PROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdf
Ficha de leitura - Rita
1. Ficha de leitura
Ficha técnica do livro
Autor: Ondjaki
Título: Quantas madrugadas tem a noite
Editora: Caminho
Transcrição de ideias e frases que mais me cativaram/considerei mais
engraçadas e que descrevem cronologicamente a ação do livro:
“Vamos iniciar os primeiros tintins.”
“ (…) nós, candengues, queríamos gastar todo riso da frase, espremer-lhe
as gotas da cócega (…)”
“ A kota, olho e sheltox à espera, desentrincheirou veloz, na visão
certeira: como digo, viu a principal abelha, a kota tinha estudado bem as
lições da antiga quarta classe dela, quem mata rei, rei fica, nunca ouviste
assim? Pois, e a kota: a abelha rainha em voo distraído, a kota metralhou
meia lata de sheltox – ou era flit? -, aquilo foi de ver e pedir bis: parecia
era dança rebita, todas abelhas e operárias e demais ao redoro da kota,
mesmo nenhuma picada, só bzzz-bzzz de respeito e dali pra diante, ela
mesmo, pessoa e rainha, abelhas escravas dela (…)”
“AdolfoDido!, tás a captar? Diz só rápido… Já captaste? Adolfo…Dido,
Adolfo…Dido, tudo isso era a maka dos mais velhos porque iam ter que
pronunciar a palavra já essa, fodido, e o muadiê mesmo nem sabia, esse
nome é que ia lhe besuntar toda a vida de gente a lhe foder toda hora,
tipo quarra mesmo, um gajo de azar na pele, fazer mais como então!”
“Isso até vai pedir mais uma birra – venha ela.”
“ (…) há que descobrir as coisas no devagar das coisas: o amor não
acende num fósforo sozinho.”
“Aquilo era um senhor Cão, dono do mundo dele, quer dizer, a kota que
era rainha das abelhas perdia estatuto ao pé dele, o filho da puta do
Cão!”
“tem que dar bejo da boca!
mas quem ia dar beijo na cara feia do Burkina?
AdolfoDido de novo!, isso já foi coragem mesmo, tenho que admitir,
Burkina então é um gajo feio, meu não dá para lhe beijar assim, lábios de
homem com homem. Mas foi. E mudos, nem falámos mais.”
“As costuras do céu tinham rebentado e o costureiro-anjo tava de férias
– e nós aqui, a aguentar as aquáticas consequências (…)”
“Ó caracoles!, outra vez a mesma maka de sempre, nome dele, as pessoas
pensavam aquilo era brincadeira-provocação (…)”
2. “Sim, o nome de facto é esse que a senhora disse AdoldoDido, mas há
aqui um problema – é que o médico escreveu aqui na razão da morte,
«autópsia inconclusiva» … Além de que: é preciso provas que alguém dos
senhores é mesmo familiar familiar direito do senhor Fodido, ah digo!,
AdolfoDido.”
“é que parece que o nosso camba AdolfoDido campou…
depois se engasgou e disse mais
parece, não! morreu mesmo, até porque eu já vi o corpo dele morto (…)”
“vamos pro Maria Pia
E o Burkina em cima dos gritos dos outros
Maria Pia, a puta que a pariu!, o hospital chama-se Josina Machel!, mas
vamos masé pra uma clínica que no hospital o puto ainda morre antes de
ser atendido…!”
“o senhor é o pai do senhor Fodido, ai, desculpa mesmo!, do senhor
AdolfoDido?
quer dizer, chamar assim o Burkina de velho, sorte mesmo da kota é que
ele num tava nos dias dele de filipar, toda tristeza de ouvir ali o nome do
camba a ser fodido na boca da senhora, mas nem disse nada, olhou só no
Jaí, que lhe levou até na gaveta do morto. Mandaram buscar um banco, o
Burkina subiu, e o espanto dos espantos foi quando abriram a gaveta
comprida: o corpo não tava lá.”
“ (…) se um leva a mal naquela a casa, tás paiado, como foi com o ladrão,
porque a abelha leva a mal, o jacó começa a berrar, e o Cão acorda, e aí
já não há mais solução de fazer-as-pazes, é correr só (..)”
“Ir mais aonde então, tás grosso ou quê?”
“Ché, bi querful – a pressa também é inimiga da cerveja.”
“ (…) o coitado do Adolfo mais outra vez rebocado nos ombros
desconhecidos, e o Burkina, só com pena dele, apanhou um espécie de
quadro, antigamente era ardósia, lembras?, e escreveu assim
defunto a bordo!”
“senhor Al Bino, fashovor, pode falar
terminou Eva.
Meu – ahahah!, cara do albino num dá para te pôr aqui amarrotada nas
palabras, só vivido lá ou fotografia então que ninguém mesmo tirou:
atrapalhação toda, o albino tava a ficar vermelho, mas vermelho como
então se bléque não fica corado e no afinal das contas, albino é mesmo
bléque?”
“Essa estiga pôs muito avilo mais velho a chorar!, ché: dois camundongos
que são mulumbeiros inda por cima te dão aulas, e num é aula
matemática-português, aula de jeová, meu? Você chora!”
3. “ (…) o morto repousava ali, no canto da sala, enquanto eles comiam,
bebiam, alguém até ligou o rádio, primeiro baixinho, depois alguém
aumentou mais, e às tantas já tavam com pé a bater no chão, ritmo do
corpo na batida musical (…)”
“Há muita brutalidade num momento de silêncio – raiva é aquilo que
aparece na humidade dos olhos, indignação.”
“Sabes o que é ralhar um morto? Não, num deves saber…
Ralhar um morto, assim mesmo de ele quase estremecer e levantar, caso
ele tivesse ali a ouvir os puros ralhetes (…)”
“coitado do mô camba AdolfoDido, nunca mais lhe enterram… nunca mais
lhe deixam em paz…”
“porquê que as mulheres africanas só gostam masé de desfrisar cabelo
toda hora?”
“Muadiê, tu fumas? Eu também não, gosto é de beber – passa lá mais
uma então, antes que o discurso corra risco de enferrujar…”
“quer dizer mesmo depois de morto inda querem me chamar de bêbado”
“ (…) quem escuta calado também faz a estória.”
“Meu, sabes qual foi o mô maior susto nestas mortes temporárias? Foi
não poder voltar mais; e nem era tanto a ideia do mundo todo, as
humanidades do meu corpo com o aquecer dos sangues dele, num era
isso… Estava a me dar lágrima da saudade da minha terra, minha Angola
toda de mim (…) entendi que tava longe mesmo, nem liguei nessas
contra-curvas que deram no meu corpo (…) nossa terra mesmo de
sermos tão daqui que mesmo na morte nos custa ir habitar outros
lugares, entendes, avilo?”
Aluna: Rita Isabel Grais Lopes, 12ºA, nº 17