O processo de turistificação e seus principais agentes
1. Turistificação
Para se analisar algo a
respeito do tema
“Turistificação” é
necessário a verificar-se
três aspectos
importantes do
desenvolvimento da
atividade turística no
Brasil, sendo eles:
2. o planejamento turístico
os programas públicos de apoio ao turismo
as especificidades da localidade envolvida, representada pelos seus
aspectos humanos, socioeconômicos, culturais, políticos e ambientais.
3. A “turistificação” pode ser
entendida como o processo de
implantação, implementação
e/ou de apoio da atividade
turística em espaços turísticos
ou com potencialidade para o
turismo. A ferramenta para esse
trabalho deve ser o
planejamento estratégico
integrado a atividade turística.
4. A atividade de
planejamento do turismo
deve realmente ser
encarada como inerente ao
desenvolvimento do
turismo. Começar um
empreendimento ou uma
destinação sem um plano
que regulamente e organize
as ações do homem sobre o
setor turístico, sujeita a
localidade ao
enfrentamento de
inúmeras situações
negativas, capazes de levar
a falência essa atividade.
5. A globalização trouxe vários
benefícios à atividade
turística, dentre eles o
conhecimento das
destinações, através da
internet e a variedade de
conhecimentos, ou seja, os
turistas podem antecipar o
conhecimento das localidades
a visitar.
6. Nesse cenário, a
competitividade entra em
grande estilo no turismo
exigindo das localidades
turísticas, representadas
pelos seguimentos do
poder público, iniciativa
privada e a sociedade em
geral, o máximo empenho
e cooperação no
planejamento, marketing
e gestão.
7. Entretanto, a pergunta
que ainda assombra a
todos os planejadores é
qual o melhor caminho
para realizar o
planejamento do turismo
no Brasil?
8. pergunta difícil de responder, dado o
tamanho e a diversidade biológica e cultural
do país e a multiplicidade de métodos e
técnicas que vêm sendo aplicados nos
diversos projetos e programas de
desenvolvimento do turismo.
9. Dessa forma, acredita-
se que, independente
de qual seja, a
metodologia de
planejamento deve ser
flexível o bastante para
absorver as exigências
do mercado e se
moldar na identidade
sócio-
cultural, natural, polític
a e econômica do local
em questão, tendo
seus objetivos e metas
10. Vê-se na atualidade, a
luta dos governos
federal, estadual e
municipal para
organizar o produto
turístico brasileiro.
11. De certo modo, programas de apoio ao desenvolvimento da
atividade turística vêm acontecendo a um bom
tempo, entretanto, os resultados ainda não são
animadores, no que diz respeito a estratégias de
“turistificação”, como é o caso do Programa Nacional de
Municipalização do Turismo – PNMT.
12. Na atualidade, o PNMT deu lugar ao Programa de
Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil, com
uma visão bastante animadora para o turismo
nacional
13. Esse programa atua na
formação de Arranjos
Produtivos Locais Turísticos
(APL Turístico) que são
entendidos como
aglomerações de
destinações
turísticas, empreendimento
s e empresas, direta e
indiretamente ligadas ao
setor de turismo, de um
determinado local ou
região.
14.
15.
16. O processo de turistificação
Quanto ao processo de turistificação, verifica-se que
são três os principais agentes:
• os turistas;
• o mercado;
• os planejadores e promotores territoriais;
17. Diversos lugares foram e ainda são
inventados como lugares turísticos
em função da prática espontânea
de certos turistas, ou seja, sem a
mediação direta do mercado.
Nesses casos, são esses visitantes
pioneiros que estão na base da
transformação de determinado
local em lugar turístico. O turista é
considerado o principal e mais
importante agente de
turistificação, sem o turista não há
turismo, ou seja, é necessário e
importante sua presença. O turista
é capaz de
promover, vender, criar, produzir e
inventar um lugar turístico, essa
capacidade cabe somente a ele.
18. O mercado é hoje um dos principais
promotores de turistificação dos lugares
incentivado pela iniciativa privada. Este
agente é na atualidade capaz de produzir
produtos turísticos em espaços jamais
imaginados. Vários estudiosos dizem que é
através da ação do mercado e, não mais a
partir das práticas turísticas em si, que os
espaços atualmente, são turistificados. De
acordo com as tendências e modismo,
novos destinos e produtos turísticos são
criados e colocados à venda para o
consumidor, numa relação estritamente
econômica. Muitas vezes, comete-se o
equívoco de não se observar a evolução
das práticas turísticas, criando destinos e
produtos não aceitos pelo mercado
consumidor.
19. Os agentes planejadores e promotores são
mais próximos dos lugares. Podem ser
representados por iniciativas
locais, regionais, nacionais, tendo como
responsáveis poderes públicos. Os
planejadores e promotores
“territoriais”, diferentemente dos dois
primeiros agentes que, em sua grande
maioria são externos aos espaços que
turistificam, nesse caso, esses agentes são
sempre ligados ao lugar. A partir da ideologia
do desenvolvimento local, muito comum nos
discursos dos gestores públicos do
turismo, são criados planos estratégicos para
atrair turistas e empreendedores. Nesses
casos, é comum identificar-se por trás do
plano estratégico, o interesse de líderes locais
que, por desconhecimento das características
do fenômeno turístico ou por apresentarem
intenções políticas específicas, apresentam o
turismo como a solução de todos os
problemas locais.
20. Isto nos coloca a necessidade de termos sempre
em consideração o papel do turista na
turistificação dos espaços. É ele que, com as
avaliações subjetivas das suas próprias
necessidades, acaba por definir quais partes do
espaço são turísticos. Portanto, a compreensão dos
processos de turistificação dos espaços e a
construção dos territórios turísticos, passa pelo
entendimento dos processos subjetivos que
motivam os turistas a optarem por determinados
destinos em detrimento de outros. A simples
existência de belas praias, clima ameno, florestas
preservadas ou de patrimônios arquitetônicos de
reconhecido valor, não é garantia para que ocorra a
turistificação de um determinado trecho do
espaço, ou seja, nem todo espaço potencialmente
turístico é turistificado.
21. Nas ações de elaboração de políticas
públicas para o setor turístico, é
necessário que observemos o papel de
cada um dos agentes que intervêm no
processo de turistificação dos espaços.
Suas lógicas diferenciadas são decisivas para a gestão
dos espaços do turismo. Nas ações de elaboração de
políticas públicas para o setor turístico, é necessário que
observemos o papel de cada um dos agentes que
intervêm no processo de turistificação dos espaços.
Os estudos e questionamentos devem abranger os agentes do
mundo do trabalho e do mundo do ócio. Suas lógicas
diferenciadas são decisivas para a gestão dos espaços do turismo.
22. Partindo do entendimento do agente
enquanto fator capaz de produzir um efeito
sobre determinado fato ou atividade,
podemos afirmar que o agente turístico
compõe-se pelas pessoas, grupos ou
instituições com poder de gerar um efeito
sobre o fenômeno turístico ou sobre a
atividade turística, ou seja, com capacidade
de intervir, modificar ou influenciar o seu
curso
23. O turista
• Agente principal do fenômeno
turístico e, também o mais
conhecido, o turista é responsável
pelo momento inicial e mais
subjetivo do fenômeno, na medida
em que, levado por motivações as
mais diversas e quase sempre
pessoais, se desterritorializa
temporariamente, afastando-se do
seu entorno habitual de vida. Para
tal, desloca-se para outros pontos do
espaço em busca de oportunidades
ímpares, que lhe permita fugir do
stress do seu dia a dia e, de alguma
maneira, recompor suas energia
para retornar ao seu tempo de
trabalho.
24. A partir do estudo do
comportamento dos turistas
americanos, na década de
1970, foi determinado um modelo
com dois perfis psicográficos
ideais opostos: os turistas Para alcançar esses lugares ainda
alocêntricos e os turistas não “descobertos” pela mídia não
psicocêntricos. O turista com se incomoda com longos
características alocêntricas deslocamentos, muitas vezes
aproxima-se do turista utilizando-se de meios de
pioneiro, ou seja, é o descobridor transportes desconfortáveis. O
de novos destinos turísticos; o importante para ele é desfrutar
que busca se afastar do seu de lugares e paisagens ímpares e
cotidiano em lugares pouco conhecidos, onde pode
radicalmente opostos ao seu lugar entrar em contato com um
de vida. ambiente natural e cultural que
lhe possibilite, mesmo que
temporariamente, vivenciar a
experiência diferenciada.
25. Por sua vez, o turista com características psicocêntricas tende a ser introvertido, inseguro
e, portanto, não gosta de correr riscos. Suas viagens são planejadas com antecedência, em
sua maioria direcionadas para destinos turísticos conhecidos, próximos de sua
residência, já consolidados no mercado, que possibilitem uma certa sensação de
isolamento do cotidiano local. Não há interesse do turista em manter contato com os
moradores locais e, ele pouco se interessa por conhecer a cultura local. Quando
muito, satisfaz-se em conhecê-la através de shows folclóricos especialmente preparados
para ele. O turista psicocêntrico tende a repetir suas viagens; prefere retornar ao mesmo
hotel, ao mesmo restaurante, pois isso lhe transmite uma sensação de segurança e de
rotina.
26. Não há interesse do turista em manter contato
com os moradores locais e, ele pouco se
interessa por conhecer a cultura local. Quando
muito, satisfaz-se em conhecê-la através de
shows folclóricos especialmente preparados para
ele. O turista psicocêntrico tende a repetir suas
viagens; prefere retornar ao mesmo hotel, ao
mesmo restaurante, pois isso lhe transmite uma
sensação de segurança e de rotina. O ponto
extremo desse perfil de turista é aquele
consumidor dos enclaves turísticos
(resorts), onde o turista busca apenas fugir do
seu stress diário sem nenhuma outra
preocupação alem do descanso. Para isso, basta
uma boa praia, com mar de águas
mornas, límpidas e calmas e um alto índice de
insolação. Nada que lhe fuja do controle:
comidas e bebidas internacionais, guias e
prestadores de serviços discretos, eficientes e
prontos a servi-los.
27. O exótico do lugar é previamente
preparado para ele: a comida típica
tem sua composição original
alterada para não gerar problemas
de saúde, os shows folclóricos são
espetacularizados seguindo os
modelos hollywoodianos, de modo
a não se tornarem monótonos ou
mesmo incompreensíveis para eles.
Entre esses dois perfis
psicográficos, podemos identificar
uma gradação bastante rica de
variações no comportamento dos
turistas contemporâneos.
28. O ponto intermediário entre eles é o perfil que
mais se aproxima das características da grande
maioria dos turistas atuais, denominado de
mesocêntrico. É o turista consumidor que tem
na viagem uma maneira de adquirir status e de
se diferenciar dentro do seu grupo social. O
olhar do turista mesocêntrico é o olhar da
sociedade de consumo e, não mais o olhar
romântico ou curioso do turista tradicional que
desejava apenas fugir do seu cotidiano e
recompor suas energias para o trabalho.
Atualmente, os turistas com características
mesocêntricas representam a maioria nas
estatísticas dos fluxos de viagens. Se caracteriza
pela busca do
prazer, sensualidade, diversão, clima (sol e
praia), compras e recordações
e, principalmente exposição ou até exibição
social, tanto durante a viagem com no seu
retorno. Para ele, mostrar suas
fotografias, filmes e souvenires e relatar suas
29. Os agentes do mercado
O segundo agente do turismo por nós indicado está
diretamente relacionado com a atividade
econômica que surge do fenômeno turístico
e, vincula-se ao processo de apropriação do
tempo livre do trabalhador pelo capital. No jogo
das contradições entre trabalho e ócio e, entre
tempo de trabalho e tempo livre, o capital
encontrou uma excelente oportunidade para se
reproduzir e se fortalecer. Apoderando-se do
discurso que prega a necessidade do lazer para a
recuperação das energias necessárias para a
continuidade do trabalho, o capital transformou o
tempo livre em tempo de consumo e, o lazer em
mais um produto a ser consumido. Esses agentes
do mercado, conhecidos pela denominação de
trade turístico, são os agentes produtivos da
atividade turística. A partir das necessidades
geradas pelos deslocamentos temporários do
homem o capital, através dos seus representantes
– empresários – mercantilizou o fenômeno e o
transformou em mais uma atividade econômica
típica da atual sociedade de consumo.
30. O Estado
Partindo do entendimento de ser possível utilizar
o turismo como uma ferramenta para a
implementação de processos de
desenvolvimento, especialmente aqueles que
objetivam diminuir as desigualdades regionais, o
Estado, através de suas diversas instâncias de
poder público, procura estabelecer regras e
normas para o sistema turístico sob sua área de
atuação, de modo a regulá-lo e normalizá-lo
dentro daquilo que parece ser a melhor forma
para o atendimento das necessidades das
populações residentes sem, entretanto, esquecer
ou desprezar a lógica do capital. Nas últimas
décadas, o fato econômico gerado pelo turismo
tornou-se parte integrante da estrutura
governamental de muitos países, estados e
municípios. Essa atuação do agente público no
turismo pode ocorrer de maneira bastante
diferenciada nos diversos níveis de governo.
Desde o nível nacional até o nível local, a
importância da sua atuação vem se revelando
fundamental e sendo solicitada até mesmo pelo
próprio agente produtivo, o mercado.
31. A intervenção do
poder público no
turismo pode seguir a
seguinte diretriz:
a) buscar a melhoria
f) educar e informar. da sua
competitividade
econômica;
e) apoiar projetos
com elevados custos b) corrigir e organizar
de capital e que os direitos de
envolvam novas propriedade da terra;
tecnologias;
c) permitir uma visão
d) reduzir custos e integral do setor que
incertezas; observe e incorpore as
suas externalidades;
Essa visão do papel do Estado está comprometida
com o modelo de desenvolvimento turístico que
prega a busca da sustentabilidade do setor