. O que era odiado em
Éfeso era tolerado em Pérgamo.
O REMÉDIO
A igreja precisava expurgar aquele pecado de tolerância com o erro doutrinário e com a
libertinagem moral. A igreja precisava arrepender-se do seu desvio doutrinário e do seu desvio
de conduta. Verdade e vida precisam ser pautadas pela Palavra de Deus. Embora o juízo caia
sobre os que se desviaram, a igreja toda é disciplinada e envergonhada por isso.A igreja
precisa arrepender-se de sua tolerância com o erro. Embora apenas alguns membros da
igreja tenham se desviado, os outros devem se arrepender porque foram
3. tolerantes com o pecado. Enquanto os crentes de Éfeso odiavam as obras dos nicolaítas, os
crentes de Pérgamo, toleravam a doutrina e a obra dos nicolaítas. O pecado da igreja de
Pérgamo era a tolerância ao erro e ao pecado. A falta de arrependimento desemboca no juízo.
Jesus virá em juízo condenatório contra todos aqueles que permanecem impenitentes e
contra aqueles que se desviam da verdade. Antipas morreu pela espada dos ro-
manos. Mas quem tem a verdadeira espada é Jesus. Ele derrotará os seus inimigos com esta
poderosa arma. A espada da sua boca é a sua arma que destrói seus inimigos. Essa é a única
arma que Jesus usará na Sua segunda vinda. Com ela Ele matará o anticristo e também
destruirá os rebeldes e apóstatas.
A RECOMPENSA
Após a repetitiva exortação para se ouvir o que o Espírito diz às igrejas, o vencedor tem a
promessa de receber o maná escondido e uma pedra branca. Que significa a fraseologia
dessas duas dádivas?Por quarenta anos, o maná foi o alimento de Israel no deserto até
que o povo atravessasse o Jordão e entrasse em Canaã. Deus instruiu Moisés a pôr um vaso
de maná em “a arca da aliança”, e assim ele esteve escondido dos olhos humanos (Ex
16.32-34; Hb 9.4). De acordo com o escritor de 2 Macabeus 2.4-7, na destruição do templo de
Salomão Jeremias escondeu o tabernáculo com a arca e o altar do incenso numa caverna do
Monte Nebo, e selou sua entrada.Os judeus aguardavam a vinda da era messiânica, quando
comeriam o maná escondido.51 Os cristãos, contudo, reconheceram Jesus como o
Messias que introduziu a era messiânica. Desde a vinda de Jesus, seus seguidores têm
comido o maná escondido e desfrutado de suas bênçãos. Jesus se denominou de pão da
vida, e contrastou-o com o maná que os israelitas comeram no deserto (Jo 6.48,49). Esse
pão gerador de vida é, de fato, o alimento espiritual e o maná escondido do cristão. Para os
incrédulos ele está escondido dos olhos físicos, porém é disponível a todos os que
depositam sua fé em Cristo (Mt 11.25; Cl 2.3; 3.3).
O significado da pedra branca permanece um mistério, o qual os
comentaristas têm tentado resolver de várias maneiras:
• Pedras preciosas caídas do céu com o maná. Isso, porém, não
passa de lenda.
• Pedras brancas eram lançadas nos tribunais de justiça para
significar a absolvição do réu, e pedras pretas, para o conde-
nar. No Dia do Juízo, uma pedra branca caracterizará a absol-
vição do cristão. O texto, porém, não diz que o vencedor lança
uma pedra branca, mas que ele recebe uma pedra branca. Além
disso, as pedras lançadas num tribunal não tinham nenhum nome
inscrito nelas.
• Um objeto branco feito de metal, madeira ou pedra denominado
tessera outorgava a seu possuidor certo privilégio na sociedade.
Não obstante, a durabilidade dessas substâncias é questionável.
Uma pedra branca podia ser usada como amuleto ou talismã.
Esse costume, porém, pertence à prática de bruxaria, não à dou-
trina da salvação.
• Os edifícios de Pérgamo, nos dias de João, eram feitos de pedra
marrom escuro. As inscrições nesses edifícios eram talhadas em
b lo co s de m árm ore b ran co . H em er o b serv a: “D ecreto s
honoríficos da cidade reiteradamente estipulavam que o registro
de seus benfeitores deveriam ser gravados em [pedra branca].”52
A objeção consiste em que a palavra grega p s ê p h o s no texto
significa “seixo”, não “pedra”.
• O peitoral do sumo sacerdote tinha doze pedras, e cada uma
delas tinha o nome de uma tribo escrito (Ex 28.21). Semelhan-temente, uma pedra branca
com o nome individual do crente escrito nela está sempre na presença de Deus.
4. • A pedra pode ser uma pedra preciosa translúcida como um dia
mante, no qual o nome de Cristo está escrito. O nome de Cristo
está escrito nas frontes dos santos (3.12; 14.1; 22.4).53
As duas últimas interpretações são muito proveitosas. No contexto
do Apocalipse, a última parece a mais forte e recebe o endosso de
outras passagens. O nome de Cristo significa que os santos lhe perten-
cem. Já nesta terra, os crentes são conhecidos como cristãos, isto é,
seguidores de Jesus Cristo, em cujas pegadas eles andam.