SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 7
Baixar para ler offline
Ano Lectivo 2008/2009
            ESCOLA SECUNDÁRIA DE SAMPAIO
              Educação e Formação de Adultos
Cidadania e Profissionalidade/Cultura, Línguas e Comunicação




                                    RECURSOS
Ano Lectivo 2008/2009
                                      ESCOLA SECUNDÁRIA DE SAMPAIO
                                        Educação e Formação de Adultos
                          Cidadania e Profissionalidade/Cultura, Línguas e Comunicação

TEXTO 1
                                                                – Ah, antão és o tal!... Binhestes co
Quem és tu, pás?                                                ela inté cá, num foi?
– Quem és tu pás? Quem te deu                                   – Vim, respondi, desistindo de corrigir
orde d’ d
   d d’andares pelas minhas terras?
                   l     i h       ?                            aquele ignorante
                                                                        ignorante.
E eu:                                                           – De agora em diante venho sempre
– Estas terras são tuas?                                        com ela.
E ele:                                                          – Da cidade?
– São do meu padrinho, dá no                                    – Si
                                                                  Sim
mesmo. – E acrescentou com                                      E ele:
desdém: – Tens uns sapatos                                      – Tens a pele tão branquinha...
jeitosos, pás, mas aposto que nunca                             – É da higiene – expliquei. – Devemos
bistes interrar um morto.                                       ser higiénicos. Na cidade lavamo‐nos
Achei que devia corrigir:                                       todos os dias.
– Diz‐se viste e não bistes; e não é                            E ele:
interrar,
interrar é ...                                                  – A auga tira força à gente. Assim
                                                                         g          ç     g
E ele:                                                          branquinho, pás, inté pareces um
– Cuidas qu’és a sinhora professora,                            morto. É de te labares todos os dias.
pás?                                                            Ficas sem força ninhuma. Eu tenho
E eu:                                                           força,
                                                                força posso mais ca ti Bamos a uma
                                                                                      ti.
– Mas sou sobrinho dela.                                        bulha, a ber quem pode mais?
Isto impressionou‐o.
                                                                                  Altino Tojal, Os Putos
Ano Lectivo 2008/2009
                                  ESCOLA SECUNDÁRIA DE SAMPAIO
                                    Educação e Formação de Adultos
                      Cidadania e Profissionalidade/Cultura, Línguas e Comunicação


TEXTO 2
A Fisga




Trago a fisga no bolso de trás 
Trago a fisga no bolso de trás               Eu até nem sequer sou mau rapaz 
                                             Eu até nem sequer sou mau rapaz
E na pasta o caderno dos deveres             Com maneiras até sou bem mandado 
Mestre‐escola, eu sei lá se sou capaz        Mestre‐escola diga lá se for capaz 
De escolher o melhor dos dois saberes        P´ra que lado é que me viro. P´ra que lado? 

Meu pai diz que o Sol é que nos faz 
Minha mãe manda‐me ler a lição               Trago a fisga no bolso de trás 
Mestre‐escola, eu sei lá se sou capaz        E na pasta o caderno dos deveres 
Faz‐me falta ouvir outra opinião             Mestre‐escola, eu sei lá se sou capaz 
                                             De escolher o melhor dos dois saberes 


                                                                   Rio Grande, A Fisga (por João Monge)
Ano Lectivo 2008/2009
                                                   ESCOLA SECUNDÁRIA DE SAMPAIO
                                                     Educação e Formação de Adultos
                                       Cidadania e Profissionalidade/Cultura, Línguas e Comunicação
TEXTO 3
Pais maus                                                                        ‐ Enquanto os outros miúdos comiam doces ao pequeno‐almoço, nós
Ontem, através do meu filho mais novo, veio parar‐me às mãos um texto           tínhamos que comer cereais, tostas e ovos.
distribuído às i
di t ib íd à crianças d ATL que ele f
                       do             l frequenta. C f
                                                t Confesso que costumo l
                                                                     t    ler    ‐ Os outros miúdos bebiam Pepsis ao almoço e comiam batatas fritas
                                                                                                                                               fritas,
os diversos papéis que me mandam das diversas escolas dos meus filhos, na       enquanto nós tínhamos que comer sopa, prato e fruta. E, não vão
diagonal, mas, curiosamente, a este, li‐o de fio a pavio.                       acreditar!, os nossos pais obrigavam‐nos a jantar à mesa, o que era
Como não vinha assinado, não tenho maneira de pedir autorização ao autor        bem diferente dos outros pais.
para o publicar, mas parece‐me que o que importa a quem o escreveu é             ‐ Os nossos pais insistiam em saber onde nós estávamos a todas as
que chegue ao maior número de pais possível.                                    horas, era quase uma prisão. Tinham que saber quem eram os nossos
Vale
V l a pena lê l
             lê‐lo.                                                             amigos e o que fazíamos com eles
                                                                                                              eles.
Deus abençoe os pais maus! Um dia, quando os meus filhos forem crescidos         ‐ Insistiam em que lhes disséssemos que íamos sair mesmo que
o suficiente para entenderem a lógica que motiva um pai, eu hei‐de dizer‐       demorássemos só uma hora, ou menos.
lhes:                                                                            ‐ Nós tínhamos vergonha de admitir, mas eles violaram uma data de
‐ Amei‐vos o suficiente para ter insistido para que juntassem o vosso           leis do trabalho infantil: nós tínhamos que fazer as camas, lavar a
dinheiro e comprassem uma bicicleta, mesmo que eu tivesse possibilidades        loiça, aprender a cozinhar, aspirar o chão, engomar a nossa roupa, ir
de a comprar.                                                                   despejar o lixo e todo o tipo de trabalhos cruéis Eu acho que eles
                                                                                                                             cruéis.
                                                                                nem dormiam, a pensar em mais coisas para nos mandar fazer.
‐ Amei‐vos o suficiente para ter ficado em pé junto de vós, duas horas,
enquanto limpavam o vosso quarto – trabalho que eu teria realizado em            ‐ Eles insistiam connosco para lhes dizermos a verdade, e apenas
quinze minutos.                                                                 toda a verdade, sempre a verdade.
‐ Amei‐vos o suficiente para vos obrigar a pagar a pastilha que "tiraram" da     ‐ Na altura da nossa adolescência eles conseguiam ler os nossos
mercearia e dizer ao dono: eu roubei isto ontem e hoje queria pagar.
                                                       j q     p g              pensamentos o que tornava a vida mesmo chata.
‐ Amei‐vos o suficiente para ter ficado em silêncio, para vos deixar             ‐ O nossos pais não d i
                                                                                   Os           i ã deixavam os nossos amigos b i
                                                                                                                              i   buzinarem para nós
                                                                                                                                                   ó
descobrir que o vosso novo amigo não era boa companhia.                         descermos. Tinham que subir, bater à porta para eles os conhecerem.
‐ Amei‐vos o suficiente para vos deixar assumir a responsabilidade das           ‐ Enquanto toda a gente podia sair com doze ou treze anos, nós
vossas acções, mesmo quando as penalizações eram tão duras que me               tivemos que esperar pelos dezasseis.
partiam o coração.                                                               ‐ Por causa dos nossos pais, nós perdemos experiências
‐ Amei‐vos o suficiente para vos ter perguntado: onde vão com quem vão e
  Amei vos                                               vão,                   fundamentais da adolescência: nenhum de nós esteve alguma vez
a que horas regressam a casa.                                                   envolvido em actos de vandalismo, em roubos, violação de
                                                                                propriedade, nem foi preso por algum crime.
‐ Amei‐vos o suficiente para vos deixar ver fúria, desapontamento e
lágrimas nos meus olhos.                                                         Foi tudo por causa deles.
‐ Mas, acima de tudo, eu amei‐vos o suficiente para vos dizer NÃO, quando        Agora que já saímos de casa, somos adultos, honestos e educados,
sabia que me iriam odiar por isso.                                              estamos a fazer o nosso melhor para sermos "maus pais" tal como os
                                                                                nossos pais o foram.
                                                                                         p
Estou
E t contente. V i porque no fi l vocês t bé venceram. E qualquer
          t t Venci,               final    ê também                   l
dia, quando os vossos filhos forem suficientemente crescidos para                Eu acho que este é um dos males do mundo de hoje: não há
entenderem a lógica que motiva os pais, vocês irão dizer‐lhes, quando eles      suficientes maus pais.
vos perguntarem, se os vossos pais eram maus, que sim, que eram os                                                                   Mafalda Belmonte
piores pais do mundo! porque:
Ano Lectivo 2008/2009
                                                             ESCOLA SECUNDÁRIA DE SAMPAIO
                                                               Educação e Formação de Adultos
                                                 Cidadania e Profissionalidade/Cultura, Línguas e Comunicação
TEXTO 4                                                                                                             sisudos  e  socegados,  evitando  a  companhia  dos 
                                                                                                                    travessos,  que  mais  cedo  ou  mais tarde nos
                                                                                                                    travessos que mais cedo ou mais  tarde  nos 
Comportamento escolar                                                                                               fazem cahirna desobediencia. 
                                                                                                                          Seja  deante  de  quem  for,  devemos 
       “O filho obediente faz em tudo a vontade a                                                                   proceder  de  modo  que  mostremos  a  nossa  boa 
seus  paes,  e,  se  o  mandam  á  escola,  deve‐se                                                                 educação,  e  fazendo  de  conta  que  estão 
applicar, que a utilidade é sua.                                                                                    presentes os nossos paes. 
       Porque  sem  instrucção  a  gente  é  como  os                                                                     Nunca  se  recorre  á força,  salvo  em  defeza 
animaes.                                                                                                            do mais fraco. 
       Só  ella  nos  ensina  a  desempenhar  bem  as                                                                     Devemos  respeitar  os  mestres  e  receber 
nossas  obrigações,  e  augmenta  os  nossos                                                                        humildemente  os  seus  preceitos;  porque  elles 
recursos e o nosso préstimo,  alumiando o nosso                                                                     foram escolhidos para nos guiar, e estão em logar 
                                                                 
espírito. 
espírito                                                                                                            de nossos paes.
                                                                                                                    de nossos paes.
                                                                Não deve ter vaidade, que se torna odioso; 
       A  instrucção  é  tão  necessaria  como  o                                                                         Se ás vezes se mostram severos, é desvélo 
                                                         nem  fazer  zombaria  dos  que  aprendem  menos, 
sustento: advertindo que do sustento os mesmos                                                                      pelo  nosso  aproveitamento,  o  que  devemos 
                                                         porque  talvez  não  seja  descuido,  e  sim  falta  de 
animaes precisam.                                                                                                   agradecer e não levar a mal. 
                                                         entendimento, o que não é culpa de cada um. 
       O  que  nos  distingue  dos  animaes  é                                                                            Nunca  os  devemos  censurar;  e,  quando  á
                                                                A intelligencia é um dom de Deus;  está da 
principalmente a instrucção.                                                                                        nossa vista são accusados, temos obrigação de os 
                                                         nossa parte aproveitá‐la; e  p
                                                                 p       p          ; por isso devemos  ter 
       E 
       E como  se há d comportar  quem  t
                      há‐de          t         tem  a                                                               defender, como bons filhos ou bons amigos.
                                                                                                                    defender como bons filhos ou bons amigos
                                                         emulação2, empenhando‐nos em conseguir tanto 
felicidade  de  ser  mandado  á  escola  por  seus                                                                        Aquelle que proceder assim, é estimado de 
                                                         ou mais que outro  qualquer: mas, se apesar das 
paes?                                                                                                               todos, e a alegria e honra de seus paes.” 
                                                         nossas  diligencias  o  não  pudermos  egualar,  não 
       Indo pelo caminho que lhe marcam, sem se                                                                     _________ 
                                                         devemos  ficar  sendo  invejosos,  e  sim                  1                2
apartar  nem  distrahir;  chegando  a  horas,                                                                          Moderado. –   Sentimento que nos leva a imitar ou a 
                                                         admiradores da sua capacidade3 ou applicação.                                  3
                                                                                                                    exceder alguem. –  Aptidão para o saber; intelligencia, 
entrando  socegado;  tomando  o  seu  logar  com  o 
                                                                Os mestres são os paes da instrucção, e os 
                                                                Os mestres são os paes da instrucção e os                      4
                                                                                                                    talento. – A d l
                                                                                                                       l        Agradavelmente.”   ”
menor  incómodo  possível  dos  companheiros; 
                                                         discípulos entre si devem‐se amar como irmãos.              
prestando  muita  attenção  ao  mestre;  não  se 
                                                                Um  alumno  bem  educado  não  conta  as             
rindo,  não  conversando,  não  gracejando,  e  quer 
                                                         faltas dos companheiros, nem as reprehensões e                    João  de  Deus  in  Leituras  Escolares,  colligidas  e 
seja  observado,  quer  não,  conservando‐se                                                                        annotadas,  para  uso  dos  alumnos  do  7º  Grau  do 
                                                         castigos  que  levam  na  escola;  assim  como 
sempre com a devida seriedade.                                                                                      Ensino  Elementar,  por  Arlindo  Varella  e  J.M.  Silva 
                                                         também não vae á escola contar o que fizeram cá 
       Um discípulo deve ser comedido1  e
       Um  discípulo  deve  ser                     e                                                               Barreto,  Professores  das escolas centraes de Lisboa
                                                                                                                    Barreto Professores das  escolas  centraes  de  Lisboa,
                                                         fora; não accusa nem compromette os mais. 
modesto,  sem  ser  acanhado:  quando  não                                                                          10ª  Edição,  Muito  Melhorada.  Lisboa:  Tipographia 
                                                                Quando  é  permittido  conversar,  fala‐se 
entende  alguma  coisa,  pede  licença  para                                                                        Mattos Moreira & Pinheiro, 1897, pp. 3‐5.
                                                         com  todos  affavelmente4;  mas  para  nossos 
perguntar, e o mestre explica. 
                                                         amigos  particulares  devemos  escolher  os  mais 
Ano Lectivo 2008/2009
                                                     ESCOLA SECUNDÁRIA DE SAMPAIO
                                                       Educação e Formação de Adultos
                                         Cidadania e Profissionalidade/Cultura, Línguas e Comunicação
TEXTO 5
Mais duas mulheres assassinadas pelos ex‐companheiros

Agente da PSP mata a tiro em Santarém. Brasileiro esfaqueou em Azeitão.
Vítimas mortais são, até agora, 33, mais quatro do que em todo o ano passado.
                                                                                     de trabalho e, principalmente, a nível pessoal", adiantou uma fonte
São já 33 as mulheres assassinadas, desde o início do ano, pelos maridos,
      j                                 ,                         , p            ,   contactada pelo PÚBLICO, lembrando que a violência envolvendo o casal já
namorados ou ex‐companheiros. Na sexta‐feira, em Azeitão, foi morta uma jovem        vinha ocorrendo há algum t
                                                                                      i h          d      l     tempo.
brasileira. Ontem de manhã, no Vale de Santarém, um agente da PSP baleou a           O agente foi detido pela GNR pouco depois de ter morto a ex‐companheira
mulher que o trocara por outro homem.                                                e não terá oferecido qualquer resistência. Ontem à tarde estava a ser
Dados do Observatório das Mulheres assassinadas revelam que só nos primeiros         interrogado no Tribunal de Instrução Criminal de Santarém,
oito meses deste ano se registaram 31 vítimas, contra as 27 mortas no mesmo          desconhecendo‐se qual a medida de coacção que lhe foi imposta.
período do ano passado.                                                              Na sexta‐feira, num pronto‐a‐comer em Azeitão, um brasileiro matou à
O agente da PSP que ontem de manhã no Vale de Santarém matou a tiro a ex
              PSP,                manhã,               Santarém,              ex‐    facada a antiga companheira, de 30 anos. Depois de a golpear, o homem
companheira no interior de uma escola para crianças com deficiência mental,          tentou suicidar‐se, desfechando uma facada no abdómen. Foi transportado
estava a ser alvo de um inquérito a correr em tribunal depois de, há cerca de um     para o Hospital de São Bernardo, em Setúbal, onde foi operado.
mês, lhe ter sido retirada a arma. Antes, ao encontrar a mulher que agora matou,                                   José Bento Amaro in Público, 30.09.2008, p. 9.
com um suposto amante, terá efectuado ameaças de morte a ambos.
A morte da jovem ocorreu ontem de manhã, pelas 8h, dentro das instalações da         TEXTO 6
Associação Portuguesa de Pais e Amigos dos Cidadãos com Deficiência Mental
(APPACDM). No
(APPACDM) N momento em que o agente, d 33 anos, di
                                                 de           disparou d
                                                                       duas vezes    Mulher está detida na Polícia Judiciária
contra a ex‐companheira, esta estaria unicamente acompanhada do filho de             Uma agente principal da Polícia de Segurança Pública (PSP), que prestava
ambos, um rapaz com sete anos.                                                       serviço na Segunda Divisão de Lisboa, nos Olivais, matou ontem o marido
Os disparos foram escutados por um condutor da APPACDM que chegava ao local e        com quatro tiros de pistola.
que, momentos depois, viu sair do local o polícia (trabalhava no Comando de          O crime ocorreu em Sacavém, onde o casal residia, e terá ficado a dever‐se
Lisboa) com o filho por uma mão e uma arma na outra.                                 a desavenças conjugais.
O PÚBLICO apurou que a arma era propriedade de um colega do agente agora             A agente, com cerca de 20 anos de serviço na PSP, entregou‐se logo após os
                                                                                         g     ,                              ç       ,      g        g p
detido. Segundo fontes conhecedoras do processo, o polícia terá retirado a arma      disparos à polícia de Sacavém, tendo depois sido transferida para a Polícia
do cacifo de um companheiro. A sua pistola fora‐lhe retirada um mês antes            Judiciária, onde se encontra detida preventivamente para ser ouvida por um
quando, numa casa de Santarém, encontrou a antiga companheira com um                 juiz de instrução criminal.
suposto namorado. Na sequência de ameaças mútuas, os três implicados acabaram        O homem morto era reformado da Direcção‐Geral dos Serviços Prisionais.
por apresentar diversas participações no Tribunal de Santarém que, por precaução,    Embora não fossem revelados mais detalhes sobre o crime, havia suspeitas
viria a determinar que o agente policial entregasse a arma.                          que a arma usada pela agente era de serviço.
Alguns companheiros do agente agora detido disseram que o mesmo andava               Este
                                                                                     E t é o primeiro caso este ano d violência conjugal em que uma mulher
                                                                                                  i i            t     de i lê i     j l                    lh
"muito transtornado" com o fim da relação e que nunca terá reagido bem ao facto      mata o marido. Este ano já foram mortas 33 mulheres pelos seus maridos,
de esta, supostamente, ter outro homem. "A situação estava a degradar‐se a nível     companheiros ou namorados em casos de violência conjugal.
                                                                                                                   José Bento Amaro in Público, 30.09.2008, p. 9.
Ano Lectivo 2008/2009
                                         ESCOLA SECUNDÁRIA DE SAMPAIO
                                           Educação e Formação de Adultos
                             Cidadania e Profissionalidade/Cultura, Línguas e Comunicação




TEXTO 7

Violência doméstica
Violência doméstica




Nos i i
N primeiros quatro meses d t ano, 28 mulheres f
                   t         deste              lh    foram vítimas d t t ti d h i ídi d
                                                              íti    de tentativa de homicídio, dezassete morreram e onze estão
                                                                                                       t                     tã
em estado grave. É com este pano de fundo que o Bastonário da Ordem dos Advogados defendeu que a violência doméstica
não deve ser crime público, provocando a indignação de associações, nomeadamente da APAV. Não ser crime público
significava que a vítima podia desistir da queixa contra o agressor durante o processo. Ora, sabendo que as vítimas de violência
doméstica são na sua grande maioria mulheres, se esta sugestão fosse aceite, esta seria uma alteração que as desprotegeria
ainda mais, dando‐lhes mais uma possibilidade de consentir um acto infame. Se existem limites na vida, este é um deles.
Ninguém é livre ao ponto de escolher ser maltratado, abusado e violentado por ninguém, nem pelo cônjuge. As vítimas de
violência doméstica, impotentes face a um agressor que misteriosamente amam, são vulneráveis e frágeis. São vítimas reais e,
como tal, devem ser protegidas e bem tratadas, não encorajadas a renunciar de uma decisão já de si tomada com dificuldade.
O que leva estas mulheres a não denunciar os maridos? O ditado "entre marido e mulher não metas a colher" ainda é
                                                                          entre                                 colher
respeitado em Portugal? A violência doméstica deve continuar a ser um crime público?

                      Carla Hilário Quevedo, Rádio Blog, 18 de Maio de 2008 in http://jazza‐memuito.blogs.sapo.pt/238766.html

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Semana leitura atividades monte gordo
Semana leitura atividades monte gordoSemana leitura atividades monte gordo
Semana leitura atividades monte gordobibdjosei2006
 
Ei! tem alguem ai? - Jostein gaarder
Ei! tem alguem ai? - Jostein gaarderEi! tem alguem ai? - Jostein gaarder
Ei! tem alguem ai? - Jostein gaarderThaisa Ferreira
 
52 rei dos canudos para site1
52 rei dos canudos para site152 rei dos canudos para site1
52 rei dos canudos para site1Vanessa Reis
 
Livro animado cavernoso
Livro animado cavernosoLivro animado cavernoso
Livro animado cavernosoMarcia Morato
 
Mateus e o muiraquitã
Mateus e o muiraquitãMateus e o muiraquitã
Mateus e o muiraquitãMarisa Seara
 
projeto nossos amigos, os animais
projeto nossos amigos,  os animaisprojeto nossos amigos,  os animais
projeto nossos amigos, os animaissimonennascimento
 
Caçar palavras, caçar histórias...
Caçar palavras, caçar histórias...Caçar palavras, caçar histórias...
Caçar palavras, caçar histórias...ambrosinajoana
 
Mateus e o brinquedo desaparecido
Mateus e o brinquedo desaparecidoMateus e o brinquedo desaparecido
Mateus e o brinquedo desaparecidoMarisa Seara
 
3ª Edição Jornal Escolar Mais Educação/2011
3ª Edição Jornal Escolar Mais Educação/20113ª Edição Jornal Escolar Mais Educação/2011
3ª Edição Jornal Escolar Mais Educação/2011Émile Paz Lopes
 
Boletim Informativo Biblioteca
Boletim Informativo BibliotecaBoletim Informativo Biblioteca
Boletim Informativo BibliotecaVera Paulo
 
conc_lit_Auto das cigarras e das formigas_Aguiar
conc_lit_Auto das cigarras e das formigas_Aguiarconc_lit_Auto das cigarras e das formigas_Aguiar
conc_lit_Auto das cigarras e das formigas_AguiarBiblioteca Escolar Sobreira
 
Jornal do ADA
Jornal do ADAJornal do ADA
Jornal do ADAabaixinha
 

Mais procurados (17)

Semana leitura atividades monte gordo
Semana leitura atividades monte gordoSemana leitura atividades monte gordo
Semana leitura atividades monte gordo
 
Mensageiro44
Mensageiro44Mensageiro44
Mensageiro44
 
Ei! tem alguem ai? - Jostein gaarder
Ei! tem alguem ai? - Jostein gaarderEi! tem alguem ai? - Jostein gaarder
Ei! tem alguem ai? - Jostein gaarder
 
52 rei dos canudos para site1
52 rei dos canudos para site152 rei dos canudos para site1
52 rei dos canudos para site1
 
Adivinhe o que_e_folclore_web
Adivinhe o que_e_folclore_webAdivinhe o que_e_folclore_web
Adivinhe o que_e_folclore_web
 
Livro animado cavernoso
Livro animado cavernosoLivro animado cavernoso
Livro animado cavernoso
 
Mateus e o muiraquitã
Mateus e o muiraquitãMateus e o muiraquitã
Mateus e o muiraquitã
 
projeto nossos amigos, os animais
projeto nossos amigos,  os animaisprojeto nossos amigos,  os animais
projeto nossos amigos, os animais
 
Caçar palavras, caçar histórias...
Caçar palavras, caçar histórias...Caçar palavras, caçar histórias...
Caçar palavras, caçar histórias...
 
Mateus e o brinquedo desaparecido
Mateus e o brinquedo desaparecidoMateus e o brinquedo desaparecido
Mateus e o brinquedo desaparecido
 
Mauro e o dinossauro
Mauro e o dinossauro  Mauro e o dinossauro
Mauro e o dinossauro
 
Setembro de 2011
Setembro de 2011Setembro de 2011
Setembro de 2011
 
3ª Edição Jornal Escolar Mais Educação/2011
3ª Edição Jornal Escolar Mais Educação/20113ª Edição Jornal Escolar Mais Educação/2011
3ª Edição Jornal Escolar Mais Educação/2011
 
Boletim Informativo Biblioteca
Boletim Informativo BibliotecaBoletim Informativo Biblioteca
Boletim Informativo Biblioteca
 
A gritadeira
A gritadeiraA gritadeira
A gritadeira
 
conc_lit_Auto das cigarras e das formigas_Aguiar
conc_lit_Auto das cigarras e das formigas_Aguiarconc_lit_Auto das cigarras e das formigas_Aguiar
conc_lit_Auto das cigarras e das formigas_Aguiar
 
Jornal do ADA
Jornal do ADAJornal do ADA
Jornal do ADA
 

Destaque

Relatório financeiro do Porto 2010 2011
Relatório financeiro do Porto 2010 2011Relatório financeiro do Porto 2010 2011
Relatório financeiro do Porto 2010 2011cassiozirpoli
 
Respostas à ficha nº3
Respostas à ficha nº3Respostas à ficha nº3
Respostas à ficha nº3Raquel Silva
 
Powerpoint para cd ok
Powerpoint para cd okPowerpoint para cd ok
Powerpoint para cd okMarina
 
Contabilidade e Fiscalidade - Módulo 5 - Impostos Indiretos
Contabilidade e Fiscalidade - Módulo 5 - Impostos IndiretosContabilidade e Fiscalidade - Módulo 5 - Impostos Indiretos
Contabilidade e Fiscalidade - Módulo 5 - Impostos Indiretosescolaprofissionalsm
 
Portefólio – Técnicas de Apoio à Gestão, Escola Profissional Cristóvão Colomb...
Portefólio – Técnicas de Apoio à Gestão, Escola Profissional Cristóvão Colomb...Portefólio – Técnicas de Apoio à Gestão, Escola Profissional Cristóvão Colomb...
Portefólio – Técnicas de Apoio à Gestão, Escola Profissional Cristóvão Colomb...Quirino Vieira
 

Destaque (15)

Arquitecto2
Arquitecto2Arquitecto2
Arquitecto2
 
FT Módulo 621
FT Módulo 621FT Módulo 621
FT Módulo 621
 
Relatório financeiro do Porto 2010 2011
Relatório financeiro do Porto 2010 2011Relatório financeiro do Porto 2010 2011
Relatório financeiro do Porto 2010 2011
 
FT Módulo 591
FT Módulo 591FT Módulo 591
FT Módulo 591
 
Respostas à ficha nº3
Respostas à ficha nº3Respostas à ficha nº3
Respostas à ficha nº3
 
Ficha de Trabalho
Ficha de TrabalhoFicha de Trabalho
Ficha de Trabalho
 
FT Módulo 575
FT Módulo 575FT Módulo 575
FT Módulo 575
 
Powerpoint para cd ok
Powerpoint para cd okPowerpoint para cd ok
Powerpoint para cd ok
 
FT Módulo 576
FT Módulo 576FT Módulo 576
FT Módulo 576
 
FT Módulo 571
FT Módulo 571FT Módulo 571
FT Módulo 571
 
Ficha de Trabalho
Ficha de TrabalhoFicha de Trabalho
Ficha de Trabalho
 
FT Módulo 617
FT Módulo 617FT Módulo 617
FT Módulo 617
 
Contabilidade e Fiscalidade - Módulo 5 - Impostos Indiretos
Contabilidade e Fiscalidade - Módulo 5 - Impostos IndiretosContabilidade e Fiscalidade - Módulo 5 - Impostos Indiretos
Contabilidade e Fiscalidade - Módulo 5 - Impostos Indiretos
 
Portefólio – Técnicas de Apoio à Gestão, Escola Profissional Cristóvão Colomb...
Portefólio – Técnicas de Apoio à Gestão, Escola Profissional Cristóvão Colomb...Portefólio – Técnicas de Apoio à Gestão, Escola Profissional Cristóvão Colomb...
Portefólio – Técnicas de Apoio à Gestão, Escola Profissional Cristóvão Colomb...
 
Noções de fiscalidade
Noções de fiscalidadeNoções de fiscalidade
Noções de fiscalidade
 

Semelhante a Recursos%282%29 (20)

Uma aventura na terra dos direitos
Uma aventura na terra dos direitosUma aventura na terra dos direitos
Uma aventura na terra dos direitos
 
Nóis mudemo
Nóis mudemoNóis mudemo
Nóis mudemo
 
D 11.pptx
D 11.pptxD 11.pptx
D 11.pptx
 
Interpretaçao portugues portu
Interpretaçao portugues portuInterpretaçao portugues portu
Interpretaçao portugues portu
 
Memórias literárias
Memórias literáriasMemórias literárias
Memórias literárias
 
Historias do povo cigano sugestoes para profs
Historias do povo cigano   sugestoes para profsHistorias do povo cigano   sugestoes para profs
Historias do povo cigano sugestoes para profs
 
Notícia 4 s
Notícia 4 sNotícia 4 s
Notícia 4 s
 
Notícia 4 s
Notícia 4 sNotícia 4 s
Notícia 4 s
 
Ensino religioso 2
Ensino religioso 2Ensino religioso 2
Ensino religioso 2
 
Variações linguísticas 2014
Variações linguísticas  2014Variações linguísticas  2014
Variações linguísticas 2014
 
Os direitos das crianças
Os direitos das criançasOs direitos das crianças
Os direitos das crianças
 
Uma Aventura na Terra dos Direitos, de Paula Guimarães
Uma Aventura na Terra dos Direitos, de Paula GuimarãesUma Aventura na Terra dos Direitos, de Paula Guimarães
Uma Aventura na Terra dos Direitos, de Paula Guimarães
 
Livro a5
Livro a5Livro a5
Livro a5
 
Livro a5
Livro a5Livro a5
Livro a5
 
Desafio #15anosem15dias v03
Desafio #15anosem15dias v03Desafio #15anosem15dias v03
Desafio #15anosem15dias v03
 
Livro digital
Livro digitalLivro digital
Livro digital
 
AfroPoemas 2017
AfroPoemas 2017AfroPoemas 2017
AfroPoemas 2017
 
Manacá - História, 2º ano
Manacá - História, 2º anoManacá - História, 2º ano
Manacá - História, 2º ano
 
Nóis mudemo
Nóis mudemoNóis mudemo
Nóis mudemo
 
Mundo Rea
Mundo ReaMundo Rea
Mundo Rea
 

Mais de Raquel Silva (20)

Actividade
ActividadeActividade
Actividade
 
FT Módulo 664
FT Módulo 664FT Módulo 664
FT Módulo 664
 
FT Módulo 620
FT Módulo 620FT Módulo 620
FT Módulo 620
 
FT Módulo 612
FT Módulo 612FT Módulo 612
FT Módulo 612
 
FT Módulo 622
FT Módulo 622FT Módulo 622
FT Módulo 622
 
FT Módulo 619
FT Módulo 619FT Módulo 619
FT Módulo 619
 
FT Módulo 614
FT Módulo 614 FT Módulo 614
FT Módulo 614
 
FT Módulo 606
FT Módulo 606FT Módulo 606
FT Módulo 606
 
FT Módulo 605
FT Módulo 605FT Módulo 605
FT Módulo 605
 
FT Módulo 601
FT Módulo 601FT Módulo 601
FT Módulo 601
 
FT Módulo 598
FT Módulo 598FT Módulo 598
FT Módulo 598
 
Reflexão Crítica
Reflexão CríticaReflexão Crítica
Reflexão Crítica
 
FT Módulo 578
FT Módulo 578FT Módulo 578
FT Módulo 578
 
FT Módulo 618
FT Módulo 618FT Módulo 618
FT Módulo 618
 
FT Módulo 604
FT Módulo 604FT Módulo 604
FT Módulo 604
 
FT Módulo 613
FT Módulo 613FT Módulo 613
FT Módulo 613
 
CLC Inglês
 CLC Inglês CLC Inglês
CLC Inglês
 
CLC Inglês
CLC InglêsCLC Inglês
CLC Inglês
 
CLC 6
CLC 6CLC 6
CLC 6
 
CLC 5
CLC 5CLC 5
CLC 5
 

Recursos%282%29

  • 1. Ano Lectivo 2008/2009 ESCOLA SECUNDÁRIA DE SAMPAIO Educação e Formação de Adultos Cidadania e Profissionalidade/Cultura, Línguas e Comunicação RECURSOS
  • 2. Ano Lectivo 2008/2009 ESCOLA SECUNDÁRIA DE SAMPAIO Educação e Formação de Adultos Cidadania e Profissionalidade/Cultura, Línguas e Comunicação TEXTO 1 – Ah, antão és o tal!... Binhestes co Quem és tu, pás? ela inté cá, num foi? – Quem és tu pás? Quem te deu – Vim, respondi, desistindo de corrigir orde d’ d d d’andares pelas minhas terras? l i h ? aquele ignorante ignorante. E eu: – De agora em diante venho sempre – Estas terras são tuas? com ela. E ele: – Da cidade? – São do meu padrinho, dá no – Si Sim mesmo. – E acrescentou com E ele: desdém: – Tens uns sapatos – Tens a pele tão branquinha... jeitosos, pás, mas aposto que nunca – É da higiene – expliquei. – Devemos bistes interrar um morto. ser higiénicos. Na cidade lavamo‐nos Achei que devia corrigir: todos os dias. – Diz‐se viste e não bistes; e não é E ele: interrar, interrar é ... – A auga tira força à gente. Assim g ç g E ele: branquinho, pás, inté pareces um – Cuidas qu’és a sinhora professora, morto. É de te labares todos os dias. pás? Ficas sem força ninhuma. Eu tenho E eu: força, força posso mais ca ti Bamos a uma ti. – Mas sou sobrinho dela. bulha, a ber quem pode mais? Isto impressionou‐o. Altino Tojal, Os Putos
  • 3. Ano Lectivo 2008/2009 ESCOLA SECUNDÁRIA DE SAMPAIO Educação e Formação de Adultos Cidadania e Profissionalidade/Cultura, Línguas e Comunicação TEXTO 2 A Fisga Trago a fisga no bolso de trás  Trago a fisga no bolso de trás Eu até nem sequer sou mau rapaz  Eu até nem sequer sou mau rapaz E na pasta o caderno dos deveres  Com maneiras até sou bem mandado  Mestre‐escola, eu sei lá se sou capaz  Mestre‐escola diga lá se for capaz  De escolher o melhor dos dois saberes  P´ra que lado é que me viro. P´ra que lado?  Meu pai diz que o Sol é que nos faz  Minha mãe manda‐me ler a lição  Trago a fisga no bolso de trás  Mestre‐escola, eu sei lá se sou capaz  E na pasta o caderno dos deveres  Faz‐me falta ouvir outra opinião Mestre‐escola, eu sei lá se sou capaz  De escolher o melhor dos dois saberes  Rio Grande, A Fisga (por João Monge)
  • 4. Ano Lectivo 2008/2009 ESCOLA SECUNDÁRIA DE SAMPAIO Educação e Formação de Adultos Cidadania e Profissionalidade/Cultura, Línguas e Comunicação TEXTO 3 Pais maus ‐ Enquanto os outros miúdos comiam doces ao pequeno‐almoço, nós Ontem, através do meu filho mais novo, veio parar‐me às mãos um texto tínhamos que comer cereais, tostas e ovos. distribuído às i di t ib íd à crianças d ATL que ele f do l frequenta. C f t Confesso que costumo l t ler ‐ Os outros miúdos bebiam Pepsis ao almoço e comiam batatas fritas fritas, os diversos papéis que me mandam das diversas escolas dos meus filhos, na enquanto nós tínhamos que comer sopa, prato e fruta. E, não vão diagonal, mas, curiosamente, a este, li‐o de fio a pavio. acreditar!, os nossos pais obrigavam‐nos a jantar à mesa, o que era Como não vinha assinado, não tenho maneira de pedir autorização ao autor bem diferente dos outros pais. para o publicar, mas parece‐me que o que importa a quem o escreveu é ‐ Os nossos pais insistiam em saber onde nós estávamos a todas as que chegue ao maior número de pais possível. horas, era quase uma prisão. Tinham que saber quem eram os nossos Vale V l a pena lê l lê‐lo. amigos e o que fazíamos com eles eles. Deus abençoe os pais maus! Um dia, quando os meus filhos forem crescidos ‐ Insistiam em que lhes disséssemos que íamos sair mesmo que o suficiente para entenderem a lógica que motiva um pai, eu hei‐de dizer‐ demorássemos só uma hora, ou menos. lhes: ‐ Nós tínhamos vergonha de admitir, mas eles violaram uma data de ‐ Amei‐vos o suficiente para ter insistido para que juntassem o vosso leis do trabalho infantil: nós tínhamos que fazer as camas, lavar a dinheiro e comprassem uma bicicleta, mesmo que eu tivesse possibilidades loiça, aprender a cozinhar, aspirar o chão, engomar a nossa roupa, ir de a comprar. despejar o lixo e todo o tipo de trabalhos cruéis Eu acho que eles cruéis. nem dormiam, a pensar em mais coisas para nos mandar fazer. ‐ Amei‐vos o suficiente para ter ficado em pé junto de vós, duas horas, enquanto limpavam o vosso quarto – trabalho que eu teria realizado em ‐ Eles insistiam connosco para lhes dizermos a verdade, e apenas quinze minutos. toda a verdade, sempre a verdade. ‐ Amei‐vos o suficiente para vos obrigar a pagar a pastilha que "tiraram" da ‐ Na altura da nossa adolescência eles conseguiam ler os nossos mercearia e dizer ao dono: eu roubei isto ontem e hoje queria pagar. j q p g pensamentos o que tornava a vida mesmo chata. ‐ Amei‐vos o suficiente para ter ficado em silêncio, para vos deixar ‐ O nossos pais não d i Os i ã deixavam os nossos amigos b i i buzinarem para nós ó descobrir que o vosso novo amigo não era boa companhia. descermos. Tinham que subir, bater à porta para eles os conhecerem. ‐ Amei‐vos o suficiente para vos deixar assumir a responsabilidade das ‐ Enquanto toda a gente podia sair com doze ou treze anos, nós vossas acções, mesmo quando as penalizações eram tão duras que me tivemos que esperar pelos dezasseis. partiam o coração. ‐ Por causa dos nossos pais, nós perdemos experiências ‐ Amei‐vos o suficiente para vos ter perguntado: onde vão com quem vão e Amei vos vão, fundamentais da adolescência: nenhum de nós esteve alguma vez a que horas regressam a casa. envolvido em actos de vandalismo, em roubos, violação de propriedade, nem foi preso por algum crime. ‐ Amei‐vos o suficiente para vos deixar ver fúria, desapontamento e lágrimas nos meus olhos. Foi tudo por causa deles. ‐ Mas, acima de tudo, eu amei‐vos o suficiente para vos dizer NÃO, quando Agora que já saímos de casa, somos adultos, honestos e educados, sabia que me iriam odiar por isso. estamos a fazer o nosso melhor para sermos "maus pais" tal como os nossos pais o foram. p Estou E t contente. V i porque no fi l vocês t bé venceram. E qualquer t t Venci, final ê também l dia, quando os vossos filhos forem suficientemente crescidos para Eu acho que este é um dos males do mundo de hoje: não há entenderem a lógica que motiva os pais, vocês irão dizer‐lhes, quando eles suficientes maus pais. vos perguntarem, se os vossos pais eram maus, que sim, que eram os Mafalda Belmonte piores pais do mundo! porque:
  • 5. Ano Lectivo 2008/2009 ESCOLA SECUNDÁRIA DE SAMPAIO Educação e Formação de Adultos Cidadania e Profissionalidade/Cultura, Línguas e Comunicação TEXTO 4 sisudos  e  socegados,  evitando  a  companhia  dos  travessos,  que  mais  cedo  ou  mais tarde nos travessos que mais cedo ou mais  tarde  nos  Comportamento escolar fazem cahirna desobediencia.    Seja  deante  de  quem  for,  devemos  “O filho obediente faz em tudo a vontade a  proceder  de  modo  que  mostremos  a  nossa  boa  seus  paes,  e,  se  o  mandam  á  escola,  deve‐se  educação,  e  fazendo  de  conta  que  estão  applicar, que a utilidade é sua.  presentes os nossos paes.  Porque  sem  instrucção  a  gente  é  como  os  Nunca  se  recorre  á força,  salvo  em  defeza  animaes.  do mais fraco.  Só  ella  nos  ensina  a  desempenhar  bem  as  Devemos  respeitar  os  mestres  e  receber  nossas  obrigações,  e  augmenta  os  nossos  humildemente  os  seus  preceitos;  porque  elles  recursos e o nosso préstimo,  alumiando o nosso    foram escolhidos para nos guiar, e estão em logar    espírito.  espírito de nossos paes. de nossos paes. Não deve ter vaidade, que se torna odioso;  A  instrucção  é  tão  necessaria  como  o  Se ás vezes se mostram severos, é desvélo  nem  fazer  zombaria  dos  que  aprendem  menos,  sustento: advertindo que do sustento os mesmos  pelo  nosso  aproveitamento,  o  que  devemos  porque  talvez  não  seja  descuido,  e  sim  falta  de  animaes precisam.  agradecer e não levar a mal.  entendimento, o que não é culpa de cada um.  O  que  nos  distingue  dos  animaes  é  Nunca  os  devemos  censurar;  e,  quando  á A intelligencia é um dom de Deus;  está da  principalmente a instrucção.  nossa vista são accusados, temos obrigação de os  nossa parte aproveitá‐la; e  p p p ; por isso devemos  ter  E  E como  se há d comportar  quem  t há‐de  t tem  a  defender, como bons filhos ou bons amigos. defender como bons filhos ou bons amigos emulação2, empenhando‐nos em conseguir tanto  felicidade  de  ser  mandado  á  escola  por  seus  Aquelle que proceder assim, é estimado de  ou mais que outro  qualquer: mas, se apesar das  paes?  todos, e a alegria e honra de seus paes.”  nossas  diligencias  o  não  pudermos  egualar,  não  Indo pelo caminho que lhe marcam, sem se  _________  devemos  ficar  sendo  invejosos,  e  sim  1 2 apartar  nem  distrahir;  chegando  a  horas,   Moderado. –   Sentimento que nos leva a imitar ou a  admiradores da sua capacidade3 ou applicação.  3 exceder alguem. –  Aptidão para o saber; intelligencia,  entrando  socegado;  tomando  o  seu  logar  com  o  Os mestres são os paes da instrucção, e os  Os mestres são os paes da instrucção e os 4 talento. – A d l l Agradavelmente.” ” menor  incómodo  possível  dos  companheiros;  discípulos entre si devem‐se amar como irmãos.    prestando  muita  attenção  ao  mestre;  não  se  Um  alumno  bem  educado  não  conta  as    rindo,  não  conversando,  não  gracejando,  e  quer  faltas dos companheiros, nem as reprehensões e  João  de  Deus  in  Leituras  Escolares,  colligidas  e  seja  observado,  quer  não,  conservando‐se  annotadas,  para  uso  dos  alumnos  do  7º  Grau  do  castigos  que  levam  na  escola;  assim  como  sempre com a devida seriedade.  Ensino  Elementar,  por  Arlindo  Varella  e  J.M.  Silva  também não vae á escola contar o que fizeram cá  Um discípulo deve ser comedido1  e Um  discípulo  deve  ser  e  Barreto,  Professores  das escolas centraes de Lisboa Barreto Professores das  escolas  centraes  de  Lisboa, fora; não accusa nem compromette os mais.  modesto,  sem  ser  acanhado:  quando  não  10ª  Edição,  Muito  Melhorada.  Lisboa:  Tipographia  Quando  é  permittido  conversar,  fala‐se  entende  alguma  coisa,  pede  licença  para  Mattos Moreira & Pinheiro, 1897, pp. 3‐5. com  todos  affavelmente4;  mas  para  nossos  perguntar, e o mestre explica.  amigos  particulares  devemos  escolher  os  mais 
  • 6. Ano Lectivo 2008/2009 ESCOLA SECUNDÁRIA DE SAMPAIO Educação e Formação de Adultos Cidadania e Profissionalidade/Cultura, Línguas e Comunicação TEXTO 5 Mais duas mulheres assassinadas pelos ex‐companheiros Agente da PSP mata a tiro em Santarém. Brasileiro esfaqueou em Azeitão. Vítimas mortais são, até agora, 33, mais quatro do que em todo o ano passado. de trabalho e, principalmente, a nível pessoal", adiantou uma fonte São já 33 as mulheres assassinadas, desde o início do ano, pelos maridos, j , , p , contactada pelo PÚBLICO, lembrando que a violência envolvendo o casal já namorados ou ex‐companheiros. Na sexta‐feira, em Azeitão, foi morta uma jovem vinha ocorrendo há algum t i h d l tempo. brasileira. Ontem de manhã, no Vale de Santarém, um agente da PSP baleou a O agente foi detido pela GNR pouco depois de ter morto a ex‐companheira mulher que o trocara por outro homem. e não terá oferecido qualquer resistência. Ontem à tarde estava a ser Dados do Observatório das Mulheres assassinadas revelam que só nos primeiros interrogado no Tribunal de Instrução Criminal de Santarém, oito meses deste ano se registaram 31 vítimas, contra as 27 mortas no mesmo desconhecendo‐se qual a medida de coacção que lhe foi imposta. período do ano passado. Na sexta‐feira, num pronto‐a‐comer em Azeitão, um brasileiro matou à O agente da PSP que ontem de manhã no Vale de Santarém matou a tiro a ex PSP, manhã, Santarém, ex‐ facada a antiga companheira, de 30 anos. Depois de a golpear, o homem companheira no interior de uma escola para crianças com deficiência mental, tentou suicidar‐se, desfechando uma facada no abdómen. Foi transportado estava a ser alvo de um inquérito a correr em tribunal depois de, há cerca de um para o Hospital de São Bernardo, em Setúbal, onde foi operado. mês, lhe ter sido retirada a arma. Antes, ao encontrar a mulher que agora matou, José Bento Amaro in Público, 30.09.2008, p. 9. com um suposto amante, terá efectuado ameaças de morte a ambos. A morte da jovem ocorreu ontem de manhã, pelas 8h, dentro das instalações da TEXTO 6 Associação Portuguesa de Pais e Amigos dos Cidadãos com Deficiência Mental (APPACDM). No (APPACDM) N momento em que o agente, d 33 anos, di de disparou d duas vezes Mulher está detida na Polícia Judiciária contra a ex‐companheira, esta estaria unicamente acompanhada do filho de Uma agente principal da Polícia de Segurança Pública (PSP), que prestava ambos, um rapaz com sete anos. serviço na Segunda Divisão de Lisboa, nos Olivais, matou ontem o marido Os disparos foram escutados por um condutor da APPACDM que chegava ao local e com quatro tiros de pistola. que, momentos depois, viu sair do local o polícia (trabalhava no Comando de O crime ocorreu em Sacavém, onde o casal residia, e terá ficado a dever‐se Lisboa) com o filho por uma mão e uma arma na outra. a desavenças conjugais. O PÚBLICO apurou que a arma era propriedade de um colega do agente agora A agente, com cerca de 20 anos de serviço na PSP, entregou‐se logo após os g , ç , g g p detido. Segundo fontes conhecedoras do processo, o polícia terá retirado a arma disparos à polícia de Sacavém, tendo depois sido transferida para a Polícia do cacifo de um companheiro. A sua pistola fora‐lhe retirada um mês antes Judiciária, onde se encontra detida preventivamente para ser ouvida por um quando, numa casa de Santarém, encontrou a antiga companheira com um juiz de instrução criminal. suposto namorado. Na sequência de ameaças mútuas, os três implicados acabaram O homem morto era reformado da Direcção‐Geral dos Serviços Prisionais. por apresentar diversas participações no Tribunal de Santarém que, por precaução, Embora não fossem revelados mais detalhes sobre o crime, havia suspeitas viria a determinar que o agente policial entregasse a arma. que a arma usada pela agente era de serviço. Alguns companheiros do agente agora detido disseram que o mesmo andava Este E t é o primeiro caso este ano d violência conjugal em que uma mulher i i t de i lê i j l lh "muito transtornado" com o fim da relação e que nunca terá reagido bem ao facto mata o marido. Este ano já foram mortas 33 mulheres pelos seus maridos, de esta, supostamente, ter outro homem. "A situação estava a degradar‐se a nível companheiros ou namorados em casos de violência conjugal. José Bento Amaro in Público, 30.09.2008, p. 9.
  • 7. Ano Lectivo 2008/2009 ESCOLA SECUNDÁRIA DE SAMPAIO Educação e Formação de Adultos Cidadania e Profissionalidade/Cultura, Línguas e Comunicação TEXTO 7 Violência doméstica Violência doméstica Nos i i N primeiros quatro meses d t ano, 28 mulheres f t deste lh foram vítimas d t t ti d h i ídi d íti de tentativa de homicídio, dezassete morreram e onze estão t tã em estado grave. É com este pano de fundo que o Bastonário da Ordem dos Advogados defendeu que a violência doméstica não deve ser crime público, provocando a indignação de associações, nomeadamente da APAV. Não ser crime público significava que a vítima podia desistir da queixa contra o agressor durante o processo. Ora, sabendo que as vítimas de violência doméstica são na sua grande maioria mulheres, se esta sugestão fosse aceite, esta seria uma alteração que as desprotegeria ainda mais, dando‐lhes mais uma possibilidade de consentir um acto infame. Se existem limites na vida, este é um deles. Ninguém é livre ao ponto de escolher ser maltratado, abusado e violentado por ninguém, nem pelo cônjuge. As vítimas de violência doméstica, impotentes face a um agressor que misteriosamente amam, são vulneráveis e frágeis. São vítimas reais e, como tal, devem ser protegidas e bem tratadas, não encorajadas a renunciar de uma decisão já de si tomada com dificuldade. O que leva estas mulheres a não denunciar os maridos? O ditado "entre marido e mulher não metas a colher" ainda é entre colher respeitado em Portugal? A violência doméstica deve continuar a ser um crime público? Carla Hilário Quevedo, Rádio Blog, 18 de Maio de 2008 in http://jazza‐memuito.blogs.sapo.pt/238766.html