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Xitão
OPeru
Uma aula de etiqueta para Fruli
em
ROZILDA EUZEBIO COSTA
Naquela manhã de setembro tudo levava
a crer que seria mais um dia daqueles
bem normais na fazenda do Armando
Dragão. Mas essa impressão acabou logo
com o amanhecer do dia.
Depois da chuva de milho do café da
manhã, o peru Xitão foi correndo tomar
água. Estava com muita sede. Mas ao
chegar se deparou com um lamaçal
fétido dentro da bacia de água, e ficou
sem compreender aquela cena
catastrófica.
O peru Xitão ficou parado por um tempo
pensativo, nunca havia visto aquela
situação. O fazendeiro foi olhar a bacia
de água dos bichos no quintal para ver
se tinha água e se deparou com aquele
cenário de brejo na bacia, exalando um
odor fétido de excrementos.
. – Mas que acontecimento é esse?! Não é
possível que aquele sapo veio de novo
fazer seu número dois na água das
minhas aves! Sapo desorientado e sem
consideração! Como pode vir na vasilha
de água das aves fazer a sua precisão!
Que falta de respeito! – falou em voz
alta o fazendeiro Armando Dragão, e os
animais que estavam próximos ficaram de
orelha em pé, mas não entenderam nada,
exceto o peru Xitão que estava bem
pertinho e o galo Lambreta que tinhas os
ouvidos muito bons para escutar.
Não era a primeira vez que aquilo
acontecia, pois o sapo Fruli já estava
acostumado a esse desrespeito com as
outras espécies. Só que antes, o
fazendeiro percebia bem cedo e já
lavava a bacia e colocava água limpa
para os bichos antes que eles fossem
procurar água depois da chuva de milho
do café da manhã.
Pela zanga de Alfredo Dragão logo o
peru Xitão, que não era bobo nem nada,
compreendeu tudo. E disse para si mesmo
– vou dar umas aulas de etiqueta para o
Fruli, ele precisa aprender que isso que
ele está fazendo, sujando a água que nós
bebemos, é uma falta de ética. Até no
mundo dos bichos é preciso também ter
ética. E o Fruli não é um sujeito ruim, o
que lhe falta é apenas umas aulas. –
concluiu o pensamento.
Depois que as coisas se acalmaram o peru
Xitão marchou para o lago e convocou o
sapo Fruli para uma aula no quintal da
fazenda. Os dois voltaram juntos para o
quinta e ao chegar próximo da bacia,
Xitão apontou para ela e perguntou para
Fruli:
_ Você sabe o que é isso Fruli?
O sapo olhou meio desconfiado e
respondeu:
_ Um mini lago, não é?! – disse.
_ Isso aqui não é um M I N I L A G O
Fruli! Isso é o nosso bebedouro! Essa água
que você está vendo aí é a nossa água de
beber. Todas as aves bebem água aqui,
nessa bacia. Consegue compreender a
importância dela, Fruli? – perguntou
indignado.
O sapo encolheu as beiradas da boca para
dentro, virou o pescoço para baixo meio
retorcido e encolheu os olhos. Naquele
instante, Fruli percebeu o grande
absurdo que sempre esteve fazendo.
Entendeu que fazer cacá dentro da bacia
das aves era uma grande falta de
respeito com todas aqueles bichos que
bebiam daquela água. O sapo até mudou
de cor.
Xitão continuou:
_ Observa bem, Fruli, não faça mais suas
necessidades de número um ou dois aqui
na nossa bacia. Você tem um lago bem
grande, porque não usa o seu lago? Já
que adora fazer isso na água, poderia
usar seu próprio lago. – disse.
Fruli respondeu:
_ Não vou sujar minha água! Agora vou
ter que encontrar outros meios.
O peru Xitão nessa hora ficou bem
zangado:
_ Não vai sujar sua água e vem sujar a
nossa?! Imagine só se todos os perus e
outros animais do quintal fossem lá no seu
lago, e todos de uma vez só vez fizessem
o número dois dentro da sua água. O que
pensa disso, Fruli? Como ficaria o seu
lago?
O sapo Fruli então arregalou os olhos
assustado e a sua imaginação logo criou o
cenário, passou pela sua cabeça todos
aqueles bichos dentro do lago dele
fazendo o número dois. O desespero
bateu-lhe no cérebro no mesmo instante.
Então Fruli pediu desculpas a Xitão e
prometeu nunca mais ter tal atitude.
Quando terminaram a conversa e Xitão
olhou para o lado, viu o galo Lambreta
observando de longe. Certamente
Lambreta tinha percebido tudo o que
estava acontecendo, ele não era um galo
displicente, era muito inteligente.
Agora, Fruli também ia ser vigiado pelo
galo Lambreta, que já acorda antes da
estrela Dalva sumir no céu e já começa a
cantar, para perturbar as corujas
enquanto elas discutem sobre os
acontecimentos noturnos.
As corujas eram uma comunidade unida,
que todas as noites se reuniam para
tratar dos assuntos noturnos daquela
região. E acreditem, elas sabiam de muita
coisa, incluse das fugas noturnas do
fazendeiro Armando Dragão, no fusca
lampião. É que cada fusca de Armando
Dragão era batizado com um nome. Mas
depois, quem sabe numa outra história,
alguns enredos do fazendeiro serão
contados.

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  • 1. Xitão OPeru Uma aula de etiqueta para Fruli em ROZILDA EUZEBIO COSTA
  • 2. Naquela manhã de setembro tudo levava a crer que seria mais um dia daqueles bem normais na fazenda do Armando Dragão. Mas essa impressão acabou logo com o amanhecer do dia.
  • 3. Depois da chuva de milho do café da manhã, o peru Xitão foi correndo tomar água. Estava com muita sede. Mas ao chegar se deparou com um lamaçal fétido dentro da bacia de água, e ficou sem compreender aquela cena catastrófica.
  • 4. O peru Xitão ficou parado por um tempo pensativo, nunca havia visto aquela situação. O fazendeiro foi olhar a bacia de água dos bichos no quintal para ver se tinha água e se deparou com aquele cenário de brejo na bacia, exalando um odor fétido de excrementos.
  • 5. . – Mas que acontecimento é esse?! Não é possível que aquele sapo veio de novo fazer seu número dois na água das minhas aves! Sapo desorientado e sem consideração! Como pode vir na vasilha de água das aves fazer a sua precisão!
  • 6. Que falta de respeito! – falou em voz alta o fazendeiro Armando Dragão, e os animais que estavam próximos ficaram de orelha em pé, mas não entenderam nada, exceto o peru Xitão que estava bem pertinho e o galo Lambreta que tinhas os ouvidos muito bons para escutar.
  • 7. Não era a primeira vez que aquilo acontecia, pois o sapo Fruli já estava acostumado a esse desrespeito com as outras espécies. Só que antes, o fazendeiro percebia bem cedo e já lavava a bacia e colocava água limpa para os bichos antes que eles fossem procurar água depois da chuva de milho do café da manhã.
  • 8. Pela zanga de Alfredo Dragão logo o peru Xitão, que não era bobo nem nada, compreendeu tudo. E disse para si mesmo – vou dar umas aulas de etiqueta para o Fruli, ele precisa aprender que isso que ele está fazendo, sujando a água que nós bebemos, é uma falta de ética. Até no mundo dos bichos é preciso também ter ética. E o Fruli não é um sujeito ruim, o que lhe falta é apenas umas aulas. – concluiu o pensamento.
  • 9. Depois que as coisas se acalmaram o peru Xitão marchou para o lago e convocou o sapo Fruli para uma aula no quintal da fazenda. Os dois voltaram juntos para o quinta e ao chegar próximo da bacia, Xitão apontou para ela e perguntou para Fruli: _ Você sabe o que é isso Fruli?
  • 10. O sapo olhou meio desconfiado e respondeu: _ Um mini lago, não é?! – disse. _ Isso aqui não é um M I N I L A G O Fruli! Isso é o nosso bebedouro! Essa água que você está vendo aí é a nossa água de beber. Todas as aves bebem água aqui, nessa bacia. Consegue compreender a importância dela, Fruli? – perguntou indignado.
  • 11. O sapo encolheu as beiradas da boca para dentro, virou o pescoço para baixo meio retorcido e encolheu os olhos. Naquele instante, Fruli percebeu o grande absurdo que sempre esteve fazendo. Entendeu que fazer cacá dentro da bacia das aves era uma grande falta de respeito com todas aqueles bichos que bebiam daquela água. O sapo até mudou de cor.
  • 12. Xitão continuou: _ Observa bem, Fruli, não faça mais suas necessidades de número um ou dois aqui na nossa bacia. Você tem um lago bem grande, porque não usa o seu lago? Já que adora fazer isso na água, poderia usar seu próprio lago. – disse.
  • 13. Fruli respondeu: _ Não vou sujar minha água! Agora vou ter que encontrar outros meios. O peru Xitão nessa hora ficou bem zangado: _ Não vai sujar sua água e vem sujar a nossa?! Imagine só se todos os perus e outros animais do quintal fossem lá no seu lago, e todos de uma vez só vez fizessem o número dois dentro da sua água. O que pensa disso, Fruli? Como ficaria o seu lago?
  • 14. O sapo Fruli então arregalou os olhos assustado e a sua imaginação logo criou o cenário, passou pela sua cabeça todos aqueles bichos dentro do lago dele fazendo o número dois. O desespero bateu-lhe no cérebro no mesmo instante.
  • 15. Então Fruli pediu desculpas a Xitão e prometeu nunca mais ter tal atitude. Quando terminaram a conversa e Xitão olhou para o lado, viu o galo Lambreta observando de longe. Certamente Lambreta tinha percebido tudo o que estava acontecendo, ele não era um galo displicente, era muito inteligente.
  • 16. Agora, Fruli também ia ser vigiado pelo galo Lambreta, que já acorda antes da estrela Dalva sumir no céu e já começa a cantar, para perturbar as corujas enquanto elas discutem sobre os acontecimentos noturnos.
  • 17. As corujas eram uma comunidade unida, que todas as noites se reuniam para tratar dos assuntos noturnos daquela região. E acreditem, elas sabiam de muita coisa, incluse das fugas noturnas do fazendeiro Armando Dragão, no fusca lampião. É que cada fusca de Armando Dragão era batizado com um nome. Mas depois, quem sabe numa outra história, alguns enredos do fazendeiro serão contados.