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24 dias de mudança de hábito
Dedico esta obra primeiramente a Deus, que é o Autor do
Universo, que me deu a vida, e tem me mantido de pé até hoje, me
ajudando a enfrentar as tempestades do meu viver com coragem e
otimismo. E dedico a Jesus Cristo, o grande Mestre que nos
ensinou em sua passagem pelo Planeta Terra, sobre o valor do
amor e do perdão.
Dedico esta obra também aos meus pais, Maria e Juvenal,
diamantes da minha vida, que me deram a chance de vir ao Mundo.
Sou imensamente grata a eles.
Dedico aos meus irmãos, pérolas do meu viver, Marleide,
Deusilene, Vanderlei, Flávia, Rosângela e Maurício. E a todos os
meus sobrinhos, flores do meu jardim. Não os nominarei porque a
lista é extensa.
Dedico esta obra em especial para o meu filho Guilherme
Pince, graça divina da minha vida. Para a sua companheira amável,
Celly, e também para o meu netinho que está chegando para se
tornar mais um cidadão deste Planeta.
Dedico ainda esta obra a quem, assim como eu, se cansou de
ser sedentário e de viver sempre cansado mesmo não fazendo
absolutamente nada.
Dedico este livro também aos meus amigos de “rosas, versos,
e risos”. E aos meus amigos de, “oi e tchau”.
Dedico a você, caro leitor, que por algum motivo, decidiu ler
esta obra.
O Mundo é uma estrutura que promove uma aleatoriedade e
uma transformação constante. Ele exige de nós uma postura de
mudança e adaptação. Não adianta fugir das mudanças. Não
adianta pensar que vamos passar pela vida sem uma
transformação. Essa ocorre no dia a dia. Sempre que acordamos
pela manhã, já somos uma nova pessoa, com alguns novos
pensamentos, com novos sonhos, e até com novos lamentos.
Adaptar-se é fundamental quando não existe um meio para
fazer uma mudança. Mas aceitar as mudanças que promovemos ou
que ocorrem naturalmente em nossa vida é um meio inteligente de
progredir.
Sumário
1º Dia - Mudança de hábito...........................................................10
03 de Janeiro de 2017
2º Dia – Aprendendo com os Pássaros.......................................15
04 de Janeiro de 2017
3º Dia – Um passo à frente............................................................19
05 de Janeiro de 2017
4º Dia – Força de vontade.............................................................26
06 de Janeiro de 2017
5º Dia – Resistindo aos impulsos.................................................31
07 de Janeiro de 2017
6º Dia – Domingo I – Pausa...........................................................35
08 de Janeiro de 2017
7º Dia – Força, Foco, e Fé.............................................................36
09 de Janeiro de 2017
8º Dia – Um misto de temas..........................................................39
10 de Janeiro de 2017
9º Dia – Uma brisa em minha autoestima....................................43
11 de Janeiro de 2017
10º Dia – Recolhendo flores e canções.......................................45
12 de Janeiro de 2017
11º Dia – Silêncio e indisposição.................................................48
13 de Janeiro de 2017
12º Dia – Bom humor faz bem e desanuvia o dia.......................49
14 de Janeiro de 2017
13º Dia – Domingo II – Pausa........................................................53
15 de Janeiro de 2017
14º Dia – Importante é continuar mudando.................................54
16 de Janeiro de 2017
15º Dia – Tagarelagem feminina...................................................57
17 de Janeiro de 2017
16º Dia – Sem assunto...................................................................64
18 de Janeiro de 2017
17º Dia – A vida cor de rosa..........................................................65
19 de Janeiro de 2017
18º Dia – A terceira idade..............................................................67
20 de Janeiro de 2017
19º Dia – Um sábado nostálgico...................................................70
21 de Janeiro de 2017
20º Dia – Domingo III – Pausa.......................................................73
22 de Janeiro de 2017
21º Dia – Segundona.....................................................................74
23 de Janeiro de 2017
22º Dia – Banho de chuva.............................................................76
24 de Janeiro de 2017
23º Dia – Nova adaptação.............................................................78
25 de Janeiro de 2017 - quarta-feira – um dia muito especial
24º Dia – Música e ar fresco.........................................................79
26 de Janeiro de 2017
6
Despertando com os pássaros
Bom, primeiro eu devo dizer a você, caro leitor, que esta
história é real. Ela é a minha história. E ela também está sendo
escrita em tempo real.
Talvez você não se interesse muito por ela logo de início, mas
seria bom se você tentasse ler, porque nela existem muitas
situações que de repente, você se identifique com alguma delas.
Tenho vivido até hoje, 03 de janeiro de 2017, (quero deixar
bem claro a data), de uma forma muito monótona e sem sal.
Quando digo sem sal, é sem sal mesmo! Sedentarismo,
comodismo, pessimismo... bem, um montão de “ismo” tem feito
parte dos meus dias. Hoje resolvi dar um basta nisso! Cansei de
tanto não fazer nada por mim mesma, a começar por dar um pouco
de atenção à minha saúde.
Dei o título “Despertando com os pássaros” a este livro
porque tenho observado um pouco a vida dos pássaros. Já
observaram que os pássaros levantam de seus leitos muito cedo? E
que eles, além de acordar cedo, eles já começam o dia com
movimentos através de seus voos? Mas além de acordar cedo, eles
não ficam estacionados em suas árvores esperando o sol surgir,
para só depois alçarem seus voos! Eles acordam e se vão. Não
somente isso, acordam, começa a cantar, e alçam seus voos. Todo
passarinho já acorda cantando para saudar a vida. Nada de tristeza.
Nada de pessimismo e preguiça. E foi por isso que pensei neste
título, lembrando o exemplo dos pássaros.
7
Despertando com os pássaros
Tudo nesta história se baseia em uma mudança de hábito,
cujo intuito meu, é experimentar uma vida mais alegre, mais
saudável, e mais participativa em todos os bons contextos da vida.
Não quero passar pela vida, quero provar as belezas e as coisas
boas da vida, sorrir com a vida, cantar e dançar com ela. E quero
fazer tudo isso com saúde e disposição. Até hoje tenho visto a vida
passar por mim como se eu fosse um objeto inerte que apenas
observa as coisas, mas que não sabe o gosto que elas têm. Decidi
que quero ver a beleza que contém em cada obra divina.
Sabem, ultimamente tenho tido muita vontade de conhecer
Machu Picchu, no Peru. E foi a partir deste sonho que comecei a
martelar dentro do meu cérebro (que eu achava que já estava
ficando muito velho), que eu ainda poderia realizar este sonho, e
isso só dependia exclusivamente de mim, da minha mudança de
hábito. Como eu poderia caminhar por lugares íngremes, se a
minha disposição física estava à zero?! Além de estar muito acima
do peso máximo permitido para a minha altura, eu não fazia
nenhum tipo de exercício físico! Planejar uma viagem a Machu
Picchu neste momento da minha vida seria um desafio imprudente
para mim. Eu não tinha nenhuma preparação física para os
esforços necessários para esta aventura.
Então eu passei alguns dias observando as minhas próprias
estruturas antes de fazer esta mudança de hábito. Observei
também muitos exemplos de pessoas que conseguiram vencer com
mudanças de hábito, se alimentando com equilíbrio (devo dizer que
eu estava comendo uma quantidade para três, e não estou
mentindo), fazendo exercícios físicos, principalmente uma boa
8
Despertando com os pássaros
caminhada todos os dias. Estas observações me levaram a tomar
uma atitude em meu próprio favor. Ninguém iria fazer isso por mim,
a não ser eu mesma. Devo dizer ainda que, temos que realmente
nos amar, e isso não é conversa de livro de autoestima, é fato!
Quem se ama se cuida, e consegue também amar a vida que tem,
melhorando-a a cada novo dia. Quem se ama consegue planejar
coisas felizes para si mesmo. Indiferente daquele que não se ama,
que por não se gostar, vai gostar da vida dos outros e desprezar a
sua, vai estar sempre de olho nas realizações do outro, sem se dar
conta de que a vida dele está passando diante dos olhos dele
enquanto ele não faz nada para realizar e vivenciar coisas felizes.
Nesta minha mudança tenho vários objetivos felizes para a
minha vida, e um deles é emagrecer porque estou muito acima do
meu peso ideal. Preciso eliminar os quilos que me incomodam (eles
acham que estão aposentados no meu corpo, vou elimina-los todos,
um a um), eles são devoradores da minha boa disposição para
fazer as coisas.
Bem, como estou escrevendo este livro em tempo real, eu
quero começar já relatando o meu primeiro dia de mudança de
hábito.
Então, no dia 03 de janeiro de 2017, eu disse isso a mim
mesma:
_ Coragem garota! Coragem! Você é forte! Você é capaz! Você tem
a vida a seu favor, basta tomar uma atitude de fé. Você só precisa
começar e acreditar que você pode mudar esta situação, este
momento que você está vivendo. Você pode dar novas cores para a
sua vida. Você pode conhecer novas paisagens, e ver coisas que o
comodismo não te permitiu ver até hoje. Levante bem cedo!
9
Despertando com os pássaros
Levante com os pássaros! Saia fora da porta da sua casa! Saia na
rua! Atreva-se a começar a mudança que você, no fundo de seu
coração, sabe que pode fazer para melhorar a sua vida, a sua
disposição física. Seja capaz de trazer mais alegria para a sua vida!
Busque novas experiências, e viva outras realidades. Abandone os
velhos vícios (comer demais, dormir demais, curtir preguiça
demais...) que te maltratam e consomem tua vida! Vai! Mude agora!
Mude de hábito!
Bem, eu disse isso a mim mesma exatamente na tarde do dia
03 de janeiro de 2017. E não levantei com os passarinhos naquele
dia, porque tomei essa decisão na hora do almoço.
Me deixará muito feliz saber que, a minha história poderá,
quem sabe, ajudar outras pessoas a também mudar de hábito, para
viverem uma vida melhor e mais saudável.
Aqui neste livro você não vai encontrar cardápios para uma
dieta saudável, até porque, o meu propósito nesta mudança de
hábito é comer apenas o suficiente para o meu corpo. Quando eu
digo, “o suficiente”, eu quero dizer, comer sem exageros. Qualquer
pessoa reconhece uma gula, quando está comendo em excesso.
Mas deixo claro que, evitarei os jantares, as comidas noturnas,
fazendo-as o mínimo possível, substituindo alimentos pesados por
líquidos (leite semidesnatado e chás), e frutas. O maior dos
compromissos que quero manter firme é fazer caminhadas,
acompanhadas de alguns exercícios físicos. Não vou para uma
academia, vou utilizar-me dos equipamentos de academia que
foram instalados na AV. Marginal Neblina, na minha cidade,
Araguaína - TO. Sabe, muita gente diz que não faz uma academia
porque não tem dinheiro para pagar, nem tempo para frequentar, e
10
Despertando com os pássaros
isso é uma grande desculpa para quem tem equipamentos
disponibilizados gratuitamente em alguns pontos da cidade em que
vivem. E estes equipamentos estão disponíveis 24 horas, ou seja,
quem quer usar, faz seu próprio horário. Então, até nisso eu percebi
que eu estava realmente perdendo ótimas oportunidades de me
cuidar, de cuidar da minha saúde e do meu bem estar. Mesmo
quem não tem equipamentos disponíveis, pode praticar a
caminhada, porque ela melhora a disposição para fazer as coisas,
reduz a ansiedade, mantém a saúde do coração e da mente, e
ainda alivia o estresse. Sem falar que a caminhada socializa, pois
enquanto estamos caminhando estamos vendo e cumprimentando
pessoas, e até encontrando velhos conhecidos.
Esta mudança de hábito será contínua, mas aqui, para
descrever a minha história, eu estipulei um período de 24 dias.
Estou começando hoje, 03 de Janeiro de 2017, e finalizarei o livro
no 24º dia. Tenho certeza que nesta data, já estarei me sentindo
acostumada a minha nova rotina de vida saudável. No decorrer
deste período, vou relatando as minhas experiências com a
mudança de hábito diariamente. Mesmo nos dias em que eu deixar
de fazer algumas das minhas atividades de mudança.
No final deste período, vou revelar a quantidade de quilos que
terei eliminado. Mas não seja curioso para ir até o final do livro para
ver isso! Leia toda a minha trajetória ok?
Vamos lá então! Vou começar a descrever este dia de hoje, o
primeiro dia da minha nova vida. O primeiro dia da minha mudança
de hábito.
11
Despertando com os pássaros
1º Dia - Mudança de hábito
03 de Janeiro de 2017
ram já quatro horas da tarde, o céu estava
começando a ficar muito nublado pra chover. Mas
isso não me intimidou de forma alguma. Porque
quando queremos uma mudança, nós nos adaptamos às situações.
Então eu pensei – se chover eu vou assim mesmo! – e choveu.
Choveu por uns dez minutos, começou antes de eu sair de casa.
Esperei a chuva passar. Quando ela passou, sai de casa. Do portão
da casa para fora, eu sai com a certeza de que, a partir daquele
momento, eu vivenciaria novas experiências. Eu mudaria a minha
rotina e tudo iria ficar melhor para mim. Eu iria emagrecer (eu vou),
eu iria ter mais disposição física (eu vou), e eu iria ser mais feliz (eu
vou ser mais feliz), com a nova vida que eu estava começando a
viver, com a decisão mais demorada que levei para ter. Devia ter
feito isso há muito mais tempo.
Quando eu comecei a caminhar, veio em minha mente um
trecho da música “Conquistando o impossível”, da cantora Jamily,
(deixo claro que não estou fazendo propaganda para o artista), que
diz assim:
“Campeão, vencedor,
Deus da asas, faz teu voo.
Campeão, vencedor,
Essa fé que te torna imbatível,
Te mostra o teu valor”
E
12
Despertando com os pássaros
Fiquei cantando repetidas vezes este trecho da música, e ao
mesmo tempo, meditando no significado dessas palavras para mim.
Cada um entende e interpreta as palavras á sua maneira. E eu, a
interpretei da seguinte maneira:
“Deus dá asas (Deus dá a vida)
Faz teu voo (viva a vida com fé, lute pelos teus sonhos).
Se tivermos fé, logo acreditamos que somos capazes de fazer
as coisas acontecerem, nos tornamos fortes para lutarmos pelos
nossos ideais e pelos nossos sonhos.
Enquanto eu caminhava, cantava e pensava, pensava e
cantava. Comecei a observar as pessoas que passavam por mim.
Comecei a ver pessoas esbeltas, aparentemente bem dispostas
passando por mim, e eu as admirava e desejava estar também com
aquele físico, com aquela aparência de leveza e disposição.
Depois de caminhar por uns 40 minutos, cheguei à Praça São
Luís Orione, e podem crer – o tempo estava realmente muito
fechado pra chover outra vez.
Mas isso também não me
desanimou. Eu pensei – porque tenho
que ter pressa? Se chover, paro em
algum lugar com cobertura e espero a
chuva passar!
Na verdade todos nós temos
uma pressa psicológica, já
observaram?
13
Despertando com os pássaros
Às vezes não temos nada de importante ou urgente para
fazer, mas estamos sempre com pressa! Isso é uma coisa meio
paranoica. Não conseguimos ter paciência para esperar nada! Só o
fato de sabermos que teremos que esperar alguma coisa, não é
nem preciso dizer quanto tempo, já entramos em situação de
alarme, parece que esperar é algo inconcebível. Na verdade, penso
eu, esperar é a constatação de paralização. Ou seja, o ritmo em
que estamos é abalado pela situação da espera. E o tempo que
passa, enquanto estamos inertes a esperar é considerado como
uma grande perda, mesmo que, talvez, não o usássemos com
sabedoria e proveito. De qualquer forma consideramos a espera
uma perda de tempo, e isso, a nossa mente não concebe de bom
grado.
Voltando a questão da chuva, choveu mesmo, e eu tive que
procurar um abrigo. Aguardei por quase meia hora, até que a chuva
passasse. Mas enquanto aguardava a chuva passar, exercitando a
serenidade (descobri que a serenidade, assim como a paciência,
pode ser exercitada), deixando a minha mente relaxar um pouco,
com pensamentos de que não adiantaria naquele momento eu ter
pressa, porque, primeiro; não levava comigo um guarda-chuva. E
segundo; eu não tinha nada tão importante que me fizesse perder o
meu equilíbrio e minha estabilidade emocional para sair correndo
debaixo de chuva para ir para casa. Então respirei fundo, e silenciei
meus pensamentos (cada um sabe como silenciar seus
pensamentos), para que eles não me atormentassem por motivos
banais. E querem saber, que a maior parte da nossa irritação e
desequilíbrio vem mesmo é das tempestades dos nossos
14
Despertando com os pássaros
pensamentos! Para mudar um panorama de irritação, basta que
busquemos algo que nos distraia, e eu encontrei esse algo naquele
momento de chuva. Passei a observar a correria das pessoas. Vi
uma mulher que imprudentemente, foi estacionar seu carro e quase
bateu no veículo estacionado atrás. Vi um senhor que corria
atravessando a faixa de pedestres empurrando o seu carrinho de
bananas. Outras duas senhoras, apoiadas no ombro uma da outra,
caminhavam pela rua dividindo um guarda-chuva. Outro passou
perto de mim lamentando a chuva. De repente um vento forte trouxe
a brisa fresca da chuva para o meu rosto. Eu senti o quanto é bom
observar a chuva e sentir o frescor dela. Aquele instante me fez
bem. A chuva passou e continuei a minha caminhada. Daquele
momento em diante eu aderia a um novo lema de vida – viver com
menos pressa, e nada de brigar com os eventos naturais que
aparentemente nos atrasam em alguma coisa – tudo tem sua razão,
até mesmo uma chuva que nos obriga a esperar alguns minutos do
nosso tempo.
Depois de alguns minutos cheguei na Av. Marginal Neblina,
uma avenida larga que contorna uma grande extensão do Córrego
Neblina. Ao longo de toda a avenida se pode ver além dos
comércios, palmeiras verdes e viçosas. Mesmo a água do rio não
sendo tão limpa e pura, pode-se sentir um clima mais ameno nas
calçadas de pedestres.
Continuei caminhando até chegar em um espaço onde há
equipamentos para ginástica. Tão logo cheguei, acreditem, escolhi
logo um aparelho que tem uma cadeirinha (queria mesmo era
sentar um pouco, estava exausta), e já comecei a praticar o
15
Despertando com os pássaros
exercício. Não demorou muito, e o meu celular tocou. Era minha
nora, para saber onde eu estava. Depois que disse onde eu estava
ela perguntou se eu queria uma carona (que alívio) para ir para
casa. Gente, eu aceitei logo de cara! Era a minha primeira
caminhada depois de vários anos de sedentarismo, eu nem sei
como estava conseguindo respirar ainda, afinal, eu já havia
caminhado uns 4 km até aquele lugar! Eu acho que exagerei. Mas
eu estava caminhando bem devagar, quase parando sabe? Era
quase um passeio de tartaruga. Daí, quando ela chegou eu fui para
casa. Tomei um banho e fui escrever a minha primeira jornada de
mudança de hábito.
16
Despertando com os pássaros
2º Dia – Aprendendo com os Pássaros
04 de Janeiro de 2017
relógio despertou exatamente as 05:30h da manhã.
Eu escolhi esse horário para que desse tempo de
preparar um café antes da minha segunda jornada
de mudança de hábito. E sabe que os pássaros já haviam
despertado! Quando abri a janela do meu quarto, os últimos
vestígios da noite se dissolviam com o raiar do dia. Ouvi cantos de
pássaros por todos os lados. Revoadas de papagaios (acreditem,
eles passam voando sempre por cima da minha casa) palreavam
voando em duo de casais. Bem-te-vis cantavam quase sem se dar
tempo nem ao menos de respirar. Sabiás felizes cantavam suas
melodias assobias. Quando fui ao quintal ver como estavam as
coisas por lá, observei algumas borboletas já despertas, beijando
pequenas flores de plantas rasteiras. Os meus gatos já me olharam
mostrando a língua pedindo comida, é que gato quando quer comer
mostra a língua (risos). Eles não estranharam me ver já estar de pé
tão cedo, para eles isso não fede e nem cheira – é indiferente.
Preparei o meu café e tomei (graças a Deus), porque até
então, a minha mente ainda estava meio que em estado dormência,
e depois do café despertei. Se tem uma coisa que sempre foi e
sempre será um desafio para mim é acordar cedo. Gosto de dormir
aquele sono das 5h da manhã. É um sono tão gostoso! Mas agora
dormir até mais tarde ia se tornar para mim coisa do passado. A
minha nova rotina não me permite mais isso. Aliás, eu estou é
ganhando em levantar cedo, porque vou poder apreciar tantas
O
17
Despertando com os pássaros
coisas que só podemos ver antes das 9h da manhã. E uma delas é
o nascer do sol. Se os pássaros não abrem mão de recepcionar a
chegada do novo dia com música e alegria, porque eu também não
posso recepciona-lo com canções e louvores, não é verdade? A
natureza sabe que o dia é o presente, e que o sol faz desenvolver a
vida. Os pássaros sabem que o dia é uma grande dádiva, por isso
festejam sua chegada.
Abri o portão de acesso a rua às 6:10h, e tinha comigo um
sentimento de vitória. Primeiro, porque consegui acordar cedo. E
segundo, porque não deixei que a preguiça me prendesse em
minha cama. Sabem que às vezes penso que o colchão tem braços
que nos prendem! Hoje para levantar da cama lutei contra o
colchão. Foi uma guerra que durou quase 10 minutos! Por fim eu o
venci – pulei da cama! Fiz um contorcionismo e dei um pulo
daqueles! Foi à forma que consegui para obter a minha liberdade,
me separando temporariamente do meu colchão. Afinal, eu tinha
que realizar os meus novos ideais do segundo dia da minha
mudança de hábito.
Comecei a caminhar a passos lentos, embora já sentindo uma
dorzinha em um dos dedos do meu pé. Com a caminhada do dia
anterior, consegui uma pequena bolha no dedo vizinho do dedinho.
Mas deu para aguentar, os dedos fizeram amizade com o tênis e
tudo ficou bem.
Segui caminhando de cabeça erguida, me sentindo uma
vitoriosa (e eu sou), pela rua praticamente deserta. Tive que
caminhar por quase meia hora para chegar na Av. Neblina. Parei
um pouco nos equipamentos de ginástica, cumprimentei as pessoas
18
Despertando com os pássaros
que ali estavam (socializando) e pratiquei um pouco de exercício.
Um senhor que estava ali, me ensinou como usar um dos aparelhos
que escolhi (eu não sabia usar), e me explicou sobre outros
equipamentos.
Sai dos equipamentos depois de alguns minutos de exercício
e recomecei a caminhada. Vi pessoas de todas as idades
caminhando, exceto crianças. Eu vi pessoas magras, gordas, altas,
baixas, jovens, e também da 3ª idade. Vi pessoas que buscavam
através da atitude de caminhar e se exercitar, uma forma de viver
melhor. Eu já sabia que exercitar o corpo nos deixa mais alegre, e
até mais otimistas. E depois que vi tantas pessoas fazendo o que
eu já deveria estar fazendo há muito tempo, eu me arrependi de ter
começado antes, bem antes.
O céu nublou de repente, e ficou tudo azul escuro do lado
esquerdo da avenida. Num breve olhar para o lado nublado, eu
pude contemplar uma linda garça branca sobrevoando com aquele
azul escuro de fundo no céu. Uma cena linda, que eu não teria visto
se tivesse em casa dormindo.
Após caminhar por um longo trecho da avenida, voltei para
casa. Mas antes de chegar, passei por uma pequena árvore florida.
Suas flores exalavam um perfume maravilhoso. O chão estava
forrado de flores que o vento derrubou. Peguei uma e levei comigo.
E enquanto caminhava cheirando aquela flor vez em quando, fiquei
pensando no quanto a noite é misteriosa. Pensei também na
generosidade da Lua e das estrelas. A noite não parte sem antes
deixar o orvalho para as plantas. A Lua e as Estrelas não partem
sem antes acordar a natureza para receber o Sol. As flores se
19
Despertando com os pássaros
abrem exalando perfume. E algumas delas, abrem apenas para
receber o Sol, fechando-se logo após a sua chegada. Os pássaros
entoam belíssimas canções. A brisa noturna espera pelos primeiros
raios do Sol, para então partir. Quando a aurora da manhã anuncia
a chegada do Sol, toda a natureza entra em festa para recebê-lo.
Somente o homem não percebe a grandiosidade de um dia e a
beleza de um amanhecer. Somente o homem não reconhece o
valor da vida.
Bom, desculpem o meu poetizar nas palavras para descrever
o nascer do dia, é que não sei falar desse assunto sem pensar em
poesia. Deus é o maior poeta do Universo e não poupou a fusão
poética em suas obras.
E eu cheguei em casa... E não me sentia tão cansada, mesmo
tendo gasto 2 horas neste meu trajeto de hoje. Mas foi bom. Bom
nada! Foi maravilhoso! Porque consegui vencer o desafio de hoje
da minha mudança de hábito. Se bem que o dia está apenas
começando, mas não vou fraquejar. Se eu me amo, vou me cuidar.
E se não me amo, devo cuidar de mim da mesma maneira. Afinal,
se quero ir a Machu Picchu, devo estar bem com a minha
resistência física para as caminhadas na montanha. Ou então, é
melhor não sonhar coisas desse tipo. Mas para mim, desistir jamais!
Se fraquejar, recomeço! Se for preciso, recomeço todos os dias.
Estou disposta a mudar a minha rotina sedentária.
Por hoje, é isso.
20
Despertando com os pássaros
3º Dia – Um passo à frente
05 de Janeiro de 2017
evo começar este dia falando ainda sobre ontem, o
meu segundo dia de mudança. Ele foi bem significativo,
principalmente pelas dores que senti no corpo à noite.
Acho que a noite, quando nós nos aquietamos um pouco depois de ter
vivido uma grande jornada, é normal que o corpo manifeste o resultado
de todos os esforços que fizemos. Ontem à noite, foi assim comigo.
Depois que me aquietei um pouco enquanto escrevia no computador,
senti dores nas costas, nos braços, nas pernas... Ah, tudo bem, devo
admitir que tudo em mim doía. Quando parei de escrever e me levantei
da cadeira, meu Deus! Vocês não tem ideia (ou talvez tenham), do
quanto eu caminhei com dificuldade. Até a hora de ir dormir, eu
caminhei encurvada e bem devagar, como uma anciã de 100 anos, sei
lá! Por aí. A coisa não estava muito boa. Eu até pensei que no dia
seguinte (hoje), eu não daria conta de cumprir o meu terceiro dia de
mudança de hábito. Tá. Fui dormir.
O relógio despertou as 5:30h da manhã, achei que essa hora
estava ótima para mim, porque eu teria meia hora para preparar o café
antes de sair para caminhar as 6:00h da manhã. Saí atrasada 10
minutos (vou ter que colocar o relógio para despertar às 5:20h) para
caminhar. Isso porque me esqueci de que tenho um pequeno cachorro
lindo que mora comigo, e como ele dorme dentro de casa, faz seus
números fisiológicos dentro de casa também, ou seja; o número 1 e o
número 2, eu tenho que limpar antes de sair. Aliás, não sei por que as
D
21
Despertando com os pássaros
pessoas numeraram as necessidades fisiológicas, acho que é um jeito
bobo de não dizer “xixi” e “cocô”. Bobagem! Comportamento que se
comparado com outros ditos, é quase sem sentido numerar efeitos da
natureza própria dos vivos. As pessoas acabam falando outros nomes
muito mais feios e sujos, e sem o menor pudor. Deveriam numerar
“porra” “merda” “FDP”, e outras palavrinhas feias que se escuta todos
os dias por aí. Já pensou, você discutindo com alguém e dizer – vá
para o número 5! E se for insuficiente, enfia a cara no número 4! –
seria até interessante não é verdade?
Bom, mas continuando a minha jornada, enquanto caminhava
rumo a Av. Marginal Neblina (a partir de hoje a chamarei de Av.
Felicidade, mais à frente explicarei o motivo), vi um velho
conhecido na rua, passeando com seus três cachorrinhos de
estimação. O meu velho conhecido envelheceu muito! Além de uma
choupana esbranquiçada na cabeça, percebi que ele portava consigo
em seu abdome, uma grande melancia! Mas ele não aparentava ter
engordado, apenas o seu meio estava mais roliço. Existe um antigo
dito popular que diz o seguinte, “quando um homem cresce a barriga é
porque se casou ou ficou rico”, talvez ele se enquadre em um dos dois
casos. Mas foi legal vê-lo em plena atividade matinal com seus cães.
Passear com os animais de estimação é um gesto de amor. Ninguém
merece estar preso o tempo todo dentro de casa, nem mesmo os
nossos animais de estimação. É preciso deixa-los ver o movimento da
vida.
Continuei seguindo rumo à Av. Felicidade, sempre observando o
movimento das pessoas indo para o trabalho. Uns em carro, outros em
bicicleta, e alguns a pé (esses são os mais felizes porque conseguem
22
Despertando com os pássaros
ver as coisas e o movimento da vida), um pouco apressados. Talvez, é
que quando se saí de casa para o trabalho, normalmente já se
consumiu todo o tempo calculado para se vestir, tomar café, e fazer as
coisas antes de sair. Geralmente se consome até os minutos extras. É
por isso que quase todo mundo vai sempre para o trabalho numa
correria desenfreada.
Enquanto caminhava próximo à escola que estudei o meu Ensino
Médio, o CEM – Castelo Branco, lembrei-me de que deveria fazer a
matrícula de uma sobrinha minha. Decidi passar pela escola para
tomar informações. E isso de certa forma foi bom porque, relembrei o
tempo em que estudei nesta escola. Vivi momentos muito felizes nela.
A minha turma do terceiro ano era uma turma bastante animada.
Talvez pelo fato de que era o último ano de estudo nesta escola, nós
estávamos sempre juntos, promovíamos eventos para arrecadar
verbas para a nossa formatura. Brincávamos trabalhando.
Sai da escola e continuei até chegar na Av. Felicidade, sempre
observando externamente, (porque existem pessoas que quando
caminham interioriza-se e não vê nada do que está fora delas) os
movimentos, isso porque elas submergem em seus pensamentos.
Observei também os lojistas que, esperançosamente, abriam seus
comércios, já na esperança de ter um dia mais rentável. Porque
esperança a gente nunca deve deixar morrer. Um dia as coisas vão
melhorar para todo mundo.
Quando cheguei aos equipamentos de ginástica da avenida,
sabem que senti uma certa dose de felicidade! Já fui logo me
alongando, e cheia de entusiasmo para começar a pratica os
exercícios.
23
Despertando com os pássaros
Na Av. Felicidade não se vê tristeza nos olhos de quem está
fazendo caminhada.
Talvez se perceba um toque de cansaço no rosto de alguém,
como o de uma jovem que vi hoje. Ela tinha mais ou menos o meu
físico. Parecia ser a sua primeira vez. Caminhava a passos bem
lentos. Mas mesmo assim, caminhando tão devagar, ela estava no
ritmo da sua mudança. O fato de ela já estar ali, era já uma grande
vitória para ela! Coragem é essencial, mas atitude é tudo. Ela foi à sua
caminhada, e foi presenteada com a brisa fresca que estava fazendo
naquele momento, com a paisagem em volta dela. Todas aquelas
palmeiras verde esmeralda, cheias de vida, ao longo de toda a
avenida, era um regalo aos seus olhos e à sua mente. Se os olhos
veem coisas bonitas e felizes, logo um sol desponta no interior da
mente, iluminando todas as vias escuras dentro do nosso cérebro. E
aquela jovem, enquanto caminhava, parecia estar viajando dentro das
vias que se iluminavam no interior de sua mente. Deve ter voltado para
24
Despertando com os pássaros
casa se sentindo mais leve, porque deve ter deixado cair pela Av.
Felicidade, as suas angústias e preocupações.
Continuando minha caminhada, ouvi um som de respiração
assobiada (não sei bem se posso me referir assim a este som) vindo
logo atrás de mim. Vinha em passos frenéticos. Logo o dono daquele
som passou por mim. E sabem que ele parecia sorrir enquanto emitia
aquele som assobiado! Foi um jeito divertido que ele encontrou de
inspirar e respirar enquanto caminhava para não se cansar tanto.
Esqueci-me de falar de uma mulher que se referiu a um dos
equipamentos de ginástica, apelidando-o de “o equipamento do
tchauzinho”. Eu olhei bem para aquele equipamento e disse para ele –
vou te usar muito! – afinal, todo mundo vive dando tchau, e o meu
tchau tinha que ser firme (risos). Entenderam agora porque eu passei
a chamar a Av. Marginal Neblina de “Av. Felicidade”? Ela merece esse
nome! Porque faz bem às pessoas, emagrece, melhora a respiração,
faz bem á visão, e socializa também.
Voltei para casa pelo mesmo trajeto de ontem. São ruas que me
transmitem tranquilidade. Numa destas ruas tem uma linda árvore
pequena cheia de flores, localizada num canteiro gramado. Sua flor é
Ipês em um dos trechos da Av. Marginal Neblina
(05.01.2017)
Entenderam agora
porque eu passei a chamar
a Av. Marginal Neblina de
“Av. Felicidade”? Ela
merece esse nome, porque
faz bem às pessoas. Ela
ajuda a emagrecer, melhora
a respiração, faz bem á
visão, e socializa também!
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Despertando com os pássaros
linda e cheirosa, e embaixo dela é cheio de flores caídas na grama –
não sei se já mencionei sobre ela no relato de ontem – mas, quero
apenas dizer que ontem recolhi uma dessas flores caída na grama, e
hoje trouxe outra. Quero, sempre que passar por lá, trazer uma dessas
flores caídas na grama. As colocarei dentro de uma caixinha. Elas
simbolizarão as minhas caminhadas em minha mudança de hábito.
Retornando, já quase chegando em minha casa, surgiu de uma
das esquinas um grande carrinho (carroça) de grades, com duas
rodas, sendo puxada por um senhor. O carrinho estava cheio de
coisas miúdas (novas) que se vendem a pronta entrega nas casas.
São panelas, cestos de roupas, lençóis e colchas de cama, espelhos,
e um mundo de outras coisinhas mais. Normalmente se vê este tipo de
comércio em cidades bem pequenas (vilas, povoados etc.), onde
existem poucos pontos de comércio. Eles passam nas casas dos
moradores, oferecendo seus produtos e parcelando em notas
promissórias. São conhecidos como “os homens do crediário”. É uma
forma que muita gente encontra para sustentar suas famílias. O fato é
que aquele carrinho emitia um certo som até interessante. É que
quando a gente está caminhando, parece que os ouvidos ficam mais
apurados, principalmente quando ainda é bem cedo do dia. E aquele
Deus deu um barco e dois remos para nos
locomovermos na vida. O barco são nossas
duas pernas. E os remos são nossos
braços. Os remos impulsionam o barco. E é
por isso que não devemos ocupar os braços
carregando coisas enquanto caminhamos.
Os braços precisam estar livres para mover-
se, dando impulso às pernas. Caminha-se
melhor com as mãos livres.
26
Despertando com os pássaros
carrinho emitia um som tipo, quase musical sabe! O som vinha das
rodas em atrito com o ferro. Era um “tan ran tan tan, tan ran tan tan”,
depois mudava o som para “tan ran ran ran, tan ran ran ran” e, “ teun
teun teun”, “trarrrr tum tum, trarrrr tum tum”, sei lá, mais ou menos
assim. E eu dividi a rua com aquele homem por um bom trecho. Se
tivesse com meu celular eu teria gravado, porque acho que daria até
para montar um sambinha sabe! Eu o chamaria de “sambinha da
carroça”, e ficaria legal (risos). Eu percebi que os “tan ran ran e os tum
tum” mudavam de ritmo de acordo com as ondulações da rua.
E por hoje, encerro este relato. Vou agora preparar o meu
almoço. Acho que vou comer uma salada farta e um franguinho
refogado. E talvez coma uma banana também. Na verdade, não estou
fazendo dieta, estou apenas reduzindo a quantidade de alimentos que
estou ingerindo. Já é um bom começo, comer sem o pecado da gula.
27
Despertando com os pássaros
4º Dia – Força de vontade
06 de Janeiro de 2017
ão foi nada fácil levantar hoje às 5:20h da manhã.
Acabei usando a função “soneca” do despertador do
celular. A cama parecia me dizer – joga esse cara
longe daqui! Cara chato. Isso é um martelo no seu cérebro! – e eu
quase a obedeci. Na verdade a minha cama hoje parecia ter uma meia
dúzia de braços atracados a mim. Debaixo do cobertor o clima era tão
agradável quanto aconchego de colo de mãe. Eu cheguei até cogitar
não ir para esta caminhada de hoje, pular esse dia sabe? Era o meu 4º
dia, isso não seria nem um pouco legal. Isso apenas dificultaria a
minha mudança de hábito. Ou a detonaria de vez. Não! Não! Não! Isso
seria inconcebível. Eu agora tinha a certeza do que eu queria – a
minha saúde e a minha disposição de volta – porque é preciso lutar
pelas coisas boas. Lutar sempre. Mesmo que seja no seu último
respiro. Antes tarde do que nunca. Mudar não é nada fácil, pois nos
tira do comodismo, causa dores, perdas, faz uma reviravolta em nosso
cérebro, que fica como se tivéssemos balançando toda a sua estrutura
estacionária.
Começar a mudar a rotina da nossa estrutura corporal com
exercícios e caminhada também dói muito. No início o corpo todo dói –
dói os pés que se enchem de calos. Os joelhos ficam meio trêmulos.
Dói a lombar e a coluna. Dói até na nossa sombra (porque as vezes
tenho a impressão que a minha sombra vai desmaiar), dói tudo. Mas
como eu disse, mudança traz dor, mas é uma dor que irá promover
N
28
Despertando com os pássaros
uma felicidade futura. Dizem que para cada riso, você precisa deixar
sair uma lágrima dos olhos. Então, a dor dos cuidados com a saúde
física, é a lágrima que se converterá em risos. Essa dor dói é a reação
do corpo ao abandono dos nossos apegos e comodismos. Dói no
abandonar ou reduzir à comida preferida. Dói na redução das
dormidas longas. Dói ainda na redução do uso da internet (porque a
pessoa fica sentada o tempo todo no computador, e agora sabe que
precisa mudar isso), porque o computador prende a atenção da mente.
Dói no pensamento, quando temos que transformar todas estas
coisas, reduzindo-as ou até abandonando algumas delas.
O maior entrave da nossa mudança somos nós mesmos, não é
nada externo, não é ninguém fora de nós. Nosso adversário é o nosso
comodismo.
Lute para que o seu comodismo não domine a sua vida, e
você terá sempre bons motivos para sorrir e ser grato. Você
encontrará mais beleza nas coisas a sua volta. Aliás, você
conseguirá enxergar as coisas a sua volta (eu estou vendo melhor e
mais distante), porque a caminhada, unida aos exercícios físicos,
acelera a nossa capacidade de percepção. O cérebro fica mais
ativo. Você terá olhos para além do mundinho em que você vive. Lá
fora tem um mundo de coisas maravilhosas para serem vividas por
você, mas o comodismo não quer que você saiba delas, ele quer
você inerte e sem coragem, sem visão ampla e sem força. Lute
para não cair ou permanecer sob o controle do comodismo.
Bom, voltando à minha mudança de hábito, sabem que quando
eu abri a janela do meu quarto logo que levantei da cama, o primeiro
canto de pássaro que ouvi foi o do Bem ti vi. E ele cantava numa
felicidade! Parecia que realmente cantava somente para mim naquele
29
Despertando com os pássaros
momento, “bem ti vi, bem ti vi, bem ti vi”, e eu agradeci a ele, “bem ti vi
também passarinho”, e fui fazer o meu café.
Fechei o meu portão e sai caminhando pela rua toda
esbranquiçada pela neblina que estava baixa. Naquele instante era
somente eu e a rua, e a rua e eu. Estava um frescor tão bom! E eu
agradeci a minha coragem de pular da cama para continuar a minha
caminhada.
De repente, após alguns metros de caminhada, eis que surge do
meio do nada, do meio daquela neblina, um senhor correndo a passos
olímpicos. Acho que estava se preparando para alguma corrida de rua.
Não sei. Mas sei que me assustei um pouco, porque ele quebrou o
silêncio da minha mente e me tirou a exclusividade da rua.
Continuei caminhando a passos mais expressivos, já com a
mente mais desperta, e um olhar mais atento. Deparei-me com uma
senhora em pé numa calçada, dando instruções para outra estacionar
um veículo. Imaginem que a senhora havia estacionado o veículo com
a frente encostada quase subindo a calçada, e a traseira do veículo a
um metro de distância, dando para a rua. A outra mulher que estava
fora gritava para a do carro – sobe! Sobe reto, depois desce reto
também! – mas parece que a mulher do carro não havia aprendido a
estacionar. A coisa estava complicada ali! A mulher já estava ficando
nervosa. Eu até pensei em pedir para ajudar, mas fiquei receosa,
achando que talvez a dona do carro não gostasse. Continuei
caminhando e ouvindo aquela ladainha – sobe, sobe, sobe mais!
Desce, desce, desce mais (risos), uma coisa realmente perigosa. Digo
perigosa, porque, o que mais vemos nas ruas são pessoas com carro
que não aprenderam a dirigir com responsabilidade. Existem pessoas
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Despertando com os pássaros
que dirigem bem em linha reta, mas não sabem estacionar, e não
conseguem dirigir em ruas muito movimentadas. Isso é imprudente.
Além de colocar em risco a própria vida, coloca em risco a vida dos
outros também. E por mais que haja uma fiscalização, é muito difícil
conter esse tipo de motorista nas ruas, até porque, a maioria deles
está documentada mesmo não tendo domínio no volante de um
automóvel. É uma questão de consciência, da própria pessoa que não
tem domínio e segurança no volante deveria ter. Ela mesma deveria
evitar dirigir. Não somos obrigados a saber tudo na vida, mas somos
responsáveis pelo que aprendemos e fazemos na prática.
Bom, entre uma rua e outra, eu consegui chegar à Av.
Felicidade. Fiz os meus exercícios físicos na academia pública, e
continuei caminhando ao longo do percurso da avenida.
Observei hoje, pais e filhos caminhando juntos. Achei legal
demais – pais incentivando seus filhos, e filhos dando uma força para
seus pais na prática da caminhada saudável.
Observei um jovenzinho bastante acima do peso, fazendo
caminhada. Ele estava num ritmo bem acelerado! Parecia já estar
praticando há mais tempo que eu. Sua resistência física estava bem
visível. E poucos metros à frente, tinha uma mulher sentada em um
dos tantos bancos espalhados pela avenida, a dar força àquele jovem
– vai filho! Vai até o final da avenida! Eu vou esperar você aqui, está
bem? – acho que ela não aguentou o ritmo dele (risos). Ninguém é
mais forte do que aquele que tem objetivo concreto, e que já venceu
suas próprias fraquezas para buscar seus sonhos.
31
Despertando com os pássaros
5º Dia – Resistindo aos impulsos
07 de Janeiro de 2017
ntes de começar a descrever este dia, quero fazer uma
observação referente á noite anterior. Achava que tomar
muito café a noite, não atrapalha dormir bem. Não aqui
fazer o café de vilão. Mas ontem a noite tomei um copo grande de café
americano, e, quase não consegui dormir! E olhem que eu precisava
dormir bem porque, quando se acorda muito cedo, é preciso também
dormir mais cedo. No entanto, eu só consegui dormir após 1:00h da
manhã. Para quem iria acordar as às 5:20h, isso não é muito bom.
Mas deixo claro que não estou culpando somente o café por isso.
Pode ser que tenha a ver com a minha mudança de hábito.
Bom, pra variar, acordei antes do celular despertar. Era ainda
4:35h. Então pensei – poderia levantar logo e fazer um café – mas
Morfeu, sedutor, começou a me envolver, e eu comecei a adormecer.
E mesmo eu tentando não dormir, parecia que o meu corpo estava
aderindo novamente à cama. Levantei. Não posso dormir – pensei –
porque se durmo agora, o sono vai ser bem mais pesado – levantei!
Não dava pra confiar no meu corpo cansado naquele momento.
Quando não se tem uma boa noite de sono, o corpo reclama
apresentando cansaço. Mas consegui resistir aos impulsos de dormir
de novo àquela hora.
Preparei tudo e fui para o meu novo dia desafiador, sim, porque
é um desafio. Não é fácil aderir a uma mudança de comportamento.
Tem que colocar isso como primordial, para que dê certo.
A
32
Despertando com os pássaros
Logo à frente, depois de uns 20 minutos de caminhada, me
deparei com um pobre gato preto (nada de superstição ok?)
abandonado, largado e encolhido, como se estivesse com frio. Eu
pensei – eu poderia levar esse bichano para minha casa e adotar ele
(lembrando que já tenho dois gatos em casa), tadinho, ele está tão
tristinho! – mas desisti desta ideia.
A própria sociedade vive em situação de despreparo aos
desafios de viver em comunidade. As pessoas vivem em situação de
alarme. E muitos, vivem em situação degradante de abandono, seja
ele pela sociedade da qual fazem parte, seja da própria família.
Continuei a minha caminhada rumo à Av. Felicidade, com a
certeza de que foi a melhor decisão que já tomei em benefício da
minha saúde. Fiz até mais exercícios que ontem nos equipamentos de
ginástica!! Acho que é porque a gente vai aderindo aos poucos e
acaba até gostando depois de experimentar exercitar o corpo. Claro
Eu não sei de quem é a culpa
por ter tantos animais
abandonados nas ruas. Mas
deve de ter um ou mais
culpados não é mesmo? Talvez
isso seja resultado da vida
conturbada das cidades. Do
despreparo municipal para lidar
com esta situação, seja
recolhendo os animais das ruas,
seja orientando às pessoas que
tem animais de estimação em
casa, dando-lhes suporte para
os cuidados necessários com a
saúde dos bichinhos.
33
Despertando com os pássaros
que não podemos exagerar, principalmente quando se está sedentário
demais, ou, se a pessoa é fumante. Tem que ir mais devagar.
Aproveitei hoje para tirar algumas fotos de alguns pontos dos
trechos de onde faço minha caminhada. E também do ponto onde se
encontra a pequena árvore de flores perfumadas que mencionei no
início do livro.
No primeiro dia,
quando eu comecei a
conhecei os equipamentos,
eu me exercitei apenas no
apelidado equipamento do
“tchauzinho”, aquele que
ajuda a enrijecer os
músculos da parte do braço
que se chama “tríceps
braquial”, ou melhor, “o
músculo do tchau”.
Av. Marginal Neblina (Av. Felicidade)
Araguaína - TO
Rua Santa Cruz - Araguaína - TO
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Despertando com os pássaros
Estou recolhendo uma flor caída no chão desta árvore todos os
dias quando passo por lá. Estou guardando dentro de uma caixinha.
Serão as lembranças de cada dia que não desisti da luta pela minha
mudança de hábito.
A simples atitude de sairmos do nosso comodismo, já pode ser
chamada de - ato de vitória. Porque com as preocupações do dia a
dia, com o tempo que gastamos no trabalho, já sentimos uma estafa
mental e física que, qualquer tempinho que nos resta, queremos fazer
outras coisas que não seja esforço físico. Mas é preciso, antes de
tudo, lembrar que só podemos fazer bem outras coisas como; viajar e
conhecer lugares interessantes, se nós estivermos fisicamente
resistentes, e bem mentalmente. Por isso é preciso cuidar da saúde. É
preciso exercitar o corpo e a mente para vivenciar outras coisas boas
e felizes.
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Despertando com os pássaros
6º Dia – Domingo I – Pausa
08 de Janeiro de 2017
oje a minha caminhada é pelas vias da literatura.
Vamos poetizar a vida! E da nossa imaginação, fazer
versos, reversos e quem sabe até uma canção!
Ande sem pressa de chegar ao fim do caminho,
Porque quando terminar um caminho, começarás outro.
Se tens dúvida, procure esclarecer.
Se tens ódio por alguém, procure perdoar.
Se carregas um fardo muito pesado, procure dividi-lo com um amigo.
Seja mais que flor no jardim da vida.
Seja mais que canto de passarinho em dias de primavera.
Seja amor.
H
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Despertando com os pássaros
7º Dia – Força de vontade
09 de Janeiro de 2017
ão quero aqui, culpar a segunda-feira pelo meu
desânimo, mas hoje me senti mais cansada durante
a minha caminhada. Confesso que estou
escrevendo nesse momento sem muito ânimo. Estou sendo
empurrada pela força de vontade. Não tive muita dificuldade para
levantar as 5;20h da manhã. Mas a minha disposição física durante
a caminhada e a prática dos exercícios hoje pela manhã deixou a
desejar. E vou dizer a verdade para vocês – não fiz nenhuma
extravagância durante o fim de semana, fui dormir no horário de
sempre, e me alimentei normalmente. – Fiquei pensando se essa
indisposição seria resultado das caminhadas da semana passada...
O fato é que ela se abateu sobre mim.
Percebi que quando estou cansada a mente não funciona com
rapidez de raciocínio, torna-se mais lenta no processamento de
informações, e capta menos detalhes nos acontecimentos externos.
Muitas coisas passam despercebidas, ou seja, os veem, mas a
mente não. Algo mais ou menos assim.
No entanto, mesmo com essa lentidão (nem tanto física, mas
mental), eu percebi que o meu olfato esta bem mais em estado de
alerta do que nos dias normais. Nenhum cheiro ou odor passou
despercebido pelo meu nariz nessa manhã de segunda-feira. Até
mesmo o aroma dos perfumes dos transeuntes foi captado pelo
meu senhor nariz.
N
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Despertando com os pássaros
Ao chegar na Av. Felicidade, continuei em um esforço quase
sobre-humano para caminhar. Mas não estava ruim, eu só estava
mais lenta e não quis forçar o ritmo (é bom sempre respeitar os
limites do corpo), dos meus passos.
Logo à frente, depois de alguns bons metros de caminho,
senti no ar uma bafejada de cigarro no nariz. Percebi que bem perto
de mim, sentado em um banco debaixo da palmeira, um senhor
sugava seu cigarro (fétido), depois bafejava aquele enorme jato de
fumaça no ar. Pude observar que, a lentidão de minha mente em
processar imagens e informações externas, não me permitiu ver
aquele senhor. Talvez, se não fosse o odor de seu cigarro, ele
passasse despercebido pelos meus olhos. Mas, como o meu olfato
estava mais aguçado, eu me dei conta daquela pessoa e seu
cigarro. Aliás, penso que deveriam distribuir placas de “proibido
fumar” ao longo da Av. Felicidade. Lugares onde existem pessoas
fazendo esforços físicos como, longas caminhadas e ginástica, não
pode haver pessoas fumando. A pessoa que está caminhando já
vem ofegante num ritmo ligeiro, sua respiração está bastante
acelerada, e daí surge àquela outra pessoa fumando, bafejando
rajadas de fumaça de cigarro no que a outra pessoa vai respirar –
isso é terrível! Eu senti isso hoje! Se os fumantes tivessem mais
amor próprio, e amor pelos seus semelhantes largaria de fumar.
Porque o cigarro prejudica quem o fuma diretamente, e quem
convive com o ar poluído pela sua fumaça.
De volta à minha casa, sentei-me no sofá do meu quarto e
tirei lentamente os tênis. Pensei no meu propósito de mudança de
hábito. Pensei neste livro que estou escrevendo. E pensei no meu
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Despertando com os pássaros
sonho de um dia ir conhecer Machu Picchu. E pensei que não
posso desistir da minha mudança. Se eu não me esforçar, todos os
meus objetivos e sonhos caem junto comigo. Gente, não é fácil
mesmo. Existirão sempre pensamentos de desistência em nossa
mente, e muitos deles, vem com uma força quase que invencível
pela nossa coragem. Mas o que vai fazer com que continuemos, é o
nosso amor próprio. Somente na prática do amor próprio, podemos
elevar a nossa autoestima para continuar na luta pela concretização
dos nossos objetivos.
Portanto, é preciso força – coragem – foco – fé. Desistir
jamais! Pesquisem na internet exemplos de força e superação. Isso
ajuda a manter a meta de mudança. Procure ter pessoas nas quais
você possa inspirar-se (eu tenho sempre buscado isso) porque
ajuda e muito, quando os pensamentos de desistência insistem em
minar os sonhos.
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Despertando com os pássaros
8º Dia – Um misto de temas
10 de Janeiro de 2017
luta continua sem trégua, mas a minha disposição
está um tanto frágil. Hoje fui caminhar porque não
poderia desistir, se o fizesse, estaria traindo minha
necessidade de mudança de hábito. Eu não preciso falar muito
sobre esta falta de ânimo da qual fui acometida. Até porque, estes
sintomas são de todos aqueles que precisam de mudança de
hábito. O desânimo é um velho conhecido do sedentarismo. Eu até
imagino que ele seja irmão da baixa estima, porque ambos têm
muito a ver um com o outro.
Percebi que hoje havia mais pessoas a caminhar na Av.
Felicidade. Dois jovens irmãos. Alguns tantos casais. E outros
tantos solitários que, como eu, estão ali em busca de uma
transformação física, acompanhada de uma renovação no modo de
viver.
Não vivenciei nada de extraordinário neste 8º dia de luta.
Senti que nestes dois dias (ontem e hoje), estive mais dentro de
mim do que fora. Meus pensamentos estão envoltos a tantas
preocupações. Tenho pensado do mundo, na humanidade, na paz.
Nestes dois dias me ocupei com preocupações que jamais vou
poder resolver, porque não dependem somente de mim, mas de
cada humano que vive na Terra. Quando acordei hoje às 5:20h da
manhã, a primeira coisa que me veio a mente foram os conflitos que
a humanidade está vivendo. Falta de amor uns para com os outros,
crueldades entre semelhantes, guerras, disputas geográficas,
A
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Despertando com os pássaros
disputa por poder, desemprego, fome... E eu não posso fazer nada
para acabar com isso. Eu posso buscar a paz e posso amar mais as
pessoas, posso dar o perdão a quem me ofende, posso dar um
prato de comida a quem tem fome, mas não posso ser feliz vivendo
em mundo com pessoas violentas e cruéis. Eu não consigo.
Lágrimas brotaram dos meus olhos hoje cedo quando acordei e
pensei em todas essas coisas. Como podemos ser felizes, sorrir e
dançar alegremente se ao ligarmos a TV ou ligarmos a internet
vemos e lemos notícias monstruosas como esse ocorrido nas
penitenciárias de Manaus e Roraima? São humanos que fizeram
aquilo? Como pode um ser humano ser tão monstruoso? A minha fé
na evolução humana ficou muito abalada depois disso. O que é o
ser humano afinal? O que quer dizer “semelhantes”? Porque se uns
são bons de coração e de alma, praticam sempre as boas obras,
porque alguns não conseguem fazer a mesma coisa? Estou
desesperançada... Estou com medo de onde a humanidade pode
chegar e do que alguns seres humanos serão capazes de ainda
fazer...
***
Fiz alguns exercícios na academia pública da Av. Felicidade e
segui minha caminhada rumo á minha casa. Após alguns passos,
eis que passaram por mim dois caminhantes numa conversa
bastante animada. Pude ouvir um pequeno trecho em que um
falava para o outro dos altos preços dos produtos nos comércios
dentro dos aeroportos... Lembrei-me imediatamente de uma cena
que presenciei em um determinado aeroporto do Brasil (não quero
mencionar o nome), onde uma família escolhia uma mesa para se
41
Despertando com os pássaros
sentarem em um restaurante / lanchonete. O casal parecia bastante
animado, e o marido, todo orgulhoso, pegou dois cardápios e
entregando um para a esposa, perguntou:
_ O que você quer comer amor? Escolhe aí! E você filho?
Olha este prato aqui, o que você acha? – estava bastante animado
e orgulhoso aquele chefe de família. Afinal, tinha suas reservas
para dar uma refeição de aeroporto para sua família. E eu, ali
sentada numa mesa bem próxima, com uma garrafa de água
mineral e um copo sobre a mesa. Tinha também comigo um
cardápio que eu já havia folheado umas dez vezes para ver se
achava um pratinho bem pequeno e barato, com um precinho
também miniatura (ou pelo menos, justo), mas nada estava ao
alcance da minha coragem. Até tinha uns trocados, mas não
achava justo pagar tão caro por um produto que custava três vezes
menos no comércio lá fora do aeroporto. E não que eu quisesse
ouvir a conversa daquela família, mas foi inevitável devido à
proximidade das mesas.
A esposa começou a passar os olhos pelo cardápio e os
arregalou exclamando:
_ Amor, você está louco? Olha os preços desses pratos! Meu
Deus! Veja esse espaguete aqui (apontou no cardápio mostrando
para o marido), tão simples e custar tudo isso! Com esse valor aqui
podemos comprar uma caixa de macarrão amor! Não vamos comer
aqui. Vamos pagar uma fortuna por três pratos de macarrão! De
jeito nenhum! Vamos procurar outro lugar para comer. Quem sabe
encontramos um lugar mais barato ou comemos bolachas e
salgadinhos. É bem mais em conta. Da próxima vez comemos em
42
Despertando com os pássaros
casa antes de vir para o aeroporto. Porque será que eles cobram
tão caro as coisas aqui? – queixou-se sem compreender. O marido
ainda tentou explicar que todos aquelas empresas pagavam muito
caro também para venderem seus produtos dentro do aeroporto,
mas ela não se contentava com as explicações, e o rebatia – e
quem tem que “pagar o pato” somos nós, os consumidores? Tá
errado! Isso precisa mudar! Deve haver uma maneira de aplicarem
preços mais justos, tanto para eles (as empresas), quanto para nós
que trazemos o nosso dinheiro para gastar aqui. - disse aquela
senhora, com toda a sua razão. São problemas vivenciados por
uma multidão de pessoas todos os dias nos aeroportos, mas que
somente algumas dezenas questionam.
Bom, o fato é que o marido não estava nem aí para o preço.
Quanto mais caro, mais orgulho ele se sentiria em poder pagar a
refeição para sua família em um restaurante / quiosque de
aeroporto. Ele achava que era chique demais poder dar aquele
presente para si e sua família. Sentia-se orgulhoso. Acabou
convencendo a esposa a comer ali, mesmo ela não estando muito
de acordo com aqueles gastos exorbitantes.
Quis relatar este caso que vivenciei de perto, pelo fato de que
a comida em aeroportos custa o “olho da cara”, e tem gente que
acha uma grande vantagem gastar seu “money” em lugares assim.
Tem gente que até deixa de comer em casa antes de ir para o
aeroporto, só para ter o “prazer” de comer por lá mesmo. Não digo
que não é legal sentar em um restaurante / quiosque de aeroporto e
fazer uma bela refeição, um lanche delicioso, é legal sim. O que não
é legal é o preço que se paga por este serviço.
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Despertando com os pássaros
9º Dia – Uma brisa em minha autoestima
11 de Janeiro de 2017
omeço este 9º dia de mudança de hábito com uma
observação sobre ontem à noite (10/01). Achei bem
oportuno a pequena matéria exibida no JN da Globo,
onde o médico entrevistado fala sobre os benefícios da caminhada.
Isso só confirma o que eu já venho notando em minha estrutura
física desde que comecei a praticar a caminhada nesta minha
mudança de hábito. Respiração melhor. Disposição para fazer
outras coisas. Pensamentos mais amplos. Melhor capacidade de
raciocínio.
Hoje acordei mais disposta, consegui ouvir melhor os
passarinhos cantando (ontem eu estava um pouco bloqueada) seus
lindos cantos recebendo a alvorada de um novo dia.
Notei ainda que havia mais pessoas fazendo caminhada na
rua (devem ter assistido a matéria sobre os benefícios da
caminhada no JN) com disposição de iniciante (a passos lentos),
coisa que com o tempo a gente vai ganhando mais resistência e
acelerando os passos. O começo é de extrema de importância.
Depende da forma que se começa na caminhada para que ela
tenha futuro ou não. Quem vai com “sede demais ao pote”, ou seja,
com muita pressa, a passos frenéticos logo no início, acaba por se
cansar e desiste do propósito. Por isso é de extrema importância
respeitar o ritmo do corpo, observando sempre a respiração.
Quando estamos em uma tentativa para emagrecer, e
encontramos uma pessoa que não vemos há anos, e esta pessoa
C
44
Despertando com os pássaros
nos diz: – Nossa! Você está do mesmo jeito, não envelheceu nada!
– isso é realmente uma massagem na nossa autoestima não é
verdade? Mas também isso pode vir a se tornar um motivo para
uma desistência. É que a pessoa pode vir a deslumbrar-se,
pensando que não está como achava que estava, e que do jeito que
está ela está bem. Perigo! Quem nos elogia não sabe como
estamos nos sentindo por dentro. Não sabe da nossa disposição
física e da nossa saúde. Então é preciso ouvir o pedido de socorro
do nosso corpo, prestar muita atenção na falta de produção da
mente. Quando a mente está parada demais, é sinal de alerta
também.
No momento ainda estou lutando para comer menos (devo ser
sincera) para perder o excesso de peso, aquelas gorduras que
estacionam em lugares proibidos do nosso corpo, deixando-nos
incomodados com a presença delas. Quero poder me sentir bonita
ao vestir uma roupa que gosto. Não é questão de vaidade, é
questão de se sentir bem consigo mesmo sabe? Há anos eu não
provo da alegria de ir a uma loja de roupas para provar algumas
delas e levar para casa. Tenho comprado minhas roupas medindo-
as apenas com os olhos, não me faz bem provar roupas nos
vestiários das lojas, porque a cada peça que não me entra, ou que
me deixa notar o meu excesso de peso, fico deprimida por estar. A
nossa mente reconhece o nosso peso ideal. E é por isso que
quando estamos muito acima do peso, nós não gostamos muito de
nos olhar no espelho. Porque se vemos no espelho um corpo que a
nossa mente não reconhece como sendo nosso, isso nos assusta e
nos deixa sem entusiasmo por nós mesmos.
45
Despertando com os pássaros
10º Dia – Recolhendo flores e canções
12 de Janeiro de 2017
o sair para a minha caminhada de hoje, me deparei
com dois sabiás próximos a mim catando pequenos
farelos de alimentos (bolachas) espalhados na rua.
Que coisa né? Nem mesmo os passarinhos escapam das
dificuldades do viver destes tempos atuais. Bebem águas sujas,
empoçadas em quintais e ruas, águas poluídas com produtos
químicos. Comem o que não faz bem para a saúde deles, porque a
maioria dos restos de comida que eles comem pelas ruas e quintais
de casas são restos de alimentos industrializados. Alimentos que
não faz bem nem aos humanos, quanto mais aos passarinhos.
Observem que existem muitos passarinhos inquilinos nos telhados
das casas das cidades, passarinhos que estão obesos. Voam baixo
porque estão acima do seu peso normal. O homem bagunça a
natureza inteira. Muda a rotina dos animais. E os tornam também
dependentes do sistema de vida humana.
Continuei caminhando com uma boa disposição, de vez em
quando olhava na direção do sol nascente, porque queria vê-lo
nascer, afinal, hoje o clima estava muito bom e o céu estava bem
limpo. Queria dizer - bom dia - ao sol, mas eu não consegui vê-lo
surgir. Não sei se estava andando rápido demais, e por isso
alcancei mais depressa um ângulo em que as construções não me
permitiam vê-lo. Mas mesmo assim, desejei-lhe bom dia
mentalmente (dizem que é sempre bom dizer bom dia para o dia,
para o sol, para a natureza...) para que o dia fosse lindo para todos.
A
46
Despertando com os pássaros
Hoje percebi que já ganhei um pouco mais de resistência
física porque, consegui fazer mais exercícios na academia pública
da Av. Felicidade. Inclusive fiquei mais tempo me exercitando no
equipamento do “tchauzinho”. Legal né? Se alguém acha isso uma
coisinha atoa, eu garanto que não é! É uma vitória! É uma conquista
que reforça a continuação em nossa mudança de hábito.
Vi ainda, um pai com seus dois filhos caminhando pela Av.
Felicidade. Como eu sei se eram pai e filhos? Sei que eram porque
eram muito idênticos. O pai caminhava no meio, e os filhos um de
cada lado. Pareceu-me inclusive que os filhos fossem gêmeos
idênticos. E sabe que o pai me pareceu um coroa bem cuidado!
Achei lindo vê-los fazendo caminhada juntos. Quando a família se
exercita unida, e todos mantem uma disciplina alimentar, fica mais
fácil manter uma rotina de vida saudável.
Voltando da caminhada, ainda um pouco distante de casa,
voltei a pensar naqueles sabiás que vi mais cedo. E não sei por que
também, comecei a cantar repetidas vezes em minha mente, um
trechinho de uma musica antiga “Sabiá lá na gaiola”, interpretada
pela cantora Carmélia Alves.
Carmélia Alves
“Sabiá lá na gaiola
fez um buraquinho,
Voou, voou, voou, voou
E a menina que gostava
Tanto do bichinho,
Chorou, chorou, chorou,
chorou... SABIÁ LÁ NA
GAIOLA”
47
Despertando com os pássaros
Caminhando e cantando a música do sabiá, fui recolhendo
flores caídas pelo chão ao longo do caminho. Cada uma destas
flores com seu o perfume próprio me deliciava o olfato. Que
cheirinho bom! Descobri que o olfato fica bem mais apurado de
manhãzinha. Pode-se sentir a peculiaridade do perfume de uma flor
e apreciar mais o seu aroma. Parecia que o cheiro destas flores que
recolhi pelo caminho entrava nas vias do meu cérebro, deixando
uma sensação muito agradável.
Vejo nas flores que recolhi a essência da minha força e do
meu empenho em mudar os meus hábitos por uma vida mais
saudável. Porque não basta viver, é preciso viver bem e com
disposição para que se possa correr em busca da realização dos
próprios sonhos. Quando se está muito sedentário, até os sonhos
são mais tímidos.
48
Despertando com os pássaros
11º Dia – Silêncio e indisposição
13 de Janeiro de 2017
ão sei se é porque já é sexta-feira, mas o meu corpo
já sente um pouco de cansaço. O fato é que não
levantei muito disposta para a minha caminhada
hoje. Fui, porque era preciso. Caminhei, porque não posso desistir.
Isso seria dar vitória a minha monotonia sedentária. Terrível pensar
nisso. Terrível pensar que não sou capaz de lutar pela minha
saúde, quando somente eu posso fazer algo por ela. Terrível pensar
que o desânimo possa me vencer. Terrível pensar que toda essa
falta de vontade de sair do portão para fora e ir caminhar, ver a vida
fluir lá fora, possa ainda ser fruto de uma preguiça (vilã da nossa
saúde), disfarçada de cansaço e indisposição. É muito cômodo
ceder a ela (a preguiça), principalmente quando alguns pequenos
eventos se unem a ela, como por exemplo, um clima propício para
permanecer deitado por mais um pouco de tempo...
N
49
Despertando com os pássaros
12º Dia – Bom humor faz bem e desanuvia o dia
14 de Janeiro de 2017
Talvez por ser sábado, estava mais leve em todos os
sentidos, pelo para mim, que acordei bem amis disposta que ontem.
No trajeto que faço caminhando até chegar na Av. Felicidade,
passo sempre por uma rua que já foi conhecida como “Rua do
Cabaré”, porque ali, de um lado e de outro da rua, por um trecho de
umas 6 quadras, existiam, lá pelos anos 70 e 80, várias casas de
prostituição, conhecidas aqui no Norte como “Cabarés”. E quando
minha família se mudou para um bairro aqui próximo, eu era
meninota e gostava muito de andar, desbravar ruas e lugares a pé.
Tinha também a minha irmã, dois anos mais jovem que eu, e que
também adorava bater perna pelas ruas. Naquele tempo eu gostava
muito de andar, talvez porque eu era magrinha, tinha muita
disposição física, (se precisasse inventava desculpas para não
fazer), e não precisava fazer exercício para manter a forma. E
minha mãe tinha uma preocupação considerável pelas minhas
andanças. Logo, eu não ia só com a minha irmã, juntava também
com as filhas das vizinhas para fazer os nossos “tours” enquanto as
nossas mães estavam trabalhando duro com nossos pais para
colocar comida em casa.
Então, voltando à questão da “Rua do Cabaré”, aquele lugar
tinha uma má fama terrível! Algumas pessoas diziam na época,
pessoas que ouviam histórias contadas pelos ditos homens,
frequentadores do ambiente, que, ali, as mulheres ficavam
enroladas somente de toalha, nas portas de suas “casas de
50
Despertando com os pássaros
programa”. Era uma tática para chamar os seus “clientes”,
convidando-os a entrar em seus recintos. E conta-se que muitas
delas até brigavam umas com as outras, briga feia de faca, disputa
acirrada mesmo, por aqueles “clientes” mais endinheirados. É que
muitos deles, conta-se; eram bem generosos na hora do
pagamento.
E nós, aquele tour de meninas e meninos curiosos, saíamos
escondidos para passar naquela rua proibida, somente para
matarmos a nossa curiosidade. Era uma farra passar por lá e olhar
para as portas daquelas casas, que na verdade, durante o dia (a
hora em que passávamos), não tinha nada assim de espetacular.
Vez ou outra se via alguma donzela na porta fazendo jus à história
das mulheres enroladas de toalha. Talvez aquela estivesse
esperando algum cliente casado (porque os solteiros para a farra à
noite e os casados vão durante o dia para disfarçar), para fazê-lo
entrar em sua alcova.
Enquanto nós, a meninada, estava desbravando os horizontes
proibidos dos cabarés para matar a nossa curiosidade, nossos pais
e mães talvez estivessem morrendo de preocupação no trabalho
deles. Mas graças a Deus, crescemos todos em segurança.
Conta-se que para cada criança Deus manda um anjo
guardião, e nós, naquele tempo, demos muitas dores de cabeça
aos nossos anjos, mas ele conseguiu nos proteger e nos livrar de
acontecimentos ruins.
Voltando à minha caminhada, hoje na Av. Felicidade, passou
por mim um caminhante que se esqueceu de usar o seu
desodorante antitranspirante (quem inventou o desodorante merece
51
Despertando com os pássaros
um prêmio muito valioso). Gente, a coisa estava complicada!
Aquele homem quando passou por mim e deixou aquele odor no
meu nariz, perdeu a sua forma de homem, transformando-se numa
cebola gigante! O ar ficou difícil de respirar! Pedi a todos os santos
para soprar aquele odor para bem longe do meu nariz, mas parece
que os santos estavam muito ocupados. Enfiei meu nariz dentro da
gola da minha camiseta e puxei um longo respiro – ah que alívio! –
daqueles respiros que ajuda a suportar um pouco mais o ar externo.
Agora, imaginem se não houvesse o desodorante antitranspirante, e
nem o creme dental (obrigada ao inventor do creme dental – um
herói) para amenizar as situações fisiológicas do ser humano!
Vocês conseguem imaginar o caos! Seriam tantas cebolas fossadas
andando pelas ruas, umas mais vencidas que as outras, (porque
tem gente que tem uma dificuldade extraordinária para tomar
banho), seria um fedor tão grande no ar! Talvez, teríamos que ter
uma composição nasal mais cascuda, assim tipo, escamada, sei lá,
pra suportar tantos aromas fortes. Experimente cortar uma cebola e
deixar dentro de uma vasilha fechada de um dia para o outro. No
dia seguinte abra essa vasilha e cheira – é exatamente o odor do
suor das axilas humanas quando não se usa o desodorante
antitranspirante – foi esse odor que senti hoje pela manhã.
Outra coisinha que acontece também demais entre os
humanos, é o tal do escapamento desregulado, frouxo mesmo,
sabe! Tem gente que anda na rua, soltando gases fétidos advindos
de seu escapamento furado. Aff! E se a gente está caminhando
atrás desse veículo humano de escapamento furado, a gente acaba
respirando isso porque não tem como evitar. E sabia que tem
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Despertando com os pássaros
muitos homens que adoram fazer suas namoradas / esposas
sentirem o odor fétido de seus escapamentos? Pois então, tem sim!
Eu conheci uma mulher que disse certa vez:
_ Vou largar o meu marido porque eu não aguento mais os
peidos dele. – disse ela convicta.
E eu perguntei curiosa:
_ Como assim?! Separar do seu marido por causa de um
peido?! – porque eu achava que um peido não poderia ser motivo
para uma separação conjugal!
E ela me respondeu:
_ Não é somente um peido sabe? São anos de peidos
debaixo do cobertor! Ele adora peidar aqueles peidões fedidos
debaixo do cobertor quando estamos deitados e me segura para eu
respirar aquilo. Cansei sabe! Comecei a ficar com nojo dele! Isso
fez com que acabassem os meus desejos por ele. – desabafou.
Com estas palavras dela eu compreendi que o amor não
aceita tudo, ele tem seus limites também. O amor precisa de
higiene para continuar com sua chama acesa. Alguns homens
levam esse tipo de coisa (peidar e forçar a companheira sentir o
odor) como diversão. Uma brincadeira sem graça, mas que lhes
fazem dar gargalhadas. Você que gosta de fazer estas coisas, tome
cuidado porque isso pode ser uma diversão que vai se virar contra
você algum dia. E você vai perder o seu amor por causa de uma
sequência de peidos. E isso não é piada para risadas, é coisa séria.
Cheguei em casa depois da minha caminhada abençoada, e
tive uma pequena decepção – meu cachorro mastigou até estragar
o controle remoto Magic An-Mr500 da minha tevê... Aff.
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Despertando com os pássaros
13º Dia – Domingo II – Pausa
15 de Janeiro de 2017
E por ser domingo, dou-lhes folga dos meus relatos
cotidianos, mas deixo aqui registrada esta minha poesia sobre a
desigualdade social.
Desigualdade (Indiferença Social)
Você está feliz, é bem verdade,
Não tem culpa de tantas tristezas
E males da humanidade.
Mas você é parte deste mundo
Que batalha por igualdade.
Você está feliz, vive a sorrir e a sonhar.
Eu vejo, embora não me vejas.
Talvez você sinta medo,
Até de tocar-me as feridas.
Mas saiba que a maior ferida que carrego,
Está no mais profundo de minha alma,
E ela você não consegue ver.
Porém seria bom você se lembrar,
Que do mesmo ar que você respira,
Também eu vivo a respirar.
O Céu te parece lindo?
A mim também parece belo!
Mas debaixo de todo este céu,
Ninguém se importa para onde estou indo,
Se eu estou chorando, ou se estou sorrindo.
54
Despertando com os pássaros
14º Dia – Importante é continuar mudando
16 de Janeiro de 2017
egunda... Segundinha... Segundona... Como a
segunda-feira chegou para você hoje? Aqui para mim
ela chegou bastante nublada e com chuva. Não deu
nem para eu ir caminhar e me exercitar às 06:0h da manhã. Mas
tudo bem. Importante é não desistir, continuar quando der para
continuar. Até porque, imprevistos acontecem, vão sempre
acontecer. Deve-se usar as melhores estratégias para não
prejudicar o andamento da mudança de hábito. Me programei para
fazer a caminhada no fim de tarde, porque dava para fazer se não
viesse outra chuva. Não veio e eu fui.
As 17:00h eu já estava caminhando até animadinha sabem!
Não foi de todo ruim a mudança de horário. Inclusive nesta
caminhada vespertina, tive a companhia de Giovana, minha
sobrinha de 11 anos. Não tive que reduzir os passos para ela me
acompanhar. Ela é bem mais rápida do que eu, pode isso?
Também, quase não tem gordura localizada, e ainda tem a
juventude a favor da ligeireza dela. Eu não. Tenho tanta coisa me
atrapalhando nas minhas desenvolturas físicas! Uma dor aqui, uma
unha do pé que dói ali (dentro do tênis), gorduras empoleiradas em
camadas pelo meu corpo inteiro (risos), pulmões pedindo socorro,
querendo mais ar a todo instante, coração batucando
freneticamente como se já estivesse em ritmo carnavalesco... E a
dor lombar! As costas parecem estar amparando a bola do mundo!
Parece que estou sempre com um peso enorme nas minhas
S
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Despertando com os pássaros
costas... É o peso da idade minha gente! O peso da idade é um
peso que só tende a aumentar com o passar dos anos.
Chegamos na Av. Felicidade (eu e Giovana), e fui alongar
para somente depois ir me exercitar nos equipamentos de ginástica.
Ela não. Que alongamento que nada! Já correu depressa para um
equipamento que se parece um balanço (dizem que é para modelar
a cintura) e já começou a brincar. Acho que para ela aqueles
equipamentos não passavam de brinquedos (para mim eram
máquinas de suplícios necessários para a saúde), de um parque de
diversões. Porque será que os adultos não veem as academias
como um parque de diversões? Já pensaram como seria legal?
Muita gente estaria mais saudável e mais feliz. Um corpo saudável
e resistente carrega um cérebro mais aberto e mais produtivo para
horizontes mais amplos.
Enquanto me exercitava em um dos equipamentos, chegou
um jovenzinho de uns 12 anos (mais ou menos), e começou a
“brincar” no equipamento que tinha ao meu lado. Uma gracinha de
jovem, conversador, bastante expressivo mesmo sabem? Estava
um pouco acima do peso. O pai se exercitava ali por perto em
outros equipamentos. Daí ele começou a puxar assunto comigo.
Olhem só a conversa, que fofa!
_ Meu pai e eu estávamos na fazenda. Chegamos agorinha e
já viemos direto pra cá. – disse ele. Observei que ele estava usando
o equipamento de forma inadequada, segurando a barra apenas
com uma mão, e teria que ser com as duas.
Então eu disse a ele:
56
Despertando com os pássaros
_ Cuidado pra você não cair. Segura a barra com as duas
mãos. – eu disse.
E ele:
_ Eu não caio não – e continuou – eu tenho um cachorro lá na
fazenda sabe! Você acha que eu estou fedendo a cachorro? – falou
e cheirou a camiseta.
Eu respondi:
_ Não! Eu não estou sentindo nada. É que eu também tenho
um cachorro. E donos de cachorros se acostumam com o cheiro
deles e tudo fica normal. A gente não sente os odores do cachorro.
- eu disse enquanto ele observava atento a conversa.
_ Sabe, a minha camiseta está fedendo cachorro sim. É que
toda vez que eu chego lá na fazenda o meu cachorro brinca comigo
e baba a minha camiseta todinha! Eu a lavei com detergente, não
tinha sabão em pó, aí eu usei detergente mesmo. Lavei e coloquei
no sol pra secar antes de vim embora com meu pai. Mas não
adiantou. Eu estou fedendo a cachorro...
Bom, o que se pode fazer? Ele já tinha colocado na cabecinha
dele que estava com o cheiro do cachorro dele, e eu, por mais que
afirmasse que não estava ele não iria acreditar mesmo. Cismas
dele.
Terminei meus exercícios e segui com minha sobrinha para
casa. Passei na árvore com flores perfumadas, recolhi uma debaixo
do pé. Minha sobrinha recolheu quase todo o restante das flores
caídas no chão para levar (era tudo novidade para ela), embora eu
já soubesse que elas iriam ser desprezadas, esparramadas pelo
chão da casa dela.
57
Despertando com os pássaros
15º Dia – Tagarelagem feminina
17 de Janeiro de 2017
asso a passo numa mudança necessária. Cada dia é
novo desafio das próprias forças. Vontade às vezes
de jogar tudo para alto. Mas não. Não posso fazer
isso. Quero um resultado imediato que não virá. Eu tenho que ter
ciência disso – o resultado positivo na minha mudança de hábito
virá com o tempo, porque ele precisa de tempo – eu preciso
compreender essa verdade. Levei anos de vida sedentária para
chegar neste ponto extremo em que me encontro ainda; peso muito
elevado, respiração ofegante, coração que palpita com ritmo mais
acelerado ao menor esforço (embora eu já tenha conseguido uma
pequena resistência física louvável), fome excessiva, já que reduzi
a quantidade de alimentos ingeridos. Parece que o meu estômago
ainda não aceitou esta mudança de hábito alimentar. Mas vou
insistindo. Há um horizonte mais leve e mais saudável para eu
alcançar. Não quero mais viver como vivia antes desta mudança de
hábito. Que os pássaros continuem sendo meus inspiradores para
eu levantar cedo. Quero despertar todos os dias com os pássaros.
Quero a alegria dos pássaros para também dar as boas vindas ao
novo com alegria e canto. Quero um viver mais produtivo.
Segui caminhando rumo à Av. Felicidade sentindo uma brisa
tão maravilhosa hoje às 06:00h da manhã! Que delícia de clima! O
perfume fresco da manhã entrava pelo meu nariz e parece que
passeava por todas as vias do meu cérebro. Ia refrescando tudo lá
dentro. Até meus ouvidos hoje acordaram mais apurados para o
P
58
Despertando com os pássaros
canto de pássaros. Aliás, hoje não ouvi somente o canto dos
pássaros, eu ouvi também galos cantando distantes. Talvez, pela
ausência de ruídos humanos, o vento delicadamente trazia este
canto dos galos de algum lugar mais distante. Eu seu que dava
para ouvir muito bem, os “có ri có có” dos galos alegres saudando o
dia. Canto de galo é legal quando ele está mais distante do nosso
ouvido. Digo isso porque, certa vez, comprei um pintinho que logo
virou galo. Era o cachorro da casa. O bichinho “córicócava” sempre
que alguém que não fosse da casa entrasse no quintal. Era uma
coricocagem sem fim, e também uns riscados de esporão na asa.
Galo quando se sente ameaçado, se entorta para um lado, começa
a rodar e riscar o esporão na asa, como quem diz – não vem não
que eu te pego! Quem manda aqui sou eu! – e se brincar ele pula
na gente mesmo! E o meu pintinho que virou galo era assim. E além
da braveza, ele aprendeu um hábito que me irritava demais! Toda
madrugada, quando os ponteiros do relógio soava 03:00h, ele ia
para o lado da janela do meu quarto, batia as asas umas três vezes,
e começava a sua serenata. Vocês sabem bem como é o canto de
um galo. É bem alto mesmo! E tem galo que canta mais alto que os
outros galos. A garganta dele parece mais funda que a dos outros,
porque até o canto é mais comprido. O meu galo era desses
cantores de tonalidade potente. Era um grande tenor! Ele começava
a cantar às 03:00h da madrugada e emendava o canto até
amanhecer o dia ali no pé da minha janela. Devo confessar que não
aguentei isso por muito tempo...
59
Despertando com os pássaros
Eu saí dos equipamentos de ginástica no início da Av.
Felicidade, depois de ter me esticado e alongado um pouco, e
continuei caminhando ao longo da avenida.
Depois de alguns minutos caminhando alcancei um grupo de
mulheres (uma meia dúzia), fazendo caminhada. Minha gente,
vocês não tem ideia do que é meia dúzia de mulheres tagarelas
juntas! É conversa pra mais de légua! É assunto que não acaba
mais. E todo mundo sabe bem que mulher adora conversar. E numa
roda de conversa, cada uma quer falar mais que a outra, e mais alto
que a outra. Porque quando uma quer falar e as outras não dão
trégua, então esta, começa a sobrepor a sua fala para as outras se
calarem e deixa-la falar. E o zum zum zum estava cada vez mais
alto na minha frente (quando estou caminhando gosto de silêncio),
a coisa estava terrível de suportar. E eu acelerava os meus passos
para ver se passava delas, mas não, elas conversavam muito e
andavam rápido. E eu pensei – vou ter que correr! – mas continuei
caminhando atrás delas assim mesmo, por um bom trajeto. Ali
rolaram altos papos, com assuntos variados. Vocês sabem que
mulher muda de assunto em questão de segundos né? E mulher
adora conversar em rodinhas acaloradas. Acho que os homens são
diferentes de nós mulheres. Quando você vê uma rodinha de
homem conversando assuntos acalorados, pode saber que estão
falando de futebol, ou de mulheres! Mas nós mulheres não, só
precisamos encontrar uma rodinha de mulheres para falarmos de
uma salada de assuntos. Quando uma rodinha de mulher se forma
para conversar, ela começa por um assunto e logo já passa para
60
Despertando com os pássaros
outro, e mais outro, e mais outro e mais... É uma coisa meio louca
isso. Prestem atenção, que é mais ou menos assim:
1º ASSUNTO – ALMOÇO NA CASA DA MÃE DA LÍDIA
LIDIA
_ Meninas, ontem eu fui almoçar na casa da mamãe. Foi
muito legal. Sabiam que a mamãe cozinha muito bem? Acho que
ela conquistou o papai pelo estômago (risos). Mas eu prefiro não
almoçar sempre por lá porque como demais e acabo engordando. E
aí tenho que sofrer na academia.
(Nesse momento inicial da conversa, o assunto já pula para a
academia)
ANDRESSA
_ Gente, eu não contei para vocês né? Eu estou fazendo
academia! Sabem que estou gostando muito!
MARGARIDA
_ Sério?! Ah não gente, eu também estou precisando fazer
academia! Lá é legal Andressa?
ANDRESSA
_ Muuuito! E tem cada gato malhando lá! - respondeu.
(Aqui já sai do assunto academia e entra no assunto moda)
LUANA
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Despertando com os pássaros
_ Sério? Eu quero conhecer essa academia! Meninas, (porque
em roda de amigas, ou se tratam de “meninas”, ou “miga”), eu
preciso contar uma coisa para vocês, e estava me esquecendo!
Conheci um gatinho a semana passada e ele me convidou para ir
numa festa de casamento! Quero um vestido lindo e que esteja na
moda.
ANDRESSA
_ Conheço uma loja muito legal que tem vestidos lindíssimos!!
(Aqui já sai do assunto moda e entra no assunto odontologia)
MARIETA
_ Meninas, vocês conhecem algum dentista legal? Eu estou
com um dente doendo demais, precisando fazer canal. Bem que
meu filho já podia estar formado em odontologia. Ele vai terminar o
ano que vem. Dai ele é que vai cuidar dos meus dentes. – disse
Marieta.
(Aqui já sai do assunto odontologia e entra no assunto fofoca)
LUANA
_ Eu conheço um muito bom. Vou te passar o telefone da
clínica dele. Aliás, meninas, eu preciso contar pra vocês uma
fofoca sobre ele!
ANDRESSA
_ Conta! O que é?
62
Despertando com os pássaros
MARGARIDA
- Conta logooo!! Quero saber! Ele é tão charmoso né?
LUANA
_ Margarida, você que conhece ele também! Sabe que ele é
casado e tem dois filhos, não é verdade?
MARGARIDA
_ Sim. Eu sei. E o quê é que o Dr. Igor fez?
LUANA
_ Traiu a esposa. E o pior, a traiu com a melhor amida dela!
Absurdo isso!
MARGARIDA
_ Pobrezinha da Carmem! Não merecia essa traição!
LUANA
_ Não se preocupe Margarida, a Carmem já deu o troco nele!
Saiu com o melhor amigo dele. E sabe o que mais? Ela gostou
tanto que está repetindo a dose. Uma amiga minha que trabalha na
empresa dela (não conte para ninguém!), disse que os dois se
encontram às escondidas quase todo semana. O problema é que o
casinho dos dois já está dando na cara, e só o Dr. Igor não vê
(muitos risos).
E daí a conversa vai mais longe ainda, num misto de assuntos
que não acaba mais. Como pode mudar de assunto assim tão,
naturalmente, né? Do almoço da mãe da Andressa, em questão de
pouquíssimos minutos, foi parar lá fofoca da traição do dentista...
Voltando àquela meia dúzia de caminhantes que estavam na
minha frente conversando alto, numa tagarelagem perturbadora e
63
Despertando com os pássaros
sem fim, eu não aguentei. Para me livrar daquele barulho que me
incomodava, eu tive que correr uns cem metros para a frente, me
distanciando delas, para que o silêncio voltasse a reinar em minha
mente. O silêncio é de ouro mesmo. Pelo menos para mim nesta
atual fase da minha vida.
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Despertando com os pássaros
16º Dia – Sem assunto.
17 de Janeiro de 2017
Nada a declarar.
65
Despertando com os pássaros
17º Dia – A vida cor de rosa
19 de Janeiro de 2017
reciso dizer uma coisinha sobre ontem, 18... O dia
amanheceu muito nublado e chuvoso, e eu então
pensei – Ah, tudo bem, vou caminhar à tarde – e
continuei apreciando a minha cama. Peguei no sono novamente. E
foi muito legal. Mas, porém, à tarde, me deu um desânimo e eu não
fui. Quebrei a minha rotina da mudança de hábito. Fiquei um dia
sem me exercitar. E isso não foi nada legal, por que...
Hoje acordei muito indisposta, pálpebras pesadas, cabeça
pesada, corpo pesado, pensamento pesado, tudo pesava em mim.
A única coisa que eu queria era dormir, dormir, e dormir ainda mais.
Mas não cedi. Levantei com a força de uma leoa, lutando por si
mesma (se eu não lutar pela minha saúde, ninguém fará isso por
mim), e fui. Abri o portão de casa como se estivesse desafiando a
mim mesma. Fechei-o e comecei a caminhar a passos lentos
(devagar também se chega), buscando inspirar e respirar o ar
novinho da manhã, para ver se ganhava mais disposição para
acelerar os passos.
Observei que nada observei (fato), não vi quase nada que
estava à minha volta. Sabe quando você interioriza-se? Pois é, eu
fui para dentro de mim mesma, porque algo dentro de mim estava a
me chamar com insistência. Seria a minha vontade de mudar a
minha realidade? Talvez! Quando queremos que as coisas mudem
o mais depressa possível, mas não temos as condições físicas e
P
66
Despertando com os pássaros
materiais para isso, desejamos nos esconder de nós mesmos. É
como diz um ditado - desaparecer do mapa – e só voltar quando as
coisas já estiverem mudadas. Mas de tudo, enquanto já
caminhando pela Av. Felicidade, eu não estava só. Eu tinha a
companhia de Edith Piaf (em minha mente) cantando a sua, “La
vie em rose”. A minha vida não estava cor de rosa. Mas Edith, no
entanto, insistia em cantar esta música dentro da minha cabeça,
como se estivesse em um grande teatro, repleto de expectadores a
contempla-la cantando. E de um jeito (que não sei como), ela me
inspirou a cantar junto com ela. Mas como eu não sei francês, o
jeito foi cantar numa linguagem universal:
Na na na na na na naaan,
Na na na na na naaan,
Na na na na na naaaaan
Edith Piaf
“Quand il me prend dans ses bras
Il me parle tout bas
Je vois la vie en rose” LA VIE EN ROSE
67
Despertando com os pássaros
Dia – A terceira idade
20 de Janeiro de 2017
oje eu acordei alegre como os pássaros, mas não
com a disposição dos pássaros. É que ainda estou
naquela fase inicial de mudança. Devo confessar
uma coisa – nos últimos anos eu eu tenho dormido até tarde do dia,
levantando entre 09:00h e 10:00h da manhã. Isso não é nada legal.
Imaginem mudar de repente – deixar de acordar as 09:00h para
acordar as 05:20h com os pássaros! Os olhos demoram a clarear, e
uma névoa os encobre. Talvez esta névoa nos olhos seja devido ao
tempo que os nossos olhos permanecem inertes durante o período
do sono...
Os pássaros hoje bastante generosos comigo, era uma
cantoria só! Precisa ver que coisa linda! A gente deveria prestar
mais atenção no canto dos pássaros e no som da natureza. Talvez
se assim o fizéssemos viveríamos mais serenamente, concordam?
A gente da muitos ouvidos ao barulho humano, às algazarras do
mundo, e isso não é legal para a nossa estabilidade emocional.
Não vi nada de extraordinário hoje enquanto caminhava rumo
à Av. Felicidade, exceto um senhor caminhando com seus
cachorros, deixando-os defecar na rua... Donos de cachorros
deveriam recolher suas fezes na rua. A minha rua é cheia de cocô
de cachorro. Muito ruim esse tipo de coisa.
Prossegui a passos mais lentos, de forma meio preguiçosa
(acho que não era preguiça), estava um pouco difícil acelerar os
passos (antecipação de sintomas da terceira idade?) para ganhar
H
68
Despertando com os pássaros
um ritmo mais eficiente no ganho de resistência física e perda de
peso. O problema é que a gente (sedentário) quer emagrecer e
ganhar resistência física de uma ora para outra. E as coisas não
funcionam assim. Tudo precisa de tempo para se transformar. Se
eu continuo na minha mudança de hábito, essa transformação vai
acontecer, mas não assim tão depressa. Eu estou trabalhando a
minha conscientização também, estipulando um tempo maior para
atingir as minhas metas. Nada de pressa ou desespero, porque isso
só viria a prejudicar os meus objetivos.
Sabem que hoje (sexta-feira, 20) tinha muitas pessoas da
terceira idade se exercitando nos equipamentos da Av. Felicidade!
E alguns deles aparentavam bem mais disposição física que eu! Um
incentivo para mim, que estando ainda na casa dos 40, estava com
a disposição física dos 80. Eu me lembro quando eu era criança,
que uma pessoa na minha faixa de idade, já se considerava velho!
Graças a Deus isso mudou! Não sei se essa mudança é por causa
do acesso facilitado a uma vida mais confortável. Ou à prática de
atividade física saudável (porque bater cabo de enxada e foice na
roça é de doer), com acompanhamento de profissionais. Nos anos
70 e 80 ainda tinha um número muito grande de pessoas
trabalhando duro nas zonas rurais. Trabalhavam de sol a sol, tendo
a pele queimada, porque não usavam nenhum tipo de protetor
solar. Hoje as coisas mudaram muito, os avós em sua idade física
possuem uma aparência jovem, como se fossem os pais, e os pais
são tão joviais que parecem ser irmãos dos próprios filhos.
Se os jovens de hoje pensassem na juventude e força da sua
terceira idade, cuidariam de estudar e se formar, para terem um
69
Despertando com os pássaros
trabalho melhor remunerado, garantindo assim, uma aposentadoria
melhor para podem curtir a vida para quando chegarem lá. Porque
eles vão chegar lá plenos de uma vontade de viajar, de curtir a vida,
de ter novas experiências, e sem dinheiro não dá para fazer muita
coisa né? O problema é que a juventude acha que tudo é fácil,
porque tem os pais que lhes dão todo o suporte necessário. Eles
não pesam que devem se preparar com responsabilidade para
assumir as direções da própria vida, deixando assim, seus pais
poderem curtir com mais leveza, a terceira idade deles.
70
Despertando com os pássaros
19º Dia – Um sábado nostálgico
21 de Janeiro de 2017
ue pulo! Quase como se fosse um canguru! Foi
assim que consegui me libertar da cama hoje. Sim, é
sábado, mas sábado também é dia de mudar de
hábito! Caminhar, caminhar, caminhar. Principalmente depois de ter
comido bastante na noite anterior (sexta-feira) sem o menor
controle. Vocês sabiam que a gula é um monstro? Pois ela é sim,
sum monstro terrível e dominante! A gula é uma coisa séria que se
deve enfrentar, mas que, vez ou outra, a gente acaba por perder
para ela na queda de braço. E sabem o que pior do que uma gula?
A própria gula enjaulada de regime. Quando ela se solta ela quer
devorar tudo que é comível (risos), e a gente parece um triturador
que não enche nunca. Aliás, a única coisa que fica realmente cheia,
é a nossa consciência depois de ver que a nossa gula superou
todos os seus limites. Dá até vergonha na alma da gente, quando a
gente pensa no tanto que comeu (gula é pecado) quebrando todos
os recordes alimentares.
Tem uma coisa que me incomoda durante a minha caminhada
– a vontade de fazer o nº 1 (xixi) – porque não possui banheiros
públicos disponíveis na Av. Felicidade! Nem pagando você acha um
lugar para fazer o seu xixi. O que eu acho um erro e uma crueldade
com a bexiga da gente! Porque a bexiga não quer saber se você vai
ter um banheiro disponível. Ou se você vai precisar cair no mato
mesmo para esvazia-la! Gente, é muito ruim mesmo! É um desafio
das próprias forças, estar com a bexiga cheia e ter que segurar por
Q
71
Despertando com os pássaros
muito tempo para esvazia-la. Além da dor, a gente perde até a força
para se caminhar e exercitar. Outro dia eu passei mal por causa da
vontade de fazer xixi e não tinha banheiros públicos. A minha sorte
é que encontrei um restaurante abrindo e fui lá com a minha
vergonha, para pedir que me deixassem usar o banheiro deles.
Uma pista de caminhada pública deve ser equipada com banheiros
públicos ao longo de toda ela, mesmo que cobrem pelo serviço.
Num determinado trecho da Av. Felicidade (aliás, já descobri
que essa avenida é musical), eu comecei a ouvir uma música bem
legal dentro da minha cabeça. Ela é uma música um tanto
nostálgica, mas muito bonita, ao ponto de me fazer cantar
mentalmente junto com os cantores, Il Volo e Eros Ramazzotti.
Sabem, tem música que parece o nosso cérebro se apaixona por
ela e não quer mais deixa-la. Acontece sempre comigo, de eu
passar o dia inteiro cantando um pedaço de uma música e não
conseguir tira-la da minha cabeça. Parece uma espécie de
obsessão, ou coisa do tipo. Você toma o café da manhã, a música
está lá passeando entro do teu cérebro. Você almoça, e ela ainda
está lá, como uma vitrola furada, repetindo apenas determinado
trecho da música (parece que o cérebro sente sabor naquele
trechinho repetitivo) como se ela fosse uma espécie de chiclete que
o cérebro masca. Chega a noite, ela ainda está lá, fraca, mas
teimosa e insistente. E só vai embora depois de uma boa noite de
sono. O meu cérebro é mascador de música, quando ele se agrada
de alguma música, ele escolhe um trechinho e fica mascando sem
parar.
72
Despertando com os pássaros
Esta música que meu cérebro encontrou hoje, flutuando nas
ondas sonoras da Av. Felicidade (digo, encontrou, porque esta é
uma música que quase não ouvi desde o seu lançamento, e nem
sei a letra dela direito), se chama “Così”. E a minha mente, como
um disco de vinil enganchado na vitrola, só conseguia cantar
repetidamente este pequeno trecho:
“Così, così,
L’amore a volte ci dimentica... COSÌ”
Na ni na na na na na naaaan
Naaan naaaam
Na ni na na na ni na naaaan...
Eros Ramazzotti Il Volo
“Ma senti l'aria arriva un temporale
Chi l'avrebbe detto mai”
73
Despertando com os pássaros
Dia – Domingo III – Pausa
22 de Janeiro de 2017
A este domingo, dedico esta minha poesia.
Coisas desse mundo
Estou pensando nas ervas que nascem livres no campo,
E nas flores que desabrocham sem a obrigação de serem belas,
Eu estou pensando também no jardim de rosas do palácio do rei,
E nos trevos que nasceram sozinhos no quintal do servo
Sem que ele os tenha plantado.
Sim... Eu estou pensando na vida como um todo.
E de alguma forma, com tanto pensar, eu estou sentindo certo espanto.
Que diferença há entre as flores dos palácios reais,
E as flores dos nossos singelos quintais?
Que diferença há no ar que por lá o rei e seus súditos respiram,
Daquele que eu e outros servos da Terra, estamos a respirar?
Estou a pensar, se é menor a dor dos reis de toda a Terra,
Do que a dor que eu sinto em meu viver,
Do que os meus próprios ais.
Eu estou pensando no algodão que fornece a fibra para as vestes do rei,
Não seria ele o mesmo algodão que veste o servo que o plantou?
E porque aquele que o plantou veste os fios frágeis da sobra, e não o melhor deles?
Que mundo mais estranho esse, onde o que planta fica com as sobras,
E aquele que nada plantou, leva sempre os louros da colheita!
Isso, eu realmente não entendo, eu nada sei!
Eu estou pensando em tantas coisas, em tantas situações...
Eu penso também nos passarinhos, que se tornaram inquilinos nos telhados da
cidade,
Que trocaram as copas das árvores pelas telhas de barro e cimento,
A natureza já não lhes dá mais segurança?
Ou ela, cansada e fraca, já não lhes dá mais o alimento?
Uma coisa é certa – não foram os passarinhos que enlouqueceram
as estações.
74
Despertando com os pássaros
21º Dia – Segundona
23 de Janeiro de 2017
eguindo em frente com a minha mudança de hábito,
nesta segunda-feira levantei-me disposta e fui para a
minha caminhada. Dizem que com 21 dias seguindo
uma rotina, ela se torna um novo hábito. Deve ser por isso que
acordei junto com o despertador do celular (risos). Mas, falando
sério, levantar cedo para caminhar já não está sendo de todo ruim
para mim. Nesta segunda-feira foi fácil me levantar da cama. Estava
mais disposta fisicamente.
Hoje notei que havia poucas pessoas caminhando e
exercitando nos equipamentos de ginástica da Av. Felicidade. Deve
ser porque é segunda-feira e muita gente amanhece com um pouco
de preguiça.
Estava caminhando alegremente quando passou por mim o
“The Flash”, um jovem que corria como o vento (um pouco de
exagero na referência), mas ele estava num ritmo bem acelerado,
como se estivesse correndo para receber algum prêmio. Aliás,
existe um prêmio para quem se esforça na prática dos exercícios –
a disposição física acompanhada de muitos benefícios para a
saúde. Eu deveria ter começado antes, beeeem antes. O problema
é que achamos que nunca vamos entrevar não é verdade? Quando
estamos bem fisicamente, a nossa mentalidade é limitada ao
presente, nada de futuro, aliás, para que saber como estaremos no
futuro? Pensamento torto, porque quando se trata de saúde, é
fundamental pensar no futuro. A idade avança. A força diminui. O
S
Despertando com os Pássaros
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Despertando com os Pássaros

  • 1. 24 dias de mudança de hábito
  • 2. Dedico esta obra primeiramente a Deus, que é o Autor do Universo, que me deu a vida, e tem me mantido de pé até hoje, me ajudando a enfrentar as tempestades do meu viver com coragem e otimismo. E dedico a Jesus Cristo, o grande Mestre que nos ensinou em sua passagem pelo Planeta Terra, sobre o valor do amor e do perdão. Dedico esta obra também aos meus pais, Maria e Juvenal, diamantes da minha vida, que me deram a chance de vir ao Mundo. Sou imensamente grata a eles. Dedico aos meus irmãos, pérolas do meu viver, Marleide, Deusilene, Vanderlei, Flávia, Rosângela e Maurício. E a todos os meus sobrinhos, flores do meu jardim. Não os nominarei porque a lista é extensa. Dedico esta obra em especial para o meu filho Guilherme Pince, graça divina da minha vida. Para a sua companheira amável, Celly, e também para o meu netinho que está chegando para se tornar mais um cidadão deste Planeta. Dedico ainda esta obra a quem, assim como eu, se cansou de ser sedentário e de viver sempre cansado mesmo não fazendo absolutamente nada. Dedico este livro também aos meus amigos de “rosas, versos, e risos”. E aos meus amigos de, “oi e tchau”. Dedico a você, caro leitor, que por algum motivo, decidiu ler esta obra.
  • 3. O Mundo é uma estrutura que promove uma aleatoriedade e uma transformação constante. Ele exige de nós uma postura de mudança e adaptação. Não adianta fugir das mudanças. Não adianta pensar que vamos passar pela vida sem uma transformação. Essa ocorre no dia a dia. Sempre que acordamos pela manhã, já somos uma nova pessoa, com alguns novos pensamentos, com novos sonhos, e até com novos lamentos. Adaptar-se é fundamental quando não existe um meio para fazer uma mudança. Mas aceitar as mudanças que promovemos ou que ocorrem naturalmente em nossa vida é um meio inteligente de progredir.
  • 4. Sumário 1º Dia - Mudança de hábito...........................................................10 03 de Janeiro de 2017 2º Dia – Aprendendo com os Pássaros.......................................15 04 de Janeiro de 2017 3º Dia – Um passo à frente............................................................19 05 de Janeiro de 2017 4º Dia – Força de vontade.............................................................26 06 de Janeiro de 2017 5º Dia – Resistindo aos impulsos.................................................31 07 de Janeiro de 2017 6º Dia – Domingo I – Pausa...........................................................35 08 de Janeiro de 2017 7º Dia – Força, Foco, e Fé.............................................................36 09 de Janeiro de 2017 8º Dia – Um misto de temas..........................................................39 10 de Janeiro de 2017 9º Dia – Uma brisa em minha autoestima....................................43 11 de Janeiro de 2017 10º Dia – Recolhendo flores e canções.......................................45 12 de Janeiro de 2017 11º Dia – Silêncio e indisposição.................................................48 13 de Janeiro de 2017 12º Dia – Bom humor faz bem e desanuvia o dia.......................49 14 de Janeiro de 2017 13º Dia – Domingo II – Pausa........................................................53 15 de Janeiro de 2017 14º Dia – Importante é continuar mudando.................................54 16 de Janeiro de 2017 15º Dia – Tagarelagem feminina...................................................57 17 de Janeiro de 2017 16º Dia – Sem assunto...................................................................64 18 de Janeiro de 2017 17º Dia – A vida cor de rosa..........................................................65 19 de Janeiro de 2017 18º Dia – A terceira idade..............................................................67 20 de Janeiro de 2017
  • 5. 19º Dia – Um sábado nostálgico...................................................70 21 de Janeiro de 2017 20º Dia – Domingo III – Pausa.......................................................73 22 de Janeiro de 2017 21º Dia – Segundona.....................................................................74 23 de Janeiro de 2017 22º Dia – Banho de chuva.............................................................76 24 de Janeiro de 2017 23º Dia – Nova adaptação.............................................................78 25 de Janeiro de 2017 - quarta-feira – um dia muito especial 24º Dia – Música e ar fresco.........................................................79 26 de Janeiro de 2017
  • 6. 6 Despertando com os pássaros Bom, primeiro eu devo dizer a você, caro leitor, que esta história é real. Ela é a minha história. E ela também está sendo escrita em tempo real. Talvez você não se interesse muito por ela logo de início, mas seria bom se você tentasse ler, porque nela existem muitas situações que de repente, você se identifique com alguma delas. Tenho vivido até hoje, 03 de janeiro de 2017, (quero deixar bem claro a data), de uma forma muito monótona e sem sal. Quando digo sem sal, é sem sal mesmo! Sedentarismo, comodismo, pessimismo... bem, um montão de “ismo” tem feito parte dos meus dias. Hoje resolvi dar um basta nisso! Cansei de tanto não fazer nada por mim mesma, a começar por dar um pouco de atenção à minha saúde. Dei o título “Despertando com os pássaros” a este livro porque tenho observado um pouco a vida dos pássaros. Já observaram que os pássaros levantam de seus leitos muito cedo? E que eles, além de acordar cedo, eles já começam o dia com movimentos através de seus voos? Mas além de acordar cedo, eles não ficam estacionados em suas árvores esperando o sol surgir, para só depois alçarem seus voos! Eles acordam e se vão. Não somente isso, acordam, começa a cantar, e alçam seus voos. Todo passarinho já acorda cantando para saudar a vida. Nada de tristeza. Nada de pessimismo e preguiça. E foi por isso que pensei neste título, lembrando o exemplo dos pássaros.
  • 7. 7 Despertando com os pássaros Tudo nesta história se baseia em uma mudança de hábito, cujo intuito meu, é experimentar uma vida mais alegre, mais saudável, e mais participativa em todos os bons contextos da vida. Não quero passar pela vida, quero provar as belezas e as coisas boas da vida, sorrir com a vida, cantar e dançar com ela. E quero fazer tudo isso com saúde e disposição. Até hoje tenho visto a vida passar por mim como se eu fosse um objeto inerte que apenas observa as coisas, mas que não sabe o gosto que elas têm. Decidi que quero ver a beleza que contém em cada obra divina. Sabem, ultimamente tenho tido muita vontade de conhecer Machu Picchu, no Peru. E foi a partir deste sonho que comecei a martelar dentro do meu cérebro (que eu achava que já estava ficando muito velho), que eu ainda poderia realizar este sonho, e isso só dependia exclusivamente de mim, da minha mudança de hábito. Como eu poderia caminhar por lugares íngremes, se a minha disposição física estava à zero?! Além de estar muito acima do peso máximo permitido para a minha altura, eu não fazia nenhum tipo de exercício físico! Planejar uma viagem a Machu Picchu neste momento da minha vida seria um desafio imprudente para mim. Eu não tinha nenhuma preparação física para os esforços necessários para esta aventura. Então eu passei alguns dias observando as minhas próprias estruturas antes de fazer esta mudança de hábito. Observei também muitos exemplos de pessoas que conseguiram vencer com mudanças de hábito, se alimentando com equilíbrio (devo dizer que eu estava comendo uma quantidade para três, e não estou mentindo), fazendo exercícios físicos, principalmente uma boa
  • 8. 8 Despertando com os pássaros caminhada todos os dias. Estas observações me levaram a tomar uma atitude em meu próprio favor. Ninguém iria fazer isso por mim, a não ser eu mesma. Devo dizer ainda que, temos que realmente nos amar, e isso não é conversa de livro de autoestima, é fato! Quem se ama se cuida, e consegue também amar a vida que tem, melhorando-a a cada novo dia. Quem se ama consegue planejar coisas felizes para si mesmo. Indiferente daquele que não se ama, que por não se gostar, vai gostar da vida dos outros e desprezar a sua, vai estar sempre de olho nas realizações do outro, sem se dar conta de que a vida dele está passando diante dos olhos dele enquanto ele não faz nada para realizar e vivenciar coisas felizes. Nesta minha mudança tenho vários objetivos felizes para a minha vida, e um deles é emagrecer porque estou muito acima do meu peso ideal. Preciso eliminar os quilos que me incomodam (eles acham que estão aposentados no meu corpo, vou elimina-los todos, um a um), eles são devoradores da minha boa disposição para fazer as coisas. Bem, como estou escrevendo este livro em tempo real, eu quero começar já relatando o meu primeiro dia de mudança de hábito. Então, no dia 03 de janeiro de 2017, eu disse isso a mim mesma: _ Coragem garota! Coragem! Você é forte! Você é capaz! Você tem a vida a seu favor, basta tomar uma atitude de fé. Você só precisa começar e acreditar que você pode mudar esta situação, este momento que você está vivendo. Você pode dar novas cores para a sua vida. Você pode conhecer novas paisagens, e ver coisas que o comodismo não te permitiu ver até hoje. Levante bem cedo!
  • 9. 9 Despertando com os pássaros Levante com os pássaros! Saia fora da porta da sua casa! Saia na rua! Atreva-se a começar a mudança que você, no fundo de seu coração, sabe que pode fazer para melhorar a sua vida, a sua disposição física. Seja capaz de trazer mais alegria para a sua vida! Busque novas experiências, e viva outras realidades. Abandone os velhos vícios (comer demais, dormir demais, curtir preguiça demais...) que te maltratam e consomem tua vida! Vai! Mude agora! Mude de hábito! Bem, eu disse isso a mim mesma exatamente na tarde do dia 03 de janeiro de 2017. E não levantei com os passarinhos naquele dia, porque tomei essa decisão na hora do almoço. Me deixará muito feliz saber que, a minha história poderá, quem sabe, ajudar outras pessoas a também mudar de hábito, para viverem uma vida melhor e mais saudável. Aqui neste livro você não vai encontrar cardápios para uma dieta saudável, até porque, o meu propósito nesta mudança de hábito é comer apenas o suficiente para o meu corpo. Quando eu digo, “o suficiente”, eu quero dizer, comer sem exageros. Qualquer pessoa reconhece uma gula, quando está comendo em excesso. Mas deixo claro que, evitarei os jantares, as comidas noturnas, fazendo-as o mínimo possível, substituindo alimentos pesados por líquidos (leite semidesnatado e chás), e frutas. O maior dos compromissos que quero manter firme é fazer caminhadas, acompanhadas de alguns exercícios físicos. Não vou para uma academia, vou utilizar-me dos equipamentos de academia que foram instalados na AV. Marginal Neblina, na minha cidade, Araguaína - TO. Sabe, muita gente diz que não faz uma academia porque não tem dinheiro para pagar, nem tempo para frequentar, e
  • 10. 10 Despertando com os pássaros isso é uma grande desculpa para quem tem equipamentos disponibilizados gratuitamente em alguns pontos da cidade em que vivem. E estes equipamentos estão disponíveis 24 horas, ou seja, quem quer usar, faz seu próprio horário. Então, até nisso eu percebi que eu estava realmente perdendo ótimas oportunidades de me cuidar, de cuidar da minha saúde e do meu bem estar. Mesmo quem não tem equipamentos disponíveis, pode praticar a caminhada, porque ela melhora a disposição para fazer as coisas, reduz a ansiedade, mantém a saúde do coração e da mente, e ainda alivia o estresse. Sem falar que a caminhada socializa, pois enquanto estamos caminhando estamos vendo e cumprimentando pessoas, e até encontrando velhos conhecidos. Esta mudança de hábito será contínua, mas aqui, para descrever a minha história, eu estipulei um período de 24 dias. Estou começando hoje, 03 de Janeiro de 2017, e finalizarei o livro no 24º dia. Tenho certeza que nesta data, já estarei me sentindo acostumada a minha nova rotina de vida saudável. No decorrer deste período, vou relatando as minhas experiências com a mudança de hábito diariamente. Mesmo nos dias em que eu deixar de fazer algumas das minhas atividades de mudança. No final deste período, vou revelar a quantidade de quilos que terei eliminado. Mas não seja curioso para ir até o final do livro para ver isso! Leia toda a minha trajetória ok? Vamos lá então! Vou começar a descrever este dia de hoje, o primeiro dia da minha nova vida. O primeiro dia da minha mudança de hábito.
  • 11. 11 Despertando com os pássaros 1º Dia - Mudança de hábito 03 de Janeiro de 2017 ram já quatro horas da tarde, o céu estava começando a ficar muito nublado pra chover. Mas isso não me intimidou de forma alguma. Porque quando queremos uma mudança, nós nos adaptamos às situações. Então eu pensei – se chover eu vou assim mesmo! – e choveu. Choveu por uns dez minutos, começou antes de eu sair de casa. Esperei a chuva passar. Quando ela passou, sai de casa. Do portão da casa para fora, eu sai com a certeza de que, a partir daquele momento, eu vivenciaria novas experiências. Eu mudaria a minha rotina e tudo iria ficar melhor para mim. Eu iria emagrecer (eu vou), eu iria ter mais disposição física (eu vou), e eu iria ser mais feliz (eu vou ser mais feliz), com a nova vida que eu estava começando a viver, com a decisão mais demorada que levei para ter. Devia ter feito isso há muito mais tempo. Quando eu comecei a caminhar, veio em minha mente um trecho da música “Conquistando o impossível”, da cantora Jamily, (deixo claro que não estou fazendo propaganda para o artista), que diz assim: “Campeão, vencedor, Deus da asas, faz teu voo. Campeão, vencedor, Essa fé que te torna imbatível, Te mostra o teu valor” E
  • 12. 12 Despertando com os pássaros Fiquei cantando repetidas vezes este trecho da música, e ao mesmo tempo, meditando no significado dessas palavras para mim. Cada um entende e interpreta as palavras á sua maneira. E eu, a interpretei da seguinte maneira: “Deus dá asas (Deus dá a vida) Faz teu voo (viva a vida com fé, lute pelos teus sonhos). Se tivermos fé, logo acreditamos que somos capazes de fazer as coisas acontecerem, nos tornamos fortes para lutarmos pelos nossos ideais e pelos nossos sonhos. Enquanto eu caminhava, cantava e pensava, pensava e cantava. Comecei a observar as pessoas que passavam por mim. Comecei a ver pessoas esbeltas, aparentemente bem dispostas passando por mim, e eu as admirava e desejava estar também com aquele físico, com aquela aparência de leveza e disposição. Depois de caminhar por uns 40 minutos, cheguei à Praça São Luís Orione, e podem crer – o tempo estava realmente muito fechado pra chover outra vez. Mas isso também não me desanimou. Eu pensei – porque tenho que ter pressa? Se chover, paro em algum lugar com cobertura e espero a chuva passar! Na verdade todos nós temos uma pressa psicológica, já observaram?
  • 13. 13 Despertando com os pássaros Às vezes não temos nada de importante ou urgente para fazer, mas estamos sempre com pressa! Isso é uma coisa meio paranoica. Não conseguimos ter paciência para esperar nada! Só o fato de sabermos que teremos que esperar alguma coisa, não é nem preciso dizer quanto tempo, já entramos em situação de alarme, parece que esperar é algo inconcebível. Na verdade, penso eu, esperar é a constatação de paralização. Ou seja, o ritmo em que estamos é abalado pela situação da espera. E o tempo que passa, enquanto estamos inertes a esperar é considerado como uma grande perda, mesmo que, talvez, não o usássemos com sabedoria e proveito. De qualquer forma consideramos a espera uma perda de tempo, e isso, a nossa mente não concebe de bom grado. Voltando a questão da chuva, choveu mesmo, e eu tive que procurar um abrigo. Aguardei por quase meia hora, até que a chuva passasse. Mas enquanto aguardava a chuva passar, exercitando a serenidade (descobri que a serenidade, assim como a paciência, pode ser exercitada), deixando a minha mente relaxar um pouco, com pensamentos de que não adiantaria naquele momento eu ter pressa, porque, primeiro; não levava comigo um guarda-chuva. E segundo; eu não tinha nada tão importante que me fizesse perder o meu equilíbrio e minha estabilidade emocional para sair correndo debaixo de chuva para ir para casa. Então respirei fundo, e silenciei meus pensamentos (cada um sabe como silenciar seus pensamentos), para que eles não me atormentassem por motivos banais. E querem saber, que a maior parte da nossa irritação e desequilíbrio vem mesmo é das tempestades dos nossos
  • 14. 14 Despertando com os pássaros pensamentos! Para mudar um panorama de irritação, basta que busquemos algo que nos distraia, e eu encontrei esse algo naquele momento de chuva. Passei a observar a correria das pessoas. Vi uma mulher que imprudentemente, foi estacionar seu carro e quase bateu no veículo estacionado atrás. Vi um senhor que corria atravessando a faixa de pedestres empurrando o seu carrinho de bananas. Outras duas senhoras, apoiadas no ombro uma da outra, caminhavam pela rua dividindo um guarda-chuva. Outro passou perto de mim lamentando a chuva. De repente um vento forte trouxe a brisa fresca da chuva para o meu rosto. Eu senti o quanto é bom observar a chuva e sentir o frescor dela. Aquele instante me fez bem. A chuva passou e continuei a minha caminhada. Daquele momento em diante eu aderia a um novo lema de vida – viver com menos pressa, e nada de brigar com os eventos naturais que aparentemente nos atrasam em alguma coisa – tudo tem sua razão, até mesmo uma chuva que nos obriga a esperar alguns minutos do nosso tempo. Depois de alguns minutos cheguei na Av. Marginal Neblina, uma avenida larga que contorna uma grande extensão do Córrego Neblina. Ao longo de toda a avenida se pode ver além dos comércios, palmeiras verdes e viçosas. Mesmo a água do rio não sendo tão limpa e pura, pode-se sentir um clima mais ameno nas calçadas de pedestres. Continuei caminhando até chegar em um espaço onde há equipamentos para ginástica. Tão logo cheguei, acreditem, escolhi logo um aparelho que tem uma cadeirinha (queria mesmo era sentar um pouco, estava exausta), e já comecei a praticar o
  • 15. 15 Despertando com os pássaros exercício. Não demorou muito, e o meu celular tocou. Era minha nora, para saber onde eu estava. Depois que disse onde eu estava ela perguntou se eu queria uma carona (que alívio) para ir para casa. Gente, eu aceitei logo de cara! Era a minha primeira caminhada depois de vários anos de sedentarismo, eu nem sei como estava conseguindo respirar ainda, afinal, eu já havia caminhado uns 4 km até aquele lugar! Eu acho que exagerei. Mas eu estava caminhando bem devagar, quase parando sabe? Era quase um passeio de tartaruga. Daí, quando ela chegou eu fui para casa. Tomei um banho e fui escrever a minha primeira jornada de mudança de hábito.
  • 16. 16 Despertando com os pássaros 2º Dia – Aprendendo com os Pássaros 04 de Janeiro de 2017 relógio despertou exatamente as 05:30h da manhã. Eu escolhi esse horário para que desse tempo de preparar um café antes da minha segunda jornada de mudança de hábito. E sabe que os pássaros já haviam despertado! Quando abri a janela do meu quarto, os últimos vestígios da noite se dissolviam com o raiar do dia. Ouvi cantos de pássaros por todos os lados. Revoadas de papagaios (acreditem, eles passam voando sempre por cima da minha casa) palreavam voando em duo de casais. Bem-te-vis cantavam quase sem se dar tempo nem ao menos de respirar. Sabiás felizes cantavam suas melodias assobias. Quando fui ao quintal ver como estavam as coisas por lá, observei algumas borboletas já despertas, beijando pequenas flores de plantas rasteiras. Os meus gatos já me olharam mostrando a língua pedindo comida, é que gato quando quer comer mostra a língua (risos). Eles não estranharam me ver já estar de pé tão cedo, para eles isso não fede e nem cheira – é indiferente. Preparei o meu café e tomei (graças a Deus), porque até então, a minha mente ainda estava meio que em estado dormência, e depois do café despertei. Se tem uma coisa que sempre foi e sempre será um desafio para mim é acordar cedo. Gosto de dormir aquele sono das 5h da manhã. É um sono tão gostoso! Mas agora dormir até mais tarde ia se tornar para mim coisa do passado. A minha nova rotina não me permite mais isso. Aliás, eu estou é ganhando em levantar cedo, porque vou poder apreciar tantas O
  • 17. 17 Despertando com os pássaros coisas que só podemos ver antes das 9h da manhã. E uma delas é o nascer do sol. Se os pássaros não abrem mão de recepcionar a chegada do novo dia com música e alegria, porque eu também não posso recepciona-lo com canções e louvores, não é verdade? A natureza sabe que o dia é o presente, e que o sol faz desenvolver a vida. Os pássaros sabem que o dia é uma grande dádiva, por isso festejam sua chegada. Abri o portão de acesso a rua às 6:10h, e tinha comigo um sentimento de vitória. Primeiro, porque consegui acordar cedo. E segundo, porque não deixei que a preguiça me prendesse em minha cama. Sabem que às vezes penso que o colchão tem braços que nos prendem! Hoje para levantar da cama lutei contra o colchão. Foi uma guerra que durou quase 10 minutos! Por fim eu o venci – pulei da cama! Fiz um contorcionismo e dei um pulo daqueles! Foi à forma que consegui para obter a minha liberdade, me separando temporariamente do meu colchão. Afinal, eu tinha que realizar os meus novos ideais do segundo dia da minha mudança de hábito. Comecei a caminhar a passos lentos, embora já sentindo uma dorzinha em um dos dedos do meu pé. Com a caminhada do dia anterior, consegui uma pequena bolha no dedo vizinho do dedinho. Mas deu para aguentar, os dedos fizeram amizade com o tênis e tudo ficou bem. Segui caminhando de cabeça erguida, me sentindo uma vitoriosa (e eu sou), pela rua praticamente deserta. Tive que caminhar por quase meia hora para chegar na Av. Neblina. Parei um pouco nos equipamentos de ginástica, cumprimentei as pessoas
  • 18. 18 Despertando com os pássaros que ali estavam (socializando) e pratiquei um pouco de exercício. Um senhor que estava ali, me ensinou como usar um dos aparelhos que escolhi (eu não sabia usar), e me explicou sobre outros equipamentos. Sai dos equipamentos depois de alguns minutos de exercício e recomecei a caminhada. Vi pessoas de todas as idades caminhando, exceto crianças. Eu vi pessoas magras, gordas, altas, baixas, jovens, e também da 3ª idade. Vi pessoas que buscavam através da atitude de caminhar e se exercitar, uma forma de viver melhor. Eu já sabia que exercitar o corpo nos deixa mais alegre, e até mais otimistas. E depois que vi tantas pessoas fazendo o que eu já deveria estar fazendo há muito tempo, eu me arrependi de ter começado antes, bem antes. O céu nublou de repente, e ficou tudo azul escuro do lado esquerdo da avenida. Num breve olhar para o lado nublado, eu pude contemplar uma linda garça branca sobrevoando com aquele azul escuro de fundo no céu. Uma cena linda, que eu não teria visto se tivesse em casa dormindo. Após caminhar por um longo trecho da avenida, voltei para casa. Mas antes de chegar, passei por uma pequena árvore florida. Suas flores exalavam um perfume maravilhoso. O chão estava forrado de flores que o vento derrubou. Peguei uma e levei comigo. E enquanto caminhava cheirando aquela flor vez em quando, fiquei pensando no quanto a noite é misteriosa. Pensei também na generosidade da Lua e das estrelas. A noite não parte sem antes deixar o orvalho para as plantas. A Lua e as Estrelas não partem sem antes acordar a natureza para receber o Sol. As flores se
  • 19. 19 Despertando com os pássaros abrem exalando perfume. E algumas delas, abrem apenas para receber o Sol, fechando-se logo após a sua chegada. Os pássaros entoam belíssimas canções. A brisa noturna espera pelos primeiros raios do Sol, para então partir. Quando a aurora da manhã anuncia a chegada do Sol, toda a natureza entra em festa para recebê-lo. Somente o homem não percebe a grandiosidade de um dia e a beleza de um amanhecer. Somente o homem não reconhece o valor da vida. Bom, desculpem o meu poetizar nas palavras para descrever o nascer do dia, é que não sei falar desse assunto sem pensar em poesia. Deus é o maior poeta do Universo e não poupou a fusão poética em suas obras. E eu cheguei em casa... E não me sentia tão cansada, mesmo tendo gasto 2 horas neste meu trajeto de hoje. Mas foi bom. Bom nada! Foi maravilhoso! Porque consegui vencer o desafio de hoje da minha mudança de hábito. Se bem que o dia está apenas começando, mas não vou fraquejar. Se eu me amo, vou me cuidar. E se não me amo, devo cuidar de mim da mesma maneira. Afinal, se quero ir a Machu Picchu, devo estar bem com a minha resistência física para as caminhadas na montanha. Ou então, é melhor não sonhar coisas desse tipo. Mas para mim, desistir jamais! Se fraquejar, recomeço! Se for preciso, recomeço todos os dias. Estou disposta a mudar a minha rotina sedentária. Por hoje, é isso.
  • 20. 20 Despertando com os pássaros 3º Dia – Um passo à frente 05 de Janeiro de 2017 evo começar este dia falando ainda sobre ontem, o meu segundo dia de mudança. Ele foi bem significativo, principalmente pelas dores que senti no corpo à noite. Acho que a noite, quando nós nos aquietamos um pouco depois de ter vivido uma grande jornada, é normal que o corpo manifeste o resultado de todos os esforços que fizemos. Ontem à noite, foi assim comigo. Depois que me aquietei um pouco enquanto escrevia no computador, senti dores nas costas, nos braços, nas pernas... Ah, tudo bem, devo admitir que tudo em mim doía. Quando parei de escrever e me levantei da cadeira, meu Deus! Vocês não tem ideia (ou talvez tenham), do quanto eu caminhei com dificuldade. Até a hora de ir dormir, eu caminhei encurvada e bem devagar, como uma anciã de 100 anos, sei lá! Por aí. A coisa não estava muito boa. Eu até pensei que no dia seguinte (hoje), eu não daria conta de cumprir o meu terceiro dia de mudança de hábito. Tá. Fui dormir. O relógio despertou as 5:30h da manhã, achei que essa hora estava ótima para mim, porque eu teria meia hora para preparar o café antes de sair para caminhar as 6:00h da manhã. Saí atrasada 10 minutos (vou ter que colocar o relógio para despertar às 5:20h) para caminhar. Isso porque me esqueci de que tenho um pequeno cachorro lindo que mora comigo, e como ele dorme dentro de casa, faz seus números fisiológicos dentro de casa também, ou seja; o número 1 e o número 2, eu tenho que limpar antes de sair. Aliás, não sei por que as D
  • 21. 21 Despertando com os pássaros pessoas numeraram as necessidades fisiológicas, acho que é um jeito bobo de não dizer “xixi” e “cocô”. Bobagem! Comportamento que se comparado com outros ditos, é quase sem sentido numerar efeitos da natureza própria dos vivos. As pessoas acabam falando outros nomes muito mais feios e sujos, e sem o menor pudor. Deveriam numerar “porra” “merda” “FDP”, e outras palavrinhas feias que se escuta todos os dias por aí. Já pensou, você discutindo com alguém e dizer – vá para o número 5! E se for insuficiente, enfia a cara no número 4! – seria até interessante não é verdade? Bom, mas continuando a minha jornada, enquanto caminhava rumo a Av. Marginal Neblina (a partir de hoje a chamarei de Av. Felicidade, mais à frente explicarei o motivo), vi um velho conhecido na rua, passeando com seus três cachorrinhos de estimação. O meu velho conhecido envelheceu muito! Além de uma choupana esbranquiçada na cabeça, percebi que ele portava consigo em seu abdome, uma grande melancia! Mas ele não aparentava ter engordado, apenas o seu meio estava mais roliço. Existe um antigo dito popular que diz o seguinte, “quando um homem cresce a barriga é porque se casou ou ficou rico”, talvez ele se enquadre em um dos dois casos. Mas foi legal vê-lo em plena atividade matinal com seus cães. Passear com os animais de estimação é um gesto de amor. Ninguém merece estar preso o tempo todo dentro de casa, nem mesmo os nossos animais de estimação. É preciso deixa-los ver o movimento da vida. Continuei seguindo rumo à Av. Felicidade, sempre observando o movimento das pessoas indo para o trabalho. Uns em carro, outros em bicicleta, e alguns a pé (esses são os mais felizes porque conseguem
  • 22. 22 Despertando com os pássaros ver as coisas e o movimento da vida), um pouco apressados. Talvez, é que quando se saí de casa para o trabalho, normalmente já se consumiu todo o tempo calculado para se vestir, tomar café, e fazer as coisas antes de sair. Geralmente se consome até os minutos extras. É por isso que quase todo mundo vai sempre para o trabalho numa correria desenfreada. Enquanto caminhava próximo à escola que estudei o meu Ensino Médio, o CEM – Castelo Branco, lembrei-me de que deveria fazer a matrícula de uma sobrinha minha. Decidi passar pela escola para tomar informações. E isso de certa forma foi bom porque, relembrei o tempo em que estudei nesta escola. Vivi momentos muito felizes nela. A minha turma do terceiro ano era uma turma bastante animada. Talvez pelo fato de que era o último ano de estudo nesta escola, nós estávamos sempre juntos, promovíamos eventos para arrecadar verbas para a nossa formatura. Brincávamos trabalhando. Sai da escola e continuei até chegar na Av. Felicidade, sempre observando externamente, (porque existem pessoas que quando caminham interioriza-se e não vê nada do que está fora delas) os movimentos, isso porque elas submergem em seus pensamentos. Observei também os lojistas que, esperançosamente, abriam seus comércios, já na esperança de ter um dia mais rentável. Porque esperança a gente nunca deve deixar morrer. Um dia as coisas vão melhorar para todo mundo. Quando cheguei aos equipamentos de ginástica da avenida, sabem que senti uma certa dose de felicidade! Já fui logo me alongando, e cheia de entusiasmo para começar a pratica os exercícios.
  • 23. 23 Despertando com os pássaros Na Av. Felicidade não se vê tristeza nos olhos de quem está fazendo caminhada. Talvez se perceba um toque de cansaço no rosto de alguém, como o de uma jovem que vi hoje. Ela tinha mais ou menos o meu físico. Parecia ser a sua primeira vez. Caminhava a passos bem lentos. Mas mesmo assim, caminhando tão devagar, ela estava no ritmo da sua mudança. O fato de ela já estar ali, era já uma grande vitória para ela! Coragem é essencial, mas atitude é tudo. Ela foi à sua caminhada, e foi presenteada com a brisa fresca que estava fazendo naquele momento, com a paisagem em volta dela. Todas aquelas palmeiras verde esmeralda, cheias de vida, ao longo de toda a avenida, era um regalo aos seus olhos e à sua mente. Se os olhos veem coisas bonitas e felizes, logo um sol desponta no interior da mente, iluminando todas as vias escuras dentro do nosso cérebro. E aquela jovem, enquanto caminhava, parecia estar viajando dentro das vias que se iluminavam no interior de sua mente. Deve ter voltado para
  • 24. 24 Despertando com os pássaros casa se sentindo mais leve, porque deve ter deixado cair pela Av. Felicidade, as suas angústias e preocupações. Continuando minha caminhada, ouvi um som de respiração assobiada (não sei bem se posso me referir assim a este som) vindo logo atrás de mim. Vinha em passos frenéticos. Logo o dono daquele som passou por mim. E sabem que ele parecia sorrir enquanto emitia aquele som assobiado! Foi um jeito divertido que ele encontrou de inspirar e respirar enquanto caminhava para não se cansar tanto. Esqueci-me de falar de uma mulher que se referiu a um dos equipamentos de ginástica, apelidando-o de “o equipamento do tchauzinho”. Eu olhei bem para aquele equipamento e disse para ele – vou te usar muito! – afinal, todo mundo vive dando tchau, e o meu tchau tinha que ser firme (risos). Entenderam agora porque eu passei a chamar a Av. Marginal Neblina de “Av. Felicidade”? Ela merece esse nome! Porque faz bem às pessoas, emagrece, melhora a respiração, faz bem á visão, e socializa também. Voltei para casa pelo mesmo trajeto de ontem. São ruas que me transmitem tranquilidade. Numa destas ruas tem uma linda árvore pequena cheia de flores, localizada num canteiro gramado. Sua flor é Ipês em um dos trechos da Av. Marginal Neblina (05.01.2017) Entenderam agora porque eu passei a chamar a Av. Marginal Neblina de “Av. Felicidade”? Ela merece esse nome, porque faz bem às pessoas. Ela ajuda a emagrecer, melhora a respiração, faz bem á visão, e socializa também!
  • 25. 25 Despertando com os pássaros linda e cheirosa, e embaixo dela é cheio de flores caídas na grama – não sei se já mencionei sobre ela no relato de ontem – mas, quero apenas dizer que ontem recolhi uma dessas flores caída na grama, e hoje trouxe outra. Quero, sempre que passar por lá, trazer uma dessas flores caídas na grama. As colocarei dentro de uma caixinha. Elas simbolizarão as minhas caminhadas em minha mudança de hábito. Retornando, já quase chegando em minha casa, surgiu de uma das esquinas um grande carrinho (carroça) de grades, com duas rodas, sendo puxada por um senhor. O carrinho estava cheio de coisas miúdas (novas) que se vendem a pronta entrega nas casas. São panelas, cestos de roupas, lençóis e colchas de cama, espelhos, e um mundo de outras coisinhas mais. Normalmente se vê este tipo de comércio em cidades bem pequenas (vilas, povoados etc.), onde existem poucos pontos de comércio. Eles passam nas casas dos moradores, oferecendo seus produtos e parcelando em notas promissórias. São conhecidos como “os homens do crediário”. É uma forma que muita gente encontra para sustentar suas famílias. O fato é que aquele carrinho emitia um certo som até interessante. É que quando a gente está caminhando, parece que os ouvidos ficam mais apurados, principalmente quando ainda é bem cedo do dia. E aquele Deus deu um barco e dois remos para nos locomovermos na vida. O barco são nossas duas pernas. E os remos são nossos braços. Os remos impulsionam o barco. E é por isso que não devemos ocupar os braços carregando coisas enquanto caminhamos. Os braços precisam estar livres para mover- se, dando impulso às pernas. Caminha-se melhor com as mãos livres.
  • 26. 26 Despertando com os pássaros carrinho emitia um som tipo, quase musical sabe! O som vinha das rodas em atrito com o ferro. Era um “tan ran tan tan, tan ran tan tan”, depois mudava o som para “tan ran ran ran, tan ran ran ran” e, “ teun teun teun”, “trarrrr tum tum, trarrrr tum tum”, sei lá, mais ou menos assim. E eu dividi a rua com aquele homem por um bom trecho. Se tivesse com meu celular eu teria gravado, porque acho que daria até para montar um sambinha sabe! Eu o chamaria de “sambinha da carroça”, e ficaria legal (risos). Eu percebi que os “tan ran ran e os tum tum” mudavam de ritmo de acordo com as ondulações da rua. E por hoje, encerro este relato. Vou agora preparar o meu almoço. Acho que vou comer uma salada farta e um franguinho refogado. E talvez coma uma banana também. Na verdade, não estou fazendo dieta, estou apenas reduzindo a quantidade de alimentos que estou ingerindo. Já é um bom começo, comer sem o pecado da gula.
  • 27. 27 Despertando com os pássaros 4º Dia – Força de vontade 06 de Janeiro de 2017 ão foi nada fácil levantar hoje às 5:20h da manhã. Acabei usando a função “soneca” do despertador do celular. A cama parecia me dizer – joga esse cara longe daqui! Cara chato. Isso é um martelo no seu cérebro! – e eu quase a obedeci. Na verdade a minha cama hoje parecia ter uma meia dúzia de braços atracados a mim. Debaixo do cobertor o clima era tão agradável quanto aconchego de colo de mãe. Eu cheguei até cogitar não ir para esta caminhada de hoje, pular esse dia sabe? Era o meu 4º dia, isso não seria nem um pouco legal. Isso apenas dificultaria a minha mudança de hábito. Ou a detonaria de vez. Não! Não! Não! Isso seria inconcebível. Eu agora tinha a certeza do que eu queria – a minha saúde e a minha disposição de volta – porque é preciso lutar pelas coisas boas. Lutar sempre. Mesmo que seja no seu último respiro. Antes tarde do que nunca. Mudar não é nada fácil, pois nos tira do comodismo, causa dores, perdas, faz uma reviravolta em nosso cérebro, que fica como se tivéssemos balançando toda a sua estrutura estacionária. Começar a mudar a rotina da nossa estrutura corporal com exercícios e caminhada também dói muito. No início o corpo todo dói – dói os pés que se enchem de calos. Os joelhos ficam meio trêmulos. Dói a lombar e a coluna. Dói até na nossa sombra (porque as vezes tenho a impressão que a minha sombra vai desmaiar), dói tudo. Mas como eu disse, mudança traz dor, mas é uma dor que irá promover N
  • 28. 28 Despertando com os pássaros uma felicidade futura. Dizem que para cada riso, você precisa deixar sair uma lágrima dos olhos. Então, a dor dos cuidados com a saúde física, é a lágrima que se converterá em risos. Essa dor dói é a reação do corpo ao abandono dos nossos apegos e comodismos. Dói no abandonar ou reduzir à comida preferida. Dói na redução das dormidas longas. Dói ainda na redução do uso da internet (porque a pessoa fica sentada o tempo todo no computador, e agora sabe que precisa mudar isso), porque o computador prende a atenção da mente. Dói no pensamento, quando temos que transformar todas estas coisas, reduzindo-as ou até abandonando algumas delas. O maior entrave da nossa mudança somos nós mesmos, não é nada externo, não é ninguém fora de nós. Nosso adversário é o nosso comodismo. Lute para que o seu comodismo não domine a sua vida, e você terá sempre bons motivos para sorrir e ser grato. Você encontrará mais beleza nas coisas a sua volta. Aliás, você conseguirá enxergar as coisas a sua volta (eu estou vendo melhor e mais distante), porque a caminhada, unida aos exercícios físicos, acelera a nossa capacidade de percepção. O cérebro fica mais ativo. Você terá olhos para além do mundinho em que você vive. Lá fora tem um mundo de coisas maravilhosas para serem vividas por você, mas o comodismo não quer que você saiba delas, ele quer você inerte e sem coragem, sem visão ampla e sem força. Lute para não cair ou permanecer sob o controle do comodismo. Bom, voltando à minha mudança de hábito, sabem que quando eu abri a janela do meu quarto logo que levantei da cama, o primeiro canto de pássaro que ouvi foi o do Bem ti vi. E ele cantava numa felicidade! Parecia que realmente cantava somente para mim naquele
  • 29. 29 Despertando com os pássaros momento, “bem ti vi, bem ti vi, bem ti vi”, e eu agradeci a ele, “bem ti vi também passarinho”, e fui fazer o meu café. Fechei o meu portão e sai caminhando pela rua toda esbranquiçada pela neblina que estava baixa. Naquele instante era somente eu e a rua, e a rua e eu. Estava um frescor tão bom! E eu agradeci a minha coragem de pular da cama para continuar a minha caminhada. De repente, após alguns metros de caminhada, eis que surge do meio do nada, do meio daquela neblina, um senhor correndo a passos olímpicos. Acho que estava se preparando para alguma corrida de rua. Não sei. Mas sei que me assustei um pouco, porque ele quebrou o silêncio da minha mente e me tirou a exclusividade da rua. Continuei caminhando a passos mais expressivos, já com a mente mais desperta, e um olhar mais atento. Deparei-me com uma senhora em pé numa calçada, dando instruções para outra estacionar um veículo. Imaginem que a senhora havia estacionado o veículo com a frente encostada quase subindo a calçada, e a traseira do veículo a um metro de distância, dando para a rua. A outra mulher que estava fora gritava para a do carro – sobe! Sobe reto, depois desce reto também! – mas parece que a mulher do carro não havia aprendido a estacionar. A coisa estava complicada ali! A mulher já estava ficando nervosa. Eu até pensei em pedir para ajudar, mas fiquei receosa, achando que talvez a dona do carro não gostasse. Continuei caminhando e ouvindo aquela ladainha – sobe, sobe, sobe mais! Desce, desce, desce mais (risos), uma coisa realmente perigosa. Digo perigosa, porque, o que mais vemos nas ruas são pessoas com carro que não aprenderam a dirigir com responsabilidade. Existem pessoas
  • 30. 30 Despertando com os pássaros que dirigem bem em linha reta, mas não sabem estacionar, e não conseguem dirigir em ruas muito movimentadas. Isso é imprudente. Além de colocar em risco a própria vida, coloca em risco a vida dos outros também. E por mais que haja uma fiscalização, é muito difícil conter esse tipo de motorista nas ruas, até porque, a maioria deles está documentada mesmo não tendo domínio no volante de um automóvel. É uma questão de consciência, da própria pessoa que não tem domínio e segurança no volante deveria ter. Ela mesma deveria evitar dirigir. Não somos obrigados a saber tudo na vida, mas somos responsáveis pelo que aprendemos e fazemos na prática. Bom, entre uma rua e outra, eu consegui chegar à Av. Felicidade. Fiz os meus exercícios físicos na academia pública, e continuei caminhando ao longo do percurso da avenida. Observei hoje, pais e filhos caminhando juntos. Achei legal demais – pais incentivando seus filhos, e filhos dando uma força para seus pais na prática da caminhada saudável. Observei um jovenzinho bastante acima do peso, fazendo caminhada. Ele estava num ritmo bem acelerado! Parecia já estar praticando há mais tempo que eu. Sua resistência física estava bem visível. E poucos metros à frente, tinha uma mulher sentada em um dos tantos bancos espalhados pela avenida, a dar força àquele jovem – vai filho! Vai até o final da avenida! Eu vou esperar você aqui, está bem? – acho que ela não aguentou o ritmo dele (risos). Ninguém é mais forte do que aquele que tem objetivo concreto, e que já venceu suas próprias fraquezas para buscar seus sonhos.
  • 31. 31 Despertando com os pássaros 5º Dia – Resistindo aos impulsos 07 de Janeiro de 2017 ntes de começar a descrever este dia, quero fazer uma observação referente á noite anterior. Achava que tomar muito café a noite, não atrapalha dormir bem. Não aqui fazer o café de vilão. Mas ontem a noite tomei um copo grande de café americano, e, quase não consegui dormir! E olhem que eu precisava dormir bem porque, quando se acorda muito cedo, é preciso também dormir mais cedo. No entanto, eu só consegui dormir após 1:00h da manhã. Para quem iria acordar as às 5:20h, isso não é muito bom. Mas deixo claro que não estou culpando somente o café por isso. Pode ser que tenha a ver com a minha mudança de hábito. Bom, pra variar, acordei antes do celular despertar. Era ainda 4:35h. Então pensei – poderia levantar logo e fazer um café – mas Morfeu, sedutor, começou a me envolver, e eu comecei a adormecer. E mesmo eu tentando não dormir, parecia que o meu corpo estava aderindo novamente à cama. Levantei. Não posso dormir – pensei – porque se durmo agora, o sono vai ser bem mais pesado – levantei! Não dava pra confiar no meu corpo cansado naquele momento. Quando não se tem uma boa noite de sono, o corpo reclama apresentando cansaço. Mas consegui resistir aos impulsos de dormir de novo àquela hora. Preparei tudo e fui para o meu novo dia desafiador, sim, porque é um desafio. Não é fácil aderir a uma mudança de comportamento. Tem que colocar isso como primordial, para que dê certo. A
  • 32. 32 Despertando com os pássaros Logo à frente, depois de uns 20 minutos de caminhada, me deparei com um pobre gato preto (nada de superstição ok?) abandonado, largado e encolhido, como se estivesse com frio. Eu pensei – eu poderia levar esse bichano para minha casa e adotar ele (lembrando que já tenho dois gatos em casa), tadinho, ele está tão tristinho! – mas desisti desta ideia. A própria sociedade vive em situação de despreparo aos desafios de viver em comunidade. As pessoas vivem em situação de alarme. E muitos, vivem em situação degradante de abandono, seja ele pela sociedade da qual fazem parte, seja da própria família. Continuei a minha caminhada rumo à Av. Felicidade, com a certeza de que foi a melhor decisão que já tomei em benefício da minha saúde. Fiz até mais exercícios que ontem nos equipamentos de ginástica!! Acho que é porque a gente vai aderindo aos poucos e acaba até gostando depois de experimentar exercitar o corpo. Claro Eu não sei de quem é a culpa por ter tantos animais abandonados nas ruas. Mas deve de ter um ou mais culpados não é mesmo? Talvez isso seja resultado da vida conturbada das cidades. Do despreparo municipal para lidar com esta situação, seja recolhendo os animais das ruas, seja orientando às pessoas que tem animais de estimação em casa, dando-lhes suporte para os cuidados necessários com a saúde dos bichinhos.
  • 33. 33 Despertando com os pássaros que não podemos exagerar, principalmente quando se está sedentário demais, ou, se a pessoa é fumante. Tem que ir mais devagar. Aproveitei hoje para tirar algumas fotos de alguns pontos dos trechos de onde faço minha caminhada. E também do ponto onde se encontra a pequena árvore de flores perfumadas que mencionei no início do livro. No primeiro dia, quando eu comecei a conhecei os equipamentos, eu me exercitei apenas no apelidado equipamento do “tchauzinho”, aquele que ajuda a enrijecer os músculos da parte do braço que se chama “tríceps braquial”, ou melhor, “o músculo do tchau”. Av. Marginal Neblina (Av. Felicidade) Araguaína - TO Rua Santa Cruz - Araguaína - TO
  • 34. 34 Despertando com os pássaros Estou recolhendo uma flor caída no chão desta árvore todos os dias quando passo por lá. Estou guardando dentro de uma caixinha. Serão as lembranças de cada dia que não desisti da luta pela minha mudança de hábito. A simples atitude de sairmos do nosso comodismo, já pode ser chamada de - ato de vitória. Porque com as preocupações do dia a dia, com o tempo que gastamos no trabalho, já sentimos uma estafa mental e física que, qualquer tempinho que nos resta, queremos fazer outras coisas que não seja esforço físico. Mas é preciso, antes de tudo, lembrar que só podemos fazer bem outras coisas como; viajar e conhecer lugares interessantes, se nós estivermos fisicamente resistentes, e bem mentalmente. Por isso é preciso cuidar da saúde. É preciso exercitar o corpo e a mente para vivenciar outras coisas boas e felizes.
  • 35. 35 Despertando com os pássaros 6º Dia – Domingo I – Pausa 08 de Janeiro de 2017 oje a minha caminhada é pelas vias da literatura. Vamos poetizar a vida! E da nossa imaginação, fazer versos, reversos e quem sabe até uma canção! Ande sem pressa de chegar ao fim do caminho, Porque quando terminar um caminho, começarás outro. Se tens dúvida, procure esclarecer. Se tens ódio por alguém, procure perdoar. Se carregas um fardo muito pesado, procure dividi-lo com um amigo. Seja mais que flor no jardim da vida. Seja mais que canto de passarinho em dias de primavera. Seja amor. H
  • 36. 36 Despertando com os pássaros 7º Dia – Força de vontade 09 de Janeiro de 2017 ão quero aqui, culpar a segunda-feira pelo meu desânimo, mas hoje me senti mais cansada durante a minha caminhada. Confesso que estou escrevendo nesse momento sem muito ânimo. Estou sendo empurrada pela força de vontade. Não tive muita dificuldade para levantar as 5;20h da manhã. Mas a minha disposição física durante a caminhada e a prática dos exercícios hoje pela manhã deixou a desejar. E vou dizer a verdade para vocês – não fiz nenhuma extravagância durante o fim de semana, fui dormir no horário de sempre, e me alimentei normalmente. – Fiquei pensando se essa indisposição seria resultado das caminhadas da semana passada... O fato é que ela se abateu sobre mim. Percebi que quando estou cansada a mente não funciona com rapidez de raciocínio, torna-se mais lenta no processamento de informações, e capta menos detalhes nos acontecimentos externos. Muitas coisas passam despercebidas, ou seja, os veem, mas a mente não. Algo mais ou menos assim. No entanto, mesmo com essa lentidão (nem tanto física, mas mental), eu percebi que o meu olfato esta bem mais em estado de alerta do que nos dias normais. Nenhum cheiro ou odor passou despercebido pelo meu nariz nessa manhã de segunda-feira. Até mesmo o aroma dos perfumes dos transeuntes foi captado pelo meu senhor nariz. N
  • 37. 37 Despertando com os pássaros Ao chegar na Av. Felicidade, continuei em um esforço quase sobre-humano para caminhar. Mas não estava ruim, eu só estava mais lenta e não quis forçar o ritmo (é bom sempre respeitar os limites do corpo), dos meus passos. Logo à frente, depois de alguns bons metros de caminho, senti no ar uma bafejada de cigarro no nariz. Percebi que bem perto de mim, sentado em um banco debaixo da palmeira, um senhor sugava seu cigarro (fétido), depois bafejava aquele enorme jato de fumaça no ar. Pude observar que, a lentidão de minha mente em processar imagens e informações externas, não me permitiu ver aquele senhor. Talvez, se não fosse o odor de seu cigarro, ele passasse despercebido pelos meus olhos. Mas, como o meu olfato estava mais aguçado, eu me dei conta daquela pessoa e seu cigarro. Aliás, penso que deveriam distribuir placas de “proibido fumar” ao longo da Av. Felicidade. Lugares onde existem pessoas fazendo esforços físicos como, longas caminhadas e ginástica, não pode haver pessoas fumando. A pessoa que está caminhando já vem ofegante num ritmo ligeiro, sua respiração está bastante acelerada, e daí surge àquela outra pessoa fumando, bafejando rajadas de fumaça de cigarro no que a outra pessoa vai respirar – isso é terrível! Eu senti isso hoje! Se os fumantes tivessem mais amor próprio, e amor pelos seus semelhantes largaria de fumar. Porque o cigarro prejudica quem o fuma diretamente, e quem convive com o ar poluído pela sua fumaça. De volta à minha casa, sentei-me no sofá do meu quarto e tirei lentamente os tênis. Pensei no meu propósito de mudança de hábito. Pensei neste livro que estou escrevendo. E pensei no meu
  • 38. 38 Despertando com os pássaros sonho de um dia ir conhecer Machu Picchu. E pensei que não posso desistir da minha mudança. Se eu não me esforçar, todos os meus objetivos e sonhos caem junto comigo. Gente, não é fácil mesmo. Existirão sempre pensamentos de desistência em nossa mente, e muitos deles, vem com uma força quase que invencível pela nossa coragem. Mas o que vai fazer com que continuemos, é o nosso amor próprio. Somente na prática do amor próprio, podemos elevar a nossa autoestima para continuar na luta pela concretização dos nossos objetivos. Portanto, é preciso força – coragem – foco – fé. Desistir jamais! Pesquisem na internet exemplos de força e superação. Isso ajuda a manter a meta de mudança. Procure ter pessoas nas quais você possa inspirar-se (eu tenho sempre buscado isso) porque ajuda e muito, quando os pensamentos de desistência insistem em minar os sonhos.
  • 39. 39 Despertando com os pássaros 8º Dia – Um misto de temas 10 de Janeiro de 2017 luta continua sem trégua, mas a minha disposição está um tanto frágil. Hoje fui caminhar porque não poderia desistir, se o fizesse, estaria traindo minha necessidade de mudança de hábito. Eu não preciso falar muito sobre esta falta de ânimo da qual fui acometida. Até porque, estes sintomas são de todos aqueles que precisam de mudança de hábito. O desânimo é um velho conhecido do sedentarismo. Eu até imagino que ele seja irmão da baixa estima, porque ambos têm muito a ver um com o outro. Percebi que hoje havia mais pessoas a caminhar na Av. Felicidade. Dois jovens irmãos. Alguns tantos casais. E outros tantos solitários que, como eu, estão ali em busca de uma transformação física, acompanhada de uma renovação no modo de viver. Não vivenciei nada de extraordinário neste 8º dia de luta. Senti que nestes dois dias (ontem e hoje), estive mais dentro de mim do que fora. Meus pensamentos estão envoltos a tantas preocupações. Tenho pensado do mundo, na humanidade, na paz. Nestes dois dias me ocupei com preocupações que jamais vou poder resolver, porque não dependem somente de mim, mas de cada humano que vive na Terra. Quando acordei hoje às 5:20h da manhã, a primeira coisa que me veio a mente foram os conflitos que a humanidade está vivendo. Falta de amor uns para com os outros, crueldades entre semelhantes, guerras, disputas geográficas, A
  • 40. 40 Despertando com os pássaros disputa por poder, desemprego, fome... E eu não posso fazer nada para acabar com isso. Eu posso buscar a paz e posso amar mais as pessoas, posso dar o perdão a quem me ofende, posso dar um prato de comida a quem tem fome, mas não posso ser feliz vivendo em mundo com pessoas violentas e cruéis. Eu não consigo. Lágrimas brotaram dos meus olhos hoje cedo quando acordei e pensei em todas essas coisas. Como podemos ser felizes, sorrir e dançar alegremente se ao ligarmos a TV ou ligarmos a internet vemos e lemos notícias monstruosas como esse ocorrido nas penitenciárias de Manaus e Roraima? São humanos que fizeram aquilo? Como pode um ser humano ser tão monstruoso? A minha fé na evolução humana ficou muito abalada depois disso. O que é o ser humano afinal? O que quer dizer “semelhantes”? Porque se uns são bons de coração e de alma, praticam sempre as boas obras, porque alguns não conseguem fazer a mesma coisa? Estou desesperançada... Estou com medo de onde a humanidade pode chegar e do que alguns seres humanos serão capazes de ainda fazer... *** Fiz alguns exercícios na academia pública da Av. Felicidade e segui minha caminhada rumo á minha casa. Após alguns passos, eis que passaram por mim dois caminhantes numa conversa bastante animada. Pude ouvir um pequeno trecho em que um falava para o outro dos altos preços dos produtos nos comércios dentro dos aeroportos... Lembrei-me imediatamente de uma cena que presenciei em um determinado aeroporto do Brasil (não quero mencionar o nome), onde uma família escolhia uma mesa para se
  • 41. 41 Despertando com os pássaros sentarem em um restaurante / lanchonete. O casal parecia bastante animado, e o marido, todo orgulhoso, pegou dois cardápios e entregando um para a esposa, perguntou: _ O que você quer comer amor? Escolhe aí! E você filho? Olha este prato aqui, o que você acha? – estava bastante animado e orgulhoso aquele chefe de família. Afinal, tinha suas reservas para dar uma refeição de aeroporto para sua família. E eu, ali sentada numa mesa bem próxima, com uma garrafa de água mineral e um copo sobre a mesa. Tinha também comigo um cardápio que eu já havia folheado umas dez vezes para ver se achava um pratinho bem pequeno e barato, com um precinho também miniatura (ou pelo menos, justo), mas nada estava ao alcance da minha coragem. Até tinha uns trocados, mas não achava justo pagar tão caro por um produto que custava três vezes menos no comércio lá fora do aeroporto. E não que eu quisesse ouvir a conversa daquela família, mas foi inevitável devido à proximidade das mesas. A esposa começou a passar os olhos pelo cardápio e os arregalou exclamando: _ Amor, você está louco? Olha os preços desses pratos! Meu Deus! Veja esse espaguete aqui (apontou no cardápio mostrando para o marido), tão simples e custar tudo isso! Com esse valor aqui podemos comprar uma caixa de macarrão amor! Não vamos comer aqui. Vamos pagar uma fortuna por três pratos de macarrão! De jeito nenhum! Vamos procurar outro lugar para comer. Quem sabe encontramos um lugar mais barato ou comemos bolachas e salgadinhos. É bem mais em conta. Da próxima vez comemos em
  • 42. 42 Despertando com os pássaros casa antes de vir para o aeroporto. Porque será que eles cobram tão caro as coisas aqui? – queixou-se sem compreender. O marido ainda tentou explicar que todos aquelas empresas pagavam muito caro também para venderem seus produtos dentro do aeroporto, mas ela não se contentava com as explicações, e o rebatia – e quem tem que “pagar o pato” somos nós, os consumidores? Tá errado! Isso precisa mudar! Deve haver uma maneira de aplicarem preços mais justos, tanto para eles (as empresas), quanto para nós que trazemos o nosso dinheiro para gastar aqui. - disse aquela senhora, com toda a sua razão. São problemas vivenciados por uma multidão de pessoas todos os dias nos aeroportos, mas que somente algumas dezenas questionam. Bom, o fato é que o marido não estava nem aí para o preço. Quanto mais caro, mais orgulho ele se sentiria em poder pagar a refeição para sua família em um restaurante / quiosque de aeroporto. Ele achava que era chique demais poder dar aquele presente para si e sua família. Sentia-se orgulhoso. Acabou convencendo a esposa a comer ali, mesmo ela não estando muito de acordo com aqueles gastos exorbitantes. Quis relatar este caso que vivenciei de perto, pelo fato de que a comida em aeroportos custa o “olho da cara”, e tem gente que acha uma grande vantagem gastar seu “money” em lugares assim. Tem gente que até deixa de comer em casa antes de ir para o aeroporto, só para ter o “prazer” de comer por lá mesmo. Não digo que não é legal sentar em um restaurante / quiosque de aeroporto e fazer uma bela refeição, um lanche delicioso, é legal sim. O que não é legal é o preço que se paga por este serviço.
  • 43. 43 Despertando com os pássaros 9º Dia – Uma brisa em minha autoestima 11 de Janeiro de 2017 omeço este 9º dia de mudança de hábito com uma observação sobre ontem à noite (10/01). Achei bem oportuno a pequena matéria exibida no JN da Globo, onde o médico entrevistado fala sobre os benefícios da caminhada. Isso só confirma o que eu já venho notando em minha estrutura física desde que comecei a praticar a caminhada nesta minha mudança de hábito. Respiração melhor. Disposição para fazer outras coisas. Pensamentos mais amplos. Melhor capacidade de raciocínio. Hoje acordei mais disposta, consegui ouvir melhor os passarinhos cantando (ontem eu estava um pouco bloqueada) seus lindos cantos recebendo a alvorada de um novo dia. Notei ainda que havia mais pessoas fazendo caminhada na rua (devem ter assistido a matéria sobre os benefícios da caminhada no JN) com disposição de iniciante (a passos lentos), coisa que com o tempo a gente vai ganhando mais resistência e acelerando os passos. O começo é de extrema de importância. Depende da forma que se começa na caminhada para que ela tenha futuro ou não. Quem vai com “sede demais ao pote”, ou seja, com muita pressa, a passos frenéticos logo no início, acaba por se cansar e desiste do propósito. Por isso é de extrema importância respeitar o ritmo do corpo, observando sempre a respiração. Quando estamos em uma tentativa para emagrecer, e encontramos uma pessoa que não vemos há anos, e esta pessoa C
  • 44. 44 Despertando com os pássaros nos diz: – Nossa! Você está do mesmo jeito, não envelheceu nada! – isso é realmente uma massagem na nossa autoestima não é verdade? Mas também isso pode vir a se tornar um motivo para uma desistência. É que a pessoa pode vir a deslumbrar-se, pensando que não está como achava que estava, e que do jeito que está ela está bem. Perigo! Quem nos elogia não sabe como estamos nos sentindo por dentro. Não sabe da nossa disposição física e da nossa saúde. Então é preciso ouvir o pedido de socorro do nosso corpo, prestar muita atenção na falta de produção da mente. Quando a mente está parada demais, é sinal de alerta também. No momento ainda estou lutando para comer menos (devo ser sincera) para perder o excesso de peso, aquelas gorduras que estacionam em lugares proibidos do nosso corpo, deixando-nos incomodados com a presença delas. Quero poder me sentir bonita ao vestir uma roupa que gosto. Não é questão de vaidade, é questão de se sentir bem consigo mesmo sabe? Há anos eu não provo da alegria de ir a uma loja de roupas para provar algumas delas e levar para casa. Tenho comprado minhas roupas medindo- as apenas com os olhos, não me faz bem provar roupas nos vestiários das lojas, porque a cada peça que não me entra, ou que me deixa notar o meu excesso de peso, fico deprimida por estar. A nossa mente reconhece o nosso peso ideal. E é por isso que quando estamos muito acima do peso, nós não gostamos muito de nos olhar no espelho. Porque se vemos no espelho um corpo que a nossa mente não reconhece como sendo nosso, isso nos assusta e nos deixa sem entusiasmo por nós mesmos.
  • 45. 45 Despertando com os pássaros 10º Dia – Recolhendo flores e canções 12 de Janeiro de 2017 o sair para a minha caminhada de hoje, me deparei com dois sabiás próximos a mim catando pequenos farelos de alimentos (bolachas) espalhados na rua. Que coisa né? Nem mesmo os passarinhos escapam das dificuldades do viver destes tempos atuais. Bebem águas sujas, empoçadas em quintais e ruas, águas poluídas com produtos químicos. Comem o que não faz bem para a saúde deles, porque a maioria dos restos de comida que eles comem pelas ruas e quintais de casas são restos de alimentos industrializados. Alimentos que não faz bem nem aos humanos, quanto mais aos passarinhos. Observem que existem muitos passarinhos inquilinos nos telhados das casas das cidades, passarinhos que estão obesos. Voam baixo porque estão acima do seu peso normal. O homem bagunça a natureza inteira. Muda a rotina dos animais. E os tornam também dependentes do sistema de vida humana. Continuei caminhando com uma boa disposição, de vez em quando olhava na direção do sol nascente, porque queria vê-lo nascer, afinal, hoje o clima estava muito bom e o céu estava bem limpo. Queria dizer - bom dia - ao sol, mas eu não consegui vê-lo surgir. Não sei se estava andando rápido demais, e por isso alcancei mais depressa um ângulo em que as construções não me permitiam vê-lo. Mas mesmo assim, desejei-lhe bom dia mentalmente (dizem que é sempre bom dizer bom dia para o dia, para o sol, para a natureza...) para que o dia fosse lindo para todos. A
  • 46. 46 Despertando com os pássaros Hoje percebi que já ganhei um pouco mais de resistência física porque, consegui fazer mais exercícios na academia pública da Av. Felicidade. Inclusive fiquei mais tempo me exercitando no equipamento do “tchauzinho”. Legal né? Se alguém acha isso uma coisinha atoa, eu garanto que não é! É uma vitória! É uma conquista que reforça a continuação em nossa mudança de hábito. Vi ainda, um pai com seus dois filhos caminhando pela Av. Felicidade. Como eu sei se eram pai e filhos? Sei que eram porque eram muito idênticos. O pai caminhava no meio, e os filhos um de cada lado. Pareceu-me inclusive que os filhos fossem gêmeos idênticos. E sabe que o pai me pareceu um coroa bem cuidado! Achei lindo vê-los fazendo caminhada juntos. Quando a família se exercita unida, e todos mantem uma disciplina alimentar, fica mais fácil manter uma rotina de vida saudável. Voltando da caminhada, ainda um pouco distante de casa, voltei a pensar naqueles sabiás que vi mais cedo. E não sei por que também, comecei a cantar repetidas vezes em minha mente, um trechinho de uma musica antiga “Sabiá lá na gaiola”, interpretada pela cantora Carmélia Alves. Carmélia Alves “Sabiá lá na gaiola fez um buraquinho, Voou, voou, voou, voou E a menina que gostava Tanto do bichinho, Chorou, chorou, chorou, chorou... SABIÁ LÁ NA GAIOLA”
  • 47. 47 Despertando com os pássaros Caminhando e cantando a música do sabiá, fui recolhendo flores caídas pelo chão ao longo do caminho. Cada uma destas flores com seu o perfume próprio me deliciava o olfato. Que cheirinho bom! Descobri que o olfato fica bem mais apurado de manhãzinha. Pode-se sentir a peculiaridade do perfume de uma flor e apreciar mais o seu aroma. Parecia que o cheiro destas flores que recolhi pelo caminho entrava nas vias do meu cérebro, deixando uma sensação muito agradável. Vejo nas flores que recolhi a essência da minha força e do meu empenho em mudar os meus hábitos por uma vida mais saudável. Porque não basta viver, é preciso viver bem e com disposição para que se possa correr em busca da realização dos próprios sonhos. Quando se está muito sedentário, até os sonhos são mais tímidos.
  • 48. 48 Despertando com os pássaros 11º Dia – Silêncio e indisposição 13 de Janeiro de 2017 ão sei se é porque já é sexta-feira, mas o meu corpo já sente um pouco de cansaço. O fato é que não levantei muito disposta para a minha caminhada hoje. Fui, porque era preciso. Caminhei, porque não posso desistir. Isso seria dar vitória a minha monotonia sedentária. Terrível pensar nisso. Terrível pensar que não sou capaz de lutar pela minha saúde, quando somente eu posso fazer algo por ela. Terrível pensar que o desânimo possa me vencer. Terrível pensar que toda essa falta de vontade de sair do portão para fora e ir caminhar, ver a vida fluir lá fora, possa ainda ser fruto de uma preguiça (vilã da nossa saúde), disfarçada de cansaço e indisposição. É muito cômodo ceder a ela (a preguiça), principalmente quando alguns pequenos eventos se unem a ela, como por exemplo, um clima propício para permanecer deitado por mais um pouco de tempo... N
  • 49. 49 Despertando com os pássaros 12º Dia – Bom humor faz bem e desanuvia o dia 14 de Janeiro de 2017 Talvez por ser sábado, estava mais leve em todos os sentidos, pelo para mim, que acordei bem amis disposta que ontem. No trajeto que faço caminhando até chegar na Av. Felicidade, passo sempre por uma rua que já foi conhecida como “Rua do Cabaré”, porque ali, de um lado e de outro da rua, por um trecho de umas 6 quadras, existiam, lá pelos anos 70 e 80, várias casas de prostituição, conhecidas aqui no Norte como “Cabarés”. E quando minha família se mudou para um bairro aqui próximo, eu era meninota e gostava muito de andar, desbravar ruas e lugares a pé. Tinha também a minha irmã, dois anos mais jovem que eu, e que também adorava bater perna pelas ruas. Naquele tempo eu gostava muito de andar, talvez porque eu era magrinha, tinha muita disposição física, (se precisasse inventava desculpas para não fazer), e não precisava fazer exercício para manter a forma. E minha mãe tinha uma preocupação considerável pelas minhas andanças. Logo, eu não ia só com a minha irmã, juntava também com as filhas das vizinhas para fazer os nossos “tours” enquanto as nossas mães estavam trabalhando duro com nossos pais para colocar comida em casa. Então, voltando à questão da “Rua do Cabaré”, aquele lugar tinha uma má fama terrível! Algumas pessoas diziam na época, pessoas que ouviam histórias contadas pelos ditos homens, frequentadores do ambiente, que, ali, as mulheres ficavam enroladas somente de toalha, nas portas de suas “casas de
  • 50. 50 Despertando com os pássaros programa”. Era uma tática para chamar os seus “clientes”, convidando-os a entrar em seus recintos. E conta-se que muitas delas até brigavam umas com as outras, briga feia de faca, disputa acirrada mesmo, por aqueles “clientes” mais endinheirados. É que muitos deles, conta-se; eram bem generosos na hora do pagamento. E nós, aquele tour de meninas e meninos curiosos, saíamos escondidos para passar naquela rua proibida, somente para matarmos a nossa curiosidade. Era uma farra passar por lá e olhar para as portas daquelas casas, que na verdade, durante o dia (a hora em que passávamos), não tinha nada assim de espetacular. Vez ou outra se via alguma donzela na porta fazendo jus à história das mulheres enroladas de toalha. Talvez aquela estivesse esperando algum cliente casado (porque os solteiros para a farra à noite e os casados vão durante o dia para disfarçar), para fazê-lo entrar em sua alcova. Enquanto nós, a meninada, estava desbravando os horizontes proibidos dos cabarés para matar a nossa curiosidade, nossos pais e mães talvez estivessem morrendo de preocupação no trabalho deles. Mas graças a Deus, crescemos todos em segurança. Conta-se que para cada criança Deus manda um anjo guardião, e nós, naquele tempo, demos muitas dores de cabeça aos nossos anjos, mas ele conseguiu nos proteger e nos livrar de acontecimentos ruins. Voltando à minha caminhada, hoje na Av. Felicidade, passou por mim um caminhante que se esqueceu de usar o seu desodorante antitranspirante (quem inventou o desodorante merece
  • 51. 51 Despertando com os pássaros um prêmio muito valioso). Gente, a coisa estava complicada! Aquele homem quando passou por mim e deixou aquele odor no meu nariz, perdeu a sua forma de homem, transformando-se numa cebola gigante! O ar ficou difícil de respirar! Pedi a todos os santos para soprar aquele odor para bem longe do meu nariz, mas parece que os santos estavam muito ocupados. Enfiei meu nariz dentro da gola da minha camiseta e puxei um longo respiro – ah que alívio! – daqueles respiros que ajuda a suportar um pouco mais o ar externo. Agora, imaginem se não houvesse o desodorante antitranspirante, e nem o creme dental (obrigada ao inventor do creme dental – um herói) para amenizar as situações fisiológicas do ser humano! Vocês conseguem imaginar o caos! Seriam tantas cebolas fossadas andando pelas ruas, umas mais vencidas que as outras, (porque tem gente que tem uma dificuldade extraordinária para tomar banho), seria um fedor tão grande no ar! Talvez, teríamos que ter uma composição nasal mais cascuda, assim tipo, escamada, sei lá, pra suportar tantos aromas fortes. Experimente cortar uma cebola e deixar dentro de uma vasilha fechada de um dia para o outro. No dia seguinte abra essa vasilha e cheira – é exatamente o odor do suor das axilas humanas quando não se usa o desodorante antitranspirante – foi esse odor que senti hoje pela manhã. Outra coisinha que acontece também demais entre os humanos, é o tal do escapamento desregulado, frouxo mesmo, sabe! Tem gente que anda na rua, soltando gases fétidos advindos de seu escapamento furado. Aff! E se a gente está caminhando atrás desse veículo humano de escapamento furado, a gente acaba respirando isso porque não tem como evitar. E sabia que tem
  • 52. 52 Despertando com os pássaros muitos homens que adoram fazer suas namoradas / esposas sentirem o odor fétido de seus escapamentos? Pois então, tem sim! Eu conheci uma mulher que disse certa vez: _ Vou largar o meu marido porque eu não aguento mais os peidos dele. – disse ela convicta. E eu perguntei curiosa: _ Como assim?! Separar do seu marido por causa de um peido?! – porque eu achava que um peido não poderia ser motivo para uma separação conjugal! E ela me respondeu: _ Não é somente um peido sabe? São anos de peidos debaixo do cobertor! Ele adora peidar aqueles peidões fedidos debaixo do cobertor quando estamos deitados e me segura para eu respirar aquilo. Cansei sabe! Comecei a ficar com nojo dele! Isso fez com que acabassem os meus desejos por ele. – desabafou. Com estas palavras dela eu compreendi que o amor não aceita tudo, ele tem seus limites também. O amor precisa de higiene para continuar com sua chama acesa. Alguns homens levam esse tipo de coisa (peidar e forçar a companheira sentir o odor) como diversão. Uma brincadeira sem graça, mas que lhes fazem dar gargalhadas. Você que gosta de fazer estas coisas, tome cuidado porque isso pode ser uma diversão que vai se virar contra você algum dia. E você vai perder o seu amor por causa de uma sequência de peidos. E isso não é piada para risadas, é coisa séria. Cheguei em casa depois da minha caminhada abençoada, e tive uma pequena decepção – meu cachorro mastigou até estragar o controle remoto Magic An-Mr500 da minha tevê... Aff.
  • 53. 53 Despertando com os pássaros 13º Dia – Domingo II – Pausa 15 de Janeiro de 2017 E por ser domingo, dou-lhes folga dos meus relatos cotidianos, mas deixo aqui registrada esta minha poesia sobre a desigualdade social. Desigualdade (Indiferença Social) Você está feliz, é bem verdade, Não tem culpa de tantas tristezas E males da humanidade. Mas você é parte deste mundo Que batalha por igualdade. Você está feliz, vive a sorrir e a sonhar. Eu vejo, embora não me vejas. Talvez você sinta medo, Até de tocar-me as feridas. Mas saiba que a maior ferida que carrego, Está no mais profundo de minha alma, E ela você não consegue ver. Porém seria bom você se lembrar, Que do mesmo ar que você respira, Também eu vivo a respirar. O Céu te parece lindo? A mim também parece belo! Mas debaixo de todo este céu, Ninguém se importa para onde estou indo, Se eu estou chorando, ou se estou sorrindo.
  • 54. 54 Despertando com os pássaros 14º Dia – Importante é continuar mudando 16 de Janeiro de 2017 egunda... Segundinha... Segundona... Como a segunda-feira chegou para você hoje? Aqui para mim ela chegou bastante nublada e com chuva. Não deu nem para eu ir caminhar e me exercitar às 06:0h da manhã. Mas tudo bem. Importante é não desistir, continuar quando der para continuar. Até porque, imprevistos acontecem, vão sempre acontecer. Deve-se usar as melhores estratégias para não prejudicar o andamento da mudança de hábito. Me programei para fazer a caminhada no fim de tarde, porque dava para fazer se não viesse outra chuva. Não veio e eu fui. As 17:00h eu já estava caminhando até animadinha sabem! Não foi de todo ruim a mudança de horário. Inclusive nesta caminhada vespertina, tive a companhia de Giovana, minha sobrinha de 11 anos. Não tive que reduzir os passos para ela me acompanhar. Ela é bem mais rápida do que eu, pode isso? Também, quase não tem gordura localizada, e ainda tem a juventude a favor da ligeireza dela. Eu não. Tenho tanta coisa me atrapalhando nas minhas desenvolturas físicas! Uma dor aqui, uma unha do pé que dói ali (dentro do tênis), gorduras empoleiradas em camadas pelo meu corpo inteiro (risos), pulmões pedindo socorro, querendo mais ar a todo instante, coração batucando freneticamente como se já estivesse em ritmo carnavalesco... E a dor lombar! As costas parecem estar amparando a bola do mundo! Parece que estou sempre com um peso enorme nas minhas S
  • 55. 55 Despertando com os pássaros costas... É o peso da idade minha gente! O peso da idade é um peso que só tende a aumentar com o passar dos anos. Chegamos na Av. Felicidade (eu e Giovana), e fui alongar para somente depois ir me exercitar nos equipamentos de ginástica. Ela não. Que alongamento que nada! Já correu depressa para um equipamento que se parece um balanço (dizem que é para modelar a cintura) e já começou a brincar. Acho que para ela aqueles equipamentos não passavam de brinquedos (para mim eram máquinas de suplícios necessários para a saúde), de um parque de diversões. Porque será que os adultos não veem as academias como um parque de diversões? Já pensaram como seria legal? Muita gente estaria mais saudável e mais feliz. Um corpo saudável e resistente carrega um cérebro mais aberto e mais produtivo para horizontes mais amplos. Enquanto me exercitava em um dos equipamentos, chegou um jovenzinho de uns 12 anos (mais ou menos), e começou a “brincar” no equipamento que tinha ao meu lado. Uma gracinha de jovem, conversador, bastante expressivo mesmo sabem? Estava um pouco acima do peso. O pai se exercitava ali por perto em outros equipamentos. Daí ele começou a puxar assunto comigo. Olhem só a conversa, que fofa! _ Meu pai e eu estávamos na fazenda. Chegamos agorinha e já viemos direto pra cá. – disse ele. Observei que ele estava usando o equipamento de forma inadequada, segurando a barra apenas com uma mão, e teria que ser com as duas. Então eu disse a ele:
  • 56. 56 Despertando com os pássaros _ Cuidado pra você não cair. Segura a barra com as duas mãos. – eu disse. E ele: _ Eu não caio não – e continuou – eu tenho um cachorro lá na fazenda sabe! Você acha que eu estou fedendo a cachorro? – falou e cheirou a camiseta. Eu respondi: _ Não! Eu não estou sentindo nada. É que eu também tenho um cachorro. E donos de cachorros se acostumam com o cheiro deles e tudo fica normal. A gente não sente os odores do cachorro. - eu disse enquanto ele observava atento a conversa. _ Sabe, a minha camiseta está fedendo cachorro sim. É que toda vez que eu chego lá na fazenda o meu cachorro brinca comigo e baba a minha camiseta todinha! Eu a lavei com detergente, não tinha sabão em pó, aí eu usei detergente mesmo. Lavei e coloquei no sol pra secar antes de vim embora com meu pai. Mas não adiantou. Eu estou fedendo a cachorro... Bom, o que se pode fazer? Ele já tinha colocado na cabecinha dele que estava com o cheiro do cachorro dele, e eu, por mais que afirmasse que não estava ele não iria acreditar mesmo. Cismas dele. Terminei meus exercícios e segui com minha sobrinha para casa. Passei na árvore com flores perfumadas, recolhi uma debaixo do pé. Minha sobrinha recolheu quase todo o restante das flores caídas no chão para levar (era tudo novidade para ela), embora eu já soubesse que elas iriam ser desprezadas, esparramadas pelo chão da casa dela.
  • 57. 57 Despertando com os pássaros 15º Dia – Tagarelagem feminina 17 de Janeiro de 2017 asso a passo numa mudança necessária. Cada dia é novo desafio das próprias forças. Vontade às vezes de jogar tudo para alto. Mas não. Não posso fazer isso. Quero um resultado imediato que não virá. Eu tenho que ter ciência disso – o resultado positivo na minha mudança de hábito virá com o tempo, porque ele precisa de tempo – eu preciso compreender essa verdade. Levei anos de vida sedentária para chegar neste ponto extremo em que me encontro ainda; peso muito elevado, respiração ofegante, coração que palpita com ritmo mais acelerado ao menor esforço (embora eu já tenha conseguido uma pequena resistência física louvável), fome excessiva, já que reduzi a quantidade de alimentos ingeridos. Parece que o meu estômago ainda não aceitou esta mudança de hábito alimentar. Mas vou insistindo. Há um horizonte mais leve e mais saudável para eu alcançar. Não quero mais viver como vivia antes desta mudança de hábito. Que os pássaros continuem sendo meus inspiradores para eu levantar cedo. Quero despertar todos os dias com os pássaros. Quero a alegria dos pássaros para também dar as boas vindas ao novo com alegria e canto. Quero um viver mais produtivo. Segui caminhando rumo à Av. Felicidade sentindo uma brisa tão maravilhosa hoje às 06:00h da manhã! Que delícia de clima! O perfume fresco da manhã entrava pelo meu nariz e parece que passeava por todas as vias do meu cérebro. Ia refrescando tudo lá dentro. Até meus ouvidos hoje acordaram mais apurados para o P
  • 58. 58 Despertando com os pássaros canto de pássaros. Aliás, hoje não ouvi somente o canto dos pássaros, eu ouvi também galos cantando distantes. Talvez, pela ausência de ruídos humanos, o vento delicadamente trazia este canto dos galos de algum lugar mais distante. Eu seu que dava para ouvir muito bem, os “có ri có có” dos galos alegres saudando o dia. Canto de galo é legal quando ele está mais distante do nosso ouvido. Digo isso porque, certa vez, comprei um pintinho que logo virou galo. Era o cachorro da casa. O bichinho “córicócava” sempre que alguém que não fosse da casa entrasse no quintal. Era uma coricocagem sem fim, e também uns riscados de esporão na asa. Galo quando se sente ameaçado, se entorta para um lado, começa a rodar e riscar o esporão na asa, como quem diz – não vem não que eu te pego! Quem manda aqui sou eu! – e se brincar ele pula na gente mesmo! E o meu pintinho que virou galo era assim. E além da braveza, ele aprendeu um hábito que me irritava demais! Toda madrugada, quando os ponteiros do relógio soava 03:00h, ele ia para o lado da janela do meu quarto, batia as asas umas três vezes, e começava a sua serenata. Vocês sabem bem como é o canto de um galo. É bem alto mesmo! E tem galo que canta mais alto que os outros galos. A garganta dele parece mais funda que a dos outros, porque até o canto é mais comprido. O meu galo era desses cantores de tonalidade potente. Era um grande tenor! Ele começava a cantar às 03:00h da madrugada e emendava o canto até amanhecer o dia ali no pé da minha janela. Devo confessar que não aguentei isso por muito tempo...
  • 59. 59 Despertando com os pássaros Eu saí dos equipamentos de ginástica no início da Av. Felicidade, depois de ter me esticado e alongado um pouco, e continuei caminhando ao longo da avenida. Depois de alguns minutos caminhando alcancei um grupo de mulheres (uma meia dúzia), fazendo caminhada. Minha gente, vocês não tem ideia do que é meia dúzia de mulheres tagarelas juntas! É conversa pra mais de légua! É assunto que não acaba mais. E todo mundo sabe bem que mulher adora conversar. E numa roda de conversa, cada uma quer falar mais que a outra, e mais alto que a outra. Porque quando uma quer falar e as outras não dão trégua, então esta, começa a sobrepor a sua fala para as outras se calarem e deixa-la falar. E o zum zum zum estava cada vez mais alto na minha frente (quando estou caminhando gosto de silêncio), a coisa estava terrível de suportar. E eu acelerava os meus passos para ver se passava delas, mas não, elas conversavam muito e andavam rápido. E eu pensei – vou ter que correr! – mas continuei caminhando atrás delas assim mesmo, por um bom trajeto. Ali rolaram altos papos, com assuntos variados. Vocês sabem que mulher muda de assunto em questão de segundos né? E mulher adora conversar em rodinhas acaloradas. Acho que os homens são diferentes de nós mulheres. Quando você vê uma rodinha de homem conversando assuntos acalorados, pode saber que estão falando de futebol, ou de mulheres! Mas nós mulheres não, só precisamos encontrar uma rodinha de mulheres para falarmos de uma salada de assuntos. Quando uma rodinha de mulher se forma para conversar, ela começa por um assunto e logo já passa para
  • 60. 60 Despertando com os pássaros outro, e mais outro, e mais outro e mais... É uma coisa meio louca isso. Prestem atenção, que é mais ou menos assim: 1º ASSUNTO – ALMOÇO NA CASA DA MÃE DA LÍDIA LIDIA _ Meninas, ontem eu fui almoçar na casa da mamãe. Foi muito legal. Sabiam que a mamãe cozinha muito bem? Acho que ela conquistou o papai pelo estômago (risos). Mas eu prefiro não almoçar sempre por lá porque como demais e acabo engordando. E aí tenho que sofrer na academia. (Nesse momento inicial da conversa, o assunto já pula para a academia) ANDRESSA _ Gente, eu não contei para vocês né? Eu estou fazendo academia! Sabem que estou gostando muito! MARGARIDA _ Sério?! Ah não gente, eu também estou precisando fazer academia! Lá é legal Andressa? ANDRESSA _ Muuuito! E tem cada gato malhando lá! - respondeu. (Aqui já sai do assunto academia e entra no assunto moda) LUANA
  • 61. 61 Despertando com os pássaros _ Sério? Eu quero conhecer essa academia! Meninas, (porque em roda de amigas, ou se tratam de “meninas”, ou “miga”), eu preciso contar uma coisa para vocês, e estava me esquecendo! Conheci um gatinho a semana passada e ele me convidou para ir numa festa de casamento! Quero um vestido lindo e que esteja na moda. ANDRESSA _ Conheço uma loja muito legal que tem vestidos lindíssimos!! (Aqui já sai do assunto moda e entra no assunto odontologia) MARIETA _ Meninas, vocês conhecem algum dentista legal? Eu estou com um dente doendo demais, precisando fazer canal. Bem que meu filho já podia estar formado em odontologia. Ele vai terminar o ano que vem. Dai ele é que vai cuidar dos meus dentes. – disse Marieta. (Aqui já sai do assunto odontologia e entra no assunto fofoca) LUANA _ Eu conheço um muito bom. Vou te passar o telefone da clínica dele. Aliás, meninas, eu preciso contar pra vocês uma fofoca sobre ele! ANDRESSA _ Conta! O que é?
  • 62. 62 Despertando com os pássaros MARGARIDA - Conta logooo!! Quero saber! Ele é tão charmoso né? LUANA _ Margarida, você que conhece ele também! Sabe que ele é casado e tem dois filhos, não é verdade? MARGARIDA _ Sim. Eu sei. E o quê é que o Dr. Igor fez? LUANA _ Traiu a esposa. E o pior, a traiu com a melhor amida dela! Absurdo isso! MARGARIDA _ Pobrezinha da Carmem! Não merecia essa traição! LUANA _ Não se preocupe Margarida, a Carmem já deu o troco nele! Saiu com o melhor amigo dele. E sabe o que mais? Ela gostou tanto que está repetindo a dose. Uma amiga minha que trabalha na empresa dela (não conte para ninguém!), disse que os dois se encontram às escondidas quase todo semana. O problema é que o casinho dos dois já está dando na cara, e só o Dr. Igor não vê (muitos risos). E daí a conversa vai mais longe ainda, num misto de assuntos que não acaba mais. Como pode mudar de assunto assim tão, naturalmente, né? Do almoço da mãe da Andressa, em questão de pouquíssimos minutos, foi parar lá fofoca da traição do dentista... Voltando àquela meia dúzia de caminhantes que estavam na minha frente conversando alto, numa tagarelagem perturbadora e
  • 63. 63 Despertando com os pássaros sem fim, eu não aguentei. Para me livrar daquele barulho que me incomodava, eu tive que correr uns cem metros para a frente, me distanciando delas, para que o silêncio voltasse a reinar em minha mente. O silêncio é de ouro mesmo. Pelo menos para mim nesta atual fase da minha vida.
  • 64. 64 Despertando com os pássaros 16º Dia – Sem assunto. 17 de Janeiro de 2017 Nada a declarar.
  • 65. 65 Despertando com os pássaros 17º Dia – A vida cor de rosa 19 de Janeiro de 2017 reciso dizer uma coisinha sobre ontem, 18... O dia amanheceu muito nublado e chuvoso, e eu então pensei – Ah, tudo bem, vou caminhar à tarde – e continuei apreciando a minha cama. Peguei no sono novamente. E foi muito legal. Mas, porém, à tarde, me deu um desânimo e eu não fui. Quebrei a minha rotina da mudança de hábito. Fiquei um dia sem me exercitar. E isso não foi nada legal, por que... Hoje acordei muito indisposta, pálpebras pesadas, cabeça pesada, corpo pesado, pensamento pesado, tudo pesava em mim. A única coisa que eu queria era dormir, dormir, e dormir ainda mais. Mas não cedi. Levantei com a força de uma leoa, lutando por si mesma (se eu não lutar pela minha saúde, ninguém fará isso por mim), e fui. Abri o portão de casa como se estivesse desafiando a mim mesma. Fechei-o e comecei a caminhar a passos lentos (devagar também se chega), buscando inspirar e respirar o ar novinho da manhã, para ver se ganhava mais disposição para acelerar os passos. Observei que nada observei (fato), não vi quase nada que estava à minha volta. Sabe quando você interioriza-se? Pois é, eu fui para dentro de mim mesma, porque algo dentro de mim estava a me chamar com insistência. Seria a minha vontade de mudar a minha realidade? Talvez! Quando queremos que as coisas mudem o mais depressa possível, mas não temos as condições físicas e P
  • 66. 66 Despertando com os pássaros materiais para isso, desejamos nos esconder de nós mesmos. É como diz um ditado - desaparecer do mapa – e só voltar quando as coisas já estiverem mudadas. Mas de tudo, enquanto já caminhando pela Av. Felicidade, eu não estava só. Eu tinha a companhia de Edith Piaf (em minha mente) cantando a sua, “La vie em rose”. A minha vida não estava cor de rosa. Mas Edith, no entanto, insistia em cantar esta música dentro da minha cabeça, como se estivesse em um grande teatro, repleto de expectadores a contempla-la cantando. E de um jeito (que não sei como), ela me inspirou a cantar junto com ela. Mas como eu não sei francês, o jeito foi cantar numa linguagem universal: Na na na na na na naaan, Na na na na na naaan, Na na na na na naaaaan Edith Piaf “Quand il me prend dans ses bras Il me parle tout bas Je vois la vie en rose” LA VIE EN ROSE
  • 67. 67 Despertando com os pássaros Dia – A terceira idade 20 de Janeiro de 2017 oje eu acordei alegre como os pássaros, mas não com a disposição dos pássaros. É que ainda estou naquela fase inicial de mudança. Devo confessar uma coisa – nos últimos anos eu eu tenho dormido até tarde do dia, levantando entre 09:00h e 10:00h da manhã. Isso não é nada legal. Imaginem mudar de repente – deixar de acordar as 09:00h para acordar as 05:20h com os pássaros! Os olhos demoram a clarear, e uma névoa os encobre. Talvez esta névoa nos olhos seja devido ao tempo que os nossos olhos permanecem inertes durante o período do sono... Os pássaros hoje bastante generosos comigo, era uma cantoria só! Precisa ver que coisa linda! A gente deveria prestar mais atenção no canto dos pássaros e no som da natureza. Talvez se assim o fizéssemos viveríamos mais serenamente, concordam? A gente da muitos ouvidos ao barulho humano, às algazarras do mundo, e isso não é legal para a nossa estabilidade emocional. Não vi nada de extraordinário hoje enquanto caminhava rumo à Av. Felicidade, exceto um senhor caminhando com seus cachorros, deixando-os defecar na rua... Donos de cachorros deveriam recolher suas fezes na rua. A minha rua é cheia de cocô de cachorro. Muito ruim esse tipo de coisa. Prossegui a passos mais lentos, de forma meio preguiçosa (acho que não era preguiça), estava um pouco difícil acelerar os passos (antecipação de sintomas da terceira idade?) para ganhar H
  • 68. 68 Despertando com os pássaros um ritmo mais eficiente no ganho de resistência física e perda de peso. O problema é que a gente (sedentário) quer emagrecer e ganhar resistência física de uma ora para outra. E as coisas não funcionam assim. Tudo precisa de tempo para se transformar. Se eu continuo na minha mudança de hábito, essa transformação vai acontecer, mas não assim tão depressa. Eu estou trabalhando a minha conscientização também, estipulando um tempo maior para atingir as minhas metas. Nada de pressa ou desespero, porque isso só viria a prejudicar os meus objetivos. Sabem que hoje (sexta-feira, 20) tinha muitas pessoas da terceira idade se exercitando nos equipamentos da Av. Felicidade! E alguns deles aparentavam bem mais disposição física que eu! Um incentivo para mim, que estando ainda na casa dos 40, estava com a disposição física dos 80. Eu me lembro quando eu era criança, que uma pessoa na minha faixa de idade, já se considerava velho! Graças a Deus isso mudou! Não sei se essa mudança é por causa do acesso facilitado a uma vida mais confortável. Ou à prática de atividade física saudável (porque bater cabo de enxada e foice na roça é de doer), com acompanhamento de profissionais. Nos anos 70 e 80 ainda tinha um número muito grande de pessoas trabalhando duro nas zonas rurais. Trabalhavam de sol a sol, tendo a pele queimada, porque não usavam nenhum tipo de protetor solar. Hoje as coisas mudaram muito, os avós em sua idade física possuem uma aparência jovem, como se fossem os pais, e os pais são tão joviais que parecem ser irmãos dos próprios filhos. Se os jovens de hoje pensassem na juventude e força da sua terceira idade, cuidariam de estudar e se formar, para terem um
  • 69. 69 Despertando com os pássaros trabalho melhor remunerado, garantindo assim, uma aposentadoria melhor para podem curtir a vida para quando chegarem lá. Porque eles vão chegar lá plenos de uma vontade de viajar, de curtir a vida, de ter novas experiências, e sem dinheiro não dá para fazer muita coisa né? O problema é que a juventude acha que tudo é fácil, porque tem os pais que lhes dão todo o suporte necessário. Eles não pesam que devem se preparar com responsabilidade para assumir as direções da própria vida, deixando assim, seus pais poderem curtir com mais leveza, a terceira idade deles.
  • 70. 70 Despertando com os pássaros 19º Dia – Um sábado nostálgico 21 de Janeiro de 2017 ue pulo! Quase como se fosse um canguru! Foi assim que consegui me libertar da cama hoje. Sim, é sábado, mas sábado também é dia de mudar de hábito! Caminhar, caminhar, caminhar. Principalmente depois de ter comido bastante na noite anterior (sexta-feira) sem o menor controle. Vocês sabiam que a gula é um monstro? Pois ela é sim, sum monstro terrível e dominante! A gula é uma coisa séria que se deve enfrentar, mas que, vez ou outra, a gente acaba por perder para ela na queda de braço. E sabem o que pior do que uma gula? A própria gula enjaulada de regime. Quando ela se solta ela quer devorar tudo que é comível (risos), e a gente parece um triturador que não enche nunca. Aliás, a única coisa que fica realmente cheia, é a nossa consciência depois de ver que a nossa gula superou todos os seus limites. Dá até vergonha na alma da gente, quando a gente pensa no tanto que comeu (gula é pecado) quebrando todos os recordes alimentares. Tem uma coisa que me incomoda durante a minha caminhada – a vontade de fazer o nº 1 (xixi) – porque não possui banheiros públicos disponíveis na Av. Felicidade! Nem pagando você acha um lugar para fazer o seu xixi. O que eu acho um erro e uma crueldade com a bexiga da gente! Porque a bexiga não quer saber se você vai ter um banheiro disponível. Ou se você vai precisar cair no mato mesmo para esvazia-la! Gente, é muito ruim mesmo! É um desafio das próprias forças, estar com a bexiga cheia e ter que segurar por Q
  • 71. 71 Despertando com os pássaros muito tempo para esvazia-la. Além da dor, a gente perde até a força para se caminhar e exercitar. Outro dia eu passei mal por causa da vontade de fazer xixi e não tinha banheiros públicos. A minha sorte é que encontrei um restaurante abrindo e fui lá com a minha vergonha, para pedir que me deixassem usar o banheiro deles. Uma pista de caminhada pública deve ser equipada com banheiros públicos ao longo de toda ela, mesmo que cobrem pelo serviço. Num determinado trecho da Av. Felicidade (aliás, já descobri que essa avenida é musical), eu comecei a ouvir uma música bem legal dentro da minha cabeça. Ela é uma música um tanto nostálgica, mas muito bonita, ao ponto de me fazer cantar mentalmente junto com os cantores, Il Volo e Eros Ramazzotti. Sabem, tem música que parece o nosso cérebro se apaixona por ela e não quer mais deixa-la. Acontece sempre comigo, de eu passar o dia inteiro cantando um pedaço de uma música e não conseguir tira-la da minha cabeça. Parece uma espécie de obsessão, ou coisa do tipo. Você toma o café da manhã, a música está lá passeando entro do teu cérebro. Você almoça, e ela ainda está lá, como uma vitrola furada, repetindo apenas determinado trecho da música (parece que o cérebro sente sabor naquele trechinho repetitivo) como se ela fosse uma espécie de chiclete que o cérebro masca. Chega a noite, ela ainda está lá, fraca, mas teimosa e insistente. E só vai embora depois de uma boa noite de sono. O meu cérebro é mascador de música, quando ele se agrada de alguma música, ele escolhe um trechinho e fica mascando sem parar.
  • 72. 72 Despertando com os pássaros Esta música que meu cérebro encontrou hoje, flutuando nas ondas sonoras da Av. Felicidade (digo, encontrou, porque esta é uma música que quase não ouvi desde o seu lançamento, e nem sei a letra dela direito), se chama “Così”. E a minha mente, como um disco de vinil enganchado na vitrola, só conseguia cantar repetidamente este pequeno trecho: “Così, così, L’amore a volte ci dimentica... COSÌ” Na ni na na na na na naaaan Naaan naaaam Na ni na na na ni na naaaan... Eros Ramazzotti Il Volo “Ma senti l'aria arriva un temporale Chi l'avrebbe detto mai”
  • 73. 73 Despertando com os pássaros Dia – Domingo III – Pausa 22 de Janeiro de 2017 A este domingo, dedico esta minha poesia. Coisas desse mundo Estou pensando nas ervas que nascem livres no campo, E nas flores que desabrocham sem a obrigação de serem belas, Eu estou pensando também no jardim de rosas do palácio do rei, E nos trevos que nasceram sozinhos no quintal do servo Sem que ele os tenha plantado. Sim... Eu estou pensando na vida como um todo. E de alguma forma, com tanto pensar, eu estou sentindo certo espanto. Que diferença há entre as flores dos palácios reais, E as flores dos nossos singelos quintais? Que diferença há no ar que por lá o rei e seus súditos respiram, Daquele que eu e outros servos da Terra, estamos a respirar? Estou a pensar, se é menor a dor dos reis de toda a Terra, Do que a dor que eu sinto em meu viver, Do que os meus próprios ais. Eu estou pensando no algodão que fornece a fibra para as vestes do rei, Não seria ele o mesmo algodão que veste o servo que o plantou? E porque aquele que o plantou veste os fios frágeis da sobra, e não o melhor deles? Que mundo mais estranho esse, onde o que planta fica com as sobras, E aquele que nada plantou, leva sempre os louros da colheita! Isso, eu realmente não entendo, eu nada sei! Eu estou pensando em tantas coisas, em tantas situações... Eu penso também nos passarinhos, que se tornaram inquilinos nos telhados da cidade, Que trocaram as copas das árvores pelas telhas de barro e cimento, A natureza já não lhes dá mais segurança? Ou ela, cansada e fraca, já não lhes dá mais o alimento? Uma coisa é certa – não foram os passarinhos que enlouqueceram as estações.
  • 74. 74 Despertando com os pássaros 21º Dia – Segundona 23 de Janeiro de 2017 eguindo em frente com a minha mudança de hábito, nesta segunda-feira levantei-me disposta e fui para a minha caminhada. Dizem que com 21 dias seguindo uma rotina, ela se torna um novo hábito. Deve ser por isso que acordei junto com o despertador do celular (risos). Mas, falando sério, levantar cedo para caminhar já não está sendo de todo ruim para mim. Nesta segunda-feira foi fácil me levantar da cama. Estava mais disposta fisicamente. Hoje notei que havia poucas pessoas caminhando e exercitando nos equipamentos de ginástica da Av. Felicidade. Deve ser porque é segunda-feira e muita gente amanhece com um pouco de preguiça. Estava caminhando alegremente quando passou por mim o “The Flash”, um jovem que corria como o vento (um pouco de exagero na referência), mas ele estava num ritmo bem acelerado, como se estivesse correndo para receber algum prêmio. Aliás, existe um prêmio para quem se esforça na prática dos exercícios – a disposição física acompanhada de muitos benefícios para a saúde. Eu deveria ter começado antes, beeeem antes. O problema é que achamos que nunca vamos entrevar não é verdade? Quando estamos bem fisicamente, a nossa mentalidade é limitada ao presente, nada de futuro, aliás, para que saber como estaremos no futuro? Pensamento torto, porque quando se trata de saúde, é fundamental pensar no futuro. A idade avança. A força diminui. O S