1. Limites da sustentabilidade
• Vivemos um novo tempo.
• Não se trata mais de cuidar do meio
ambiente, proteger o meio ambiente.
• Trata-se de não ultrapassar limites que
colocam em risco a própria vida.
2. • Kofi Annan, secretário geral da ONU: o
problema central da humanidade, hoje, não
está no terrorismo; está nas mudanças
climáticas já em curso e nos padrões globais
insustentáveis de produção e consumo.
• Essas duas questões – diz ele – ameaçam a
própria sobrevivência da espécie humana.
3. • Previsão do Painel Intergovernamental de
Mudanças Climáticas: se as emissões de
gases que intensificam o efeito estufa
continuarem no ritmo atual, no século 21 a
temperatura da terra se elevará entre 1,4 e
5.8 graus Celsius; o nível dos oceanos
subirá entre 18 e 59 centímetros; secas,
inundações e outros desastres aumentarão.
4. Seja o que for que se faça, a temperatura subirá mais 1,3
grau até 2050.
Para evitar que o aumento da temperatura vá além de 2
graus, será preciso reduzir as atuais emissões em 66%.
Mas elas continuam aumentando.
5. • 2010 foi um dos dois anos mais quentes na
história da Terra, junto com 2005.
• A cada ano os eventos extremos têm atingido
centenas de milhões de pessoas, deixado centenas
de milhares de mortos, prejuizos de centenas de
bilhões de dólares.
• O Brasil já é o 11.o país em vítimas,
principalmente no Sul, Nordeste e região serrana
do Rio de Janeiro.
6. • Em 2010 as emissões de gases do efeito estufa no
mundo estiveram acima de 30,4 bilhões de
toneladas. Se ultrapassarem 32 bilhões de
toneladas, não se conterá o aumento da
temperatura em 2 graus.
• Os Estados Unidos respondem por cerca de 21%
do total,mas a China já se tornou a maior
emissora, com 24%.
• O Brasil já é o quarto maior emissor: mais de um
bilhão de toneladas de CO2 (inventário de 1994) e
mais de 30 milhões de toneladas de metano.
7. • Estudo do Banco Mundial aponta para o
Brasil mais de dois bilhões de toneladas de
carbono em 2004, cerca de 40% mais que os
números do inventário brasileiro de 1994.
8. As nações do G8 emitiram 14,3 bilhões de
toneladas, 2% mais que em 2000. E 45%
acima de 1990 (quando deveriam estar 5,2%
abaixo).
EUA emitiram 16,3% mais que em 1990 e
1,6% mais que em 2000.
Só Alemanha, Inglaterra e França reduziram
suas emissões.
9. • Mais de 50% das emissões brasileiras se
devem a mudanças no uso do solo,
desmatamentos e queimadas,
principalmente na Amazônia.
• De 2000 para cá, o Brasil já desmatou mais
de 150 mil km2.
10. • Agência Internacional de Energia: o consumo de
energia no mundo aumentará 71% até 2030.
• N a China, crescerá 33% em uma década.
• Na Índia, mais 51% em uma década.
• Os países industrializados precisam reduzir suas
emissões entre 60 e 80% até 2020;
• Esses países consomem metade da energia no
mundo.
• Um habitante desses países consome em média 11
vezes mais energia que um habitante dos países
pobres.Mas a China já superou a Grã-Bretanha,
França e Espanha em emissões per capita.
11. • O Protocolo de Kyoto, que regulamentou
em 1997 a Convenção do Clima, de 1992,
estabeleceu que os países industrializados
reduzam suas emissões em 5,2% entre 2008
e 2012.
• EUA não homologaram.
• O Protocolo vence em 2012. Japão, Rússia,
Canadá e outros não querem prorrogar a
única regra em vigor.
12. • Problema central: não temos nem
instituições, nem regras universais, capazes
de promover as mudanças necessárias na
escala global.
• As reuniões de convenções da ONU exigem
consenso para tomar decisões – dificílimos,
por causa dos interesses contraditórios.
13. • Agência Internacional de Energia:
• No ritmo atual, o petróleo cairá de 38% da energia
total para 33% em 2030.
• O carvão passará de 24 para 22%
• O gás aumentará de 24 para 26%
• Energias renováveis subirão de 8 para 9% do total.
• Energia nuclear passará de 2,532 bilhões de KWh
(2003) para 3,299 bilhões de KWh
14. • Tecnologias em desenvolvimento:
• 1. sequestro e sepultamento de carbono no
fundo do mar ou campos de petróleo
esgotados;
• 2.células de combustível;
• 3. veículos híbridos;
• 4. energias eólica, solar, de marés,
biocombustíveis.
15. • Al Gore: “Hoje, vivemos uma emergência
planetária”;
16. • Rick Samans, presidente do Forum
Econômico de Davos:
• “Estamos 15 anos atrasados”.
• “O desafio na área do clima é assustador”.
17. • Carlos Nobre (INPE e MCT):
• “Não há como reverter o quadro: a roda já
está girando a uma velocidade tão alta que
não dá mais para parar; talvez dê para
diminuir a velocidade.”
18. • Sir Nicholas Stern, ex-economista-chefe do
Banco Mundial, em relatório para o governo
britânico:
• Mudanças climáticas poderão mergulhar a
economia mundial na pior recessão global
da história recente.
19. • Sir Nicholas: Os governos precisam
enfrentar o problema reduzindo emissões de
gases. Se nada for feito, seremos
confrontados com um declínio que não
acontece desde a Grande Depressão dos
anos 30 e nos períodos das duas grandes
guerras mundiais.
20. • A Agência Internacional de Energia prevê
que serão necessários investimentos de
US$45 trilhões nos próximos 15 anos em
novas fontes de energia.
21. • Esses investimentos serão uma
oportunidade de chegar a uma matriz
energética com emissão zero. E será algo na
direção oposta à de um declínio econômico.
• Custará menos enfrentar o problema que
pagar o preço das consequências, se não o
fizermos
22.
23. Padrões de produção e consumo
• Relatório “Planeta Vivo 2006”:
• Estamos consumindo no mundo mais de
30% além da capacidade de reposição do
planeta nos recursos naturais.
• A “pegada ecológica da humanidade”, que
mede o impacto sobre o planeta, triplicou
desde 1961.
24. • Estamos deteriorando os ecossistemas
naturais a um ritmo nunca visto na história
da humanidade. Quase um terço das
espécies conhecidas se extinguiu em três
décadas.
• A biocapacidade da Terra constitui a
quantidade de área biologicamente
produtiva – zona de cultivo, pasto, floresta e
pesca – disponível para atender às
necessidades humanas.
25. • Cenário com base em previsões da ONU:
em meio século, a exigência humana sobre
a natureza será duas vezes superior à
capacidade de produção da biosfera.
• É provável a exaustão dos ativos ecológicos
e o colapso do ecossistema em larga escala.
26. • A pegada ecológica mundial já é de 14
bilhões de hectares. Entre os países de
pegada mais alta, a dos Estados Unidos é de
2,8 bilhões. A da China, 2,15 bilhões. Da
Índia, 802 milhões.Rússia, 631 milhões.
Japão, 556 milhões. Brasil, 383 milhões.
• A pegada ecológica per capita dos EUA é
de 9,6 hectares. Do Brasil, 2,1 (acima da
disponibilidade média mundial).
27. • As populações de espécies tropicais diminuiram
55%.
• A conversão de áreas para a agricultura é o fator
principal de perda do habitat das espécies.
• Os manguezais, berçários de 65% das espécies de
peixes tropicais, estão sendo degradados a um
ritmo duas vezes superior ao das florestas
tropicais.
• Mais de um terço da área global de manguezais foi
perdido entre 1980 e 2000. Na América do Sul a
perda foi de 50%.
28. • Alteração e retenção do fluxo fluvial para
uso industrial, abastecimento doméstico,
irrigação e energia hidrelétrica
fragmentaram mais de metade dos maiores
sistemas fluviais do mundo, representando
83% do seu fluxo anual total. 52% foram
afetados de forma moderada, 31%
gravemente.
29. • A quantidade de água armazenada no
mundo em reservatórios com barragens é no
mínimo três vezes maior que a contida nos
rios.
• De 15 a 35% das captações para irrigação
não são sustentáveis.
30. • Em 2003, a pegada ecológica no mundo era
de 2,2 hectares por pessoa, acima da
disponibilidade média, de 1,8 hectare.
31. • Agravando o problema, relatórios do
Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD) dizem:
• Os países industrializados, com menos de
20% da população mundial, concentram
80% da produção, do consumo e da renda
totais.
32. • As 3 pessoas mais ricas, juntas, têm ativos
superiores ao PNB anual dos 48 países mais
pobres, onde vivem 600 milhões de pessoas.
• 257 pessoas, com ativos superiores a US$1
bilhão cada um, juntas têm mais que a renda
anual conjunta de 45% da humanidade, 2,8
bilhões de pessoas.
33. • PNUD: se todas as pessoas consumissem
como norte-americanos, europeus ou
japoneses, precisaríamos de mais dois ou
três planetas para suprir os recursos e
serviços naturais necessários.
34. • Vivemos uma crise de padrão civilizatório.
Nossos modos de viver são insustentáveis,
incompatíveis com os recursos do planeta,
mesmo com mais de 800 milhões de
pessoas passando fome e mais de 2,5
bilhões abaixo da linha de pobreza (US$2
por dia).
35. • Que se vai fazer ? Crescimento econômico,
puro e simples, seria solução ?
• Edward Wilson: se o PNB mundial, hoje na
faixa dos US$60 trilhões, tiver um
crescimento moderado, de 3,5% ao ano,
chegaria a 2050 com US$158 trilhões. Mas
não chegará: não há recursos e serviços
naturais para isso.
36. • Será indispensável praticar padrões de consumo
que poupem recursos, não desperdicem recursos.
• As matrizes energéticas terão de ser reformuladas.
• Fatores e custos “ambientais” terão de estar no
centro e no início de todas as políticas públicas e
de todos os empreendimentos privados, para
serem avaliados, aprovados ou não, atribuídos a
quem os gera.
37. • Os princípios do poluidor/pagador e da
precaução terão de ser obedecidos em tudo.
• O Brasil terá de construir uma estratégia
que leve em conta mudanças climáticas e
sustentabilidade dos padrões de produção e
consumo.
38. Cenários para o Brasil
• Cenários traçados pelo INPE:
• Ao longo deste século, aumento de 6 a 8
graus na temperatura na Amazônia.
• Aumento de 3 a 4 graus no Centro-Oeste.
• Influência nas outras regiões.
• Possível perda de 20 a 25% nos recursos
hídricos do Semi-Árido.
39. • Embora seja o quarto maior emissor de gases do
planeta mais de um bilhão de toneladas anuais de
CO2 em 1994 e 30 milhões de toneladas de
metano), o Brasil não aceita compromissos de
redução.
• Argumentos:
• 1. Os países industrializados, que emitem há mais
tempo e contribuiram mais para a concentração na
atmosfera, ainda não cumpriram os seus
compromissos.
40. • 2. Se aceitasse compromissos de redução,
poderia comprometer o desenvolvimento
econômico.
• Aceitar esses compromissos implica aceitar
restrições à soberania no uso de recursos
naturais.
41. • O Brasil deveria aceitar compromissos porque:
• Não aceitá-los é eticamente insustentável;
• O país já apresentou à convenção de mudanças do
clima tese de que cada país deveria aceitar
compromisso de redução proporcional à sua
contribuição direta para o aumento da temperatura
da Terra já comprovado.
42. • Não aceitando compromisso, o Brasil reforça o
argumento de opositores do Protocolo de Kyoto –
EUA e outros -, de que não aderem porque o
Protocolo será ineficaz para combater mudanças
climáticas se três dos cinco maiores emissores
(Brasil, China e Índia) não tiverem metas de
redução – ainda mais porque serão os responsáveis
pelo maior aumento no consumo de energia nas
próximas décadas.
43. • Além do mais, o Brasil já está sofrendo com
mudanças climáticas e será uma das regiões mais
atingidas, segundo os cientistas.
• Já tivemos um primeiro furacão.
• Secas extemporâneas têm gerado graves prejuízos
para a agricultura e dificuldades progressivas no
abastecimento de água das grandes cidades, como
previu o IPCC.
• Temos tido graves problemas de inundações e
deslizamentos em várias regiões.
44. • Estudo da Unicamp: o aumento de um grau na
temperatura média de São Paulo e Norte do Paraná
está inviabilizando nessas áreas o cultivo do café;
a floração não chega a completar-se a afeta
gravemente a produtividade; por isso a cultura está
migrando para regiões altas de Minas Gerais,
• Pesquisas da Embrapa: o mesmo problema já está
ocorrendo nas culturas de soja, feijão e milho.
45. • As novas condições parecem estar afetando
também o fluxo hidrológico, com menor
retenção de água em áreas desmatadas.
• A economia brasileira é altamente
dependente de boas condições de clima.
46. • O Brasil assinou a Convenção do Clima em
1992. Mas apenas 90 municípios têm
instituições de defesa civil para atuar nos
eventos extremos
47. Clima e Economia
• Já temos nível alto de emissão de metano na
pecuária.
• Cada boi emite 57 quilos/ano (Embrapa).
• 205 milhões de bois emitem quase 12
milhões de toneladas anuais.
• O metano é 21 vezes mais nocivo que o
CO2.
48. Exportação virtual
• O Brasil é grande exportador “virtual”
de água.
• Relatório da ONU (2002): para um quilo
de carne bovina, 15 mil litros; suína, 8
mil; de aves, 4 mil; cereais, 1.000 a 1.500.
49. • No atual modelo, precisamos exportar cada
vez mais para equilibrar o balanço de
pagamentos. Mas absorvendo sem
remuneração os custos sociais e ambientais.
• E quase sem sair do lugar: em 1964,
tínhamos 1% do comércio exterior; em
1985, 1,5%; hoje, 1,08%.
50. • Não temos controle dos preços de
exportação, ditados fora do país.
• Nem dos preços de importação, que
agregam todos os fatores que interessam aos
países industrializados: alto custo da mão-
de-obra, da ciência, das tecnologias etc.
• Há produtos que exportamos hoje a valor
real inferior ao da Grande Depressão.
51. • Precisamos construir nova estratégia: se
serviços e recursos naturais são o fator
escasso no mundo, hoje, precisamos colocar
essa realidade no centro e no início de uma
estratégia que os valorize e ajude a construir
a sustentabilidade.
• O Brasil tem território continental, sol o ano
todo, 13% da água superficial do planeta,
pelo menos 15% da biodiversidade,
possibilidade de matriz energética limpa e
52. • Robert Constanza e mais 13 cientistas da
Universidade da Califórnia: se tivéssemos
de substituir serviços e recursos naturais
como fertilidade do solo, regulação do
clima, fluxo hidrológico e outros (que nada
nos custam) por ações humanas e
tecnologias, eles custariam três vezes o
produto bruto mundial de um ano.
53. • A comunicação precisa mudar. Precisa
informar a sociedade permanentemente das
questões em jogo e das soluções possíveis.
Para que a sociedade, informada, se
organize e passe a levar esses problemas
para as campanhas eleitorais, exija dos
candidatos que se posicionem.