3. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO
DA EDUCAÇÃO FÍSICA
silvana Maria aqUino farias
silvana cardoso raMos cintra
são lUís
2011
4. Edição
Universidade Estadual do Maranhão - UEMA
Núcleo de Tecnologias para Educação - UemaNet
Coordenador do UemaNet
Prof. Antonio Roberto Coelho Serra
Coordenadora de Design Instrucional
Profª. Maria de Fátima Serra Rios
Coordenadora do Curso Pedagogia, a distância
Heloísa Cardoso Varão Santos
Responsável pela Produção de Material Didático UemaNet
Cristiane Costa Peixoto
Professora Conteudista
Profª. Silvana Maria Aquino Farias
Profª. Silvana Cardoso Ramos Cintra
Revisão
Liliane Moreira Lima
Lucirene Ferreira Lopes
Diagramação
Josimar de Jesus Costa Almeida
Luis Macartney Serejo dos Santos
Tonho Lemos Martins
Capa
Luciana Vasconcelos
Governadora do Estado do Maranhão
Roseana Sarney Murad
Reitor da uema
Prof. José Augusto Silva Oliveira
Vice-reitor da Uema
Prof. Gustavo Pereira da Costa
Pró-reitor de Administração
Prof. Walter Canales Sant’ana
Pró-reitora de Extensão e Assuntos Estudantis
Profª. Vânia Lourdes Martins Ferreira
Pró-reitora de Graduação
Profª. Maria Auxiliadora Gonçalves de Mesquita
Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação
Prof. Porfírio Candanedo Guerra
Pró-reitor de Planejamento
Prof. Antonio Pereira e Silva
Assessor Chefe da Reitoria
Prof. Raimundo de Oliveira Rocha Filho
Diretora do Centro de Educação, Ciências Exatas e Naturais - CECEN
Profª. Andréa de Araújo
Universidade Estadual do Maranhão
Núcleo de Tecnologias para Educação - UemaNet
Campus Universitário Paulo VI - São Luís - MA
Fone-fax: (98) 3257-1195
http://www.uemanet.uema.br
e-mail: comunicacao@uemanet.uema.br
Proibida a reprodução desta publicação, no todo ou em parte,
sem a prévia autorização desta instituição.
5. ÍCONES
Orientação para estudo
ao longo deste fascículo, serão encontrados alguns ícones utilizados
para facilitar a comunicação com você.
Saiba o que cada um significa.
SAIBA MAIS
GLOSSÁRIO
REFERÊNCIAS
ATIVIDADES
PENSE
ATENÇÃO
6.
7. SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
INTRODUÇÃO
UNIDADE 1
SOBRE A HISTÓRIA .................................................................... 17
A história das leis .......................................................................... 20
A primeira lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Nº
4024 .................................................................................... 20
Promulgação da Lei 5692/71. Educação Física Prática Educa-
tiva ou Atividade? ................................................................ 21
O momento atual e a educação física ................................... 22
A lei de diretrizes e bases da educação – nº 9394/96 ............ 23
Os parâmetros curriculares ................................................... 24
UNIDADE 2
PERÍODOS E CONCEPÇÕES ...................................................... 29
As tendências pedagógicas ............................................................ 31
Algumas tendências pedagógicas da educação física escolar .... 33
Quadro atual ........................................................................ 38
8. UNIDADE 3
A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ................................................ 41
Mídia e cultura corporal de movimento ......................................... 43
Os objetivos da educação física no ensino fundamental ................ 44
UNIDADE 4
ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS ......................................... 53
A relevância da educação física no processo de aprendizagem ...... 54
Plano de ensino ............................................................................ 56
A criança, a educação e a educação física ..................................... 57
Desenvolvimento motor ....................................................... 60
Como avaliar na educação física escolar? ...................................... 69
UNIDADE 5
O LAZER ...................................................................................... 75
Colônia de férias ......................................................................... 77
Gincana ........................................................................................ 80
Ruas de Lazer ............................................................................... 82
REFERÊNCIAS ............................................................................. 85
9. Prezado (a) Estudante,
Organizamos este fascículo, reunindo os mais relevantes temas da
Educação Física no contexto escolar, desde suas transformações
históricas até o momento atual. Essa trajetória levará você ao
conhecimento do referencial teórico necessário ao entendimento das
práticas da cultura corporal.
O material e enfoque da Educação Física Escolar não tem um ponto
final neste documento, ele representa os primeiros passos, subsídios
que devem ser aprofundados ao longo de seu curso e futura atividade
profissional.
A disciplina de Fundamentos e Métodos do Ensino da Educação Física,
para o curso de Pedagogia, possui uma carga horária de 60 horas,
distribuídas em contextualização histórica e suas relações sociais; as Leis
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional; os modelos de Educação
Física na escola; Metodologia do ensino, planejamento, conteúdos,
objetivos e avaliação da Educação Física Escolar.
Esperamos que você aprecie o novo conhecimento e bom estudo!
Profª. Silvana Maria Aquino Farias
Profª. Silvana Cardoso Ramos Cintra
10.
11. A prática sistemática de atividades físicas é vista hoje como o grande
remédio para os males da sociedade contemporânea, adquiridos ao
longo da vida através do sedentarismo e alimentação inadequada.
A Educação Física, no espaço escolar, vem se modificando de acordo
com as normas da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, LDB nº
9.394/96, alterada, posteriormente, através da Lei 10.793/2003, que
rege a obrigatoriedade dessa área de conhecimento.
A Educação Física na escola, por ser uma experiência prazerosa,
permanecerá em nossa vida como um conhecimento fundamental do
nosso desenvolvimento e personalidade.
Neste fascículo, apresentaremos elementos essenciais para a disciplina
de Fundamentos e Métodos de Ensino da Educação Física para os
alunos do curso de pedagogia, ampliando os conhecimentos específicos
e levando em consideração as práticas docentes dos futuros pedagogos
para um dos componentes curriculares que é a educação física escolar.
Antes de tudo, torna-se necessário abordarmos tópicos sobre a
história da educação física e suas tendências pedagógicas, a luz da
Lei de Diretrizes e Bases da Educação, LDB 9.394/96, por considerar
conhecimento necessário para reflexão das práticas vividas e vistas nas
escolas atuais que ainda não superaram a educação física arcaica e
APRESENTAÇÃO
12. tradicional, onde não ter rendimento esportivo significava ser excluído
das aulas de educação física. Apresentaremos a herança histórica da
educação física na sociedade e suas tendências e como o corpo, para
o entendimento da disciplina de educação física escolar, foi concebido
e utilizado pelas leis da educação , apresentados na primeira unidade.
Na segunda unidade, continuaremos a apresentar como a história criou
tendências e concepções pedagógicas e como tudo isso está sendo
utilizado hoje em dia.
Em seguida, na terceira unidade, veremos os objetivos e conteúdos
da disciplina educação física, explorando os significados de conceitos
utilizados na área, facilitando o trabalho pedagógico na escola. Também
serão pontuados a influência da mídia e a visão do corpo para os alunos.
As abordagens sobre planejamento e metodologias utilizadas e os
tópicos da avaliação apresentamos na quarta unidade e, em seguida,
esclarecemos conteúdos diferentes como o lazer e práticas alternativas
para o tempo livre.
Toda nossa conversa será com o objetivo de desvendar a Educação
Física, componente curricular obrigatório da educação básica, e suas
possibilidades na aprendizagem escolar e desenvolvimento humano.
13. Nada melhor que lançar mão do Texto do Prof. João Batista Freire
para darmos introdução a esse fascículo de Fundamentos e Métodos
de Ensino da Educação Física. Ele é de uma riqueza incontestável,
para refletirmos sobre a Educação Física. Educação de Corpo Inteiro.
EDUCAÇÃO DE CORPO INTEIRO
Todos nós temos alguma ideia de como é uma criança: ela se
arrasta, engatinha corre pula, joga, fantasia, faz e fala coisas que nós,
adultos, nem sempre entendemos. De qualquer maneira, sua marca
característica é a intensidade da atividade motora e a fantasia.
Alguns dirão, como razão que, nessa questão do movimento, a atual
geração infantil de apartamento movimenta mais os dedos num
videojogo e num sintonizador de televisão do que o corpo como um
todo. Outras crianças como as de favela, não brincam, trabalham
para sobreviver. Mesmo essas, no entanto, no espaço que lhes sobra,
exercem o movimento e a fantasia típicos da infância.
Ás vezes falta visão ao sistema escolar, às vezes falta escrúpulos. É
difícil explicar a imobilidade a que são submetidas as crianças quando
INTRODUÇÃO
14. entram na escola. Mesmo se fosse possível provar (e não é) que uma
pessoa aprende melhor quando está imóvel e em silêncio, isso não
poderia ser imposto, desde o primeiro dia de aula, de forma súbita e
violenta.
Dá para imaginar o que representa para uma criança, que passou sete
anos se movimentando, ser subitamente “amarrada” e “amordaçada”
para, como se diz, “aprender” o que é, para ela, uma linguagem,
ás vezes, totalmente estranha? A linguagem da imobilidade e do
silêncio? Seria o mesmo que pegar um professor idoso, que há
muito deixou de praticar atividades físicas, a não ser as mais triviais,
e obrigá-lo a correr por alguns quilômetros em ritmo acelerado. A
violência seria idêntica. O interessante é que nós professores não
suportamos a mobilidade da criança, mas queremos que ela suporte
nossa imobilidade.
Não é à toa que os pequenos que entram na escola passam os
primeiros tempos, até adaptarem-se, cansados (dormem mais cedo)
e preocupados. Claro, está acontecendo algo de muito estranho
para eles.
Não haveria uma outra forma de ensinar que não fosse mantendo
os alunos presos às carteiras, silenciosos, imóveis? Aluno só aprende
sentado e sem fazer barulho?
É claro que existe um jeito muito mais simples que o atual. Quem
prova que uma criança livre não aprende melhor que uma prisioneira?
De minha parte, estou convicto de que só é possível aprender no
espaço da liberdade. É por isso que as crianças ainda aprendem: por
mais restritivo que seja o ambiente familiar ou escolar, sempre resta
um espaço de liberdade para pensar, para se mexer, para criticar, e
é aí que as pessoas aprendem. Imagine esse espaço ampliado! Daí
não ser descabido propor para crianças uma educação de corpo
inteiro.
A escola, entre outras instituições, cumpre o papel de formar crianças
para exercerem funções na sociedade. Uma sociedade que queira ser
livre não deveria conceber uma Educação que restrinja a liberdade
das pessoas. E nisso a escola tem o papel importante.
15. Mas esse problema da restrição ao movimento corporal não começa
no primeiro dia de aula, na escola de 1º grau. As crianças começam
a sofrer os efeitos dos equívocos educacionais desde cedo, já nas
escolas maternais e nas pré-escolas. Apesar de nessa fase escolar não
terem de ficar sentados todo um período do dia, ou se enquadrar
numa disciplina do tipo militar, esses pequenos têm seus passos
gradativamente reduzidos e orientados para umas poucas trilhas:
aquelas que os conduziram, em “segurança”, para a escola e para
a “vida”.
Existeumricoevastomundodeculturainfantilrepletodemovimentos,
de jogos, da fantasia, quase sempre ignorado pelas instituições de
ensino. Pelo menos até a 4º série do 1º grau, a escola conta com
alunos cuja a maior especialidade é brincar. É uma pena que esse
enorme conhecimento não seja aproveitado como conteúdo escolar.
Nem a educação física, enquanto disciplina do currículo, que deveria
ser especialista em atividade lúdicas e em cultura infantil, leva isso
em conta.
Durante o aprendizado, há momentos de imobilidade e momentos
de agitação. O fundamental é que todas as situações de ensino sejam
interessantes para a criança. Como fazer isso, no entanto, fora uma ou
outra experiência isolada existente, é ainda um mistério, tanto para
os pedagogos de sala de aula como para os pedagogos de educação
física. Uma coisa é certa: negar a cultura infantil é, no mínimo, mais
uma das cegueiras do sistema escolar.
Corpo e mente devem ser entendidos como componentes que
entregam o único organismo. Ambos devem ter assento na escola,
não um (a mente) para apreender e o outro (o corpo) para transportar,
mas ambos para se emancipar. Por causa dessa concepção de que a
escola só deve mobilizar a mente, o corpo fica reduzido a um estorvo
que, quanto mais quieto estiver, menos atrapalhará.
Fica difícil falar de educação concreta na escola quando o corpo
é considerado um intruso. A concretude do ensino depende, a
meu ver, de ações práticas que deem significado ao “dois mais
dois”, ou ao “Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil”. Sem viver
concretamente, corporalmente, as relações especiais e temporais de
16. que a cultura infantil é repleta, fica difícil falar em educação concreta,
em conhecimento significativo, em formação para autonomia, em
democracia e assim por diante.
Sugiro que, a cada início do ano letivo, por ocasião da matrículas,
também o corpo das crianças seja matriculado.
FREIRE, João Batista- Teoria e prática da educação Física, São
Paulo, 1994.
17. 1
unidade
Objetivo dESTA unidade:
Conhecer o processo
histórico da Educação
Física e saber se
posicionar criticamente
quanto as influências
políticas sofridas pela
disciplina no interior da
escola.
Compreender as
mudanças que a Lei de
Diretrizes e Bases da
Educação Nacional nº
9394/96 proporcionou
para o momento atual da
Educação Física Escolar.
... cada pessoa que entra em contato com uma
criança é um professor que incessantemente lhe
descreve o mundo, até o momento em que a
criança é capaz de perceber o mundo tal como
foi descrito (Carlos Castañeda, Journey to Ixtlan,
New York, Simon and Schuster,1972,PP.8-9)
O
lhar para a história da Educação Física no Brasil leva-
nos a perceber a influência que sofreu a disciplina por
interesses políticos e sociais durante o seu trajeto, até ter
entrado na escola.
Tudo começou quando o homem primitivo sentiu a necessidade
de lutar, fugir ou caçar para sobreviver. Assim, à luz da ciência,
o homem executa os seus movimentos corporais mais básicos e
naturais desde que se colocou de pé: corre, salta, arremessa, trepa,
empurra, puxa etc.
A história nos retrata toda a evolução do homem pré-histórico que,
dadas as precárias condições de sobrevivência, possuía excelentes
qualidades físicas. Ele realizava longas caminhadas e desenvolvia
a velocidade nas corridas ao fugir de inimigos e perseguir a caça.
O tiro ao alvo contribuiu ao arremesso; os terrenos acidentados
favoreciam os saltos; as buscas de frutas em altas árvores levavam
SOBRE A HISTÓRIA
18. PEDAGOGIA22
aos movimentos de trepar; as lutas corpo a corpo incentivavam a
destreza; e os lagos e rios forçava-o ao uso de artifícios nas travessias
com pedaços de paus e até mesmo o mergulho e o nado.
Brasil colônia - Os primeiros habitantes do Brasil, os índios, deram como
contribuição os movimentos rústicos naturais tais como nadar, correr
atrás da caça, lançar, além do arco e flecha. Na suas tradições incluem-
se as danças, cada uma com significado diferente: homenageando o
sol, a lua, os deuses da guerra e da paz, os casamentos etc. Entre os
jogos incluem-se as lutas, a peteca, a corrida de troncos entre outras que
não foram absorvidas pelos colonizadores. Os índios não eram muito
fortes e não se adaptavam ao trabalho escravo que os colonizadores os
obrigavam a executar.
Os negros vieram para o Brasil para o trabalho escravo, e as fugas para
os Quilombos os obrigavam a lutar, sem armas, contra os capitães-do-
mato, homens a mando dos senhores de engenho que entravam mato
adentro para recapturar os escravos. Essa luta sem armas usando os
pés e saltos fez surgir a capoeira. Todos esses movimentos de índios
e negros juntos formaram as atividades e modalidades esportivas dos
conteúdos da educação física. Eles foram sistematizados e organizados
posteriormente com regras e regulamentos para prática da cultura
corporal do movimento da sociedade e dentro da escola.
Fonte: escolacampossalles.blogspot.com
A capoeira é uma expressão
cultural brasileira que mistura
luta, dança, cultura popular,
música esporte, arte marciais e
talvez até brincadeira. ...
Arte marcial de ataque
e defesa introduzida no
Brasil por escravos bantos,
atualmente praticada como
jogo e esporte e é considerada
o único esporte genuinamente
brasileiro.
19. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA | UNIDADE 1 23
Rui Barbosa foi, sem dúvida,
um dos mais importantes
personagens da História
do Brasil. Rui era dotado
não apenas de inteligência
privilegiada, mas também
de grande capacidade
de trabalho. Essas duas
características permi¬tiram-
lhe deixar marcas profundas
em várias áreas de atividade
profissional nos campos do
direito - seja como advogado,
seja como jurista - do
jornalismo, da diplomacia e da
política.
Ditadura Militar foi o período
da política brasileira em que
os militares governaram
o Brasil, entre os anos de
1964 e 1985. Essa época
caracterizou-se pela falta
de democracia, supressão
de direitos constitucionais,
censura, perseguição política
e repressão àqueles que eram
opostos ao regime militar.
E o tempo segue... Chega a família imperial!
Tudo começou na época do Brasil Império - Em 1851 a lei de n.º 630
inclui a ginástica nos currículos escolares. Rui Barbosa preconizava a
obrigatoriedade da Educação Física nas escolas primárias e secundárias
praticadas quatro vezes por semana, durante 30 minutos.
Muitas discussões e sugestões sobre as ideias de Rui Barbosa sobre
educação proliferaram.
No Brasil República foi uma época onde começou a profissionalização
da Educação Física. Os anos 70 ficaram marcados pela ditadura
militar, a Educação Física era usada não para fins educativos mas para
propaganda do governo, sendo todos os ramos e níveis de ensino
voltado para os esportes de alto rendimento. Essa propaganda era
contemplada na Copa do Mundo de Futebol, no México, onde o Brasil
sagrou-se tricampeão e a euforia nacional pelo título desviava a atenção
da ditadura militar que vigorava no Brasil.
Na década de 70, a Seleção Brasileira de Futebol conquistava o
Tricampeonato Mundial de Futebol, e o regime autoritário utilizou o
esporte como propaganda. O governo militar investiu na educação
física principalmente com o objetivo de formar um exército composto
por jovens sadios e fortes. Para isso, foi criado o chamado "modelo
piramidal", de que a educação física escolar seria a base. a escola seria
o "celeiro de novos talentos". a maior meta desse modelo era projetar
cada vez mais a imagem do país através do desempenho dos seus
atletas. Por isso, as aulas de educação física da época começaram a
contemplar o aluno mais habilidoso em detrimento dos demais. Como
o Brasil não se tornou uma potência olímpica conforme se pretendia,
esse modelo faliu.
Nos anos 80 a Educação Física vive uma crise existencial à procura
de propósitos voltados à sociedade. No esporte de alto rendimento a
mudançanasestruturasdepodereosincentivosfiscaisderamorigemaos
patrocínios e empresas podendo contratar atletas funcionários, fazendo
surgir uma boa geração de campeões das equipes atlântica Boa Vista,
Bradesco, Pirelli entre outras. até hoje, verificamos os patrocínios das
empresas nos times e atletas de destaque, principalmente no futebol,
voleibol e atletas olímpicos com resultados expressivos.
20. PEDAGOGIA24
Nos anos 90 o esporte passa a ser visto como meio de promoção à
saúde acessível a todos, manifestada de três formas: esporte educação,
esporte participação e esporte performance. Os objetivos propostos
são modificados em função da sociedade e analisados observando o
ensino, no desenvolvimento da educação física no Brasil desde início
da República (1889) até os dias atuais.
A HISTÓRIA DAS LEIS
A primeira lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Nº 4024
Em 1961 promulgou-se a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional LBD. nº 4024. as diferentes estruturas de educação escolar
receberam a denominação de Primário (quatro anos), (o quinto ano) e
o Ginásio também com quatro anos. após este, havia o Curso Colegial
propedêutico e os Cursos Técnicos como Curso Normal ou Curso de
Formação de Professores: Curso de Contabilidade, de Secretariado,
dentre outros.
abrigada sob esta estrutura vertical, a aula de Educação Física era
ministrada pelos regentes de classe dada suas bases científicas,
e atualmente considerada como um aspecto de educação geral,
oferecendo valiosa contribuição ao educando (Programa da Escola
Primária de São Paulo, 1967/59).
Na escola primária a educação física teve como objetivo a recreação
(individual e coletiva) nos seus variados aspectos; era realizada por
meio das atividades naturais, jogos, atividades rítmicas, dramatizações,
atividades complementares (Programa da Escola Primária de São Paulo,
1967/59), visando abarcar a totalidade do desenvolvimento do aluno.
até hoje vemos a aula de educação física ser chamada de recreação e/ou
ser utilizada como recreio dirigido para substituir as aulas curriculares.
esporte de alto nível e
rendimento
21. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA | UNIDADE 1 25
é uma palavra que tem origem
grega e significa kallós – belo,
cheio de vigor, força, buscar
pela exercitação a harmonia
do corpo.È uma atividade
física planejada, realizada
de forma repetida para
desenvolver ou manter o
condicionamento físico.
a Educação Física, na década de 60, também se preocupou com a
atitude postural adequada, com a coordenação sensório motor, o
refinamento dos sentidos, e o aumento da sensibilidade rítmica,
favorecendo a co educação, e o conhecimento de nossos costumes.
as aulas de Educação Física para a juventude consistiam em ensinar
a ginástica formativa, fundamentos de jogo (modalidades esportivas
coletivas), valendo-se do Método “da Desportiva Generalizada”, e
não se previa processo de inclusão daqueles que não se adequassem
a normalidade. Então, você escolhia um esporte para praticar e se não
mostrasse as habilidades necessárias, era excluído e encaminhado para
as aulas de educação física, geralmente com exercícios de calistenia
(exercícios de caráter quase militar.).
Promulgação da Lei 5692/71. Educação Física Prática
Educativa ou Atividade?
Dez anos depois da LDB nº 4224/61, foi implementada a segunda Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 5692. Nomeavam-se
Disciplina aquelas com orientação teórica, e por atividade, as de cunho
prático sem reprovação, exceto por faltas: Educação artística, Inglês e
Educação Física (PAR.CFE. 853/71).
as aulas de Educação Física apenas reprovavam por falta e eram
consideradas uma atividade. Esse argumento levou a educação física
escolar a ser considerada dispensável, sem importância. Qualquer
pessoa podia administrar as aulas (que eram consideradas brincadeiras).
O programa recomendado para as aulas de Educação Física
compreendia um conjunto de ginástica, jogos, desportos, danças e
recreação, capaz de promover o desenvolvimento harmonioso do
corpo e do espírito e, de modo especial, fortalecer a vontade, formar e
disciplinar hábitos sadios, adquirir habilidades, equilibrar e conservar a
saúde e incentivar o espírito de equipe de modo que seja alcançado o
máximo de resistência orgânica e de eficiência individual (SÃO PaULO,
SE/CENP, 1985).
Parecer nº 853/71, de 12
de novembro de 1971, do
CFE. Núcleo-comum para os
currículos do ensino de 1º e 2º
graus. A doutrina do currículo
na Lei 5.692/71.
22. PEDAGOGIA26
O 2º Grau, composto por três ou quatro séries, de cunho técnico
profissionalizante, foi oferecido a todos os estudantes. abriu-se à
população a real possibilidade de acesso ao ensino superior.
Doze anos depois, em São Paulo, a Coordenadoria de Estudos e
Normas Pedagógicas (CENP.) ofereceu aos professores da rede estadual
subsídios para a implementação da Proposta Curricular de Educação
Física para a pré-escola. acompanhada do Manual para o Professor,
apresentava exercícios, versando a construção da imagem e consciência
corporal, atividades temporo-espaciais, expressão corporal e recreação
(SÃO PaULO, SE/CEN,. 1983).
Esse processo de intensa discussão acerca dos conteúdos escolares
terminou em 1992 com a publicação do modelo final das Propostas
Curriculares para o 1º e 2º Graus para todas as Disciplinas e atividades
coordenadas pela CENP. as aulas de Metodologia da Educação Física
estavam previstas no documento, demonstrando que seu conteúdo
merecia ser estudado.
O momento atual e a educação física
O currículo vigente está organizado segundo a terceira Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional, LBD nº 9.394/1996. O processo de
escolarização brasileiro apresenta-se agora completo. Iniciando pela
Educação Infantil, nosso Sistema Escolar termina formalmente na
Graduação, no Ensino Superior. Hoje, as propostas e os conteúdos têm
a preocupação em atender, incluir e integrar todos os estudantes em
torno do Projeto Escolar.
a aula de Educação Física, ao contrário das épocas passadas, e,
segundo o artigo 26, deve ser “integrada à proposta pedagógica da
escola, é componente curricular da educação básica, ajustando-se às
faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa
nos cursos noturnos” (SÃO PaULO, SE/CENP 1985/ 79).
a partir desta Lei vigente passou-se entender o currículo como um
todo. a escola, portanto, deve ser vista como um lugar de informação,
Implementar:dar execução a
um plano, projeto.
23. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA | unidade 1 27
de produção de conhecimento, de socialização e de desenvolvimento
integral de todos os estudantes. Para consecução de tal tarefa, todos
os especialistas, os professores, as Disciplinas e os Componentes
Curriculares devem ter compromisso com o desenvolvimento dos
aspectos teóricos e práticos, além de articulá-los aos Temas ou Eixos
Transversais (saúde, meio ambiente, trabalho e consumo, orientação
sexual e ética). O plano de curso, de ensino e das aulas, inclusive os
de Educação Física, devem ser pensados segundo o Projeto Escolar e
orientados de acordo com as características dos estudantes.
A lei de diretrizes e bases da educação – nº 9394/96
A mais nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, datada
de 20 de dezembro de 1996, em seu artigo 26, fala dos currículos do
ensino fundamental e médio tendo uma base nacional comum.
Art. 26. Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma
base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de
ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida
pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da
economia e da clientela.
Em seguida, amparada por decreto anterior nº 69450 de 1971, re-
edita a prática facultativa a um grupo de alunos que mais uma vez
tem excluído o conhecimento específico da educação física, que
consideramos um retrocesso.
A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é
componente curricular obrigatório da educação básica, sendo sua
prática facultativa ao aluno: (Redação dada pela Lei nº 10.793, de 1º
de dezembro de 2003):
I - que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis horas;
(Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º. 12.2003).
II - maior de trinta anos de idade; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.
12.2003).
24. PEDAGOGIA28
III - que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em situação
similar, estiver obrigado à prática da educação física; (Incluído pela Lei
nº 10.793, de 1º. 12.2003)
IV - amparado pelo Decreto-Lei no 1.044, de 21 de outubro de 1969;
(Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º. 12.2003), que trata de pessoas com
doenças.
V - (VETaDO) (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º. 12.2003)
VI - que tenha prole. (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º. 12.2003).
analisando a Lei nº 10793/2003, consideramos que ter filhos, e ser
maior de 30 anos não pode apresentar problema para a prática da
educação física. Inclusive, as academias de ginástica comprovam e
cobram por essa prática extra escolar.
Os parâmetros curriculares
Os parâmetros curriculares nacionais são diretrizes elaboradas pelo
Governo Federal que orientam a educação no Brasil e são separados
por disciplina.
Pare um pouco, e pense a respeito:
Percebe-se, portanto, participação facultativa a uma
grande parcela da população que poderia utilizar a
educação física para uma qualidade de vida melhor,
evitando os problemas provocados pelo sedentarismo.
Percebemos, também que as escolas, principalmente as
particulares cobram taxas para os alunos praticarem os
esportes na escola quando esse serviço deve ser gratuito,
por ser considerado horário de aula de educação física,
componente curricular obrigatória na educação básica.
25. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA | UNIDADE 1 29
Quanto à educação física fica bem definido o currículo, tendências
pedagógicas por série etc., mas devemos lembrar que é uma sugestão,
um norte a ser seguido. Devemos lembrar que com a construção
do Projeto Político Pedagógico de cada escola, construção coletiva,
evidencia-se o pensamento da comunidade escolar como meta.
O papel fundamental da educação no desenvolvimento das pessoas e
das sociedades amplia-se ainda mais no despertar do novo milênio e
aponta para a necessidade de se construir uma escola voltada para a
formação de cidadãos.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Educação Física trazem uma
proposta que procura democratizar, humanizar e diversificar a prática
pedagógica da área, buscando ampliar, de uma visão apenas biológica,
para um trabalho que incorpore as dimensões afetivas, cognitivas e
socioculturais dos alunos.
a segunda parte dos parâmetros aborda o trabalho com as quatro
séries finais do ensino fundamental, indicando objetivos, conteúdos
e critérios de avaliação. Os conteúdos são apresentados segundo sua
categoria conceitual, procedimental e atitudinal, organizados em blocos
inter-relacionados e são explicitados como possíveis enfoques da ação
do professor. Essa parte contempla, também, aspectos didáticos gerais
e específicos da prática pedagógica em Educação Física que podem
auxiliar o professor nas questões do cotidiano das salas de aula e
servem como ponto de partida para as discussões.
Para boa parte das pessoas que frequentaram a escola,
a lembrança das aulas de Educação Física é marcante:
para alguns, uma experiência prazerosa, de sucesso,
de muitas vitórias; para outros, uma memória amarga,
de sensações de incompetência, de falta de jeito, de
medo de errar... Você se lembra das suas aulas de
educação física?
Os conteúdos são
apresentados segundo sua
categoria conceitual (fatos,
conceitos e princípios),
procedimental (ligados ao
fazer) e atitudinal (normas,
valores e atitudes).
26. PEDAGOGIA30
O trabalho de Educação Física nas séries finais do ensino fundamental
é muito importante na medida em que possibilita aos alunos uma
ampliação da visão sobre a cultura corporal de movimento, e, assim,
viabiliza a autonomia para o desenvolvimento de uma prática pessoal e
a capacidade para interferir na comunidade, seja na manutenção ou na
construção de espaços de participação em atividades culturais, como
jogos, esportes, lutas, ginásticas e danças, com finalidades de lazer,
expressão de sentimentos, afetos e emoções.
Ressignificar esses elementos da cultura e construí-los coletivamente é
uma proposta de participação constante e responsável na sociedade.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais foram elaborados procurando,
de um lado, respeitar diversidades regionais, culturais e políticas
existentes no país e, de outro, considerar a necessidade de construir
referências nacionais comuns ao processo educativo em todas as regiões
brasileiras. Com isso, pretende-se criar condições, nas escolas, que
permitam aos nossos jovens ter acesso ao conjunto de conhecimentos
socialmente elaborados e reconhecidos como necessários ao exercício
da cidadania.
princípio da inclUsão
a sistematização de objetivos, conteúdos, processos de ensino e
aprendizagem e avaliação tem como meta a inclusão do aluno na
cultura corporal de movimento, por meio da
participação e reflexão concretas e efetivas.
Busca-se reverter o quadro histórico da área de
seleção entre indivíduos aptos e inaptos para
as práticas corporais, resultante da valorização
exacerbada do desempenho e da eficiência.
"Oesportenãoéapenasummotivodecompetição,
mas também uma ferramenta incomparável de
inclusão social" (autor desconhecido).
A cultura corporal contempla
múltiplos conhecimentos
produzidos e usufruídos
pela sociedade a respeito do
corpo e do movimento. A
Educação Física escolar deve
dar oportunidades a todos os
alunos para que desenvolvam
suas potencialidades, de forma
democrática e não seletiva.
Cidadania é a qualidade ou
estado de cidadão.A pessoa
torna-se cidadão quando
intervém na realidade em
que vive.
Fonte: ana-educacaoconsciente.blogspot.com
27. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA | UNIDADE 1 31
princípio da diversidade
Oprincípiodadiversidadeaplica-senaconstrução
dos processos de ensino e aprendizagem e orienta
a escolha de objetivos e conteúdos, visando a
ampliar as relações entre os conhecimentos da
cultura corporal de movimento e os sujeitos da
aprendizagem.
Busca-se legitimar as diversas possibilidades
de aprendizagem que se estabelecem com a
consideração das dimensões afetivas, cognitivas,
motoras e socioculturais dos alunos.
O princípio da diversidade aplica-se na construção dos processos de
ensino e aprendizagem e orienta a escolha de objetivos e conteúdos,
visando a ampliar as relações entre os conhecimentos da cultura
corporal de movimento e os sujeitos da aprendizagem.
Busca-se legitimar as diversas possibilidades de aprendizagem que se
estabelecem com a consideração das dimensões afetivas, cognitivas,
motoras e socioculturais dos alunos.
categorias de conteúdos
Os conteúdos são apresentados segundo sua categoria conceitual (fatos,
conceitos e princípios), procedimental (ligados ao fazer) e atitudinal
(normas, valores e atitudes). Os conteúdos conceituais e procedimentais
mantêmumagrandeproximidade,namedidaemqueoobjetocentralda
cultura corporal de movimento gira em torno do fazer, do compreender
e do sentir com o corpo. Incluem-se nessas categorias os próprios
processos de aprendizagem, organização e avaliação. Os conteúdos
atitudinais apresentam-se como objetos de ensino e aprendizagem, e
apontam para a necessidade de o aluno vivênciá-los de modo concreto
no cotidiano escolar, buscando minimizar a construção de valores e
atitudes por meio do currículo.
Fonte: ana-educacaoconsciente.blogspot.com
28. PEDAGOGIA32
De acordo com o que foi visto até agora, faça as seguintes
atividades:
Forme duplas e relate suas experiências nas aulas de
educação física.
Entreviste pessoas mais idosas na comunidade sobre a
educação física na vida escolar.
ao final fazer um grande grupo de discussão para apresentar
os resultados.
BRaSIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº.
9.394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da
educação Nacional. Brasília, DF, 1996.
______. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. Brasília,
DF: MECSEF, 1997.
CaSTELLaNI FILHO, Lino. Política educacional e educação
física. Campinas: autores associados, 1998.
______. Educação Física no Brasil: a história que não se conta.
Campinas, SP: Papirus, 1998.
29. unidade
ObjetivoS dESTA unidade:
Compreender as
concepções e tendências
pedagógicas da Educação
Física Escolar, podendo
estabelecer conexões
com o momento atual e o
passado vivido.
Perceber as várias
utilizações do corpo pela
sociedade em constante
transformação.
2
PERÍODOS E CONCEPÇÕES
A
educação física no Brasil passou por diversos períodos
que, por sua vez, possuíam diversas concepções
relacionadas à função da própria educação física,
da necessidade, da maneira de trabalhar e ver o corpo. As
tendências podem ser reconhecidas e divididas em:
Educação Física Higienista (1889-1930) – Propunha uma ênfase
na saúde, cabendo no papel da educação física a formação
de indivíduos fortes, saudáveis e propensos à aderência a
atividades boas em detrimento de maus hábitos. Tinha por
finalidade “[...] proporcionar aos alunos o desenvolvimento
harmonioso do corpo e do espírito, formando o homem física e
moralmente sadio alegre e resoluto” (MARINHO, 1953, p. 177).
Educação Física Militarista (1930-1945) – De forte influência
dos militares, foi decretado no país o “Regulamento n. 7”,
tornando de caráter oficial a utilização do “Método do Exército
Francês”. Tinha por objetivo o “desenvolvimento harmônico do
corpo. Desenvolvimento da personalidade. Aperfeiçoamento da
30. PEDAGOGIA34
destreza. Emprego da força e espírito de solidariedade”. (MaZZEI;
TEIXEIRa, 1967, v.IV, p. 143).
até a década de 50, a educação física foi influenciada pela área
médica (higienismo), pelos militares ou acompanhou mudanças no
próprio pensamento pedagógico. Nesse mesmo período histórico,
eram importados modelos de práticas corporais, como os sistemas
ginásticos alemão e sueco e o método francês. Os conteúdos de
educação física eram repetições mecânicas de gestos e movimentos.
Na década de 60, com a introdução do Método Desportivo
Generalizado, começou a haver uma certa confusão entre
educação física e esporte. Nessa mesma época, as concepções
teóricas e a prática real nas escolas se distanciaram. Ou seja, os
processos de ensino e aprendizagem nem sempre acompanharam
as mudanças do pensamento pedagógico.
Educação Física Pedagogicista (1945-1964) – Com uma visão que
pode ser traçada ao liberalismo, a vertente pedagogicista propunha
a educação física como um meio de formação do indivíduo.
“a educação física, acima das “querelas políticas”, é capaz de
cumprir o velho anseio da educação liberal: formar o cidadão.”
(GHIRaLDELLI JÚNIOR, 1989, p.29) .
Educação Física Competitivista (1964-1985) – Marcada pelo forte
apelo aos esportes de competição oficiais, por um “culto do atleta-
herói”, essa visão foi a predominante no regime militar. Foi o
período que houve o maior investimento na educação física como
um todo. O professor deveria preparar esses futuros atletas.
Quer-se dar ao professor de educação física a convicção de que
ele, por força da profissão é condutor de jovens, um líder e não
pode aceitar ser conduzido por minorias ativas que intimidam, que
ameaçam e, às vezes, conseguem, pelo constrangimento, conduzir
a maioria acomodada, pacífica e ordeira, (FERREIRa, 1969 apud
GHIRaLDELLI JÚNIOR, 1989, p.31).
Educação Física Popular (1985-) – Movimento de cunho ideológico
que pretende mudar o paradigma da educação física, saindo do
A ginástica sueca preocupava-
se com a execução correta dos
exercícios, emprestando-lhes
um espírito corretivo. Por isso
é conhecida como ginástica de
posições.
Conteúdo voltado para a
iniciação esportiva. O método
utilizado era norteado pelos
estilos comando e tarefas.
A compreensão de corpo
era a mesma difundida pela
aptidão física e o movimento
norteado pela perspectiva
de rendimento esportivo. A
ênfase na esportivização dos
conteúdos da Educação Física
restringia o movimento e o
próprio conhecimento da área
aos códigos esportivos.
31. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA | UNIDADE 2 35
competitivismo para uma visão em direção a “[...] ludicidade, a
solidariedade e a organização e mobilização dos trabalhadores na
tarefa de construção de uma sociedade efetivamente democrática”.
(GHIRaLDELLI JÚNIOR, 1989, p.34). Outro exemplo que mostra
o viés ideológico é o do Coletivo de autores que fala que:
[...] o aluno sistematiza o conhecimento sobre os saltos
e os conceitos que explicam o conteúdo e a estrutura
do objeto salto, desde as leis físicas e características
no nível cinésio/fisiológico, até as explicações
político-filosóficas da existência de modelos de salto.
(COLETIVO DE aUTORES, 1993, p.65).
AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
No século XX, a Educação Física escolar sofreu, no Brasil, influências
de correntes de pensamento filosófico, tendências políticas, científicas
e pedagógicas. assim, até a década de 50, a Educação Física sofreu
influências provenientes da filosofia positivista, da área médica (por
exemplo,ohigienismo),deinteressesmilitares(nacionalismo,instrução
pré-militar), e acompanhou as mudanças no próprio pensamento
pedagógico (por exemplo, a vertente escola-novista na década de 50).
Nesse mesmo período histórico ocorreu a importação de modelos
de práticas corporais, como os sistemas ginásticos alemão, sueco e o
método francês, entre as décadas de 10 e 20, e o método desportivo
generalizado, nas décadas de 50 e 60.
Contudo, observa-se na história da Educação Física uma distância
entre as concepções teóricas e a prática real nas escolas. Ou seja,
nem sempre os processos de ensino e aprendizagem acompanharam
as mudanças, às vezes bastante profundas, que ocorreram no
pensamento pedagógico desta área. Por exemplo, a co-educação
(meninos e meninas na mesma turma) era uma proposta dos escola-
novistas desde a década de 20, mas essa discussão só alcançou a
Educação Física escolar muito tempo depois.
A cinesiologia é a ciência
que tem como enfoque a
análise dos movimentos. De
forma mais específica, estuda
os movimentos do corpo
humano. O nome Cinesiologia
vem do grego kínesis =
movimento + logos = tratado,
estudo.
pt.wikipedia.org/wiki/
Cinesiologia
32. PEDAGOGIA36
Mais recentemente, na década de 70, a Educação Física sofreu, mais
uma vez, influências importantes no aspecto político. O governo
militar investiu nessa disciplina em função de diretrizes pautadas
no nacionalismo, na integração (entre os Estados) e na segurança
nacional, objetivando tanto a formação de um exército composto
por uma juventude forte e saudável como a desmobilização das
forças políticas oposicionistas. As atividades esportivas também
foram consideradas importantes na melhoria da força de trabalho
para o milagre econômico brasileiro. Nesse período, estreitaram-se
os vínculos entre esporte e nacionalismo. Um bom exemplo é o uso
que se fez da campanha da seleção brasileira de futebol, na Copa
do Mundo de 1970.
Em relação ao âmbito escolar, a partir do Decreto no 69.450, de
1971, a Educação Física passou a ser considerada como a atividade
que, por seus meios, processos e técnicas, desenvolve e aprimora
forças físicas, morais, cívicas, psíquicas e sociais do educando.
O decreto deu ênfase à aptidão física, tanto na organização das
atividades como no seu controle e avaliação, e a iniciação esportiva,
a partir da quinta série, se tornou um dos eixos fundamentais de
ensino; buscava-se a descoberta de novos talentos que pudessem
participar de competições internacionais, representando a pátria.
Nesse período, o chamado modelo piramidal norteou as diretrizes
políticas para a Educação Física: a Educação Física escolar e
o desporto estudantil seriam a base da pirâmide; a melhoria da
aptidão física da população urbana e o empreendimento da
iniciativa privada.
A organização desportiva para a comunidade comporia o desporto
de massa, o segundo nível da pirâmide. Este se desenvolveria,
tornando-se um desporto de elite, com a seleção de indivíduos
aptos para competir dentro e fora do país.
Na década de 80 os efeitos desse modelo começaram a ser sentidos
e contestados: o Brasil não se tornou uma nação olímpica e a
competição esportiva da elite não aumentou significativamente o
número de praticantes de atividades físicas. Iniciou-se então uma
profunda crise de identidade nos pressupostos e no próprio discurso
33. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA | unidade 2 37
da Educação Física, que originou uma mudança expressiva nas
políticas educacionais: a Educação Física escolar, que estava
voltada principalmente para a escolaridade de quinta a oitava
séries do primeiro grau, passou a dar prioridade ao segmento de
primeira a quarta séries e também à pré-escola. O objetivo passou
a ser o desenvolvimento psicomotor do aluno, propondo-se retirar
da escola a função de promover os esportes de alto rendimento.
O campo de debates se fertilizou e as primeiras produções surgiram
apontando o rumo das novas tendências da Educação Física.
Às recém-criadas organizações da sociedade civil, bem como
entidades estudantis, sindicais e partidárias, somaram-se setores
do meio universitário identificados com as tendências progressistas.
Simultaneamente, a criação dos primeiros cursos de pós-graduação
em Educação Física, o retorno de professores doutorados que
estavam fora do Brasil, as publicações de um número maior de
livros e revistas, bem como o aumento do número de congressos e
outros eventos dessa natureza, foram fatores que contribuíram para
esse debate.
As relações entre Educação Física e sociedade passaram a ser
discutidas sob a influência das teorias críticas da educação: seu
papel e sua dimensão política foram questionados.
Algumas tendências pedagógicas da educação física escolar
Em oposição à vertente mais tecnicista, esportivista e biologicista
surgem novas abordagens na Educação Física escolar a partir do final
da década de 70, inspiradas no momento histórico social pelo qual
passou o país, nas novas tendências da educação de uma maneira
geral, além de questões específicas da própria Educação Física.
Atualmente coexistem na área várias concepções, todas elas tendo
em comum a tentativa de romper com o modelo anterior, fruto de
uma etapa recente da Educação Física.
34. PEDAGOGIA38
Essas abordagens resultam da articulação de diferentes teorias
psicológicas, sociológicas e concepções filosóficas. Todas essas
correntes têm ampliado os campos de ação e reflexão para a área, o
que a aproxima das ciências humanas. Embora contenham enfoques
diferenciados entre si, com pontos muitas vezes divergentes, têm em
comum a busca de uma Educação Física que articule as múltiplas
dimensões do ser humano.
as abordagens que tiveram maior impacto a partir de meados
da década de 70 são comumente denominadas de psicomotora,
construtivista e desenvolvimentista com enfoques da psicologia
crítica, com enfoque sociopolítico, embora outras transitem pelos
meios acadêmico e profissional, como, por exemplo, a sociológica-
sistêmica e a antropológica-cultural. Vejamos, então, algumas
abordagens...
abordageM psicoMotora
a psicomotricidade é o primeiro movimento mais articulado que
aparece a partir da década de 70 em contraposição aos modelos
anteriores. Nele, o envolvimento da Educação Física é com o
desenvolvimento da criança, com o ato de aprender, com os
processos cognitivos, afetivos e psicomotores, ou seja, buscando
garantir a formação integral do aluno.
Nessa tendência, a educação física está envolvida com o
desenvolvimento da criança, com os processos cognitivos, afetivos
e psicomotores, buscando garantir a formação integral do aluno.
O conteúdo predominantemente esportivo é substituído por um
conjunto de meios para a reabilitação, readaptação e integração
que valoriza a aquisição do esquema motor, da lateralidade e da
coordenação a principal vantagem dessa abordagem é a maior
integração com a proposta pedagógica da educação física. Porém,
abandona completamente os conteúdos específicos dessa disciplina,
como se o esporte, a dança, e a ginástica fossem inapropriados
para os alunos.
Coordenação visomotora é
a capacidade de coordenar
o campo visual com a
mobilidade de partes
do corpo. Vai permitir
movimentos naturais bem
coordenados. Exempo: a
escrita.
35. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA | unidade 2 39
A Educação Física é, assim, apenas um meio para ensinar
Matemática, Língua Portuguesa, sociabilização... Para este modelo,
a Educação Física não tem um conteúdo próprio, mas é um conjunto
de meios para a reabilitação, readaptação e integração, substituindo
o conteúdo que até então era predominantemente esportivo, o qual
valorizava a aquisição do esquema motor, lateralidade, consciência
corporal e coordenação visomotora.
A principal vantagem dessa abordagem é que ela possibilitou
uma maior integração com a proposta pedagógica ampla e
integrada da Educação Física nos primeiros anos de educação
formal. Porém, representou o abandono do que era específico
da Educação Física, como se o conhecimento do esporte, da
dança, da ginástica e dos jogos fosse, em si, inadequado para
os alunos.
Abordagem construtivista
Na perspectiva construtivista, a intenção é a construção do
conhecimento a partir da interação do sujeito com o mundo, e para
cada criança a construção desse conhecimento exige elaboração,
ação sobre o mundo.
A proposta teve o mérito de levantar a questão da importância de
se considerar o conhecimento que a criança já possui na Educação
Física escolar, incluindo os conhecimentos prévios dos alunos no
processo de ensino e aprendizagem. Essa perspectiva também
procurou alertar os professores sobre a importância da participação
ativa dos alunos na solução de problemas.
Abordagem desenvolvimentista
A abordagem desenvolvimentista é dirigida especificamente para
a faixa etária até 14 anos e busca nos processos de aprendizagem
e desenvolvimento uma fundamentação para a Educação Física
escolar. É uma tentativa de caracterizar a progressão normal do
crescimento físico, do desenvolvimento motor e da aprendizagem
motora em relação à faixa etária e, em função dessas características,
36. PEDAGOGIA40
sugerir aspectos ou elementos relevantes à estruturação de um
programa para a Educação Física na escola.
Em suma, uma aula de Educação Física deve privilegiar a
aprendizagem do movimento, conquanto possam estar ocorrendo
outras aprendizagens, de ordem afetivo-social e cognitiva, em
decorrência da prática das habilidades motoras.
Para a abordagem desenvolvimentista, a Educação Física deve
proporcionar ao aluno condições para que seu comportamento
motor seja desenvolvido pela interação entre o aumento da
diversificação e a complexidade dos movimentos. Assim, o principal
objetivo da Educação Física é oferecer experiências de movimento
adequadas ao seu nível de crescimento e desenvolvimento, a fim
de que a aprendizagem das habilidades motoras seja alcançada.
A criança deve aprender a se movimentar para adaptar-se às
demandas e às exigências do cotidiano, ou seja, corresponder aos
desafios motores.
Abordagens críticas
Com apoio nas discussões que vinham ocorrendo nas áreas
educacionais e na tentativa de romper com o modelo do esporte
praticado nas aulas de Educação Física, a partir da década
de 80 são elaborados os primeiros pressupostos teóricos num
referencial crítico, com fundamento no materialismo histórico e
dialético.
As abordagens críticas passaram a questionar o caráter alienante
da Educação Física na escola, propondo um modelo de superação
das contradições e injustiças sociais sugerindo que os conteúdos
selecionados para a aula devem propiciar uma melhor leitura
da realidade pelos alunos e possibilitar, assim, sua inserção
transformadora nessa realidade.
Assim,umaEducaçãoFísicacríticaestariaatreladaàstransformações
sociais, econômicas e políticas, tendo em vista a superação das
desigualdades sociais.
37. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA | unidade 2 41
Busca possibilitar a compreensão, por parte do aluno, de que a
produção cultural da humanidade expressa uma determinada
fase e que houve mudanças ao longo do tempo. Essa reflexão
pedagógica é compreendida como sendo um projeto político
pedagógico. Político, porque encaminha propostas de intervenção
em determinada direção, e pedagógico, porque propõe uma
reflexão sobre a ação dos homens na realidade, explicitando suas
determinações.
A Educação Física é entendida como uma área que trata de um tipo
de conhecimento, denominado cultura corporal de movimento, que
tem como temas o jogo, a ginástica, o esporte, a dança, a capoeira
e outras temáticas que apresentarem relações com os principais
problemas dessa cultura corporal de movimento e o contexto
histórico-social dos alunos.
Em resumo, a introdução das abordagens psicomotora,
construtivista, desenvolvimentista e crítica no espaço do debate
da Educação Física proporcionaram uma ampliação da visão da
área, tanto no que diz respeito à natureza de seus conteúdos quanto
no que refere aos seus pressupostos pedagógicos de ensino e
concebendo o aluno como ser humano integral. Além disso, foram
englobados aprendizagens. Reavaliaram-se e enfatizaram-se as
dimensões psicológicas, sociais, cognitivas, afetivas e políticas,
objetivos educacionais mais amplos, não apenas voltados para a
formação de físico que pudesse sustentar a atividade intelectual
e conteúdos mais diversificados, não só restritos a exercícios
ginásticos e esportes.
Essas quatro abordagens se desdobram em novas propostas
pedagógicas. Nesse contexto, surge uma nova ordem nas propostas
da atual Lei de Diretrizes e Bases, orientando para que a educação
física se integre na proposta pedagógica da escola. Essa nova ordem
dá autonomia para se construir uma nova proposta, passando para
a escola e para o professor a responsabilidade da adaptação da
ação educativa escolar.
38. PEDAGOGIA42
Quadro atual
Na atualidade, as quatro grandes tendências apontadas têm se
desdobrado em novas propostas pedagógicas, em função do avanço
da pesquisa e da reflexão teórica específicas da área e da educação
escolar de forma geral, e da sistematização decorrente da reflexão
sobre a prática pedagógica concreta de escolas e professores, que,
muitas vezes, dentro de situações desfavoráveis, seguem inovando.
Ao mesmo tempo, infelizmente, encontra-se ainda, em muitos
contextos, a prática de propostas de ensino pautadas em concepções
ultrapassadas, que não suprem as necessidades e as possibilidades
da educação contemporânea
O ser humano, desde suas origens, produziu cultura. Sua história é
uma história de cultura na medida em que tudo o que faz é parte
de um contexto em que se produzem e reproduzem conhecimentos.
O conceito de cultura é aqui entendido, simultaneamente,
como produto da sociedade e como processo dinâmico que vai
constituindo e transformando a coletividade à qual os indivíduos
pertencem, antecedendo-os e transcendendo-os.
Com um caráter predominantemente utilitário ou lúdico, todas
visam, a seu modo, a combinar o aumento da eficiência dos
movimentos corporais com a busca da satisfação e do prazer na
sua execução. A rigor, o que define o caráter lúdico ou utilitário não
é a atividade em si, mas a intenção do praticante; por exemplo, um
esporte pode ser praticado com fins utilitários, no caso do esportista
profissional, e pode ser praticado numa perspectiva de prazer e
divertimento, pelo cidadão comum.
A nossa missão: um compromisso para a toda a vida!
Hoje, possuímos muitas linhas ou abordagens filosóficas;
cinesiológica, motricidade humana, cultura corporal do movimento,
aptidão física, tradicional, desenvolvimentista, sócioconstrutivista,
sócio- interacionista e a ligada ao meio ambiente.
39. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA | UNIDADE 2 43
Se esta realidade nos conforta e nos alimenta também nos alerta
para a construção de um Brasil com oportunidades mais amplas
a todos e fazer praticar com excelência o jogo, a luta, o esporte,
a ginástica e a dança, sem nos esquecermos da sensibilidade que
deve guiar todos os nossos passos.
CONCLUSÃO
Nessa unidade verificamos as diversas tendências e abordagens da
educação física escolar, que apresenta um longo caminho trilhado.
Recebemos influências estrangeiras de modelos de ginásticas
atividades até chegarmos à educação física nacional como uma
cultura corporal. Isso também leva à conclusão que não temos
um modelo puro e único, e sim mesclado, de várias influências e
filosofias.
ao final dessa unidade propomos para o aluno:
Identificaraprincipalmarcadecadatendênciarelacionando-a
com as concepções abordadas.
Sugerir exemplos de atividades para cada concepção.
40. PEDAGOGIA44
COLETIVO DE aUTORES. Metodologia do ensino da
educação física. São Paulo: Cortez, 1992.
CORREIa, Marcos Miranda. Trabalhando com jogos
cooperativos: em busca de novos paradigmas na educação física.
Campinas, SP: Papirus, 2006.
FREIRE, João Batista. Educação de Corpo Inteiro: Teoria e
Prática da Educação Física, São Paulo: Scipione, 1989. 224 p.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da educação. São Paulo:
Cortez, 1992.
41. UNIDADE
OBJETIVO DESTA UNIDADE:
Verificar as possibilidades
que a Educação Física
Escolar proporciona
no processo de ensino
e aprendizagem com
suas múltiplas inserções
sociais.
Saber a forma mais
adequada de trabalhar
com a Educação Física
como componente
curricular.
3
A EDUCAÇÂO FÍSICA ESCOLAR
N
o universo de produções da cultura corporal de
movimento, algumas foram incorporadas pela
Educação Física como objetos de ação e reflexão: os
jogos e brincadeiras, os esportes, as danças, as ginásticas e as
lutas, que têm em comum a representação corporal de diversos
aspectos da cultura humana. São atividades que ressignificam
a cultura corporal humana e o fazem utilizando ora uma
intenção mais próxima do caráter lúdico, ora mais próxima do
pragmatismo e da objetividade.
a Educação Física tem uma história de pelo menos um
século e meio no mundo ocidental moderno. Possui uma
tradição e um saber-
fazer ligados ao jogo, ao
esporte, à luta, à dança
e à ginástica, e, a partir
deles, tem buscado a
formulação de um recorte
epistemológico próprio.
O Pragmatismo constitui
uma escola de filosofia, com
origens nos Estados Unidos
da América, caracterizada
pela descrença no fatalismo
e pela certeza de que só a
ação humana, movida pela
inteligência e pela energia,
pode alterar os limites da
condição humana. ...
pt.wikipedia.org/wiki/
Pragmatismo
Fonte: criandocriancas.blogspot.com
42. 46 PEDAGOGIA
O trabalho na área da Educação Física tem seus fundamentos nas
concepções socioculturais de corpo e movimento, e a natureza do
trabalho desenvolvido nessa área se relaciona intimamente com a
compreensão que se tem desses dois conceitos.
Portanto, entende-se a Educação Física como uma área de
conhecimento da cultura corporal de movimento e a Educação
Física Escolar como uma disciplina que introduz e integra o aluno
na cultura corporal de movimento, formando o cidadão que vai
produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para
usufruir dos jogos, dos esportes, das danças, das lutas e das ginásticas
em benefício do exercício crítico da cidadania e da melhoria da
qualidade de vida.
a Educação Física escolar deve dar oportunidades a todos os alunos
para que desenvolvam suas potencialidades, de forma democrática
e não seletiva, visando seu aprimoramento como seres humanos.
Cabe assinalar que os alunos portadores de necessidades especiais
não podem ser privados das aulas de Educação Física.
Seja qual for o objeto de conhecimento em questão, os processos
de ensino e tarefa da Educação Física escolar devem garantir o
acesso dos alunos às práticas da cultura corporal, contribuir para a
construçãodeumestilopessoaldepraticá-las,eoferecerinstrumentos
Fonte: kely.silva.zip.net
43. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA | UNIDADE 3 47
para que sejam capazes de apreciá-las criticamente. aponta para
uma perspectiva metodológica de ensino e aprendizagem que busca
o desenvolvimento da autonomia, a cooperação, a participação
social e a afirmação de valores e princípios democráticos.
MÍDIA E CULTURA CORPORAL DE MOVIMENTO
aadolescênciatemcomoumadesuascaracterísticasatuaisacapacidade
de produzir formas culturais próprias. Essa cultura dos jovens está
muito associada aos meios de comunicação, em especial a televisão, e
valoriza o uso de uma linguagem audiovisual (combinação de palavras,
imagens e música) que se manifesta na própria comunicação entre
os jovens (uso de gestos corporais, onomatopeias, gírias, palavras e
frases truncadas etc.) e na linguagem da mídia (videoclipes, imagens
produzidas por computação gráfica, desenhos e fotos associadas a
textos concisos nas revistas e jornais etc.).
amídiaestápresentenocotidianodosalunos,transmitindoinformações,
alimentando um imaginário e construindo um entendimento de
mundo.
Também no campo da cultura corporal
de movimento a atuação da mídia é
decrescente aprendizagem. Devem
considerar as caract-rísticas dos
alunos em todas as suas dimensões
(cognitiva, corporal, afetiva, ética,
estética, de relação interpessoal e
inserção social).
O aluno deve aprender para além das técnicas de execução (conteúdos
procedimentais) a discutir regras e estratégias, apreciá-los criticamente,
analisá-los esteticamente, avaliá-los eticamente, ressignificá-los e
recriá-los (conteúdos atitudinais e conceituais), processos decisivos na
Onomatopeia é uma figura
de linguagem na qual se imita
um som com um fonema ou
palavra. Ruídos, gritos, canto
de animais, sons da natureza,
barulho de máquinas, o timbre
da voz humana fazem parte do
universo das onomatopeias. ...
pt.wikipedia.org/wiki/
Onomatopeia
Fonte: antoniozai.wordpress.com
44. 48 PEDAGOGIA
construção de novos significados e modalidades de entretenimento e
consumo.
O esporte, as ginásticas, as danças e as lutas tornam-se, cada vez mais,
produtos de consumo (mesmo que apenas como imagens) e objetos
de conhecimento e informações amplamente divulgados ao grande
público. Jornais, revistas, videogames, rádio e televisão difundem ideias
sobre a cultura corporal de movimento, e muitas dessas produções são
dirigidas especificamente ao público adolescente e infantil. Os alunos
também tomam contato, (andar, correr, malhar, na academia etc.), à
superação de desafios (body-jumping, asa-delta) ou a atividades na
natureza (montanhismo, trilhas ecológicas).
Em primeiro lugar, os alunos possuem muitas informações sobre a
cultura corporal de movimento em geral e sobre esportes em particular,
exigindo do professor uma atualização constante.
O professor precisa estar permanentemente atento à mídia, a fim de não
perder um importante canal de diálogo e compartilhamento de interesses.
OS OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO
FUNDAMENTAL
Sabemos que os estudantes são sujeitos sociais e de cultura e chegam
às escolas com saberes de sua comunidade local, muitas vezes,
influenciados pelas culturas das mídias e do contexto global. Cabe
à escola ampliá-los além de propiciar aos estudantes a reflexão dos
saberes escolares.
O passo seguinte é partir para as ações, com base em práticas
pedagógicas, metodologias de ensino, planejamentos das aulas e
avaliações do ensino-aprendizagem. Acreditamos que, dessa forma,
poderemos avançar em direção a um currículo que se aproxime das
aprendizagens reais de sala de aula.
45. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA | unidade 3 49
Acreditamos também que as práticas curriculares devem ser pensadas
à luz do processo de formação dos educadores.
Por fim, entendemos que um currículo não se cristaliza com o
documento. Mais que isso, currículo é constante movimento, vida e
cultura das escolas, acompanha o curso da história da sociedade, seus
anseios e dilemas.
Objetivos nos Ciclos
De acordo com o Referencial Curricular do Estado do Maranhão
(2009), os objetivos para o ensino fundamental são:
• Garantir a todos os alunos a aprendizagem dos saberes da cultura
corporal expressos nos jogos, lutas, ginásticas, danças, esportes e
outras práticas (mímicas, artes circenses etc.), de maneira crítico-re-
flexiva, com vistas a uma compreensão/transformação da realidade;
• Promover o entendimento e a valorização das práticas corporais
como produção histórica;
• Problematizar, inventar e reinventar as práticas corporais lúdicas e
competitivas da cultura corporal;
• Ampliar o conhecimento prévio do aluno acerca das práticas da
cultura corporal;
• Oportunizar a expressão da corporeidade, superando limites como
a violência, o preconceito e a discriminação;
• Favorecer o conhecimento, o respeito e a valorização da plurali-
dade de manifestações da cultura corporal do Brasil e do mundo,
percebendo-as como recurso valioso para a integração entre pes-
soas e entre grupos sociais e étnicos.
Para entendimento, apresentamos alguns objetivos a serem
considerados no ensino fundamental por ciclos para vermos como a
disciplina coloca-se ao longo da escolaridade num espiral de constante
desenvolvimento e crescimento.
46. 50 PEDAGOGIA
Ciclos na Educação Física
Nos 1º e 2º ciclos, espera-se que os alunos sejam capazes de participar
ativamente das aulas e atividades propostas, estabelecendo relações
equilibradas e construtivas, além de adotar atitudes de respeito mútuo,
dignidade e solidariedade, compreendendo que são fatores primordiais
a saúde, os hábitos de higiene, a alimentação e as atividades corporais.
Para atingir essas competências, é importante desenvolver as seguintes
habilidades:
Conteúdos, habilidades, atitudes e Procedimentos rela-
cionados por faixa etária
06 ANOS / 07 ANOS / 08 ANOS
1. Participar de brincadeiras e jogos, respeitando regras e combi-
nados apresentados pelo grupo.
2. Participar de diferentes atividades corporais sem discriminar os
colegas, por nenhum motivo ou razão.
3. Identificar, conhecer, valorizar, apreciar e desfrutar das diferen-
tes manifestações culturais a começar pelas de seu grupo fami-
liar e de seus colegas.
4. Utilizar e valorizar o diálogo para favorecer a troca de conheci-
mentos.
5. Compreender a importância do vestuário adequado para a prá-
tica de atividades físicas, fazendo uso do mesmo.
6. Perceber e compreender a relação entre o corpo e o meio am-
biente.
7. Compreender as relações referentes à inclusão X exclusão, vitó-
ria X derrota, entre outras existentes nas práticas corporais.
08. Valorizar, apreciar e desfrutar das diferentes manifestações cul-
turais presentes em sua comunidade.
47. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA | unidade 3 51
09. Identificar os limites e potencialidades de seu próprio corpo,
compreendendo-o como semelhante, mas não igual aos demais
para desenvolver auto estima e cuidados consigo próprio.
10. Compreender como os hábitos alimentares saudáveis e as ativida-
des físicas contribuem para a melhoria e manutenção da saúde.
11. Compreender e participar de diferentes atividades corporais
sem discriminar os colegas, por nenhum motivo ou razão.
12. Adotar atitudes de respeito e cooperação na solução de pro-
blemas utilizando o diálogo para favorecer a troca de conheci-
mentos.
13. Conhecer, valorizar, apreciar e desfrutar das diferentes manifes-
tações culturais.
09 ANOS / 10 ANOS
1. Conhecer os diferentes recursos materiais e físicos disponíveis
para a construção do conhecimento nas práticas corporais.
2. Participar de diferentes atividades corporais sem discriminar os
colegas, por nenhum motivo ou razão.
3. Identificar os limites e potencialidades de seu próprio corpo,
compreendendo-o como semelhante, mas não igual aos demais
para desenvolver autoestima e cuidados consigo próprio.
4. Conhecer e comparar os diferentes recursos materiais e físicos
disponíveis para a construção do conhecimento nas práticas
corporais.
5. Participar de diferentes atividades corporais sem discriminar os
colegas, por nenhum motivo ou razão.
6. Compreender como os hábitos alimentares saudáveis e as ativida-
des físicas contribuem para a melhoria e manutenção da saúde.
7. Utilizar e valorizar o diálogo para favorecer a troca de conheci-
mentos.
8. Compreender a importância do vestuário adequado para a prá-
tica de atividades físicas, fazendo uso do mesmo.
9. Conhecer, valorizar, apreciar e desfrutar das diferentes manifes-
tações culturais presentes na sociedade.
10. Compreender as relações referentes à inclusão X exclusão, vitó-
ria X derrota, dentre outras existentes nas práticas corporais.
48. 52 PEDAGOGIA
11. Organizar informações importantes para a potencialização das
práticas corporais a partir dos eventos escolares.
12. Organizar jogos, brincadeiras e outras atividades corporais, re-
conhecendo-as como fonte de lazer.
13. Perceber e compreender a relação entre o corpo e o meio am-
biente.
14. Situar-se como sujeito de suas ações no sentido de aperceber-se
como agente e viabilizador da proposta de conhecimento a ele
oferecida.
15. Conscientizar e compreender a gama de transformações do cor-
po e situá-lo no contexto de suas práticas corporais, aperceben-
do-se do outro enquanto participador do mesmo espaço.
16. Utilizar as relações referentes à inclusão X exclusão, vitória X
derrota, entre outras existentes nas práticas corporais.
Nesta etapa do desenvolvimento os alunos são capazes de
realizar movimentos mais elaborados e complexos, entendendo as
possibilidadescorporaisafimdequesejamestabelecidasmetaspessoais
como recurso de melhoria da saúde, além de participar ativamente das
atividades propostas com respeito às regras e aos colegas.
11 ANOS / 12 ANOS
1. Organizar, autonomamente, atividades esportivas, jogos, brin-
cadeiras e outras atividades corporais, valorizando-as e pautan-
do-se por princípios de respeito à diversidade e inclusão, dentre
outros princípios democráticos, principalmente, como meio de
educação para o lazer.
2. Participar de diferentes atividades corporais sem discriminar os
colegas, por nenhum motivo ou razão.
3. Identificar os limites e potencialidades de seu próprio corpo,
compreendendo-o como semelhante, mas não igual aos demais
para desenvolver autoestima e cuidados consigo próprio.
4. Compreender como os hábitos alimentares saudáveis e as ativida-
des físicas contribuem para a melhoria e manutenção da saúde.
5. Utilizar e valorizar o diálogo para favorecer a troca de conheci-
mentos.
49. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA | unidade 3 53
6. Participar de jogos e brincadeiras, respeitando e compreenden-
do as regras de cada atividade.
7. Compreender, criticamente, as relações referentes à inclusão e
exclusão, vitória e derrota, dentre outras existentes nas práticas
corporais.
8. Identificar e compreender a importância do vestuário adequado
para a prática de atividades físicas.
9. Compreender a importância dos exercícios físicos na promoção
e manutenção da saúde.
10. Vivenciar e compreender a importância do intercâmbio em ou-
tros espaços para o crescimento pessoal e coletivo.
11. Situar-se como sujeito de suas ações, no sentido de aperceber-
se como agente e viabilizador da proposta de conhecimento a
ele oferecida.
12. Conscientizar e compreender a gama de transformações do cor-
po e situá-lo no contexto de suas práticas corporais, aperceben-
do-se do outro enquanto participador do mesmo espaço.
13. Perceber e compreender a relação entre o corpo e o meio am-
biente.
14. Qualificar o próprio movimento para atuar de forma mais efi-
ciente dentro de suas possibilidades corporais.
15. Construir regras mediadoras de jogos, brincadeiras e esportes
de acordo com as necessidades do grupo, visando à participa-
ção efetiva de todos.
16. Vivenciar diversos papéis assumidos no contexto esportivo (ár-
bitro, técnico, torcedor, atleta etc.).
17. Vivenciar os aspectos técnicos e táticos do esporte no contexto
escolar.
18. Organizar as informações decorrentes de eventos escolares e
de conteúdos programáticos, utilizando os diferentes recursos e
meios adequados à proposta de trabalho.
19. Situar-se como sujeito de suas ações no sentido de aperceber-se
como agente e viabilizador da proposta de conhecimento a ele
oferecida.
Nessa etapa do desenvolvimento os alunos são capazes de realizar
movimentos mais elaborados e complexos, entendendo as
possibilidadescorporaisafimdequesejamestabelecidasmetaspessoais
como recurso de melhoria da saúde, além de participar ativamente das
atividades propostas com respeito às regras e aos colegas.
50. 54 PEDAGOGIA
13 ANOS / 14 ANOS
1. Qualificar o próprio movimento para atuar de forma mais eficiente
dentro de suas possibilidades corporais.
2. Participar de diferentes atividades corporais sem discriminar os co-
legas, por nenhum motivo ou razão.
3. Identificar os limites e potencialidades de seu próprio corpo, com-
preendendo-o como semelhante, mas não igual aos demais para
desenvolver autoestima e cuidados consigo próprio.
4. Compreender como os hábitos alimentares saudáveis e as ativida-
des físicas contribuem para a melhoria e manutenção da saúde.
5. Utilizar e valorizar o diálogo para favorecer a troca de conheci-
mentos.
6. Analisar as regras oficiais das práticas corporais e construir regras
mediadoras de jogos, brincadeiras e esportes de acordo com as
necessidades do grupo, visando à participação efetiva de todos.
7. Compreender, criticamente, as relações referentes à inclusão e ex-
clusão, vitória e derrota, dentre outras existentes nas práticas cor-
porais.
8. Compreender e vivenciar os aspectos técnicos e táticos do esporte
no contexto escolar, construindo com criticidade esse contexto fora
da escola.
9. Identificar e compreender a importância do vestuário adequado
para a prática de atividades físicas.
10. Reconhecer a importância dos exercícios físicos na promoção e
manutenção da saúde e qualidade de vida.
11. Perceber e compreender a relação entre o corpo e o meio am-
biente.
12. Situar-se como sujeito de suas ações no sentido de aperceber-se
como agente e viabilizador da proposta de conhecimento a ele
oferecida.
13. Conscientizar e compreender a gama de transformações do corpo
e situá-lo no contexto de suas práticas corporais, apercebendo-se
do outro enquanto participador do mesmo espaço.
14. Vivenciar e compreender a importância do intercâmbio em outros
espaços, para o crescimento pessoal e coletivo.
51. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA | UNIDADE 3 55
15. Compreender a importância dos exercícios físicos na promoção e
manutenção da saúde.
16. Compreender os aspectos biológicos e fisiológicos relacionados às
práticas corporais.
17. Vivenciar diversos papéis assumidos no contexto esportivo (árbi-
tro, técnico, torcedor, atleta etc.).
CONCLUSÃO
Nesta unidade entramos na cultural corporal do movimento,
esclarecendo objetivos por faixa etária que podemos ver em uma ordem
crescente no desenvolvimento motor, a cada etapa do crescimento, e
como trabalhar, assim, a educação física escolar.
SECRETaRIa MUNICIPaL DE EDUCaÇÃO. Referencial Curricular
de Betim. Ensino Fundamental. Betim: Prefeitura Municipal de Betim,
2008.
52.
53. unidade
Objetivo dESTA unidade:
Orientar
metodologicamente
como trabalhar com
conhecimento e
competência no trato
pedagógico com a
Educação Física dentro
da escola
Orientar o trabalho da
Educação Física junto
com o corpo docente,
favorecendo um ensino
transdiciplinar.
4
ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS
É
recomendável que o professor realize, antes de iniciar
as aulas, um mapeamento das práticas corporais
que já façam parte do repertório dos alunos. Isso
possibilitará uma seleção mais adequada das temáticas que
serão trabalhadas e influenciará de maneira decisiva a adesão
do grupo à proposta, facilitando o aprendizado.
Numa comunidade em que os alunos têm atividades motoras
bastante restritas, em áreas essencialmente urbanas, por
exemplo, o estudo e a vivência das ginásticas envolvendo
movimentos- como rolamento, roda, parada de mãos
etc. – precisam ser conduzidas pelo professor de maneira
extremamente cuidadosa. Em outra escola, onde as crianças
têm experiências extracurriculares com práticas corporais
mais variadas e frequentes, como jogos e brincadeiras, o grau
de complexidade das técnicas e dos gestos poderá ser mais
elevado.
No primeiro ano, queimada, pique-bandeira, rodas,
amarelinhas e esconde-esconde são exemplos de propostas
54. 58 PEDAGOGIA
que podem ser adotadas inicialmente e transformam-se em
conteúdos ricos que podem levar a conhecimentos cada vez mais
complexos na medida em que os alunos seguem vivenciando nas
atividades. Nessa etapa de escolarização, também é desejável
que a Educação Física extrapole o universo cultural e corporal
próximo às crianças.
Independentemente do conhecimento prévio delas, cabe à
escola propor novas aprendizagens. Projetos que abarquem as
brincadeiras de países e povos diferentes, danças e cantigas de
outros tempos e lugares, além de atividades corporais que possam
ser pesquisadas em sites, livros, entrevistas, revistas e jornais,
se constituem em experiência relevantes para a ampliação dos
conhecimentos da criança (Revista Nova Escola-ago. 2010).
A RELEVÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO PROCESSO DE
APRENDIZAGEM
Abordar a importância e a relevância da Educação Física no
processo de aprendizagem é passar necessariamente pelo
conhecimento do que é a educação física hoje e de que maneira
o profissional capacitado pode contribuir para esse processo.
Para alcançar esse propósito é necessário um planejamento
pedagógico que veja a criança como um todo, sem a separação
tradicional do corpo e da mente. Torna-se também importante
utilizar a interdisciplinaridade como método de ensino. Visto que
a Educação Física trabalha a motricidade para o desenvolvimento
da inteligência, dos sentimentos, das relações sociais entre outros
fatores.
A sistematização de conteúdos terá como base a Cultura Corporal
manifestada nas danças, jogos, lutas ginásticas, esportes e outras
práticas (mímicas, artes circenses etc.). Nesta orientação pedagógica
55. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA | unidade 4 59
levam-se em conta temas da cultura corporal que fazem parte do
mundo do aluno.
Em relação às habilidades motoras, deve-se trabalhar os padrões
básicos de movimento, levando em consideração as características
de crescimento e desenvolvimento humano que possuem uma
evolução gradativa, ou seja, não podemos esperar que uma
criança de seis anos de idade jogue basquete com todas as regras
do esporte, mas podemos, aos poucos, levá-la a acertar pequenos
alvos, correr, agarrar a bola até que no futuro possa começar a
aprender as habilidades necessárias ao jogo.
As capacidades físicas de força, resistência, agilidade, velocidade,
flexibilidade e equilíbrio que levam ao conhecimento devem ser
trabalhadas, pois as habilidades motoras simples e/ou combinadas
vão levando a criança a incorporação de movimentos cada vez
mais complexos.
Utilizamos, ainda, dentro dos conteúdos as habilidades motoras
básicas do movimento humano como andar, correr, saltar, esquivar,
escorregar, deslizar, rolar, girar, bater, rebater, escalar, transportar,
pendurar-se, balançar-se, chutar, arremessar, receber, amortecer,
cabecear, etc.
A Percepção do corpo em repouso e em movimento, noções de
elementos orgânicos funcionais
(tonos, respiração, relaxamento
e contração); noções de espaço
e tempo com ritmo duração,
acentuação, velocidade, direção
e sentido tudo é utilizado nas
aulas de acordo com os objetivos
no planejamento do professor.
Esclarecemos que o conteúdo
segue uma sistematização do
simples para o complexo e do
geral para o específico. Como
segue o esquema:
Quadro 1
Fonte: Pangrazzi e Dauer, 1981
56. 60 PEDAGOGIA
Dentro de uma sistematização da aula leva-se em conta três fases:
Primeira fase: PROBLEMATIZAÇÃO - o conteúdo e os objetivos
da aula são apresentados e são feitas as primeiras considerações
e questionamentos que levem à reflexão a partir do conhecimento
prévio do aluno sobre a temática.
Segunda fase: DESENVOLVIMENTO DO TEMA- etapa da aula
que toma a maior parte do tempo disponível. Nela os alunos são
convidados a desenvolver diversas atividades que os ajudarão a
ampliar seus conhecimentos sobre o objeto de estudo da aula.
Terceira Fase: AVALIAÇÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS- alunos
e professores fazem inter-relações sobre a temática da aula, a
problematização inicial e as atividades desenvolvidas, com o
objetivo de evidenciar a construção do conhecimento sobre as
práticas corporais estudadas. Nesse momento, o professor poderá
avaliar o nível de apreensão do conteúdo por parte dos alunos,
para planejar o seguimento do seu trabalho pedagógico.
Fonte: Referencial curricular de educação física do estado do
Maranhão.
Podemos perceber que os objetivos, à medida que o aluno passa
de um ciclo para outro, permanecem, mudam e aprofundam-se,
levando a um conhecimento e desenvolvimento mais complexo e
abrangente. Cabe ao professor verificar cada etapa para progredir
com segurança de uma etapa para outra.
PLANO DE ENSINO
O planejamento das aulas de educação física deve conter os
elementos dos eixos norteadores para abordar os conteúdos
específicos da cultura corporal através das danças, jogos, lutas,
ginásticas, esportes e outras práticas.
57. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA | unidade 4 61
O plano não é diferente das outras disciplinas: contém o tema,
objetivos (geral e específico), conteúdo, recursos, avaliação e
observações. Quanto às observações utiliza-se hoje uma ficha de
acompanhamento que pode ser individual (para cada aluno) ou
para cada aula, descrevendo como a aula procedeu, se os objetivos
foram alcançados e quais os acontecimentos relevantes.
Essas fichas ajudam o professor a avaliar seu trabalho tendo em
mente as seguintes questões que facilitam esse processo:
O que aconteceu na aula?
É isso que eu quero?
Quais mudanças devem ser feitas para ajudar os alunos a jogar com
mais eficácia?
Devo mudar as condições do jogo?
Um momento ideal para isso é após a primeira aula, embora
os questionamentos devam ser feitos durante a aula. Questões
adicionais podem ser desenvolvidas, pois a criatividade deve estar
presente no planejamento do professor. Logo, relatar os objetivos
do jogo; questionar os alunos sobre sugestões de outras formas
de fazer o movimento; questionar os alunos sobre a razão de uma
solução ser melhor que a outra; ser ouvinte e flexível e não forçar
escolhas (“esta é a melhor solução”). Estimular a criança a resolver
problemas por si só, sem a necessidade de impor posições, regras
ou situações é o papel do professor.
A CRIANÇA, A EDUCAÇÃO E A EDUCAÇÃO FÍSICA
Na escola, se quisermos atender às necessidades da criança, o
melhor caminho é começar por entendê-la.
58. 62 PEDAGOGIA
Para que a criança tenha um desenvolvimento harmônico é
fundamental que os domínios do comportamento sejam trabalhados
conjuntamente.
Os domínios do comportamento são compostos de três elementos
que são o domínio motor (movimentos), o cognitivo (pensamento) e
o afetivo (sentimentos), todos formando uma só unidade: a criança,
a respeito de si mesma e do mundo em que vive. a importância
do ambiente que favoreça a aprendizagem deve ser rico em
experiências significativas para seu conhecimento, que favorecerá o
conhecimento próprio que a criança levará para a escola.
Os movimentos são de grande importância para a vida do ser
humano. É através dele que o ser humano age sobre o meio
ambiente, para alcançar objetivos e desejos ou satisfazer suas
necessidades. a comunicação, a expressão da criatividade e dos
sentimentos, é feita de movimentos.
Vocêjáviuumacriançapequena,nãoémesmo?Viuseusmovimentos
desajeitados no começo, mas aos poucos foram ficando seguros e
organizados. as principais manifestações de uma criança de um
recém-nascido são motoras e é pelos movimentos que a criança
desenvolve conceitos como: pequeno, grande, duro, mole, quente,
gelado, pesado e leve. O movimento é a essência da criança.
Fonte: colegioagape.org.br
59. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA | unidade 4 63
As habilidades motoras desenvolvidas nos primeiros anos de vida
formam a base para a aprendizagem posterior de movimentos mais
complexos.
A maioria das crianças atendidas nos primeiros anos do ensino
fundamental está na fase de desenvolvimento das habilidades
básicas ou movimentos naturais. A Educação Física deve
proporcionar uma variedade de oportunidades para que a criança
desenvolva no máximo todas as potencialidades de movimentos,
desenvolvendo assim a capacidade de usar seu corpo efetivamente.
A educação Física deve, ainda, proporcionar às crianças ambientes
de aprendizagem que facilitem as atitudes de tentar, praticar, pensar,
tomar decisões, avaliar e persistir.
Veja ao lado os movimentos realizados de acordo com um
parâmetro de idades que não são fixas. Estes movimentos pode
variar de acordo com as experiências vividas pela criança.
Quadro 2
Fonte:Pangrazzi e Dauer, 1981
60. 64 PEDAGOGIA
Perceba também que os movimentos aparecem do geral para o
específico, e do simples para o mais complexo.
a prática da atividade motora leva a mudanças no organismo da
criança. Há mudanças nos músculos, no coração, nos pulmões, no
sistema nervoso. Cada uma dessas mudanças ocorre devido aos
diferentes tipos de atividade física.
É necessário também verificar como os conteúdos acontecem de
acordo com o desenvolvimento motor da criança:
Desenvolvimento motor
O desenvolvimento motor representa um aspecto do processo
desenvolvimentista total e está intrinsecamente inter-relacionado
às áreas cognitivas e afetivas do comportamento humano, sendo
influenciado por muitos fatores. a importância do desenvolvimento
motor ideal não deve ser minimizada ou considerada como secundária
em relação a outras áreas do desenvolvimento. Portanto, o processo
do desenvolvimento motor revela-se basicamente por alterações no
comportamento motor, do bebê ao adulto, é um envolvido no processo
permanente de aprender a mover-se eficientemente, em reação ao que
enfrentamos diariamente em um mundo em constante modificação
(GaLLaHUE; OZMUN, 2002).
Fonte: escolapedrita.com.br
61. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA | unidade 4 65
Nos primeiros anos de vida a criança explora o mundo que a rodeia
com os olhos e as mãos, através das atividades motoras. Ela estará,
ao mesmo tempo, desenvolvendo as primeiras iniciativas intelectuais e
os primeiros contatos sociais com outras crianças. É em função do seu
desenvolvimento motor que a criança se transformará numa criatura
livre e independente (BATISTELLA, 2001).
Segundo Oliveira (2001), toda sequência básica do desenvolvimento
motor está apoiada na sequência de desenvolvimento do cérebro, visto
que a mudança progressiva na capacidade motora de um indivíduo,
desencadeada pela interação desse indivíduo com seu ambiente
e com a tarefa em que ele esteja engajado. Em outras palavras, as
características hereditárias de uma pessoa, combinada com condições
ambientais específicas (como por exemplo, oportunidade para prática,
encorajamento e instrução) e os próprios requerimentos da tarefa que
o indivíduo desempenha, determinam a quantidade e a extensão da
aquisição de destrezas motoras e a melhoria da aptidão (GALLAHUE;
OZMUN, 2002).
Elementos básicos do desenvolvimento motor
Motricidade fina
Motricidade Fina “é uma atividade de movimento espacialmente
pequena, que requer um emprego de força mínima, mas grande precisão
ou velocidade ou ambos, sendo executada principalmente pelas mãos e
dedos, às vezes também pelos pés” (MEINEL, 1984, p.154).
A coordenação fina diz respeito à habilidade e destreza manual ou
pedal constituindo-se como um aspecto particular na coordenação
global.
Habilidades motoras finas requerem a capacidade de controlar
os músculos pequenos do corpo, a fim de atingir a execução bem-
sucedida da habilidade (MAGILL, 1984). Conforme Canfield (1981),
a motricidade fina envolve a coordenação óculo-manual e requer um
alto grau de precisão no movimento para o desempenho da habilidade
62. 66 PEDAGOGIA
específica, num grande nível de realização. Podemos citar exemplo da
necessidade desta habilidade que seria na realização de tarefas como
escrever, tocar piano, trabalhar em relógios etc.
A coordenação viso manual representa a atividade mais frequente
utilizada pelo homem, pois atua para inúmeras atividades como pegar
ou lançar objetos, escrever, desenhar, pintar etc (ROSA NETO, 1996).
Velasco (1996, p. 107) destaca que “a interação com pequenos objetos
exigem da criança os movimentos de preensão e pinça que representam
a base para o desenvolvimento da coordenação motora fina”.
Motricidade global
Segundo Batistella (2001), a motricidade global tem como objetivo
a realização e a automação dos movimentos globais complexos, que
se desenrolam num certo período de tempo e que exigem a atividade
conjunta de vários grupos musculares.
A motricidade global envolve movimentos que envolvem grandes
grupos musculares em ação simultânea, com vistas à execução de
movimentos voluntários mais ou menos complexos.
Dessa forma, as capacidades motoras globais são caracterizadas por
envolver a grande musculatura como base principal de movimento.
No desempenho de habilidades motoras globais, a precisão do
movimento não é tão importante para a execução da habilidade,
como nos casos das habilidades motoras finas. Embora a precisão não
seja um componente importante nesta tarefa, a coordenação perfeita
na realização deste movimento é imprescindível ao desenvolvimento
hábil desta tarefa (MAGILL, 1984).
A coordenação global e as experimentações feitas pela criança levam
a adquirir a dissociação do movimento, levando-a a ter condições de
realizar diversos movimentos simultaneamente, sendo que cada um
destes movimentos pode ser realizado com membros diferentes sem
perder a unidade do gesto (OLIVEIRA, 2001).
A conduta motora, de coordenação motora global é concretizada
através da maturação, motora e neurológica da criança. Para isto
63. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA | unidade 4 67
ocorrer haverá um refinamento das sensações e percepções, visual,
auditiva, sinestésica, tátil e principalmente proprioceptiva, através da
solicitação motora que as atividades infantis requerem (VELASCO,
1996).
Equilíbrio
O equilíbrio é a base primordial de toda ação diferenciada dos
membros superiores. Quanto mais defeituoso é o movimento mais
energia consome, tal gasto energético poderia ser canalizado para
outros trabalhos neuromusculares. Nesta luta constante, ainda que
inconsciente, contra o desequilíbrio resulta numa fatiga corporal,
mental e espiritual, aumentando o nível de stress, ansiedade, e angústia
do indivíduo.
A postura é a atividade reflexa do corpo com respeito ao espaço. O
equilíbrio considerado como o estado de um corpo, quando distintas
e encontradas forças que atuam sobre ele se compensam e se anulam
mutuamente. Desde o ponto de vista biológico, a possibilidade de
manter posturas, posições e atitudes indica a existência de equilíbrio.
O equilíbrio tônico postural do sujeito, seu gesto, seu modo de respirar,
sua atitude etc., são reflexo de seu comportamento, porém ao mesmo
tempo de suas dificuldades e de seus bloqueios. Para voltar a encontrar
seu estado de equilíbrio biopsicossocial, é necessário liberar os pontos
de maior tensão muscular (couraças musculares), isto é, o conjunto de
reações tônicas de defesa integradas a atitude corporal. No plano da
organização neuropsicológica, se pode dizer que o equilíbrio tônico
postural constitui o modelo de autorregulação do comportamento
(ROSA NETO, 1996).
Asher (1975), considera que as variações da postura estão associadas
a períodos de crescimento, aparecendo como uma resposta aos
problemas de equilíbrio que costumam ocorrer segundo as mudanças
nas proporções corporais e seus segmentos. Conforme Rosa Neto
(1996), a postura inadequada está associada a uma excessiva tensão
que favorece um maior trabalho neuromuscular, dificultando a
transmissão e informações dos impulsos nervosos.
64. 68 PEDAGOGIA
Esquema corporal
A imagem do corpo representa uma forma de equilíbrio. Em um
contexto de relações mútuas do organismo e do meio é onde se
organiza a imagem do corpo como núcleo central da personalidade
(ROSA NETO, 1996).
O esquema corporal é um elemento básico indispensável para a
formação da personalidade da criança. É a representação relativamente
global, científica e diferenciada que a criança tem de seu próprio corpo
(WALLON, 1975).
A criança percebe-se e percebe os seres e as coisas que a cercam,
em função de sua pessoa. Sua personalidade se desenvolverá a uma
progressiva tomada de consciência de seu corpo, de seu ser, de suas
possibilidades de agir e transformar o mundo à sua volta. Ela se sentirá
bem na medida em que seu corpo lhe obedece, em que o conhece
bem, em que o utiliza não só para movimentar-se, mas também para
agir (PEREIRA, 2002).
As atividades tônicas, que está relacionada à atitude, postura e a
atividade cinética, orientada para o mundo exterior. Essas duas
orientações da atividade motriz (tônica e cinética), com a incessante
reciprocidade das atitudes, da sensibilidade e da acomodação
perceptiva e mental, correspondem aos aspectos fundamentais da
função muscular, que deve assegurar a relação com o mundo exterior
graças aos deslocamentos e movimentos do corpo (mobilidade) e
assegurar a conservação do equilíbrio corporal, infraestrutura de toda
ação diferenciada (tono). A função tônica se apresenta em um plano
fisiológico, em dois aspectos: o tono de repouso o estado de tensão
permanente do músculo que se conserva inclusive durante o sono;
o tono de atitude, ordenado e harmonizado pelo jogo complexo dos
reflexos da atitude, sendo estes mesmos, resultado das sensações
proprioceptivas e da soma dos estímulos provenientes do mundo
exterior (ROSA NETO, 1996).
A imagem corporal como resultado complexo de toda a atividade
cinética, sendo a imagem do corpo a síntese de todas as mensagens,
de todos os estímulos e de todas as ações que permitam a criança se
65. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA | UNIDADE 4 69
diferenciar do mundo exterior, e de fazer do “EU” o sujeito de sua
própria existência. O esquema corporal pode ser definido no plano
educativo, como a chave de toda a organização da personalidade
(PEREIRa, 2002).
organiZação espacial
a noção do espaço é uma noção ambivalente, ao mesmo tempo
concreta e abstrata, finita e infinita. Na vida cotidiana utilizamos
constantemente os dados sensoriais e perceptivos relativos ao espaço
que nos rodeia. Estes dados sensoriais contêm as informações sobre
as relações entre os objetos que ocupam o espaço, porém, é nossa
atividade perceptiva baseada sobre a experiência do aprendizado
a que lhe dá um significado. a organização espacial depende
simultaneamente da estrutura de nosso próprio corpo (estrutura
anatômica, biomecânica, fisiológica etc.), da natureza do meio que
nos rodeia e de suas características (ROSa NETO, 1996).
Todas as modalidades sensoriais participam pouco ou muito na
percepção espacial: a visão; a audição; o tato; a propriocepção; e o
olfato. a orientação espacial designa nossa habilidade para avaliar com
precisão a relação física entre nosso corpo e o meio ambiente, e a tratar
as modificações no curso de nossos deslocamentos (OLIVEIRa, 2001).
as primeiras experiências espaciais estão estreitamente associadas
ao funcionamento dos diferentes receptores sensoriais sem os quais
a percepção subjetiva do espaço não poderia existir; a integração
contínua das informações recebidas conduz a sua estruturação, e
ação eficaz sobre o meio externo. Olho e ouvido; labirinto; receptores
articulares e tendinosos; fusos neuromusculares e pele; representam o
ponto de partida de nossa experiência espacial (ROSa NETO, 1996).
a percepção relativa à posição do corpo no espaço e de movimento tem
como origem estes diferentes receptores com seus limites funcionais,
enquanto que a orientação espacial dos objetos ou dos elementos do
meio, necessita mais da visão e audição. Está praticamente estabelecido
que da interação e da integração destas informações internas e externas
provem nossa organização espacial (OLIVEIRa, 2001).
Propriocepção também
denominado de Cinestesia, é
o termo utilizado para nomear
a capacidade em reconhecer a
localização espacial do corpo,
sua posição e orientação, a
força exercida pelos músculos
e a posição de cada parte do
corpo em relação às demais,
sem utilizar a visão. ...
pt.wikipedia.org/wiki/
Propriocepção