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S. Pedro Uma análise do quadro de Vasco Fernandes – Grão Vasco
      O quadro de S. PEDRO, que serve de abertura a este trabalho, e que está presente no museu Grão Vasco, em Viseu, é, sem sombra de dúvidas, a pintura mais famosa do pintor  renascentista Vasco Fernandes – principal vulto da pintura do séc. XVI - mais conhecido por GRÃO VASCO.       Não se sabe ao certo onde nasceu, nem onde se formou , embora algumas informações mais ou menos infundamentadas, datando dos séculos XVIII e XIX, o refiram como originário da região de Viseu, onde manteve oficina cerca de quarenta anos: de 1501-02, até 1542-43, ano da sua morte, operando para uma clientela rica e culta da região de Beira. É provável que tenha nascido por volta de 1475 .        Auxiliado por alguns pintores de formação flamenga, Vasco Fernandes executou o grande retábulo da capela-mor da Sé de Viseu que decorreu entre os anos de 1501 e 1506. Seguidamente foi para Lamego onde passou a residir,  para realizar uma obra de vulto na Sé, similar à que tinha executado em Viseu, encomendada  pelo Bispo de Lamego e para a qual contou com a ajuda de alguns entalhadores Flamengos. Regressou novamente a Viseu para executar  quatro retábulos para o mosteiro de Santa Cruz.
      Vasco Fernandes mantinha como é natural, contacto com outros conceituados mestres e oficinas.  A sua pintura reflecte a dialéctica ideológica que percorre e caracteriza a primeira metade do séc. XVI português.        Não deixa de ser surpreendente que uma oficina localizada numa cidade da província e aparentemente isolada, distante dos centros do poder, se tenha constituído como um importante centro de produção pictórica, acompanhando as tendências dominantes e vindo mesmo a participar activamente na afirmação de novas propostas estéticas. Para isso muito contribuiu o papel de altos dignitários do clero, empenhados em actualizar, de acordo com modas vigentes, as sedes dos seus bispados. As encomendas mecenáticas da igreja e o empenho renovador de alguns prelados possibilitaram a organização de poderosas oficinas, neste caso Viseu e Lamego.
Na obra de Vasco Fernandes podem delinear-se, com relativo rigor, várias fases da sua evolução .Em primeiro lugar, e como ponto de partida, os painéis  que constituem bases seguras de identificação. O exame e o confronto desses painéis, executados em épocas diversas da vida do pintor, permitiram definir caracteres fundamentais do artista e do artífice, estabelecer metas da sua actividade profissional e, consequentemente, delinear, com relativo rigor, várias fases da sua evolução. Podemos dividir a sua actividade em quatro épocas : 1ª época – nas composições do altar-mor da Sé de Viseu, alguns pintores afirmam que são «quadros da adolescência» - talvez influências recebidas indirectamente de artistas vindos para Portugal, ou de iluminuras ou gravuras de madeira avulsas. A cor é luminosa, festiva e transparente.
2ª época – o desenho é menos grosseiro, vai-se tornando gradualmente descuidado com deformações, erros de escala e perspectiva. Mas perde em correcção, ganha em drama, em força e dinamismo. 3ª e 4ª épocas – o pintor encontra-se na posse plena de raras faculdades, cada vez mais pessoal e forte, mais plebeu, mais rude e experiente, já liberto de acanhados formalismos, atinge então a sua plenitude na figuração conjunta, majestosa e transcendente do ser humano, e do chefe supremo da cristandade. A cor é para o final da sua via mais sombria, saturada e densa.
Designação da Pintura: S. Pedro Autor: Vasco Fernandes Técnica: Pintura a óleo sobre madeira de castanho Dimensões: 213 X 231,3 cm Trata-se de uma obra de transição ou híbrida, com características  ainda manuelinas, mas já com elementos marcadamente renascentistas.
O quadro representa S. Pedro – chefe espiritual da igreja –, sentado em posição frontal, num trono pontifical de arquitectura italianizante,  Análise iconográfica cujo monumental e impressionante olhar se dirige ao espaço infinito do espectador, abençoando  com a sua mão direita enquanto a esquerda segura o báculo.
Nos joelhos, podemos observar o livro sagrado aberto. A parte superior do trono apresenta uma concha simétrica seguida de uma moldura de enrolamentos. A superfície restante é decorada com elementos vegetalistas.
Alguns elementos pagãos aparecem também na decoração – os putti – montando animais fantásticos que agarram os escudos com as chaves cruzadas da heráldica papal. Na parte superior do trono estão representados  os mesmos escudos onde duas carrancas, encobrindo as chaves, seguram entre os dentes o pálio colocado sobre a cabeça de S. Pedro.
No primeiro plano, evidencia-se a riqueza decorativa da capa em brocado bordada a ouro Podemos observar, igualmente, inúmeras jóias incrustadas e anjos pintados que seguram os instrumentos da Paixão, na tiara, nos anéis sobre as mãos enluvadas ou nos elementos decorativos dos ladrilhos.
As duas cenas laterais revelam a faceta paisagista de Vasco Fernandes. É patente que sabia olhar as distâncias e integrá-las na composição. Os dois janelões deixam ver paisagens onde se evocam cenas bíblicas relativas à vida do apóstolo : à esquerda o Chamamento do Pescador e à direita Quo Vadis.
ANÁLISE   DA GEOMETRIA “OCULTA” DA OBRA LUMINOSIDADE E COR
O esqueleto estrutural é composto pelas linhas  diagonais e medianas, através das quais se pode  ver  que a Obra se apresenta simétrica  e equilibrada.
Composição Geométrica As linhas da estrutura «oculta» neste quadro estão definidas pela imagem do santo que constitui uma composição triangular nas quais o impulso para cima produzido pelos lados do triângulo é compensado pela força da massa maior na parte inferior. Esta composição provoca a sensação de calma, dignidade e equilíbrio.  A forma estática do trono é compensada pela figura dinâmica de S. Pedro cujas curvas do manto conferem à pintura um certo ritmo e movimento.
COMPOSIÇÃO TRIANGULAR
A utilização de linhas paralelas horizontais e verticais confere à obra uma expressão estável e estática.
Relativamente   aos  janelões  laterais,  a sua geometria  é composta  por um quadrado e um circulo. O quadrado representa a terra e o circulo o céu.
 Ambos os janelões têm como função produzir a iluminação  e, através da acentuada diminuição da escala figurativa e da perspectiva atmosférica, conferir profundidade à pintura. As cenas secundárias fazem a articulação com o espaço principal onde as linhas  convergentes do ladrilho, do trono e do muro conferem perspectiva e profundidade e tornam saliente a figura de S. Pedro
                      A luz, proveniente do lado direito, permite criar um jogo de alternância  de luz /sombra e modelar  a figura impelindo-a para  a frente do quadro. Desta forma, a sombra aparece projectada sobre a esquerda do trono, embora o janelão  desse lado permita atenuar  os contrastes.
Grão Vasco, para além dos inúmeros detalhes que enriquecem esta pintura, engrandeceu-a com uma paleta sombria mas com infinitas gradações tonais e diversos pormenores dourados. Grão Vasco é um dos pintores Portugueses mais interessantes e o que mais foi solenizado ao longo dos tempos. Por estas razões, pela sua obra e pela grandiosa história mítica ocupa um lugar de primeiríssimo destaque na História de Arte Portuguesa.
BIBLIOGRAFIA Reis-Santos, Luís (1946): Vasco Fernandes e os pintores de Viseu do século XVI, Lisboa, 1946; Rodrigues, Dalila (2007): Grão Vasco, Lisboa, Alêtheia Editores, Nov. 2007;
TRABALHO REALIZADO POR: Maria do Céu F. S. Guerreiro Maria Fernanda F. T. da Silva José António Leal Santos Julho 2008

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  • 1. S. Pedro Uma análise do quadro de Vasco Fernandes – Grão Vasco
  • 2. O quadro de S. PEDRO, que serve de abertura a este trabalho, e que está presente no museu Grão Vasco, em Viseu, é, sem sombra de dúvidas, a pintura mais famosa do pintor renascentista Vasco Fernandes – principal vulto da pintura do séc. XVI - mais conhecido por GRÃO VASCO. Não se sabe ao certo onde nasceu, nem onde se formou , embora algumas informações mais ou menos infundamentadas, datando dos séculos XVIII e XIX, o refiram como originário da região de Viseu, onde manteve oficina cerca de quarenta anos: de 1501-02, até 1542-43, ano da sua morte, operando para uma clientela rica e culta da região de Beira. É provável que tenha nascido por volta de 1475 . Auxiliado por alguns pintores de formação flamenga, Vasco Fernandes executou o grande retábulo da capela-mor da Sé de Viseu que decorreu entre os anos de 1501 e 1506. Seguidamente foi para Lamego onde passou a residir, para realizar uma obra de vulto na Sé, similar à que tinha executado em Viseu, encomendada pelo Bispo de Lamego e para a qual contou com a ajuda de alguns entalhadores Flamengos. Regressou novamente a Viseu para executar quatro retábulos para o mosteiro de Santa Cruz.
  • 3. Vasco Fernandes mantinha como é natural, contacto com outros conceituados mestres e oficinas. A sua pintura reflecte a dialéctica ideológica que percorre e caracteriza a primeira metade do séc. XVI português. Não deixa de ser surpreendente que uma oficina localizada numa cidade da província e aparentemente isolada, distante dos centros do poder, se tenha constituído como um importante centro de produção pictórica, acompanhando as tendências dominantes e vindo mesmo a participar activamente na afirmação de novas propostas estéticas. Para isso muito contribuiu o papel de altos dignitários do clero, empenhados em actualizar, de acordo com modas vigentes, as sedes dos seus bispados. As encomendas mecenáticas da igreja e o empenho renovador de alguns prelados possibilitaram a organização de poderosas oficinas, neste caso Viseu e Lamego.
  • 4. Na obra de Vasco Fernandes podem delinear-se, com relativo rigor, várias fases da sua evolução .Em primeiro lugar, e como ponto de partida, os painéis que constituem bases seguras de identificação. O exame e o confronto desses painéis, executados em épocas diversas da vida do pintor, permitiram definir caracteres fundamentais do artista e do artífice, estabelecer metas da sua actividade profissional e, consequentemente, delinear, com relativo rigor, várias fases da sua evolução. Podemos dividir a sua actividade em quatro épocas : 1ª época – nas composições do altar-mor da Sé de Viseu, alguns pintores afirmam que são «quadros da adolescência» - talvez influências recebidas indirectamente de artistas vindos para Portugal, ou de iluminuras ou gravuras de madeira avulsas. A cor é luminosa, festiva e transparente.
  • 5. 2ª época – o desenho é menos grosseiro, vai-se tornando gradualmente descuidado com deformações, erros de escala e perspectiva. Mas perde em correcção, ganha em drama, em força e dinamismo. 3ª e 4ª épocas – o pintor encontra-se na posse plena de raras faculdades, cada vez mais pessoal e forte, mais plebeu, mais rude e experiente, já liberto de acanhados formalismos, atinge então a sua plenitude na figuração conjunta, majestosa e transcendente do ser humano, e do chefe supremo da cristandade. A cor é para o final da sua via mais sombria, saturada e densa.
  • 6. Designação da Pintura: S. Pedro Autor: Vasco Fernandes Técnica: Pintura a óleo sobre madeira de castanho Dimensões: 213 X 231,3 cm Trata-se de uma obra de transição ou híbrida, com características ainda manuelinas, mas já com elementos marcadamente renascentistas.
  • 7. O quadro representa S. Pedro – chefe espiritual da igreja –, sentado em posição frontal, num trono pontifical de arquitectura italianizante, Análise iconográfica cujo monumental e impressionante olhar se dirige ao espaço infinito do espectador, abençoando com a sua mão direita enquanto a esquerda segura o báculo.
  • 8. Nos joelhos, podemos observar o livro sagrado aberto. A parte superior do trono apresenta uma concha simétrica seguida de uma moldura de enrolamentos. A superfície restante é decorada com elementos vegetalistas.
  • 9. Alguns elementos pagãos aparecem também na decoração – os putti – montando animais fantásticos que agarram os escudos com as chaves cruzadas da heráldica papal. Na parte superior do trono estão representados os mesmos escudos onde duas carrancas, encobrindo as chaves, seguram entre os dentes o pálio colocado sobre a cabeça de S. Pedro.
  • 10. No primeiro plano, evidencia-se a riqueza decorativa da capa em brocado bordada a ouro Podemos observar, igualmente, inúmeras jóias incrustadas e anjos pintados que seguram os instrumentos da Paixão, na tiara, nos anéis sobre as mãos enluvadas ou nos elementos decorativos dos ladrilhos.
  • 11. As duas cenas laterais revelam a faceta paisagista de Vasco Fernandes. É patente que sabia olhar as distâncias e integrá-las na composição. Os dois janelões deixam ver paisagens onde se evocam cenas bíblicas relativas à vida do apóstolo : à esquerda o Chamamento do Pescador e à direita Quo Vadis.
  • 12. ANÁLISE DA GEOMETRIA “OCULTA” DA OBRA LUMINOSIDADE E COR
  • 13. O esqueleto estrutural é composto pelas linhas diagonais e medianas, através das quais se pode ver que a Obra se apresenta simétrica e equilibrada.
  • 14. Composição Geométrica As linhas da estrutura «oculta» neste quadro estão definidas pela imagem do santo que constitui uma composição triangular nas quais o impulso para cima produzido pelos lados do triângulo é compensado pela força da massa maior na parte inferior. Esta composição provoca a sensação de calma, dignidade e equilíbrio. A forma estática do trono é compensada pela figura dinâmica de S. Pedro cujas curvas do manto conferem à pintura um certo ritmo e movimento.
  • 16. A utilização de linhas paralelas horizontais e verticais confere à obra uma expressão estável e estática.
  • 17. Relativamente aos janelões laterais, a sua geometria é composta por um quadrado e um circulo. O quadrado representa a terra e o circulo o céu.
  • 18. Ambos os janelões têm como função produzir a iluminação e, através da acentuada diminuição da escala figurativa e da perspectiva atmosférica, conferir profundidade à pintura. As cenas secundárias fazem a articulação com o espaço principal onde as linhas convergentes do ladrilho, do trono e do muro conferem perspectiva e profundidade e tornam saliente a figura de S. Pedro
  • 19. A luz, proveniente do lado direito, permite criar um jogo de alternância de luz /sombra e modelar a figura impelindo-a para a frente do quadro. Desta forma, a sombra aparece projectada sobre a esquerda do trono, embora o janelão desse lado permita atenuar os contrastes.
  • 20. Grão Vasco, para além dos inúmeros detalhes que enriquecem esta pintura, engrandeceu-a com uma paleta sombria mas com infinitas gradações tonais e diversos pormenores dourados. Grão Vasco é um dos pintores Portugueses mais interessantes e o que mais foi solenizado ao longo dos tempos. Por estas razões, pela sua obra e pela grandiosa história mítica ocupa um lugar de primeiríssimo destaque na História de Arte Portuguesa.
  • 21. BIBLIOGRAFIA Reis-Santos, Luís (1946): Vasco Fernandes e os pintores de Viseu do século XVI, Lisboa, 1946; Rodrigues, Dalila (2007): Grão Vasco, Lisboa, Alêtheia Editores, Nov. 2007;
  • 22. TRABALHO REALIZADO POR: Maria do Céu F. S. Guerreiro Maria Fernanda F. T. da Silva José António Leal Santos Julho 2008